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MEGA-CRIMINOLOGIA

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SOBRE A AUTORA:
ALYNNE PATRÍCIO DE ALMEIDA SANTOS possui graduação em Bacharelado em Direito pela
Universidade Federal do Ceará-UFC (2003). Especialista em Ciências Penais pela Universidade do
Sul de Santa Catarina-UNISUL. Desde 2004 é Defensora Pública do Estado do Piauí atualmente
titular da 8a Defensoria de Familia. Vice Presidente da OAB Seccional Piauí. Professora de Direito
Penal, Direito Processual Penal e Legislação Penal Especial em preparatórios no Instituto INAPI e
Themas Cursos. Professora da Pós graduação em Ciências Criminais da Escola do Legislativo e
da CESVALE. Coach de Carreiras Jurídicas formada pelo Instituto Brasileiro de Coaching. Já foi
Professora da Faculdade Tecnológica do Piauí-FATEPI e da Faculdade Maurício de Nassau-FAP
Teresina. 
E BOOK PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO DE DELEGADO PC PR
MÓDULO DE CRIMINOLOGIA
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO /ÍNDICE
CRIMINOLOGIA 
1. Conceito. Pág. 02
2. Objeto: delito, delinquente, vítima e controle social. Método da Criminologia. Pág. 04
3. Nascimento da criminologia. Iluminismo. Pág. 13
4. Escolas da criminologia. Escola liberal clássica. Pág. 13
5. Criminologia positivista. Ideologia da defesa social. Teorias psicanalíticas da
criminalidade e da sociedade punitiva. Teoria estrutural-funcionalista do desvio e da anomia.
Teoria das subculturas criminais. Escola de Chicago. Teoria da Associação Diferencial.
Labelling Approach. Teoria crítica. Pág. 16
6. Temas especiais de criminologia. White-collar crime. Pág. 35
7. Sistema de Justiça Criminal: Polícia, Ministério Público e Poder Judiciário.
Segurança pública. Mídia e criminalidade. Política criminal de drogas. 
8. Discursos punitivos. Tolerância zero. Direito penal do inimigo. Política criminal
atuarial. Pág. 50
9. Abolicionismo e direito penal mínimo. Pág. 57
E-mail: alynnepatricio@gmail.com Ig: @alynnepatricio 
#VemcomaMega
E-mail: alynnepatricio@gmail.com Ig: @alynnepatricio 
#VemcomaMega
3
1. CONCEITO
Inicialmente, devemos analisar a criminologia por seu conceito.
A criminologia pode ser conceituada como a ciência empírica (humana e social) que
busca estudar o crime, o criminoso, a vítima, o controle social, bem como todas as
circunstâncias que envolvem o fenômeno do crime.
Na definição de GARCÍA-PABLOS DE MOLINA
“(...) trata-se de uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do
crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento
delitivo(...).”
Inicialmente, a palavra CRIMINOLOGIA fora utilizada por RAFFAELE GAROFALO.
Porém, há indícios de que esta palavra já teria sido utilizada anteriormente, por
TOPINARD.
Diz-se que a criminologia é uma ciência empírica porque ela trabalha sobre bases
concretas, através da análise dos acontecimentos no mundo real, e não meramente
abstratos, utilizando-se, portanto, do método da observação e da experimentação.
Entende-se a criminologia, ainda, como uma ciência INTERDISCIPLINAR, eis que
como seu objeto de estudo é por demais amplo, ela necessariamente se vale de
outros ramos da ciência como forma de auxílio (Dentre elas a psicologia, a
sociologia, a antropologia, etc.).
Embora seja reconhecida pela maioria da Doutrina como uma ciência autônoma em
relação ao Direito Penal, há quem defenda sua vinculação ao Direito Penal.
Contudo, prevalece, com acerto, a separação entre ambos.
O Direito Penal é uma ciência meramente NORMATIVA, que analisa o fenômeno do
crime do ponto de vista da transgressão da norma pura e simplesmente, e as
consequências que dessa transgressão advirão.
A Criminologia, por sua vez, é uma ciência CAUSAL-EXPLICATIVA, ou seja, busca
explicar o delito não como mera violação à norma, mas tendo em conta todas as
suas causas (sejam elas psicológicas, biológicas, sociais, etc.), bem como se volta
à análise do delinquente numa perspectiva ressocializadora (PREVENÇÃO
ESPECIAL).
ATENÇÃO!!
Ciência autônoma: a Criminologia é entendida como ciência autônoma e independente, por
possuir função, métodos e objetos próprios. Logo, é incorreto afirmar que a Criminologia é
um ramo, sub- ramo, “braço”, complemento ou extensão de outro ramo do saber (exemplo:
a criminologia não é um “braço do Direito Penal);
Empirismo: trata-se de todo conhecimento proveniente da experiência, captado pelo
mundo externo, físico, por meio dos sentidos. A Criminologia visa chegar a conclusões
seguras por meio de casos concretos, reais, de crimes, observado os detalhes do ocorrido,
tais como o local do crime, comportamento da vítima, motivações e comportamento do
criminoso, reação da sociedade, etc. Após a observação dos fatos (empirismo ou método
experimental) é que a Criminologia chega a uma conclusão;
Email: alynnepatricio@gmail.com Ig: @alynnepatricio #vemcomamega
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4
Interdisciplinaridade: apesar de se tratar de ciência autônoma, a Criminologia reÚne e leva
em consideração os resultados de outros ramos do saber, tais como a sociologia, biologia,
psicologia, medicina legal, etc. Ademais, importante diferenciar interdisciplinaridade de
multidisciplinaridade. A interdisciplinaridade (característica da Criminologia) é mais profunda,
reunindo conhecimento de outros ramos do saber que convergem entre si, chegando a
conclusões harmônicas, uniformes. Por outro lado, a multidisciplinaridade (não é
característica da Criminologia) é mais esparsa, na medida em que apresenta diversas
conclusões de vários ramos do saber, cada qual chegando a resultados de modo
independente, ou seja, cada qual apresentando sua visão de determinado ponto de
vista sem a preocupação de considerar as demais visões.
Além disso, quando se busca a origem do crime, a Criminologia se vale da chamada
Etiologia Criminal: ciência que estuda as origens e causas do crime, também
chama de Criminogênese (Gênese=origem + crime).
Sendo assim, definida a Criminologia, como forma de afastar qualquer dÚVida,
podemos destacar o que a Criminologia não é:
 Não é teorética: não se limita aos mundo das ideias, mas possui aplicação prática;
 Não é normativa: a ciência que prescreve regras (define crimes) e sanções é o
Direito Penal. Conforme já tratamos, a Criminologia é ciência empírica;
 Não é ciência do “dever ser”: O Direito Penal é um bom exemplo de ciência do
“dever ser”, preocupando- se em prescrever condutas para que as pessoas não as
pratiquem. Já a Criminologia, por analisar os fatos por meio dos sentidos, busca
identificar a realidade em si, ou seja, a Criminologia é uma ciência do “ser”.
 Não é uma ciência exata: em se tratando de ramo do saber operado por seres-
humanos, analisando fatos e outros seres-humanos, a Criminologia é uma ciência
humana, passível de erro, sem conclusões de caráter insofismável, ao contrário das
ciências exatas.
Tanto o Direito Penal como a Criminologia analisam o CRIME, só que cada um
analisa por um prisma próprio. Assim:
CRIME
DIREITO PENAL: PRISMA NORMATIVO
CRIMINOLOGIA: PRISMA EXPLICATIVO CAUSAL
Resumindo, a criminologia é a ciência que estuda: 
1 - As causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da
criminalidade;
2 - As manifestações e os efeitos da criminalidade e da periculosidade preparatória
da criminalidade e, 
3 - A política a opor, assistencialmente, à etiologia da criminalidade e da
periculosidade preparatória da criminalidade, suas manifestações e seus efeitos. 
ATENÇÃO!!
1) Direito Penal:
a) Analisa os fatos humanos indesejáveis, definem quais devem ser rotulados
como crime ou contravenção, anunciando suas respectivas penas;
b) Ocupa-se do crime enquanto norma.
Ex: define como crime lesão no âmbito doméstico e familiar.
2) Criminologia:
a) Ciência Empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o comportamento
da sociedade;
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b) Ocupa-sedo crime enquanto fato.
Ex: quais os fatores contribuem para a violência doméstica e familiar.
3) Política Criminal (um braço da criminologia):
a) Trabalha estratégias e meios de controle social da criminalidade;
b) Ocupa-se do crime enquanto valor.
Ex: estuda como diminuir a violência doméstica e familiar.
2. OBJETO: DELITO, DELINQUENTE, VÍTIMA E CONTROLE SOCIAL. MÉTODO DA
CRIMINOLOGIA
Embora tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupem em estudar o crime,
ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal.
O Direito Penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal
para a qual fixa uma punição, conceitua crime como conduta (ação ou omissão)
típica, antijurídica e culpável (corrente causalista).
Por seu turno, a Criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro
fenômeno comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber:
 a incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato
isolado);
 a incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à
comunidade);
 persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o delito ocorra
reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território) e;
 -consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a
criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e
sua repercussão na sociedade).
Desde os primórdios até os dias de hoje a Criminologia sofreu mudanças
importantes em seu objeto de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava
do estudo do crime (Beccaria), passando pela verificação do delinquente (Escola
Positiva). Após a década de 1950, alcançou projeção o estudo das vítimas e
também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de seu
objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista.
