Buscar

O tarô Didier Colin

Prévia do material em texto

Para ajudá-lo a encontrar 
respostas claras 
e concretas 
às suas perguntas 
Manda Chuva
Sello
ARTES 
ADIVINHATÓRIAS 
O TARÔ 
Os arcanos maiores e a roda da vida 
O Louco, 
do Mago à Imperatriz 
Em seu conjunto, os 22 arcanos maiores do Tarô formam um todo e contam uma história. 
É a história de nossa vida. 
Aqui nós nos propomos esquecer o aspecto adivinhatório do jogo do 
Tarô e enfocá-lo sob o ponto de vista da 
reflexão e da meditação. 
Os 22 arcanos maiores constituem um 
alfabeto. Trata-se do alfabeto da alma. 
Cada um deles possui uma força, uma 
forma, esconde um arquétipo e con-
tém uma mensagem de vida. Cada um 
deles é único, porém todos estão re-
lacionados entre si graças ao princí-
pio representado pelo Louco que, em 
seu papel de intermediário, é o ser en-
carnado que tem por destino não es-
tabelecer-se nunca e passar cons-
tantemente de um estado a 
outro. 
Da mesma forma como acontece co-
nosco, o Louco está condenado a evo-
luir. Tira sua força evolutiva e sua dinâ-
mica de suas falhas e suas limitações. 
Passa continuamente de um arcano para 
outro e assim segue seu caminho de vida 
sobre a roda do Tarô, saindo de uma ex-
periência para entrar em outra. A morte 
é uma delas. 
Mas é apenas uma etapa, uma expe-
riência que é preciso viver como tantas 
outras e não um fim em si. A prova é que 
o arcano da morte não se concentra nem 
no começo nem no fim, mas sim no 
centro do jogo dos 22 arcanos maiores. 
Deste princípio nasceram os jogos, pri-
meiro iniciáticos, depois adivinhatórios, 
por fim de diversão: o jogo da amare-
linha e o jogo da glória. 
Nenhuma etapa, nenhuma experiência 
é um fim em si. Somos nós que deseja-
mos que "isto" dure eternamente e que 
queremos nos instalar em um estado per-
manente. Tudo que nos ata a este mundo 
é atado e fixado por nós mesmos. Ao nos 
identificar por uns momentos com o 
Louco e ao entrar na roda da vida, po-
demos compreender o sentido sim-
bólico essencial do labirinto. 
QUEM É O LOUCO? 
O arco 0 de antes do cumprimento 
ou o arcano XXII depois 
do cumprimento? 
O Louco somos nós, são vocês, são eles. 
É o viajante, o que passa, a alma do 
errante, a entrada e a saída do labirinto, 
que é a roda da vida representada pela 
união dos 21 arcanos maiores. 
O Louco é o louco. Como tal, conhece 
tudo, mas o ignora. Ou se prefere, tem 
todos os dons, todas as verdades, todas 
as alegrias, todas as maravilhas do 
mundo visível e invisível, mas não tem 
consciência disto. Tem que submeter-
se a todas as provas da existência para 
desenvolver suas faculdades e transfor-
mar-se no ser iluminado que poten-
cialmente é e que todos os elementos 
e forças da natureza reconhecem nele. 
Tem que servi-los para ser o mesmo e 
não para apoderar-se 
deles, como indica sua 
tendência. 
O Louco é como o 
homem dos Evan-
gelhos: não tem ne-
nhum lugar onde 
descansar. 
É também como 
este personagem de 
histórias que, para 
salvar a vida de seu 
rei e casar-se com 
a princesa prometida, parte em busca 
de uma flor milagrosa. Mas no ca-
minho encontra numerosos obstácu-
los, supera múltiplas provas, todo tipo 
de tentações, cumpre certas tarefas, 
converte-se em herói, casa-se, funda 
uma família, esquece totalmente a 
causa e a razão de sua viagem; desviou-
se de sua meta. 
No crepúsculo de sua vida, volta a lem-
brar e parte, recomeça, retoma sua meta 
c sua grande viagem a partir de zero. 
E assim que nasce e renasce sem ces-
sar, passando de uma etapa a outra até 
que compreende que papel tem que de-
sempenhar e quem é. 
Como poderemos ver, cada etapa de sua 
vida, representada por um arcano que 
nos interroga e nos enfrenta a um 
enigma, coincide com uma experiên-
cia humana e uma tomada de cons-
ciência. E este o caminho que vamos 
tentar percorrer juntos. 
PRIMEIRA 
PORTA 
O despertar da vontade 
ou o encontro com o Mago 
Aquele que busca a si 
mesmo encontra o 
Mago. 
É um mago ou um 
ilusionista. 
Qual é a dife-
rença entre os 
dois? 
É uma diferença 
fundamental. 
O mago exerce o 
poder de sua von-
tade sobre o mundo da natureza e da 
vida, enquanto que o ilusionista nos cria 
ilusões, nos engana sobre a realidade das 
coisas. 
Os homens são culpáveis de tantos dra-
mas, crimes, horrores no mundo, que 
nos custa imaginar que a magia está em 
nós pelo poder da vontade que atua 
sobre tudo aquilo que é. Ao haver su-
perado a prova da ilusão e ter tomado 
consciência do poder mágico de sua 
vontade, o Louco pode tentar ultrapas-
sar a segunda etapa. 
SEGUNDA 
PORTA 
Encontro com a Papisa 
ou a busca da verdade 
Para que a vontade 
tenha efeitos e seja 
frutífera, é preciso 
utilizá-la corretamen-
te. A vontade de-
senfreada corre o 
risco de disper-
sar-se ou de ser 
desprestigiada. 
Será estéril, sem 
sentido ou irreal. 
Precisa de um mol-
de para tomar uma forma distinta, li-
mites para poder obter todo seu poten-
cial e o melhor dela mesma. 
Necessita um objetivo. Os limites são 
definidos tomando-se as medidas, pe-
sando, avaliando, estimando e classifi-
cando. 
Estamos no universo da razão que res-
tringe, retém, fixa e concentra. 
Se concentramos nossa atenção em algo, 
então esta coisa existe. 
De outro modo, podemos passar ao seu 
lado sem vê-la. 
Enquanto uma coisa não tiver valor para 
nós, não existirá. 
O que quer dizer que se não vemos uma 
coisa, não existe. É desta maneira como 
definimos os limites do mundo do vi-
sível e do invisível. 
Trata-se de ciência, e a vontade unida 
à ciência engendra a sabedoria. 
O Louco que atua sabiamente ou que 
exerce sua vontade com sabedoria su-
perou a segunda prova da loucura e da 
ignorância. Pode apresentar-se à terceira 
porta. 
TERCEIRA 
PORTA 
A alegria de atuar 
ou o encontro com a Imperatriz 
Se a sabedoria se bas-
ta a si mesma, se a 
razão ganha sistema-
ticamente, se nos de-
temos definiti-
vamente em um 
estado de recuo, 
se tomamos cons-
tantemente medi-
das e nos impo-
mos limites muito 
severos, nos torna-
mos estéreis. 
A vontade unida à sabedoria tem que re-
encontrar a alegria e franquear a porta 
da expansão para ser fecunda. 
Para que isto aconteça, tem que atuar, 
semear, produzir, dar à luz e criar. Tem 
que reproduzir-se até alcançar o infi-
nito. 
Tem que ser igual à semente ou ao 
germe. Tem que desejar tornar-se planta, 
árvore ou fruto e abrir-se plenamente. 
Tem que sentir a alegria de atuar. 
Sentindo esta alegria de atuar, o Loco 
pode dirigir-se até a quarta porta. 
Os arcanos maiores e a roda da vida 
Do Imperador ao Enforcado 
QUARTA PORTA 
A capacidade de ação 
ou o reencontro com o Imperador 
Que maravilha que a 
vida possa gerar e re-
produzir-se a si mes-
ma infinitamente, 
pois desta manei-
ra o homem dis-
põe de um gran-
de jardim e de 
uma grande ri-
queza, que pare-
cem inesgotáveis. 
No entanto, pode 
também acontecer que isto intervenha 
no curso normal da reprodução, que 
exerça sua força e sua autoridade para 
evitar que tudo se reproduza de uma 
forma anárquica. Ao afirmar-se a si 
mesmo, distingue-se do caos, sai do im-
perfeito e impõe-se como um ser com-
pleto no mundo das aparências. Desta 
maneira, a alegria de agir necessita ser 
bem dirigida. Seu regente é a capacidade 
de ação que o orienta para um caminho 
que lhe dá um objetivo, uma finalidade. 
