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CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 1 1 Exemplos de Fatos Contábeis e Lançamentos - Continuação 1.1 Contratação de um seguro de automóvel 1.1.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil Considerando-se que a empresa tenha adquirido uma apólice de seguro contra acidentes, para um automóvel de seu patrimônio, em 01/04/200X, com vigência por 12 meses, e que tenha pago, por este seguro, o valor de R$ 3.600,00. 1.1.2 Patrimônio Inicial Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que tenha apenas (1) R$ 25.000,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em Veículos; e (3) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa). A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido. Caixa 25.000,00 Obrigações - Veículos 25.000,00 Capital 50.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 2 1.1.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato No momento do pagamento da apólice, nascerá um direito, que antes inexistia, o direito de ter o bem protegido contra roubos e acidentes durante 12 meses. Por outro lado, será, também, reduzido o valor existente em dinheiro no patrimônio. Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são desbastados “três mil e seiscentos grãos de areia” do montinho patrimonial Caixa e que esses “três mil e seiscentos grãos de areia” são aplicados no montinho patrimonial Seguros a Vencer. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. Caixa 25.000,00 Obrigações - (3.600,00) 21.400,00 Seguros a Vencer 3.600,00 Capital 50.000,00 Veículos 25.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 29 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – Seguros a Vencer; - Bolinha é crédito – Caixa. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 3 1.1.4 Lançamento 1.1.4.1 Registro no Livro Diário D = Seguros a Vencer C = a Caixa 3.600,00 Ou, simplesmente: Seguros a Vencer a Caixa 3.600,00 29 29 1.1.4.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 29 3.600,00 3.600,00 29 sf 21.400,00 débitos créditos capital caixa débitos créditos Seguros a Vencer débitos créditos Bancos débitos créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 4 1.1.5 Patrimônio Final Caixa 21.400,00 Obrigações - Seguros a Vencer 3.600,00 Veículos 25.000,00 Capital 50.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.1.6 Considerações Finais Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado, permanecendo no valor de R$ 50.000,00. Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil permutativo. Na conta Seguros a Vencer – representativa de um direito e, portanto, classificada no Ativo – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 3.600,00). Isso está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos). Na conta Caixa – representativa de um bem e, portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 25.000,00 para R$ 21.400,00). Isso também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos). Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no Livro Diário). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 5 Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 3.600,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 3.600,00, e que isso está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque: - o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e Despesas) é igual a R$ 50.000,00; - o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$ 50.000,00. Uma última observação, da maior relevância, é que – a maioria dos leigos costumam pensar que houve despesa de R$ 3.600,00, mas, de acordo com o regime de competência, não ocorreu despesa. Isso porque não houve redução do conjunto de bens/direitos/obrigações. Ora, o valor de um bem foi reduzido, porém o valor de um direito aumentou, com variação nula no total do patrimônio. 1.2 Utilização do automóvel segurado por um mês 1.2.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil Considerando que a empresa tenha adquirido uma apólice de seguro para seu automóvel, com vigência de 12 meses. Considerando, ainda, o uso, pela empresa, do automóvel segurado durante o primeiro mês subseqüente ao da contratação do seguro, deve ocorrer a realização de parte do direito Seguros a Vencer e a decorrente apropriação da Despesa Despesa com Seguros, referente ao mês. 1.2.2 Patrimônio Inicial Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que tenha apenas (1) R$ 21.400,00, em dinheiro; (2) R$ 25.000,00, em Veículos; e (3) R$ 3.600,00, em direito de ter o automóvel segurado (por 12 meses); (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa). A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 6 Caixa 21.400,00 Obrigações - Seguros a Vencer 3.600,00 Veículos 3.600,00 Capital 50.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.2.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato Para entender o lançamento referente à realização do direito Seguros a Vencer e da decorrente apropriação da Despesa com Seguros, é necessário fazer uma breve referência ao Princípio da Competência1 e aos conceitos de (1) Realização de ativo e (2) apropriação de despesa. Pelo princípio da Competência, uma despesa ocorre quando acontece um fato que enseje a redução do patrimônio (alternativamente, redução de bens/direitos ou aumento de obrigações). Vimos que como regra geral, aplicável aos contratos firmados entre particulares e às operações deles decorrentes, esta redução de patrimônio ocorre quando a outra parte cumpre o que havia prometido fazer. No caso, há despesa com seguros (para a empresa – segurada) quando a seguradora cumpre o que havia prometido fazer. Ora, como o contrato de seguros tem vigência por 12 meses, a prestação prometida pela seguradora é a de manter o automóvel protegido por12 meses. Pois bem, ao final do primeiro mês, a seguradora cumpriu 1/12 do que havia prometido, portanto a despesa ocorre no final do mês, no valor de 1/12 do direito adquirido (pois ele 1 Visto na aula 01 deste curso. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 7 deixa de existir2). Note-se que, para a determinação do momento em que a despesa é incorrida, é irrelevante o fato da empresa já ter pago pelo seguro antecipadamente. No caso, a empresa já pagou adiantadamente por 12 meses de seguro (e com isso, adquiriu o direito de seu automóvel protegido por 12 meses) e, ao final do primeiro mês, desaparece, do patrimônio da empresa, uma parte desse direito (o direito de ter o automóvel protegido por mês desapareceu – porque o mês terminou), o que enseja – sem dúvida – uma redução de seu patrimônio. O termo realização de ativo pode ser entendido (de maneira pouco formal, porém altamente didática) como: transformação do ativo em outra coisa. Assim, a alienação – por exemplo – de um ativo pode ser classificada como uma espécie do gênero realização (visto que o ativo saiu do patrimônio e, em seu lugar, entrou outro elemento – geralmente dinheiro). Outro exemplo de realização é o desaparecimento de um ativo – no caso, um direito – pelo seu exercício (visto que o direito desaparece quando exercido – patrimonialmente é “jogado fora – no lixo”). Finalmente, o termo apropriação de despesa significa o registro da despesa incorrida, quando ela já havia sido paga antecipadamente (como um artifício didático, interpreto a palavra apropriar com o sentido de tornar propriamente uma despesa um valor que já havia sido pago, mas ainda não consistia em despesa). Colocados os conceitos básicos, passaremos – a seguir – para a análise do caso do ponto de vista patrimonial. Assim, a cada final de mês, ficará reduzido o direito (da empresa) de ter seu automóvel protegido, reduzindo seu patrimônio (o que enseja a ocorrência de despesa). Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são desbastados “trezentos grãos de areia” do montinho patrimonial Seguros a Vencer e que esses “trezentos grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio (reduzindo-o), ou seja, aplicados na lata de lixo, representada pela conta de resultado Despesa com Seguros. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. 