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes: delito,
delinquente, vítima e controle social. Vimos anteriormente que na Criminologia
tradicional a vítima e o controle social não integravam a ciência enquanto objeto de
estudo.
Dessa forma, temos que até o século XX, tínhamos apenas o estudo do delito e do
delinquente, vindo somente depois a Criminologia se preocupar com o estudo da
vítima e do controle social.
Com isso reforçamos a fixação com o seguinte questionamento:
Hoje em nosso atual estágio de evolução científico, podemos considerar somente o
crime e o criminoso para análise criminológica?
Não. Diversos fatores influenciam, desde fatores físicos; ambientais; local onde o
crime é cometido. Até aspectos relacionados com o clima e momento político devem
ser verificados. Pontos relacionados à sociologia; valor de sucesso; sociedades
competitivas; modelo de sistema de governo; etc.. Tudo isso pode influenciar e
deixar essa análise mais complexa e completa. Por essemotivo os atuais objetos
da Criminologia são 04 (quatro): Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social.
Temos que por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi
embasado pelos ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo
subdividido em dois: DELITO e DELINQUENTE. Nos meados do Século XX,
particularmente de sua metade até os dias atuais, foram acrescentados dois outros
pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje, portanto, é pacífica a
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divisão do objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO, DELINQUENTE,
VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL.
Qual seria então o objeto da criminologia?
O estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social (objeto atual) e que
trata de fornecer uma informação segura sobre a gênese, dinâmica e variáveis
principais do evento delitivo.
Delito - iniciamos esse objeto com a seguinte provocação:
O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo do que para o Direito Penal?
Não. O que temos no Direito Penal é uma ciência normativa, lógica e abstrata, para
criar, sobretudo normas penais incriminadoras e assim viabilizar a persecução
penal. Por certo prisma podemos concordar que o Direito Penal trabalha com o
estudo do fenômeno da criminalidade, em sua prevenção. Nesse sentido, o Direito
Penal pode sim ser considerado uma forma jurídica abstrata de controlar a
sociedade.
Conforme exposto acima, tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupam
em estudar o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal.
O direito penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal
para a qual fixa uma punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação
ou omissão) típica, antijurídica e culpável (corrente causalista). Já a Criminologia vê
o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno comunitário.
Para a criminologia, somente se pode falar em delito se a conduta preencher os
seguintes elementos constitutivos:
a)incidência massiva na população: reiteração na sociedade. Exemplo: incomodar
cetáceo não é um comportamento que se repete diuturnamente na sociedade brasileira.
Portanto, embora a conduta seja crime para o Direito Penal (art. 1º da Lei 7.643/87), para a
criminologia lhe falta esse requisito.
b)incidência aflitiva: produção de dor à vítima e à sociedade. Exemplo: utilizar
inadequadamente a expressão couro sintético não traz aflição para a comunidade, embora
se trate de delito para o Direito Penal (art. 1º da Lei 4.888/65 e art. 196 do Código Penal),
para a criminologia é um irrelevante.
c)persistência espaço-temporal: prática ao longo do território por um período de
tempo relevante. Exemplo: a conduta de desatarraxar o esguicho do para-brisa do
Fusca, conduta que virou febre na década de 60, não deve receber tratamento
criminal especial.
d)consenso sobre sua etiologia e técnicas de intervenção: concordância sobre
suas causas e métodos de enfrentamento. Exemplo: o consumo imoderado de
bebida alcoólica não tem contra si uma rejeição ampla e pacífica, daí porque não
deve ser considerado crime.
Delinquente:
Não apenas o crime interessa à criminologia. O estudo do delinquente se mostra
muito sério e importante. Dentro da Criminologia, as diversas escolas existentes,
tanto as surgidas no âmbito da Criminologia Tradicional quanto da Criminologia
Moderna, apresentam diferentes elementos sobre o delinquente. Conhecer cada
uma dessas correntes é fundamental, e nada melhor que compreender “quem é o
criminoso” em cada uma para dominar as demais questões da ciência criminológica.
Quem é o delinquente, quem é o criminoso para a Criminologia?
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7
Não iremos esgotar os conceitos de delinquente para a Criminologia, mas de forma
didática apresentaremos conceitos trazidos pelas Escolas Clássica, Positiva,
Correcionalista, sobre o que seria delinquente para os Marxistas e qual seria o
conceito de delinquente para a moderna e atual Criminologia.
Delinquente – Escola Clássica:
(lembrando que a Escola Clássica encontra-se na etapa pré-cientifica da
Criminologia)
Quem era o delinquente para os Clássicos?
Era o pecador que optou pelo mal. Tal conceituação se dava porque os clássicos
acreditavam no livre-arbítrio, na vontade racional do homem.
(para os clássicos o delinquente era aquele indivíduo que, por um juízo de valor seu
‘pessoal’ optou por cometer crimes).
Nesse passo, ao optar realização de delitos o homem acabava por romper um elo
de confiança com a sociedade, ou seja, quebrava de certa forma um ‘contrato
social’(link com Contrato Social de Rousseau). Contrato social grosso modo foi um
modelo criado para que um Ente fictício pudesse regulamentar sociedade.
(Antes do modelo do Contrato Social, a sociedade vivia em“guerra”, no sentido de
os mais fortes e armados para o combate, vencia).
Hoje essa não é mais uma realidade (ou pelo menos não deveria ser). Atualmente
contamos com instrumentos jurídicos para solucionar os conflitos existentes entre
os indivíduos. E para que chegássemos ao modelo que temos hoje, algumas
liberdades foram limitadas pelo Estado para que houvesse a harmonia na
sociedade.
O crime para os clássicos seria então uma opção do homem que resultava na
“quebra5
do contrato social”, ou seja, mesmo diante do livre arbítrio optava por ser um
delinquente, infrator da norma.
Delinquente – Escola Positiva/Positivista:
(aqui já estamos dentro da etapa científica da Criminologia)
Quem era o delinquente para os Positivistas?
Os Positivistas de uma forma geral consideravam que o homem delinquente era um
ser anormal, problemático, que possuía essa característica em seu DNA (nascia
selvagem e criminoso) ou ainda que poderia ser influenciado por fatores físicos,
sociais, antropológicas. Para Garofalo, o homem possuía uma anomalia psíquica e
moral (como se fosse um déficit moral) e esse fato justificava as condutas
criminosas.
Resumindo, para os positivistas o criminoso seria um prisioneiro de sua própria
patologia ou de processos causais alheios. Assim, para eles o problema do crime
estava sempre no criminoso.
Delinquente - Escola Correcionalista:
(Escola pouco mencionada pela doutrina. Não teve influência na América do sul. Um
ou outro país Latino baseou-se nos estudos apresentados por essa Escola. Dessa
forma não será estuda na linha do tempo das Escolas Criminológicas, justamente
por não trazer muitos conceitos e influências à Criminologia do Brasil além de não
ser objeto de cobrança em provas).
Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista, na
qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar por si próprio,
merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade.
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Para a Escola Correcionalista o delinquente era um animal inferior, um ser débil. E
como um animal inferior e débil o Estado não deveria puni-lo, mas sim protegê-lo e
orientá-lo.
Resumindo, temos que para a Escola Correcionalista a atitude do Estado deveria
ser sempre a de proteção e orientação.
Observação - Talvez a única influência que o Brasil tenha tido com os estudos da
Escola Correcionalista, tenha sido no tratamento dado ao adolescente infrator.
(A Delegacia de Infrações cometidas por menores em Minas Gerais, por exemplo, é
chamada Delegacia de Orientação e Proteção ao Menor Infrator).
Assim, se o menor está em estágio de amadurecimento mental, intelectual, o
Estado deve agir para orientá-lo e protegê-lo, dando o tratamento adequado para
que ele possa entender o caráter ilícito de seus atos e de alguma forma se
ressocializar, evitando que essa prática se torne frequente.
(Reflexão: justamente por esse motivo é necessário analisar com cautelosos
critérios a questão da menoridade penal).
Delinquente – Marxismo:
Quem era considerado culpado pela criminalidade para Marx?
A própria sociedade, diante de certas estruturas econômicas. O modo de criação
capitalista para essa parcela dos estudiosos era o que fomentava as desigualdades
sociais e potencializava as condutas criminosas.
Para os adeptos dessa Escola, atribui-se a responsabilidade do crime a
determinadas estruturas econômicas, de maneira que o criminoso torna-se mera
vítima daquelas.
Delinquente – Criminologia Atual/Moderna:
Segundo o professor Sérgio Salomão Shecaira (Molina fala um pouco disso
também), o conceito atual de delinquente seria aquele em que o indivíduo está
sujeito às leis podendo ou não segui-las por razões multifatoriais.
Nessa linha, o delinquente é examinado como unidade biopsicossocial, e não de
uma perspectiva biopsicopatológica – os elementos biológicos, psicológicos e
sociais ajudam a entender a conduta, mas não são determinantes de forma absoluta
(fim da relação causa-efeito do paradigma etiológico).
