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apostila paisagismo

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Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia
Curso: ARQUITETURA e URBANISMO
PAISAGISMO
HISTÓRIA E TEORIA I
APRESENTAÇÃO
Esta apostila foi elaborada para ser utilizada como suporte no 1* bimestre da disciplina PAISAGISMO, do Curso de Arquitetura da UNIMAR.
Não é o único referencial da disciplina, mas fonte de referência dos conteúdos abordados. 
Prof. Arq. Msc. Walnyce de Oliveira Scalise
Marília- SP
2010
SUMÁRIO
Introduzindo Questões: Paisagismo/ Paisagem
Paisagismo- a evolução do conceito
Breve Histórico do Paisagismo
Paisagismo no Brasil
4.1 – Desenvolvimento da Profissão no Brasil
5. Noções de Ecologia, Geografia e Botânica
6. As Espécies Vegetais e o Paisagismo 
Materiais utilizados no Paisagismo
Estilos de Jardins
9. O Projeto Paisagístico
9.1- Fases preliminares
9.2- Anteprojeto
9.3- Projeto Executivo
9.4- Memoriais
Referências 
. Introduzindo questões
São emergentes as questões sobre Paisagismo e Paisagem no atual panorama de grandes transformações ocorridas nos últimos séculos, no contexto de expansão populacional, principalmente urbana com todo tipo de conflitos sociais, crises reais de qualidade de vida e vários tipos de escassez. Neste universo, o Paisagismo aparece como instrumento para ações que buscam criar respostas a uma série de problemas percebidos nas diferentes formas de organização de espaço.
Paisagismo pode ser entendido “como um processo consciente de manejo e projeto de lugares, considerados como segmentos específicos de uma paisagem total”, MACEDO (1992). O campo de atuação do paisagista estende-se aos espaços livres de urbanização e aos espaços livres de edificação, da escala do território e da região à da cidade e do lote. 
O trabalho com a paisagem tem por objetivo a criação de espaços voltados para o futuro, os lugares ideais para uma sociedade de um espaço- tempo. De acordo com MACEDO (1992), o paisagista nas propostas de intervenção deve respeitar os três princípios básicos:
observação e procura da manutenção da dinâmica ecológica do lugar;
o atendimento prioritário às necessidades da população, tanto em termos qualitativos quanto funcionais;
obedecer, criar e recriar padrões estéticos adequados à população local (presente ou futura) e ao lugar.
“A forma pela qual a paisagem é projetada e construída reflete uma elaboração filosófica e cultural, que resulta tanto da observação objetiva do ambiente quanto da experiência individual ou coletiva com relação a ela.” LEITE (1993)
A Paisagem representa o universo de trabalho do paisagista. Segundo MACEDO (1992), para a visão sistêmica na compreensão da paisagem pode-se dividir em elementos que se associam, se transformam para permitir a criação de métodos e técnicas de avaliação. Os elementos são: o suporte físico, nele incluindo o solo, subsolo e águas; a vegetação; as edificações e estruturas urbanas e por fim os seres vivos podendo excluir também o ser humano.
Esses elementos poderão ser vistos separadamente, mas posteriormente deve se associar novamente, “não se privilegia no estabelecimento de planos e projetos somente este ou aquele elemento, como águas ou solos adequados no estabelecimento de planos e projetos paisagísticos, mas sim a dinâmica do lugar e suas possibilidades de interação espacial” LYLE (1985).
2. PAISAGISMO – A evolução do conceito
Num primeiro momento, é importante uma reflexão à luz da história sobre aspectos evolutivos do campo projetual e do Paisagismo, buscando identificar arquétipos, conceitos e enfoques que auxiliaram na consolidação do Paisagismo como disciplina e campo de atuação. Questionamentos e pesquisas, que tenham a história como base de referência, são fundamentais no entendimento das questões contemporâneas, principalmente se essa ciência for apreendida, não apenas como uma sucessão cronológica e descritiva dos fatos e obras, mas se for vista como estrutura que permita com a discussão do passado, a compreensão do presente e as possibilidades de atuação com visão prospectiva, delineando possíveis tendências.
O campo projetual do Paisagismo em sua evolução, por tradição, acha-se fortemente ligado à historia dos jardins. Atualmente, de maneira progressiva, vem assumindo amplas frentes com abrangência e complexidade muito maiores, gerando uma gama de possibilidades bastante grande tanto no campo profissional quanto no meio acadêmico e na pesquisa. Os tempos de globalização e questões próprias ao mercado de trabalho podem acabar definindo vários circuitos restritivos de atuação, mas é importante esclarecer que o campo projetual e disciplinar do paisagismo ampliou-se em decorrência da própria conceituação atual de Paisagismo.
Em seu livro, El Paisage del Hombre, Geoffrey JELLICOE ( 1995) afirma 
 “durante os séculos XVII e XVIII, as civilizações ocidentais, originalmente sociedades limitadas, transformaram-se em liberais. Suas bases filosóficas e legais, além do espírito científico, propiciaram - lhes liberdade de empreendimento e mobi lidade social, bem como as possibilidades de prosperar e expandir em escalas mais amplas do que as civilizações oriental e central com suas bases estáticas de religião e ética. Daí por diante começou o intercâmbio universal de idéias que finalmente elevariam as artes da paisagem de um nível local e doméstico de projeto ao moderno conceito de planejamento abrangente”.
Aliado a isso, se avaliarmos esse quadro, tomando como referência a evolução das conceituações de Paisagismo, citada por Catharina Cordeiro LIMA no Seminário ”Paisagismo no século XXI” (ABAP/SP - 1999), das atas oficiais da ASLA (American Society of Landascape Architecture), a primeira entidade corporativa da categoria que se conhece, fundada no início do século nos Estados Unidos, será possível uma visão ainda mais acurada da progressiva ampliação e complexidade do campo.
A primeira definição retirada das atas de 1902-1920, coloca: “A arquitetura de paisagem é a arte de adequar a terra para uso e deleite humanos”, abordagem que se estende à profissão e ao campo de pesquisa. Dando continuidade, Catarina Cordeiro LIMA coloca em sua palestra “A dimensão ecológica da Paisagem” na ABAP(1999), as definições de 1950, 72 e 75 da ASLA:
“Arquitetura da paisagem é a arte de organizar a terra e os objetos dispostos sobre ela, para uso e deleite humanos”. (Constituição – 1950)
“Arquitetura da paisagem é a arte da aplicação de princípios científicos à terra – seu planejamento, projeto e gerenciamento – para atender o público, a saúde e o bem-estar social, possuindo ainda um compromisso com o conceito o manejo do território”. (Albert Fein – ASLA 1972)
“Arquitetura da paisagem é a arte do projeto, planejamento ou manejo da terra e da organização de elementos naturais ou construídos através da aplicação de conhecimentos culturais e científicos, relacionados ao manejo e conservação dos recursos, a fim de que o ambiente resultante sirva a propósitos de utilização e fruição”. (Constituição – 1975)
Com os progressos sócio – culturais, inovações técnicas, a preocupação com as questões ambientais, o paisagismo continuou ampliando gradativamente sua área de ação. Em 1983, a definição da ASLA classificou a arquitetura da paisagem como 
“a profissão que aplica princípios artísticos e científicos à pesquisa, ao planejamento ao projeto e manejo de ambientes construídos e naturais. Os profissionais atuantes utilizam habilidades criativas e técnicas, além de conhecimento científico, cultural e político na organização planejada de elementos naturais e construídos . Os ambientes resultantes devem atender a propósitos estéticos, funcionais, de segurança e fruição”.
Seguem-se extensos parágrafos detalhados, no que diz respeito às possibilidades de atuação profissional e de pesquisa. Ainda sobre arquitetura da paisagem, segundoa ASLA – 1983, 
“ pode incluir, para fins de desenvolvimento, valorização e preservação da paisagem: pesquisa, seleção e alocação de recursos hídricos e do solo, para uso apropriado; estudos de viabilidade; elaboração de critérios gráficos e escritos, a fim de nortear o planejamento e projetos concernentes ao desenvolvimento territorial; elaboração revisão e análise de planos diretores; produção de planos territoriais abrangentes, projetos de movimento de terra, drenagem, irrigação, plantação e detalhes construtivos; especificações; orçamentos e planilhas de custo para desenvolvimento do território; colaboração no projeto de estradas, pontes e estruturas no tocante aos aspectos funcionais e estéticos das áreas envolvidas; negociação e organização dos projetos para fins de execução; vistorias e inspeção de execução, restauro e manutenção”.
 
Na sua evolução histórica, o Paisagismo, em dados momentos, esteve atrelado a paradigmas muito claros, tendo em conta as diversidades do ambiente físico e da cultura, mas a história não é linear e existem variações entre os modelos de uma determinada época, como por exemplo, a concepção paisagística inglesa do século XVIII e o que a França adotou, em seguida, como sendo o “Jardin Anglais” e mesmo diferenças bastante marcantes entre os paisagistas ingleses e os adeptos dos impulsos naturalísticos do mesmo período, que JELLICOE (1995) coloca como “alternâncias de chegada ao projeto” , de percepções, alteração dos vetores de formas de utilização de conceber a relação homem-natureza, da época, do local.
Diferentes culturas gerando diferentes projetos, mesmo dentro de um mesmo paradigma. Percebe-se até mesmo no modernismo, com suas tendências predominantes, assimilações de nuances com interpretações concomitantes. No contemporâneo, a crise de paradigmas gera uma busca para atender as demandas, desejos e necessidades crescentes da sociedade urbana, que motivou o aparecimento de diferentes enfoques não excludentes, na apreensão, planejamento e projeto da paisagem. 
Deu margem a uma certa especialização, contrariando visões de síntese que eram ensaiadas no final do século passado, principalmente pelo paisagista Olmsted, o idealizador de um grande número de parques urbanos que procurou atribuir à profissão uma dimensão mais totalizante, compatibilizando o entendimento dos processos naturais na cidade e na região, com os processos sócio-culturais, sem deixar de trabalhar com as possibilidades criativas na conformação das paisagens.