A capacidade de ação nunca pára, nunca 
se estagna. Segue sempre seu rumo. O 
Louco, ao encontrar assim uma razão 
para viver e avançar sempre, pode apre-
sentar-se na quinta porta. 
QUINTA PORTA 
O alento da vida 
ou o reencontro com o Papa 
Para seguir seu rumo 
sem fraquejar, pre-
cisa de um bafejo, 
um ânimo, uma res-
piração lenta, 
profunda e um 
coração em re-
pouso. E neste 
contexto que a 
respiração se ma-
nifesta. Justamente, a projeçãopara o fu-
turo, o nascimento da semente, o es-
talar do rebento são expressões que estão 
no homem, um espírito de vida que se 
encontra em tudo que vive aqui em 
baixo, tudo que respira na superfície das 
águas e da terra, o espírito que respira 
no homem e que lhe dá uma alma, uma 
inteligência, algo de divindade; algo que 
é um pouco mais que o homem, mas 
que ele mesmo produz. Ao perceber, re-
ceber e conhecer esse alento, o Louco 
pode dirigir-se para a sexta porta. 
SEXTA PORTA 
A união ou o reencontro 
com o Namorado 
É o amor que per-
mite que os seres se 
unam, se juntem. O 
amor é o canto que 
envolve a terra 
e flutua no ar 
da Primavera. E 
também ele que 
impele o grande 
princípio mascu-
lino para o grande 
princípio femini-
no para que, neste encontro, se pro-
duza uma conjunção, para que tudo 
que seja dois não possa ser mais que 
um e que, desta nova unidade, nasça 
algo novo, inédito, nunca visto, des-
conhecido: uma existência provida de 
alento, de espírito. Mas, para que dois 
se juntem com esta fmalidade, é ne-
cessário que haja um desejo. O Louco, 
ao ter a experiência do desejo, está 
agora em condições de bater à sétima 
porta. 
SÉTIMA PORTA 
A busca do guerreiro 
ou o reencontro com o Carro 
Este Carro é um 
carro de guerra. O 
príncipe que o guia 
vai para a batalha, tal-
vez para a mor-
te. Vai até o fim 
do desejo, da es-
colha, do cami-
nho, que é seu 
destino. Luta con-
tra tudo que o faça 
suscetível de voltar 
atrás, de desviar-se de sua rota. Está ab-
solutamente convencido de sua vitó-
ria, já que sabe que sua arma é a agili-
dade, a habilidade do seu espírito; confia 
em seus desejos, nos pensamentos e 
idéias que possa expressar, que são úni-
cas, embora provisórias; mas tem de 
levá-las até o fim. Deve conhecer e acre-
ditar, e ao mesmo tampo sonhar e estar 
consciente. Ao levar seu carro até os li-
mites de seu sonho e de sua consciên-
cia, o Louco pode apresentar-se na oi-
tava porta. 
OITAVA PORTA 
Os limites da vida 
ou o reencontro com a Justiça 
Uma vez na fronteira 
da vida, onde se en-
contram suas ori-
gens, o homem não 
tem outro cami-
nho possível que 
não seja o eterno 
retorno, um eter-
no recomeçar, 
uma imensa har-
monia na qual tudo 
se encontra perfei-
tamente em seu lugar, imutável. Mas é 
uma ordem tão perfeita que tem algo de 
aterrador, de inevitável. Deve haver, por-
tanto, outra saída, c esta não pode ser 
senão a morte, que não é essa saída, em 
um sacrifício último que tem o nome de 
ressurreição. Trata-se de um novo nas-
cimento. Através do percurso até a oitava 
porta, o Louco descobriu o amor e o de-
sejo escondidos em seu seio, em seu 
alento. O amor e o desejo são a sua sal-
vação. Ao nascer em outra vida, pode dis-
por-se a franquear a nona porta. 
NONA PORTA 
A consciência revelada 
ou o reencontro com o Ermitão 
O sopro é o espírito. 
É um pouco como 
uma serpente que 
ondula e produz 
energia, pensa-
mentos, desejos, 
atos. Mas aquele 
que segue a ser-
pente, ou o que se 
deixa seduzir ou 
capturar por ela, é 
I um produto dos 
pensamentos, desejos, atos que ele 
mesmo gera sem saber. O espírito deve 
dar-se conta de que existe. O espírito 
que se vê no espelho, e se admira, vê sua 
identidade. E aquele que se identifica 
consigo mesmo poderá ter a revelação 
de sua consciência. A identidade é a 
plena posse de si mesmo e dos seus 
meios. Mas a consciência produz o ato 
refletido, que já não é gratuito, eviden-
temente, mas responsável, lúcido, cons-
ciente. O Louco, ao ter tomado cons-
ciência de seu espírito, pode bater à 
décima porta. 
DÉCIMA PORTA 
O conhecimento do destino 
ou o reencontro com a Roda da Fortuna 
Desta maneira, cada 
pensamento se con-
verte em ato; cada 
causa se transforma 
em efeito; a roda 
' da vida gira so-
bre seu eixo e o 
sopro, a serpente, 
a vida e o espírito 
são arrastados por 
ela. Mas quem faz 
girar a roda, a 
imensa roda da Terra, os astros e o uni-
verso? A mão, já que esta roda tem uma 
manivela que uma mão — ou seja, uma 
consciência — segura e faz girar. Se a 
consciência dirige a mão, então a mão 
pode ser o espírito dominado. Se o es-
pírito é dono da mão, então o homem 
conhece seu destino. Ao ter compreen-
dido o sentido de seu destino, que não 
í outro senão o de fazer girar a roda da 
vida, o Louco pode abrir uma décima 
primeira porta. 
DÉCIMA PRIMEIRA PORTA 
A riqueza das riquezas 
ou o reencontro com a Força 
Tendo um espírito, 
uma consciência e 
um destino, o ho-
mem é rico de si 
mesmo. Este co-
nhecimento, a 
que pode ter 
acesso no que lhe 
diz respeito, auto-
riza-o a ser dono 
de si e do seu des-
tino. Em conseqüência, pode escolher 
entre intervir de uma maneira ativa e 
enérgica no mundo exterior, para mo-
delar o mundo à sua imagem ou de 
acordo com seu desejo, e adotar uma ati-
tude receptiva, doce, compreensiva, ex-
plorando assim sua força e riqueza in-
teriores, para nunca mais ser vítima das 
mudanças incessantes, ilusórias e imu-
táveis, resultantes da roda da vida, da lei 
de causa e efeito, onde as mesmas causas 
produzem sempre os mesmos efeitos de 
forma infalível. Está, portanto, em con-
dições de omitir esta fatalidade e de se 
converter cm dono do seu destino, graças 
à riqueza das riquezas que tem consigo, 
isto é, a força do amor. Ao ter medido 
essa força, o Louco pode, a partir de 
agora, ficar no umbral da décima segunda 
porta. 
DÉCIMA SEGUNDA PORTA 
O guia do destino 
ou o reencontro com o Enforcado 
Neste caso, a roda 
da vida' parece ter 
parado. O tempo 
está suspenso. Espe-
ramos alguma 
coisa. O ho-
mem, ao ignorar 
seu destino e ao 
saber o papel que 
tem no jogo da 
vida, já não pode 
participar como 
antes. Precisa de uma outra razão para 
viver, de outra motivação. Precisa de 
um guia. A partir de agora, pôs-se de 
alguma maneira contra a corrente da 
vida. Está suspenso no vazio do desejo, 
que para ele já não tem razão de ser, 
pois já teve a experiência dele e co-
nhece seu sentido e poder limitado. 
N o entanto, ainda espera este guia. Daí 
que tudo esteja paralisado à sua volta. 
Não compreendeu que esse guia é ele 
mesmo, já que para que se aproxime 
dele tem que morrer. E neste estado de 
espírito, em suspense, que o Louco se 
apresenta diante da décima terceira 
porta. 
Os arcanos maiores e a roda da vida 
Da Morte ao Mundo 
DÉCIMA TERCEIRA PORTA 
A grande passagem 
ou o encontro com a Morte 
Tudo tem um fim. É 
assim que a natureza 
e o mundo se rege-
neram sem cessar. 
