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OS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL, À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.

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OS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL, À 
LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. 
 
(Filipe de Filippo: Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2012> Rio 
Grande, 19. Jul de 2016). 
 
 
1 - INTRODUÇÃO 
A Seguridade Social, segundo o texto constitucional, é um conjunto integrado de ações 
de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social (art. 194 da CF). 
 
A Constituição de 1988, pioneira na sistematização da matéria, incluiu a Seguridade 
Social no título VIII, Da Ordem Social, entre os artigos 194 a 204. Os dispositivos 
legais, ali inseridos, estruturaram toda a Seguridade Social, estabelecendo os objetivos, 
princípios,bem como a forma de financiamento. 
 
Além dos princípios escritos na Constituição Federal, faremos uma abordagem do 
princípio da solidariedade social, que na visão de Wladimir Novaes Martinez “a 
solidariedade significa a contribuição de certos segurados, com capacidade contributiva, 
em benefício dos despossuídos”. 
Discutir a Seguridade Social é de suma importância, especialmente num país com 
índices elevados de pobreza em algumas regiões, crescente aumento da população de 
idosos (atualmente equivalente a 7% da população do Brasil é composta de idosos), 
além do vergonhoso índice de acidentes de trabalho e de mortes em acidentes de 
veículos, que oneram expressivamente as despesas com saúde pública e previdência 
social. 
 
O nosso objetivo, além de apresentar e conceituar os objetivos e princípios 
constitucionais da Seguridade Social, é demonstrar através de quais benefícios sociais 
criados pela legislação infraconstitucional, os objetivos estão sendo alcançados, ou, pelo 
menos, perseguidos. 
 
2 - HISTÓRICO DA SEGURIDADE SOCIAL 
Desde os primórdios da civilização chinesa já existiam embriões de proteção social aos 
idosos e menos favorecidos. Na Roma antiga, o amo ao adquirir um servo, obrigava-se a 
proteger os seus dependentes, especialmente filhos menores. 
 
Mas, sem dúvida, podemos afirmar que a Lei dos Pobres (Poor Relief Act), de 1601 na 
Inglaterra foi o primeiro grande avanço no desenvolvimento do conceito de assistência 
social. 
 
Mais recentemente, as Constituições do México (1917) e da Alemanha (1919), foram 
responsáveis pelo início do processo de constitucionalização da matéria. 
 
No Brasil, a Constituição de 1824 já se preocupava com os socorros públicos. A 
primeira entidade de socorro privado a funcionar no Brasil foi o MONGERAL – 
MONTEPIO GERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO, fundado em 1835. 
 
Na Constituição de 1891 foi inserida pela primeira vez a expressão “aposentadoria”, 
que, entretanto, era limitada aos servidores públicos. 
A Lei Eloy Chaves foi, de fato, o dispositivo legal embrionário para o desenvolvimento 
da Previdência Social no Brasil. Ela criou a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os 
empregados nas empresas de estrada de ferro. 
 
Posteriormente, as Caixas de Aposentadoria passaram a se organizar em categorias 
profissionais, dando surgimento aos Institutos de Aposentadoria e Pensões, destacando 
o IAPI, IAPTEC e outros. 
 
A Constituição de 1946 deu início à sistematização constitucional da previdência social, 
sendo que a Constituição de 1988 evoluiu a sistematização para o conceito moderno de 
Seguridade Social, constituindo uma rede de proteção social composta pela Saúde 
Pública, Assistência Social e Previdência Social. 
 
A Constituição Federal, no que tange à Seguridade Social foi regulamentada pelas Leis 
8212 (Plano de Custeio da Seguridade Social), Lei 8213 (Plano de Benefícios da 
Previdência Social), lei 8080 (Lei da Saúde) e pela Lei 8742/93 (Lei Orgânica da 
Seguridade Social. 
 