A atual diversidade de linhas projetuais, que vão desde abordagens ligadas à compreensão dos processos ecológicos até o atendimento das questões sociais e culturais; desde formas com aparências mais naturalísticas enfatizando a valorização de dados de natureza até as que têm resolução mais processadas e outros significados mais vinculados aos processos humanos, “palco de sociabilidades” SEGAWA (1996).
Os processos de projeto, por seu lado, vão desde a criação individual tradicional a formas de engajamento com participação coletiva no processo de criação. Nos Estados Unidos, essas tendências podem ser claramente identificadas.
 A primeira, com orientação ambientalista, baseada, principalmente, nos teóricos Ian MCHARG, John Tillman LYLE, Anne SPIRN, que colocam o aprofundamento da questão ecológica e o compromisso com uma estética ligada à agenda ambientalista. Segundo eles, a paisagem deve ser vista não como produto, mas como processo, em uma dinâmica de evolução no tempo e no espaço, com pesquisa de tecnologias sustentáveis, projeto com práticas de regeneração e visão da cidade como ecossistema.
A segunda, vê o Paisagismo como arte, ligada às possibilidades de trabalho com a forma, a estética e a simbologia no projeto e concepção do espaço. Tem como expoentes, os projetos de Peter WALKER e de Martha SCHWARTZ. 
A terceira, parte da adequação do espaço construído ao usuário, sua participação desde o momento da criação e busca as bases nos estudos que avaliam o desempenho do espaço construído após a apropriação pelos usuários, orientação dos trabalhos de Lawrence HALPRIN.
O caminho do Paisagismo no Brasil é completamente diverso, pois não conta com uma qualificação profissional claramente institucionalizada. Somente em 1998 ocorreu o I Congresso Brasileiro de Paisagismo, de cujos trabalhos não foi possível, ainda, nenhum resultado positivo no sentido da regulamentação da profissional, significando um entrave aos aprofundamentos necessários, a uma função social definida e no que diz respeito à formação profissional, apesar das diversas atitudes sérias existentes no sentido da pesquisa e do projeto. 
3. Breve Histórico do Paisagismo
Toma-se a História como base de referências, auxiliando no entendimento das questões contemporâneas, principalmente se for apreendida não como uma sucessão cronológica e narrativa de acontecimentos mas como estrutura que permite, ao discutir o passado, a compreensão do presente, as possibilidades de atuação e as prováveis futuras tendências . 
A evolução do campo do projeto paisagístico esteve, durante muito tempo, atrelada à história dos jardins. As cidades surgem desde 4.000 anos a.C. e, a partir de então, os jardins passam a representar uma preocupação de caráter mais amplo que apenas o ornamental. Desde o Neolítico existe o cuidado com a estilização, representação e contemplação da vegetação através das cerâmicas e inscrições. Com os sumérios, os babilônicos, nos jardins suspensos de Semíramis e nos jardins mesopotâmicos, através das formas artificiais criadas a partir de elementos naturais, marca a adaptação da humanidade à natureza rude. 
Há o antigo mito iraniano do jardim do unicórnio, guardião da árvore da vida, o jardim greco-romano das Hespérides, com o dragão Landon. Sobre a origem dos jardins, o Gênesis traz o Jardim do Éden e a partir daí, o homem busca o jardim perdido.
 “O jardim nasceu com o homem. A primeira residência do primeiro casal foi um jardim... A cidade é sempre o homem do primeiro jardim, mas não há meio de achar um jardim em si mesma e vai tecendo o século com outros...” Machado de Assis, 1895 apud SEGAWA (1996).
Na construção das primeiras cidades, a criação de ambientes especiais dotados de significados simbólicos, a obra divina cede lugar à arquitetura dos seres humanos e o espaço da natureza cedia lugar aos espaços culturais da civilização. No Extremo Oriente, 2000 anos a.C., as composições dos jardins exercem funções culturais e simbólicas paralelas à própria existência das cidades e das arquiteturas. Enquanto a cidade realça a artificialidade, através de seu traçado geométrico, o jardim evolui gradativamente na liberdade formal plena do jardim japonês.
Não é a síntese da cidade nem do campo, talvez fosse a expressão individual do homem nessas sociedades rígidas e controladas, superando individualmente a função do templo e suas grandes praças. O jardim é algo particular no interior das habitações. Nas sociedades orientais, a tão conhecida relação Yin/Yang, criada na China ocorre também, no diálogo entre áreas edificadas e não edificadas. O importante é o equilíbrio entre os opostos. 
A tentativa de organização do entorno é uma necessidade observada no decorrer da História da Humanidade. Inicialmente a significação simbólica e religiosa nas culturas egípcia e persa, além de um vínculo com as práticas agrícolas, uma crescente evolução no sentido de estilização e formalização do entorno real, onde não só as condições climáticas eram buscadas, mas também as atividades ligadas à fruição estética e sensorial dos elementos estruturadores desse espaço. 
O conhecimento de História é importante para entendermos o porquê do surgimento de determinadas práticas do homem, por meio de sua contextualização, entendemos seu significado.As primeiras intervenções humanas datam aproximadamente de 30.000 a.C., na Era Paleolítica, quando o homem utilizava as paredes das cavernas para realizar seus registros. Destes,o mais bem conservado que se conhece está na caverna de Lascaux, no sul da França.
Na Era Neolítica, o homem aprendeu, por meio da técnica, a “dominar” a natureza; tornou possível a criação de animais e plantas e possibilitou a sua fixação. Deixou de ser habitantes de árvores e cavernas para criar “as aldeias”. Nesse período e até a nossa História recente, o homem não sentia necessidade de preservação da natureza pois esta era ainda intocada. Nessa Era também apareceram as primeiras manifestações religiosas, e é interessante lembrar que, em praticamente todas as religiões, o Paraíso era representado por jardins que simbolizavam a vida e a morte.
Na Idade do Bronze o homem aprendeu a técnica da metalurgia e criou ferramentas e armas. Para a confecção desses materiais foi em busca de jazidas de minerais; houve o nascimento do comércio que culminou na expansão humana à procura de novas terras. Em torno de 2.000 a.C. teve início a diminuição gradual das matas, com o aparecimento de grandes “clareiras”.
Os jardins ou áreas onde se cultivam plantas apareceram efetivamente nas antigas civilizações, como Egito, Mesopotâmia, Babilônia, Grécia, Pérsia, Índia, Japão e China. Os jardins apareceram quando o homem já vivia em cidades. Ele os utilizava tanto para a manutenção de seus víveres quanto para sua ostentação, sem deixarmos de mencionar seu desejo de permanecer em contato com a natureza.
As características ambientais e regionais de cada um dos locais onde se encontravam os jardins definiam pontos importantes de sua concepção, como podemos ver em alguns destes exemplos:
O Egito encontra-se em uma área de solo fértil, em meio a uma região árida e desértica. Assim, no início de sua história seus jardins desenvolveram plantas e frutos para uso de seus proprietários. Tinham como característica a irrigação, feita por meio de canais que definiam áreas geométricas retangulares. Nesses jardins praticava-se o cultivo de uvas, romãs, tamareiras, plantas da flora nativa e outras importadas, como maçãs, mirra e amendoeira. Nos espelhos d’água eram cultivados lótus e papiro, para o fabrico de papel. Além dos jardins, os egípcios também interferiam na paisagem com a construção de esfinges e pirâmides, que visavam à perpetuação e à glória dos faraós, considerados representantes dos deuses na Terra.
Na Mesopotâmia, em especial a cidade de Babilônia, os jardins seguiam as mesmas características dos encontrados no Egito. Foi na Babilônia que Nabucodonosor presenteou a princesa dos Medas com os “jardins suspensos”, uma das “sete maravilhas do mundo”, revelando também de forma bastante clara, a antiga intenção de preservar a ligação do homem com a natureza. 
A topografia da Grécia sugere a implantação de cidades em regiões mais altas por motivos estratégicos de defesa, elas eram muradas. Nos bosques sagrados reverenciavam-se os deuses, sendo estes representados por estátuas. Em suas investidas em busca de novos territórios, os gregos assimilaram em sua cultura o gosto pela construção de jardins, e foi numa dessas investidas que importaram da Pérsia os jardins paradisíacos. É da Grécia que se tem notícia do surgimento do vaso com flores anuais utilizados para oferendas ao deus Adônis.
Os persas, famosos por seus jardins paradisíacos, construíram-nos para seu lazer e os carregaram de simbologia. O cipreste, por exemplo, era o símbolo da passagem da vida para a eternidade, e as árvores frutíferas representavam a vida e a fertilidade. Devido à necessidade de irrigação, os jardins persas, de traçado geométrico, eram alimentados por fontes, dando forma de cruz à irrigação. Foram os primeiros a utilizar as plantas por seu valor estético, tirando partido de sua forma e aroma. Podemos dizer que foram os persas os criadores dos jardins como os conhecemos hoje. Em seus jardins, as árvores como os ciprestes, plátanos e romãs, eram sempre renovadas para que permanecessem jovens. Eram muito cultivadas flores como rosas, violetas e jasmins.
Os romanos, também na busca de novos territórios de dominação, importaram principalmente da cultura grega a concepção de seus jardins. As casas romanas eram orientadas para áreas que sugeriam amplitude como mar ou o campo. Em seus jardins, eram colocados afrescos, fontes e topiárias (esculturas em plantas realizadas por meio da poda). Esses jardins interavam-se à arquitetura da casa.
Os povos orientais, aqui representados pela Índia, China e Japão, apresentavam em seus jardins sua filosofia de cunho religioso. O budismo, surgido na Índia entre 620 a.C. e 540 a.C., foi transmitido por missionários à China e Japão. Com ele, proliferou também a concepção do jardim budista, que representava a paisagem em escala reduzida. Um exemplo dessa visão é a bonsai. 