Tudo aqui em 
baixo pára, desa-
parece ou morre, 
mais cedo ou 
mais tarde, para 
que outra coisa 
nasça, surja ou se 
manifeste. Esta é a 
lei da vida. Da mesma forma, tudo que 
se semeia se colhe. Se isto é verdade com 
relação aos grãos e às sementes, é tam-
bém verdade em relação aos pensa-
mentos dos homens, que são a origem 
de seus atos. Como podemos constatar, 
a Morte — que durante muito tempo 
foi chamada o arcano sem nome —, de-
vido ao medo que suscitava — está no 
centro da roda do Tarô. Considerando 
a maneira como se encara a morte em 
nossa sociedade moderna, ou seja, fora 
da vida, deveríamos antes imaginar este 
arcano no fim do caminho, no final 
deste jogo. Se não for assim, é porque 
a morte não é entendida neste caso 
como a última fase da vida, mas como 
um princípio de regeneração, uma pas-
sagem entre duas visões da realidade, 
uma exterior e outra interior. Não se 
trata, portanto, de uma destruição 
nem de um fim em si mesmo, sem 
saída, mas de uma nova forma, uma 
gestação. 
Até alcançar este estado, o Louco, 
em seu périplo pela roda da vida, não 
se dará conta de que está livre da con-
denação de nascer, viver, morrer e re-
nascer sob sua própria forma, para che-
gar sempre ao mesmo ponto deretorno. 
Portanto, agora, pode entrar em uma 
nova formação, adotar novas formas, pe-
netrar em outro mundo, morrer e nas-
cer em si mesmo. Convertido em um 
novo ser, poderá situar-se então diante 
da décima quarta porta. 
DÉCIMA QUARTA PORTA 
A revelação 
ou o encontro com a Temperança 
Maravilha das ma-
ravilhas! Ao ser li-
bertado de todas as 
correntes que o 
amarravam à vida 
e os encerravam 
nos ciclos sem 
fim do eterno 
retorno, nosso 
Louco, nosso se-
dento de alma e 
de vida, pode fi-
nalmente tomar consciência de que 
vive sendo ele mesmo uma das fon-
tes de vida, das quais no entanto pen-
sava que dependia ou que era seu pro-
duto. Converte-se então em uma 
estrela, como um sol gerando sua pró-
pria energia, sua própria vida, sua pró-
pria luz, que se espalha generosamente 
à sua volta. Nele, para ele, as corren-
tes da vida circulam deste modo sem 
fim, regeneram-se inesgotáveis, imor-
tais, eternas. Tendo esta revelação das 
fontes de vida fecundas e renovadas 
sem cessar, que nascem e circulam 
nele, o Louco poderá bater à décima 
quinta porta. 
DÉCIMA QUINTA PORTA 
A experiência do poder 
ou o encontro com o Diabo 
O Louco é, portanto, 
portador de uma es-
sência de vida pouco 
comum, visto que 
está na origem de 
toda a existência. 
Neste ponto, po-
deríamos dizer 
que superamos 
nosso nível de 
consciência e falta-
nos imaginação pa-
ra compreender o que o Louco é. 
Imagine que tem o poder da vida e da 
morte sobre todas as coisas aqui em 
baixo, incluindo você mesmo, eviden-
temente. Seria um pouco como um 
deus na Terra. Mas que faria com este 
poder? Não correria o risco de se voltar 
contra si, mais cedo ou mais tarde, e 
de destrui-lo, destroçando tudo? 
Podemos imaginar um ser, um 
mundo, um universo em constante 
expansão e sem nenhuma trava, 
nenhum limite exterior que consiga 
pará-lo, já que se acharia igual a um 
deus? Esta é a tentação do Diabo, 
o anjo caído do Tarô, portador de 
uma força, uma força da qual o Louco 
teve a revelação quando atravessou a 
porta precedente. Ao ter tido a men-
cionada tentação e não ter sido vítima 
dela, pode apresentar-se à décima sexta 
porta. 
DÉCIMA SEXTA PORTA 
A catástrofe 
ou o encontro com a Torre 
Seja qual for o privi-
légio do Louco, nos-
so representante que 
nos situa neste ciclo 
da roda da vida 
do Tarô, nunca 
se deve esquecer 
de onde vem 
nem de onde tira 
sua essência, sua 
força, sua origem, 
sua vida eterna. 
Desta forma, se persistir em fazer mau 
uso dos seus dons, regressará ao ponto 
de partida mais baixo onde jamais es-
teve. Por outro lado, se ultrapassou a 
prova da tentação do Diabo, então terá 
acesso a seu estado original, puro, di-
vino, do qual já não se lembra. En-
contrará sua consciência livre de ser 
livre. Este é o sentido da catástrofe, 
uma revolução, um retorno ao ponto 
de partida. Tendo regressado dela, o 
Louco pode atravessar a décima sétima 
porta. 
DÉCIMA SÉTIMA PORTA 
A inspiração do coração 
ou o encontro com a Estrela 
O imenso campo ce-
leste de constelações 
representado neste 
arcano não é outro 
senão a represen-
tação do vasto 
campo de possi-
bilidades que nos 
oferece a acertada 
inspiração do nos-
so coração. Quem 
tem um coração li-
vre não tenta exercer nenhuma in-
fluência. Vive com naturalidade em os-
mose com tudo que está longe dele, 
embora o agarre se vier até ele. 
A inspiração sabe sempre o que deve 
fazer no momento oportuno e apro-
priado. Deste modo, ao ter adquirido 
esta liberdade, o Louco pode bater à dé-
cima oitava porta. 
DÉCIMA OITAVA PORTA 
A sede de liberdade 
ou o encontro com a Lua 
Não são os laços ex-
teriores que aprisio-
nam o ser, mas os 
sentimentos, os de-
sejos, as necessida-
des. Não se pode 
ser livre sem 
amar, mas não se 
consegue amar 
sendo livre. Este é 
seu grande para-
doxo. E é justa-
mente isto que deve resolver, chegado 
a este ponto onde corre o risco de ser 
vítima das auto-ilusões e das cadeias dos 
cinco sentidos, através dos quais percebe 
o mundo e a realidade. Tudo acontece 
então como se seu espírito tivesse em-
preendido um percurso para cima, que 
sua alma aprisionava seu corpo — es-
tando ambos em um começo ligados — 
não tinha conseguido sobreviver. Ora, 
os sentidos estabelecem um ponto de 
ancoragem na realidade do mundo fí-
sico. Têm uma razão de ser. Nosso Lou-
co deve criar suas próprias raízes pela 
força do seu espírito e utilizando sua ins-
piração para se converter em um ser 
livre. Sendo ele uma luz, poderá lançar-
se para a luz da décima nona porta. 
DÉCIMA NONA PORTA 
A procura da unidade 
ou o encontro com o Sol 
É bom ter raízes só-
lidas. É assim que 
uma árvore cresce, se 
desenvolve, se ex-
pande. Se compa-
rarmos nosso 
Louco com uma 
árvore, sabemos 
que, chegado a 
este ponto, está 
bem implantado 
na realidade pro-
funda, essencial, absoluta da vida. 
Porém, o coração pensa e se inquieta 
constantemente. Ora, os pensamentos 
do coração geram emoções. 
Desta forma, aparentemente imóvel, 
nossa árvore-Louco é suscetível de pro-
duzir verdadeiros maremotos emocio-
nais, se se deixar levar pelas folhas de 
seus sentimentos. Por outro lado, se as 
dirigir para ele, se aspirar à fusão, à união, 
se o exterior e o interior se juntarem 
nele, poderá atravessar a penúltima porta. 
VIGÉSIMA PORTA 
O sentido da medida 
ou o encontro com o Julgamento 
O ser, uma vez uni-
do, unificado, uma 
vez que encontrou 
seus estado original, 
pode julgar-se 
pelo que é, e não 
em termos de 
bem e mal. Então 
estima-se em seu 
justo valor. O ver-
bo "estimar" neste 
caso significa, eti-
mologicamente, "amar e medir". Trata-
se de medir seu amor, de adquirir um 
sexto sentido: o da medida feita com 
amor. A que calibra, pesa e julga, mas não 
condena. Por outro lado, não se lhe pode 
esconder nada, já que é a medida da ver-
dade. Uma vez encontrada, o Louco po-
derá aceder ao estado último da roda da 
vida. 
VIGÉSIMA PRIMEIRA PORTA 
A realização 
ou o encontro com o Mundo 
Eis aqui um nível de 
consciência que não 
admite definições: as 
palavras o tornariam 
aproximat ivo , 
e s q u e m á t i c o , 
ilusório. Então, 
devemos confor-
mar-nos em per-
ceber que, além 
desta porta, já não 
há fim, nem co-
meço, nem nascimento, nem morte, e 
tudo se cumpre permanentemente. A 
busca do Louco, a nossa busca, ultra-
passa nosso entendimento. 
Alguns conselhos práticos 
para realizar os lances 
Vejamos agora três perguntas relacionadas, evidentemente, com três conselhos práticos, 
que serão de grande utilidade para realizar seus lances. 