2 Se no momento da contratação do seguro, a empresa segurada adquiriu o direito de ter seu automóvel protegido por 12 meses, ao final do primeiro mês, esse direito diminui (ela passa a ter o direito de ter seu automóvel protegido por apenas 11 meses). CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 8 Caixa 21.400,00 Obrigações - Seguros a Vencer 3.600,00 (300,00) 3.300,00 Capital 50.000,00 Equipamentos 25.000,00 Despesa com Seguros 300,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 30 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – Despesa com Seguros; - Bolinha é crédito – Seguros a Vencer. 1.2.4 Lançamento 1.2.4.1 Registro no Livro Diário D = Despesa com Seguros C = a Seguros a Vencer 300,00 Ou, simplesmente: Despesa com Seguros a Seguros a Vencer 300,00 30 30 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 9 1.2.4.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 si si 25.000,00 si 25.000,00 si 3.600,00 300,00 30 sf 3.300,00 créditos 30 300,00 Seguros a Vencer débitos créditos veículos débitos créditosdébitos créditos capital caixa débitos créditos Despesa com Seguros débitos 1.2.5 Patrimônio Final Caixa 21.400,00 Obrigações - Seguros a vencer 3.300,00 Capital 50.000,00 Veículos 25.000,00 Despesa com Seguros 300,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.2.6 Considerações Finais Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de R$ 50.000,00, para o valor de R$ 49.700,00. Adicionalmente, percebe- CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 10 se que não houve alteração de valor em mais de um elemento patrimonial (apenas a redução de um direito). Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil modificativo diminutivo. Na conta Seguros a Vencer – representativa de um direito e, portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 3.600,00 para R$ 3.300,00). Isso está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos). Na conta Despesa com Seguros – representativa de um motivo pelo qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 300,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício). Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no Livro Diário). Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 300,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 300,00, e que isso está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque: - o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e Despesas) é igual a R$ 50.000,00; - o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$ 50.000,00. Cumpre referir que o direito Seguros a Vencer, registrado no ativo – agora por R$ 3.300,00 – irá sendo mês a mês, paulatinamente, realizado, até desaparecer completamente. Esse é o mesmo funcionamento das contas de aluguéis antecipados (já vista). 1.3 Constituição de uma empresa O Fato Contábil Constituição de uma empresa é registrado em dois lançamentos, a saber: 1) Subscrição de capital – no valor de R$ 50.000,00 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 11 D = Capital a Realizar C = a Capital Social 50.000,00 Ou, simplesmente: Capital a Realizar a Capital Social 50.000,00 31 31 2) Integralização (ou Realização do capital) D = Caixa C = a Capital a Realizar 50.000,00 Ou, simplesmente: Caixa a Capital a Realizar 50.000,00 32 32 Esses lançamentos deixam o neófito com dúvidas, que podem ser resumidas nos questionamentos a seguir: - Por que a necessidade de dois lançamentos para registrar o início da existência da empresa? - O que significa esse negócio de capitala realizar? Para dirimir estas dúvidas, cabe referir que a realidade geralmente é simples, o homem é que complica – inventando nomes difíceis para designar coisas (na maioria das vezes) fáceis3. Tudo seria muito mais fácil se nós usássemos palavras mais simples para referenciar as contas: a) Capital Subscrito – Capital Prometido. Trata-se do valor que os sócios prometem entregar à empresa – para empreender a “aventura”4. Ora, quem promete assina embaixo (sub escreve). Portanto, capital subscrito é o mesmo que capital prometido. b) Capital a realizar (também denominada Capital a Integralizar) – Capital a Entregar. 3 Desconfio, inclusive, que esta é uma estratégia daqueles que, alcançando uma posição privilegiada no grupo social, não desejam que os demais aprendam o que ele sabe e, conseqüentemente, ameacem sua posição. 4 Ver o conceito de empresa – na aula 01. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 12 Visto o conceito de Capital subscrito, o conceito de capital a realizar torna-se de fácil entendimento: trata-se do valor prometido pelos sócios e que ainda não foi entregue. Assim, Capital a Realizar é o mesmo que capital a entregar. 1.3.1 Subscrição de capital Apresentados os significados das contas, podemos fazer uma breve alusão ao que ocorre, do ponto de vista patrimonial, quando pessoas se reúnem e decidem empreender juntas uma aventura, concordando em separar (para isso) uma parte de seu patrimônio e colocá-la na empresa (que, então, adquire personalidade5). Nesse momento, a empresa adquire o direito de exigir que os sócios cumpram o que foi prometido (entreguem o capital subscrito à empresa) e, também, fica com uma “obrigação de longuíssimo prazo e exigibilidade quase nula” de devolver esse valor aos sócios ao final da existência da empresa – no valor da diferença entre bens/direitos e obrigações. Ora, no caso o valor do direito da empresa é o valor subscrito pelos sócios e a diferença entre bens/direitos e obrigações é idêntico ao valor do direito da empresa. Assim, apenas para fins didáticos, para analisar melhor o caso (assim como já fizemos em outros itens) estudaremos os efeitos patrimoniais do fato contábil em tela de duas maneiras diferentes, a saber: (1) a primeira maneira, lógica, porém equivocada – tratando o capital a realizar como um ativo; (2) a segunda maneira, correta – utilizando o conceito, já conhecido, de conta retificadora do patrimônio líquido. 1.3.1.1 Primeira análise da operação – lógica, porém equivocada – apenas para fins didáticos Isto, que vai ser apresentado neste item, está errado! Porém, decidimos apresentar dessa maneira para induzir o aluno à conclusão correta – que será apresentada no item seguinte. A aplicação direta dos conceitos vistos nos itens anteriores, leva à conclusão de que, o direito da empresa de exigir que os sócios cumpram o que foi prometido (de entregar o capital subscrito), registrado na conta Capital a Realizar, deve ser registrada no ativo (como qualquer outro direito). Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são cavados “cinqüenta mil grãos de areia” do buraco patrimonial Capital Subscrito e que, esses “cinqüenta mil grãos de areia” são aplicados no 5 Por personalidade entende-se a capacidade de contrair obrigações e exercer direitos. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 13 montinho patrimonial representado pela conta Capital a Realizar. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo EQUIVOCADO de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. Obrigações - Capital a Realizar 50.000,00 Capital Subscrito 50.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 31 Os elementos patrimoniais envolvidos na representação do fluxo de valores acima estão marcados (em vermelho) para indicar que a sua classificação (entre os itens do patrimônio) NÃO ESTÁ CORRETA! Ela foi apenas colocada assim para, de forma didática, induzir o estudante ao raciocínio contábil e, com isso, evitar que o aluno decore lançamentos e nomes de contas sem entender seu significado. Ao longo de nosso curso, já lançamos mão deste artifício didático e, várias vezes ainda, o utilizaremos: realizando registros de forma incorreta, marcando-os em vermelho, para, em seguida, apresentar o registro da forma correta, introduzindo – geralmente – um novo conceito. A seguir, vamos retomar o estudo do caso com a utilização de um conceito já conhecido: o conceito de conta retificadora do patrimônio líquido. Foi visto que a conta Capital a Realizar representa um direito da empresa, de exigir dos sócios que entreguem o valor que haviam prometido. