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Fichamento Foucault - Poder & Saber

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Fichamento Foucault – Poder e Saber
Foucault nega o título de “estruturalista” que lhe é conferido, pois afirma que ele não busca criar um método para categorizar objetos diferentes.
Ao fazer um comentário sobre sua obra “A História da Loucura”, ele diz pensar que seu objetivo era analisar os conhecimentos, tanto da loucura, como a doença, a medicina, etc. No entanto, ele diz perceber mais a frente que seu verdadeiro objetivo era entender a questão do PODER. 
No que se refere ao século XIX, Foucault menciona a miséria, a exploração de capital e o lucro gerado com a exploração de quem gerava a riqueza como o grande problema da época, para o qual economistas e estudiosos tentavam encontrar uma solução, o marxismo sendo a mais famosa. Para ele o problema dos países industrialmente desenvolvidos (Europa Ocidental e Japão) era primordialmente o excesso de poder e não a miséria em si. Já no século XX, ele destaca o fascismo e stalinismo como grandes problemas, e destaca que embora ambos os regimes propagassem ideologias diferentes (capitalista e “socialista”), o excesso de poder do Estado, da burocracia e dos indivíduos para com os outros gerava algo tão revoltante como a questão do século anterior. Inclusive, ele chega a comparar os campos de concentração do séc XX com as vilas operárias e a mortalidade operária do séx XIX.
A solução proposta pelo século XIX era a reforma econômica, ou seja, o restante dos problemas da sociedade se resolveria assim que a economia se resolvesse, mas o século XX nos mostra que mesmo com os problemas econômicos resolvidos, nada consegue combater os excessos de poder.
Alegava-se que até 1955, as dificuldades capitalistas que surgiram a partir de 1929 fortaleceram a consolidação do fascismo e até mesmo do stalinismo entre 1920 e 1940. Entretanto, após o desaparecimento do fascismo institucional e o fim do stalinismo com a morte de seu líder, os problemas persistiram (revolta dos húngaros em Budapeste com intervenção russa, mesmo que esta não devesse ser coagida pelas questões econômicas e a guerra França x Argélia). Isso aconteceu porque as questões de poder persistiam e não havia mecanismos conceituais para analisá-lo, a partir, então, deste momento, Foucault acredita que as pessoas de sua geração começaram a pensar no fenômeno do poder.
Em relação às suas obras, ele explica que todas no fundo se baseiam e relacionam com o poder. Ex.: “A história da loucura” não se trata de expor conhecimento sobre esse fenômeno, mas sim relacionar a loucura aos mecanismos de poder que eram impostos sobre ela. O mesmo acontece nas outras obras, como “As palavras e as coisas”, no qual ele expõe o mecanismo de poder dentro dos discursos científicos (as regras que devem ser obedecidas, as coações a que somos submetidos com os efeitos do poder de um discurso). São histórias dos mecanismos de poder e como eles se engrenaram. Ele nega possuir uma concepção geral e global do poder.
A análise marxista não era cabível para justificar os fenômenos que Foucault descreve em sua obra, uma vez que loucos e sensatos não constituem classes diferentes para ele. Todavia, ele reconhece uma relação entre classes diferentes do padrão marxista, como por exemplo as diferenças entre internações em hospitais e os tratamentos em clínicas.
A sociedade produz verdade. Esta, por sua vez, não pode ser dissociada das relações verdade/poder, poder/saber, pois o poder induz a produção de verdade e a produção de verdade tem efeitos de poder que nos unem. “Verdade: conjunto de procedimentos que permitem a cada instante e a cada um pronunciar enunciados que serão considerados verdadeiros. Não há absolutamente instância suprema”. A verdade é exata nas ciências exatas, mas flutuante nos estudos empíricos. 
O conceito de “poder” sempre foi muito relacionado ao poder Estatal, jurídico e militar, mas Foucault destaca que poder não é uma instituição ou estrutura, essa relação existe entre homens e mulheres; os que sabem e os que não sabem; adultos e crianças, etc. São inúmeras relações de poder na sociedade, causando sempre enfrentamentos, “microlutas”. Considerando que essas relações são constantemente influenciadas pelo poder do Estado ou da dominação de uma classe, é necessário, portanto, para que haja a efetivação do poder da classe dominante e/ou do Estado, que hajam pequenas relações de poder na base da sociedade. É uma relação complementar.
As relações de poder se utilizam de estratégias e métodos diferentes para se garantirem. As ameaças, a guerra, são situações extremas de poder, ou seja, o poder não se resume a isto. “Não há relações de poder que sejam completamente triunfantes e cuja dominação seja incontornável”. A resistência ao poder é o que faz com que o detentor desse poder se imponha com mais força.

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