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CAPITULOS 
 
 
01º CAPITULO - Introdução; 
02º CAPITULO - Conceito e Definição; 
03º CAPITULO - Objeto da Criminologia; 
04º CAPITULO - Método; 
05º CAPITULO - Criminologia como Ciência; 
06º CAPITULO - Relação da Criminologia com outras Ciências; 
07º CAPITULO - A Sociedade e a Natureza do Delito como 
Fenômeno ;Individual e Coletivo; 
08º CAPITULO - Divisão e História da Criminologia; 
09º CAPITULO - As Causas da Criminalidade; 
10º CAPITULO - Criminologia Clínica; 
11º CAPITULO - Desvios Sexuais e Criminologia; 
12º CAPITULO - Notações sobre o Exame Criminológico; 
13º CAPITULO - Caracterologia; 
14º CAPITULO - Criminalidade: Fatores Exógenos Gerais; 
15º CAPITULO - Causas Institucionais de Criminalidade; 
16º CAPITULO - Microcriminalidade e Macrocriminalidade; 
17º CAPITULO - Vitimologia; 
18º CAPITULO - Bibliografia/Links Recomendados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 01 
INTRODUÇÃO 
CONSIDERAÇÕES DE ASPECTO GENÉRICO 
 
É bíblico o ensinamento de que Deus criou o homem à sua imagem 
e semelhança e que, ao colocá-lo no Jardim do Éden, fez-lhe esta 
advertência: “De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas 
da árvore da ciência do bem e do mal não comerás, porque, no dia 
em que dela comeres, certamente morrerás”. Houve a 
desobediência posterior e, por sua cobiça, o homem foi condenado 
a conhecer o bem e o mal. 
A conduta do homem em uma ou outra direção, ou seja, 
caminhando rumo ao bem ou ao mal, por si só, determina a 
existência de diferenças fundamentais na forma de viver do ser 
humano. É inerente à homogênese, portanto, a desigualdade do 
comportamento social dos indivíduos. Entregue à todos os seus 
temores e fraquezas, o homem é sempre chamado, na correnteza 
da vida, a decidir entre o bem e o mal em meio às tentações da 
ambição, do poder, do “ter” ao invés do “ser”. Concomitantemente, 
estará ele, respirando os ares da inveja, da ira, do orgulho, da 
vaidade, da prepotência, das paixões desenfreadamente 
destruidoras, tudo a emaranhá-lo na possibilidade, sempre 
presente, do retrocesso moral e espiritual e na própria queda ao 
abismo da criminalidade. 
Ora, a criminalidade é considerada como um fato normal da vida em 
sociedade, justamente porque a vida grupal, a existência 
comunitária, não implica em que cada indivíduo aja em acordo com 
a vontade dos demais e, não raro, isso acarreta divergências e 
choques pessoais; e se esses desacordos não são contornados 
pelas vias da conciliação ou do ajuste, só restará a alternativa do 
conflito propriamente dito, e este, quando não resolvido legalmente, 
fatalmente redundará em confronto, em diferentes tipos de 
agressão, sucedendo que muitos deles vão desembocar na senda 
do crime. Apesar da criminalidade ser reputada como um fenômeno 
social normal, da mesma forma não é analisada a figura do 
criminoso, considerado um “fenômeno anormal”, na expressão 
de Israel Drapkin (Manual de Criminologia). Contudo, os 
autores Newton e Valter Fernandes (Criminologia Integrada), 
discordam de Drapkin, pois, se aceita a criminalidade como um 
processosocial normal, porque o ato do criminoso deve ser 
entendido como um fenomeno anormal? 
Para tais doutrinadores, tanto a criminalidade quanto o indivíduo 
que a exercita não podem ser considerados normais, porque o 
crime não é ato normal em sociedade e, por sua vez, as 
peculariedades do fenômeno da delinquência não podem se apartar 
de seu agente desencadeador, intrinsicamente a ela ligado. 
Outra não é a razão da Criminologia ter por escopo o estudo do 
fenômeno criminal, suas causas geradoras e o conhecimento 
completo dos seres humanos que exercem um papel no palco 
cênico do delito, ou seja, a pessoa do criminoso e, porque não 
dizer, a pessoa da própria vítima. 
 
CONSIDERAÇÕES DE ASPECTO ESPECÍFICO 
 
Interessa-se especificamente a Criminologia em pôr a claro tudo o que contribui 
ou concorre para a existência da criminalidade. Para que o crime venha a 
eclodir é indispensável que ocorra uma intenção ou um ato humano. Por isso, a 
par do fenômeno em si da criminalidade, o estudo do comportamento humano 
deve ser basilar da Criminologia, pois, sendo o homem o agente do ato 
delituoso, é principalmente sobre ele que devem ser concentradas as 
pesquisas mais relevantes, já que sobre seus ombros atuam múltiplas causas, 
muitas delas desconhecidas até a ocorrência do crime, mas com acentuado 
pesona caracterização da origem do fato e do caráter ou da verdadeira 
natureza da vontade do criminoso. 
Ao longo do tempo, a Criminologia tem sido subdividida em segmentos que 
compreendem a Biologia Criminal, a Sociologia Criminal, a Psicologia Criminal, 
a Psiquiatria Criminal, a Endocrinologia Criminal, etc. De entender que tais 
repartimentos só se prestam ao aspecto didático-pedagógico de seu 
ensinamento, visto que o ideal é a fusão de todas essas partes em uma só, 
daí advindo uma única Criminologia, forte, pujante, e definitiva em sua 
própria nomenclatura e no seu conteúdo doutrinário (opinião de Newton e 
Valter Fernandes). 
 
 
 
 
CAPITULO 02 
CONCEITO E DEFINIÇÃO 
 
A palavra Criminologia deriva do latim “crimen” (delito) e do grego 
“logos” (tratado). Em resumo, seria o “Tratado do Crime”. 
 
Foi utilizada, pela 1ª vez, em 1885, pelo italiano Rafael Garófalo 
(designando-a como a “ciência do crime”), contudo, já havia sido 
muito estudada e utilizada (embora não com esta denominação) 
pelos igualmente italianos Cesare Lombroso e Enrico Ferri. 
 
Para alguns, a Criminologia é o estudo do homem que delinque. 
Definindo a criminologia como o tratado do delito, confundi-la-emos 
com o Direito Penal, que trata do delito, do delinqüente e da pena. 
Aliás, qualquer matéria sobre criminalidade deve abranger esses 
três elementos. 
 
A Criminologia, como não poderia deixar de ser, não é definida de 
maneira uniforme, existindo muitas e variadas definições. 
- Nelson Hungria: “Criminologia é o estudo experimental do 
fenômeno crime, para pesquisar-lhe a etiologia e tentar a sua 
debelação por meios preventivos ou curativos”. 
- Jean Merquiset: “Criminologia é o estudo do crime como 
fenômenos social e individual e de suas causas e prevenção”. 
- Kinberg: “Criminologia é a ciência que tem por objeto não 
somente o fenômeno natural da práticado crime, como também o 
fenômeno da luta contra o crime”. 
- Edwin H. Sutherland: “Criminologia é um conjunto de 
conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas da 
criminalidade, a personalidade do delinqüente, sua conduta 
delituosa e a maneira de ressocializá-lo”. 
Trata, pois, a Criminologia, da aplicação das ciências sociais e 
humanas no controle e ressocialização do criminoso, com vistas á 
prevenção da delinquência. 
 
A partir dessas afirmações, é possível e verdadeiro dizer-se que o 
fim último da Criminologia é a promoção do homem ou a ascenção 
da condição humana. 
 
Poder-se-ia enumerar diversos outros conceitos de Criminologia 
que foram formulados pelos mais variados autores. 
 
Porém, na análise de Newton Fernandes e Valter Fernandes todos 
os conceitos até hoje formulados pecam por não incluírem na 
Criminologia o estudo da vítima, também denominado de 
vitimologia, uma vez que, a Criminologia se ocupa não apenas do 
crime e do criminoso, mas, igualmente, da vítima. 
 
Assim, na definição desses dois autores, “Criminologia é a ciência 
que estuda o fenômeno criminal, a vítima, as determinantes 
endógenas e exógenas, que isolada ou cumulativamente atuam 
sobre a pessoa e a conduta do delinquente, e os meios 
laborterapêuticos ou pedagógicos de reintegrá-lo ao agrupamento 
social”. 
 
Emsentido lato, a Criminologia vem a ser a pesquisa científica do 
fenômeno criminal, das suas causas e características, da sua 
prevenção e do controle de sua incidência. 
 
A Criminologia é a ciência que pesquisa: as causas e concausas da 
criminalidade; as manifestações e os efeitos da criminalidade e da 
periculosidade preparatória da criminalidade; a política a opor, 
assistencialmente, á etiologia da criminalidade e á periculosidade 
preparatória da criminalidade. 
 
Em resumo: “Criminologia é o estudo do crime, do criminoso, da 
vítima e das causas e fatores da criminalidade”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 03 
OBJETO DA CRIMINOLOGIA 
 
 
Das várias colocações até agora feitas, verifica-se que a 
Criminologia representa: 
a) o estudo dos fatores individuais (personalidade) e sociais 
(ambiente) básicos da criminalidade; 
b) o estudo dos fatores básicos e do fenômeno natural da luta 
contra o crime (tratamento e profilaxia), objetivando a 
ressocialização do delinqüente e a prevenção da criminalidade. 
Assim, podemos dizer que o objeto da Criminologia é: 
“O estudo do fenômeno natural, considerando os fatores 
individuais (personalidade) e os fatores sociais (ambiente), e 
ao mesmo tempo, a luta contra o crime, levando em conta a 
necessidade de ressocialização do delinqüente (tratamento) e 
de prevenção do crime (profilaxia)”. 
 
Em resumo, o objeto da Criminologia é, pois, o crime e o criminoso, 
o que a confunde, muitas vezes, com o Direito Penal, já que este 
também tem por objeto o crime e o criminoso. Já chegou-se até 
mesmo a firmar que a Criminologia seria apenas uma parte do 
Direito Penal, portanto, dependente deste. 
 