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 14 Em outras palavras, a conta Capital a Realizar, registra um direito e todo direito deveria ser registrado no ativo. Porém, este está registrado no Patrimônio Líquido (com o sinal invertido). Isso pela “ligação umbilical” existente entre o elemento patrimonial Capital Subscrito e o elemento patrimonial Capital a Realizar. Assim, a conta Capital a Realizar é classificada como uma conta redutora do Patrimônio Líquido. De maneira bem humorada (e didaticamente eficaz) vamos entender uma conta assim como uma conta do tipo “sapatão” (com natureza de ativo e funcionamento de ativo, mas, por determinação normativa, registrada no lado do passivo/patrimônio líquido e com o sinal invertido). Vista a correta classificação da conta Capital a Realizar (como retificadora do Patrimônio Líquido), vamos retomar o estudo do fato contábil – Subscrição de Capital. 1.3.1.2 Segunda análise da operação – Correta – Com a utilização de conta Retificadora do Patrimônio Líquido Na ocorrência do fato subscrição de capital, surge um direito no patrimônio da empresa (de exigir que os sócios cumpram o que foi prometido - entregar o capital subscrito), registrado na conta Capital a Realizar, que tem como origem a conta de Patrimônio Líquido Capital Subscrito. Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são cavados “cinqüenta mil grãos de areia” do buraco patrimonial Capital Subscrito e que, esses “cinqüenta mil grãos de areia” são aplicados no montinho patrimonial representado pela conta Capital a Realizar (Retificadora do ativo). A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo CORRETO de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 15 Obrigações - Capital Subscrito 50.000,00 (-) Capital a Realizar (50.000,00) Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 31 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – Capital a Realizar; - Bolinha é crédito – Capital Subscrito. 1.3.2 Lançamento 1.3.2.1 Registro no Livro Diário D = Capital a Realizar C = a Capital Social 50.000,00 Ou, simplesmente: Capital a Realizar a Capital Social 50.000,00 31 31 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 16 1.3.2.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 31 31 50.000,00 débitos créditos Capital Subscrito Capital a Realizar débitos créditos 1.3.3 Patrimônio Após a Subscrição de Capital Obrigações - Capital Subscrito 50.000,00(-) Capital a Realizar (50.000,00) Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.3.4 Realização ou Integralização do Capital A realização do capital (também denominada integralização de capital) consiste na entrega do valor antes subscrito (prometido) pelos sócios. Assim, surge no patrimônio da empresa um bem (dinheiro ou outro, entregue pelos sócios) e, também, desaparece do patrimônio da empresa o direito de exigir que os sócios o entreguem. Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos imaginar que são desbastados “cinqüenta mil grãos de areia” do montinho patrimonial Capital a Realizar (conta retificadora do ativo)e que, esses “cinqüenta CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 17 mil grãos de areia” são aplicados no montinho patrimonial representado pela conta Caixa (no ativo). A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. Caixa 50.000,00 Obrigações - Capital Subscrito 50.000,00 (-) Capital a Realizar (50.000,00) 50.000,00 - Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 32 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – Caixa; - Bolinha é crédito – Capital a Realizar. 1.3.5 Lançamento 1.3.5.1 Registro no Livro Diário D = Caixa C = a Capital a Realizar 50.000,00 Ou, simplesmente: Caixa a Capital a Realizar 50.000,00 32 32 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 18 1.3.5.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 si si 50.000,00 32 50.000,00 50.000,00 32 sf - Caixa débitos créditosdébitos créditos Capital Subscrito Capital a Realizar débitos créditos 1.3.6 Patrimônio Após a Realização/Integralização do Capital Subscrito Caixa 50.000,00 Obrigações - Capital Subscrito 50.000,00 (-) Capital a Realizar - Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.3.7 Considerações finais Na apresentação do patrimônio, é geralmente apresentada em destaque uma informação que não consiste no saldo de uma conta analítica: trata-se da informação sobre o capital realizado. O valor do capital realizado é igual ao valor do capital subscrito, deduzido do valor do capital a realizar. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 19 Já foram vistos os conceitos de conta analítica e de conta sintética6. Pois bem, as contas Capital Subscrito e Capital a Realizar são contas analíticas, ao passo que a conta Capital Realizado consiste na conta sintética, que agrupa a soma (algébrica) dos saldos das contas Capital Subscrito e Capital a Realizar. Dessa forma, o saldo dessas contas se comportam conforme a seguir descrito. a) Após a subscrição e antes da realização do capital. A conta Capital Subscrito apresenta saldo credor de R$ 50.000,00 e a conta Capital a Realizar apresenta saldo devedor de R$ 50.000,00. Portanto, a conta Capital Realizado apresenta saldo nulo. b) Após a realização do capital. A conta Capital Subscrito apresenta saldo credor de R$ 50.000,00 e a conta Capital a Realizar apresenta saldo nulo. Portanto, a conta Capital Realizado apresenta saldo credor de R$ 50.000,00. 1.4 Constituição de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa 1.4.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil Considere que a empresa tenha, ao final de um determinado exercício, registrado em seu ativo um direito, no valor de R$ 100.000,00, na conta Duplicatas a Receber. Repare que, com base na aplicação do princípio contábil do Registro pelo Valor Original7, o saldo da conta Duplicatas a Receber revela a dimensão econômica do direito de receber valores de seus clientes, durante o próximo exercício, decorrentes de vendas realizadas a prazo. Ocorre que ninguém, em sã consciência, espera receber 100% das duplicatas emitidas, pois há uma grande probabilidade de que alguns dos clientes não venham a honrar seus débitos (conforme já vimos, após a Revolução Francesa, o “calote” ficou institucionalizado). Assim, faz-se necessário um registro, no patrimônio, que demonstre (no sistema de informações contábil) que, sobre o direito de receber por vendas a prazo, paira uma perda, referente à provável inadimplência de clientes, no valor de, por exemplo, 5% - R$ 5.000,00. 6 Na aula 03 deste curso, cuja leitura é recomendada. 7 De acordo com o princípio do Registro pelo Valor Original, os bens e direitos constantes do ativo deverão ser registrados pelos respectivos valores transacionados com terceiros. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 20 Importante notar que, apesar de não haver certeza sobre o momento em que essa perda vai se confirmar, nem de seu exato valor, pelo fato de que, nesse momento, tenho registrado um direito no valor de R$ 100.000,00, mas somente posso contar com R$ 95.000,00, efetivamente já ocorreu (nesse momento!) uma perda de R$ 5.000,00, que – pela aplicação do princípio da PRUDÊNCIA – deve ser registrada. ESSE É O CONCEITO DE PROVISÃO! Didaticamente propomos o entendimento desse conceito como uma perda na penumbra (conforme veremos a seguir). 1.4.1.1 Considerações sobre o conceito de provisão, do ponto de vista teórico A previsão legal para a constituição de provisões está no inciso I do art. 183, da Lei 6.404, de 1976 (Lei das S/A), abaixo transcrito: Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: I - os direitos e títulos de crédito, e quaisquer valores mobiliários não classificados como investimentos, pelo custo de aquisição ou pelo valor do mercado, se este for menor; serão excluídos os já prescritos e feitas as provisões adequadas para ajustá-lo ao valor provável de realização, e será admitido o aumento do custo de aquisição, até o limite do valor do mercado, para registro de correção monetária, variação cambial ou juros acrescidos; (grifos na transcrição) A leitura do dispositivo acima revela que a provisão é o registro de ajusta do valor de um elemento patrimonial, para menor, de forma a ajustá-lo ao valor provável de realização. O art. 10 da Resolução CFC n° 750, de 1993, que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade, especificamente quanto ao princípio da prudência, determina que: Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. ... § 2º Observado o disposto no art. 7º, o Princípio da PRUDÊNCIA somente se aplica às mutações posteriores, constituindo-se ordenamento indispensável à correta aplicação do Princípio da COMPETÊNCIA.