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Resumo Direito Civil III Direito das Obrigações Conceito: Obrigação é uma relação jurídica de caráter transitório, com valor econômico, unindo duas ou mais pessoas, sendo que uma (devedor) realizará uma prestação à outra parte (credor). É constituída por 3 elementos: sujeito, objeto e vínculo jurídico. - Sujeito: na relação obrigacional temos dois sujeitos: *Sujeito Ativo: é o credor, aquele que tem interesse no cumprimento da prestação (recebe). *Sujeito Passivo: é o devedor, deverá cumprir com a prestação em pról do credor, dever de efetuar a prestação. - Objeto: Na relação obrigacional, o objeto é a prestação, sem senti amplo, a prestação constitui-se numa atividade do devedor em prol do credor, - Vínculo Jurídico: existe um dever de cumprimento de satisfação por parte do devedor para com o credor, caso o devedor não cumpra estará sujeito às sanções cabíveis e inadimplemento. Obrigações Reais (Propter Rem ou Ob Rem) - são as que estão a cargo de um sujeito, à medida que este é proprietário de uma coisa, ou titular de um direito real de uso ou gozo dela. A figura do devedor pode variar, de acordo com a relação de propriedade ou posse existente entre sujeito e determinada coisa. Ex: Pagamento de taxa condominial. Fontes das obrigações: contrato, declaração unilateral da vontade e o ato ilícito. Espécies de Obrigações: Temos as obrigações positivas: DAR e FAZER e a negativa NÃO FAZER. Obrigações Positivas: 1. Obrigação de Dar (art. 233 à 242) : é aquela em que o devedor compromete-se a entregar uma coisa móvel ao credor, quer para constituir novo direito, quer para restituir a mesma coisa a seu titular. Subdivide-se em: A) Obrigação de Dar Coisa Certa: a coisa será determinada, caracterizada e individualizada, sendo que o credor não é obrigado a receber prestação diversa da qual lhe é devida e o devedor não pode adimplir a obrigação substituindo por dinheiro. *Perda da Coisa: - Por culpa do devedor: se antes da tradição, a coisa se perder por culpa do devedor, este responderá pelo equivalente + perdas e danos. - Sem culpa do devedor: voltará ao estado anterior, resolve-se a obrigação e não há possibilidade de perdas e danos. *Deterioração da coisa: - Por culpa do devedor: se antes da tradição, a coisa se deteriorar por culpa do devedor, o credor pode exigir o equivalente ou aceitar o objeto na forma que está + perdas e danos. - Sem culpa do devedor: o credor pode resolver a obrigação ou aceitar no estado que se encontra, abatido o valor do prejuízo. * Tradição - até o momento da tradição é responsabilidade do devedor a conservação da coisa. Ocorrendo a tradição, a responsabilidade passa a ser do credor, cessando a obrigação do devedor. (Res Perit domino) *Melhoramentos, acréscimos e frutos: Pertencerá sempre ao devedor (dono da coisa até o momento) até o momento da tradição, efetiva entrega da coisa. Quanto aos frutos, cabe ao devedor os percebidos e ao credor os pendentes. Caso seja percebido má fé por parte do devedor, essa regra não subsistirá. *Restituição da coisa: Tem por objeto a devolução de coisa certa, por parte do devedor, que por qualquer título encontra-se sob sua posse (a coisa já pertencia ao credor, está em posse do devedor que tem de devolvê-la). * Perda: - Sem culpa do devedor: ocorrendo antes da tradição, o credor sofrerá a perda e a obrigação se resolverá, ressalvados os direitos até o dia da perda. - Com culpa do devedor: responderá o devedor pelo equivalente + perdas e danos. * Deterioração: - Por culpa do devedor: se antes da tradição, a coisa se deteriorar por culpa do devedor, responderá pelo equivalente + perdas e danos. - Sem culpa do devedor: o credor deverá recebê-la sem direito à indenização. *Melhoramentos, acréscimos e Frutos Se os melhoramentos ou acréscimos não tiveram nenhuma participação do devedor para tal, o credor é que lucrará sem que ocorra qualquer indenização. Os frutos percebidos serão baseados na boa fé do devedor, os frutos pendentes devem ser restituídos depois de deduzidas as despesas de produção e custeio. *Extinção - a obrigação cessa com a tradição (cumprimento da prestação, entrega efetiva da coisa). B) Obrigação de Dar Coisa Incerta (art. 243 à 246): é aquela que tem por objeto a entrega de uma coisa não individualizada, sendo identificada ao menos pelo gênero e pela quantidade. Destaca-se o momento da escolha, uma vez que tendo feito-a, de acordo com o contratado ou conforme a lei, a obrigação passa a ser coisa certa (após a escolha). * Perda ou deterioração: não poderão ser alegadas antes da escolha, uma vez que o gênero não perece (exceção: gênero limitado). * Escolha: cabe as partes estabelecer a quem cabe a escolha, se estas não estabelecerem caberá ao devedor (art 244) que não poderá entregar coisa pior e nem sendo obrigado a entregar coisa melhor. Pode também ser escolhida por terceiros. * Extinção: somente quando a coisa for entregue a obrigação cessará. 