Sabe-se, contudo, que embora o Direito Penal e a Criminologia 
estudem ambos o crime, são duas ciências autônomas e 
independentes, e o enfoque dado por uma e por outra, 
relativamente ao delito, é diferente. 
 
O Direito Penal tem por objeto o crime como uma regra anormal de 
conduta, contra o qual estabelece o gravame, o castigo, a punição. 
O Direito Penal é, por assim dizer, a ciência de repressão social ao 
crime, através de regras punitivas que ele mesmo elabora. O seu 
objeto, portanto, é o crime como um ente jurídico, e como tal, 
passível de sanções. 
 
 
Já a Criminologia é uma ciência que tem por objeto a incumbência 
de não só se preocupar com o crime, mas também de conhecer o 
criminoso, montando esquemas de combate á criminalidade, 
desenvolvendo meios preventivos e formulando empenhos 
terapêuticos para cuidar dos delinqüentes a fim de que eles não 
venham a reincidir. 
 
Enquanto o Direito Penal é uma ciência normativa, de repressão 
social contra o delito, através de regras jurídicas coibitórias cuja 
transgressão implica em sanções, a Criminologia é uma ciência 
causal-explicativa, essencialmente profilática, visando o 
oferecimento de estratégicas, por intermédio de modelos 
operacionais, de molde a minimizar os fatores estimulantes da 
criminalidade, bem como, o emprego de táticas estribadas em 
fatores inibidores do conjunto do crime. 
 
O Direito Penal se preocupa com as ações e omissões que 
constituem delito e á Criminologia importa saber as causas pelas 
quais devam ser consideradas como delitos. 
 
Conseqüentemente, a primeira diferença entre o Direito Penal e a 
Criminologia, é que enquanto o primeiro nos indica que os atos 
merecem uma pena, a segunda nos indica a causa desses atos. 
 
Como segunda diferença, temos que considerar que, enquanto 
ambas as ciências estudam o delinqüente, o Direito Penal só indaga 
o grau de responsabilidade do mesmo (autor, co-autor, partícipe); 
enquanto que á Criminologia interessa conhecer o homem 
delinqüente, aspecto que mais tem preocupado as escolas 
filosóficas, ou seja, trata de compreender a personalidade do 
homem delinqüente. 
 
Assim, no que se refere ao crime, a Criminologia tem toda uma 
inequívoca atividade de verificação, de análise da conduta anti-
social, de pesquisa das causas geradora do delito, e do efetivo 
estudo e tratamento do criminoso, na expectativa de que ele não se 
torne recidivista. 
 
 
 
O objeto da criminologia é o delito isolado, a criminalidade como 
fenômeno comunitário, além das causas do crime como fenômeno 
individual e o embate contra a delinqüência. Por conseguinte, o 
homem somente diz respeito ao objeto da criminologia quando é o 
homem delinqüente, antes não. 
 
 
Porque delinqüente o homem e as causas porque o faz, são as 
matérias essenciais com que preocupa a Criminologia. 
Exato afirmar, então, que o Direito Penal e a Criminologia trabalham 
em cima da mesma matéria prima, mas a forma de operação, de 
elaboração do trabalho, é bem diferenciada, o que torna legítimo 
concluir que o objeto de uma ciência não é o mesmo da outra. 
Estas diferenças não significam que ambas as disciplinas não 
possam entender-se; pelo contrário, completam-se, pois estão 
unidas por uma finalidade única, que é conhecer e estudar o 
delinqüente. A Criminologia não é, pois, um capítulo do Direito 
Penal, porque é essencialmente biológica, experimental e dedutiva, 
enquanto que o Direito Penal é uma ciência normativa e valorativa. 
A Criminologia vem injetando no Direito Penal um sentido biológico. 
A paixão irresistível, a força coercível, a coação, o louco ou 
alienado, etc, são conceitos médico-biológicos da Criminologia 
adotados pelo Direito Penal. É o que se tem denominado “o sentido 
biológico do Direito Penal”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 04 
MÉTODO 
 
Em seu livro Criminologia Biológica, Sociológica e Mesológica, 
ensina Vitorino Prata Castelo Branco: 
“Em geral, método é o meio empregado pelo qual o pensamento 
humano procura encontrar a explicação de um fato, seja referente á 
natureza, ao homem ou á sociedade”. 
 
E prossegue: 
“Só o método científico, isto o é, sistematizado, por observações e experiências, 
comparadas e repetidas, pode alcançar a realidade procurada pelos pesquisadores”. 
 
Diz, ainda, Vitorino Prata: 
“O campo das pesquisas será, na Criminologia, o fenômeno do crime como ação 
humana, abrangendo as forças biológicas, sociológicas e mesológicas que o induziram 
ao comportamento reprovável, etc.”. 
 
Analisando-se, ainda que perfunctoriamente, as palavras deste 
gabaritado criminólogo, deflui, que em termos de pesquisas 
criminológicas, dois seriam os métodos utilizados: 
a) biológico; 
b) sociológico 
De fato, quando o referido autor fala em forças sociológicas e 
mesológicas, no fundo significam a mesma coisa, ou seja, algo 
ligado ao meio ambiente, ao meio social. 
Abordando o assunto em sua obra Manual de Criminologia, Israel 
Drapkin, argumenta dizendo, inicialmente, que a Criminologia 
efetivamente usa os métodos biológico e sociológico. 
 
E, como não poderia deixar de ser a uma disciplina que estuda o 
crime como um fato biopsicosocial e o criminoso, a Criminologia 
não fica adstrita a um só terreno científico, porque este não teria, 
por si só, o condão de conseguir explicar o fenômeno delinquencial 
e a vasta caudal de causas delituógenas, dentre elas aquelas de 
natureza social, biológica, psicológica, psiquiátrica, etc. 
 
Por isso, a Criminologia constrói seus métodos, mas também, se 
utiliza dos métodos de outras ciências. 
 
Logo, a nova metodologia criminológica vai assentar-se na 
constituição da equipe criminológica – “team work” – (médico, 
psiquiatra, psicólogo, assistente social, educador, enfermeiro, etc., 
que tenham recebido treinamento criminológico). 
 
Os métodos de análise utilizados pela Criminologiasão: 
a) relativamente aos fatores sociais, os da Sociologia; 
b) relativamente aos fatores individuais, os da Biologia, Psicologia, 
Psiquiatria, Endocrinologia,etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 05 
CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA 
 
 
Genericamente, considera-se ciência o conjunto de conhecimentos 
relativos á um determinado objeto, em especial os obtidos mediante 
a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. 
 
Para os filósofos, há dificuldades e divergências acerca do que 
deve ser considerado ciência. Muitos exigem que para uma 
disciplina de conhecimentos poder ser considerada uma ciência, 
deve ter um objeto específico, seguir um método determinado e ter 
uma aplicação universa. 
 
Em decorrência disso, discute-se se a Criminologia seria ou não 
uma ciência, sob a alegação de que não possui objeto, não tem um 
método determinado, tampouco é universal. 
 
Para os que não consideram a Criminologia como ciência, esta 
carece de objeto, porquanto estuda o delito, que pertence ao Direito 
Penal. Porém, sabemos que não é bem assim, pois como visto, 
ambas as disciplinas enfocam o delito de ângulos diferentes. 
 
Com relação ao método, os contrários afirmam não ser a 
Criminologia uma ciência, por não ter um método determinado, uma 
vez que ela se vale de dois métodos, o biológico e o sociológico. 
Abordando o assunto em sua obra Manual de Criminologia, Israel 
Drapkin argumenta dizendo, inicialmente, que a Criminologia 
efetivamente usa os métodos biológico e sociológico e exemplifica: 
 
“se a Biologia é uma ciência, não há razão para que não o seja a Criminologia, 
que usa o seu método”. E acresce:“A Criminologia usa o método experimental, 
naturalístico, indutivo, para o estudo do delinqüente, o que não basta para 
conhecer as causas da criminalidade. Por isso, recorremos aos métodos 
estatísticos, históricos e sociológicos”. 
 
 
 
 
 
O fato da Criminologia usar vários métodos pode tirar-lhe a 
categoria de ciência? É claro que não. A Criminologia não é um 
campo de conhecimento empírico, que vive a carecer de método 
científico para a comprovação de suas experiências e 
experimentos. Ao contrário, ao invés de um, a Criminologia possui 
dois métodos de trabalho: o biológico e o sociológico. 
 
Por último, aqueles que negam o caráter científico à Criminologia, 
que esta não é universal, pois o que num país pode ser 
estabelecido como uma verdade incontestável, noutro poderá ser 
diferente, a ponto de existirem as chamadas Criminologia nórdica, 
européia, americana, etc., que guardariam aspectos diferentes entre 
si. 
 
Contudo, quanto á condição de não universalidade da Criminologia, 
para ser considerada uma ciência, de recordar que, em Congresso 
Internacional de Criminologia realizado há menos de 20 anos em 
Belgrado, no país então chamado Iuguslávia, consensuou-se o 
seguinte: “A delinqüência é um fenômeno social complexo que tem 
suas próprias leis e que aparece num meio sociocultural 
determinado, não podendo ser tratada com regras gerais, mas 
particulares a cada região”. Diante dessa conclusão a que 
chegaram mais de 700 criminólogos, representando cerca de meia 
centena de países no Congresso Internacional antes mencionado, 
de aceitar ser inteiramente desnecessário o requisito da aplicação 
universal para erigir a Criminologia á categoria de ciência. 
A esse respeito, aliás, é oportuno citar ainda uma vez Vitorino 
Prata, que reconhecendo a condição de ciência da Criminologia, 
sublinha: 
“Embora o homem seja o mesmo em qualquer parte do mundo, os 
crimes têm características diferentes em cada continente,devido á 
cultura e á história própria de cada um. Há, pois, uma Criminologia 
brasileira, como uma Criminologia chinesa, uma Criminologia 
iuguslava, enfim, uma Criminologia própria de cada raça ou 
nacionalidade”. 
 
