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Nas terras do bem virá

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3
Nas Terras do Bem-Virá - Migração,desmatamento, tráfico de Pessoas,trabalho escravo
e conflitos agrários.
1 – Introdução
Os motivos que levam as pessoas a sair de seu local de origem e ir para outros
destinos podem ser muitos, mas a esperança de uma vida melhor e a confiança no
futuro, são o foco central desses movimentos. Ainda que a migração não seja um
fenômeno novo na história brasileira, em um cenário de pobreza e miséria, de falta de
oportunidade social, ou por motivos climáticos, agrários, de crédito e outros motivos,
sempre objeto de estudo da demografia e da ciência social, fazem com que pessoas
exerçam o direito de migrar. Essa migração é feita de muitas regiões para muitas
regiões, mas migrações em direção à fronteira agrícola mais especificamente o sul do
Pará é o objeto deste trabalho. Será feita uma análise descritiva da migração de
pessoas de áreas normalmente sertanejas do nordeste em direção a Amazônia para
exercer trabalho na fronteira agrícola em diversas atividades agropecuárias, No
documentário Nas Terras do Bem Virá será observado que a falta de fiscalização do
ministério do trabalho, para zelar com os direitos assalariados de todos os
trabalhadores como normalmente acontece em áreas de desenvolvimento industrial e
social maiores, levam muitas vezes, a acontecer situações de tráfico de pessoas com
consequente trabalho escravo. Inseridos em um ciclo vicioso de trabalho e dívida com
seu patrão. Após serem explorados durante décadas, muitos se tornam indigentes.
Muitos dos que tentam escapar desse sistema, são assassinados. O documentário
mostra também os conflitos agrários que ocorrem da ocupação da terra do sul do Pará,
onde a violência permeia a negociação entre posseiros e grileiros desde há muito e
muito tempo. Por conta desse tipo de ocupação de terras da união veremos no filme a
ligação com a derrubada de florestas, extinção de espécies, queimadas, contaminação
dos recursos hídricos, a concentração de terras e de renda.
4
2. Desenvolvimento
O documentário nas terras do Bem-Virá começa com o seguinte alerta estampado por
sobre uma paisagem noturna de uma linda lua em plena floresta.
“Anualmente são destruídos centenas de milhares de hectares de floresta e para
realizar esse desmatamento são utilizados milhares de trabalhadores em regime
de escravidão aliciados principalmente nas cidades pobres do nordeste”
Através deste alerta o documentário avisa qual é um de seus propósitos, ou seja,
alertar sobre o trabalho escravo vigente em pleno século XXI no território de nosso
país. O documentário se reporta ao trabalho escravo presente no sul do estado do Pará
em plena Amazônia, mas nada impede que se possa inferir que esta ilegalidade, esse
crime ocorra em outras regiões não retratadas nesse trabalho, inclusive em áreas de
urbanização intensa com alto desenvolvimento econômico e social como a cidade de
São Paulo, noticiada em jornais como a sede da exploração do trabalho escravo de
cidadãos bolivianos, onde sofrem escravização por empresários brasileiros ou não da
indústria têxtil e de confecções. No site do Senado Federal existe uma notícia que
reforça o comentário sobre a industria têxtil utilizando mão de obra escrava. 
“A grande novidade dos últimos anos foi a descoberta de que setores
econômicos utilizam mão de obra escrava de imigrantes vindos de países
vizinhos da América Latina, como a Bolívia.
Um dos setores que mais crescem no Brasil, a indústria têxtil vive um ambiente
extremamente competitivo depois da liberalização econômica da década de 1980,
pressionada pelos baixos preços praticados no mercado internacional,
especialmente pelos produtos chineses.
Ao mesmo tempo, com a crise econômica argentina, a migração de cidadãos
bolivianos foi redirecionada para o Brasil, especialmente para São Paulo, onde
são explorados por empresários da indústria têxtil e de confecções. Além da
indústria têxtil, o trabalho escravo também aparece em um setor que deveria
estar acima de qualquer suspeita: as grandes obras financiadas pelo governo.