O jardim Chinês e Japonês- Da dinastia Han surgiu o jardim “lago-ilha”, que será muito repetido, tanto na China como no Japão. Tratava-se de um mito muito complicado. Algumas ilhas só eram atingíveis transportadas por um pássaro: a cegonha gigante. Nesses jardins, esses animais são representados simbolicamente por rochas. No final do século VI foi criado o Parque Ocidental, com um perímetro de 113 quilômetros e contendo 4 imensos lagos cobertos de Lótus e rodeados de Chorões.
No período Heian aparecem lindos parques em Kioto, a capital, e arredores, verdadeiros lugares para a meditação. Em 1894, para comemorar os 1100 anos da capital Kioto, um desses jardins Heian. Trata-se de um dos jardins mais alegres e de melhor traçado do mundo, com hortos de Cerejeiras, maciços imensos de Azáleas e Lírios, rochas cobertas por flores e Pinus, traduz o característico amor dos japoneses pela natureza. 
A arte na jardinagem japonesa consiste em concentrar a atenção sobre o essencial, seja das formas precisas ou a sutileza das matizes; todas as plantas são extremamente valorizadas. São usadas comumente plantas perenes, criando um quadro estável seja qual for a estação do ano.
Revisando: Na Grécia antiga, os jardins têm caráter mais voltado às construções e percursos públicos não envolvidos com edificações. Em Roma, representam o status social mais elevado, estão dentro dos palácios, nas termas, envolvidos pelos peristilos. A água e a vegetação, controladas e implantadas de forma planejada, representam a sabedoria humana e as possibilidades de domínio sobre a natureza por uma sociedade cada vez mais antropocêntrica. Na Espanha, com a invasão moura, o jardim aparece como uma identificação do paraíso. Cinco dos sete paraísos descritos no Corão são jardins, conforme TOBEY (1988).
Na Idade Média européia, as pestes e as constantes invasões dos povos bárbaros fizeram com que as cidades e castelos se fechassem e se fortificassem. Os espaços livres tornaram-se funcionais para o cultivo de plantas medicinais e alimentos. Nos monastérios e conventos ainda se mantinha a tradição do jardim; neles eram plantadas flores para enfeitar os altares. O formato dos canteiros desses jardins deu origem aos canteiros barrocos. Por serem cultivados por monges copistas, que necessitavam ter mãos delicadas para a realização de seu trabalho, foram desenvolvidas ferramentas de jardinagem.
Com o fim das invasões, com o controle das pestes e o início da expansão comercial, a Europa começou a experimentar um período de paz. Era o início do 
Renascimento, um período em que se destacaram os jardins da Itália e da 
França. O século XV marcou na Europa o início do Renascimento, os descobrimentos, as conquistas. Os jardins também renasceram. Surgiram os jardins botânicos e também o comércio de plantas para coleção, resultado da expansão européia em novos continentes. Na Itália iniciou-se a restauração dos mais belos parques e dos jardins das “vilas romanas”, que serviram como modelo para a construção de novos jardins.
O Renascimento recupera e fortalece o humanismo e o barroco produz jardins monumentais, geometrizados, totalmente controlados pelo homem, onde a vegetação perde suas características, transformando-se emelemento construtivo de uma arquitetura exterior de grande impacto visual. Alguns destes jardins estão fora da cidade, nos palácios, fugindo do caráter urbano. São criados mundos que existem por si, todas as relações são planejadas. O observador é um participante deste mundo por onde passeia, muitas vezes se transformando em um espectador. A partir da Renascença, os jardins da coroa e da nobreza são abertos ao público, especialmente em Londres e outras capitais da Europa.
Os jardins eram feitos para o homem e a dignificavam; seus modelos eram trazidos da antiguidade clássica, representada por Roma e passaram a ocupar junto com a música, a pintura e a arquitetura, um lugar de destaque nas artes. Desenhados para abrigar também discussões intelectuais: sábios e artistas podiam trabalhar e discutir no “frescor dos ares do campo”. As áreas ajardinadas ao lado dos castelos possuíam desenhos simétricos de proporções matemáticas e perspectiva sem fim. A casa e o jardim integravam-se em um único espaço.
A água era largamente empregada com a construção de repuxos, chafarizes e cascatas. Também eram introduzidos nos jardins elementos construtivos como escadas, terraços e esculturas. As plantas eram submetidas a um tratamento formal com grande utilização de tapiárias e parterres (canteiros geométricos e bem marcados pelo cultivo, em blocos, de plantas de uma única espécie). As espécies mais usadas eram os ciprestes, os buxinhos, os louros e os azinheiros.
A França sofreu grande influência dos jardins romanos. Os jardins de Versailles (1624-1688) foram construídos e idealizados por André Lê Notre, com traçado simétrico, valorizando a perspectiva e a sensação de grandiosidade. O passeio central comandou toda a composição de cada lado, canteiros dispostos simetricamente separados dos bosquetes por cercas vivas podadas e estátuas de mármore branco. Sobressaia a tudo isso os tapetes de relva, as inúmeras fontes e canteiros floridos. O local tinha sido anteriormente um imenso brejo onde se praticava a caça.
O liberalismo democrático dos ingleses do século XVIII levou a que fossem rejeitados os governos despóticos franceses e, com isso, os jardins renascentistas. Nessa época, o movimento romântico na pintura exaltava as belezas da natureza e da paisagem natural, devido à influência oriental trazida para a Europa pelas relações comerciais da Inglaterra com o Oriente. Os jardins passaram a imitar paisagens naturais e dar importância do elemento “surpresa”, ou seja, eram montados com grandes gramados e a incorporação de lagos e rios. Entre os mestres dos jardins ingleses estão William Kent, William Chambers.
Os holandeses também não fugiram, no início das influências francesas e italianas. Porém, devido a sua topografia plana e pelo hábito de cultivo das plantas bulbosas (em especial a Tulipa e ao seu gosto pelas cores, criaram jardins mais compactos e graciosos. São divididos em múltiplos recintos, apresentam túneis sombreados por trepadeiras. As partes centrais são formadas por intrincados grupos florais, fontes douradas, baixas, jorram sua água em pequenos tanques rodeados de cercas vivas de bordadura baixa. Os ciprestes recebiam podas, formando círculos sobrepostos portões de ferro fechavam os jardins).
Ao longo do ramo fluvial de Vetch, entre Utrech e Muden, uma série de elegantes casas ajardinadas caracterizava essa época que vai do século XVII a XVIII. Hoje tudo isso caiu da moda. Os jardins modernos holandeses vão do estilo internacional até a uma agradável forma doméstica, com especial ênfase nas Tulipas, Narcisos e Jacintos, distribuídos com capricho encantador.
O jardim se coloca como expressão de subjetividades, que, por vezes, superam as da arquitetura do espaço edificado. Transforma-se em algo independente, com simbologia própria. Surgem padrões estéticos, variações de composição como na arquitetura das edificações, mas seus elementos são dinâmicos. Por mais que se tente um domínio pleno, está se lidando com a terra, a água, a luz, o sol e o tempo, que o torna muito diferente da obra edificada. 
As transformações humanas sobre a natureza ganharam intensidade e velocidade no século passado com a Revolução Industrial. A cidade ganhou um aspecto cinzento, as condições sanitárias e qualidade de vida passaram por um nível de deficiência assustador. Os jardins então, estavam dentro e fora da cidade, eram o símbolo de uma vida saudável a que todos aspiravam, mas restrita apenas a alguns. Desde esse momento, ou talvez desde antes, aspira-se ao jardim, primeiro nas condições de vida na cidade, depois tentando transformar a própria cidade num enorme jardim - com igualdades e justiças como pregaram os revolucionistas, os utopistas e pré- urbanistas do século passado.
Com a Revolução Industrial, as áreas urbanas foram se adentrando. Houve o aburguesamento da sociedade e o parcelamento da terra acentuou-se, provocando a diminuição das áreas particulares livres. Parques e jardins públicos eram usados para arejamento das áreas urbanas, eram os “pulmões” das cidades.
Os jardins particulares, então, passaram a ter dimensões reduzidas, culminando nos jardins modernos, surgidos nos anos 40, que incorporaram em suas áreas, além da vegetação, elementos construtivos e equipamentos de lazer como piscinas, churrasqueiras, pequenas quadras, pergolados, gazebos, varandas, etc. Nesses jardins, as formas artísticas de produção do espaço são tão valorizadas quanto a tecnologia dos materiais utilizados para sua construção, o desenho do jardim deve ser resultado também de conceitos básicos de concepção arquitetônica. 
No século XX, o Movimento Moderno aprofunda estas questões idealizando a cidade como um enorme território de sucessivos jardins, coletivizados e usufruídos por todos. A arquitetura dos edifícios também é traçada e codificada, tendo em vista a liberação de espaços verdes, o “recrear o corpo e o espírito”, buscando a luz solar e o ar, isolando as edificações. A redescoberta do papel qualificador que o jardim pode absorver sobretudo em contextos urbanos degradados, evidencia-se na carga representativa do desenho.
Artistas e técnicos, preocupados desde o século XIX com essas questões, contribuem para que muitos paisagistas passem do exercício da jardinagem para o projeto ambiental. Esta trajetória parece ter se originado no “English Landscape Tradition”, movimento do século XVIII, na Inglaterra, com poetas e escritores, concebendo uma harmonia entre o homem e a natureza, entendida como jardim, símbolo do paraíso perdido por Adão e Eva.
 Os EUA, no século seguinte, contribuem para o desenvolvimento de uma nova visão: em 1858, Frederick Law Olmsted cria a denominação “arquiteto paisagista“. Nessa época, Olmsted destaca-se por inúmeros projetos urbanísticos, inclusive o Central Park de Nova Iorque. Dois de seus discípulos, Horace Cleveland e Charles Eliot, criam, em 1901, na Universidade de Harvard, o primeiro programa de arquitetura paisagística. E, em 1907, surge a profissão de urbanista, derivada desse curso.