3 – CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL 
A Constituição da República conceitua a a seguridade social como “um conjunto 
integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a 
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (art. 194) 
Sérgio Pinto Martins, por sua vez assim conceitua Seguridade Social: 
“O Direito da Seguridade Social é um conjunto de princípios, de regras e de instituições 
destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra 
contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas 
famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando 
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. 
Professor Marcelo Leonardo Tavares aduz o caráter social do direito da seguridade 
social, destinado “a garantir, precipuamente, o mínimo de condição social necessária a 
uma vida digna, atendendo ao fundamento da República contido no art. 1º, III, da 
CRFB/88”. 
 
Já Miguel Horvath Júnior adverte que “qualquer que seja a posição que se adota em 
relação ao conceito da Seguridade Social deve-se sempre entendê-lo como fenômeno 
social fundamental, como fundamental é a própria evolução das sociedades”. 
 
Por sua vez, Wladimir Novaes Martinez sustenta que a “seguridade social é técnica de 
proteção social, custeada solidariamente por toda a sociedade segundo o potencial de 
cada um, propiciando universalmente a todos o bem-estar das ações de saúde e dos 
serviços assistenciários em nível mutável, conforme a realidade sócio-econômica, e os 
das prestações previdenciárias”. (PRINCÍPIOS DE DIREITO PREVIDENCIÁRIO, ED. 
LTR, 4ª EDIÇÃO, PAG. 390, 2001) 
 
Fez bem o legislador ao conceituar a seguridade social, porque a partir daquele 
dispositivo legal foram estabelecidos quais os objetivos que deveriam ser alcançados. 
 
 
 
4 – ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL 
A leitura do artigo 194, nos permite identificar que a Seguridade Social é composta de 
três grandes sistemas de proteção social, cada um bem caracterizado e especificado: 
Saúde, Assistência Social e Previdência Social. 
Quanto à forma de financiamento, podemos dividi-los em sistemas contributivos e não 
contributivos. Sistema contributivo é aquele que o segurado contribui diretamente, na 
expectativa de auferir um benefício no futuro. Sistema não contributivo, por sua vez, é o 
sistema para o qual não se exige do beneficiário uma contribuição direta. Seus recursos 
são provenientes da arrecadação direta de tributos pelos entes estatais, que 
posteriormente contemplarão o orçamento anual com os recursos destinados para cada 
setor. 
 
Diante das explicações acima, não restam dúvidas que a Previdência Social se estrutura 
em forma de sistema contributivo, como expressamente determina o artigo 201 do texto 
constitucional, enquanto a Saúde e a Assistência Social se estruturaram na forma de 
sistemas não contributivos. 
Quanto à estrutura destes sistemas cada um teve a sua organização definida em leis 
reguladoras próprias. Podemos afirmar que existe uma certa identidade na organização, 
uma vez que todos eles são compostos por Conselhos nas três esferas administrativas: 
Conselho Federal, Conselhos Estaduais e Conselhos Municipais. Os Conselhos Federais 
são os responsáveis pelas diretrizes das ações a serem implementadas na busca dos 
objetivos constitucionais. 
 
Quanto à Saúde, destacamos ainda a organização do SUS – SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE, presente em todos os municípios brasileiros. O SUS, apesar de suas 
deficiências, foi uma inovação importante na implantação e execução das ações de 
saúde pública no Brasil. 
Hierarquicamente organizado, tem contribuído para o implemento de importâncias 
políticas de saúde pública, especialmente campanhas de vacinação,tratamento da AIDS, 
procedimentos de alta complexidade médica e um espetacular crescimento no número 
de transplantes realizados no Brasil. 
 
Mesmo sabendo das críticas que receberei, posso afirmar que, apesar de suas 
deficiências, é o melhor e maior plano de saúde do Brasil, especialmente se 
considerarmos a complexidade dos seus atendimentos e número de atendimentos. 
 
5 – OBJETIVOS E PRINCÍPIOS 
Os objetivos da seguridade social, conforme previsto no texto constitucional, visam a 
implementação de políticas públicas, destinadas ao atendimento nas áreas de saúde 
pública, assistência social e previdência social. 
 