Têm sido encontrados trabalhadores em situações precárias na construção de
hidrelétricas e de estradas, contratados pelas empresas ganhadoras das
licitações ou por seus parceiros”.
Outro problema colocado de forma indireta pelo documentário ainda em sua
introdução é o ronco e imagem do motosserra cortando árvores, algumas centenárias,
ou seja, o desmatamento da floresta com o consequente convite à desertificação
5
principalmente com a queimada como garantia de “limpeza” da vegetação que
“atrapalha” o desenvolvimento do agronegócio, principal negócio dos investidores
denominados fazendeiros. Essas queimadas geram imensas nuvens de gás carbônicas
e outros elementos nocivos na atmosfera causando poluição visível e significativa na
região e mundo contribuindo assim para aumentar o efeito estufa refletindo no
aquecimento do planeta que desencadeia possíveis mudanças climáticas, foco de
preocupação global.
Ainda em seu começo, o documentário mostra através de declarações de alguns
trabalhadores, ameaças que recebem de seus empregadores “- tem muitos que vai e
não volta” “... ele ameaçava que se nós fosse entregar ele, ele matava... ele pagava pra
matar...”. Também pessoas que estão para proteger os trabalhadores fazem
depoimentos. “-... lá inclusive já foi encontrado cemitérios clandestino, a policia federal
desenterrou corpos...” em outro depoimento do agente de trabalho diz que o
trabalhador numa fazenda conhecida na região foi reclamar ao seu empregador direitos
trabalhistas e recebeu como pagamento a pena de morte. Mais alguns depoimentos
aterradores “- Tem locais aqui no sul do Pará que você contrata um pistoleiro mais fácil
do que pegar um táxi” ou esse “- Se está devendo e não tem como pagar o fazendeiro
manada matar também”. 
O fato é que os migrantes que saíram de suas regiões de origem principalmente dos
estados do Piauí e Maranhão que não retornaram, não se sabe se eles estão vivos ou
mortos, se constituíram outras famílias ou se fugiram e não conseguiram retornar a sua
origem. Essa é a introdução impactante do documentário dirigido por Alexandre
Rampazzo (Brasil, 2007, 111min.) intitulado Nas Terras do Bem-virá.
Os migrantes partem de localidades humildes, pobres mesmo, sem oportunidade
de melhorar a qualidade de vida sua e de sua família se sente obrigado a buscar
condições de sobrevivência em outros destinos que possam oferecer recursos
financeiros em troca de sua força de trabalho.
“Piauí e maranhão, estados recordistas no aliciamento de trabalhadores em regime de
escravidão. Há localidades em que 80% dos homens migram em busca de trabalho”
Com isso fica fácil à inferência de sua família ficar completamente desprotegida,
6
praticamente na miséria sobrevivendo à custa do extrativismo de cocos e sementes
além de uma parca agricultura de subsistência. Nesse cenário tenho que apoiar os
programas do governo federal “Fome zero” e “Bolsa Família” que tentam minimizar o
cenário de penúria desses sobreviventes “abandonados” por seu chefe em busca de
novas possibilidades. É que essa gente consegue sobreviver. Nessas localidades em
relação à população infantil é possível afirmar que o desenvolvimento educacional das
crianças tendem a zero, alimentando assim um futuro cada vez mais incerto dessas
famílias.
Xavier da Pastoral da Terra, explica que os trabalhadores passam por vários
intermediários; o “gato” que muitas vezes é auxiliado por uma rede de “sub gatos” tem
como função o recrutamentos de novos trabalhadores. O “gato” geralmente amigo dofazendeiro usa de algumas estratégias de recrutamento que se mostram muito
eficientes. Ele vai às pensões onde muitos e muitos desempregados esperam por
assim dizer a oportunidade de serem “resgatados” para o trabalho exatamente pelo
“gato” que paga sua conta na pensão e oferece oportunidade de trabalho onde ele vai
poder pagar sua dívida e com o restante de seu salario crescer e poder enviar dinheiro
para sua família. Outra estratégia mostrada no documentário de recrutamento é usando
aparelhagem de som, com alto-falantes suspensos em postes e irradiando sua
mensagem para o povoado. No documentário é mostrado esse convite para os
trabalhadores ingressarem na plantação de pimenta; em pouco tempo mais de 200
pessoas atenderam ao chamado. Outro intermediário é o proprietário(a) da pensão
aonde as pessoas vindas de diversos locais aguardam nesse “ viveiro” ou como diria
Karl Marx reserva de mão de obra, situadas geralmente nas periferias das cidades,
onde exatamente o “ gato” sabe onde ficam e é lá que usa o recrutamento já
esclarecido anteriormente.