Destarte, malgrado alguns que lhe neguem o caráter científico, 
aflora pacífico que a Criminologia é ciência. Ciência que aborda o 
acontecimento delitivo em seus aspectos individual e anti-social e 
na sua causação, inclusive destacando seus provocativos no intento 
de atenuar a incidência delituosa. 
CAPITULO 06 
RELAÇÃO DA CRIMINOLOGIA COM OUTRAS CIÊNCIAS 
 
Não haverá qualquer exagero em afirmar que a Criminologia 
praticamente se relaciona com todas as ciências e áreas do 
conhecimento humano, desde que propiciadoras de maior 
percepção ao fenômeno do cometimento criminal e a personalidade 
do delinquente. 
Verdadeiramente, a Criminologia se vincula a todas as demais 
ciências que se ocupam do crime, do criminoso e da pena. Por isso, 
todas essas ciências, e inclusive a Criminologia, compõem a 
chamada “Enciclopédia das Ciências Penais” que, consoante a 
lúcida compreensão de Luis Jimenez de Asúa, subdivide-se em 4 
grupos, a saber: 
a) Ciências Histórico-Filosóficas: História do Direito Penal, Filosofia 
do Direito Penal e Direito Penal Comparado; 
b) Ciências Causal-Explicativas: Criminologia, Antropologia 
Criminal, Sociologia Criminal, Biologia Criminal, Psicologia Criminal 
e Psicanálise Criminal; 
c) Ciências Jurídico-Repressivas: Direito Penal, Direito Processual 
Penal e Direito Penitenciário; 
d) Ciências Auxiliares e de Pesquisa: Penologia, Política Criminal, 
Medicina Legal, Psiquiatria Forense, Polícia Judiciária Científica, 
Criminalística, Psicologia Judiciária e Estatística Criminal. 
As disciplinas integradoras da Enciclopédia das Ciências Penais, ou 
“Síntese Criminológica”, destinam-se à perquirição, enfrentamento e 
aplicação interativa dos princípios e normas dos três elementos do 
episódio criminal propriamente dito, a saber: o crime, o criminoso e 
a pena. 
 
 
 
 
 
 
Não será despiciendo recordar a conceituação sucinta das ciências 
que integralizam a “Síntese Criminológica”. Vejamos: 
a) Ciências Histórico-Filosóficas: 
- História do Direito Penal: Vem a ser a pesquisa conexa dos 
fenômenos jurídico-penais de cada povo; 
- Filosofia do Direito Penal: se resuma na análise e crítica do 
Direito Penal naquilo pertinente ao sseus princípios, causas e 
modificações; 
- Direito Penal Comparado: é a pesquisa sistematizada e em 
cotejo das legislações penais dos diversos países; 
 
b) Ciências Causal-Explicativas: 
- Criminologia: é a ciência que estuda a causação do fenômeno 
criminal; 
- Antropologia Criminal: perquire as características orgânicas e 
biológicas do delinqüente; 
- Biologia Criminal: estuda o crime como acontecimento da vida do 
indivíduo; 
- Sociologia Criminal: pesquisa o fenômeno delituoso sob o prisma 
da influencia ambiental na conduta criminosa; 
- Psicologia Criminal: estuda os caracteres psíquicos do delinqüente 
que influem na gênese do crime; 
- Psicanálise Criminal: atenta para a personalidade do criminoso e 
para os processos íntimos que oexcitam á prática delitiva. 
 
c) Ciências Jurídico-Repressivas: 
- Direito Penal: é a ciência jurídica de reação social contra o crime; 
- Direito Processual Penal: é a atividade estatal de tutela penal 
através de normas próprias; 
- Direito Penitenciário: representa o compacto de regras jurídicas 
reguladoras da atividade jurídico-carcerária. 
 
d) Ciências Auxiliares e de Pesquisa: 
- Política Criminal: tem por finalidade a análise e a crítica das leis 
penais a partir de propostas criminológicas; 
- Penologia: tem por objeto o estudo da pena, das medidas de 
segurança e da funcionalidade das instituições destinadas á 
readaptação dos egressos dos presídios; 
- Medicina Legal: tem por propósito a aplicação dos conhecimentos 
científicosna esfera da Justiça Criminal; 
- Criminalística: estuda as formas como se cometem os delitos, 
cuidando da aplicação dos recursos técnicos para sua constatação 
e perquirição; 
- Psiquiatria Forense: tem por mira o estudo dos distúrbios mentais 
ensejadores de problemas jurídico-penais; 
- Psicologia Judiciária: estuda o comportamento do indivíduo 
acusado da perpetração do crime; 
- Polícia Judiciária Científica: se incumbe da pesquisa dos vestígios 
e indícios encontradiços no palco típico; 
- Estatística Criminal: tem por fim a observação etiológica do delito 
com vistas ao planejamento e avaliação do desempenho 
institucional contra a criminalidade. 
 
Depreende-se do anteriormente explicitado, quando se fala em 
“Enciclopédia das Ciências Penais”, que a expressão galardoa a 
própria Criminologia, naquilo que é ela considerada uma ciência 
que abrange praticamente todas as disciplinas criminais. 
A Criminologia teria, por assim dizer, uma concepção enciclopédica, 
eis que se utiliza do campo de labor de outras ciências criminais. 
Daí também ser chamada “ciência de síntese”, porque sua base 
científica está fincada nas contribuições proporcionadas pelas 
denominadas ciências do homem (Antropologia, Biologia, 
Sociologia, Psicologia, Psiquiatria, etc.) quando voltadas para a 
pesquisa do delito. 
Efetivamente, para atender sua finalidade, a Criminologia não pode 
atuar isoladamente, havendo que recorrer ao objeto de outras 
ciências, mesmo porque o conhecimento não se confina nos 
limitativos de uma única ciência. 
Mas qual a relação da Criminologia com todas estas ciências? 
 
a) Criminologia e Direito Penal: É ponto pacífico que a 
Criminologia se relaciona fundamentalmente com o Direito Penal, 
eis que, embora autônomas, são ciências acentuadamente 
correlatas, limítrofes e, quiçá, complementares. A par disso, é o 
Direito Penal que delimita o objeto da Criminologia, fornecendo-lhe, 
até, o juízo valorativo do fato criminoso.É a Criminologia, por outro 
lado, que oferta ao Direito Penal os subsídios para o julgamento do 
fato criminoso. Destarte, a Criminologia é ciência propedêutica do 
Direito Criminal. Não obstante, enquanto o Direito Penal tem como 
objeto a culpabilidade, o objeto da Criminologia é a periculosidade. 
Enquanto o Direito Penal encara o crime como fato antijurídico, a 
Criminologia o vê como uma conduta anti-social. Enfim, o Direito 
Penal é ciência cultural, valorativa, normativa e finalista. A 
Criminologia é ciência causal-explicativa,de observação, de síntese, 
de pesquisa teórica. 
 
b) Criminologia e Direito Processual Penal: Tem ligação com 
este na medida em que ele regulamenta a verificação do ato 
delituoso e faz o exame da personalidade do autor típico. 
 
Cesare Bonesana, o Marquês de Becaria, dizia que a Justiça para 
ser justa deve ser rápida, mas quando se vê um homem chegar na 
penitenciária condenado há 5 anos, depois de haver estado no 
cárcere no decorrer de um processo que durou 4 anos, esta Justiça 
não pode ser justa. 
 
 
É preciso meditar sobre a imensa injustiça que significa uma 
absolvição depois de muitos anos de cárcere, pois se bem que 
existe uma indenização de caráter constitucional (art. 107 da CF), 
na realidade esta só existe teoricamente. Embora existem não 
poucos casos de prisões ilegais, raramente é requerida e concedida 
indenização, como no processo dos “Irmãos Naves”, injustamente 
condenados por homicídio em que a suposta vítima apareceu viva 
após muitos anos,tendo um dos irmãos condenados morrido na 
prisão. Foi concedida a indenização, confirmada pelo STF. Mas na 
grande maioria dos casos, as pessoas sofrem as injustiças sem 
nada pleitear. 
 
c) Criminologia e Direito Penitenciário: Nascido na Itália, com 
Giovanni Novelli, este Direito é muito novo e refere-se à aplicação 
da pena. Pretende exercer todas as medidas destinadas á 
aplicação individual da lei penal, a cada delinquente em particular, 
objetivando a ressocialização do delinquente. 
 
d) Criminologia e Antropologia Criminal: Pesquisando a 
exigência de leis que regem a criminalidade e também a influência 
de fatores individuais na gênese do delito, a Criminologia 
obrigatoriamente tem de invocar a Antropologia Criminal, que 
permite totalizar o fenômeno delinquencial em seus múltiplos 
aspectos, desde os biológicos aos psicossociais, como um todo. 
A Antropologia é a base da Criminologia, mormente agora que foi 
revigorada pela Endocrinologia e pela Genética. 
e) Criminologia e Biotipologia Criminal: Esta projeta uma 
constituição delinquencial. Semelhante á Antropologia. 
 
f) Criminologia e Sociologia Criminal: A Sociologia nos ensina a 
organização dos grupos sociais, que são diferentes de acordo com 
a época e a localização, o que também é uma fase importante para 
o conhecimento do homem delinquente. Assim, a Criminologia 
relaciona-se com a Sociologia na medida em que aquela demonstra 
que a personalidade criminosa é o somatório de fatores biológicos e 
sociológicos em seu mais amplo sentido, integrados numa unidade 
psicossomática. 
 