A Previdência Social organizada sob a forma de um sistema contributivo e de filiação 
obrigatória, concederá benefícios visando a cobertura dos riscos doença, invalidez, 
morte, idade avançada, proteção à maternidade e à família. 
 
As políticas de saúde pública deverão garantir gratuitamente a toda a população 
brasileira o acesso aos serviços de saúde pública. Por serviços de saúde pública, dentre 
outros, entende-se o direito à vacinação, medicamentos de alto custo e uso prolongado, 
consultas, internações e procedimentos hospitalares, bem como a prevenção de doenças. 
 
As políticas de assistência social, nos termos do artigo 202 do texto constitucional 
destinam-se a amparar, gratuitamente, as camadas sociais menos favorecidas, através de 
programas e ações de proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice, bem como promoção de integração ao trabalho, habilitação e reabilitação e 
integração na vida social de pessoas portadoras de necessidades especiais. 
 
Os princípios norteadores da Seguridade Social estão inseridos no parágrafo único do 
artigo 194 da Constituição Federal. Além dos sete princípios enumerados no texto 
constitucional, a doutrina elaborou outros, sendo que o mais importante é o princípio da 
solidariedade. 
 
Antes de dar sequencia ao trabalho, é necessário trazer o conceito de princípio. 
Princípio apresenta uma ideia de universalidade, que é aceita mesmo se não estiver 
escrito. É uma diretriz cujo conteúdo é determinante na elaboração e interpretação das 
normas. Segundo Sérgio Pinto Martins, “princípio é a base que irá informar e inspirar as 
normas jurídicas”. 
 
Para Wladimir Novaes Martinez, “os princípios são enunciados juridicamente válidos, 
conforme a sua proposição, aproveitando-se a sua razão de ser. Condensação de ideias 
experimentadas no decurso do tempo, eles devem comunicar rapidamente o seu 
conteúdo”. 
 
5.1 – PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE SOCIAL 
O princípio da solidariedade social é o princípio mais importante, em que pese não estar 
escrito no texto constitucional. 
Este princípio consiste no fato de toda a sociedade, indistintamente, contribuir para a 
Seguridade Social, independentemente de se beneficiar de todos os serviços 
disponibilizados. 
 
Quando falamos que a sociedade contribui indistintamente, isto se explica pelo fato de 
todo produto que se consome (p.ex: alimento, roupa) e todo serviço disponibilizado à 
população (ex: transporte público, água, luz e telefone) ter inserido nos respectivos 
preços finais as contribuições sociais para a seguridade social, destacando o PIS e a 
COFINS. 
 
Portanto, independentemente da classe social, ao se consumir produtos e serviços, todos 
estarão contribuindo para o orçamento da seguridade social. 
Contudo, os benefícios são distribuídos de acordo com a necessidade pessoal, bem 
como a previsão legal. A solidariedade fica clara quando se trata dos benefícios da 
assistência social, uma vez que estes benefícios são destinados exclusivamente para a 
população de baixa renda. 
 
Relativamente à saúde, apesar de ser um direito universal, na prática, observamos que 
certas camadas da sociedade utilizam-se dos sistemas privados, destacando-se os planos 
de saúde e, até mesmo, arcando diretamente com os custos dos atendimentos. O fato de 
existir esta opção, não significa que houve renúncia ao direito constitucionalmente 
assegurado. 
 
Na Previdência Social, por ser um sistema que exige a contribuição direta do segurado 
para a obtenção de um benefício futuro, a solidariedade se manifestará de forma 
diferente. Aqui a solidariedade se caracteriza através do financiamento de gerações. 
Uma geração ativa ao contribuir para a previdência social está custeando as gerações 
passadas, que estão inativas. Futuramente, esta geração terá os seus benefícios 
garantidos pelas novas gerações que virão, e assim, sucessivamente. 
 
Observa-se, portanto, como é marcante a solidariedade social no financiamento da 
seguridade social. Se assim não fosse, não existira um sistema de seguridade social, mas 
um sistema individual em que cada um contribuiria tão somente para o seu benefício, 
excluindo todos aqueles impossibilitados de contribuir diretamente. 
 