Uma vez recrutados os transportes modais utilizados são a ferrovia e o
rodoviário, durante o percurso os passageiros são assediados pelo intenso comércio,
principalmente água, praticado pelos moradores as margens destes meios de
transporte que fazem dessa prática um dos modos de sobrevivência, percebe-se no
7
filme que essas são as pessoas que já foram por assim dizer abandonadas por seus
chefes de família que se foram para a lida e até agora não voltaram.
No site de notícias do Senado Federal: foi extraída a seguinte matéria publicada
em (14/07/2011 18:52:20) que mostra muito bem o perfil das pessoas que migram para
essa e outras regiões.
“Um estudo citado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), com 121
trabalhadores resgatados de quatro estados, principalmente Pará e Mato Grosso,
mostrou que a maioria deles se desloca constantemente e apenas 25% residem
no estado de nascimento. Quase todos começaram a trabalhar antes dos 16 anos
e mais de um terço, antes dos 11 anos, em geral para ajudar os pais nas
fazendas. Do total de entrevistados, 40% foram recrutados por meio de amigo ou
conhecido e 27%, por meio de agente de recrutamento, o chamado “gato”, ou
diretamente na fazenda. Dados da ONG Repórter Brasil informam que 95,5% das
pessoas que trabalham em regime semelhante ao da escravidão são homens. Do
total, 40,1% são analfabetos. Apenas 27,9% chegaram a cursar os primeiros anos
do ensino fundamental, sem, no entanto, completarem o quinto ano (antiga quarta
série). Outros 21,2% prosseguiram os estudos, mas sem concluírem o ensino
fundamental.
A maioria dos trabalhadores (63%) estava entre os 18 e 34 anos no
momento do resgate, idade em que teriam, em tese, completado os ensinos
fundamental e médio. Mas é também nessa idade que estão no auge do vigor
físico, capazes de executar tarefas pesadas e extenuantes. Outro dado que
chama a atenção é o uso de adolescentes no trabalho nas fazendas, ainda que
perfaçam apenas 2,5% do contingente de resgatados. As poucas mulheres
encontradas pelos fiscais em geral trabalhavam como cozinheiras ou eram
esposas de trabalhadores, muitas acompanhadas de crianças, que já ajudavam
nas tarefas domésticas.” 
8
Os depoimentos de trabalhadores são fragmentados e descritos durante a
apresentação do filme; basicamente são condensados da seguinte forma; a água para
beber tem como origem uma cacimba a céu aberto, sem nenhum tipo de tratamento
sanitário, originando-se aí muitas doenças do trato intestinal; dorme ao relento, tendo o
céu como telhado e o desconforto climático e térmico que isso possa causar; divide
esse espaço com os animais; tem como toalete pocilgas imundas que complementam o
rol de doenças possíveis desta falta de saneamento, sem levar em conta a imundície do
odor respirado diariamente. A agua bebida é a mesma em que banha, conforme o
fragmento de depoimento, é criado um “ barreiro” essa é a agua disponível para o
trabalhador se banhar e cozinhar., água que se mistura ainda a restos de fezes de
animais que escorrem para a cacimba. Para manter o trabalhador neste cenário o
fazendeiro autoriza que ele possa comprar mantimentos, ferramentas etc. nas
pequenas lojas comerciais que instala para exatamente suprir às necessidades básicas
sua força de trabalho. No entanto como o salário recebido sequer é suficiente para o
sustento de si mesmo, ele continua numa espiral de divida com o patrão. Conforme
Xavier explica; o trabalhador é imbuído de boa fé. “ Se eu devo, eu pago; sou homem;
sou homem de palavra ;isso é o bê-á-bá da sabedoria popular, da consciência de um
trabalhador simples”. O fazendeiro sabendo dessa boa fé, cobra desse trabalhador o
pagamento da dívida com sua força de trabalho. Como diz o Xavier “ ... inventou uma
máquina perfeita que submete, subjuga esse trabalhador a sua vontade” Xavier
continua explicando que quando o trabalhador acha que conseguiu equilibras suas
finanças e pede seu salario ao “ gato” de forma estarrecedora ele escuta “ você é que
esta devendo, esqueceu que eu paguei sua pensão, a viagem de trem, você pensou
que era de graça?, e a pinga que você tomou nesses três dias de viagem?” 