A Sociologia Criminal é a ciência que cogita do fenômeno social da 
criminalidade. Tão grande afinidade há entre a Sociologia e a 
Criminologia, que uma das principais teorias criminológicas, a que 
busca explicar a gênese dos delitos, leva o título de Teoria 
Sociológica. Entende esta teoria que as pressões e as influencias 
do ambiente social geram o comportamento delinqüente. A 
Sociologia Criminal toma o crime como um “fato natural da vida em 
sociedade”, estudando-o como expressão de certas condições do 
grupamento social, ocupando-se com os fatores exógenos na 
causação do delito, bem como, suas conseqüências para a 
coletividade. 
 
g) Criminologia e Psicologia Criminal: A Psicologia Criminal 
propõe-se desvendar o caráter e as tendências do criminoso, 
indicando os rumos necessários à avaliação de sua periculosidade 
e estudando a incidência da fenomenologia psíquica da 
Criminalidade. Como a causa dos crimes reside, grande número de 
vezes, em transtornos mentais, transitórios ou permanentes, as 
alterações psíquicas interessam á Criminologia (psicoses, 
neuroses, psicopatias, oligofrenias, etc), fornecendo á Criminologia 
matéria para o estudo dos transtornos mentais dos criminosos. 
 
h) Criminologia e Psiquiatria Criminal: A função da Psiquiatria 
Criminal centraliza-se na terapia, uma vez que a profilaxia é mais 
cabível à Psicologia Criminal. 
 
i) Criminologia e Endocrinologia: É de vital importância a 
pesquisa da interação endócrino criminal, permissível pela 
ocorrência de anomalias endócrinas dos criminosos. 
 
j)Criminologia e Demografia: A Criminologia busca nos 
movimentos da massa humana (nascimentos, casamentos, óbitos) 
as causas que influem sobre a personalidade do homem 
delinquente. 
 
l)Criminologia e História: A História é uma ciência que nos serve 
para compreender o presente e o futuro, baseando-se no passado; 
através dela conhecemos o passado, compreendemos o presente e 
vislumbramos o futuro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 07 
A SOCIEDADE A E NATUREZA DO DELITO 
COMO FENOMENO INDIVIDUAL E COLETIVO 
 
a) O aparecimento da vida e do homem 
 
A doutrina do pecado original é um dos princípios mais poderosos 
da crença hebraico-cristã. Segundo a concepção cristã, o homem 
era inocente e bom e o mundo um jardim (do Éden), um paraíso. 
Mas o homem foi tentado, sucumbiu e nunca mais irá recuperar sua 
inocência original. 
 
São Paulo declarou que o homem é carnale pecador, 
acrescentando: “em sua carne habitam coisas ruins e o pecado 
habita nele”. Aliás, essa idéia da maldade como uma das 
características do ser humano se encontra também no campo da 
Biologia com Charles Darwin, como ainda no da Psicologia e da 
Psicanálise, com Sigmund Freud. 
 
Contestando a perspectiva cristã do aparecimento da vida e do 
homem, e do próprio deusismo, Darwin estabelece outra hipótese 
sobre a origem do homem, defendida em suas obras On the origen 
of Species e The Descent of Main, escritas em 1859 e 1871, 
respectivamente. Darwin entendia que o homem evoluiu a partir de 
animais não humanos, sofrendo mutações e percorrendo um longo 
caminho até chegar ao estágio humano. É o que prega em sua 
“Teoria da Evolução”, contestada veemente pelos representantes 
da igreja, mas cuja influencia na classe intelectual até hoje é 
bastante razoável. 
 
Conquanto não aceita a teoria darwiniana sobre a origem do 
homem, também existe uma certa controvérsia em se admitir 
cegamente que a espécie humana está imersa em pecado devido á 
sua herança de Adão e Eva. 
Importa, em suma, que o universo é resultado de uma criação de 
Deus com finalidade. 
 
 
b) A Sociedade e o Crime 
 
Durkhein afirmava que “os fenômenos sociais são fatos naturais e 
devem ser estudados pelométodo natural, isto é, pela observação e, 
quando for possível, pela experimentação”. Ora, o crime é um 
fenômeno social e a criminalidade depende do estado social. Tenha 
o crime na sua gênese um fator exclusivamente endógeno 
(biológico) ou exclusivamente exógeno (meio ambiente), ou a 
combinação de ambos os fatores, é inegável que o crime é uma 
manifestação de vida coletiva, não fosse a existência de apenas 
duas pessoas considerada um grupo social. 
 
Não pode existir criminalidade fora de um estado social qualquer. 
Sendo o homem um animal gregário, sua vida em sociedade não 
implica, porém, em que não haja uma unidade de consciência 
social, pois esta nada mais é que a resultante das consciências 
individuais, que vão compor a maioria da unidade social. 
 
A noção de uma igualdade humana, dentro do grupo, é 
radicalmente falsa. A natureza animal não conhece a igualdade e 
toda filosofia zoológica repousa na desigualdade dos seres vivos e, 
entre eles, as desigualdades mais acentuadas são as que se 
verificam no ser humano. 
 
A desigualdade social é que induz á situações de conflitos, que 
podem terminar em criminalidade, entendo-se esta como todos os 
atos que constituem infração penal. 
 
A criminalidade, que não se concebe fora da vida grupal, nasce e se 
desenvolve dos interesses colidentes de seus componentes. É 
como se a criminalidade fosse uma oposição do indivíduo á 
sociedade. Por isso que também deriva de interesses 
personalíssimos. 
 
O crime, social na sua etiologia, visto que suscitado pela existência 
em sociedade, é antisocial nos seus efeitos. 
Distingue-se, assim, a criminalidade, por firmar um conflito de 
vontades: de um lado a vontade da sociedade, soma das vontades 
de seus integrantes ou resultado da volição da maioria, e, de outro 
lado, a vontade individual de quem perpetra o crime, ou seja o 
delinqüente. 
 
O crime, portanto, é o produto de dois fatores: o indivíduo 
(criminoso) e a sociedade. 
 
c) O Fato criminoso 
 
E. Glover, na obra The Roots of Crime, abordando o criminoso nato, 
comenta: “o crime representa uma das parcelas do preço pago pela 
domesticação de um animal selvagem por natureza(o homem), ou, 
é o resultado de sua domesticação mal sucedida”. 
 
Infere-se, desse conceito, que o homem, não sendo tratado como 
ser humano, transforma-se no mais violento e perigoso dos animais, 
posto que é o único que raciocina. 
 
Incontestável é que o crime emana, primordialmente, de fatores 
sociais e, como tal, adquire a imagem de uma fenomenologia 
individual e coletiva. 
 
d) O crime como fenômeno individual e coletivo 
 
As causas imediatas do crime se resumem nas condições do meio 
em que ele se verificou e na personalidade de seu autor no 
momento da ação. 
 
As condições ambientais e circundantes, na ocasião do crime, 
abrangem as circunstancias que permitiriam o desencadeamento do 
próprio ato, entre elas aquelas que tornaram permissível o seu 
cometimento e, por isso, prevalentes, como também as que teriam 
funcionado como inibidora do evento, mas que foram reprimidas. 
Assim, a miséria (que via de regra é a responsável por grande 
gama de delitos, figurando quase sempre como preponderante 
sobre circunstancias outras) pode, em determinada situação, não 
prevalecer, como o simples fato do indivíduo que iria praticar o 
crime e, á última hora, deixou de fazê-lo por temor ao respectivo 
castigo ou pena que, uma vez descoberto,viria a sofrer. O castigo 
funcionou, aí, como freio inibidor. 
 
 
 
A outra causa do crime, ou seja, a personalidade do indivíduo na 
ocasião em que comete o crime, consiste naquilo que permite uma 
predição de como uma pessoa agirá em uma determinada situação. 
Essa personalidade do homem, com suas vivencias atuais e, de 
outra forma, sempre condicionada pelo modo de ser relativamente 
constante ou habitual do indivíduo, aí residindo as características 
dessa decantada personalidade. No fato, por exemplo, do marido 
que surpreende a mulher em adultério, a reação difere de um para 
outro indivíduo. Existem aqueles que reagem violentamente 
(matando um ou ambos), e aqueles que enfrentam a tragédia 
passivamente (separação, perdão, reconciliação). 
 
 Todos esses mais diversos comportamentos são comportamentos 
justificados pelas vivências e pela forma de ser de cada um desses 
indivíduos, resumidas na personalidade de cada um. Essas 
capacidades ou predisposições, ou tendências, denominam-se 
disposições individuais. É evidente que se a disposição daquele que 
optou pelo crime, no caso do adultério, por exemplo, for de tal 
monta que revela tendência para a prática futura de outros delitos, 
ele deve ser encarado como um indivíduo perigoso para a 
sociedade. Mas, nem sempre é assim, pois, o homicida por 
adultério, tem um prognóstico relativamente favorável no terreno da 
criminalidade, visto que sua infração resultou de um forte abalo 
moral que, provavelmente, não repetir-se-á. O mesmo não se pode 
dizer do estelionatário habitual, no qual a mentira fraudulenta 
praticamente passou a fazer parte de sua segunda natureza e até 
de sua personalidade. 
 
De frisar que, na eclosão do crime, a personalidade e suas 
disposições que conduzem á prática do crime, são o resultado de 
uma evolução complexa, que vem desde o nascimento do indivíduo, 
o qual passa a possuir certas disposições, chamadas de tendências 
hereditárias, vindo a desenbocar na criminalidade hereditária. 
Goring sustentou que o elemento herdado não é a criminalidade 
como tal, mas sim, a inteligência deficiente. Na realidade, não há 
provas de que exista o denominado “criminoso nato”. Ninguém tem 
uma hereditariedade tal que deva ser inevitavelmente um criminoso, 
independentemente das situações em que é colocado ou das 
influencias que sobre ele exercem. Um temperamento fleugmático, 
que permite supor ser herdado, pode preservar uma pessoa de ser 
criminosa num ambiente, e torná-la criminosa noutro. 
Na formação da causalidade devem ser incluídos tanto o traço 
individual como a situação; nem um nem outra atuam isoladamente 
na produção do delito. Toda pessoa é um “criminoso potencial”, 
mas são imprescindíveis contatos e direção de tendências para 
torná-la criminosa ou desrespeitadora da lei. 
 
Ressalte-se, então, que as tendências hereditárias,constituídas por 
um mecanismo endógeno, têm a influenciá-las, por outro lado, o 
meio ambiente, isso ao longo de toda a vida do indivíduo. No campo 
da atuação do meio sobre as tendências hereditárias, devem ser 
consideradas, principalmente, a alimentação, a educação no lar e 
na escola, a influencia de parentes e outras pessoas, a convivência 
comunitária, a condição econômica, etc. A par disso, de realçar as 
influencias cósmicas, do clima, os hábitos de higiene e as 
condições de vida, as intoxicações, o alcoolismo, enfim, o chamado 
meio de desenvolvimento do indivíduo. 
 