(grifos na transcrição) Assim, quando, posteriormente à entrada de um elemento no patrimônio, há uma mutação que resulte na redução de seu valor, pela CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 21 aplicação dos princípios contábeis da competência e da prudência, esse valor deve ser atualizado imediatamente, para menos. Com relação, especificamente, à Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa - PCLD, utilizada exemplificativamente para apresentação do conceito de provisão, a ResoluçãoCFC n° 774, de 1994, dispôs o seguinte: A PRUDÊNCIA deve ser observada quando, existindo um ativo ou um passivo já escriturados por determinados valores, segundo os Princípios do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL e da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA surge dúvida sobre a ainda correção deles. Havendo formas alternativas de se calcularem os novos valores, deve-se optar sempre pelo que for menor do que o inicial, no caso de ativos, e maior, no caso de componentes patrimoniais integrantes do passivo. Naturalmente, é necessário que as alternativas mencionadas configurem, pelo menos à primeira vista, hipóteses igualmente razoáveis. A provisão para créditos de liquidação duvidosa constitui exemplo da aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA, pois sua constituição determina o ajuste, para menos, de valor decorrente de transações com o mundo exterior, das duplicatas ou de contas a receber. A escolha não está no reconhecimento ou não da provisão, indispensável sempre que houver risco de não-recebimento de alguma parcela, mas, sim, no cálculo do seu montante. Cabe observar que o atributo da incerteza, à vista no exemplo referido no parágrafo anterior, está presente, com grande freqüência, nas situações concretas que demandam a observância do Princípio da Prudência. (grifos na transcrição) Ora, portanto, podemos concluir que uma provisão é uma despesa (perda) incorrida, sobre a qual paira uma dúvida sobre: (1) o momento em que ela vai se confirmar e (2) seu efetivo valor. Saliente-se, porém, que a provisão não é o registro antecipado de despesa que somente irá ocorrer no futuro!8 Se a empresa tem registrado o valor de R$ 100.000,00 no elemento patrimonial Duplicatas a Receber, mas somente pode contar com o provável recebimento de R$ 95.000,00, deve reconhecer IMEDIATAMENTE a perda de R$ 5.000,00 – ainda que somente após algum tempo ela venha a se confirmar (e mesmo com valor levemente diverso). 8 Cuidado, alguns afoitos tentam encaixar essa ERRADA definição no conceito de provisão. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 22 1.4.1.2 Considerações sobre o conceito de provisão, sob o ponto de vista didático Para que se possa entender – de forma rigorosa, porém lúdica – o conceito de provisão, proponho sua definição como: uma perda ocorrida na penumbra. Isso porque uma perda ocorrida na penumbra é uma perda que ocorreu (ninguém pode imaginar que, apenas pelo fato de que, na penumbra, não se pode identificar com certeza o tamanho da perda, ela não tenha ocorrido), mas que somente quando for acesa a luz, será possível saber exatamente o tamanho da perda. Tome-se, por exemplo, o seguinte caso: Num domingo, resolvi levar a família ao cinema, num “shopping-center” próximo a minha casa. Chegando ao local, tirei uma nota de cem reais da carteira e comprei os ingressos, guardando o troco no bolso de minha camisa. Em seguida, dirigi-me (com as crianças) a um bar que fica próximo à entrada da sala de projeção, para comprar refrigerante e pipoca. Comprei os refrigerantes e as pipocas, com o dinheiro que estava no meu bolso, e recebi, de troco, o valor de R$ 45,00 (três notas de dez reais, duas notas de cinco reais e cinco notas de um real), que coloquei no bolso de minha camisa. Carregado de refrigerantes e pipocas, segui com as crianças para a sala de projeção. Entrei na sala de projeção e, após acomodar as crianças nas poltronas do meio da fileira, sentei-me em uma poltrona da ponta (próxima ao corredor), com refrigerante em uma das mãos e pipoca na outra. Em seguida, apagaram-se as luzes e começou o filme. Eu estava, na penumbra, assistindo ao filme quando, de repente, alguém passou por mim e esbarrou – derramando o refrigerante nas minhas calças e derrubando a pipoca no chão. Sem que eu tivesse tempo de esboçar qualquer reação, nem sequer identificar o sujeito, ele saiu, apressadamente, de perto. Então, instintivamente, levei a mão ao bolso de minha camisa e notei que o dinheiro não estava mais lá. O que teria ocorrido? a) É possível que o sujeito fosse um ladrão que, ao esbarrar em mim, tivesse aproveitado para levar todo o dinheiro que eu tinha guardado no bolso de minha camisa (nesse caso, eu teria incorrido numa perda – na penumbra – de R$ 45,00). b) Por outro lado, também é possível que o sujeito fosse apenas um trapalhão que, ao esbarrar em mim, tivesse derrubado meu dinheiro, do bolso de minha camisa para o CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 23 chão do cinema, juntamente com a pipoca (nesse caso, a perda – na penumbra – teria sido de R$ 0,00). c) Uma terceira opção possível é a de que o sujeito fosse um ladrão atrapalhado que, ao esbarrar em mim, tivesse aproveitado para levar parte do meu dinheiro (R$ 20,00, por exemplo) e derrubado o restante, do bolso de minha camisa, para o chão do cinema (nesse caso, a perda – na penumbra – teria sido de apenas R$ 20,00). Repare que, em qualquer das três opções possíveis, a perda teria ocorrido no momento em que o sujeito esbarrou em mim. Porém, como o cinema estava escuro (estávamos na penumbra) eu somente tinha como imaginar o valor aproximado da perda ocorrida e, somente ao final do filme, teria como verificar o efetivo valor dessa perda. Note-se que em nenhuma das hipóteses a perda ocorreria no momento em que a luz fosse acesa. A única coisa que aconteceria naquele momento, é que eu poderia ter certeza do que anteriormente havia ocorrido. Ora, aplicando-se os princípios fundamentais de contabilidade ao caso, temos o seguinte. a) Pelo Princípio do Registro pelo Valor Original, o valor inicialmente existente no bolso de minha camisa era de R$ 45,00. b) Pelo princípio da Competência, ocorreu uma perda no momento em que o sujeito esbarrou em mim (e não no momento em que a luz do cinema se acendeu). c) Pelo princípio da Prudência, devo CONSIDERAR a perda no maior dos possíveis valores, ou seja, no valor de R$ 45,00. Assim, devo imediatamente registrar uma provisão de R$ 45,00, para reduzir o valor que inicialmente eu tinha em meu bolso a zero. Quando a luz acender, eu devo procurar no chão as notas que, eventualmente, caíram, e acertar o valor que eu havia considerado perdido no momento em que o sujeito esbarrou em mim. Esse é o conceito de provisão, uma perda na penumbra. Vamos transportar o conceito para o caso da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa. No final do exercício, a empresa percebe que tem registrado o direito de receber, durante o próximo exercício, R$ 100.000,00, de clientes, por vendas realizadas a prazo, na conta Duplicatas a Receber. Naquele mesmo instante, a empresa percebe que, dos R$ 100.000,00, somente CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 24 pode contar com o recebimento de R$ 95.000,00, mas não sabe com clareza, quais duplicatas não serão pagas e nem o momento em que ele receberá o “calote” de algum cliente. Assim, a perda de R$ 5.000,00 está incorrida, mas ainda na penumbra. Somente quando o ano passar é que “a perda irá se mostrar à luz do dia” e a empresa terá certeza do efetivo valor da perda antes ocorrida. No mesmo sentido, a Interpretação Técnica n° 1 de 2006 do IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores, tratando de caso similar (referente à paradas futuras para manutenção), proíbe a constituição de provisão para registro de despesas futuras, nos termos a seguir transcritos, em parte: As demonstrações contábeis apresentam a posição patrimonial e financeira de uma entidade no fim do período (data do balanço) e não de sua possível posição no futuro. Portanto,nenhuma provisão é reconhecida para custos que precisam ser incorridos para operar no futuro. Os únicos passivos reconhecidos no balanço de uma entidade são aqueles que existem na data do balanço. Somente são reconhecidas como provisões aquelas obrigações que surgem de eventos passados e existem independentemente de atos futuros de uma entidade (como a conduta futura do seu negócio). Exemplos dessas obrigações são multas ou custos com limpeza e reparos em virtude de danos ambientais, que resultariam em saída de recursos para sua liquidação, independentemente de atos futuros da entidade. Da mesma forma, uma entidade reconhece uma provisão para os custos de descontinuidade de uma instalação industrial na medida em que ela é obrigada a retificar eventual dano já causado. 