Vítima: quando falamos em vítima na Criminologia, 03 principais assuntos costumam cair
em prova:
Períodos Históricos (análise da importância da vítima em toda nossa história);
Tipos de vitimização (vitimização primária, secundária e terciária);
Classificação das vítimas;
Outro aspecto do objeto da criminologia se relaciona com o papel da vítima na
gênese delitiva. Nos dois últimos séculos, o Direito Penal praticamente desprezou a
vítima, relegando-a a uma insignificante participação na existência do delito.
Nesse cenário, temos que a vítima passou a ser objeto de estudo da Criminologia a
partir do século XX, momento em que tivemos uma ampliação dos objetos de
estudos dessa ciência.
Historicamente, a figura da vítima observou 03 (três) fases bem delineadas:
Protagonismo (Idade de Ouro): esse período surge desde os primórdios da civilização e
estendeu-se até o fim da alta Idade Média. No protagonismo a vítima atuava como detentora
do Poder Punitivo e “reinava” a autotutela, a vingança privada, a Lei de Talião, “Olho por
Olho, Dente por Dente”.
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9
Neutralização (Esquecimento): no final da Alta Idade Média a vítima foi de certa forma
neutralizada, caindo no esquecimento. O Estado tomou para si o monopólio da punição, não
se preocupando mais com a vítima. A única relação que passou a existir foi a entre o Estado
(que pune) e o infrator (que era punido). Não mais importava nesse momento histórico se a
vítima ficou (ou não) traumatizada, se não teve (ou não) seus bens restituídos, etc.
Exatamente nesse período institutos importantes como a legítima defesa, foram
esquecidos pelas legislações. (registre-se: foram esquecidos propositalmente).
Redescobrimento (Revalorização): Somente após as ideias do Liberalismo
Moderno, com ênfase no período pós-guerra, é que no tivemos o atual momento da
vítima que chamamos de redescobrimento, revalorizaçãoA visão sobre a pessoa da
vítima passou a ter contornos mais humanos, o Estado passou a se preocupar com
ela, seus sentimentos, etc.. É exatamente nesse momento que tivemos a criação da
chamada “Vitimologia” que, para muitos tem autonomia de ciência. (não se trata de
unanimidade, alguns defendem essa tese).
O Brasil tem exemplos legislativos dessa preocupação com a vítima? Sim.
 Lei 9.807/99 - Lei de Proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas;
 Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais.
 (Temos ainda no mesmo sentido a Justiça Restaurativa, a Mediação, enfim, todos
esses instrumentos que tentam evitar uma judicialização).
Vitimização: aproveitando o estudo da VÍTIMA como objeto da Criminologia, é
pertinente que façamos algumas considerações sobre os tipos de vitimização.
Vitimização seria o sofrimento suportado pela vítima em razão de um evento
traumático, (para a Criminologia - o crime). Assim, quando falarmos em vitimização
devemos entender como sendo o sofrimento causado a vítima em decorrência de
um crime.
A vitimização por sua vez apresenta-se das seguintes formas:
Vitimização Primária: sofrimento suportado pela vítima em razão dos efeitos direitos e
indiretos da conduta criminal.
Cuidado: na vitimização primária temos efeitos da conduta criminal, mas os efeitos
DIRETOS e INDIRETOS que possuem relação com a CONDUTA, com a AÇÃO do
criminoso.
Ex: vítima de roubo – efeito direto: subtração do patrimônio, indireto: trauma pela
violência.
Vitimização Secundária: sofrimento suportado pela vítima em razão da burocratização
estatal, aquele sofrimento suportado perante das fases de inquérito e processo, por
exemplo.
Ex: a vítima de crime sexual que optou por denunciar os fatos e acionar a polícia:
Conta todos os fatos inicialmente ao membro da políciaque atendeu a ocorrência;
Dá informações à equipe de apoio;
Dá informações ao Delegado;
Declarações a termo;
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mailto:alynnepatricio@gmail.com
10
Submete-se a exame de corpo de delito;
Audiência; Etc.
Vitimização Terciária: sofrimento suportado pela vítima em razão da omissão estatal e da
estigmatização pela sociedade.
Ex: certamente a vítima de crimes sexuais não terá um tratamento (social,
psicológico, ...) adequado após o ocorrido, assim como não terá também o amparo
da sociedade.
Vitimização primária é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela
conduta criminosa.
Vitimização secundária é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o
Estado, em face da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público
etc.).
Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que
extrapola os limites da lei do país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos,
pelo Estado e estigmatizada pela comunidade, incentivando a cifra negra (crimes
que não são levados ao conhecimento das autoridades).
Classificação das Vítimas – (Mendelsohn)
(Temos em Criminologia uma infinita classificação de vítimas, uma pior que a outra,
e iremos perceber que a classificação de Mendelsohn é também uma classificação
problemática, mas será objeto de estudo por um único motivo: é cobrado nas provas
de Delegado de Polícia, e é cobrado exatamente da forma que será explicada a
seguir).
Veja que Mendelsohn classifica as vítimas em critérios, ou seja, em gradações.
Vítima completamente inocente – (vítima ideal): vítima que não provoca e não colabora
com a ação criminosa.
Vítima de culpabilidade menor – (vítima por ignorância): ocorre quando31 há o impulso
não voluntário, mas que de alguma forma contribui com a ação criminosa.
(exemplo de Mendelsohn – costuma cair em provas – casal de namorado que está
na varanda do apartamento e olham a sacada do apartamento do vizinho e
resolvem lá praticar sexo. O vizinho invadido, chegando a seu apartamento e vendo
a cena de sexo explícito em sua sacada, lesiona ambos os indivíduos).
Veja que a conduta das vítimas de certa forma contribui para que fossem
lesionados, vez que a ação criminosa e desmedida do vizinho se deu porque havia
alguém praticando sexo em sua residência.
Vítima voluntária ou tão culpada: para Mendelsohn essa vítima pode ao mesmo tempo
ser vítima e criminoso.
(exemplo de Mendelsohn – roleta russa). O sobrevivente da roleta russa responde
por algum crime? Há discussão, mas prevalece que responde por indução,
instigação e auxílio, porque o ato é praticado pela própria pessoa.
Vítima mais culpada que o infrator: (Cuidado para não confundir com a vítima por
ignorância)
-Vítima provocadora: aquela que incita o autor do crime.
-Vítima por imprudência: (a classificação mais complicada de Mendelsohn):
aquela que ocasiona o acidente por não se controlar, ainda que haja uma parcela de
culpa do autor.
Vítima unicamente culpada: essa classificação de vítima se subdivide em outras 03 (três):
Vítima infratora: aquela que comete o crime e depois se torna vitima.
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11
Exemplo – aquele que pula o muro de residência para matar o morador e é morto
pelo mesmo em decorrência de legítima defesa.
Vítima simuladora: aquela que por premeditação culpa uma terceira pessoa gerando erro
no judiciário.
Vítima imaginária: aquela que sofre de grave transtorno mental e, ou ela acusa uma
pessoa inocente, ou relata um crime que nunca existiu.
Observação- Cuidado: Veja que a diferenciação entre a vítima simuladora
e a vítima imaginária é a existência de um transtorno mental.
Controle Social:
Toda convivência mínima em sociedade precisa de mecanismos e de instrumentos
que assegurem a harmonia de seus membros. Busca-se a prevalência dos padrões
de comportamento sociais dominantes.
Nesse sentido, podemos destacar o conceito do professor Paulo Sumariva que
define controle social como “o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais
que pretendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas de
convivência social”.2
A sociedade possui dois sistemas de controle: Controle/Agentes Informais e
Controle/Agentes Formais.
Vejamos cada um:
Controle/Agentes sociais INFORMAIS:
São constituídos por aqueles indivíduos ou grupos responsáveis pela formação da
base humana fundamental, caráter pessoal do indivíduo (sociedade civil), possuindo
finalidade preventiva e educacional.
Podemos citar como exemplos: família, escola, igreja, profissão, círculo de
amizades, a opinião PÚblica etc.
Sua importância se dá pelo fato de que tais agentes atuam na vida do indivíduo
desde a infância, razão pela qual são "doutrinados" num determinado
comportamento que atuará de forma positiva à serem mais ou menos aceitos na
sociedade.
Controle/Agentes sociais FORMAIS:
Trata-se da chamada ultima ratio (Última razão/trincheira do Estado no controle
social), de modo à intervir sempre que os mecanismos de controle informal falharem
na prevenção da criminalidade.
Em síntese, como o próprio nome já sugere (formal), são compostos por órgãos e
instrumentos constituídos pelo Estado.
São exemplos: Polícias, Poder Judiciário, Ministério PÚblico e a Administração
PÚblica, conjunto de agentes denominados como Sistema da Justiça ou Justiça
Criminal.
O Controle Social formal é classificado por seleções / instâncias:
Primeira Seleção / instância / primário: Apresenta-se com o início da persecução
penal, visando esclarecer a autoria, materialidade e circunstâncias do crime.
Caracteriza-se pela atuação da Polícia Judiciária (Polícia Civil e Federal). Já cai em
concursos o fato de que a Polícia Civil é polícia judiciária integrante do controle
social formal (justamente por este motivo, o objeto de estudo da criminologia que
melhor representa a atuação da polícia judiciária é o controle social).
Segunda Seleção / instância / secundário: Caracteriza-se pela atuação do
M i n is t ér i o P Ú blic o , com a oferta da denÚncia em face do delinquente.
Terceira Seleção / instância / terciário: Com a tramitação do processo judicial
(recebimento da peça acusatória até a condenação definitiva), caracteriza-se com a
participação do Poder Judiciário.
