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CRIMINOLOGIA

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UNIC - UNIVERSIDADE DE CUIABÁ
CURSO SUPERIOR DE DIREITO
ADRIANA RODRIGUES PESSOA
FERNANDA CRISTINA CARNEIRO LINO
SIMONE AP. PEREIRA DA SILVA
SUZI MARA MENEZES DE BARROS
THAIS CRISTINA BITENCOURT DA SILVA
TEÓRIA CRITICA OU RADICAL
Sinop – MT
2013
Introdução
	O objetivo deste trabalho é fazer uma análise, a mais sucinta possível, deste novo ramo da criminologia, uma ciência que também não é antiga.
	Devido às várias formas de interpretação que se verificam esse fenômeno social e político, é certo que nossa abordagem se dará baseada em conceitos pessoais extraídos de todo fonte de informação possível de ser coletada e, logicamente, sempre sabendo que mesmo em livros teóricos e até meros artigos informativos têm uma conotação de classe e estão, obviamente, transmitindo a forma de pensar do autor.
	Dividimos o trabalho em tópicos, para uma melhor organização da matéria e um mais preciso desenvolvimento de nosso raciocínio.
Criminologia Nova ou Crítica 
A criminologia nova estuda a sociedade criminógena em outra perspectiva. Ao indagar as causas do crime, pesquisa a reação social, ampliando assim, o campo de investigação para abranger as instâncias formais de controle como fator criminógeno (as leis, a Polícia, o Ministério Público e o Tribunal), buscando a resposta sob o ângulo de uma problemática maior. Defende que não há outra solução para o problema criminal senão a construção de uma nova sociedade, mais justa, igualitária e fraterna; menos consumista e menos sujeita às vicissitudes dos poderosos. Suas principais teorias são: Rotulação, Radical, Abolicionista, Minimalista e Neo-realista.
Teoria da rotulação ou labelling approach 
	A teoria do labelling approach, rotulação social ou etiquetagem, surgiu no inicio da década de 1960, representou uma inovação no estudo da Criminologia mundial, ficando conhecida, em um primeiro momento, como teoria crítica.
Ao invés de se indagar os motivos pelos quais as pessoas se tornam criminosas, deve-se buscar explicações sobre os motivos pelos quais determinadas pessoas são estigmatizadas como delinqüentes, qual a fonte da legitimidade e as conseqüências da punição imposta a essas pessoas. São os critérios ou mecanismos de seleção das instâncias de controle que importam, e não dar primazia aos motivos da delinqüência. 
Parte da premissa de que a criminalidade não existe na natureza, não é um dado, mas uma construção da sociedade, uma realidade que decorre de processos de definição e de interação social.
Para Hassemer (2005), o labelling approach significa enfoque do etiquetamento, e tem como tese central a ideia de que a criminalidade é resultado de um processo de imputação, “a criminalidade é uma etiqueta, a qual é aplicada pela polícia, pelo ministério público e pelo tribunal penal, pelas instâncias formais de controle social”(HASSEMER, 2005, p. 101-102, grifo do autor).
Ou seja, o criminoso apenas se distingue do homem normal devido à rotulação que recebe de criminoso pelas instâncias formais de controle. “A sociedade tem os criminosos que quer”.
Coelho e Mendonça (2009, p. 16) explicam que, segundo o labelling, o processo de rotulação tem início quando do cometimento do primeiro delito, da chamada criminalização primária, onde a sociedade responderá com a celebração de atos punitivos, a qual denomina de cerimônias degradantes. Essas cerimônias são processos ritualizados, onde um indivíduo que cometeu um delito é submetido, e se traduzem no contato com as instâncias de controle formal, Polícia, Ministério Público, Judiciário e com o processo, em que uma nova identidade lhe é dada. 
Castro (1983, p. 103), compara essas etiquetas negativas como corredores que induzem e iniciam uma carreira desviante e como prisões que constrangem a uma pessoa dentro do papel desviante. A rotulação seria o processo pelo qual um papel desviante se cria e se mantém através da imposição dos rótulos delitivos.O ato em si não indica sua natureza de desviante ou normal, este adjetivo lhe será afetado não em função do ato, mas em função do significado atribuído pelos outros, que por sua vez provoca uma ou outra reação social. 