Antonio explica ao produtor do documentário a versão do pensamento do lado do
fazendeiro. “ O fazendeiro não tem segurança, só o trabalhador é que tem; tanto que
nós estamos com o pessoal lá seis ou sete dias bem acampados, comendo bem, algum
adiantamento nós fizemos para eles, eles estão todos satisfeitos, estão todos
contentes” “...você sabe de onde veio esse pessoal? Vieram da favela, onde não tem
casa pra morar, onde não tem banheiro, onde não tem nada, onde passa fome, sai
9
mendigando pela rua... “ “...e pelo motivo que nós damos serviço pra eles, é um alivio,
chegaram lá na minha fazenda, sentiram aliviados, comendo, bebendo, tranquilos,
satisfeitos, trabalhando cantando...eles cantam quase o dia todo; alegres e satisfeitos”
Para encerrar esta primeira parte do documentário “Nas terras do Bem-Virá” foi
adicionado a este trabalho a matéria do site de noticias do Senado Federal onde se
indaga que a mão de obra escrava pode ser maior do que é imaginado no
documentário.
 “As pegadas do país do futuro, do agronegócio pujante, da indústria em
expansão deixam um rastro difícil de imaginar: o crescimento do número de
trabalhadores brasileiros atraídos por falsas promessas, isolados, endividados,
coagidos e exauridos por longos turnos de trabalho.
Dezembro de 2001: trabalhadores escravizados da fazenda Tuerê, localizada em uma 
vicinal da Transamazônica, no município de Senador José Porfírio, Pará. Foto: J. R. 
Riper / Imagens Humanas
Mais de 39 mil trabalhadores nessa situação foram resgatados pela ação dos
grupos de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entre 1995 e
2010. Enquanto apenas 84 trabalhadores foram libertados em 1995, o número
anual cresceu acentuadamente a partir de 2001, chegando a quase seis mil em
2007. Mas voltou a cair para 2.617 no ano passado .” “O aumento de casos até
2007 também se explica pelo incremento da fiscalização, a partir da mudança do
Código Penal em 2003 – que passou a caracterizar melhor o crime do uso de
mão de obra escrava e a prever maior punição –, da ação do governo e da
atuação das organizações não governamentais. Mas a queda do número de
resgatados a partir de 2007 significa que houve menos fiscalização ou que a mão
de obra escrava diminuiu?”
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Torna-se difícil mapear totalmente a situação, o site de noticias doSenado federal 
continua a matéria:
“Mesmo com todo o histórico e dados colhidos nos últimos anos, ainda não é tão
fácil mapear casos de mão de obra escrava por se tratar de uma atividade
clandestina, criminosa. A falta de integração dos planos de combate, ações e
órgãos nas esferas estadual e federal também impede que dados oficiais sejam
organizados. Organizações não governamentais (ONGs) tentam preencher essas
lacunas com pesquisas próprias. Mas, segundo documento da Pastoral da Terra,
“é muito difícil conseguir informações exatas sobre o número de peões
escravizados. O peão fala, no máximo, do grupo que foi com ele, do local onde
estava. Nem sempre tem contato com o todo. Quem sabe da realidade são os
gerentes ou proprietários, que sempre negam”.