O Professor Wladimir Novaes Martinez em sua magnífica obra PRINCÍPIOS DE 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO, assim aborda o tema: 
“No momento da contribuição é a sociedade quem contribui. No instante da percepção 
da prestação, é o ser humano a usufruir. Embora no ato da contribuição seja possível 
individualizar o contribuinte, não é possível vincular cada uma das contribuições a cada 
um dos percipientes, pois há um fundo anônimo de recursos e um número determinável 
de beneficiários”. 
 
Para concluir, trazemos a lição do ilustre Professor Sérgio Pinto Martins: 
“A solidariedade pode se considerada um postulado fundamental do Direito da 
Seguridade Social, previsto implicitamente inclusive na Constituição.Sua origem é 
encontrada na assistência social, em que as pessoas faziam uma assistência mútua para 
alguma finalidade e também com base no mutualismo, de se fazer um empréstimo ao 
necessitado. É uma característica humana, que se verifica no decorrer dos séculos, em 
que havia uma ajuda genérica ao próximo, ao necessitado. 
(...) 
Ocorre solidariedade na Seguridade Social quando várias pessoas economizam em 
conjunto para assegurar benefícios quando as pessoas do grupo necessitarem. As 
contingências são distribuídas igualmente a todas as pessoas do grupo. Quando uma 
pessoa é atingida pela contingência, todas as outras continuam contribuindo para a 
cobertura do benefício do necessitado”. 
 
 
 
5.2 – PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA DO 
ATENDIMENTO 
 
O princípio da universalidade da cobertura do atendimento consiste em promover 
indistintamente o acesso ao maior número possível de benefícios, na tentativa de 
proteger a população de todos os riscos sociais previsíveis e possíveis. As ações devem 
contemplar necessidades individuais e coletivas, bem como ações reparadoras e 
preventivas. 
 
Quanto ao direito à Saúde, o texto constitucional expressamente o declara universal 
quando insere no caput do artigo 196 que a saúde é direito de todos e dever do Estado. 
Marcelo Leonardo Tavares, objetivamente conceitua este princípio: 
“As prestações da seguridade devem abranger o máximo de situações de proteção social 
do trabalhador e de sua família, tanto subjetiva quanto objetivamente, respeitadas as 
limitações de cada área de atuação”. 
Entretanto, este conceito merece uma crítica. Ele restringe a proteção ao trabalhador. A 
Seguridade Social abrange não somente aos trabalhadores, mas todos os homens e 
mulheres residentes no Brasil. Relativamente à assistência social, existem benefícios 
dirigidos diretamente para pessoas impossibilitadas de realizarem trabalhos que 
garantam a sua sobrevivência, como por exemplo, o benefício de renda continuada. 
 
Sérgio Pinto Martins, por sua vez, divide a universalidade em dois grupos: subjetiva eobjetiva. A subjetividade refere-se às pessoas alcançadas pela seguridade social e a 
objetividade refere-se aos benefícios previstos em lei. 
Comungamos com o ensinamento do Professor MARCUS ORIONE GONÇALVES 
CORREIA que assim se manifestou: 
“Dessarte, com o fim de eliminar a miséria, o princípio da universalidade, na seguridade 
social, agasalha todas as pessoas que dela necessitam (universalidade subjetiva) ou que 
possam vir a necessitá-la nas situações socialmente danosas (universalidade objetiva), 
ou seja, eventualidades que afetem a integridade física ou mental dos indivíduos, bem 
como aquelas que atinjam a capacidade de satisfação de suas necessidades individuais e 
de sua família pelo trabalho”. 
 
5.3 – UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS 
ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS 
Este princípio teve como o objetivo central equiparar os direitos dos trabalhadores rurais 
aos trabalhadores urbanos, resgatando uma injustiça histórica, especialmente no Direito 
Previdenciário Brasileiro. Desta forma, ficam proibidas quaisquer distinções entre os 
trabalhadores urbanos e rurais. Para Sérgio Pinto Martins, o princípio da uniformidade é 
um desdobramento do princípio da igualdade. 
 