C ada arcano do Tarô adivinhatório tem seu próprio significado que, 
logicamente, é o mesmo para todo 
mundo e que poderíamos chamar aca-
dêmico ou canônico, para empregar 
grandes adjetivos. Mas, dependendo do 
momento, da pergunta levantada, das 
circunstâncias nas quais nos encontra-
mos e também do estado de espírito no 
qual nos achamos, podemos dar-lhe 
uma interpretação particular, pessoal, 
que nos permitirá ver a situação com 
nova luz. 
Sem dúvida alguma, para isso é preciso 
ter certa prática no Tarô adivinhatório e 
ter assimilado perfeitamente os signi-
ficados básicos atribuídos a cada arcano. 
O que nos leva a introduzir a primeira 
pergunta. 
PRIMEIRA PERGUNTA 
É preciso aprender de memória 
os significados dos 22 arcanos maiores 
e dos 56 arcanos menores? 
A melhor técnica para aprender e com-
preender é sempre não precipitar-se. 
Memorizar muitos textos implica mais 
uma proeza técnica que inteligência. 
Por outro lado, aí reside a diferença 
entre a cultura e a inteligência. Algu-
mas pessoas sabem muitas coisas, 
aprenderam, assimilaram c memori-
zaram uma grande quantidade de co-
nhecimentos, mas não os utilizam para 
nada,ou então não dispõem de imagi-
nação ou espírito de síntese, tanto assim 
que todo seu saber não lhe serve de 
grande coisa. 
O que aqui recomendamos não é, por-
tanto, aprender de memória os signifi-
cados dos 78 arcanos como uma má-
quina, mas sim ir-se familiarizando com 
eles, lendo-os, relendo-os à medida que 
vão aparecendo em seus lances, for-
mando grupos com vários lances. Fi-
nalmente, para aqueles que tiverem 
tempo de pô-lo em prática, há um mé-
todo ainda mais eficaz e muito simples 
para aprender os significados, familia-
rizar-se com eles e inclusive chegar a 
compreender toda a sutileza simbólica: 
consiste simplesmente cm copiar cm 
um caderno, destinado unicamente a 
este uso, todos os significados dos ar-
canos propostos em nossas fichas de in-
terpretações. Finalmente, apesar de 
nossa experiência com o Tarô 
adivinhatório, chega o mo-
mento nos lances e suas in-
terpretações em que os significados dos 
arcanos já não representam nenhum 
problema, mas ainda temos dúvidas ou 
temos a impressão de que uma espé-
cie de véu nos impede de ver as coisas 
claras a respeito dos arcanos que for-
mam um lance. 
Significa que somos incapazes de in-
terpretá-lo e que, consequentemente, 
devemos decidir realizar outro lance? 
Esta é a segunda pergunta que devemos 
fazer. 
SEGUNDA PERGUNTA 
Podemos voltar a realizar um lance 
ou fazer vários lances sucessivos 
sobre uma mesma pergunta? 
É bastante desaconselhável. De fato, 
não caia na mesma tentação da-
queles que querem saber, compre-
ender, encontrar, ter ou dar res-
postas a todas as coisas. 
Leve em conta que nem sempre es-
tamos em condições de ver, com-
preender, encontrar e interpretar. 
Além disso — e isto é especial-
mente certo quando se trata de in-
terpretar um lance para você, feito 
por uma terceira pessoa —, pode 
ser que simplesmente sejamos in-
capazes de interpretar um lance 
porque não estamos em sintonia 
com a pessoa afetada, ou talvez por-
que esta mesma pessoa não deseja 
realmente obter a resposta, ou que 
inconscientemente percebemos 
isso, ou por último, porque, sem 
querer, podemos às vezes interfe-
rir na resposta e, ao fazê-lo, a es-
tamos ocultando. 
Neste tipo de circunstâncias, não 
devemos forçar as coisas. 
E, sobretudo, não pense que fazendo 
um novo lance você verá tudo com cla-
reza. Em nossa opinião, acontece to-
talmente o contrário: quanto maior o 
número de lances, levantando sempre 
a mesma pergunta, mais obscura e con-
fusa será nossa interpretação. Tam-
pouco somos destes que pensam que é 
preciso acrescentar arcanos a um lance, 
como talvez você terá visto algumas pi-
tonisas fazer, presumindo assim poder 
conseguir mais informações comple-
mentares à sua evidência dedutiva. Os 
arcanos que constituem o lance 
que você escolheu realizar, em 
função da natureza da per-
gunta levantada, bastam de 
sobra para fornecer todas 
as informações de que 
você precisa. Por fim, 
às vezes por descuido, 
alguns arcanos apa-
recem dispostos 
em posição in-
versa em seu 
lance, por e-
xemplo, a Im-
peratriz ou a Força 
aparecem ao contrário. Este é o ob-
jeto de nossa terceira pergunta. 
TERCEIRA PERGUNTA 
O fato de aparecer um arcano maior 
ou menor ao contrário, tem algum 
significado especial? 
Quando temos algum interesse 
pelas artes adivinhatórias, assim 
como pela astrologia, tendemos a 
pensar sistematicamente que nada 
pertence ao acaso. Assim, dizemos 
comumente "não c por acaso 
que...". Daí a considerar que o mí-
nimo detalhe, a informação mais in-
significante, o fato mais estranho 
que saia do normal, sejam dignos 
de primeira importância, c só um 
passo, que aquelas pessoas supers-
ticiosas realizam facilmente, pessoas 
com sede e necessidade de signos 
que lhes dêem segurança e que 
vêem coisas onde elas não existem. 
Assim, para alguns especialistas e 
intérpretes do Tarô, os arcanos que 
aparecem normais e os que apare-
cem ao contrário não têm os mes-
mos significados. De nossa parte, 
não temos muita fé neste tipo de ar-
gumentos, pela simples razão de que 
cada arcano, os normais e os ao con-
trário, possui sempre o mesmo signi-
ficado, e este é mais ou menos posi-
tivo ou negativo em si mesmo, em 
função dos arcanos que o cercam. Por 
tanto, em nossa opinião, o fato de que 
esteja ao contrário não muda nada. 
Os arcanos maiores 
Através das épocas e das civilizações, os 22 arcanos maiores compõem, 
com 56 arcanos menores, que abordaremos mais adiante, 
o jogo do Tarô adivinhatório que conhecemos atualmente. 
Ojogo do Tarô nasceu em plena civilização indo-semita européia. 
Primeiro foi, ao mesmo tempo, uma 
enciclopédia viva e um jogo de adivi-
nhação, o Desavatara, criado na Índia 
há aproximadamente 3.000 anos e com-
posto de mil cartas redondas. 
Foi importado para a Europa por uma 
casta de intocáveis expulsa da Índia 
por volta do século X d. C , que seguiu 
durante séculos a rota da seda, atra-
vessando a Europa Central (os zínga¬ 
ros), outros o Norte da África, Orien-
te Médio e Espanha (os ciganos). Nos 
séculos XV e XVI, os cabalistas e os al-
quimistas, perseguidos pela Inquisi-
ção, basearam-se nas cartas do Tarô 
dos Boêmios e criaram os 22 arcanos 
maiores inspirando-se nas 22 letras-
números do alfabeto hebraico. 
Desde essa altura, o jogo do Tarô 
conta com 22 arcanos maiores, que 
contêm os símbolos dos cabalistas e 
dos alquimistas do Renascimento, e 
com os 56 arcanos menores, pro-
venientes do Tarô dos Boêmios: as es-
padas, os paus, os ouros e as copas. 
A partir destes arcanos menores, foi 
criado no século XVII o jogo de cartas 
tradicional utilizado atualmente em 
alguns países. Os nomes dos naipes 
usados no Brasil não estão, todavia, de 
acordo com a grafia, porque as cartas 
que hoje se usam entre nós são do tipo 
francês: coeur (copas), carreau (ouros), 
pique (espadas), trèfle (paus). 
Porém, uma vez que se aprenda a in-
terpretar os arcanos menores do Tarô 
adivinhatório, podemos utilizar tam-
bém como jogo de adivinhação as car-
tas tradicionais. 
Significado geral 
dos 22 arcanos maiores 
1 0 MAGO 
Iniciativa, livre arbítrio, 
muitas possibilidades, 
juventude, habilidade, ori-
ginalidade, aprendizagem, 
poder de convicção. 
2 A PAPISA 
Prudência, discrição, 
sabedoria, lucidez e 
objetividade, saber oculto, 
mulher de idade madura 
ou experiente. 
3 A IMPERATRIZ 
Sentimentos generosos e 
positivos, fecundidade, 
bem-estar material, mãe 
de família, esposa, mulher 
apaixonada. 