Em decorrência da consolidação da atividade projetual, diante das reivindicações da sociedade pela criação de parques voltados às atividades de recreação e lazer e espaços livres urbanos vegetados, os Landscape architects se preocupavam com o desenho dos parques, conceituação e inserção no planejamento urbano.
A fase atual do Paisagismo tem dois fatores de influência: o primeiro, pela atividade de grandes profissionais da área no contexto do pós guerra até agora e que ditaram as bases técnicas e formais aos designers da paisagem contemporânea. Tiveram destaque: Roberto Burle Marx, Luis Barragán, Thomas Church, Silvia Crowe, Cramer, Eckbo, Lynch, Appleyard, Halprin e McHarg entre outros; o segundo, pelo estudo da história do Paisagismo, a partir dos anos 70, nos Estados Unidos, com George B. TOBEY(1988) e Geoffrey e Susan JELLICOE(1995), que contribuíram para dar credibilidade ao exercício do Paisagismo. 
Segundo FRAMPTON (1987), o desenhopaisagístico moderno surgiu em 1938, quando Tunnard veio aos Estados Unidos para dar aulas na Universidade de Harvard, na mesma disciplina iniciada em 1901, na sequência, surgem, Eckbo com sua visão mais ecológica, e Church, com posição mais parecida à de Tunnard, ambos começando das 1as marcas do homem na paisagem pré-histórica.
A primeira metade do século XX mostrou um Paisagismo com pouca expressividade, principalmente pelo ensino e prevalência dos modelos do século XVIII e XIX, que apresentavam pouco interesse às mudanças que o Movimento moderno impunha às paisagens.
Dos anos 50 aos 70, destacaram-se os melhores trabalhos dos grandes mestres da arquitetura paisagística. Dentre eles, Roberto Burle Marx, que, embora sendo modernista não se submeteu aos cânones do movimento. Teve seu processo criativo ligado às artes plásticas e ao entendimento da botânica, utilizados para a compreensão da natureza, principalmente a tropical do Brasil com suas cinqüenta mil espécies diferentes de plantas. “A natureza é um ciclo da vida que deve ser compreendida para poder se tomar liberdades com ela conscientemente. Os meios de que dispomos como as grandes máquinas, o fogo podem ser usados tanto para o bem quanto para o mal, porém no Brasil são usados para criar miséria” MARX apud LEENHARDT (1994). São conhecidas suas pesquisas e excursões para reconhecimento da flora brasileira e a ele é atribuída a distinção mais clara entre as etapas conceitual e prática que compõe a realização de um projeto de paisagismo. O paisagismo de Burle Marx cria padrões de desenho que incorporam as formações naturais sem, no entanto, copiá-las, como aconteceu nos jardins ingleses e, revoluciona a forma de projetar os espaços livres públicos, com concepção plástica própria, formas orgânicas e trabalho com a água.
 Fazenda Marambaia – Burle Marx
Luis Barragán, arquiteto e paisagista do período, criou interessante diálogo entre as formas arquitetônicas e as formas complexas da vegetação e da paisagem. As paisagens de Thomas Church, nos Estados Unidos, exibiam assimetria e estilo geométrico.
Nos anos 60, designers e técnicos, principalmente os americanos: Appleyard, Halprin e Eckbo começaram a pesquisar a paisagem, sobre a experiência de receber influência dos aspectos perceptivos e emocionais, e do fator tempo, no local e no entorno. ECKBO(1969) sintetizou “nosso sentido de estética provém da natureza, da incidência desta sobre nossas reações, não no plano pictórico, mas no plano biológico”.
4. Paisagismo no Brasil
No Brasil, com a transferência da família real para o Rio de Janeiro, no séc. XIX, desencadeia um processo de formação de passeios públicos, praças e parques, concomitantes à formação de jardins botânicos com viveiros para pesquisa e reprodução de mudas de espécies de valor econômico e ornamental significativos. Anteriormente, temos, em 1783, a construção do Passeio Público do Rio de Janeiro, projetado por Mestre Valentim, com base no Jardim Botânico de Lisboa e considerado não só a primeira grande obra de urbanização da cidade, conforme mencionado por OTTONI(1972), como também o primeiro parque público do Rio de Janeiro.
Este mesmo passeio é remodelado por Glaziou, a pedido de D. Pedro II, e, com desenho mais curvilíneo, abandona seu traçado rigorosamente geométrico e retilíneo. Glaziou projeta ainda o parque da mansão imperial (a Quinta da Boa Vista), além da quase totalidade dos logradouros públicos e da arborização das avenidas do Rio.
Em São Paulo, a característica de “arraial sertanista” perdura até o início do séc. XIX, sendo suas praças públicas modestas e mal cuidadas, destacando-se somente a Praça do Colégio, a Sé e a Praça da Câmara. Quanto ao jardim residencial, pequenos quintais para o cultivo de espécies frutíferas e criação de aves e animais domésticos, no final do século XIX, são objetos de grande atenção, com o surgimento dos palacetes e a adoção de recuos e jardins laterais. 
É válido ressaltar a importância desses jardins privados, em função de seu porte e qualidade, alterando a percepção da paisagem de certos setores da cidade de São Paulo, no que se refere à organização do espaço livre de edificação, evidenciando ainda mais a ausência do tratamento do espaço público. 
O Paisagismo brasileiro define-se no séc. XIX, a partir de uma rede consolidada de cidades grandes e médias que, situadas principalmente no litoral e sob forte influência urbanística européia (francesa e inglesa) apresentem condições para a criação de obras significativas, tanto em espaços públicos- parques, praças e boulevards, como espaços privados- jardins de palacetes e chácaras.
No séc. XX, o Paisagismo no Brasil alcança uma identidade projetual própria, principalmente após os anos 40, com Burle Marx, que muito influi na definição dos paradigmas do Paisagismo moderno brasileiro, com sua formação de artista plástico, aliada ao profundo conhecimento da botânica e da flora tropical. Como ele, três pioneiros do Paisagismo moderno em São Paulo: Mina Warchavichick, com seus jardins de cactos e plantas tropicais; Waldemar Cordeiro, outro artista plástico, deixando bastante conhecidas suas aproximações entre arte e projeto. Outro nome bastante importante foi Roberto Coelho Cardozo, que trabalhou com Garret ECKBO e introduziu na FAUUSP, a disciplina de influência do referencial americano, criando uma “escola paulista de paisagismo” que formou arquitetos paisagistas que lideraram, a partir dos anos 60, um campo de investigação profissional, destacando-se Miranda Magnoli, Rosa Kliass e numa segunda geração: Silvio Macedo, Paulo Pellegrino, Benedito Abbud e outros
 Ainda na FAUUSP, foram realizados extensivos levantamentos e análise do Paisagismo brasileiro, e mais recentemente o Projeto Quapá- Quadro do Paisagismo no Brasil, coordenado por Silvio Macedo, divulgado em 1998, classificou-o em três grandes períodos: 
1 – Ecletismo - Definido pelo surgimento dos primeiros parques públicos, das praças ajardinadas, dos jardins das mansões dos barões do café (Rio e SP). Inicia-se com a construção do Passeio Público do Rio de Janeiro (1779) e perde sua hegemonia no final da primeira metade do séc. XX, com os grandes projetos públicos em SP, Rio e Brasília. Nesse período, as influências francesas e inglesas sobre os projetos, ocorrem na totalidade. Tem por principais caracteríticas: a visão romântica; evidencia o bucólico, com lagos, fontes, gramados, poda temporária, esculturas, coretos, pontes, aves e animais silvestres soltos, circulação sinuosa ou em eixos define a estrutura. Do logradouro: o passeio, o desfile, com a vegetação criando fundos e bordaduras.
 2 – Moderno - Tem como marco inicial as obras de Burle Marx, em Recife, e jardins do MEC, no Rio. Até hoje, a maioria dos projetos segue seus paradigmas que tem, entre outros, como padrão: o uso da vegetação nativa e o total rompimento com as escolas clássicas. Apresenta nítida influência americana e do Movimento moderno. Das principais características, destacam-se: a vegetação criando ambientes; novos usos e programas; lazer ativo, equipamentos esportivos; a utilização de grades; uso intenso da vegetação nativa e a incorporação e transformação dos antigos elementos formais: lagos, fontes, pontes e esculturas
3 – Contemporâneo - Reflete a inquietação dos anos 80 e 90 e não está consolidado. Recebe forte influência dos paisagistas japoneses, americanos e franceses, em especial na seleção de estruturas construídas e vegetação. Sofre influência americana pós- moderna. As características principais podem ser traduzidas pelas novas buscas formais, influência formal do pós-moderno, revisão do moderno, visão ecológica, colunas, pórticos e cores. Representa uma definição em andamento.