Na segunda parte deste documentário dirigido por Alexandre Rampazzo com 
produção de Tatiana Polastri, com uma galeria incrível de prêmios:
- It’s All True – Festival Internacional de Documentários – Brasil – Menção honrosa
- Festival dos Três Continentes – Venezuela – Prêmio de melhor filme
- Mostra Etnográfica da Amazônia – Brasil – Prêmio de melhor filme
- Mostra Contra o Silêncio de Todas as Vozes - México – Menção Honrosa
- Prêmio "Luta Pela Terra" - janeiro de 2009 - concedido nos 25 anos do MST - Sarandi-
RS
- Mostra FICA – Brasil
- XXIII Festival de Inverno da Chapada dos Guimarães – Brasil
- Mostra do Audiovisual Paulista – Brasil 
É exibido a realidade estarrecedora dos conflitos violentos decorrentes da
ausência e descaso da reforma agrária. Em um fragmento da película bispo José afirma
“...falta vontade política para fazer a reforma agrária”, “...movimento sem terra faz
ocupação de terras públicas através de acampamentos e enfrenta o latifúndio...”. Muitas
vezes o latifúndio, fazendeiros como são chamados na região, usam de documentação
“forjada” em cartórios dando-lhes a propriedade da terra que estava ocupada pelos
posseiros. Quando os grileiros como são chamados esse novos “ proprietários” ocupam
o espaço geográfico que o documento lhe autoriza baseado na Lei de Terras de 1850
que lhe concede a propriedade, são chamados de “grileiros” e nesse sentido a violência
fica instaurada, pois os grileiros tem a lei de seu lado e os posseiros não querem e não
entendem em perder o direito da terra que sempre foi sua.
11
A Aninha, Socióloga explica que “...a violência estrutural permanente é resultado
de um projeto de desenvolvimento predatório onde o estado brasileiro a partir da
década de setenta fez uma escolha para essa região”. No discurso do Presidente
Médici em reportagem do Arquivo Nacional extraído do próprio documentário, reafirma-
se o que Aninha mencionou.
“ O Presidente Médici, expressou sua confiança em que a Transamazônica possa
ser o caminho para o encontro da verdadeira vocação econômica da Amazônia,
O coração da Amazônia é o cenário para que se diga ao povo que a revolução e
este governo são essencialmente nacionalistas entendido o nacionalismo como
afirmação do interesse nacional sobre quaisquer interesses, e a prevalência das
soluções brasileiras para os problemas do Brasil.”
Dois desses problemas referidos na fala do chefe de estado são: - problemas
criados pela integração e os conflitos entre os primeiros posseiros e os grileiros com
documentos forjados em cartório que legitimam a expulsão dos posseiros. Posseiros
que vinham do nordeste tocados pela seca ou pela cerca (latifúndios) ou ainda pela
profecia do “padinho Ciço”, ou seja, ir para a Amazônia seria como ir para o céu, onde
corre leite e mel, justificado pela facilidade da infraestrutura recém instalada pelo
governo federal, essa propaganda do estado motivava todos a colonizar e integrar a
Amazônia.
Ricardo, religioso comenta:
 “ Bradesco criando gado, Volkswagen criando gado, Bamerindus criando gado,
Atlântica Boa Vista, Supergasbrás, Manah, um conjunto de empresas se
deslocaram para a Amazônia, a maior parte se instalou no sul do Pará...”
“...consequência do mundo de dinheiro despejado naquela área: -concentração
da terra; conflitos fundiários; assassinatos de pessoas; mão de obra escrava;
devastação do meio ambiente.” Os pobres eram as principais vítimas dessa
invasão de gigantes pois houve expulsão dos moradores pela expropriação
legitimada em cartório da terra ocupada, pois sem título de propriedade, essas
vítimas se desamparavam perante a lei”. 