Tratado o crime como fenômeno individual, assinale-se que a vida 
do homem em grandes centros urbanos implica em que ali sejam 
perpetrados inúmeros crimes. Isso demonstra, indesmentivelmente, 
o caráter de fenômeno coletivo da criminalidade. Isso aponta a 
criminalidade como fenômeno da vida societária, pouco valendo o 
argumento daqueles que, procurando combater o caráter de 
fenômeno coletivo da delinqüência, aduzem que esta outra coisa 
não é senão a somados crimes individuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPITULO 08 
DIVISÃO DA CRIMINOLOGIA 
 
CRIMINOLOGIA TRADICIONAL: 
1º - Escola Clássica 
2º - Escola Positiva 
3º - Escola Socialista 
 
CRIMINOLOGIA NOVA (CRÍTICA) 
1º - Microcriminalidade e Macrocriminalidade: 
 - Crime Organizado 
 - Crime do Colarinho Branco 
 - Crime de Lavagem de Dinheiro 
2º - Teoria do Labelling Approach 
3º - Teoria das Janelas Quebradas (Broken Windows Theory) 
 
HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA: 
 
1º - ESCOLA CLÁSSICA: Vigora o Direito Natural (Jusnaturalismo), 
pautado na fé e na crença nos deuses. O homem tem o livre 
arbítrio, ou seja, somente comete o crime se quiser. O crime atenta 
a ira dos deuses e, portanto, a pena, aqui, é uma espécie de 
castigo, de punição, de penalidade. 
 
Esta Escola apresenta 2 Fases: 
 
1ª) FASE EMPÍRICA OU MITOLÓGICA (ATÉ O SÉCULO XV): 
 
Não pretendemos localizar a gênese da Criminologia na época pré-
histórica, porque até 1875, (quando Cesare Lombroso dá início á 
Antropologia Criminal, publicando a famosa obra L”Uomo 
Delinqüente) o seu estudo não tem importância maior. O que se 
tem, até então, são idéias de pensadores, algumas válidas até os 
dias de hoje. (Platão, em uma de suas obras, já se referia ao furto 
famélico).Este período pode subdividir-se em: 
 
 
 
 
Este período pode subdividir-se em: 
 
a) Antiguidade remota; 
b) Antiguidade grega (Hipócrates, Platão e Aristóteles); 
c) Idade Média. Teólogos e sacerdotes (especialmente S. Tomás de 
Aquino). Ciências Ocultas. 
 
a) Antiguidade remota 
 
Nesta época não se encontra nada de concreto sobre Criminologia, 
nem entre hindus, sírios, fenícios, hebreus, etc. Somente existem 
algumas normas, como os “Tabu”, que deviam ser aplicadas para a 
segurança do grupo. Diante da transgressão de qualquer dessas 
normas surgia a reação instintiva de defesa, que correspondia á 
pena atual. Destaque deve ser dado ao famoso Código de 
Hamurabi (Babilônia), do Imperador Hamurabi (1728-1686 a.C), que 
possuía dispositivo punindo o delito de corrupção praticado por 
altos funcionários públicos. Possuindo alguns aspectos punitivos, 
também destaca-se a legislação de Moisés (séc. XVI a.C), parte 
integrante dos lIvros da Bíblia. 
 
Confúcio (551-478 a.C) com a reflexão: “tem cuidado de evitar os 
crimes para depois não ver-te obrigado a castigá-los”, demonstra o 
conhecimento da pena como gravame á uma má ação, o que, 
induvidosamente, no mínimo, implica no entendimento de algo que, 
bem mais tarde, viria a ser preocupação da Criminologia. 
 
b)Antiguidade grega (ou pagã) 
 
Entre os gregos citam-se muitos pensadores que emitiram opiniões 
ou conceitos de inegável fundamento ou inspiração criminológica: 
 
- Protágoras (485-415 a.C) sustentou o caráter preventivo da pena, 
falando no seu aspecto de servir de exemplo e não de expiação ou 
castigo, opinião que faz por conferir-lhe, talvez, a condição de 
precursor da Penologia, um dos ramos da Criminologia, que se 
ocupa com o fundamento e aplicação das penas como medida de 
repressão e defesa da sociedade. 
 
 
- Sócrates (470-399 a.C), pregador e grande oráculo grego, 
possuvelmente o homem mais importante que o mundo já conheceu 
mercê de sua sabedoria e humildade, e que, infelizmente, não legou 
nenhuma obra escrita para a posteridade, disse, através de Platão, 
divulgador de seus pensamentos, que “se devia ensinar aos 
indivíduos que se tornavam criminosos como não reincindirem no 
crime, dando a eles a instrução e a formação de caráter de que 
precisavam”. 
 
 
Hipócrates (460-355ª.C), conhecido como o “Pai da Medicina”, em 
sua obra Aforismos, emitiu conceito irretorquivelmente 
criminológico, ao dizer que “todo o vício é fruto da loucura”, 
afirmando, pois, que “todo o crime é fruto da loucura”. O delito, para 
Hipócrates, era um desvio anormal da conduta humana. 
 
- Platão (427-347 a.C), ao afirmar que “o ouro do homem sempre 
foi o motivo de seus males”, na obra A República, também emitiu 
conceito criminológico, ao pretender demonstrar que a ambição, a 
cobiça, a cupidez davam origem á criminalidade, ou seja, fatores 
econômicos são desencadeantes de crimes. Fundamentava a 
criminalidade em causas econômicas. 
 
Apregoava, outrossim, Platão, que o meio, as más companhias, os 
costumes dissolutos, podem converter as pessoas inexperientes, os 
jovens , em criminosos. Portanto, o criminoso é um produto do 
ambiente. Dizia que o criminoso era muito parecido com um doente, 
e que por isso, deveria ser tratado a fim de ser reeducado ou 
curado, se possível; e eliminá-lo do pais, se não fosse possível a 
cura. Platão foi o 1º a enfatizar o aspecto intimidativo da pena. Não 
se castiga porque alguém delinquiu, mas para que ninguém 
delinqua. 
 
- Aristóteles, em sua obra Política, tal como Platão, fundamentava 
a criminalidade em causas econômicas. Também afirmava que os 
delitos maiores não são cometidos para adquirir o necessário, mas 
o supérfluo. Isto, podemos constatar na vida diária como uma 
verdade incontestável. Em sua obra Retórica, Aristóteles estudou o 
caráter dos delinquentes, observando uma freqüente tendência á 
reincidência. 
 
c) Idade Média 
 
Inicia-se com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 
d.C, quando os denominados povos bárbaros o conquistaram, até a 
tomada de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, 
pelos turcos, em 1453, durante, portanto, nove séculos. 
 
Nesta época os escolásticos e os “doutores da igreja” não se 
preocupavam com o problema da criminalidade, até o surgimento 
de São Tomás de Aquino (1226-1274), aquele que viria a ser o 
grande criador da chamada “Justiça Distributiva” (que manda dar a 
cada um aquilo que é seu, segundo uma certa igualdade) e que, 
na Summa Contra Gentiles, afirmara que “a pobreza geralmente é 
uma incentivadora do roubo” e, na Summa Theológica, defendeu o 
chamado “furto famélico” que, nos dias atuais, na legislação penal 
brasileira, é consagrado como “estado de necessidade”, uma das 
quatro excludentes de crime. 
 
No século XIII, Afonso X, O Sábio, no Código das 7 Partidas, dá 
uma definição de assassintao e fala do crimen proditorium 
(premeditado) e do crimen sicatorium (mediante remuneração). 
 
Hoje, tais circunstâncias atuam como qualificadoras do delito de 
homicídio ou como agravantes: 
Vejamos. 
 
Art. 121, § 2º, CP (Homicídio Qualificado) 
I- mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 
torpe(crimen sicatorium) 
IV- á traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. 
 
Art. 61 CP. São circunstancias que sempre agravam a pena, 
quando não constituírem ou qualificarem o crime: 
II. ter o agente cometido o crime: 
a) por motivo fútil ou torpe; 
c) á traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. 
 
 
 
- Ciências Ocultas: Durante o período de transição da Idade Média 
para os chamados Tempos Modernos, ou seja, do século XIV ao 
século XVI, cita-se a influencia das denominadas “ciências ocultas” 
sobre as concepções do que viria a ser, bem mais tarde, conhecida 
como Criminologia. 
 
Em seu livro, Manual de Criminologia, chamando-as de “pseudo-
ciências”, Israel Drapkin relaciona as seguintes “ciências ocultas”: a 
Astrologia, a Oftalmoscopia, a Metoposcopia, a Quiromancia, a 
Fisiognomia, a Frenologia e a Demonologia. Vejamos cada uma 
delas: 
 
- Astrologia: estuda o destino e o comportamento do homem pela 
movimentação das constelações localizadas na faixa do Zodíaco; 
 
- Oftalmocospia: antecessora da Oftalmologia e da Irilogia, estuda 
o caráter do homem pela íris; 
 
- Metoposcopia: estuda o caráter do indivíduo pelo exame e 
observação das rugas da fronte; 
 
- Quiromancia: estuda o caráter do indivíduo com base na análise 
de seu passado, o que é feito pela “leitura” das linhas das mãos, 
prevendo, então, o futuro do indivíduo. 
 
- Fisiognomia: estuda o caráter do indivíduo pelo traços 
fisionômicos (rosto). 
 
- Frenologia: Originada da Fisiognomia, estuda o caráter do 
indivíduo pela conformação craneana. Recorda, á esse respeito, 
Israel Drapkin que, em Nápoles, o Marquês de Moscardi decidia, 
em última instância, os processos que até ele chegavam; a pena 
que sempre aplicava era de morte ou de prisão perpétua e 
terminava as sentenças com os seguintes dizeres: “ouvidas 
acusação e defesa e examinada a tua face e cabeça”, e prolatava, 
sem seguida, a sentença condenatória. 
 
- Demonologia: estuda os indivíduos pretensamente possuídos 
pelo demônio. Esta ciência propiciou o aparecimento, na Idade 
Média, da Psiquiatria. Naquela época, eram considerados como 
possuídos pelo demônio os loucos e os portadores de alienação 
mental (esquizofrênicos, epiléticos, etc), que eram sistematicamente 
caçados e encarcerados, quando não sacrificados pelos terríveis 
Tribunais da Inquisição espalhados pelo mundo. O mau 
comportamento do homem ou a sua má conduta, era interpretado 
como um morbus diabolicus, uma enfermidade diabólica, e os 
acometidos por ela tinham por remédio a queima pelo fogo 
purificador de uma fogueira humana. 
 