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Métodos da Criminologia
A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma
indutiva, e não dedutiva, como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza um
método empírico, observando a realidade para analisá-la e extrair das experiências
as consequências, o Direito Penal faz uso do método dedutivo, partindo da regra
geral para o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se à criminologia interessa
saber como é a realidade, para explicá-la e compreender o problema criminal, bem
como transformá-la, ao Direito Penal só lhe preocupa o crime enquanto fato descrito
na norma legal, para descobrir sua adequação típica. A criminologia se baseia mais
em fatos que em opiniões, mais na observação que nos discursos ou silogismos.
A presente matéria se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência
empírica e experimental que é, utiliza-se da metodologia experimental, naturalística
e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no entanto, para
delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos
métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico.
Nessa linha, corroborando ao exposto (Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual
esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 8. ed. – São Paulo
: Saraiva Educação, 2018): Método é o meiopelo qual o raciocínio humano procura
desvendar um fato, referente à natureza, à sociedade e ao próprio homem.
No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases
científicas, sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando
buscar a realidade que se quer alcançar. A criminologia se utiliza dos métodos
biológico e sociológico.
Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da
metodologia
experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo
suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência
disso, busca auxílio
dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. Observando
em
12 
minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus
estudos. Os fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da
criminologia são informar a sociedade e os poderes constituídos acerca do crime,
do criminoso, da vítima e dos mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a
criminalidade (controle e prevenção criminal).
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal,
com a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc.
Métodos da Criminologia
Método Empírico – análise e observação da realidade. O Criminólogo é alguém que
vai in loco, para estudar aquilo que pretende. Sendo assim, se o objeto de estudo
de determinado criminólogo é o estudo de crimes cometidos em zonas rurais, ele
certamente irá se deslocar a até as zonas rurais para que possa verificar todos os
fatos e pontos relevantes. (irá conversar com os agricultores, analisará o ambiente,
as pessoas, os índices, ou seja, vai realizar uma verdadeira observação da
realidade, para somente depois tirar/elaborar certas conclusões).
Questão – Empírico é o mesmo que experimental?
Cuidado. Algumas obras de Criminologia trazem essas expressões como sinônimas
trazendo que Criminologia é uma ciência experimental, mas atenção, Molina faz
essa advertência e é muito relevante. Embora a maior parte da análise da
observação da realidade seja empírica e experimental, não é sempre que isso
acontece.
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Pode ser que na prática seja inviável essa experimentação, ou que ela seja até
mesmo ilícita.
Exemplo: Criminólogo quer fazer um estudo da influência do uso de drogas e
eventual potencialidade delitiva.
Ele poderá fazer uma análise empírica desse fenômeno, e para isso bastará se
deslocar aos locais onde usuários vivem e frequentam, onde consomem drogas,
onde eventualmente praticam os crimes, e poderá ainda, caso aceitem, entrevistá-
los.
No entanto, esse criminólogo poderá experimentar essa realidade, fazendo uso de
drogas para ver a potencialidade e influência desta para o cometimento de delitos?
Não. No Brasil essa conduta não poderia ser realizada, isso porque o simples fato
dele importar a droga para consumo caracterizaria o crime previsto na lei
11.343/2006, isso sem contar os efeitos nocivos que a substância iria causar em
seu organismo, estando esse violando sua integridade física e saúde, em razão do
consumo.
Método Indutivo – seria aquela análise de uma situação particular para uma
situação geral. Com isso o criminólogo irá analisar situações particulares e
concretas para depois tecer algum tipo de conclusão. (assim ele estaria “indo” de
baixo para cima).
Questão – O Direito Penal usa o método indutivo, principalmente na aplicação da lei penal?
Não. O Direito Penal usa o método inverso (dedutivo). Primeiro nós temos o tipo
penal incriminador (saímos de uma situação abstrata) para depois verificar se a
conduta praticada pelo agente se “encaixa” na norma incriminadora.
Podemos ter a conduta e depois criar um tipo penal incriminador visando puni-la?
Sabemos muito bem que não. Princípio da Anterioridade da Norma Penal.
Aqui ainda podemos mencionar uma relação entre o método empírico e o dedutivo,
vez que o criminológo parte da análise do caso concreto (realidade), para depois
tecer comentários, conclusões.
Observação: muitos podem se questionar: Mas na Exposição de Motivos, na
criação de normas penais, não podemos ter a contribuição da Criminologia na sua
análise empírica?
Claro que pode, mas não é um método do Direito Penal na aplicação da lei penal.
Método Interdisciplinar - A Criminologia seria uma disciplina interdisciplinar porque
para a criação de seu conhecimento específico/ científico, vai se utilizar da
contribuição de diversos outros ramos, de diversas outras ciências.
Quando trabalhamos com Direito Penal, vamos buscar fundamentação jurídica,
Teorias Nacionais, Teorias Estrangeiras, Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, Teoria
da Norma, Teoria da Pena, do Crime, etc..
Na Criminologia, para a produção desse conhecimento, várias outras disciplinas irão
auxiliar, como por exemplo: Psicologia Criminal, Biologia Criminal, Geografia
Criminal, Sociologia Criminal, etc..
Cuidado: isso não quer dizer que a Criminologia não tem um conhecimento próprio.
Ela cria seu conhecimento científico baseado na contribuição de diversas outras
áreas.
Observação: essas considerações mencionadas serão as que encontraremos na
maioria das obras sobre Criminologia, contudo, é necessário fazer uma observação
quanto à obra
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 “Manual Esquemático de Criminologia”, do Delegado de Polícia do Estado de
São Paulo, Nestor Sampaio Penteado Filho, que adota como método da
criminologia os métodos Biológicos e Sociológicos.
E com relação a esses métodos, ele quer dizer que em uma análise da realidade,
partindo de uma situação particular, trabalhando com essa cooperação de diversas
disciplinas, a Criminologia usa também de métodos biológicos e sociológicos, não
ficando restrita a questão biológica, ou somente a sociológica. Sendo assim
cuidado, porque mesmo que essasexpressões sejam minoritárias no meio das
doutrinas, vez ou outra, os concursos para Delegado de Polícia vêm cobrando.
(principalmente no estado de São Paulo).
3. NASCIMENTO DA CRIMINOLOGIA. ILUMINISMO
Afinal, quando surgiu a Criminologia?
Muito cuidado com a indagação acima, especialmente diante de uma prova
em concurso PÚblico. Isso porque não há um consenso quanto à origem da
Criminologia.
Qualquer pergunta nesse sentido deverá estar munida de elementos específicos em
sua indagação, de modo a questionar sobre a origem de algum aspecto relevante
para a história da Criminologia.
Nesse sentido, abaixo apontaremos os principais marcos históricos relacionados
com o estudo da Criminologia:
(a) O termo “Criminologia”: criado por Rafaelle Garofalo em sua obra
Criminologia, de 1885;
(b) Marco científico da Criminologia: prevalece, segundo a maioria, ter surgido
a partir dos estudos de Cesare Lombroso (para alguns, surgiu antes com os estudos
estatísticos de Adolphe Quetelet);
(c) Criminologia como estudo de fenômenos sociais: para os adeptos da
corrente que defendem uma criminologia resumida nos estudos de fenômenos sociais, sua
origem se dá com os trabalhos de Adolphe Quetelet;
(d) Criminologia abrangendo a política-criminal: segundo aqueles que
entendem que Criminologia absorve a política-criminal, sua origem ocorre com Cesare
Bonesana (Marquês de Beccaria);
(e) Criminologia no Brasil: tem origem com os estudos de João Vieira de
ARAÚjo, no final do século XIX, ganhando relevância, posteriormente, com os estudos de
Raimundo Nina Rodrigues.
4. ESCOLAS DA CRIMINOLOGIA. ESCOLA LIBERAL CLÁSSICA
ESCOLA CLÁSSICA / RETRIBUCIONISTA (Século XVIII)
De fato, não houve escola autointitulada de clássica. A expressão
“clássica” foi empregadapejorativamente por Enrico Ferri (defensor da Escola
Positivista), com o intuito de passar a ideia de que a Escola Retribucionista (nome
original) defendia ideias ultrapassadas, retrógradas. Todavia, visando
facilitar a compreensão, adotaremos daqui em diante a expressão Escola
Clássica, por ser comumente utilizada em concursos pÚblicos.
A Escola Clássica, fortemente influenciada pelo Iluminismo (movimento filosófico),
foi desenvolvida no século XVIII contrapondo-se ao regime absolutista que vigorava
à época.
Lutou pela imposição de limites ao poder punitivo estatal, como expressão de
garantias e direitos individuais de todo cidadão.
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Centralizou os estudos sobre o crime, por meio do método dedutivo (ou lógico-
abstrato), segundo a qual parte de um princípio geral, presumindo por
consequências lógicas, para posteriormente ser aplicado aos casos concretos (ideia
geral por meio da dedução).
Importante destacar que a Escola Clássica parte de duas premissas (teorias):
 Jusnaturalismo (Direito natural, de Grócio): direitos que decorrem da natureza
humana. São direitos que independem de reconhecimento do Estado justamente por serem
inerentes à natureza eterna e imutável do ser humano;
 Contratualismo (Utilitarismo ou Teoria do Contrato Social, do iluminista Jean-
Jacques Rousseau): em síntese, parte da ideia de que o Estado tem origem a partir de um
grande pacto firmado entre os cidadãos. Segundo Rousseau, neste “pacto” os homens
decidem por ceder parcela de seus direitos e de sua liberdade em prol da segurança de
toda a coletividade.