Exemplo dessa condição de apoio da lei na proteção à grilagem aconteceu em
17/04/1996 entre Marabá e Garopeba mais precisamente na curva do S. O
documentário exibe de forma aterradora este conflito que acabou se transformando no
massacre denominado -O Massacre de Eldorado dos Carajás-. Em números oficiais
foram executados pela Policia Militar do Estado do Pará dezenove pessoas. O
confronto ocorreu quando 1.500 sem-terra que estavam acampados na região
decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras,
12
principalmente as da Fazenda Macaxeira. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do
local, porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém
ao sul do estado, por falta de entendimento ou por planejamento pré concebido, foi
decretado a pena de morte por fuzilamento aos sem-terra. Até hoje quando se fala em
Eldorado de Carajás, lembra-se do maior conflito sobre ocupação de terra deste país no
século XX.
O documentário é finalizado com uma realidade recente, a morte da irmã
Dorothy, americana que trabalhava com muitas famílias na ocupação legal de área de
terras públicas devolutas em Anapú no oeste do Pará em 12/02/2005 com 73 anos de
idade pelos pistoleiros contratados Rayfran das Neves Sales e Clodoaldo Batista. Ela
incentivava o uso da floresta como meio de desenvolvimento sustentável. Mas os
interesses dos grileiros, culminaram com sua execução. O jornal O Globo relembra os
nove anos da morte da irmã, 
“Dorothy foi assassinada na zona rural do município de Anapú, onde defendia a
implantação de projetos de desenvolvimento sustentável na região. “Muita coisa
mudou em Anapú, nos PDS, no lugar onde a Dorothy morreu. O povo está
vivendo em suas próprias casas, de sua própria produção, está colaborando e a
floresta está crescendo”, afirma a irmã Rebeca Spires, da Congregação das
Irmãs de Notre Dame.
Missionária foi assassinada a tiros em Anapú.
(Foto: Reprodução Globo News)
13
"A irmã Dorothy deixou uma herança infinita para todos nós em termos de como
se fazer a reforma agrária de uma forma que pudesse fixar o homem no campo,
de trazer alimento para todos nós na cidade. Tudo isso está nas cartas da irmã
Dorothy, está nos documentos que ela fazia ao Ministério Público Federal e hoje
está na prática também”, ressalta Felício Pontes, procurador da república. A irmã
Dorothy Sting foi assassinada com três tiros em fevereiro de 2005. Quatro
envolvidos no crime foram julgados e condenados. O episódio chamou a atenção
do mundo inteiro para os conflitos de terra na Amazônia. “Celebrar o seu martírio
é um compromisso de continuarmos lutando pelos ideais pelos quais ela lutou:
que é a defesa do povo, a defesa da floresta, a defesa da vida na Amazônia",
afirma o padre Paulo Silva, secretário da CNBB/ Comissão Pastoral da Terra.”
3.Conclusão
O documentário Nas terras do Bem-Virá, age com imparcialidade nas suas
entrevistas com as pessoas envolvidas no processo de ocupação das terras do sul do
Pará. Retrata com extrema realidade os problemas que existem nesse processo. Não
propõe solução, pois o objetivo do filme era apenas relatar a realidade do cenário
existente no sul do Pará. Por conseguintepodemos transportar para toda a Amazônia e
até além como a região do centro oeste e mesmo outras do território nacional os
mesmos problemas básicos percebidos desde o início do filme:
-Concentração de terra.
-Conflitos fundiários.
-Assassinatos de pessoas.
-Mão de obra escrava.
-Devastação do meio ambiente.
Para cada um destes problemas precisa-se de fiscalização, leis, regras, estudos
sociológicos e principalmente como em algum trecho do documentário é citado.
Vontade política.
14
4 - Referências Bibliográficas
http://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/trabalho-escravo/perfil-
dos-escravizados.aspx
acessado em 12/06/2015
http://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/EMDISCUSSAO/trabalho-escravo/mao-
de-obra-escrava.aspx 
acessado em 12/06/2015
http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2014/02/assassinato-da-irma-dorothy-stang-em-
anapu-pa-completa-9-anos.html
acessado em 12/06/2015
http://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/trabalho-escravo/industria-
textil.aspx acessado em 11/06/2015.

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