2ª) FASE DOS PRECURSORES DE LOMBROSO 
(RENASCIMENTO ATÉ 1875) 
 
Antes do aparecimento de Lombroso, que dá início ao período da 
Antropologia Criminal, do século XV até 1875, houve uma enorme 
gama de autores que podem ser considerados precursores da 
Criminologia. Entre eles destacam-se: 
 
1- Filósofos e pensadores, especialmente dos séculos XVI, XVII, 
XVIII; 
2- Penólogos e penitenciaristas; 
3- Fisiognomistas; 
4- Frenólogos; 
5- Psiquiatras e médicos de prisões. 
 
1- Filósofos e pensadores: 
 
a) Thomas Morus (1478-1535): publicou Utopia (obra de grande 
importância para estudos e consultas até os dias de hoje), onde 
descreve a enorme onda de criminalidade que assolava a Inglaterra 
nessa época. Em sua obra, Morus imaginava uma sociedade idílica 
(e essa era sua utopia), onde um governo organizado da melhor 
maneira proporcionaria boas condições de vida a um povo, que 
assim seria equilibrado e feliz. Morus dizia que em um país, quando 
o povo é miserável, a opulência e a riqueza ficam em poder das 
classes superiores e essa situação economicamente antípoda faz 
gerar um maior nº de crimes. Portanto, Morus já sinalizava o fator 
econômico como uma das causas da criminalidade. Morus 
propugnava por penas menos rigorosas e que elas fossem 
correspondentes á natureza dos delitos. Ele foi o 1º a expor a 
necessidade de graduar as penas proporcionalmente aos delitos. 
 
b) Martinho Lutero: influenciador de muitas revoltas camponesas 
na Alemanha, foi o 1º autor a distinguir uma criminalidade rural e 
outra urbana. 
 
c) Francis Bacon: admitia como causas determinantes da 
criminalidade, fenômenos socioeconômicos, no que foi acompanho 
por René Descartes. 
 
2-Penólogos e Penitenciaristas 
 
No início do século XVIII, não existiam propriamente prisões e as 
que havia mantinham-se em péssimas condições. Os juízes eram 
unilaterais e arbitrários. A confissão era a rainha das provas (regina 
probatione), obtida através de torturas. Os primeiros aspectos de 
prisões, que podem ser considerados como precursores das atuais, 
estabeleceram-se em Amsterdam (Holanda) em 1611. Os detentos 
eram submetidos à trabalhos forçados sem nenhuma utilidade 
prática, como moer pedras, extrair areia, etc. Contra este estado de 
coisas levantaram-se filósofos e humanistas, dentre eles: 
 
a) Montesquieu: escreveu a famosíssima obra O Espírito das Leis 
(L’esprit des lois), onde proclamava que o bom legislador era 
aquele que se empenhava na prevenção do delito, não aquele que 
simplesmente se contentasse em castigá-lo. “Ao invés de funcionar 
como castigo, a pena deveria ter um sentido reeducador”, dizia ele. 
 
b) Jean Jacques Rousseau: em sua obra de maior importância e 
divulgação, Contrato Social, assevera que, se o Estado for bem 
organizado,existirão poucos delinquentes e na obra Enciclopédia, 
diz que “a miséria é a mãe dos delitos”. 
 
c) Voltaire: dizia que o roubo e o furto são os delitos do pobre. Foi 
um dos primeiros a advogar o trabalho para os apenados. 
 
d) Jeremias Bentham: é o criador da doutrina do “utilitarismo, 
cujo lema é: “o maior bem estar para o maior número”. Nesta 
doutrina está envolvida a maior parte dos princípios da profilaxia da 
criminalidade. Bentham foi o 1º a referir-se á certas medidas 
preventivas do delito (substitutivos penais). 
 
 
e) John Howard: preocupou-se com especial devoção à melhoria 
das prisões. Visitou inúmeras prisões pela Europa, vindo a falecer 
de uma peste que adquiriu em uma delas. Escreveu uma importante 
obra sobre as prisões, denominada “The state of prison”, O Estado 
das Prisões. Howard é considerado o criador do sistema 
penitenciário. 
 
f) César Bonesana, “Marquês de Beccaria” (1738-1794): 
Escreveu a famosa obra Dos Delitos e das penas (Dei Delliti, 
Delle Pene), obra clássica e de leitura obrigatória nos dias atuais à 
todos aqueles que se interessam por criminologia. 
 
Beccaria nasceu em Milão, Itália, e teve a audácia, aos 27 anos de 
idade, de afrontar os costumes penais e as arbitrariedades da 
Justiça Criminal de seu tempo, publicando a obra Dos Delitos e das 
Penas na cidade de Livorno, de forma clandestina, temendo 
possíveis represálias. Tal livro causou muito impacto, sendo 
veemente atacado por todos aqueles que, de uma forma ou de 
outra, foram por ele atingidos ou porque não concordassem com 
suas proposições. 
 
Sua obra é um protesto contra o injusto, cruel e arbitrário 
procedimento da Justiça Criminal. Em um dos capítulos finais, dizia: 
“Para que todo o castigo não seja um ato de violência exercido por 
um só ou por muitos contra um cidadão, deve essencialmente ser 
público, pronto, necessário, proporcional ao delito, ditado pelas leis 
e o menos rigoroso possível, atendidas todas ascircunstancias do 
caso”. 
 
Seus principais postulados são: 
 
- A atrocidade das penas opõe-seao bem público (Princípio da 
humanização das penas); 
- As acusações não podem ser secretas (Princípio da Publicidade); 
- As penas devem ser proporcionais aos delitos (Princípio da 
Proporcionalidade das Penas); 
- As penas devem ser moderadas; 
- As penas devem ser previstas em lei (Princípio da Legalidade, da 
Anterioridade ou da Reserva Legal); 
- Somente os magistrados é que podem julgar os acusados 
(Princípio da Jurisdicionalidade); 
- Não se pode admitir a tortura do acusado por ocasião do processo 
(Princípio da Proibição de tortura, da Humanidade e da Dignidade); 
- O réu jamais poderá ser considerado culpado antes da sentença 
condenatória (Princípio da Presunção de Inocência); 
- Mais útil que a repressão penal é a prevenção dos delitos; 
- Não tem a sociedade o direito de aplicar a pena de morte nem de 
banimento. 
- O objetivo da pena não é atormentar o acusado e sim impedir que 
ele reincida e servir de exemplo para que os outros não venham a 
delinqüir; 
 
3- Fisiognomistas: 
 
Trata-se de uma ciência que procura estudar o indivíduo pela 
análise de suas expressões fisionômicas, ou seja, de seu rosto. 
Entre os principais fisiognomistas, destaca-se Charles 
Darwin (1809-1822), criador da famosa “Teoria da Evolução” (a 
evolução modifica o homem), e que trouxe inegável importância no 
que diz respeito á origem do homem, sendo que suas idéias foram 
influências para Lombroso, sobretudo quando este aborda sobre o 
atavismo, o qual é um conceito darwiniano. 
 
4 - Frenólogos: 
 
A Frenologia é uma ciência que estuda o indivíduo não só com base 
nas expressões fisionômicas, mas, também, com base na 
configuração do crânio. O criador da Frenologia tem sido Joseph 
Gaspard Lavater, porém, mais importante que ele para a 
Frenologia, é Johan Frans Gall, que foi o 1º a relacionar a 
personalidade do delinqüente com a natureza do delito por ele 
praticado. 
 
5- Psiquiatras e Médicos de Prisões: 
 
Eles foram verdadeiros precursores de Lombroso em sua tarefa de 
estudar o delinquente. Entre os psiquiatras devemos mencionar 
como grande figura de Felipe Pinel (1745-1826), criador da 
moderna Psiquiatria, que foi o 1º que conseguiu elevar o alienado 
da situação de pátria (excluído) á categoria de doente. Antes dele, o 
louco era considerado possuído pelo demônio e era acorrentado, 
torturado e banido do país. 
 
2ª - ESCOLA POSITIVA: Estuda as causas do crime. Afirma que 
este é o resultado de deformações e malformações congênitas, 
biológicas, físicas e psicológicas. O homem delinque não porque 
quer e sim porque é doente. Logo, a pena, aqui, não é castigo, e 
sim, tratamento. O homem é um criminoso nato, já nasce com 
tendência a delinquir, a violar as leis e é identificado pelo seu perfil 
físicobiológico. 
 
Este período é conhecido como Período da Antropologia Criminal 
ou Período de Lombroso. 
Vejamos: 
 
PERÍODO DA ANTROPOLOGIA CRIMINAL (LOMBROSO - 1875-
1890) 
 
a) LOMBROSO: 
 
Lombroso foi o criador da chamada Antropologia Criminal (ou 
Biologia Criminal, como a consideram os alemães), ciência que 
difere-se da Antropologia Geral, pois não estuda apenas o ser 
humano, mas sim o ser humano delinquente, ou seja, o homem 
criminoso, procurando analisar, também, os fatores individuais do 
crime (nele compreendendo os endógenos e os exógenos). 
 
Conhecer o homem é conhecer a razão humana, a essência dessa 
razão, o que o move através da História. Afinal, como dizia Marx, “o 
primeiro objeto do homem é o homem”. 
 
Lombroso preocupou-se com esses aspectos da História humana e 
estudou o homem, que através de suas ações, de seu 
comportamento, é considerado delinquente e, a esse homem, 
Lombroso conferiu caracteres morfológicos, como saliente em sua 
obra L’uomo Delinqüente, onde diz: “o estudo antropológico sobre 
o homem criminoso deve necessariamente basear-se nas 
suascaracterísticas anatômicas”. 
 