1.4.1.3 Considerações sobre a constituição, a realização e a reversão da provisão para créditos de liquidação duvidosa Visto o conceito de provisão, tanto do ponto de vista teórico, quanto do ponto de vista didático, e visto (também) que a Provisão Para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD – se encaixa perfeitamente no conceito, vamos fazer algumas considerações sobre sua constituição, realização e reversão. 1.4.1.3.1 Constituição da PCLD No final de cada exercício, ao verificar o valor do direito registrado na conta Duplicatas a Receber, a empresa deve considerar que um percentual será objeto de perda, por inadimplência. É importante referir que não há na legislação a definição de um critério para apuração CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 25 dessa perda, conforme depreende-se da leitura da Resolução CFC n° 774, de 1994 (já referida), a seguir reproduzida em parte: A provisão para créditos de liquidação duvidosa constitui exemplo da aplicação do Princípio da PRUDÊNCIA, pois sua constituição determina o ajuste, para menos, de valor decorrente de transações com o mundo exterior, das duplicatas ou de contas a receber. A escolha não está no reconhecimento ou não da provisão, indispensável sempre que houver risco de não-recebimento de alguma parcela, mas, sim, no cálculo do seu montante. Um critério muito utilizado – porém não obrigatório – para a apuração do valor a ser registrado a título de PCLD é o do percentual médio dos créditos não recebidos nos últimos três anos9. Saliente-se que não é adequado – porém, conforme o caso, não é proibido – que se constitua PCLD sobre créditos com garantia de recebimento (garantias pessoais, ou reais – penhor ou hipoteca). Assim, os órgãos de administração de cada companhia devem analisar o caso específico da empresa e decidir o critério mais adequado para avaliação das perdas com clientes e, conseqüentemente, de seu patrimônio. Uma última dúvida, que deve ser espancada de pronto, é que a legislação tributária não deve interferir na apuração do valor dessa perda. De fato, a Lei 9.430, de 1996, em seu art. 9o, definiu os critérios para que se pudesse considerar dedutível a perda com clientes (para fins de apuração da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ – pela sistemática do Lucro Real), e respectiva contabilização – conforme a seguir: Perdas no Recebimento de Créditos Dedução Art. 9º As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo. § 1º Poderão ser registrados como perda os créditos: I - em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II - sem garantia, de valor: a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de 9 O percentual, portanto, pode ser calculado dividindo-se o somatório dos saldos de Duplicatas a Receber, no final dos últimos três exercícios, pelo somatório das perdas incorridas nesses três exercícios. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 26 iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III - com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; IV - contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado o disposto no § 5º. § 2º No caso de contrato de crédito em que o não pagamento de uma ou mais parcelas implique o vencimento automático de todas as demais parcelas vincendas, os limites a que se referem as alíneas a e b do inciso II do parágrafo anterior serão considerados em relação ao total dos créditos, por operação, com o mesmo devedor. § 3º Para os fins desta Lei, considera-se crédito garantido o proveniente de vendas com reserva de domínio, de alienação fiduciária em garantia ou de operações com outras garantias reais. § 4º No caso de crédito com empresa em processo falimentar ou de concordata, a dedução da perda será admitida a partir da data da decretação da falência ou da concessão da concordata, desde que a credora tenha adotado os procedimentos judiciais necessários para o recebimento do crédito. § 5º A parcela do crédito cujo compromisso de pagar não houver sido honrado pela empresa concordatária poderá, também, ser deduzida como perda, observadas as condições previstas neste artigo. § 6º Não será admitida a dedução de perda no recebimento de créditos com pessoa jurídica que seja controladora, controlada, coligada ou interligada, bem como com pessoa física que seja acionista controlador, sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora, ou parente até o terceiro grau dessas pessoas físicas. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 27 Cumpre esclarecer que esses são critérios para consideração de perdas na apuração da base de cálculo do tributo, mas não são critérios para cálculo da provisão – nem de sua realização. Portanto, para os fins a que se destina esse curso – compreensão do fenômeno contábil – o estudo detalhado dessa legislação, acima referenciada, não será realizado. Caberia sua análise em um curso de legislação tributária, que – entretanto – escapa ao escopo de nosso estudo. Portanto, a constituição da PCLD consiste em: a) apurar o valor das perdas prováveis no recebimento de clientes, durante o próximo exercício; b) registrar uma despesa, a débito, no valor da perda provável, referenciada no item (a); c) constituir uma provisão, a crédito de uma conta retificadora do ativo, PCLD (de natureza credora) – redutora do saldo da conta Duplicatas a Receber. 1.4.1.3.2 Realização da PCLD O termo realizar pode ser didaticamente entendido como “transformar algo em outra coisa”. Assim, a realização da PCLD significa transformar a “perda antes considerada na penumbra” em uma “efetiva perda – à luz do dia”. Ora, isso somente ocorre no momento em que a empresa não tiver mais dúvida quanto à inadimplência. Em outras palavras, a realização daprovisão pode ser vista como a confirmação da perda. Dessa forma, a realização da provisão é registrada: a) a débito da conta PCLD; e b) a crédito da conta Duplicatas a Receber – no valor da duplicata que se tornou incobrável, por inadimplência do cliente. Pode ser que o valor dos créditos efetivamente considerados incobráveis, no período, seja menor ou igual ao valor inicialmente calculado para a PCLD e, assim, todos eles consistem em confirmação do valor inicialmente previsto. No caso, entretanto, do valor dos créditos efetivamente considerados incobráveis, no período, ser superior ao valor inicialmente calculado para a PCLD, aqueles que ultrapassarem esse valor não podem ser considerados uma confirmação da PCLD inicialmente prevista, mas consistem em novas perdas, diretamente registradas como despesas: a) a débito de conta de despesas – Perdas no Recebimento de Créditos; CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 28 b) a crédito da conta Duplicatas a Receber. 