4 O IMPERADOR 
Autoridade, segurança, 
poder material e moral, 
força de caráter, pai de 
família, chefe. 
5 O PAPA . 
Poder intelectual, moral, 
social, político ou religio-
so, benevolência, rigor, 
estabilidade, maturidade, 
sabedoria, experiência. 
6 O NAMORADO 
Escolha, decisão, amor, 
afinidades, tentações, 
acordo, aliança, contrato. 
7 O CARRO 
Esforços positivos e 
frutuosos, progresso, 
audácia, fé, ardor 
combativo, deslocação, 
viagem, notícia. 
8 A JUSTIÇA 
Rigor, imparcialidade, 
retidão, equilíbrio, mora-
lidade, decisão, justiça. 
9 0 ERMITÃO 
Tomada de consciência, 
solidão, procura, evolução 
lenta e profunda, lucidez, 
prudência, descoberta. 
10 A RODA 
DA FORTUNA 
Mudança, situação em via 
de evolução, destino, sorte 
ou azar, desenlace. 
11 A FORÇA 
Valor, vontade, energia, 
autoconfiança, domínio da 
situação, força moral e 
física, triunfo. 
12 O ENFORCADO 
Abandono, indolência, 
inconsciência, inércia, 
situação bloqueada e sem 
saída que resulta dos seus 
atos equivocados. 
13 A MORTE 
Mudança radical, 
conclusão lógica, ganhos 
ou perdas, detenção, final 
que anuncia começo. 
14 A TEMPERANÇA 
Reflexão, regeneração, 
moderação, relações 
agradáveis, negociações, 
compromissos, 
oportunidades. 
15 0 DIABO 
Impulso, desejo desatisfazer a todo o custo, 
desordem material e 
moral, apego aos bens 
mundanos, lucros. 
16 A CASA DE DEUS 
Perturbação, controvérsia, 
conflito, liberação, alívio, 
acontecimento 
imprevisível e inevitável. 
17 A ESTRELA 
Inspiração, esperança, 
criação, nascimento, sorte, 
prazeres, felicidade, 
situação nova e positiva. 
18 A LUA 
Sensibilidade, popularida-
de, sonhos, ilusão e 
desengano, traição, más 
influências, saúde má. 
19 0 SOL 
União, associação, êxito, 
felicidade partilhada, 
clarificação, abnegação 
sincera, pureza de 
sentimentos. 
20 0 JULGAMENTO 
Renascimento, reabilita-
ção, cura, proposta, pro-
moção, gratificação, boa 
notícia, "mea culpa". 
21 O MUNDO 
Concretização dos 
desejos, alegria, ambição, 
expansão, aspirações, 
idealismo, êxito total, 
viagem longínqua. 
22 (OU 0) 0 LOUCO 
Saída, chegada, procura, 
instabilidade, período de 
transição, impulsos, 
entusiasmo, passo em 
frente, mudança. 
Símbolos e interpretações dos arcanos maiores 
1. O Mago 
N ão é por acaso que o primeiro arcano do Tarô é um jogador, um 
malabarista, um ilusionista, um cria-
dor, um artista, um pintor ou um poe-
ta. É para insistir no aspecto lúdico da 
vida, e da realidade temporal e existen-
cial. Com efeito, o Mago revela que 
o universo é um formidável jogo cós-
mico; a realidade, uma ilusão, uma 
projeção da nossa consciência que não 
devemos levar a sério, portanto, não 
devemos confiar nas aparências e, ao 
mesmo tempo, exercer o nosso livre 
arbítrio, a nossa vontade e a nossa cria-
tividade. Abordar a vida, olhar o mun-
do como uma criança e, com seus 
olhos, sermos capazes de nos deslum-
brar a cada instante, criar, inventar, 
inovar, reinventar o mundo à nossa 
imagem... são as mensagens trans-
mitidas pelo Mago. 
Na mão esquerda tem um pau. Na 
direita, um ouro. Na mesa à sua frente 
estão dois copos de jogo que repre-
sentam as copas. Finalmente, as facas 
colocadas nessa mesma mesa repre-
sentam as espadas. Os paus, os ouros, 
as copas e as espadas são os símbolos 
dos 56 arcanos menores do Tarô 
adivinhatório. 
Os paus, em analogia 
com o elemento Terra, 
simbolizam a força, o 
poder, o realismo, o tra-
balho, a sabedoria. 
Os ouros , em analogia 
com o elemento Ar, sim-
bolizam as idéias, as rela-
ções, os intercâmbios, o 
comércio, o dinheiro. 
As copas , em analogia 
com o elemento Água, 
simbolizam a alma, o amor, 
o sensual, a imaginação, a 
inspiração.. 
As espadas, em analogia 
com o elemento Fogo, 
simbolizam a ação, a luta, a 
criatividade, a justiça, a 
auto-afirmação, a vontade. 
Com estes símbolos, o 
Mago exercerá seus po-
deres, manifestará o seu 
livre arbítrio, cumprirá seu 
destino, será um indivíduo 
total. 
primeiro 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
NO JOGO DE CARTAS 
O Mago representa uma criança, um 
adolescente, um rapaz, uma garota, um 
estudante, uma pessoa de espírito 
jovem, dinâmico, aberto, curioso, com 
um caráter ou comportamento juvenil 
qualquer que seja a sua idade, um 
indivíduo empreendedor ou criador, 
ou que dá início a um período de sua 
vida em que poderá exercer seu livre 
arbítrio e a sua vontade... 
AS INTERPRETAÇÕES 
DO MAGO 
Significados positivos 
• Iniciativa 
• Livre arbítrio 
• Inteligência 
• Aprendizagem 
• Princípio 
• Talento e qualidades potenciais, ainda 
ocultos 
• Habilidade manual e/ou intelectual 
• Poder de convicção 
• Espontaneidade 
• Originalidade 
• Flexibilidade 
Significados negativos 
• Confusão 
• Dispersão 
• Mentira 
• Astúcia 
• Futilidade ( 
• Burla 
• Tendência para ser influenciável 
• Falta de vontade 
• Infantilidade, irresponsabilidade... 
Primeiro arcano do Tarô adivinhatório. 
• Outros nomes: 
Malabarista, mágico. 
• Letra: 
A. 
• Número: 
1. 
• Significado: 
A iniciativa. 
• Verbos: 
Agir, executar, interpretar, criar, 
querer. 
• Personalidade: 
Uma criança ou uma pessoa 
de caráter ou aspecto jovem, 
empreendedora, dinâmica. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Analogias com Mercúrio e os signos de Gêmeos e Virgem. 
Arcanos ou lâminas? Mistérios... 
Arcano, em Latim arcanas, significa tanto "segredo" como 
"mistério". Antigamente, as cartas do Tarô adivinhatório eram 
chamadas "mistério". Utilizava-se este jogo tanto para desvendar 
os segredos da alma ou da vida de um indivíduo, como para 
descobrir seu futuro. 
Com efeito, os símbolos contidos nas cartas do Tarô constituem no 
seu conjunto uma linguagem misteriosa que apenas os iniciados 
conseguem interpretar. Por isso, foi necessário aprender e 
compreender a linguagem dos símbolos para descobrir os "mis-
térios" ocultos nas cartas do Tarô e as mensagens que revelam suas 
combinações. Hoje, admite-se o nome do Tarô para os arcanos. 
Do mesmo modo, destaca-se o caráter secreto e misterioso do Tarô 
adivinhatório e a prudência no momento de o interpretar. Também 
se costuma denominar os 22 arcanos maiores e os 56 arcanos 
menores como "lâminas de Tarô". 
Na sua origem, as cartas ou "mistérios" eram feitas com tabuinhas 
de madeira planas e muito finas chamadas "lâminas", vocábulo 
que provém do latim lamina. 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
2. A Papisa 
Avida é um jogo, diz o Mago. Mas tem as suas regras, revela a Papisa. 
Para ilustrar as suas palavras, ela tem 
um livro aberto nas mãos. O livro é 
o símbolo do conhecimento revelado, 
do saber transmitido, transcrito, pro-
tegido, que está ao alcance de cada um 
de nós, por pouco que se queira con-
sultá-lo. 
Não se trata aqui de cultura no sen-
tido em que hoje se entende. A Papisa 
é seletiva no seu afã de conhecimen-
to. Aspira a penetrar e a possuir as 
chaves dos mistérios da vida, dos 
princípios primordiais, essenciais, dos 
segredos de toda a manifestação, que 
dão à vida na Terra o seu caráter único 
e sagrado. 