Assim, mesmo tendo um limite, como o ato de matar, ele não pode ser definido como desviante antes de observar que reação social ele causa. Essa reação social variará obviamente com o contexto em que o ato ocorre, matar para roubar pode ser definido como um ato desviante porque cria uma reação social negativa, mas não se origina uma reação social negativa o que mata em legítima defesa ou quem mata em uma guerra, explica Larrauri (1992).
Os teóricos da rotulação acreditam que o desvio é entendido quando descobrimos por que alguns indivíduos recebem o rótulo de “desviantes” e outros não. Na sociedade, os padrões adotados são estipulados geralmente por representantes que possuem força e influencia para impor aos outros suas definições de moralidade; são essas pessoas responsáveis pela maioria dos rótulos, e estes evidenciam a estrutura de poder vigente numa sociedade. Exemplo disso são as regras formuladas dos ricos para os pobres, de pessoas mais velhas para os jovens, do homem para a mulher, e das maiorias étnicas para os grupos minoritários. 
O grau em que um ato será tratado como desviante depende de quem o comete e de quem se sente prejudicado por ele e ainda, está relacionado a fatores econômicos, étnicos, relações de poder... As regras tendem a ser aplicadas mais a algumas pessoas do que a outras. Por exemplo, meninos de áreas de classe média, quando são detidos, não chegam tão longe no processo legal como os meninos que moram na favela. Outro exemplo trata da aplicação diferenciada da lei a brancos e negros na sociedade. Um negro que supostamente estuprou uma mulher branca tem muito mais probabilidade de ser punido do que um branco que comete a mesma infração. Da mesma forma, um negro que mata outro negro tem maior probabilidade de ser punido que um branco que comete homicídio. 
Pode-se ainda usar como referência o conceito amplo apresentado por Cohen (1988 p. 15), abrangendo as respostas organizadas da sociedade a condutas e pessoas que ela considera como desviadas, problemáticas, preocupantes, ameaçadoras, perigosas ou indesejáveis. As respostas assumem diversas formas, tais como castigo, dissuasão, tratamento, prevenção, segregação, justiça, ressocialização, reforma ou defesa social. São acompanhadas ainda de idéias e emoções como: ódio, vingança, desgosto, compaixão, salvação, benevolência ou admiração. As condutas são classificadas como crime, criminalidade ou delinqüência, desvio, imoralidade, perversidade, maldade, deficiência ou doença. As pessoas a quem se dirigem as respostas são vistas como criminosos, vilões, doentes, rebeldes ou vítimas. Por seu turno, as pessoas que aplicam essas respostas são conhecidas como: juízes, policiais, assistentes sociais, psiquiatras, psicólogos, criminólogos ou sociólogos do desvio.
Por fim, para a rotulação social, é essa intervenção do aparelho estatal repressivo que facilita o desenvolvimento de um instinto criminoso no individuo, início de uma possível carreira criminosa. Assim, a interferência da Justiça, nos moldes hoje apresentados, é apta a aprofundar a criminalidade, e não a contê-la.
Etnometodologia
O termo etnometodologia designa uma corrente da sociologia americana, que surgiu na Califórnia no final da década de 1960, tendo como seu principal marco fundador a publicação do livro Studies in Ethnomethodology [Estudos sobre Etnometodologia], em 1967, de Harold Garfinkel.
A etnometodologia se funda sob o estudo do raciocínio prático do cotidiano, buscando a partir desde conjunto de evidências reconstruir uma explicação precária da realidade observada. Precária , com a conotação de relativa humildade científica, admitindo-se que as explicações servem para dar conta das significações interacionais de um determinado grupo, em determinado contexto histórico e cultural, e tão somente, não podendoexplicar realidades totalizantes, de grande abrangência.