Lombroso nasceu em 1835, em Verona. Na juventude foi estudante 
de Medicina, havendo interessado-se especialmente pela 
Psiquiatria. Apenas formou-se em Medicina, ingressou no exército 
como médico militar e ao visitar os cárceres teve o primeiro contato 
com os criminosos. Depois ingressou nas prisões para criminosos 
alienados, chegando a ser médico do “manicômio judiciário” de 
Pesaro, onde praticou a autópsia em grandes delinquentes da 
Calábria e Sicília, chamados “grassatori”, tendo examinado muitos 
destes. O primeiro que lhe chamou a atenção foi um tal de Vilella, 
em cuja autópsia observou uma terceira fosseta occipital. Esse foi o 
“eureca” de Lombroso. 
 
Essa fosseta dá origem á sua teoria do “atavismo”, porque também 
é encontrada em alguns crânios de homens primitivos. 
 
De 1871 a 1876, Lombroso continua trabalhando com esses 
elementos e publica uma séria de folhetos sob o nome de “L’uomo 
Delinqüente”, que adquiriram tam importância e desenvolvimento, 
que a 6ª edição, publicada em Turim, em 1901, compreende 4 
volumes e 1 atlas. Lombroso é considerado o “Pai da Criminologia 
Moderna”. Seu grande mérito foi ter desviado a atenção da Justiça 
para o homem que delinqüe. 
 
- Teoria de Lombroso: 
 
Lombroso criou a “teoria do criminoso nato”, ou seja, um 
indivíduo que já nasce criminoso segundo seu aspecto físico, suas 
mal formações congênitas. Assim, para Lombroso, o criminoso já 
nasce criminoso, ou seja, é um delinquente nato, de acordo com 
sua aparência externa, biológica, antropológica. Ou seja, o 
criminoso, para Lombroso, tem cara de criminoso e já nasce com 
essa cara. O criminoso nato se explica, segundo esta teoria, pelo 
chamado “atavismo” que é o aparecimento, em um descendente, de 
um caráter não presente em seus ascendentes imediatos, mas sim 
em remotos, como por exemplo, se um membro de determinada 
família apresente uma polidatilia, que é a anomalia congênita de 
possuir dedos a mais que o normal, e não existir nessa família 
ninguém nas mesmas condições, dir-se-á que é uma malformação 
atávica. Lombroso chegou ao atavismo após fazer a autópsia no 
cadáver de Vilella, onde encontrou a terceira fosseta occipita lou 
média, a qual é encontrada também, em alguns crânios de homens 
primitivos. Lombroso julgou, também, ter encontrado relação entre a 
epilepsia e a chamada “moral insanity” (insanidade moral), ou seja, 
para ele todo o epilético era um criminoso nato e, pois, um doente 
mental. 
Segundo Lombroso, no delito epilético há algumas 
características que o distingue: 
 
- Ferocidade e multiplicidade extraordinária das lesões. O 
delinqüente epilético não provoca somente um ferimento, mas 
muitos; 
 
- O delinquente epilético não tem cúmplices; age sozinho, pois o faz 
fora de si; 
 
- Perde a lembrança do ato, esquece-o; pode lembrá-lo, ás vezes, 
porém, com imprecisão. 
 
- Características do homem delinquente para Lombroso: 
 
Lombroso, foi no fundo, um fisiognomista, pois imaginou ter 
encontrado, no criminoso, em sentido natural-científico, uma 
variedade especial de homo sapiens, que seria caracterizada por 
sinais (stigmata) físicos e psíquicos. Tais estigmas do criminoso 
nato, foram classificados em “taras”. 
 
Vejamos: 
 
1-Taras Anatômicas: São estas: 
 
- Fosseta occipital mediana (um pequeno crânio e, portanto, uma 
cabeça igualmente pequena). Acreditava, Lombroso, que quanto 
menor o volume e o peso do cérebro menos inteligência o indivíduo 
tinha e, portanto, seria um criminoso; 
- Maxilar inferior procidente (mandíbula grande); 
- Molares muitos grandes (dentuço); 
- Orelhas de abano; 
- Fartas sobrancelhas; 
- Dessimetria corporal; 
- Grande envergadura dosbraços e dos pés, etc. 
 
 
 
 
 
 
2-Taras Degenerativas Fisiológicas (funcionais) - São estas: 
 
- Daltonismo; 
- Mancinismo (surdez); 
- Insensibilidade á dor (tatuagens); 
- precocidade sexual, etc. 
 
Ao observar as tatuagens, chegou á conclusão rápida de que em 
vista das tatuagens, os delinqüentes teriam insensibilidade á dor, já 
que os delinqüentes seriam, em sua imensa maioria, tatuados. 
 
3-Taras Psicológicas – São estas: 
 
- Vaidade; 
- Ações impulsivas; 
- Tendências alcoólicas; 
- Negligência; 
- Superstições; 
- Uso de gírias; 
- Imprevidência; 
- Crueldade; 
- Instabilidade; 
- Indolência, etc. 
 
Classificação do homem delinqüente para Lombroso: 
 
Cesare Lombroso classificava os criminosos consoante se segue: 
 
- Criminoso nato: era por ele encontrado entre 30% e 35% da 
massa delinquente, ou seja, num termo médio de 33%. 
- Criminalóide: conceito puramente lombrosiano, que se refere ao 
meio delinquente, similar ao “meio louco”. Considerava-se aqui, os 
pseudo-delinquentes que já tivessem tido contato nos cárceres com 
os criminoso natos e que já não podiam ser considerados pseudo-
delinquentes, porque já possuíam certa malícia criminal. 
 
 
 
 
Nos seus estudos para definir o criminoso nato, Lombroso primeiro 
o comparou á um selgavem, por ser a conduta do criminoso nato 
parecida com a dos homens das cavernas; depois comparou-o com 
a criança, baseado no egocentrismo desta, por sua vaidade e 
egoísmo. Mais tarde, sem abandonar essas teorias, referiu-se á 
loucura moral e, somente no final dos estudos, focalizou a epilepsia. 
 
Consequências da teoria de Lombroso 
 
As consequências da teoria lombrosiana foram, em sua época, 
extraordinárias. Não houve ramo do Direito Penal onde não se fez 
sentir-se a influencia da teoria de Lombroso. Estremeceu o edifício 
do Dto. Penal até os seus alicerces. 
 
Sustentava que ao criminoso nato, por sua própria natureza, não 
cabia a aplicação de pena, e se é encarcerado, comete-se uma 
injustiça, porque para Lombroso o criminoso nato é um doente. 
 
Foi Lombroso quem 1º falou da necessidade de segregá-lo da 
sociedade, isolando-o, para que deixasse de ser perigoso, quer 
dizer, torná-lo inofensivo. Esta seria uma medida preventiva, como 
as que agora são adotadas relativamente aos alienados (medidas 
de segurança). 
 
Lombroso recomenda certos tipos de penas para o criminoso, como 
duchas frias, trabalhos pesados, exercícios exaustivos; porém, 
prescreve de forma categórica o uso da tortura. Para os alienados 
recomendava o “manicômio judiciário”. Para os velhos, propunha a 
internação em hospícios, não aceitando para eles a prisão, por 
considerá-los incapazes de continuar cometendo delitos. Só 
aceitava a pena de morte em casos graves, por julgá-la muito 
dolorosa. 
 
No campo da Política Criminal, a contribuição mais importante de 
Lombroso, foi recomendar a segregação do delinquente como 
defesa social, mesmo antes que cometa seus delitos, quer dizer, 
enuncia o conceito de periculosidade pré-delituosa. Dizia Lombroso 
que, diante de um delinqüente nato, não se deve esperar que este 
cometa um delito, mas deve ser segregado da sociedade antes que 
o faça. 
 
Críticas à teoria de Lombroso 
 
Após um certo período de apogeu (sobretudo com a publicação de 
sua famosa obra O Homem Delinquente), os adversários de suas 
ideias, a começar por seu sucessor na cátedra da Universidade de 
Turim, Francesco Carrara e outros integrantes da chamada Escola 
Clássica de Direito Penal (Filangieri, Fuerbach, etc) trouxeram à 
colação todos os aspectos falhos da Antropologia Criminal, 
culminando, através de inúmeras pesquisas que empreenderam, 
por fulminarcom a figura do criminoso nato. 
 
Principais críticas feitas á teoria de Lombrosiana: 
 
1ª- Avaliar a criminalidade com base na aparência física. Para 
Lombroso, todo o indivíduo que tivesse as características já 
mencionadas era um criminoso nato. Contudo, é certo que há 
delinquentes que apresentam os traços lombrosianos; mas também 
encontramos esses traços em homens inteligentes não 
delinquentes, ou mesmo em débeis mentais não delinquentes, 
como também, há criminoso que não apresentam tais traços. As 
características anatômicas das anormalidades morfológicas são 
próprias tanto dos delinquentes como dos não delinquentes; 
2ª- Avaliar a criminalidade com base na epilepsia. Para Lombroso, 
todo o epilético era um criminoso em potencial. Comprovou-se 
haver epiléticos delinquentes, da mesma maneira que não 
delinquentes; 
 
3ª- Avaliar a criminalidade com base em taras degenerativas 
(daltonismo, surdez, precocidade sexual, tatuagens, etc.) ou taras 
psicológicas (vaidade, crueldade, uso de gírias, tendências 
alcoólicas, etc). Se é verdade que nos criminoso observam-se 
muitas destas taras, não é menosverdade que há indivíduos 
normais que também as apresentam e criminosos que não 
apresentam nenhuma. 
 
 
 
 
 
 
4ª- Declarar a incapacidade de reeducação e readaptação do 
homem “tarado” (delinquente). No entanto, atualmente sabemos 
que quando essas “taras” são desviadas a tempo, podem ser 
evitadas e é possível conseguir-se a readaptação e reeducação dos 
tarados. 
 
Não obstante as inúmeras críticas que são feitas, a teoria de 
Lombroso tem o mérito extraordinário – que imortalizará seu nome- 
de haver desviado a atenção do fato delituoso para o homem 
delinquente. 
 
b) ENRICO FERRI (1856-1929) 
 
Publicou sua obra Sociologia Criminal em 1914, sendo considerado 
o criador da Sociologia Criminal, malgrado esteja ele incluído na 
Escola de Antropologia Criminal, até porque, foi o que mais fez pelo 
prestígio da Antropologia Criminal. 
 