1.4.1.3.3 Reversão da PCLD A reversão da provisão consiste em “desconsiderar a perda antes considerada, na penumbra”. Isso ocorre quando, por prudência, na dúvida foi considerada uma perda no maior de seus possíveis valores e, quando, a perda se confirmou – sem qualquer sombra de dúvida – se revelou menor do que o que havia antes sido considerado. Em outras palavras, a reversão da PCLD consiste no seu desfazimento, pelo fato de que “à luz do dia, a perda não era tão feia quanto parecia, quando na penumbra”. Visto que a perda foi registrada como uma despesa, seu desfazimento (sua reversão) deve ser registrada como uma receita. Assim, a reversão da PCLD deve ser registrada: a) a débito da conta PCLD; e b) a crédito de uma conta de receita de reversão de provisão, no valor da PCLD inicialmente considerada e que não se confirmou. 1.4.1.3.4 Constituição de nova PCLD – ao final do exercício seguinte Ao final do exercício, o mesmo procedimento de constituição de PCLD, realizado no exercício anterior, deve ser repetido. Entretanto, nesse caso, deve ser levado em consideração que, durante o exercício em questão, a PCLD anteriormente constituída foi realizada, pelos créditos que se tornaram efetivamente incobráveis. Assim, podem ocorrer duas situações distintas: (a) os créditos que se tornaram efetivamente incobráveis foram inferiores ao valor inicialmente previsto para a PCLD e, assim, a PCLD foi apenas parcialmente realizada, durante o exercício, e ainda apresenta um valor (saldo credor); e (b) os créditos que se tornaram efetivamente incobráveis foram iguais ou superiores ao valor inicialmente previsto para a PCLD e, assim, a PCLD foi totalmente realizada, durante o exercício, apresentando um valor (saldo) zero. Na primeira situação – em que os créditos que se tornaram efetivamente incobráveis foram inferiores ao valor inicialmente previsto para a PCLD – a PCLD apresenta saldo (credor) ao final do exercício e, assim, para constituição de nova PCLD, há dois métodos distintos, denominados (1) o método da reversão, e (2) o método da complementação: CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 29 (1) pelo método da reversão, o Saldo existente na conta PCLD é revertido, ficando “zerado” e, em seguida, é constituída a nova PCLD no valor para ela especificamente calculado; (2) pelo método da complementação, não é realizada qualquer reversão, mas somente a constituição de nova PCLD no valor da diferença entre (a) o saldo existente e (b) o valor calculado para a nova PCLD. A seguir, em nosso curso, veremos exemplos de constituição de nova PCLD pelos dois métodos acima referidos. 1.4.2 Patrimônio Inicial Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 100.000,00, em Duplicatas a Receber; e (3) R$ 70.000,00, em obrigações com Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa). Neste patrimônio inicial, encontram-se também registradas as alterações do valor do patrimônio, ocorridas no exercício, até aquele momento: (1) Receitas de Venda, no valor de R$ 100.000,00 e (2) Custo da Mercadoria Vendida, no valor de R$ 70.000,00. A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 30 Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 100.000,00 Capital 50.000,00 Custo da Mercadoria Vendida 70.000,00 Receita Bruta de Vendas 100.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.4.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato Foi visto que, ao final do exercício, para apuração do patrimônio a empresa – após rigorosa análise de sua carteira de clientes e da conjuntura econômica – verificou que, dos R$ 100.000,00 registrados na conta Duplicatas a Receber, somente contava com o efetivo recebimento de R$ 95.000,00. Analisando o caso do ponto de vista patrimonial, alguém mais afoito poderia pensar que o direito registrado no elemento patrimonial Duplicatas a Receber deveria ter seu saldo reduzido. Porém, isso não é verdade, não houve fato que enseje a modificação do Registro pelo Valor Original. Assim, a técnica contábil é a de se registrar em uma outra conta um ônus que pesa sobre o direito Duplicatas a Receber – na forma de uma conta retificadora de ativo10. Assim, ao final do exercício, o patrimônio fica reduzido pelo surgimento de um ônus sobre o elemento patrimonial Duplicatas a Receber, registrado na conta Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD. 10 Sobre o assunto – conta retificadora do ativo – recomendamos a leitura das considerações acerca das contas Duplicatas Descontadas e Depreciação Acumulada, antes apresentadas neste curso. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 31 Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são cavados “cinco mil grãos de areia” do buraco patrimonial PCLD e que esses “cinco mil grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio (reduzindo-o), ou seja, aplicados na lata de lixo, representada pela conta de resultado Despesa com Provisão. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 100.000,00 (-) PCLD (5.000,00) Capital 50.000,00 Custo da Mercadoria Vendida 70.000,00 Receita Bruta de Vendas 100.000,00 Despesas com Provisão 5.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 33 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – Despesa com Provisão; - Bolinha é crédito – PCLD. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 32 1.4.4 Lançamento 1.4.4.1 Registro no Livro Diário D = Despesa com Provisão C = a PCLD 5.000,00 Ou, simplesmente: Despesa com Provisão a PCLD 5.000,00 33 33 1.4.4.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 si si 50.000,00 5.000,00 33 si 70.000,00 créditos 33 5.000,00 70.000,00 si 100.000,00 si si 100.000,00 Fornecedores débitos créditos Despesa com Provisão débitos Duplicatas a Receber débitos créditosdébitos créditos Receita Bruta de Vendas débitos créditoscapital caixa débitos créditos Custo da Mercadoria Vendida débitos créditos PCLD débitos créditos CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 33 1.4.5 Patrimônio Final Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 100.000,00 (-) PCLD (5.000,00) Capital 50.000,00 Custo da Mercadoria Vendida 70.000,00 Receita Bruta de Vendas 100.000,00 Despesas com Provisão 5.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.4.6 Considerações Finais Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: reduzido do valor de R$ 80.000,00, para o valor de R$ 75.000,00. Adicionalmente, percebe- se que não houve alteração de valor em mais de um elemento patrimonial (apenas o surgimento de uma conta retificadora do ativo). Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil modificativo diminutivo. Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como conta retificadora – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 5.000,00). Isso está de acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo: contas retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos). Na conta Despesa com Provisão – representativa de um motivo pelo qual o patrimônio foi reduzido durante o exercício e, portanto, classificada como conta de resultado – despesa – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 34 para R$ 5.000,00). Isso está de acordo com a natureza devedora e unilateral das contas de despesa: contas de despesa somente têm seu saldo aumentado, por débitos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por créditos, apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício). Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no Livro Diário). Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 5.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 5.000,00, e que isso está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque: - o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e Despesas) é igual a R$ 220.000,00; - o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$ 220.000,00. Cumpre referir que esse lançamento ocorre no final do exercício de 2004. Imediatamente após esse lançamento, deverão ser realizados os lançamentos de fechamento do exercício. Recomendamos que o aluno realize esses lançamentos, a título de treino, com base no modelo antes apresentado. 1.5 Realização de Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa 1.5.