A preocupação central da etnometodologia é buscar abordar as atividades práticas, as circunstâncias práticas e o raciocínio sociológico prático desenvolvido pelos atores no curso de suas atividades cotidianas, sejam estas atividades ordinárias ou extraordinárias, partindo de um raciocínio profissional ou não. Considera que a realidade social é construída na prática do dia-a-dia pelos atores sociais em interação; não é um dado pré-existente
No ramo da Criminologia da Etnometodologia prega a precisão do exame da intersubjetividade do cotidiano para penetrar nas regras, atitudes, linguagem, significados e expectativas assumidos pelo homem no universo social. A etnometodologia da delinqüência confere, então, enorme relevo ao conhecimento sociológico do comportamento desviante, daí por que o crime é visto como uma construção social, devendo ser bem interpretado pelas agências ou organizações de controle (Legislador, Polícia, Ministério Público, Juízes e Órgãos de Execução Penal)
Teoria Abolicionista
O nascimento do abolicionismo remonta ao final da Segunda Guerra Mundial, na fase tecnicista. Mas foi nas décadas de 60 e 70 que o movimento ganhou força, devido às teorias sociológicas que se afirmavam na época e se dividiam em diversas tendências. 
As críticas abolicionistas foram encantadoras e diversas manifestações e revoltas estudantis, o seu objetivo era a busca por soluções para violência, onde pudesse pacificar os conflitos surgidos na sociedade e este fosse, por meio de atuação a partir do princípio do acordo individuo-individuo dessa forma substituindo a disciplina pelo diálogo. 
 A proposta do abolicionismo, amplia a criação de alternativas para o processo de Justiça Criminal, de natureza legal ou não-legal, propondo a criação de micro-organismos sociais baseados na solidariedade e fraternidade, com vistas à apropriar-se novamente dos conflitos sociais, entre agressores e ofendidos e a criação espontânea de métodos ou formas de composição.
De forma resumida, o abolicionismo defende a ideia de que o castigo não é o meio mais adequado para reagir diante de um delito, e por melhor que possam ser, eventuais reformas no sistema criminal não surtirão efeito, pois o próprio sistema está equivocado ao estabelecer que com uma resposta punitiva (pena de prisão) o “problema” do delito estará solucionado. 
Consequentemente, Hulsman propõe uma mudança significativa de linguagem, uma vez que o crime não possui existência ontológica e, portanto, não necessariamente deve ser chamado dessa forma. A proposta do autor remonta à expressão “situações problemáticas”, e a pretensão era reduzir ou anular a estigmatização oriunda do sistema penal e devolver a resolução do conflito às partes (1997, p. 101 e 96). Tal mudança teria o poder de romper o binômio crime-castigo e oferecer uma gama infindável de possibilidades para encerrar e resolver a situação sem precisar recorrer à tradicional pena de prisão. 
Criminologia Minimalista
Também conhecida como a Teoria do Direito Penal Mínimo, não difere do Abolicionismo por reconhecer que o Sistema Penal é fragmentário e seletivo, atuando, incisivamente, sobre as classes sociais mais débeis, indiferente à violência estrutural e favorecendo a impunidade dos que estão vinculados às relações de poder.
Os minimalistas dizem que o direito penal é um mal, mas um mal necessário, inevitável, que se impõe racionalizar e minimizar. A Criminologia Minimalista é amparada em dois fundamentos, o primeiro de Lola Aniyar de Castro, sustenta a necessidade do estabelecimento de uma legislação penal de conteúdo mínimo, destinada à preservação dos direitos humanos e liberdades individuais para garantir a defesa dos mais fracos e evitar reações injustas e indesejáveis , não só por parte do Estado, mas também de qualquer órgão de natureza publica ou privada e até mesmo da vítima.