Enrico Ferri deu relevo não só aos fatores biológicos, como também 
aos sociológicos, além dos físicos. Salientou, ele, a existência do 
trinômio causal do delito, composto por fatores antropológicos, 
sociais e físicos. 
 
Foi também quem 1º classificou as causas dos delitos em três 
grupos: biológicas, físicas e sociais: 
- Causas Biológicas: a herança, a constituição genética, etc; 
- Causas Físicas: o meio ambiente (clima, umidade, etc); 
- Causas Sociais: o ambiente social. 
 
Agrupa, pois, os fatores mencionados em 2 grupos: endógenos e 
exógenos. 
 
- Endógenos: causas biológicas 
- Exógenos: causas físicas e sociais. 
 
A polêmica mais importante que se originou foi estabelecer quais os 
fatores que mais influem na conduta do indivíduo criminoso: os 
endógenos ou os exógenos? O criminoso nasce ou é feito? 
Lombroso, Ferri e Garófalo eram partidários dos fatos endógenos 
(ele nasce criminoso). 
 
Para Ferri o importante não é castigar e sim prevenir. 
 
Ferri teria sido o criador da expressão “criminoso nato”, isto em 
1881. É o que ele próprio admite em seu livro “Os Criminosos na 
Arte e na Literatura”, onde, em determinado trecho, expõe: “os 
delinquentes a que eu dava, em 1881, o nome de criminosos 
natos”. 
 
Classificação do homem delinquente para Ferri: 
 
Classificou os criminoso em 5 tipos, a saber: 
 
- Nato: tipo instintivo de criminoso, descrito por Lombroso,com seus 
estigmas de degeneração; 
- Louco: não só o alienado mental, como, também, os semi-loucos, 
os fronteiriços; 
- Ocasional: aquele que eventualmente comete um delito; 
- Habitual: o indivíduo que faz do crime a sua profissão; 
- Passional: aquele que é levado ao crime pelo ímpeto, pelo 
arrebatamento. Cometem o delito impulsionados por uma paixão 
que explode como cólera, em virtude de um amor contrariado, de 
uma honraofendida. Geralmente são mulheres e cometem o crime 
sem premeditação. São indivíduos que têm alguma coisa de louco. 
 
c) RAFAEL GARÓFALO (1852) 
 
O magistrado Garófalo foi o criador do termo “Criminologia”, 
para quem seria a ciência da criminalidade, do delito e da pena. 
 
Em razão de sua orientação naturalista e evolucionista, o ponto de 
partida de sua doutrina é a conceituação do que chamou de “delito 
natural”. Examinou em sua obra, também, a classificação de 
criminosos, que acabou por formular. Seu livro data de 1884, já com 
o nome de Criminologia. 
 
Garófalo era um jurista, tendo sido ministro da Corte de Apelação 
de Nápoles. Elaborou sua concepção de delito natural partindo da 
idéia lombrosiana do criminoso nato e, assim sendo, afirmava que, 
se existia um criminoso nato, deveria, necessariamente, existirem 
delitos que fossem considerados como tal, em qualquer lugar ou 
época. 
 
Para chegar á definição de delito natural, Garófalo procurou a parte 
mais profunda e essencial dos sentimentos humanos. 
 
Observou que tanto Lombroso como Ferri evitaram definir o que 
consideravam delito. Garófalo propôs-se a isto. Passou a observar 
grupos sócias de diferentes épocas e chegou á conclusão de que o 
conceito de delito era completamente diferente entre povos 
distintos. Assim, o fato de causar a morte de um indivíduo, que é o 
crime de homicídio, em outras épocas foi somente um costume. 
 
Em vista disto, encaminhou suas investigações em outro sentido, 
buscando quais éramos sentimentos indispensáveis para a 
conveniência social e chegou á essa conclusão: são indispensáveis 
a piedade e a probidade, definindo, então, o seu “delito natural”: 
 
- Delito Natural: “Ofensa aos sentimentos altruístas fundamentais 
de piedade e probidade, namedida média em que os possua um 
determinado grupo social”. 
 
Classificação do homem delinqüente para Garófalo: 
 
Baseado nesse conceito, Garófalo fez a sua própria classificação 
dos delinqüentes: 
 
- aqueles que vão contra o sentimento de piedade: assassinos. 
- aqueles que vão contra o sentimento de probidade: os ladrões. 
- aqueles que atentam contra ambos os sentimentos: os 
salteadores, “grassatori”. 
- aqueles que atentam contra os costumes: criminoso sexuais ou 
cínicos. 
 
Para Garófalo, há duas maneiras de se tratar os delinqüentes: 
 
- Os que cometem delitos legais, estabelecidos em textos positivos 
como Códigos, regulamentos,etc: bastaria uma simples advertência 
e a obrigação de reparar o dano; 
- Os que cometem delitos naturais, ou seja, próprios de criminosos 
natos: pena de morte ou expulsão do país. Tais fatores levantaram 
uma onda de indignação contra ele. 
 
4º - ESCOLA SOCIOLÓGICA (1890-1905) 
 
O crime é produto do meio social, sobretudo de fatores econômicos. 
 
O período sociológico compreende todas as teorias que se 
ergueram para combater a teoria lombrosiana, calcada nos fatores 
endógenos como causadores de criminalidade, ao passo que, as 
doutrinas sociais e do meio ambiente, sustentavam que os fatores 
exógenos eram efetivamente os mais importantes ocasionadores do 
delito. 
 
A Sociologia Criminal surgiu em meados do século XIX e teve a 
influência de Augusto Comte e Adolphe Quetelet. 
a) Augusto Comte: 
 
É considerado o fundador da Sociologia Moderna (ciência abstrata 
que tem por fim a investigação de leis gerais que regem os 
fenômenos sociais). 
 
b) Adolphe Quetelet: 
 
Foi o criador da Estatística Científica, dando origem ao 
aparecimento da Estatística Criminal. 
 
Escreveu Física Social, em 1835, no qual formula 3 princípios: 
 
- o delito é um fenômeno social; 
- os delitos se cometem ano após ano com total precisão; 
- vários fatores influenciam no cometimento do crime, como a 
miséria, o analfabetismo, o clima, etc. 
 
Fulcrado nesses 3 princípios, ele estabeleceu as chamadas “Leis 
Térmicas de Quetelet: 
 
I- no inverno se cometem mais delitos contra a propriedade, donde 
se deduz que nesta época do ano são maiores as necessidades 
para a sobrevivência do homem; 
 
 
II- no verão se cometem mais crimes contra a pessoa, devido á 
efervescência maior das paixões humanas, provocada pelo 
aquecimento pelo sol; 
 
III- os delitos sexuais são mais freqüentes na primavera, 
considerando a exacerbação da atividade sexual nessa época. 
 
Doutrinas sociais que prevaleceram nesse período: 
 
1º) Teorias Antropo-Sociais 
 
Pretendem relacionar, de certo modo, os princípios de Lombroso 
com os sociais. 
 
Segundo estas teorias, o meio social influi sobre o delinqüente 
antropologicamente nato, predispondo-o á cometer delitos. 
Entendem que o criminoso pode nascer comcerta predisposição ao 
crime, porém, sem chegar a aceitar o delinqüente nato, preferindo o 
termo “predisposto”. 
 
Assim, aceitam a influencia de fatores endógenos que predispõe o 
indivíduo a cometer crimes. 
 
São tais teorias sustentadas por Lacassagne e Manouvrier. 
 
- Lacassagne, no primeiro Congresso de Antropologia Criminal de 
Roma, em 1885, combateu as teorias lombrosianas. Escreveu duas 
obras de importância, as quais têm repercussão, até hoje, em todo 
o mundo. 
 
A primeira enunciava: “À maior desorganização social, maior 
criminalidade; á menor desorganização social, menor 
criminalidade”. 
 
Foi o autor dessa conhecida frase: “As sociedades têm os 
criminosos que merecem”. 
 
 
 
 
Na segunda, comparava a sociedade com um meio de cultivo, e 
afirmava que “a sociedade é um meio de cultivo que abriga em seu 
seio uma série de micróbios que são os delinquentes e que estes 
não desenvolverão se o meio não lhes for propício”. 
 
Resumindo, podemos dizer que para Lacassagne, os fatos sociais 
atuam sobre o sujeito “predisposto”; substituiu o conceito de nato 
pelo de predisposto. 
 
- Manouvrier: Professor de Antropologia da Universidade de Paris, 
não tem outro mérito que não seja ter sido o braço direito de 
Lacassagne na sua luta contra as doutrinas de Lombroso. 
 
2ª) Teorias Sociais Propriamente Ditas 
 
É eliminado todo o fator endógeno e se dá importância exclusiva 
aos fatores exógenos (meio social), ou seja, o criminoso não nasce 
criminoso, mas transforma-se em um por influencia do meio social. 
Dentre os vários autores destaca-se Gabriel Tarde. 
 
- publicou 3 obras importantíssimas: “A Criminalidade Comparada”, 
publicada em 1886, “As Leis da Imitação”, publicada em 1890 e “A 
Filosofia Penal”, publicada em 1890. 
 
“A Criminalidade Comparada”: Tarde demonstra que há 
indivíduos que são inadaptáveis ao meio em que vivem e essa 
inadaptação decorre de 3 causas: 
 
- A inércia (dolce far niente); 
- A facilidade de reações impulsivas: por falta de convivência social; 
- A incapacidade para um trabalho regular e sistemático: a rotina da 
nossa época é algo que destrói ao indivíduo melhor organizado. 
Nunca se enfatizou o quanto a rotina influi em nós. Temos que 
possuir uma constituição especial, sujeita a um conceito moral e um 
respeito extraordinário pela comunidade para que possamos viver 
neste mundo. 
 
 
 
 
“As Leis da Imitação”: Tarde diz que a delinqüência é um 
fenômeno fundamentalmente social e que o moto que ativa o 
conglomerado social é a imitação. Observou o seu mundo 
contemporâneo, verificando que 90% das pessoas não possuem 
espírito de iniciativa. Os restantes 10% são os que possuem alguma 
iniciativa e, somente 1% têm espírito verdadeiramente inovador. O 
restante, ou seja, a esmagadora maioria, seja por fraqueza, seja por 
incapacidade de afastar-se do meio, seja por comodismo, não

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