Principais carcaterísticas:
 A punição do criminoso é baseada em seu livre-arbítrio: considerando que o indivíduo
é um ser dotado de livre arbítrio, ao escolher praticar o mal ao invés do bem deverá ser
responsabilizado por suas escolhas;
 Baseando-se nos valores do Iluminismo, não considera o crime como uma ação, mas
sim como um ente jurídico
(ficção jurídica);
 Por meio dos estudos de seu principal expoente (Cesare Bonesana, o Marquês de
Beccaria), insurge-se em oposição as torturas e violações aos direitos fundamentais
praticados pelo antigo Estado absolutista;
 Considerando o fato de que o Direito Penal tem a finalidade de proteção de bens
jurídicos, defendem a pena como o meio (instrumento) desta proteção;
 A pena deve possuir caráter retributivo diante da culpa moral do criminoso. Assim,
visando prevenir o delito, a pena deve ser certa, aplicada com celeridade, ser severa
(visando castigar o criminoso e intimidar os demais), para que seja capaz de alcançar a
ordem social. É justamente por conta do caráter retributivo da pena que a Escola Clássica
é também chamada de Retribucionista;
.
 A pena deve ser proporcional ao crime praticado, deve ser certa, conhecida e justa
Partindo da ideia de que o criminoso deve ser responsabilizado conforme sua culpa
moral e livre-arbítrio, vale acrescentar o fato de que duas teorias contemporâneas
se alicerçaram nos pensamentos da Escola Clássica:
Teoria da Escolha Racional (Teoria de Escolha ou Teoria da Ação Racional): cunhada
por Clark e Cornish, destaca que a conduta do criminoso surge a partir de uma decisão
racional. Segundo esta teoria, o criminoso, ao ponderar os benefícios que poderá alcançar
com a prática criminosa em detrimento dos riscos incorridos, acaba por escolher o crime
quando a primeira opção (ganhos) supera a segunda (riscos).
Teoria das Atividades Rotineiras: idealizada por Felson e L. E. Cohen, também considera
o crime como fruto de uma escolha racional do criminoso entre custos e benefícios, todavia,
por ter sofrido forte influência da Escola de Chicago, considera que fatores externos podem
influenciar o indivíduo a praticar crimes, criando, portanto, um ambiente propício à
criminalidade. Considera especialmente 3 fatores como motivadores ao criminoso: (a)
criminoso motivado; (b) vítima ou alvo apropriado; e, (c) ausência de vigilância.
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Por fim, importante destacar os principais nomes que defendiam a Escola Clássica:
Cesare Bonesana (também conhecido como Marquês de Beccaria), Francesco
Carrara, Giovanni Carmignani, Jean Domenico Romagnosi, Jeremias Bentham,
Franz Joseph Gall e Anselmo Von Feuberbach.
ATENÇÃO! DICA DA MEGA!!
ESCOLA CLÁSSICA: CBF
Carrara
Beccaria
Feuberbauch
Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria)
Foi o principal expoente da Escola Clássica.
Principal obra: Dos Delitos e Das Penas (“dei delitti e dele pene”), de 1764
– apresentando uma nova forma de pensar o sistema punitivo, a obra tem
grandes impactos até os dias atuais.
Apesar da sua forma de abordagem nitidamente filosófica, a obra se volta contra os
excessos punitivos, marca dos regimes absolutistas, pretendendo humanizar a
resposta do Estado à infração Penal.
Destacam-se como grandes ideias de Cesare Bonesana:
 Fez surgir o chamado movimento humanitário em relação ao Direito de punir estatal.
Beccaria mostrou- se sempre contrário às penas de caráter cruel e principalmente a
desigualdade das penas determinadas pelas classes sociais entre os delinquentes
(quanto mais pobre mais cruel seria a pena/se rico, a pena era benevolente);
 Beccaria foi um contratualista, igualitário, liberal e individualista. Abusava do critério de
dedução, formulando princípios “a priori”, e deduzindo depois;
 Sendo o expoente da Escola Clássica, Beccaria inspirou-se na filosofia de Montesquieu,
Hume e Rosseau, basenado seu pensamento nos princípios do contrato social, do direito
natural e do utilitarismo;
 Defendia que a pena deveria ser aplicada somente por um juiz togado, despido de
qualquer juízo de valor (não havia margem para o juiz interpretar a lei, devendo se limitar
em aplica-la);
 Defendia os princípios da imparcialidade do julgador, da publicidade dos processos, da
proporcionalidade das penas e repudiava acusações secretas;
 Defendia o amplo acesso ao conhecimento das leis.
Francesco Carrara
Jurista italiano, foi fortemente influenciado pelas lições de Beccaria.
Responsável por atribuir a concepção de delito como ente jurídico, segundo a
qual o crime não pode ser considerado como mero fato, mas uma relação de
contrariedade entre a conduta humana e a lei, sendo constituído por duas forças:
 Força Física: mero movimento corpóreo e o dano efetivo causado pelo delito);
 Força Moral: vontade consciente e livre do criminoso.
 Ponto importante e divergente da Escola Clássica é o fato de que Carrara não defendia a
ideia de que a pena deveria servir como retribuição pelo mal causado pelo criminoso, mas
sim como o meio necessário que visa eliminar uma ameaça contra a sociedade.
5. Criminologia positivista. Ideologia da defesa social. Teorias psicanalíticas da
criminalidade e da sociedade punitiva. Teoria estrutural-funcionalista do desvio e da
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anomia. Teoria das subculturas criminais. Escola de Chicago. Teoria da Associação
Diferencial. Labelling Approach. Teoria crítica. 
ESCOLA POSITIVISTA (Século XIX)
ATENÇÃO!! DICA DA MEGA!!
ESCOLA POSITIVA: LFG
Lombroso
Ferri
Garofalo
Também chamada de Escola Positiva ou Criminologia Positivista, surgiu no início do
século XIX no continente europeu, influenciadas pelos iluministas e fisiocratas do
século anterior.
Teve como principais expoentes e defensores os italianos Cesare Lombroso,
Enrico Ferri e Rafaelle Garofalo (diante da enorme importância de cada um deles,
os estudaremos em tópicos próprios).
A Escola Positivista surge em completa contraposição à Escola Clássica,
rechaçando as suas principais ideias, a começar pelo método:
A Criminologia Positivista utiliza o método empíricoe indutivo (experimental):
trabalha com casos concretos, partindo de características específicas para, só após,
fixar conclusões gerais. Primeiro se conhece a realidade para depois explica-la.
Importante: este é o legado mais importante da Escola Positivista, tendo em vista
que a criminologia moderna se vale deste método até os dias atuais.
Vale destacar que para os positivistas o crime passa a ser visto como um fato
natural, decorrente da vida em sociedade. Contrariando a Escola Clássica
(defensora do indeterminismo, a Escola Positivista passa a defender o
determinismo e, com isso, enxerga o criminoso como um ser anormal, desprovido
de livre-arbítrio, sob os prismas biológico e psicológico.
Partindo deste pensamento, a pena passa a ter função preventiva (não mais de
castigo), sendo um in Apesar da raiz científica do positivismo residir nesses estudos
e dados estatísticos, a organização de seus princípios e aclamação ocorreu apenas
no final do século XIX, começando com os estudos de Lombroso. Cuidado: ainda
assim, para a maioria da doutrina, o marco científico da criminologia começa com
Cesare Lombroso.
A Escola Positivista possuiu três fases distintas, uma para cada um de seus grandes
expoentes, a saber:
Fases da Criminologia Positivista
Antropológica: Cesare Lombroso: Tinha como objeto principal de estudo aspectos
físicos do criminoso
Sociológica: Enrico Ferri: Passa a buscar resultados de outros ramos do saber, e,
com isso, adota quatro vertentes de combate ao crime: meios reparatórios,
preventivos, repressivos e excludentes
Jurídica : Rafaelle Garofalo: Introduziu as ideias positivistas no ordenamento
jurídico, por meio de leis e entendimentos
Cesare Lombroso
Foi o principal expoente da Escola Positivista, lhe rendendo até mesmo o título de
pai da Criminologia, segundo a maioria da doutrina.
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Principal obra: O Homem Delinquente, de 1876 – dando início a ciência
criminológica por meio da observação, levantamento de dados, análises e
conclusões.
Lombroso foi o responsável por cunhar o método indutivo-experimental na
Criminologia, em contraposição aos ensinamentos da Escola Clássica.
Valendo-se do método empírico, apesar de não ter formulado nenhuma teoria,
Lombroso foi responsável por estruturar e organizar diversos estudos criminológicos
até então dispersos.
Como médico legista, realizou mais de 400 autópsias de criminosos e mais de 6.000
análise de delinquentes vivos e, ao final, trouxe contornos científicos para a teoria
do criminoso nato (apesar de a expressão ter sido criada por Ferri).
Examinando o crânio de um criminoso multirreincidente, bem como outras
características físicas, Lombroso encontra uma série de anomalias, e, daí, avista
desta estranha característica do crânio do criminoso examinado, pensava ter
resolvido o problema da origem do comportamento criminoso. Ou seja, partia do
pressuposto de que o delinquente já nascia delinquente diante de algumas
malformações diagnosticáveis por meio de exames externos.