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil Considere que a empresa tenha, ao final do exercício de 2004, constituído uma Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD, no valor de R$ 5.000,00. Durante o exercício de 2005, dos R$ 5.000,00 considerados perdidos (na penumbra) – conforme provisão constituída, o valor de R$ 2.000,00 foi confirmado, pois uma duplicata no valor de R$ 2.000,00 tornou-se definitivamente incobrável em 01/06/2005. Assim, faz-se necessário um registro, no patrimônio, que demonstre a confirmação da perda, já considerada ocorrida quando da constituição CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 35 da provisão, e o desaparecimento do direito de receber por vendas a prazo, pelo fato da Duplicata a Receber no valor de R$ 2.000,00 ter se tornado incobrável. Foi visto que o termo realizar pode ser – didaticamente – entendido como “transformar algo em outra coisa”. Assim, a realização da PCLD significa transformar a “perda antes considerada na penumbra” em uma “efetiva perda – à luz do dia”. Ora, isso somente exatamente nesse momento em que a empresa não tem mais dúvida quanto à inadimplência do cliente. Em outras palavras, a realização da provisão pode ser vista como a confirmação da perda. Dessa forma, a realização da provisão é registrada: a) a débito da conta PCLD; e b) a crédito da conta Duplicatas a Receber – no valor da duplicata que se tornou incobrável, por inadimplência do cliente. No caso, o valor dos créditos efetivamente considerados incobráveis, no período (R$ 2.000,00), é menor do que o valor inicialmente calculado para a PCLD (R$ 5.000,00) e, assim, consiste – na sua totalidade – em confirmação do valor inicialmente previsto para a provisão. 1.5.2 Patrimônio Inicial Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 100.000,00, em Duplicatas a Receber; (3) R$ 70.000,00, em obrigações com Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa); (5) R$ 5.000,00 em PCLD e (6) 25.000,00 em Reservas de Lucros. A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 36 Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 100.000,00 (-) PCLD (5.000,00) Capital 50.000,00 Reserva de Lucros 25.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.5.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato Visto que uma duplicata tornou-se incobrável, em 01/06/2005, faz-se necessária a redução do valor registrado no direito Duplicatas a Receber, pois um direito (relativo à duplicata incobrável) saiu do patrimônio. Por outro lado, é importante notar que o ônus que acompanha esse direito (PCLD) também deve ser reduzido, pois o acessório acompanha o principal e, se o direito não existe mais, a “perda na penumbra” desse direito também não mais deve existir. Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são desbastados “dois mil grãos de areia” do montinho patrimonial Duplicatas a Receber e que esses “dois mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial PCLD, reduzindo seu tamanho. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 37 Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 100.000,00 (2.000,00) 98.000,00 (-) PCLD (5.000,00) Capital 50.000,00 2.000,00 (3.000,00) Reserva de Lucros 25.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 34 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – PCLD; - Bolinha é crédito – Duplicatas a Receber. 1.5.4 Lançamento 1.5.4.1 Registro no Livro Diário D = PCLD C = a Duplicatas a Receber 2.000,00 Ou, simplesmente: PCLD a Duplicatasa Receber 2.000,00 34 34 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 38 1.5.4.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 si si 50.000,00 5.000,00 si si 100.000,00 34 2.000,00 2.000,00 34 3.000,00 sf sf 98.000,00 70.000,00 si Duplicatas a Receber débitos créditos PCLD débitos créditosdébitos créditos capital caixa débitos créditos Fornecedores débitos créditos 1.5.5 Patrimônio Final Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 98.000,00 (-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00 Reserva de Lucros 25.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.5.6 Considerações Finais Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) não foi Alterado: permanecendo no CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 39 valor de R$ 75.000,00. Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil permutativo. Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como conta retificadora – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 5.000,00 para R$ 3.000,00). Isso está de acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo: contas retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos). Na conta Duplicatas a Receber – representativa de um direito e, portanto, classificada no ativo – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 100.000,00 para R$ 98.000,00). Isso também está de acordo com a natureza devedora das contas de ativo: contas de ativo têm seu saldo aumentado por débitos (e reduzido por créditos). Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no Livro Diário). Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 2.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 2.000,00, e que isso está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque: - o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e Despesas) é igual a R$ 145.000,00; - o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$ 145.000,00. 1.6 Reversão da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa 1.6.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil Considere que a empresa tenha, ao final do exercício de 2004, constituído uma Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD, no valor de R$ 5.000,00. Durante o exercício de 2005, dos R$ 5.000,00 considerados perdidos (na penumbra) – conforme provisão constituída, o valor de R$ 2.000,00 foi confirmado, pois uma duplicata CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 40 no valor de R$ 2.000,00 tornou-se definitivamente incobrável em 01/06/2005. Considere, ainda, que esse foi o único valor que se tornou efetivamente incobrável em 2005 e que, em 31/12/2005, resta um saldo de R$ 3.000,00 na conta PCLD. Nessa situação, faz-se necessário um registro, no patrimônio, que demonstre que a perda, anteriormente considerada “ocorrida na penumbra” (no valor de R$ 5.000,00) não se confirmou – no valor de R$ 3.000,00 – à luz do dia, e que, portanto, ela deve ser “desconsiderada”. Do ponto de vista técnico, essa situação é denominada de reversão da provisão. A reversão da provisão, portanto, consiste em “desconsiderar a perda antes considerada, na penumbra”. Isso ocorre quando, por prudência, na dúvida foi considerada uma perda no maior de seus possíveis valores e, quando, a perda se confirmou – sem qualquer sombra de dúvida – se revelou menor do que o que havia antes sido considerado. Em outras palavras, a reversão da PCLD consiste no seu desfazimento, pelo fato de que “à luz do dia, a perda não era tão feia quanto parecia, quando na penumbra”. Visto que a perda foi registrada como uma despesa, seu desfazimento (sua reversão) deve ser registrada como uma receita. Assim, a reversão da PCLD deve ser registrada: - a débito da conta PCLD; e - a crédito de uma conta de receita de reversão de provisão, no valor da PCLD inicialmente considerada e que não se confirmou. 1.6.2 Patrimônio Inicial Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 98.000,00, em Duplicatas a Receber; (3) R$ 70.000,00, em obrigações com Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa); (5) R$ 3.000,00 em PCLD e (6) 25.000,00 em Reservas de Lucros. A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 41 Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 98.000,00 (-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00 Reserva de Lucros 25.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.6.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD – tem por objetivo informar o valor da perda no recebimento de créditos em 2005. Visto que essa provisão, inicialmente prevista no valor de R$ 5.000,00, não se confirmou totalmente e, em 31/12/2005, ainda não havia ocorrido a perda de R$ 3.000,00, a provisão deve ser desfeita nesse valor. Assim, é necessário considerar um acréscimo do patrimônio (visto que ele havia sido equivocadamente reduzido em valor maior do que o devido) – representado pela conta Receita de Reversão de provisões. Por outro lado, a provisão, que está com valor restante de R$ 3.000,00, terá que ser reduzida a zero.11 Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que caem do céu (de pára-quedas) “três mil grãos de areia”, aumentando o patrimônio da empresa, (esse aumento de patrimônio deve ser registrado na conta de resultado Receita de Reversão de Provisão) e que esses “três mil grãos de areia” são aplicados no buraco patrimonial PCLD, tapando-o e, conseqüentemente, reduzindo seu tamanho. 