Quanto à cronologia, foi assim classificado:
( Século XVII a XVIII- Ecletismo
Hortos, largos, terreiros, quintais - Passeio Público/Rio
( Século XVIII a XX - Ecletismo
Jardim Botânico - Parques Públicos
Ajardinamento delargos e terreiros
Surgimento da praça - jardim
Surgimento dos jardins formais nas fazendas
O palacete e a casa isolada no lote
Arborização de rua - o boulevard
Mirante, o passeio - a avenida beira- mar
Surgimento dos bairros: Higienópolis, Campos Elíseos - SP
Parque do Derby - Recife
Praças em Belém do Pará e em Belo Horizonte
( 1900 a 1940 - Ecletismo
Parques Públicos/ Parques temáticos e comemorativos
Sistemas de espaço público
Feiras e exposições
Parques Urbanos
Estações de águas
Jardim Zoológico
Jardins de Estilo - moldura do estilo neocolonial ao neoclássico
Parque Farroupilha - Porto Alegre
Consolidação do Bairro Jardim ( Cia. City - SP)
Jardim América / Jardim Europa
Consolidação da casa isolada no lote
Jardins privados
Novas áreas centrais
Copacabana e Avenida Central no Rio
Parques de Bouvard e Avenida Paulista em SP
( 1940 a 1980 - Moderno
Play Grounds
Parques- estações de águas
Jardins contínuos nas calçadas (Jardins - Curitiba) 
Abandono gradual dos estilos
O edifício de apartamentos, isolado no lote
Espaços livres do lote como extensões do lote - superquadra
Calçadões em áreas centrais e nas praias
Jardins do Mec no Rio -Burle Marx, Roberto Coelho Cardoso, Waldemar Cordeiro
Aterro do Flamengo
Brasília
Remodelação - Praça da Sé, Praça Roosevelt
( 1980 em diante - Contemporâneo 
Shopping Centers
Parques Ecológicos, Parques Lineares
Cercamento de grades
Bairros- jardim contemporâneos, em condomínios
Condomínios verticais - Tijuca
Prédios de Apartamento: área equipamentos multiplos
Projeto ecológico Tietê
Parques Aquáticos
Projeto Anhangabaú
Projeto Rio - Cidade
Atualmente, existe um rico conjunto de idéias e tendências no Paisagismo nacional. Observam-se, ainda, influências da Escola americana de Eckbo, Halprin, Lawrence e Lyle, e dos novos paisagistas Walker, Schwartz, além das novas tendências européias do eixo Paris – Barcelona e dos japoneses Sassaka e Yoshimura. É possível identificar algumas abordagens projetuais: umas comprometidas com a inserção de variáveis ambientais, como os parques de Fernando Chacel no Rio de Janeiro; outras comprometidas com a ecologia, como o projeto de Henrique Zanetta e Raul Pereira, em Santo André; com o planejamento de novos usos: Praça do Relógio- USP, de Silvio Soares Macedo e Paulo Pellegrino e a Universidade Livre do Meio Ambiente, de Domingos Bongestabs; com a necessidade de preservação e de apropriação pela população: Parque Alfredo Volpi, de Rosa Kliass e a que resgata a dimensão do lúdico: a Orquestra Mágica e os Bichos da Mata, entre outros.
Praça do Relógio, USP – Silvio Macedo e Paulo Pellegrino.
4.1- O Desenvolvimento da Profissão no Brasil
As principais referências para o desenvolvimento da profissão de Arquiteto Paisagista no Brasil ligam-se ‘as figuras dos arquitetos paisagistas Roberto Burle Marx, Roberto Coelho Cardozo, além de Waldemar Cordeiro e Mina Warchavchik, considerados os pioneiros do Paisagismo Moderno, principalmente pelo emprego de plantas tropicais. 
No Rio de Janeiro, Roberto Burle Marx desde a década de 30 foi precursor da utilização da linguagem paisagística moderna associando ao conceito do jardim como obra de arte a dimensão ambiental e ecológica.
Em São Paulo, primeiramente os jardins de Mina Warchavchik, utilizavam a flora tropical de palmeiras e cactus, cuidadosamente ordenados para realçar a arquitetura de Gregori Warchavchik, partindo de um planejamento de massas de espécies definidas, dispostas segundo padrões com forte influência geométrica. Na década de 50, surgem as obras de Waldemar Cordeiro, artista concreto, baseadas em oposições entre retas e círculos e as resultantes deste encontro, valendo-se da figura-fundo, do traçado geométrico e de novos materiais.
Na área acadêmica, Roberto Coelho Cardozo, trazendo a influência de Eckbo e do paisagismo americano, inicia o ensino da Arquitetura Paisagística na FAUUSP e forma uma primeira geração de arquitetos paisagistas, com destaque para Miranda Magnoli e Rosa Kliass. 
Em 1976 foi fundada a ABAP- Associação Brasilleira de Arquitetos Paisagistas, membro da IFLA- Federação Internacional de Arquitetos Paisagistas, que congrega até hoje profissionais que exercem suas funções em escritórios especializados, órgãos públicos e instituições de ensino e pesquisa.
Atualmente a efetivação da profissão deve-se: às crescentes demandas devidas ao desenvolvimento urbano; à conscientização geral da problemática ambiental; aos trabalhos desenvolvidos, como os de Fernando Chacel e as pesquisas realizados na área, pelo GDPA, como o Projeto Quapá. Estas condições permitiram a constituição de um quadro nacional de profissionais com considerável experiência no trato das questões das diversas paisagens regionais brasileiras.
Desde 1994, a disciplina de Paisagismo tornou-se obrigatória em todos os cursos de Arquitetura no Brasil. Algumas faculdades oferecem disciplinas obrigatórias, optativas, cursos de extensão, aperfeiçoamento, extensão, especialização bem como mestrado e doutorado. Devido ‘a falta de cursos específicos de formação reconhecidos pelo MEC, além de esforços e discussões nos Congressos Brasileiros desde 1998, a profissão não é regularmente reconhecida no Brasil. 
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5- Noções de Ecologia, Geografia e Botânica
Concepção botânica do jardim
Para implantar um projeto de jardim, é imprescindível que o paisagista de jardins saia do campo místico da adivinhação em relação às combinações de plantas que utilizará nas áreas destinadas à vegetação, e conheça intimamente as plantas de seu repertório. É de suma importância o conhecimento das necessidades e exigências de cada espécie, no que se refere ao cultivo, localização e ambientação adequada, tratamento e cuidados específicos. Cada espécie apresenta características próprias quanto à luminosidade, temperatura, umidade e solo. Para tal empreitada, faz-se necessária a utilização de conhecimentos de Botânica, Ecologia, Fitogeografia e Agronomia.
A Botânica dará suporte à compreensão da fisiologia da planta, ou seja demonstrará como elas “funcionam”. Sendo a planta um ser vivo como nós, também possui um metabolismo que avisa quando está com fome, sede, falta de ar, frio, calor e tantas outras necessidades. Também nos fornecerá os conhecimentos necessários para identificarmos e classificarmos as plantas (taxonomia).
O estudo da Ecologia nos dará as informações necessárias para a compreensão dos mecanismos de adaptação da planta e sua relações de convívio com outras no novo ambiente – o jardim. Ex.: a utilização, nos centros urbanos, de espécies que atraem pássaros favorece o equilíbrio do ecossistema, pois estes fazem com que diminua a superpopulação de alguns insetos nessas áreas.
 
A Fitogeografia nos trará informações necessárias para a compreensão do habitat das plantas, fornecendo-nos os subsídios necessários para a correta utilização das espécies escolhidas. Também nos ajudará a partilhar, em nossos jardins, da nova concepção de paisagismo, que leva em consideração a preservação e a utilização controlada das espécies vegetais.
Em todo o mundo encontramos vários ambientes a caminho ou em estado de degradação, onde espécies vegetais e animais estão sendo extintos pela ação humana. O conhecimento das plantas em seu habitat natural pode possibilitar sua reprodução em viveiros e posteriormente sua utilização em jardins, evitando com isso sua extinção.
A Agronomia nos dará suporte necessário ao manejo do solo e das plantas e ao “controle” do jardim, seja para a manutenção da saúde nutricional das plantas ou para o controle de pragas.
As plantas são compostas por raízes, caule, folhas, flores, frutos e sementes. Estas partes nem sempre se apresentam na forma com que estamos habituados a visualiza-las, ou seja, encontramos raízes aéreas, folhas em forma de espinhos, etc. Isso sedeve ao resultado da evolução por que passaram as espécies e da adaptação em função da necessidade de subsistência em seu habitat.
Na jardinagem, utilizamos uma gama muito variada de plantas, que oscilam entre as mais primitivas e simples em sua estrutura, como é o caso das Selaginelas pertencentes às Bryophitas (Pteridophytas), até aquelas situadas no topo da evolução das espécies, como é o caso das orquídeas pertencentes às Gymnospermas.
Cada uma das partes da planta tem uma ou mais funções, bastante específicas: 
Raiz – Possui duas funções:
fixar a planta ao substratp;
captar água e sais minerais para a folhas.
Como o restante da planta, a raiz também respira, por isso a terra ao seu redor deve ser arejada para permitir a circulação do ar. Divide-se em coifa, zona lisa, zona pilosa, zona suberosa e raiz secundária. 
As raízes podem ser subdividias em:
subterrâneas ( axiais, fasciculadas e tuberosas;
aéreas ( adventícias, suportes, estrangulantes, respiratórias, tabulares, grampiformes;
aquáticas.
Das subterrâneas, nos interessam mais as axiais ou pivotantes, em que a raiz principal desce perpendicularmente ao solo em busca de uma fonte de suprimento de água, e as fasciculadas, que, ao contrário, dispõem-se em feixes superficiais ao solo. Isso porque esses dois tipos têm relação direta com o trabalho do paisagista de jardins.
As raízes pivotantes são típicas de plantas dicotiledôneas e coníferas, apresentam uma raiz principal e várias secundárias, que saem lateralmente. Algumas árvores apresentam as raízes superficiais mais desenvolvidas do que a pivotante, podendo algumas vezes até levantar pisos ou quebrar calçadas; são as árvores nativas de solos rasos, como o solo amazônico.
As fasciculadas possuem dezenas de raízes com diâmetros semelhantes, que partem da base da planta. São típicas de palmeiras, gramíneas e outras monocotiledôneas. As espécies com esse tipo de raiz são indicadas para “segurar” terrenos inclinados, ou em processo de erosão, como alguns paus de bambu, com enraizamento bastante agressivo.
As plantas superiores pertencem à Divisão das Angiospermae que se separam em duas classes com características bem distintas as monocotiledôneas (como o arroz, o capim) e as dicotiledôneas (como o feijão e o Pau-ferra). Isto diferencia o número de folhas cotiledonares na plântula.