O problema é que ao considerar que com tais anomalias o criminoso mais cedo ou
mais tarde escolheria o crime (criminoso nato), aceita-se a aplicação da pena
antes mesmo da prática do crime – inclusive penas de morte e de caráter
perpétuo.
Eis as premissas básicas de sua teoria: atavismo (herdava as características de
criminoso de seus ancestrais), degeneração epilética e delinquente nato. Lombroso
ainda destaca características físicas: “fronte fugidia, crânio assimétrico, cara
larga e chata, grandes maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo (na maioria
dos casos), barba rala, olhar errante ou duro, etc.”, além de concluir que
algumas tatuagens e até mesmo o alcoolismo eram comuns aos dementes. 
Enrico Ferri
Discípulo e genro de Cesare Lombroso, Enrico Ferri foi escritor, político e
criminólogo.
Principal obra: Sociologia Criminal, de 1914 – apontava os fatores antropológicos,
sociais e físicos como as causas do delito.
Ferri foi além dos estudos e conclusões de Lombroso (que focava nos aspectos
antropológicos do delinquente), defendendo a tese de que a delinquência decorria
também de fatores sociais e físicos (além dos fatores antropológicos). Sendo
assim, segundo Ferri, são causas do crime:
Causas Antropológicas: organismo individual, psique, idade, raça, sexo, etc.
Causas Físicas: estações do ano, temperatura, etc.
Causas Sociais: religião, família, trabalho, círculo de amizade, opinião PÚblica, densidade
demográfica, etc.
Como o maior crítico do livre-arbítrio da Escola Clássica, defendia o afastamento da
responsabilidade moral do criminoso, para a adoção da responsabilidade social.
Também defendia a aplicação da pena como instrumento de defesa da sociedade –
o criminoso deve ser afastado do convívio social.
Classificou os criminosos em natos, habituais, loucos, de ocasião e por paixão.
Importante: Enrico Ferri foi o idealizador da chamada Lei da Saturação Criminal,
apresentando a seguinte associação:
“Da mesma forma que um líquido em determinada temperatura dilua em parte, assim
também ocorre com o fenômeno criminal, pois em determinadas condições sociais seriam
produzidos determinados delitos”.
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Raffaele Garófalo
Garófalo foi jurista e Ministro da Corte de Apelação da cidade de Nápoles-Itália.
Diante de sua formação jurídica, apresentava visão mais técnica da criminologia,
firmando a sistematização no ordenamento jurídico dos ideais da Escola Positivista.
Principal obra: Criminologia, de 1885 – apesar da expressão “criminologia” ter
sido empregada pela primeira vez por Paul Topinard, ganha força e relevância por
meio de Garófalo, motivo pelo qual é lembrado e considerado o criador da
expressão “criminologia”.
Também negando o livre-arbítrio, Ferri afirmava que o delito estava sempre na
pessoa do delinquente, manifestando-se com a revelação ou descoberta da
natureza do indivíduo, pouco importando a causa ou as circunstâncias desta
revelação.
Para Ferri, os criminosos classificam-se em: fortuitos (de ocasião), natos (por
instinto) ou de defeito moral especial (assassinos, cínicos, violentos e ímprobos).
DISTINÇÃO ENTRE ESCOLA CLÁSSICA E ESCOLA POSITIVA
Escola Clássica Escola Positivista
É um ente jurídico, pois consiste na
violação de um direito.
Decorre de fatores naturais e sociais.
É um ser livre que pratica o delito por
escolha moral, alheia a fatores externos
(livre-arbítrio).
Não é dotado de livre-arbítrio; é um ser
anormal sob as óticas biológica e
psíquica.
É forma de prevenção de novos crimes.
Funda-se na defesa social; deve ser
indeterminada (base: periculosidade).
Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria),
Francesco Carrara e Giovani Carmignani
Cesare Lombroso, Enrico Ferri e
Rafaelle Garófalo
Se funda nos ensinamentos de Cesare
Beccaria (Dos delitos e das Penas); é uma
reação ao absolutismo.
É uma doutrina determinista, tendo
introduzido a ideia do “criminoso nato”.
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Importante: Especialmente por sustentar que havia o criminoso nato, defendia que também haveria de existir o 
delito desta mesma natureza. Portanto, Garófalo acreditava na existência de duas espécies de delitos: delitos 
legais e delitos naturais:
(a) Delitos Legais: só eram praticados em determinados locais ou regiões específicas, pois não ofendiam o senso
de moralidade comum (exemplo: delitos tributários, comumente praticados em grandes metrópoles).
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ESCOLA SOCIOLÓGICA DO DIREITO
A Escola Sociológica Jurídica (ou do Direito) parte da premissa de que o direito é
um fenômeno social –
decorre inevitavelmente do convívio do cidadão em sociedade.Sendo assim, negam que o Direito tenha origem em Deus, na razão, no Estado ou
mesmo da consciência humana, aduzindo que a origem do Direito decorre
especificamente das inter-relações sociais. A partir desta ideia, leis e regras jurídico-
normativas servem apenas para disciplinar o comportamento do indivíduo no grupo
social em que convive, ditando as necessidades e conveniências da sociedade.
Cite-se as principais características da Escola Sociológica do Direito:
 O homem é um ser social, não podendo viver isoladamente;
 Sendo o homem forçado a conviver em sociedade, recebe desta as normas
(Direito) para disciplina e organização da vida em coletividade.
Defensores:
Herbert Spencer, Émile Durkheim, Léon Duguit e Nordi Greco.
ESCOLA DE LYON
Também chamada de Escola Antropossocial ou Criminal-sociológica, a Escola de
Lyon tem força por meio dos estudos de seu maior expoente, Alexandre
Lacassagne, fortemente influenciado pela Escola do químico Pasteur.
Segundo Lacassagne, o delinquente já apresenta predisposição ao crime (patologia,
estado mórbido, etc.). Faz clara distinção entre o delinquente e o não delinquente,
sendo que o primeiro seria portador de anomalias físicas e psíquicas, enquanto que
o segundo seria um ser dotado de normalidade.
O autor culpa a sociedade como a responsável pela criminalidade. Isso porque o
meio social seria responsável por criar o ambiente adequado, propício (ou não) à
criminalidade.
É o autor da famosa frase: “as sociedades têm os criminosos que merecem”.
A partir desse raciocínio, Lacassagne apresenta famosa comparação ilustrativa
entre o criminoso e o micróbio:
Delinquência = predisposição pessoal + meio social
Porém, muito cuidado! A Escola de Lyon não preconiza que o sujeito nasce
delinquente, mas sim coloca toda a culpa na sociedade. Em completa oposição aos
ensinos de Lombroso e aos ideais da Escola Positivista, a Escola de Lyon aduz que
o sujeito se torna criminoso por influência da sociedade (repita-se: nasce apenas
predisposto – com “anomalias” – sendo transformado em criminoso após o contato
e convívio com o ambiente propício).
Defensores:
Alexandre Lacassagne (1843-1924), Aubry, Martin Y. Locard, Bournet Y.
Chassinand, Coutagne, Massanet, Manouvrier, Letorneau e Topinard.
TERZA SCUOLA ITALIANA
Originada no século XX, a Terceira Escola Italiana é o melhor exemplo de escola
que tentou conciliar os ensinamentos das extremadas Escolas Clássica e
Positivista.
A título de exemplo, citamos as ideias de um de seus expoentes, Bernadino
Alimena, defensor da ideia de que o Direito Penal não poderia ser absorvido pela
Sociologia (contrariando os positivistas, especialmente Enrico Ferri) e, ao mesmo
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tempo, se servia de outros ramos do saber desvinculados do Direito, como a
Estatística, Psicologia e Antropologia, visando aprimorar o estudo técnico-jurídico da
criminalidade.
Abaixo, os principais postulados da Terza Scuola Italiana:
 O Direito Penal deve ser uma ciência autônoma e independente, não se
submetendo a nenhum outro ramo do saber;
 Rejeita a ideia de tipos penais antropológicos, da fatalidade do crime
(aproximada do Direito Penal do Autor), defendendo o determinismo (causalidade do delito);
 Considerando que fatores sociais podem influenciar na prática de crimes,
defendem que o Estado deve prover a manutenção e reformas sociais;
 A pena deve ter finalidade de defesa social e, ao mesmo tempo, caráter aflitivo
(dissuasão);
 Apresenta distinção entre imputáveis e inimputáveis;
 Como fundamento da pena, apresenta mais uma evidência de conciliação entre
a Escola Clássica e a Escola Positivista: responsabilidade moral do criminoso (livre-arbítrio,
dos Clássicos) baseada no determinismo (dos Positivistas);
 Assim, crime passa a ser considerado um fenômeno individual e social;
 Apresenta distinção entre a aplicação de métodos: método empírico e indutivo-
experimental para outras ciências e método lógico-dedutivo para as disciplinas normativas
(Direito).
Defensores:
Bernadino Alimena, Giuseppe Impallomeni e Manuel Carnevale
ESCOLA CORRECIONALISTA
Teve origem na Alemanha com Cárlos Davis Augusto Röder (publicação da
obra Comentatio na poena malun esse debeat, em 1839), por influência do
filósofo panteísta Karl Christian Friedrich Krause. Mesmo assim, não teve tanta
força na Alemanha, encontrando maior aceitação na Espanha a partir da tradução
da respectiva obra por Francisco Giner de los Ríos.