Neste sentido, trazemos a lição de Marcelo Leonardo Tavares: 
 “As diferenças históricas existentes entre os direitos do trabalhador urbano e rural 
devem ser reduzidas paulatinamente até a extinção. A legislação previdenciária 
posterior à Constituição de 1988 adequou-se ao princípio, sem fazer discriminação entre 
trabalhadores urbanos e rurais, exceto pelo tratamento diferenciado do segurado 
especial, devido a características particulares desta espécie de segurado”. 
 
O princípio da igualdade, na concepção histórica de Rui Barbosa que o conceitua como 
tratar desigualmente os desiguais, se concretiza no inciso II, do § 7º do artigo 201 do 
texto constitucional que reduz em cinco anos a idade do trabalhador rural para fazer jus 
à aposentadoria por idade e pela concessão de aposentadoria especial para quem 
trabalha em condições prejudiciais à saúde. 
 
5.4 – PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA 
PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS 
Este princípio tem por finalidade orientar a ampla distribuição de benefícios sociais ao 
maior número de necessitados. Nem todos terão direito a todos os benefícios, devendo o 
legislador identificar as carências sociais e estabelecer critérios objetivos para 
contemplar as camadas sociais mais necessitadas. Destaque-se, entretanto, como já dito 
anteriormente, a assistência médica será acessível indistintamente, conforme previsto no 
artigo 196 da Constituição Federal. 
 
Para Miguel Horvath Júnior, “a seletividade e a distributividade devem ser pautadas 
sempre que possível pelo princípio da universalidade (caráter programático)”. 
Sérgio Pinto Martins ensina que caberá à lei escolher as necessidades que o sistema 
poderá atender, conforme as disponibilidades econômico-financeiras, e conclui ao final: 
 
“A distributividade implica a necessidade de solidariedade para poderem ser 
distribuídos recursos. A idéia de distributividade também concerne à distribuição de 
renda, pois o sistema,de certa forma, nada mais faz do que distribuir renda. A 
distribuição pode ser feita aos mais necessitados, em detrimento dos menos 
necessitados, de acordo com a previsão legal. A distributividade tem, portanto, caráter 
social”. (pag. 78) 
 
 
5.5 – PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS 
Este princípio tem por finalidade preservar o valor de compra dos benefícios financeiros 
concedidos pela seguridade social. A legislação infraconstitucional materializou este 
dispositivo ao determinar que anualmente os valores dos benefícios serão corrigidos por 
um índice de preço. 
 
A preocupação do legislador ao inserir este princípio no texto constitucional foi evitar 
que eventuais reajustes dos benefícios dependessem de vontade política do governo 
federal. O eventual congelamento dos valores, em épocas de processo inflacionário 
acelerado, significaria, na verdade, a supressão dos benefícios ao longo do tempo. 
Sérgio Pinto Martins alerta para o risco de a lei ordinária não contemplar 
adequadamente a política de reajuste de acordo com a inflação real. Desta forma, em 
que pese as perdas ocasionadas aos beneficiários, não haverá a possibilidade de se 
argumentar a sua inconstitucionalidade. 
 
Deve-se ressaltar, ainda, que não existe mais vinculação entre o reajuste dos benefícios 
da seguridade social e o salário mínimo. Os benefícios serão corrigidos por índice de 
preço que mede a inflação. Por outro lado, o salário mínimo deverá ser contemplado por 
uma política de recuperação de seu poder de compra, preferencialmente em respeito ao 
disposto na Constituição Federal. 
 
5.6 – PRINCÍPIO DA EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO 
CUSTEIO 
Este princípio, resumidamente, expressa que cada um contribuirá para a seguridade 
social na proporção de sua capacidade contributiva. 
Observa-se, entretanto, que ele é específico para a Previdência Social, uma vez que é o 
único sistema contributivo. 
As contribuições para a previdência social são vertidas conforme a renda do segurado. 
Quanto maior a renda, maior a alíquota, e, consequentemente, maior a contribuição. 
 