Caule - tem várias funções: 
Dar sustentação e a disposição necessária para a copa e as folhas poderem captar a luz, dar resistência aos ventos, servir de estrutura de armazenamento de reservas. Na maioria das vezes é aéreo, podendo porém ser subterrâneo, como no caso dos bulbos. Por ele passam os sistemas de abastecimento entre as folhas e as raízes.
As seivas circulam entre as folhas e as raízes nos dois sentidos. Da raiz em direção às folhas, sobre a “seiva bruta”, composta de água e sais minerais. A circulação é feita através dos chamados “vasos lenhosos” ou lenho. No sentido contrário, isto é, das folhas para a raiz, desce a “seiva elaborada”, composta principalmente de água, açúcares produzidos na fotossíntese, amidos e demais compostos sintetizados nas folhas. O transporte, nesse caso, é feito pelos “vasos liberianos” ou líber. Estes vasos distribuem por toda a planta os alimentos produzidos nas folhas.
Os nutrientes de que as plantas precisam para suas atividades vitais são 17 elementos químicos que se subdividem em macro e micronutrientes.
Elementos estruturais:
C (carbono)
O (oxigênio)
H (hidrogênio)
Macronutrientes – necessários em maior quantidade:
N (nitrogênio) – componente básico das proteínas
P (fósforo) – transmissor de energia essencial no DNA e RNA
K (potássio) – controla a água nos tecidos e a respiração
Ca (cálcio) – controla o fluxo de água na célula
Mg (magnésio) – componente essencial na clorofila e enzimas
S (enxofre) – componente de proteínas
Micronutrientes – necessários em quantidades mínimas:
B (boro) – conduz os carboidratos até as raízes
Cu (cobre) – age no processo de respiração
Fé (ferro) essencial na fotossíntese
Mn (manganês) – síntese de proteínas
Zn (zinco) – síntese do amido
Si (silício) – componente básico da celulose
Cl (cloro) – participa da fotossíntese
Mo (molibdênio) – controla a absorção de nitrogênio
No caso das plantas pertencentes à classe das dicotiledôneas, cujos caules apresentam crescimento secundário em espessura, podemos dizer que os vasos – lenhosos e liberianos – constituem a parte ativa do caule, por onde circulam as seivas, garantindo o suprimento de água a grandes alturas, e o restante do caule ficando com funções estruturais. O lenho e o líber ficam dispostos em um círculo, pois ambos se renovam a cada ano, formando anéis concêntricos. É isso, aliás, que permite estimar a idade de uma planta pelo caule. Se a região onde a planta vive se caracteriza por verões e invernos bem definidos, bata contar o número de anéis pelo caule.
A cada renovação dos vasos, porém, a planta desativa os antigos, que deixam de ter função de transportar as seivas. Bloqueados muitas vezes por uma substância que tem o nome de lignina, os vasos endurecem, aumentando a resistência do caule.
No caso das plantas pertencentes à classe das monocotiledôneas, os caules geralmente não apresentam crescimento secundário, e os vasos líbero-lenhosos apresentam-se em feixes dispersos no caule.
Os caules podem ser identificados como: troncos nas árvores, estipe nas palmeiras, haste nas herbáceas, calmo nas gramíneas, estolho nas plantas reptantes, suculentos nas cactáceas, subterrâneos nos bulbos e rizomas, pseudobulbos nas orquidáceas, etc.
Folhas – São a principal estrutura de produção de alimentos para a manutenção da planta, pois apresentam a maior quantidade de cloroplastos, responsáveis pela fotossíntese que produz glicose. São responsáveis ainda pela evapotranspiração, que é o controle da perda de água que circula na planta. 
Flores – São o órgão reprodutor da planta. A reprodução em termos evolucionistas é a razão das espécies, e merecem muita atenção também por um outro aspecto: as flores têm importância fundamental na classificação da planta, e é através delas que se define o grau de “parentesco” entre as espécies. 
É na flor que percebemos o estágio evolutivo que determinada espécie atingiu. Por exemplo, o pinheiro, que produz uma grande quantidade de “pólen” para ser levado pelo vento até as pinhas femininas, é bem mais primitivo que uma orquídea, que produz pouco pólen, que será levado por uma vespa até uma outra orquídea e dezenas de metros de distância, garantindo ainda a polinização cruzada, muito importante e desejável para a evolução das espécies.
São o meio de propagação sexuada das espécies vegetais. A disseminação das sementes pode ocorrer através:
do vento, desde sementes aladas até esporos;
do ciclo de amadurecimento do fruto que, ao cair deixa que a semente se desenvolva naturalmente no solo;
de animais que, ao se alimentarem dos frutos, transportam involuntariamente as sementes;
da aderência aos passantes, como é o caso, por exemplo, do picão.
Como todo embrião, a semente é formada pelo encontro de duas cargas genéticas: a masculina e a feminina. Isso acontece por meio da polinização. A carga masculina, or grão de pólen, que se encontra nas antenas da flor, é transportado ao órgão sexual feminino (pistilo), de onde partirá a fecundação.
Para produzir descendentes mais sadios, é importante que a carga genética masculina da semente seja diferente da feminina, isto é, o pólen de uma planta deve fecundar o óvulo de outra planta (“polinização cruzada”), para que se garanta à semente, e por conseqüência à planta-filha, um maior vigor genético. Esta variação gênica poderá favorecer sua adaptação a novos ambientes.
Nomenclatura e taxonomia das plantas utilizadas na concepção do jardim
É fundamental para o paisagista de jardim conhecer e identificar precisamente as plantas que especificaem seu projeto para que, quando de sua execução, a espécie plantada seja exatamente a mesma que a especificada. Para tanto, utiliza-se a identificação através do nome científico, de linguagem universal, derivado da taxonomia.
O fato de as plantas serem a base de nossa alimentação, farmacopéia, vestuário, moradia, etc. já obrigou o homem primitivo a nomeá-la. Para facilitar a comunicação, os gregos utilizaram o primeiro sistema binário de nomenclatura de plantas, que dava e elas nome e sobrenome. O ponto de partida do sistema hoje utilizado por nós deve-se ao naturalista sueco Carl Linnaeus (1707-1778), que publicou, em 1753, dois volumes da obra Species Plantarum. Esse trabalho enciclopédico reunia 5.900 espécies de 1.908 gêneros descritos em latim, agrupados conforme o número de suas partes florais.
A taxonomia classifica a planta segundo o Código Internacional de Nomenclatura Botânica, no qual estão expressas as regras a serem seguidas na escolha e seleção do nome que será utilizado para designar uma determinada planta, ou seja:
os nomes normalmente são em latim;
a nomenclatura de um grupo taxonômico é baseada na prioridade de publicação da primeira espécie descrita;
o gênero é definido por uma palavra e a espécie por uma outra palavra;
a terminação var (do latim varietas, que indica variedade) é utilizada para plantas de mesma espécie, com pequenas diferenças fisionômicas; 
a terminação cv (cultivar) é utilizada para plantas de mesma espécie, com pequenas diferenças fisionômicas induzidas artificialmente;
algumas plantas são híbridas, e recebem um “X” entre o nome referente ao gênero e o referente à espécie.
Segundo os princípios da taxonomia, todas as plantas pertencem a uma dada Espécie; estas estão reunidas em Gêneros; estes, agrupados em Famílias; estas, em Ordens, que estão dispostas em Classes, que pertencem a uma Divisão (Joly, 1977, página 4).
Resumidamente:
	Divisões ou Filos > Classes > Ordens > Famílias > Gêneros > Espécie
As plantas estão divididas conforme seu grau de parentesco.
Reino Fungi
Fungi- São organismos saprófitas ou parasitas desprovidos de clorofila e com reprodução assexuada por esporos. O corpo pode ter organização celular, como nas leveduras ou fermentos, ou por filamentos ramificados (hifas), que constituem os cogumelos. Na jardinagem, interessam-nos:
os fermentos, com especial importância para as micorrisas, que fazem simbiose com as árvores fixando nitrogênio do ar em suas raízes.
os basidiomicetes, que digerem a celulose e a lignina das madeiras, importantes na produção do húmus e reciclagem dos nutrientes no ambiente.
os fungos parasitas, que têm ação destruidora sobre as plantas.
Lichenes- Estas plantas são constituídas por uma associação simbiótica permanente entre uma alga (clorofícia ou cianofícia) e um fundo. Sua reprodução é vegetativa por sorédios (hifas + células da alga). Os indivíduos desta divisão são encontrados sobre os troncos das árvores, sobre o solo e sobre as rochas. Têm grande importância na desagregação das rochas devido à sua produção de ácido liquênico.
	Clorophyta
	1 classe
	9 ordens
	Phaeophyta
	3 classes
	
	Rhodophyta
	
	
Para a jardinagem, são importantes as algas filamentosas, que infestam os espelhos d’água, ricos em nutrientes.
Bryophyta- São plantas herbáceas pequenas, sem os vasos condutores de seiva. A reprodução ocorre por esporos com alternância de gerações e necessitam estar em meio úmido.
	Bryophyta
	3 classe
	5 ordens
Nesta divisão, encontramos os musgos usados para forração de lugares úmidos, como as Selaginellas (Pteridophyta) e Sphagnum.
Pteridophyta- Evoluíram das Bryophytas e apresentam vasos condutores rudimentares. Sua reprodução também se dá como a das briófitas, ou seja, por alternância de geração, sendo o esporófito a geração mais desenvolvida, e o gametófito, uma lâmina verde que encontramos em solos úmidos.
	Pteridophyta
	1 classe
	4 subclasses
	6 ordens
Desta divisão são muito utilizadas as plantas da ordem Filicales, família Polipodiáceas, que abrange as samambaias e avencas (mais de 5.000 espécies), e as das famílias Dicksoneaceas e Cyatheacea, que abrangem os xaxins.
Gymnospermae- São plantas lenhosas com os vasos condutores desenvolvidos. Apresentam flores com sexos separados. Sua reprodução já se faz por sementes nuas, ou seja, que não estão encerradas em ovários. 