11 Importante lembrar que, após a reversão da provisão anteriormente feita, deve ser constituída uma nova provisão para o ano seguinte. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 42 A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 98.000,00 (-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00 3.000,00 - Reserva de Lucros 25.000,00 Receita de Reversão de Provisão 3.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 35 Agora ficou muito fácil: - Setinha é débito – PCLD; - Bolinha é crédito – Receitade Reversão de Provisão. 1.6.4 Lançamento 1.6.4.1 Registro no Livro Diário D = PCLD C = a Receita de Reversão de Provisão 3.000,00 Ou, simplesmente: PCLD a Receita de Reversão de Provisão 3.000,00 35 35 CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 43 1.6.4.2 Registro no Livro Razão 50.000,00 si si 50.000,00 3.000,00 si si 98.000,00 35 3.000,00 - sf 70.000,00 si 3.000,00 35 Receita de Reversão de Provisão débitos créditos Fornecedores débitos créditos débitos créditos capital caixa débitos créditos Duplicatas a Receber débitos créditos PCLD débitos créditos 1.6.5 Patrimônio Final Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 98.000,00 Capital 50.000,00 Reserva de Lucros 25.000,00 Receita de Reversão de Provisão 3.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.6.6 Considerações Finais Repare que, após a ocorrência do fato contábil, o valor do patrimônio líquido (bens/direitos (-) obrigações) foi Alterado: do valor de R$ CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 44 75.000,00 para o valor de R$ 78.000,00. Adicionalmente, percebe-se que não houve alteração em mais de um elemento patrimonial (entre bens, direitos e obrigações), havendo, tão somente, a redução do valor da PCLD. Assim, conclui-se que se trata de um fato contábil modificativo aumentativo. Na conta PCLD – representativa de um ônus sobre o direito “Duplicatas a Receber”, de natureza credora, porém classificada no ativo, como conta retificadora – foi registrado um débito. Repare que essa conta teve seu saldo reduzido (de R$ 3.000,00 para R$ 0,00). Isso está de acordo com a natureza credora das contas retificadoras de ativo: contas retificadoras de ativo têm seu saldo aumentado por créditos (e reduzido por débitos). Na conta Receita de Reversão de Provisão – representativa de um motivo pelo qual o patrimônio aumentou durante o exercício e, portanto, classificada como conta de resultado – receita – foi registrado um crédito. Repare que essa conta teve seu saldo majorado (de R$ 0,00 para R$ 3.000,00). Isso também está de acordo com a natureza credora e unilateral das contas de receita: contas de receita somente têm seu saldo aumentado, por créditos, durante todo o exercício, (o saldo é reduzido, por débitos, apenas nos casos de retificação de erro ou de fechamento do exercício). Ainda, pelo fato de terem sido registradas apenas uma conta a débito e uma conta a crédito, o lançamento foi de primeira fórmula (repare que não houve uso da palavra reservada “diversos”, quando do registro no Livro Diário). Finalmente, repare que o valor dos débitos, R$ 3.000,00, é idêntico ao valor dos créditos, R$ 3.000,00, e que isso está de acordo com o método das partidas dobradas: para todo débito registrado, há um crédito de igual valor. De uma forma simples e rápida, verificamos a correção do registro do fato contábil pela comparação dos somatórios de valores em ambos os lados do patrimônio (representados no balancete) – esses dois valores devem ser iguais. Em nosso exemplo, isso ocorre porque: - o somatório dos saldos das contas do lado esquerdo (Ativo e Despesas) é igual a R$ 148.000,00; - o somatório dos saldos das contas do lado direito (Passivo, Patrimônio Líquido e Receitas) é, também, igual a R$ 148.000,00. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 45 1.7 Complementação da Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa 1.7.1 Descrição e Considerações sobre o Fato Contábil Considere que: a) A empresa tenha, ao final do exercício de 2004, constituído uma Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD, no valor de R$ 5.000,00. b) Durante o exercício de 2005, dos R$ 5.000,00 considerados perdidos (na penumbra) – conforme provisão constituída, o valor de R$ 2.000,00 foi confirmado, pois uma duplicata no valor de R$ 2.000,00 tornou-se definitivamente incobrável em 01/06/2005. c) Esse foi o único valor que se tornou efetivamente incobrável em 2005 e que, em 31/12/2005, resta um saldo de R$ 3.000,00 na conta PCLD. d) Em 31/12/2005, dos R$ 98.000,00 registrados em Duplicatas a Receber, a empresa somente conta com o recebimento de R$ 94.000,00 e que, portanto, considera perdido (por inadimplência) o valor de R$ 4.000,00. Nessa situação, é necessário demonstrar que: a) a perda, anteriormente considerada “ocorrida na penumbra” em 31/12/2004 (no valor de R$ 5.000,00) não se confirmou em 2005 – no valor de R$ 3.000,00; e b) do direito existente em 31/12/2005, registrado na conta Duplicatas a Receber, no valor de R$ 98.000,00, somente é esperado o recebimento de R$ 94.000,00 em 2006, ou seja, considera-se perdido o valor de R$ 4.000,00. Para isso, existem duas soluções: (1) reversão da provisão anterior (cujo saldo é de R$ 3.000,00)12, seguida da constituição de nova provisão (no valor de R$ 4.000,00); ou (2) complementação da provisão existente (de R$ 3.000,00 para R$ 4.000,00). A primeira solução já foi objeto de estudo (quando do lançamento 33 – constituição da provisão – e do lançamento 35 – reversão da provisão), portanto, não será apresentada neste item. A segunda solução, denominada complementação será aqui estudada e consiste na constituição de “mais um pouco de provisão”, para que o 12 Conforme demonstrado no item anterior. CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 46 valor final registrado corresponda àquele da nova provisão (sem que seja necessário reverter o saldo da antiga provisão). 1.7.2 Patrimônio Inicial Seja o patrimônio inicial, didaticamente proposto de forma simples, que tenha apenas (1) R$ 50.000,00, em Caixa; (2) R$ 98.000,00, em Duplicatas a Receber; (3) R$ 70.000,00, em obrigações com Fornecedores; (4) R$ 50.000,00, em capital (colocado pelos sócios, para a formação do patrimônio da empresa); (5) R$ 3.000,00 em PCLD e (6) 25.000,00 em Reservas de Lucros. A seguir, encontra-se representado o balancete representativo do patrimônio acima sugerido. Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 98.000,00 (-) PCLD (3.000,00) Capital 50.000,00 Reserva de Lucros 25.000,00 Ativo Passivo ------------------------------------------- Patrimônio Líquido Despesas Receitas 1.7.3 Análise dos Efeitos Patrimoniais do Fato A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa – PCLD – terá por objetivo informar o valor da perda no recebimento de créditos em 2006. Visto que essa provisão, deverá apresentar o valor (saldo) de R$ 4.000,00 e que a provisão anterior (relativa ao valor da perda no recebimento de créditos em 2005, que não se confirmou) já apresenta saldo de R$ 3.000,00, basta aumentá-lo em R$ 1.000,00. Utilizando a metáfora da “caixa de areia”, podemos considerar que são escavador “mil grãos de areia”, do elemento patrimonial PCLD, e que CURSOS ON-LINE – CONTABILIDADE – CURSO REGULAR PROFESSOR LUIZ EDUARDO www.pontodosconcursos.com.br 47 esses “mil grãos de areia” são jogados para fora do patrimônio, diminuindo-o, ou seja aplicados na lata de lixo representada pela conta de resultado Despesa com Provisão. A figura a seguir representa, esquematicamente, o fluxo de valores, entre elementos patrimoniais, decorrente do fato contábil em tela. Caixa 50.000,00 Fornecedores 70.000,00 Duplicatas a Receber 98.000,00
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