A Papisa, silenciosa, secreta, clarividente, 
dotada de grandes conhecimentos, li-
mita-se a cumprir o que outros cum-
priram antes dela e que outros ainda 
cumprirão depois. Inscreve-se numa 
tradição, numa continuidade do saber e 
da consciência de onde ela extrai a sua 
sabedoria. 
A Papisa é uma mulher de ciências. 
Exerce as ciências da vida, as ciências 
humanas, as da alma. É uma feiticeira, 
uma parteira de almas. Ou seja, ajuda 
a pessoa que a consulta a nascer ou a re-
nascer, a revelar-se, a realizar-se. 
A PAPISA 
A SIBILA E 0 LIVRO 
A Papisa representa uma das Sibilas, 
evocadas com rolos de papel, perga¬ 
minhos ou livros nas mãos. Por exem-
plo, a Sibila, à maneira da famosa pito¬ 
nisa de Delfos, possuía o dom de 
interpretar os presságios, o livro dos ar-
canos do destino, o livro de ouro, o livro 
da vida, como se fosse o Livro dos Orá-
culos da Sibila, obra sagrada que se con-
sultava em Roma sempre que a capital 
do Império corria perigo. 
A Bíblia é o livro dos livros, o seu nome 
vem do grego biblión, que significa 
livro, o qual deriva do nome da capital 
fenícia Byblos, onde se praticava o co-
mércio do papiro. Portanto, a Papisa 
com um livro aberto diante de si, tem 
as chaves do passado, do presente e do 
futuro. É a que consulta, a consulente, 
a que interroga e se interroga. 
NO JOGO DE CARTAS 
A Papisa representa freqüentemente 
uma mulher com experiência ou uma 
mulher madura, com um conhecimento 
da vida ao mesmo tempo inato e ad-
quirido. Pode deste modo evocar uma 
mãe, uma empreendedora, uma mulher 
com um papel social importante ou que 
exerce uma certa influência pela sua des-
segundo 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
destreza, as suas qualidades humanas ou as 
suas funções: uma enfermeira, uma fei-
ticeira, uma advogada, uma médica, uma 
juíza, uma religiosa, uma diretora, uma 
empresária, etc. 
A Papisa pode também aludir a uma si-
tuação que implica reflexão antes de se 
assumirqualquer compromisso, situa-
ção essa que poderia ainda tornar-se 
muito útil. 
AS INTERPRETAÇÕES 
DA PAPISA 
Significados positivos 
• Conhecimento 
• Sabedoria 
• Revelação 
• Previsão 
• Clarividência 
• Intuição 
• Memória 
• Reflexão inteligente e concentrada 
• Dedução 
• Experiência 
• Serenidade 
• Pureza de intenções e de sentimentos 
• Pudor 
• Virtude 
Significados negativos 
• Simulação 
• Ignorância 
• Egoísmo 
• Inibição 
• Passividade 
• Incomunicação 
FICHA DESCRITIVA DA PAPISA 
Segundo arcano do Tarô adivinhatório. 
• Outros nomes: 
Sacerdotisa, Maga, Sibila. 
• Letra: 
B. 
• Número: 
2. 
• Significado: 
A sabedoria. 
• Verbos: 
Saber, refletir, conhecer, revelar, 
cumprir. 
• Personalidade: 
Mulher madura, com experiência, 
sábia, sensata, sagaz, de caráter 
secreto ou reservado. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Analogias com a Lua e o signo de Câncer. 
A Papisa e o mito de Ísis 
Ísis, a figura lunar mítica egípcia, estava em relação com o desti-
no, em particular com o destino da alma e com o seu renascimento. 
Era a deusa da vida e da morte, e possuía as chaves do passado 
e do futuro; a deusa do conhecimento, da natureza, a Grande Mãe 
Fecunda. Ísis nasceu da união de Geb, a Terra (que era princípio 
masculino no Egito) e de Nout, o Céu (princípio feminino no Egito). 
De essência divina e sobrenatural, Ísis foi a deusa suprema e univer-
sal do antigo Egito, mas também do Oriente Médio, da Grécia e 
de Roma. Foi iniciadora, com poder de vida e de morte. Plutarco, 
escritor grego do século I d. C, disse que em 
Sais — uma das mais velhas cidades do Egito, 
situada no Delta do Nilo, e que foi uma residên-
cia faraônica durante a primeira metade do pri-
meiro milênio antes de nossa era —, na está-
tua de Ísis estavam gravadas estas palavras: 
"Sou tudo o que foi, tudo o que é e tudo o 
que será, e o meu véu nenhum mortal jamais o 
levou de mim". 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
3. A Imperatriz 
Guardo os segredos da vida", dizia a Papisa. "Sou a emoção, a que 
outorga o espírito da vida, a que a 
anima, a põe em movimento", diz a 
imperatriz. Esta representa a inteligên-
cia, a inteligência no poder, o instinto 
natural, tão fecundo quanto fértil, a 
arte de viver com inteligência, de saber 
impor sua força e sua lei sendo ao 
mesmo tempo receptiva às forças e às 
leis da natureza. 
O poder da Imperatriz é o poder dos 
sentimentos: é capaz de explorar as 
riquezas do coração tão bem como as 
do espírito. Porém, é ela também que 
dá à mãe natureza o seu caráter 
generoso, semeia e transmite o germe 
da vida para que prolifere c abunde. Os 
mitos da terra-mãe relacionam-se com 
a Imperatriz já que está nela a origem 
de toda a manifestação de vida. Repre-
senta o princípio feminino por exce-
lência. 
No entanto, o maior poder da Impera-
triz concentra-se nos sentimentos, nas 
atrações e repulsas que estão na 
origem de toda a ação. Sua potência 
é afetiva. Sua compreensão é 
claramente instintiva e espontânea. A 
Imperatriz é uma mulher realista, mas 
é também uma mulher de coração, cu-
jas três palavras de ordem são: amor, 
emoção e motivação. 
terceiro 
arcano maior 
do Tarô/ 
adivinhatório 
A IMPERATRIZ 
A ÁGUIA E 0 CETRO 
A Imperatriz tem a força, a coragem, o 
fogo sagrado da águia imperial, repre-
sentada no escudo que traz na mão di-
reita. A águia, a ave mágica, solar, rainha 
das aves, também chamada pássaro-
trono, dado que é o atributo de Zeus-
Júpiter, simboliza a realidade, mas 
também a força da inteligência, os pode-
res do espírito, a rapidez dos reflexos 
cerebrais. 
O cetro, que usa na mão esquerda, 
simboliza o poder temporário que 
exerce sobre a matéria, no mundo físico 
e na natureza. No Egito, o cetro que as 
grandes deusas usavam ilustravam a 
alegria que sentiam ao exercer a sua 
vontade. A alegria de viver, de querer, 
de produzir, de criar, de executar a sua 
vontade, são também atributos da Im-
peratriz. 
NO JOGO DE CARTAS 
A Imperatriz representa, comumente, 
uma mulher do nosso meio: uma mãe, 
uma esposa, uma companheira, uma 
irmã, uma mulher apaixonada ou uma 
mulher que exerce um poder em um 
campo concreto, uma produção ou uma 
realização material. Quando aparece 
dentro de uma situação, indica que a 
situação é potencialmente rica, fecunda, 
frutífera, ou que terá um desenlace 
notável. 
Às vezes, o aparecimento da Imperatriz 
anuncia simplesmente uma notícia: boa 
ou má, conforme a natureza dos arca-
nos que a rodeiam. 
Finalmente, certos lances podem que-
rer informar acerca das motivações 
profundas e reais de uma pessoa, ho-
mem ou mulher. 
AS INTERPRETAÇÕES 
DA IMPERATRIZ 
Significados positivos 
• Criação 
• Produção 
• Riqueza 
• Bem-estar 
• Energia natural 
• Natureza sentimental 
• Caráter pragmático 
• Inteligência vital 
• Estímulo 
• Boas notícias 
• Senso comum 
Significados negativos 
• Esterilidade 
• Avidez 
• Dependência afetiva 
• Sentimentalismo 
• Ciúmes 
• Perda de bens materiais 
• Poder de sedução empregado para fins 
duvidosos 
FICHA DESCRITIVA DA IMPERATRIZ 
Terceiro arcano do Tarô adivinhatório. 
• Letra: 
G. 
• Número: 
3. 
• Significado: 
A criação. 
• Verbos: 
Criar, produzir, desenvolver, 
cumprir, explorar, transmitir, 
frutificar. 
• Personalidade: 
Mulher de meia idade, 
apaixonada ou sentimental, 
ou uma mulher íntegra, 
realista e produtiva. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Analogias com Vênus e com os signos de Touro e Libra. 