Em respeito ao princípio da isonomia, em tese não se admite tratamento diferenciado 
aos segurados enquadrados na mesma situação fática. 
Wladimir Novaes Martinez, ao comentar o princípio da equidade, entende desnecessária 
a sua inclusão no rol dos princípios do artigo 195 da Constituição, uma vez que o 
mesmo já está previsto no artigo 150, II, senão vejamos: 
 
“Trata-se de norma securitária abundante, praticamente desnecessária diante do artigo 
150, II, onde prescrita regra exacional universal, a vedação da instituição de “tratamento 
desigual entre os contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida 
qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, 
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”, istoé, 
a igualdade fiscal”. 
 
Respeito o posicionamento do ilustre Professor Wladimir Novaes Martinez, mas, como 
é consagrada a fúria arrecadadora do Estado, o princípio está bem colocado, 
especialmente porque durante alguns anos discutiu-se se as contribuições sociais 
vertidas para a seguridade social tinham natureza tributária, ou não. 
 
 
5. 7 – PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO 
O financiamento da seguridade social se dá atualmente através da contribuição dos 
trabalhadores, das empresas e dos orçamentos dos entes estatais. Mesmo as pessoas não 
enumeradas acima contribuem para a seguridade social, seja através do pagamento da 
CPMF, seja através dos impostos inseridos nos custos dos preços dos produtos 
consumidos. 
 
Preocupado em garantir o aumento da arrecadação de recursos para a seguridade social 
para garantir o atendimento do aumento de demanda social, o legislador já expressou na 
constituição a permissão para que outras fontes de financiamento fossem criadas pelo 
legislador ordinário. 
Contudo, criou um dispositivo mediador, na tentativa de evitar que novas contribuições 
sociais fossem criadas nas mesmas bases de impostos já existentes. Este é o 
entendimento majoritário do § 4º do artigo 195 do texto constitucional. Este dispositivo 
veda a criação de contribuição social cujo fato gerador ou base de cálculo seja idêntica 
aos impostos discriminados na Constituição. 
 
5.8 – PRINCÍPIO DO CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO 
DA ADMINISTRAÇÃO, MEDIANTE GESTÃO QUADRIPARTITE,COM 
PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES, DOS EMPREGADORES,DOSAPOSENTADOS E DO GOVERNO NOS ÓRGÃOS COLEGIADOS 
Este princípio não é inovação do texto constitucional, uma vez que historicamente 
sempre houve a participação da comunidade nos Conselhos da previdência social, 
assistência social e saúde. 
Desta forma, o legislador tentou democratizar a gestão da seguridade social, uma vez 
que contempla a participação de todos os segmentos representativos da sociedade na 
administração dos recursos, inclusive os aposentados. 
 
6 – MATERIALIZAÇÃO DOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS NA LEGISLAÇÃO 
INFRACONSTITUCIONAL 
Uma vez estudados os objetivos e princípios constitucionais da seguridade social, 
identificaremos como o legislador ordinário vem perquerindo o cumprimento das 
normas constitucionais, através da regulamentação dos artigos que tratam da seguridade 
social. 
 
Sendo assim, dividiremos os objetivos da seguridade social em grandes grupos de 
proteção: velhice, família, doença e invalidez. Nestes grandes grupos de proteção social, 
abordaremos os benefícios previdenciários e assistenciais que procuram universalizar a 
proteção social estabelecida no texto constitucional. Antes de especificar cada um deles, 
devido a sua consagrada universalidade, abriremos um tópico especial para a saúde. 
 