2. Obrigação de Fazer (art. 247 à 249) : é uma atividade ou conduta do devedor, podendo ser a prestação de uma atividade física ou material (ex: escrever uma obra literária ou realizar uma experiência científica). Temos dentro dessa espécie, duas modalidades de obrigação: *Obrigações Fungíveis: quando a pessoa do devedor é facilmente substituída (ex: pintor que deve pintar uma casa) *Obrigações infungíveis (intuitu personae): quando considera-se as qualidades pessoais do obrigado (devedor) sendo que a obrigação é exclusiva (aquela banda contratada para uma festa). *Casos de urgência: o credor poderá executar ou mandar executar o fato mesmo sem autorização judicial, sendo ressarcido posteriormente. *Descumprimento das Obrigações de Fazer: cabe ao juiz determinar de ofício ou por requerimento das partes a imposição de multa, busca e apreensão,, remoção de pessoas, coisas, etc. A multa pode ser cominatória diária, por dia de atraso no cumprimento das obrigações. * Impossibilidade de Cumprimento da Obrigação: - Sem culpa do devedor: resolve-se a obrigação. - Com culpa do devedor: indenização por perdas e danos já que a falta do cumprimento da obrigação se tornará dano irreversível (não prestou o fato no prazo). Se praticar o fato de forma incompleta, o credor poderá pelo prazo de 10 dias pedir autorização judicial para que o devedor conclua ou repare por conta própria. Obrigação Negativa: Obrigação de Não Fazer ( art. 250 a 251): é aquela em que o devedor deve abster-se de realizar algo. Ex: Artista não conceder entrevistas à determinadas emissoras por cláusula contratual. O cumprimento dela se dá pela abstenção, ou seja, todas as vezes que o devedor cumpre a obrigação não praticando o ato. Extinção: extingue-se a obrigação de não fazer, desde que sem culpa do devedor, torne impossível abster-se do fato, que se obrigou a não praticar. (Ex: o devedor compromete-se a não levantar muro para não prejudicar a visão do vizinho, mas é obrigado a levantar por intimação do Poder Público). Se a impossibilidade ocorre por culpa do devedor, este deverá indenizar o credor, Das Obrigações Alternativas (art. 252 à 256) : são aquelas que se cumprem com a execução de qualquer das prestações que formam seu objeto, cabendo a escolha ao devedor, mas podem as partes convencionalmente optar que a escolha seja do credor ou de um terceiro. *Características: objeto plural ou composto; prestações independentes entre si; direito de opção a cargo do devedor, credor ou terceiro; feita a escolha a obrigação concentra-se na prestação escolhida. - O devedor não pode obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra, deve ser escolhida uma OU outra. - Nas prestações periódicas, haverá direito de o devedor exercer sua opção em cada período. - Pluralidade de optantes: se não houver acordo e decisão unânime, ficará a cargo do juiz decidir. - Prestação inexequível por culpa do devedor: se uma das prestações se tornar impossível, poderá o credor exigir a subsistente ou valor da outra.Se as duas tornarem-se impossíveis, sem possibilidade de escolha do credor, o devedor pagará o valor da última que se impossibilitou + perdas e danos, - Prestação inexequível sem culpa do devedor: extingue-se a obrigação por falta de objeto. Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis (art. 257 a 263) Conceito: - Obrigações Divisíveis - são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos. - Obrigações Indivisíveis: o objeto não pode ser dividido por conta de sua natureza, determinação legal ou vontade das partes, *Efeitos: - A obrigação sendo divisível, haverá presunção e esta é repartida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. - Cada devedor se libera pagando sua quota, e cada credor nada mais poderá exigir, recebida a sua parte da prestação. - A obrigação sendo indivisível e houver pluralidade de devedores, cada um será obrigado pela dívida toda, considerando que o objeto não pode ser dividido. - Se houver pluralidade de credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira, mas o devedor (es) se desobrigará pagando: a todos conjuntamente, a um, com caução de ratificação dos outros credores. - Se um dos credores perdoar a dívida, não ocorre extinção com relação aos demais credores. - Em caso de perecimento da coisa com culpa do devedor e resultar em ação de perdas e danos, o objeto perderá a qualidade de indivisível. Das Obrigações Solidárias (art. 264 a 285) Conceito: é aquela em que, havendo vários devedores, cada um reponde pela dívida inteira, como se fosse único devedor. Se a pluralidade for de credores, pode qualquer deles exigir a prestação integral, como se fosse único credor. A solidariedade resulta da lei ou vontade das partes, não se presume. *Características: pluralidade de credores, integralidade da prestação co-responsabilidade dos interessados. * Espécies: Solidariedade ativa (credores) e solidariedade passiva (devedores) * Solidariedade X Indivisibilidade Na solidariedade o devedor responde por toda a dívida, enquanto a indivisibilidade este responderá apenas por sua quota parte, sendo intimidado ao pagamento da totalidade do objeto porque este não pode ser fracionado. Outra diferença importante é que em casos de perdas e danos, o objeto indivisível perde sua qualidade e na Solidariedade cada devedor continuará responsável pelo pagamento integral do objeto perecido. - Solidariedade Ativa: *Conceito: concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber integralmente a prestação devida. Efeitos: - O devedor fica liberado pagando a qualquer um dos credores, e este ficará responsável por pagar os demais. - Enquanto algum dos credores não demandar o devedor comum, a qualquer deles poderá este pagar. Esse direito cessará se houver ação de cobrança proposta por algum deles, devendo o pagamento ser feito somente a este. - O pagamento realizado a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. - Se a prestação for convertida em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade. - O credor que tiver perdoado a dívida, ou recebido pagamento, responderá aos demais pela parte que lhes caiba, podendo ser convencido por ação regressiva. - Solidariedade Passiva: *Conceito: é a relação obrigacional pela qual o credor tem direito a exigir e receber de um ou mais devedores a dívida comum, seja parcial ou total. *Efeitos: - O devedor que satisfez a dívida toda pode exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver, presumindo-se iguais no débito, as partes de todos os codevedores. - Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores (emissor da nota), responderá este por toda ela para com aquele que pagar. - Qualquer alteração posterior do contrato que seja estipulada entre um dos devedores solidários e o credor que venha agravar a situação dos demais, só terá validade se todos concordarem. - Permite-se ao credor que sem abrir mão de seu crédito, renuncie a solidariedade em favor de um, algum ou todos. Da Cessão de Crédito (art. 286 a 298) *Conceito: é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a outrem seus direitos na relação obrigacional. *Objeto: todos os créditos podem ser transferidos, sendo títulos vencidos ou não, salvo oposição pela natureza da obrigação, a lei ou convenção com o devedor. * Formas: - Não há forma específica para valer entre as partes, salvo se a escritura pública seja da substância do ato. - Para validade contra terceiros, exige-se instrumento público ou particular com as devidas solenidades. - Feita mediante endosso (transmissão de propriedade) *Notificação do devedor: tem por notificado o devedor que, por meio de escrito público ou particular declarou ciência da cessão feita. Ficará desobrigado, se antes da ciência pagar ao credor primitivo, mas após a ciência não ficará desobrigado. *Responsabilidade do cedente pela solvência do devedor: refere-se a existência do crédito do tempo da cessão. Sua responsabilidade limita-se ao que recebeu do cessionário, incluindo juros, mais as despesas da cessão e as efetuadas com a cobrança.
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