A Imperatriz e o mito de Hera-Juno 
Filha de Crono-Saturno e irmã de Zeus-Júpiter, Hera-
Juno for a terceira esposa do seu irmão. Do seu ca-
samento nasceram quatro filhos, entre os quais fi-
gura Ares-Marte, o deus da Guerra. Segundo a mais 
antiga tradição, o casamento de Zeus e Hera — ou 
seja, de Júpiter e de Juno — teve lugar no jardim 
das Hespérides, símbolo da eterna Primavera e mito 
que se vincula com o do Paraíso. Gaea, a Terra, en-
tregou a Hera uma maçã de ouro, símbolo de fe-
cundidade. Para festejar este mito, os casais de jo-
vens atenienses recém-casados costumavam dividir 
uma maçã no dia do seu casamento, antes de de-
saparecerem no quarto nupcial. 
Hera foi a protetora das esposas e a deusa da fe-
cundidade. 0 pássaro sagrado do santuário de Hera 
em Atenas, e depois de Juno em Roma, era o pavão 
real, ave solar, imperial, que podemos relacionar com 
a águia. 
As plantas de Hera eram a romãzeira, símbolo da fe-
cundidade, da riqueza e da prosperidade (em Roma 
e na Grécia, os noivos usavam no cabelo ramos de 
romãzeira) e o lírio, outro símbolo da realeza — que 
às vezes encontramos em lugar da águia, em algu-
mas representações antigas do arcano maior da 
Imperatriz —, e também da vida eterna e do amor 
puro. 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
4. O Imperador 
Sou a emoção criadora", dizia a Im-peratriz, "Sou a realidade, poder, 
a potência e a ação", declara por sua 
vez o Imperador. 
O poder do Imperador é um poder 
temporário, uma vontade firme para 
impor sua lei e exercer seu império 
sobre a realidade material, concreta, 
tangível deste mundo. Foi eleito entre 
todos para defender as leis instituídas, 
explorar e fazer prosperar as riquezas 
adquiridas antes dele; e, ao mesmo 
tempo, proteger, conservar, consolidar, 
até alargar, o seu reino ou o seu 
império. O rei e o imperador são sím-
bolos solares. Reinam sobre o mundo 
e sobre os povos. Como aconteceu com 
os faraós do Egito, os imperadores fo-
ram às vezes a encarnação de um deus 
na Terra. Os poderes que lhes são con-
feridos permitem-lhes aceder à imor-
talidade. 
Os que conseguiram cumprir as tarefas 
estabelecidas, ou realizar obras notáveis, 
deixaram uma recordação indelével, 
para além dos séculos. Sempre presentes 
em nossa memória, podemos dizer quesão imortais. 
No entanto, se bem que o poder do 
Imperador se vincule com o poder divi-
no, não está apto a encarnar os deuses 
na Terra, nem sequer para ser o seu 
mensageiro (como o Papa, que o sucede 
na hierarquia dos arcanos maiores do 
Tarô). O Imperador é uma força da 
natureza, um caráter potente dominado 
por certezas e convicções, um realizador, 
um produtor e também um protetor. 
Sua inteligência é soberana. Tem a 
inteligência prática e metódica de quem 
exerce sua autoridade nos seus domí-
nios, representando o senso comum e a 
razão. 
0 IMPERADOR, 
A ÁGUIA E O CETRO 
Se a Imperatriz representa a força, o 
valor e o fogo sagrado criador da águia 
imperial que ornamenta seu brasão, o 
Imperador o encarna. Seguro de si 
mesmo e das suas prerrogativas, aparece 
de perfil e usa seu cetro na mão direita, 
símbolo de poder e autoridade, 
adquiridos e indiscutíveis, que exibe 
com naturalidade e firmeza. 
O escudo representa a águia solar — o 
único ser vivo capaz de olhar o Sol sem 
ficar cego — e aparece de frente para 
nós, colocado contra seu trono e apoiado 
displicentemente sobre seu pé direito. 
quarto 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
Suas pernas estão cruzadas (no seu 
Tratado sobre o Decoro das Crianças, publi-
cado cm 1623, Erasmo revela que "colo-
car a perna direita por cima da esquerda 
era um antigo privilégio dos reis"), 
indicando deste modo que encarna 
plenamente o poder que a águia lhe con-
fere. 
A Imperatriz usa o escudo na mão 
direita e o cetro na esquerda. A mão 
direita associa-se com o Sol, pólo mas-
culino, e, em termos psicoanalíticos, 
com o consciente. A mão esquerda 
associa-se com a Lua, pólo feminino, 
e com o inconsciente. Ainda hoje 
costuma-se considerar que a mulher 
tem que se sentar à esquerda do 
homem. Esta convenção tem sua ori-
gem no fato de, em tempos remotos, 
os homens usarem a arma ou a espada 
do lado esquerdo c brandirem-nas com 
a mão direita. Se a mulher estivesse do 
lado esquerdo era mais fácil desembai¬ 
nhar a espada em qualquer momento, 
protegendo assim sua companheira. O 
cetro do Imperador representa aqui 
uma espada que esgrime erguida na sua 
mão direita, para sublinhar seu papel 
protetor. 
NO JOGO DE CARTAS 
O Imperador revela freqüentemente a 
presença de um marido, de um irmão 
ou de um pai de família com um 
comportamento protetor e realista, com 
um caráter forte e corajoso. Pode tratar-
se também de um chefe, um homem de 
negócios que exerce uma atividade 
comercial ou agrícola. A situação revela-
da pelo aparecimento do Imperador é 
com freqüência sólida, duradoura, 
concreta, e pode oferecer numerosas 
vantagens, sobretudo materiais. Não 
obstante, dado o papel simbólico que 
o Imperador desempenha, este arcano 
adverte acerca da necessidade de exercer 
algum domínio sobre esta situação; 
através de esforços constantes e prudên-
cia. Finalmente, o Imperador só costu-
ma confirmar, autenticar ou certificar 
um fato, uma circunstância, um aconte-
cimento, uma verdade ou um sentimen-
to, que serão revelados por outros arca-
nos no mesmo lance. 
FICHA DESCRITIVA DO IMPERADOR 
Quarto arcano do Tarô adivinhatório. 
• Letra: 
D. 
• Número: 
4. 
• Significado: 
Poder, certeza. 
• Verbos: 
Realizar, concretizar, poder, 
dominar, produzir, proteger, vencer. 
• Personalidade: 
Pai, marido, chefe, 
homem de meia idade, 
realista e produtivo, 
consciente do seu valor. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Analogias com Júpiter e com o signo de Touro. Júpiter dentro 
de Touro apresenta características próximas às do Imperador. 
AS INTERPRETAÇÕES DO IMPERADOR 
Significados positivos 
• Realização 
• Confiança em si mesmo 
• Realismo 
• Poder de convicção 
• Capacidade de trabalho 
• Força de caráter 
• Autoridade 
• Espírito prático 
• Controle sobre si mesmo 
• Estabilidade 
• Senso comum 
• Organização 
Significados negativos 
• Severidade 
• Abuso de poder 
• Oposição tenaz 
• Despotismo 
• Intolerância 
• Egocentrismo 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
5. O Papa 
S ou o poder temporal", dizia o Im-perador. "Sou o poder intemporal, 
o mensageiro dos deuses cujo verbo 
transmito aos homens. O que é unido 
por mim, ou perante mim, o é pelos 
deuses e perante eles, e não pode ser 
desunido pelos homens", responde o 
Papa. 
Etimologicamente, o médico, o que en-
contra e prescreve o remédio, é um re¬ 
mediador. Este nome deriva do latim 
médium; o intermediário, o mensageiro, 
o mediador. É este o papel que desem-
penha o Papa, o grande sacerdote do 
conhecimento cuja ciência e sabedoria 
aliviam, libertam ou fortalecem nossos 
corpos e nossas almas. 
Consulta-se o Papa por importantes 
questões relacionadas com a alma que, 
às vezes, atormentam o corpo e o espí-
rito. Pedimo-lhe que nos dê a sua bên-
ção. Em hebraico, berekh, joelho, e ba¬ 
roukh, bênção, têm uma origem 
comum. Encontramos esta mesma ori-
gem na palavra árabe baraka, que tam-
bém significa bênção, favor do céu. 
Assim, portanto, compreendemos por-
que o homem se põe de joelhos para re-
ceber a bênção do enviado do céu. O 
Papa é o mestre das leis que regem as 
relações entre os homens, o mestre es-
piritual, o representante dos deuses que, 
pela sua função e pela sua presença, re-
corda aos homens que não são eternos 
mas mortais, falíveis, que têm de con-
tar com ele como com eles próprios pe-
rante os deuses. 