O segundo fundamento Minimalista, enriquecido pelas lições de Alessandro Baratta, aprofunda a concepção de que é preciso limitar o Direito Penal, que está a serviço de grupos minoritários, tornando-o mínimo, porque a pena, representada em sua manifestação mais drástica pelo Sistema Penitenciário, é uma violência institucional que limita direito e reprime necessidades fundamentais das pessoas, mediante a ação legal ou ilegal de servidores do poder, legitima ou ilegitimamente investidos na função . Baratta afirma que o Sistema Penal é altamente seletivo, seja no que diz respeito à proteção dos direitos humanos, dos bens e interesses sociais, seja em relação ao processo de criminalização, seja no que tange ao recrutamento da clientela, o que fortifica a ilação de que o sistema punitivo é absolutamente inadequado para atuar de maneira útil e saudável na sociedade. Baratta acredita que as instituições do controle social (Legislador, Polícia, Ministério Público, Juízes e órgãos de Execução Penal) não representam todas as classes sociais da sociedade, mas apenas de uma minoria social privilegiada perante o sistema.
A Criminologia Minimalista pede pela legitimação de uma intervenção mínima das agências formais de controle e das garantias do Direito Penal e do Direito Processual Penal, de maneira a agir com a prudência de um modelo punitivo alternativo que satisfaça o sistema social global e não como fórmula punitiva que se apoie na pena com sentido ontológico.
Criminologi Neo-Realista
Essa corrente se intitula Realista em reação aos Idealistas que nos anos oitenta lideraram a pregação da filosofia sustentada pela Criminologia Crítica em oposição à Criminologia Tradicional. Foi denominada de Neo-Realismo de Esquerda por preconizar contra a política criminal de direita . Para os Neo-Realistas, a Criminologia Crítica deve regressar à investigação completas das causas e circunstâncias do delito, com o fim de denunciar os padrões de injustiça estrutural, da qual o delito é forma de expressão. As frágeis condições econômicas dos pobres na sociedade capitalista fazem com que a pobreza tenha seus reflexos na criminalidade, mas essa não é a única causa da atitude criminosa, também gerada por fatores como: expectativa superdimencionada, individualismo exagerado, competitividade, agressividade, ganâncias, anomalias sexuais, machismo, etc.
Deste modo, insistem, que só uma política social ampla pode promover o justo e eficaz controle das zonas de delinquência, desde que os Governos, com determinação e vontade, compreendam que carência e inconformidade, somadas à falta de solução política, geram o cometimento de crimes. Eis a razão pela qual os Neo Realistas se preocupam com todos os aspectos do delito, concentrando atenção a todos os autores da cena: o criminoso, a vítima e a reação social. Tudo dentro de uma estratégia realista par situar o delito como ressonância de conflitos devido à falta de solidariedade entre os membros das classes sociais. Essa é a justificativa da Criminologia Neo-Realista para fechar questão em cima do princípio de que a pena deve recuperar o seu sentido de restauração.
Crítica e Conclusão
A Criminologia Crítica ou Radical concentra-se apenas em criticar a criminologia tradicional e colocar a culpa da criminalidade no regime capitalista, não se propondo em analisar o crime em si. Sendo que quando diz que somente a construção de uma nova sociedade seja a solução para os altos índices criminais, acaba infelizmente, transmitindo a ideia de que mais nada sirva para a sociedade e que a mesma também “não presta”. Esperando que o Estado tome alguma atitude nesta reconstrução, esquecendo que as classes dominantes não tem interesse nisso devido ao simples fato de não ser lucrativo. Além de não apresentar uma solução possível.
Sendo assim tem posicionamento válido, devido ao seu caráter crítico, mas ineficaz devido à impossibilidade de aplicação a sociedade capitalista. Ressalta que o modelo jurídico e social atual, causa a estigmatização e marginalização da classe explorada, se estendendo até a classetrabalhadora, que é alvo preferencial do sistema punitivo, tendo por finalidade criar um temor da criminalização e da prisão para manter a estabilidade da produção e da ordem social.
Diante do exposto, percebemos que essa teoria tornou-se o único meio de a classe inferior, no capitalismo, se posicionar de forma crítica diante da situação humilhante quem que se encontra.
Referência Bibliograficas
http://pensarcriminologico.blogspot.com.br/2012/03/criminologia-interacionista-ou-labeling.html
http://www.emtese.ufsc.br/h_Adalto.pdf

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