	Gymnospermae
	4 classes
	14 ordens
Desta divisão são muito utilizadas as cicas e a maioria das coníferas conhecidas.
Angyospermae- São plantas que produzem flores. Suas sementes estão protegidas pelo fruto. É a divisão mais evoluída na escala das plantas. 
	Angyospermae
	2 classes
	62 ordens
Nesta divisão encontramos a maioria das plantas ornamentais. São divididas em 2 classes: Dicotyledonea e Monocotyledonea.
Classe Dicotyledonea
apresentam duas folhas cotiledonares que podem servir como órgão de reserva da semente;
apresentam crescimento secundário em espessura, tanto no caule como na raiz;
o crescimento em espessura é resultado da atividade do câmbio (meristema localizado entre a casca e o cerne da madeira). Os vasos condutores encontram-se localizados junto ao câmbio;
as folhas apresentam nervação reticulada;
as raízes são do tipo axial ou pivotante.
Classe Monocotyledonea
apresentam uma folha cotiledonar;
não apresentam crescimento secundário no caule e na raiz;
os vasos condutores estão distribuídos em feixes líbero-lenhosos dispersos no estipe;
as folhas apresentam nervuras paralelas e estão dispostas em espiral ao redor de um galho;
as raízes são do tipo fascicular.
Grupos de plantas utilizadas no paisagismo de jardins
É necessário ter conhecimento do grupo formal em que essas plantas se encontram, para facilitar o raciocínio de projeto, pois este inicia-se com o arranjo de volumes e massas de vegetação, e não de indivíduos. Existe uma certa hierarquia na organização da especificação, ao mesmo tempo em que podemos visualizar, desde o início, a composição geral do jardim.
Podemos dividir as plantas, quanto ao manejo, em: árvores, palmeiras, arbustos, herbáceas, epífitas, aquáticas, filícias e cactáceas. São as seguintes as características de cada grupo:
Tipologia quanto à forma
	Grupo de plantas
	Tipologia quanto à forma
	Altura
	Palmeiras
	delgadas, esguias, compridas
	pequena / média / grande
	Árvores
	globosas, cônicas, elíptica, colunares
	pequena / média / grande
	Arbustos
	globosas, cônicas, elípticas, colunares
	pequena / média
	Cactáceas
	globosas, colunares, plamadas
	pequena / média / grande
	Trepadeiras
	escandentes, planos verticais, volúveis
	
	Forrações
	Coberturas horizontais
	
Como forrações temos o grupo das herbáceas, algumas cactáceas, aquáticas e algumas filícias.
Árvores: O grupo divide-se em árvores de pequeno, médio e grande porte, variando de 3 m até mais de 100 m de altura em alguns casos. Caracterizam-se por possuir caule e adensamento de folhas na copa. A maioria das árvores pertence à divisão das Angiospermae, classe Dicotyledoneae.
As coníferas pertencem à divisão das Gymnospermae, e em sua maioria também se enquadram no porte arbóreo. Ao plantarmos uma árvore, devemos sempre nos preocupar com o seu futuro. Ou seja, nos perguntar, entre outras questões: quando crescer criará algum problema para a rede elétrica? As suas dimensões, com respeito ao volume e área da copa, são compatíveis com o local? E com o distanciamento de plantio proposto? Irá sombrear alguma área onde desejamos sol? Levantará pisos, guias ou calçadas? Poderá criar eventuais obstruções às redes de água e esgotos?
Palmeiras: Também divididas em pequeno, médio e grande porte, variam de 0.50 m a 50 m. Distinguem-se das árvores por não possuírem brotação lateral no caule (com raras exceções) e pela disposição dos vasos líbero-lenhosos, que seespalham por todo o tronco (nas árvores formam anéis periféricos). Ainda em relação ao caule, as palmeiras são divididas em dois grupos: as monocaules, que, como o nome diz, têm só um caule (palmitos, coqueiros, etc.); e as multicaules (areca-bambu, açaí, etc.). Pertencem às Angiospermae, classe Monocotiledoneae, família Palmae.
Arbustos: São plantas que não atingem grande porte; em geral são espécies lenhosas e possuem formação densa junto à superfície do solo. Neste grupo encontram-se algumas trepadeiras, como alamanda, e folhagens como o guaimbé e a sanchesia. 
Herbáceas: Com algumas exceções, possuem caule com consistência de erva e pouco desenvolvido, portanto têm hábito rasteiro. Neste grupo, incluem-se as forrações (ajuga, clorofito, etc.), as folhagens (marantas, etc), as gramíneas (grama preta, grama São Carlos, etc) e algumas trepadeiras, por exemplo (ipomea) as madressilvas e a hera (estas espécies seriam classificadas como semilenhosas. Além dessas, encontramos as semi-herbáceas, como a yuca-mansa, ou filamentosa. Existem também alguns arbustos herbáceos, como é o caso da maior parte das helicônias. A maioria destas plantas pertencem às angiospermas.
Epífitas: São plantas que se desenvolvem sobre as árvores, para receber mais luz. Esse hábito muitas vezes faz com que pareçam parasitas. O cultivo das epífitas deve conter substratos ricos em matéria orgânica, fibras e uma excelente drenagem. Entre as mais conhecidas, destacam-se as bromélias, as orquídeas, algumas cactáceas (como ripsalis), entre outras. A maioria destas plantas pertencem às Angiospermae.
Aquáticas: Ainda pouco usuais nos nossos jardins, por causa das dificuldades em controlar o desenvolvimento das algas verdes, as plantas aquáticas subdividem-se em três grupos: as que ficam submersas, as que ficam na superfície e as que vivem em terras encharcadas. Muitas podem ser cultivadas em vasos. Entre as mais comuns estão: aguapés, ninfeas, lótus, taboas e papiros. A maioria destas planta sutilizadas em jardinagem pertencem às Angiospermae.
Filícias: São samambaias, avencas, chifres-de-veado, cavalinhas, entre outras plantas que se caracterizam por te duas fases de vida: assexuada e sexuada (na qual necessitam de muita umidade para se reproduzir). A maioria dessas plantas pertence às Pteridophytae.
Suporte do Jardim- o SOLO
Há milhões de anos, a superfície da Terra era composta por rochas, e não havia condições para o desenvolvimento das plantas. Aos poucos, o intemperismo (ação de agentes atmosféricos e biológicos) foi triturando e decompondo as camadas superiores das rochas e transformando-as em terra. Os seres decompositores (bactéria, fungos, insetos, vermes, etc.) trataram de incorporar ao solo material orgânico, gerando as condições necessárias à fixação das plantas.
Essa camada superior de terra tem o nome de “solo fértil”. Abaixo em estágio intermediário de composição, encontra-se o subsolo. Mais baixo ainda, temos a rocha-mãe. Essas três camadas formam o “perfil do terreno”. O solo fértil, camada biológica ativa, praticamente inexistente no solo das grandes cidades, caracteriza-se pela cor escura e por sua porosidade. A cor é devida à presença de matéria orgânica, gerada pela decomposição dos restos vegetais e animais (húmus). A porosidade é essencial, sem ela não haveriam trocas gasosas, como o oxigênio que as raízes precisam captar do ambiente.
Conforme a capacidade que o solo tem de permitir a passagem de ar (aeração) e a retenção da água, o solo é classificado em dois grupos: Os argilosos e os arenosos, característica que interferirá na sua fertilidade. A terra argilosa, encontrada principalmente nos banhados, retém grande quantidade de água e não deixa muito espaço para o oxigênio. A camada aerada é, portanto, bastante estreita. 
Em solos assim também chamados “solos pesados”, desenvolveram-se plantas com um tipo de raiz superficial, para captar o oxigênio próximo à superfície. O solo arenoso, ao contrário tem uma grande camada aerada. Tão grande que, devido à extrema porosidade, quase não consegue reter a água, nem os sais minerais que ela carrega para baixo. A esses solos, pobres em nutrientes, dá-se o nome de “solos leves”. As plantas que nele se adaptaram têm raízes profundas para buscar a água e os sais minerais em camadas inferiores.
Entre esses dois extremos, existem inúmeras variações na composição do solo. Uns mais pesados, com maior concentração de argila e siltes, outros mais leves, tendendo a arenosos. Podemos classificar o solo segundo estas constituições de terra:
Argilosa (50% areia, 50% argila)
Barrenta (65% areia, 35% argila)
Barro - arenosa (80% areia, 20% argila)
Arena - argilosa (90% areia, 10% argila)
Arenosa (95% areia, 5% argila)
É importante saber como identifica-los, para trabalhar a terra conforme as plantas que se deseja cultivar. Para melhorar a fertilidade da terra, muitas vezes é necessário compensar as deficiências do solo, drenar os solos encharcados (por exemplo, argilosos), ou acrescentar argila aos excessivamente arenosos. Tudo depende da característica da planta que queremos no jardim.
Também é de suma importância a identificação da consistência do solo, que nesse aspecto é classificado como:
Compacto (quase nenhuma porosidade e impermeável)
Raso (média porosidade e pouca permeabilidade)
Médio (boa porosidade e permeabilidade)
Profundo (poroso e permeável)
O PH, potencial de hidrogênio, é um índice que mede a acidez ou alcalinidade do solo. Varia de 1.0 a 4.0, sendo que o número 7.0 representa PH neutro. Abaixo disso, quanto menor o índice, mais ácido é o solo. Assim, PH 6.5 indica ligeira acidez, PH entre 5 e 6 é sinal de acidez e PH menor que 5.0 significa que o solo é muito ácido. Acima de 7.0, quanto maior o PH maior a alcalinidade. Quase não existem solos alcalinos. Os brasileiros, em geral, são ácidos, devido à grande quantidade de alumínio e aos baixos teores de cálcio e magnésio. Na maior parte dos solos, o PH varia de 3.0 a 9.0, sendo considerado ideal entre 6.0 e 6.5, para a maioria das espécies utilizadas em jardinagem.