 
 
6.1 – BREVES COMENTÁRIOS SOBRE A SAÚDE PÚBLICA 
Ao conceituar a seguridade social como conjunto integrado de ações de iniciativa dos 
Poderes Públicos e da sociedade, destinados a assegurar os direitos relativos à saúde, à 
previdência e à assistência social (art. 194) , pela primeira vez, a saúde pública adquiriu 
status de direito constitucional. 
Sem dúvida foi um grande avanço. A partir de então a saúde pública no Brasil passou a 
ser regulamentada seguindo os princípios e objetivos constitucionalmente previstos. 
 
Não se contentou o legislador em inserir a saúde pública no artigo 194. Destinou a ela 
uma seção específica, desenhando nos artigos 196 a 200 as diretrizes para o legislador 
infraconstitucional, regulamentar as matérias e criar o SUS – SISTEMA ÚNICO DE 
SAÚDE. 
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso 
universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
(art. 194 da CRB/88) 
 
O artigo acima transcrito, devido a sua importância merece comentários. 
Primeiramente estabelece que a saúde é direito de todos. Ou seja, independentemente de 
contribuição, toda pessoa que estiver no território nacional, em caso de necessidade, 
será atendida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. O legislador constituinte 
expressou literalmente o princípio da universalidade neste artigo. 
 
Alguns autores, equivocadamente no meu ponto de vista, utilizam a expressão cidadão 
ao se referirem aos beneficiários do SUS. O conceito cidadão é estreito, devido a sua 
natureza política. O uso da expressão cidadão, exclui o direito das crianças serem 
atendidas pelo SUS. Exclui o direito daqueles que, eventualmente, estejam com os seus 
direitos políticos temporariamente cassados. O uso da expressão pessoa parece mais 
adequado porque reflete o princípio do respeito à dignidade da pessoa humana, previsto 
no artigo 1º da Constituição Federal. 
 
É dever do Estado, até mesmo porque ele é provedor da seguridade social, arrecadando 
contribuições sociais obrigatoriamente destinadas para este fim. Entretanto, como dito 
no artigo 194 e reforçado no artigo 197 e 199, nem a sociedade, nem a iniciativa privada 
estão impedidas de participarem na execução das ações de saúde pública. 
Os objetivos constitucionalmente previstos não se limitam aos tratamentos de doenças. 
Mais importante, ainda, são as ações de promoção da saúde, bem como a prevenção 
através de campanhas de vacinação, por exemplo. 
Recentemente, houve uma grande discussão se os recursos da saúde poderiam ser 
utilizados no Programa Fome Zero do governo federal. Deixando de lado questões 
orçamentárias, entendo o Programa Fome Zero como uma efetiva ação de promoção de 
saúde pública. Tão importante, quanto as campanhas de prevenção de diabetes, 
hipertensão e o mundialmente conhecido programa de tratamento da AIDS. 
 
A fome é a maior causadora de doença. Pessoas desnutridas, ou subnutridas, são 
passíveis de todo e qualquer ataque de doenças, devido a baixa capacidade de 
imunidade do organismo debilitado pela fome. 
Portanto, garantir aos necessitados uma alimentação saudável é sem dúvida uma grande 
ação de promoção de saúde pública. Destaca-se um destes trabalhos, o desenvolvido 
pela Pastoral da Criança, distribuindo farinha enriquecida nas comunidades carentes, 
cujos resultados são mundialmente conhecidos. 
 
Em que pese as suas precariedades, o SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE tem 
enfrentado com determinação os seus objetivos, sendo essencial para o atendimento das 
camadas sociais menos favorecidas, espalhadas por todas as regiões do nosso Brasil. 
 
6.2- PROTEÇÃO À VELHICE 
Este objetivo é alcançado através da concessão de alguns benefícios de natureza 
previdenciária e assistencial. 
No âmbito da Previdência Social, temos a aposentadoria por idade, concedida ao 
homem que completar 65 anos de idade e à mulher que completar 60 anos de idade, 
desde que cumprida a carência fixada em lei. Em se tratando de trabalhador rural, as 
idades acima são reduzidas em cinco anos. 
 