O Correcionalismo defendia o desenvolvimento da piedade e do altruísmo na
aplicação do Direito Penal.
Eis as principais ideias desta escola:
Enxergava o delinquente como um ser portador de patologia de desvio social: não
propriamente como alguém que herdou de seus ancestrais a carga genética “propensa à
criminalidade”, mas alguém dotado do que chamaram de patologia de “desvio social” (a
hereditariedade e o ambiente seriam fatores não determinantes, mas meras causas de
menor influência);
Pena como o remédio social: ao enxergar o crime como a doença impregnada na
sociedade, a pena seria o instrumento (remédio) para combate-lo. Sendo assim, afastando o
caráter punitivo, o direito de punir deixa de ser encarado como um direito subjetivo estatal e
passa a ser visto como um poder-dever do Estado. O problema é que com tal visão, a pena
passa a ser incerta e indeterminada, podendo perdurar enquanto a “patologia” permanecer
no delinquente, apenas com a ressalva de que deverá ser constantemente revisada e
readaptada conforme o progresso ou regresso do condenado;
Juiz passa a ser visto como um “médico social”: sendo o responsável por aplicar o
remédio (pena), o magistrado passa a ser considerado, a luz desta escola, como o médico
social. Com isso, surge a necessidade do médico ter o domínio de ciências sociais como a
psicologia, antropologia, sociologia jurídica, etc., ou que seja auxiliado por profissionais das
respectivas áreas. O problema é que havia, inclusive, a possibilidade de aplicação de pena
sobre o suposto criminoso mesmo diante da prática de condutas não tipificadas
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criminalmente, já que bastaria o diagnóstico de patologia de desvio social.
Defensores:
Alemanha: Cárlos Davis Augusto Röder. Na Espanha: Pedro Dorado Monteiro,
Concepción Arenal, Giner de los Ríos, Romero Gíron, Alfredo Cálderon, Luis
Silvela, Félix de Aramburu y Zuloaga, Rafael Salillas e Luis Jiménez de AsÚa.
ESCOLA DE POLÍTICA CRIMINAL
Franz von Liszt, por meio de sua aula inaugural em Marburgo (A ideia de fim no
Direito Penal), posteriormente chamada de Programa de Marburgo, apresenta uma
perspectiva sociológica para a escola alemã.
Também é conhecida por Escola Sociológica Alemã, Escola de Marburgo,
Escola Moderna e Nova Escola.
Em contraposição à Escola Positivista, também negava a criação de tipos
antropológicos de criminosos, defendendo a preponderância de fatores sociais na
ocorrência de delitos.
Eis os postulados da Escola de Política Criminal:
Ampliação da conceituação das Ciências Penais: Criminologia passa a ser a ciência de
explicação das causas do crime e a Penologia passa a ser a ciência de explicação das
causas e efeitos da pena;
Aplicação do método indutivo-experimental para a criminologia;
Distinção entre imputáveis e inimputáveis: defendem a substituição do livre-arbítrio (da
Escola Clássica) pela noção de normalidade. Assim, com base na culpabilidade, aplica-se
pena para os “normais” e medida de segurança à periculosidade para os “perigosos” ou
“anormais”;
Enxerga o crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico;
Função finalística da pena: afasta a retribuição da pena cunhada pela Escola Clássica,
passando a defender a aplicação de pena justa e necessáriapara a proteção da sociedade
e manutenção da ordem jurídica. Com isso, busca-se a prevenção especial da pena, seja
por meio do que denominaram adaptação artificial (transformação do delinquente em
cidadão Útil à sociedade), seja por meio da inocuização (afastamento do criminoso da
sociedade, por meio da prisão).
Defensores:
Franz von Liszt, Adolphe Prins e Von Hummel
MOVIMENTO PSICOSSOCIOLÓGICO
Idealizado pelo sociólogo francês Gabriel Tarde (1843-1904), opondo-se ao
determinismo biológico e social defendido pela Escola Positivista e às
teses antropológicas de Cesare Lombroso, sustentava a preponderância
dos fatores sociais sobre os fatores físicos e biológicos na criminalidade.
Em síntese, para Tarde, aspectos de ordem biológica ou física até poderiam
influenciar na prática de crimes, mas nada seria tão decisivo comparado às
influências do corpo social.
Em sua obra As leis da imitação (1890), formulou a lei da imitação ou da
integração social, segundo a qual o “crime, como todo comportamento social,
seria inventado, repetido, conflitado e adaptado”. Nesse sentido, o criminoso,
como uma espécie de profissional, a partir de um processo de aprendizagem,
imitaria, consciente ou inconscientemente, o comportamento criminoso.
Gabriel Tarde é responsável pela frase: “todo mundo é culpável, exceto o
criminoso”, apresentando a ideia do delinquente como um receptor passivo dos
impulsos delitivos.
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Esse movimento influenciou a teoria da associação diferencial (Edwin Sutherland
– 1883-1950).
Defensor:
Gabriel Tarde
ESCOLA TÉCNICO-JURÍDICA
Tem origem em 1905 como forma de reação à Escola Positivista e tem como
principais postulados:
Autossuficiência da Criminologia: a Criminologia não deveria se misturar com nenhuma
outra ciência (sociologia, filosofia, psicologia, antropologia, etc.), por ser autossuficiente na
missão de explicar a criminalidade. Defendem que a Criminologia possui autoridade e até
mesmo exclusividade para apontar soluções para o problema da criminalidade;
O Direito Penal deve se limitar ao direito positivo em vigor;
Crime como relação jurídica: o delito passa a ser visto como uma relação jurídica, de
cunho social e individual;
Finalidade da pena de prevenção geral e especial: a aplicação da pena passa a ser
encarada como consequência lógica e reação ao crime, com finalidade de prevenção geral
(incutindo na sociedade a segurança jurídica e o receio da pena) e especial (dissuadindo e
ressocializando o criminoso);
Previsão de aplicação de medida de segurança aos inimputáveis;
Resgate do livre-arbítrio: retomaram a defesa da ideia de uma responsabilidade moral de
delinquente.
Defensores:
Arturo Rocco, Manzini, Massari, Datiala, Cicala e Conti
NOVA DEFESA SOCIAL
As ideias surgiram durante o Iluminismo, porém o movimento de política criminal
denominado de Defesa Social foram cunhadas após a Segunda Guerra Mundial
com a luta e esforços de Adolphe Prins e Fillipo Gramatica.
Em 1954, recebeu novo nome de Nova Defesa Social, cujos fundamentos estão
inseridos no livro de Marc Ancel, denominado La Defense Sociale Nouvelle.
Sobre a Nova Defesa Social, podemos destacar os seguintes postulados:
Defendiam a abolição do Direito Penal: defendiam que um direito punitivo não era
necessário, rechaçando a concepção de um sistema penal repressivo, merecendo sua
substituição por outros mecanismos de controle social;
Pedagogia da Responsabilidade: o criminoso deve ser educado e não punido;
Substituição de penas em crimes para medidas individualizadas: entendiam que o mais
eficiente seria afastar as penas previstas abstratamente para cada delito, aplicando medidas
para cada criminoso conforme suas particularidades, já que o principal, segundo esta
escola, não seria castigar o delinquente e sim proteger a sociedade. Tratando de cada
criminoso individualmente, haveria a neutralização de sua periculosidade de forma
humanitária, protegendo, por conseguinte, a sociedade;
Adoção exclusiva de sistema preventivo e (re)educativo: com mecanismos de
prevenção, bem como medidas de ressocialização, seria possível, ao final do cumprimento,
viabilizar o convívio do condenado com a sociedade.
Defensores:
Adolphe Prins, Fillipo Gramatica e Marc Ancel
MOVIMENTO “LEI E ORDEM
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O alemão Ralf Dahrendorf (1929-2009) liderou o Movimento “Law and Order”,
apresentando a ideia de Direito Penal Máximo, segundo a qual deve haver um
aumento da criação das normas incriminadoras e a intensificação do rigor das
penas, como meio de combater eficientemente a criminalidade.
Resgata-se a ideia de pena como castigo da Escola Clássica e sustenta que os
crimes mais graves devem ser punidos com sanções severas, especialmente os
crimes violentos que passam a merecer penas privativas de liberdade em
estabelecimentos penitenciários de segurança máxima.
Chegam a conclusão de que a tolerância de pequenas infrações podem ensejar a
prática de crimes cada vez mais graves, diante da certeza da impunidade e da
recompensa percebida pela criminalidade.
Parcela da doutrina entende se tratar de reflexo do chamado direito penal do
inimigo, por enxergar o criminoso como inimigo do Estado.
Esse movimento teve enorme aceitação nos EUA (em especial, na década de 70) e
influenciou a criação da Política de Tolerância Zero (posteriormente na Teoria
das Janelas Quebradas), em Nova Iorque (1991) pelo prefeito Rudolph
Giuliani.
No Brasil, influenciou a criação da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90) que
visa ofertar tratamento mais rigoroso aos chamados crimes mais graves (conforme o
STF, crimes de máximo potencial ofensivo).