A acidez elevada do solo (PH menor ou igual a 5.0) diminui a assimilação dos nutrientes pelas raízes e torna insolúveis: o fósforo, o boro, o cobre, o zinco, além de tornar tóxico o alumínio. Para corrigir a acidez, deve-se acrescentar calcário dolomítico, cálcio e magnésio. Mas é preciso tomar cuidado: o excesso de calcário pode deixar o solo alcalino (PH maior que 7.0), o que também provoca bloqueio da assimilação de nutrientes. A forma de corrigir as deficiências de sais minerais do solo é através da adubação, que pode ser química, orgânica ou uma combinação das duas. 
Adubação química é o fornecimento dos nutrientes necessários à planta na forma de sais, como o NPK, a famosa formulação química que contém nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). O NPK permite concentrações diferenciadas desses três elementos químicos, que são expressas em porcentagem. A formulação contém três percentuais, cada qual referindo-se a um dos componentes. Exemplo: o NPK 15:8:20 é composto por 15% de nitrogênio, 8% de fósforo e 20% de potássio. Fórmulas assim, com diferenças na quantidade de cada elemento, são muito utilizadas na agricultura, por uma questão de economia. Antes da aplicação do NPK, o solo deve ser rigorosamente analisado, para se saber exatamente quais as suas deficiências.
Na jardinagem, o mais comum é a aplicação de uma fórmula equilibrada (10:10:10), ou com ênfase em algum dos elementos, conforme o resultado que se deseja. O NPK 10:30:15, por exemplo, contém mais fósforo, para melhorar o enraizamento e o florescimento de nitrogênio, para estimular o crescimento de folhagens. A tabela abaixo traz os sintomas das plantas conforme o elemento químico em falta. Além de nitrogênio, fósforo e potássio, estão incluídos cálcio e magnésio, componentes do calcário dolomítico usado para corrigir a acidez do solo.
	Sintoma
	Elemento químico em faltaFolhas desbotadas
	nitrogênio ou magnésio
	A planta não floresce, não frutifica, não enraíza
	fósforo
	A planta seca facilmente, mesmo em curtos períodos de estiagem
	potássio
	A planta deixa de filtrar os nutrientes do solo e pára de crescer
	cálcio
Adubação orgânica é aquela em que se empregam restos vegetais que, decompostos por microorganismos, formam o húmus, substância responsável pela fertilidade do solo. É na presença do húmus que se formam as pequenas ‘esponjas” ou “grumos’, que fazem o solo reter a água e os nutrientes solúveis. Os grumos são compostos de partículas de solo mineral unidas por uma cola bacteriana, produzida a partir do ácido húmico.
Nos jardins e vasos usa-se o composto orgânico previamente preparado na composteira, ou o húmus de minhoca. Ambos oferecem um material visivelmente homogêneo e livre de odores, embora seja recomendado deixar que uma pequena camada de matéria orgânica se decomponha no local, para um melhor aproveitamento dos ácidos produzidos durante o processo.
Clima e Luminosidade
Algumas dicas importantes que podem evitar dissabores, perda de tempo e de dinheiro. Na distribuição das plantas pelo mundo, observa-se uma nítida diversificação de acordo com as zonas climáticas. É o clima, o solo e até a topografia de cada região que, em última instância determinam o tipo de vegetação nativa.
É importante não esquecer da existência de uma variedade enorme de plantas para cada tipo de clima. Assim, se por um lado é perda de tempo tentar cultivar tulipas na Bahia, por outro, existem milhares de flores que podem substituir perfeitamente a tulipa, e que se adaptam maravilhosamente bem ao clima baiano. A tecnologia atual permite cultivar tulipas até no deserto do Saara, com a construção de estufas e cuidados especiais, onde as condições de temperaturas e luminosidade pudessem se adequar às exigências deste cultivo. Só que isso, além de se absurdamente caro, não é nem um pouco prático. Na hora de fazer o seu jardim, é muito melhor escolher logo as plantas adequadas ao clima da sua região, que ficar tentando adaptações que, na maioria das vezes, resultarão em fracasso.
Do ponto de vista da jardinagem, os parâmetros climáticos mais importantes são:
1 – temperatura
2 – regime de chuvas
3 – umidade relativa do ar
4 – insolação
No Brasil, face às proporções quase continentais do país, temos pelo menos 6 diferentes tipos de clima: equatorial, tropical, tropical atlântico, tropical de altitude, semi-árido e subtropical. O Brasil é um país tão grande, que temos aqui, nada menos que seis tipos distintos de clima:
EQUATORIAL – é o clima da região amazônica. Caracteriza-se por temperaturas entre 24 e 26 graus centígrados, chuvas abundantes e bem distribuídas durante todo o ano, e alta umidade do ar. A vegetação tem a exuberância típica das florestas úmidas.
TROPICAL – predomina nas regiões Nordeste, Sudeste e extensas áreas do Planalto Central. Caracteriza-se pela existência de apenas duas estações no ano, ambas quentes e distintas: invernos secos, com baixa umidade relativa do ar, e verões chuvosos. A vegetação típica é o cerrado, com gramíneas e arbustos retorcidos, de casca grossa.
TROPICAL ATLÂNTICO – domina todo o litoral do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Distingue-se por temperaturas médias entre 18º e 26º C. com chuvas abundantes, que variam de época conforme a latitude. No litoral do Nordeste, são mais freqüentes de abril a agosto, e mais ao sul, no verão. A vegetação natural é a mata atlântica, de tipo tropical, já intensamente devastada.
TROPICAL DE ALTITUDE – predomina do norte do Paraná ao Sul do Mato Grosso do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias entre 18 e 22 graus centígrados, podendo cair abaixo dos 10 e subir acima dos 30. É no verão que caem as chuvas mais intensas, e no inverno podem ocorrer geadas. A vegetação original, já muito devastada, era mata tropical. Uma mata densa, fechada, porém com características diferentes da floresta amazônica, inclusive com a ocorrência de araucárias.
SEMI-ÁRIDO – predomina nas áreas baixas do sertão nordestino, vale do rio São Francisco e norte de Minas Gerais. Evidencia-se por temperaturas em torno de 27º C. com poucas e irregulares chuvas. A vegetação típica é a caatinga, com bosques de arbustos espinhos e cactáceas.
SUBTROPICAL – prevalece de São Paulo para baixo, com exceção do norte do Paraná e faixa litorânea. Caracteriza-se por temperaturas que variam de 5 a 35 graus, às vezes num mesmo dia, com médias anuais inferiores a 20º C. Nas áreas mais elevadas, o verão é suave e o inverno rigoroso, com nevascas ocasionais. As chuvas são abundantes e bem distribuídas. A vegetação muda bastante conforme a atitude. Nas regiões mais altas, encontrava-se originalmente a chamada mata de araucária, ou pinhais, com poucas variedades e predominância de espécies com folhas em forma de agulha. Na planícies, o que prevalece é a vegetação baixa, sobretudo a gramíneas. 
Portanto, repetindo: na hora de fazer o seu jardim, é melhor escolher logo as plantas adequadas ao clima da sua região do que ficar tentando adaptações. 
Mapeamento das Sombras
O mesmo raciocínio é válido para as exigências das plantas em relação à luminosidade. Algumas vezes, as de sombra até se adaptam ao sol pleno, e vice-versa. Mas sempre cobram um preço, em termos de viço, vigor e velocidade de desenvolvimento.
Inverno: 9 horas de luz. O sol nasce mais a Nordeste. Quando alto, projeta sombra na face sudoeste.
Primavera e Outono: 12 horas de luz. O sol nasce exatamente no Leste. Quando alto, projeta sombra na face sudeste.
Verão: 15 horas de luz: O sol nasce mais a sudoeste. Quanto alto, projeta alguma sombra na face sul.
Quanto à necessidade de luz, podem ser classificadas da seguinte maneira:
Plantas de pleno sol
Plantas de meia-sombra
Plantas de sombra
Plantas de obscuridade
Normalmente, usa-se o seguinte critério para definir cada um destes itens:
Sol pleno: No mínimo 4 horas de sol direto todos os dias.
Meia-sombra: Luminosidade intensa, mas evite sol direto entre 10 e 17 horas.
Sombra: Não suporta sol direto. Luz indireta, pelo menos, 2 horas ao dia.
Para descobrir, então, onde cada uma pode ser plantada, precisamos anotar no nosso projeto a posição da sombra provocada pela casa e outras construções, e isso de manhã, ao meio-dia e à tarde. O mesmo procedimento é efetuado para os eventuais muros, árvores nativas, etc. Só assim teremos condições de fazer uma escolha de plantas realmente acertada.
Fitogeografia – Domínios vegetais e Clima
A Fitogeografia é um ramo da geografia que estuda a distribuição dos domínios vegetais. O relevo relacionado à altitude e o clima, associados à Fitogeografia, definem os domínios vegetais. É importante relacionarmos as plantas ao clima do ambiente de origem em que se encontram naturalmente.
Os fatores climáticos mais importantes são as temperaturas médias entre verão e inverno e os índices pluviométricos, ou a quantidade de chuva. No Brasil, os tipos de clima caracterizam basicamente dois grupos de plantas: as de clima temperado, que suportam períodos de frio com temperaturas próximas de zero e geadas, e as de clima tropical, que não sobrevivem às geadas. As tropicais, em compensação, suportam mais umidade e resistem mais aos fungos, que se desenvolvem melhor em meio úmido.
Outro fator climático relevante são os ventos que alteram o clima de pequenas áreas, ou seja, formam microclimas mais secos. Isso dificulta a proliferação de fundos, mas, por outro lado, limita o crescimento de uma série de espécies.
Os domínios vegetais, como o nome sugere, são área onde predomina uma determinada fisionomia. Essas paisagens têm um caráter próprio, resultado da evolução por que passaram as inúmeras espécies animais e vegetais que a compõem, em resposta às carências e disponibilidades oferecidas pelo meio físico.
As limitações mais

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