No âmbito da assistência social, temos o benefício de renda continuada que garante ao 
idoso, que não tenha condições de se manter, um benefício equivalente a um salário 
mínimo mensal. O requisito objetivo para a concessão deste benefício consiste na 
comprovação de o idoso ter renda per capita familiar inferior a ¼ do salário mínimo, 
nos termos da Lei 8742. 
No âmbito da saúde pública a proteção ao idoso se dá através de programas de 
vacinação e campanhas de prevenção de doenças, além de prioridade de atendimento na 
rede SUS. 
 
6.3.- PROTEÇÃO À FAMÍLIA. 
A proteção à família se materializa sob a forma de vários benefícios. Devemos entender 
a família como um grande núcleo de pessoas, unidas não somente por laços sanguíneos, 
mas, especialmente, por uma afetividade essencial à preservação desta união. 
 
A proteção à maternidade é alcançada através da concessão do salário-maternidade à 
gestante segurada da Previdência Social. No campo da saúde pública, temos os 
programas de assistência à parturiente, que consiste no acesso a exames e consultas 
clínicas no período pré-natal, garantido às todas as mulheres grávidas, especialmente as 
mulheres carentes. 
Ainda em proteção à família, o legislador instituiu o salário-família. É um benefício 
pago aos segurados de baixa renda, cuja finalidade é proporcionar melhores condições 
financeiras para custear as necessidades alimentares dos filhos menores de 14 anos. 
Outro benefício de suma importância neste grande grupo é a pensão por morte garantida 
aos dependentes do segurado morto. 
O legislador, também, preocupou-se com os dependentes do segurado recluso de baixa 
renda. Esta proteção se concretiza através do pagamento do auxílio-reclusão aos 
dependentes do segurado de baixa-renda. 
 No âmbito da assistência social, existe a proteção ao deficiente carente, com o 
pagamento do benefício de renda continuada, nos mesmos moldes do idoso, conforme 
já mencionado. 
 
6.4 – DOENÇA E INVALIDEZ. 
O direito previdenciário contempla os segurados doentes ou inválidos. No caso do 
segurado doente, o legislador destinou a ele o benefício do auxílio doença, que será 
pago enquanto não estiver em condição de retornar ao trabalho. 
 
Nos casos em que o segurado tiver se afastadode suas atividades por ter sofrido um 
acidente de qualquer natureza, se após a consolidação das lesões houver redução de 
capacidade laboral para a atividade que exercia, fará jus ao auxílio-acidente. 
 
Este benefício, que é pouco conhecido, tem natureza indenizatória e será pago 
mensalmente ao segurado, na proporção de 50% do salário benefício. Sua finalidade é 
compensar a eventual perda salarial que o segurado terá, tendo em vista que, apesar de 
não estar inválido, não dispõe da mesma capacidade produtiva anterior ao acidente. 
 
Em caso de invalidez permanente para o exercício de atividades profissionais capazes 
de promover o sustento próprio e da família, o segurado da previdência social será 
beneficiado com a concessão da aposentadoria por invalidez. 
 
7.CONCLUSÃO 
Como se pode observar neste breve trabalho, em que pese as dificuldades, bem como o 
tamanho do Sistema de seguridade social no Brasil, devemos permanentemente buscar a 
concretização de seus objetivos, uma vez que esta é a maneira mais eficaz de se 
melhorar a qualidade de vida da sociedade brasileira, especialmente, das camadas 
menos favorecidas. 
 
Referências bibliográficas 
Correia, Marcus Orione Gonçalves. Curso de Direito da Seguridade Social, 2ª edição, 
São Paulo, Saraiva, 2002. 
Martinez, Wladimir Novaes. Princípios de Direito Previdenciário, 4ª edição, São Paulo, 
LTR, 2001. 
Martins, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social, 18ª edição, São Paulo, Atlas, 2002. 
Júnior, Miguel Horvath. Direito Previdenciário, 2ª edição, São Paulo, Quartier Latin, 
2002. 
Tavares, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário, 4ª edição, Rio de Janeiro, Luen 
Juris, 2002. 
 
	OS PRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA SEGURIDADE SOCIAL, À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988.

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