Defensor:
Ralf Dahrendorf
TEORIAS SOCOLÓGICAS EXPLICATIVAS DA CRIMINALIDADE
Dentro da perspectiva macrocriminológica, temos diversas teorias que visam
explicar, justificar ou criticar o crime. Muitas se baseiam em critérios científicos,
valendo-se de outros ramos do saber como a medicina, antropologia, estatística,
etc., enquanto que outras apresentam forte carga ideológica.
Em todo caso, é sem dÚVida o tema mais cobrado em concursos PÚblicos na
atualidade merecendo análise retida sobre cada teoria.
A doutrina apresenta classificação que divide as teorias criminológicas em teorias
de nível individual e teorias sociológicas (macrossociológicas). A seguir,
analisaremos cada um desses grupos para, em seguida, enfrentarmos o estudo de
cada teoria em espécie.
Teorias de nível individual
As teorias de nível individual procuram apontar explicações sobre as causas
individuais do fenômeno criminal, ou seja, analisa o próprio criminoso visando
diagnosticar quais os fatores que são determinantes para a prática de delitos.
Podem ser divididas em:
Biológicas: buscam explicar o fenômeno criminal a partir de fatores orgânicos (biologia do
criminoso); 
Psicológicas – explicação do comportamento criminoso através do mundo anímico, dos
processos psíquicos ou nas vivências subconscientes do criminoso, bem como nos seus
processos de aprendizagem e socialização.
Teorias biológicas (bioantropológicas):
Trabalham com a ideia de que a prática do delito está associada a fatores
congênitos do indivíduo, ou melhor, ao próprio organismo do criminoso. O
delinquente seria um ser biologicamente distinto dos demais cidadãos.
Logo, são teorias que visam localizar e identificar em alguma parte ou no
funcionamento do organismo do delinquente o fator diferencial que explica a
conduta delitiva (tais como deformidades, doenças mentais, tumores, atavismo,
etc.), enquanto consequência patológica ou disfuncional
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Teorias psicológicas:
Procuram explicar as causas do fenômeno criminal a partir do estado anímico do
criminoso (geralmente resultados da vivência do subconsciente ou mesmo nos
processos de aprendizagem e socialização do indivíduo).
As teorias psicológicas podem ser da espécie psicodinâmica, hipóteses em que se
conclui que houve falha no processo de aprendizagem ao longo da vida. Investiga-
se quais os motivos da maioria das pessoas não praticar crimes. Como visto, trata-
se de uma espécie do gênero teorias psicológicas.
Teorias de nível sociológico (Macrossociológicas ou Sociologia Criminal)
Partindo da premissa de que o crime é um fenômeno social, as teorias sociológicas
buscam explicar a criminalidade na perspectiva etiológica (causas do crime) ou
interacionistas (reação social).
Ademais, a maioria das teorias que analisaremos em capítulo próprio pertencem à
esse grupo, apontando como fatores determinantes da delinquência a sociedade.
Variando de teoria para teoria, a sociedade seria a culpada ou responsável em parte
pela criminalidade, seja por proporcionar aos indivíduos potencialmente criminosos
o ambiente propício, seja por criar o criminoso em processos de estigmatizações,
preconceitos, etc.
O pensamento criminológico contemporâneo recebe fortes influências de dois
grandes movimentos: as teorias do consenso e teorias do conflito.
Teorias do Conflito / de Cunho Argumentativo
As teorias do conflito (de esquerda, ligadas à movimentos revolucionários) recebem
forte influência da filosofia marxista, tendo como característica o entendimento de
que a convivência harmônica em sociedade decorre de imposição, por meio da
força e da coerção, havendo uma relação entre dominantes e dominados
(adaptação da ideia de luta de classes cunhada por Karl Marx).
Para os adeptos das teorias do conflito, não existiria voluntariedade por parte do
indivíduo ao buscar a pacificação social. A pacificação seria fruto de imposição.
Há, todavia, algumas teorias do conflito (em especial, as teorias mais recentes) que
afastam a ideia de luta de classes, argumentando que a violação da ordem derivaria
mais do comportamento dos indivíduos, bandos ou grupos do que propriamente de
um substrato político-ideológico.
Postulados das teorias do conflito: toda a sociedade está sujeita a mudanças
contínuas, sendo que cada indivíduo poderá cooperar para a sua dissolução.
Com esse entendimento, algumas teorias do conflito chegam a enxergar o
criminoso como uma espécie de “agente revolucionário ou de transformação social”
(considerados por alguns como sendo os sucessores dos “proletariados” de Marx)
– algumas teorias chegam a demonstrar até certo apreço pela figura do delinquente.
São exemplos de teoria do conflito:
Labelling approach (Etiquetamento, Rotulação, Interacionismo simbólico ou da
Reação Social) e Teoria Crítica (Radical, Marxista, Nova Criminologia)
Teorias do Consenso / Funcionalistas / da Integração
Para as teorias do consenso, os objetivos da sociedade só podem ser atingidos
quando há concordância por todos sobre as regras de convivência. Estão ligadas a
movimentos de direita e ao conservadorismo.
Os sistemas sociais dependeriam da voluntariedade tanto dos cidadãos, quanto das
instituições, ao dividirem valores semelhantes.
Tomemos a título de ilustração a ideia de uma máquina que funciona
(representando os anseios sociais). Cada peça ou engrenagem representaria cada
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indivíduo ou instituição. Na medida em que todos cooperam no mesmo sentido e
com os mesmos valores, a máquina funcionará normalmente.
A partir do momento em que uma peça ou engrenagem passa a apresentar falhas
(cometimento de crime), o problema deverá ser detectado de forma específica,
retirado para restaurar o funcionamento da máquina (representando a ideia do
cárcere), corrigido (ressocialização) para, só após, realocar a peça na máquina
(sociedade).
Perceba que a ideia é que a sociedade se baseia no consenso entre seus
integrantes (daí o nome). Aliás, explicando os nomes para facilitar, podemos
concluir que:
 Para o bom funcionamento, toda a sociedade deve se encontrar integrada
(Integração);
 A estrutura da sociedade se baseia no consenso entre os cidadãos sobre os
diversos valores dominantes (consenso);
 Cada um é responsável pela função que lhe é conferida, de modo a contribuir
para a manutenção do corpo social (Funcionalismo).
Importante mencionar que, apesar das teorias do consenso trabalharem com maior
enfoque sobre o criminoso, não negam que fatores externos podem influenciar a
prática de crimes (a exemplo de ambientes hostis, sociedades corrompidas, etc.).
Postulados das teorias do consenso: a sociedade é composta dos seguintes
elementos:
- Perenes: há valores que são eternos, valores que servem para alicerçar a
sociedade independentemente do momento;
- Integrados: os membros da sociedade deve estar em harmonia constante para o bom
funcionamento;
- Funcionais: cada cidadão (ou instituição) é responsável por exercer alguma função que
seja ÚTIL em prol da coletividade;
- Estáveis: noção de que mudanças devem acontecer de forma natural e sem pressa
(rechaçando a ideia de revoluções imediatistas).
-
São exemplos de teoria do consenso:
Escola de Chicago; Teoria da Associação Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da
Desorganização Social, Teoria da Neutralização e Teoria da Subcultura Delinquente
TEORIAS CRIMINOLÓGICAS EM ESPÉCIE
Escola de Chicago (1920-1940)
A Escola de Chicago é a grande propulsora da sociologia americana moderna,
iniciando nas décadas de 1920 e 1930, por meio dos estudos da “Sociologia
das grandes cidades” apresentado pelo Departamento de Sociologia da
Universidade de Chicago, diante do crescimento da criminalidade na mencionada
cidade.
Com a revolução industrial houve o crescimento dos centros urbanos e, ao mesmo
tempo, crescimento da criminalidade.
Com isso, a Escola de Chicago voltou sua atenção para os estudos dos meios
urbanos, chegando à conclusão de que o meio ambiente influenciava a conduta
criminosa. Logo, concluíram também que o crescimento da população nas
cidades representavam um crescimento na criminalidade.
A ideia é que as pessoas acabavam, mais cedo ou mais tarde, sendo contaminadas
pelo meio social em que conviviam, por meio do convívio com semelhantes que
apresentavam comportamentos criminosos. Com a convivência, passavam a
enxergar todo aquele ambiente criminoso com naturalidade e, consequentemente,
passava também a delinquir.
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Logo, é correto concluir que à luz da Escola de Chicago a cidade era responsável
por produzir a criminalidade. Considerando o fato de existir regiões na cidade de
Chicago que proporcionavam também ambientes mais calmos e pacíficos, reforçou-
se a ideia de que o ambiente de convivência poderia contribuir para o crescimento
ou diminuição da delinquência.
Podemos destacar como características da Escola de Chicago:
 Valia-se do método empírico: trabalhava com a observação dos fatos
concretos;
 Apresentava finalidade pragmática: tentava explicar as causas do delito de
forma específica e segura, voltada para os problemas de Chicago à época;
 Utilizava Inquéritos Sociais (social surveys): bairros e cidades eram
investigadas por meio de índices de criminalidade como meio para se enxergar
o real grau de delinquência localizada.
A importância da Escola de Chicago para a sociologia é inegável, sendo responsável,
inclusive, por influenciar no surgimento de outras teorias a saber: Teoria da Desorganização
Social (Ecológica), Teoria Espacial, Teoria das Janelas Quebradas e Teoria/Política

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