Ajoelhar-se perante o Papa é o sinal de 
respeito e de humildade, mas é sobretu-
do um ato simbólico que nos ensina que 
o respeito pelos outros eqüivale ao res-
peito por si mesmo. 
0 PAPA, A MITRA 
E A TRIPLA CRUZ 
Símbolo da fé, da esperança e da ca-
ridade (as três virtudes teológicas e os 
três estados de graça do Papa), a mitra, 
ou coroa tripla, representa também os 
três poderes que este exerce no mun-
do: o poder espiritual, o poder tem-
poral e o poder sobre os soberanos da 
Terra. 
O deus persa e iraniano Mithra, cujo 
nome foi aplicado mais tarde à toga dos 
bispos, e que como divindade tem mui-
tos pontos em comum com o Urano 
grego, e cujo culto exerceu uma grande 
influência sobre os primeiros cristãos, 
usava uma mitra adornada com pregos 
e estrelas, símbolo de sua realeza no 
cosmo, no céu, na Terra Superior e na 
Terra Inferior, ou seja, no paraíso e nos 
infernos. 
quinto 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
Os servidores de Cibele, a deusa frígia 
da fertilidade, chamada a "Mãe dos deu-
ses", usavam também uma tiara. Os ho-
mens da Revolução Francesa inspira-
ram-se neste barrete frígio para sua 
indumentária. 
A tripla cruz ou cruz dos três travessões, 
chamada também cruz papal, reproduz 
mais ou menos o símbolo da mitra; o 
número 3, além de ser uma das repre-
sentações da trindade cristã, simbolizava 
os três níveis do mundo: 1, número do 
Céu; 2, número da Terra; e 3, número 
do Cosmo. 
A tripla cruz do Papa é o acabamento, 
o completo, ao qual já nada se pode 
acrescentar. 
De fato, ao prolongar os três travessões 
da cruz mediante linhas curvas e orien-
tadas para cima, obtém-se a Sephora, 
o candelabro judeu de sete braços, re-
presentação da árvore de Sephirot, que 
simboliza a hierarquia da vida na Terra, 
os seres celestes e Deus. 
O braço situado no extremo esquerdo 
representa a pedra; o segundo a contar 
da esquerda, o animal. O primeiro braço 
a contar da direita do eixo central simbo-
liza o anjo, o segundo, sempre a partir 
da direita, o arcanjo, e o terceiro repre-
senta Deus. 
O eixo central, em volta do qual os seis 
braços se articulam, simboliza o homem 
de pé sobre a Terra. 
NO JOGO DE CARTAS 
O Papa representa, com freqüência, um 
homem em idade madura, com alguma 
experiência de vida, um conhecimento 
ou um saber; um homem em quem 
podemos depositar nossa confiança, 
que é bom conselheiro e que fornecesua lúcida ajuda, seu apoio; um homem 
a quem nos dirigimos para obter uma 
recomendação, um conselho, um di-
reito, uma autorização; ou seja, uma 
bênção. 
Pode tratar-se de um juiz, de um advo-
gado, de um médico, de um homem 
instruído e culto, que exerce um alto 
cargo ou uma missão importante; de um 
homem da Igreja ou do Estado, de um 
eclesiástico ou de um político. 
FICHA DESCRITIVA DO PAPA 
Quinto arcano do Tarô adivinhatório. 
• Outros nomes: 
Sumo Sacerdote, Sumo Pontífice. 
• Letra: 
E. 
• Número: 
5. 
• Significado: 
A fé e o dever. 
• Verbos: 
Crer, aliar, unir, cumprir, bendizer 
• Personalidade: 
Um homem maduro, experiente, 
dignitário, um personagem 
influente e que assume altas 
responsabilidades. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Associações com Áries, sobretudo com o terceiro decanato deste 
signo, governado por Vênus. Este é o decanato das paixões, da 
fé, da propaganda e do apostolado. 
AS INTERPRETAÇÕES DO PAPA 
Significados positivos 
• Sentido moral, do dever, da respon-
sabilidade 
• Experiência 
• Conhecimento 
• Sabedoria 
• Influência intelectual 
• Bondade 
• Benevolência 
• Perdão 
• Aliança 
• União 
• Fé 
• Vocação 
• Fidelidade 
• Alívio 
Significados negativos 
• Parcialidade 
• Sectarismo 
• Falta de rigor e de integridade 
• Fraqueza moral 
• Usurpação 
• Problemas 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
6. O Namorado 
O s cinco primeiros arcanos maio-res do Tarô adivinhatório (o Ma-
go, a Papisa, a Imperatriz, o Imperador 
e o Papa) são figuras que desempenham 
um papel de primeira ordem nos sím-
bolos e nas interpretações que se atri-
buem a estas cartas. A partir do sexto 
arcano, o Namorado, os arcanos, mais 
do que figuras, são personagens repre-
sentados em circunstâncias particulares, 
carregados de significado. Assim, o Na-
morado encontra-se na situação do in-
divíduo que se abandona às suas in-
clinações naturais, que escolhe e é 
escolhido — por outra pessoa, pelas 
circunstâncias, pelo destino —, que 
ama e que é amado. 
A carta do Namorado, que está em ana-
logia com Waw, a sexta das letras-núme¬ 
ro do alfabeto hebraico, equivalente à 
conjunção copulativa "e", estabelece 
uma união, um vínculo entre o jovem 
que está de pé no centro e a jovem que 
se encontra à sua esquerda. 
O anjo do amor, Eros, que está sobre es-
te casal com uma flecha orientada para 
suas mãos entrelaçadas, escolheu-os para 
que se encontrem e se unam. A letra-
número Waw-6 contém uma grande 
força simbólica neste arcano. 
De fato, o casal que se une perante nós 
é uma representação simbólica da união 
dos contrários, sem a qual o ser e o 
mundo não encontrariam nunca o des-
canso. Trata-se da associação de duas po-
laridades, positiva e negativa, do bem 
e do mal, do Céu e da Terra, do alto e 
do baixo, do dia e da noite, do calor e do 
frio, da vida e da morte, de todas as ener-
gias criativas e regeneradoras, opostas 
mas complementares, do mundo visí-
vel e invisível. O personagem central do 
Namorado é o marido, isto é, o que ca-
sa com o mundo, com a natureza, com 
a vida. Ao unir-se com sua polaridade, 
abandonando-se e submetendo-se ao 
seu destino, ao deixar-se seduzir, ele 
também seduz. Assim, irá transforman-
do-se em um ser vivo, vitorioso (como 
veremos no arcano seguinte, o Carro); 
um ser unificado que nunca mais se 
sentirá infeliz, destroçado, traído por 
sentimentos, desejos, pensamentos ou 
atos contraditórios. 
Esse é o verdadeiro sentido da escolha: 
escolher uma direção e mantê-la, impe-
dir os elementos ou os acontecimen-
tos exteriores, que influem em nossas 
decisões e podem induzir-nos a disper-
sar-nos, dividir-nos, perder-nos. 
sexto 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
O NAMORADO, CUPIDO, EROS 
"Vê a onde teu coração te leva! Segue 
os seus impulsos", diz o Namorado. O 
coração tem as suas razões. Cupido é o 
deus do amor c do desejo. Do seu no-
me deriva a palavra cupidez, desejo vio-
lento, paixão. O desejo amoroso está 
na origem da união dos contrários, da 
conjunção dos opostos, de uma coorde-
nação. No absoluto, a união dos con-
trários simboliza-se através da união do 
masculino e feminino. É nessa união 
que se baseia o Namorado, e é Eros, 
o deus grego do amor e do desejo — 
Cupido para os Romanos — quem a 
torna possível. Segundo a mitologia 
grega, Eros era filho de Hermes ou de 
Ares e de Afrodite. Mas, conta outra 
lenda que Eros nasceu do Ovo original 
engendrado pela Noite que, ao dividir-
se em duas metades, deu lugar à Terra 
e ao Céu. De qualquer forma, desem-
penha um papel essencial na união dos 
elementos opostos: a inteligência e o 
amor, a razão e os sentimentos (Her-
mes e Afrodite), o masculino e o femi-
nino, o homem e a mulher (Ares e 
Afrodite), a Terra e o Céu, o humano 
e o divino (o Ovo original). De fato, 
é o desejo que sentem um pelo outro 
que atrai as polaridades e que os obriga 
a unir-se. 
NO JOGO DE CARTAS 
O Namorado revela com freqüência a 
necessidade de fazer uma escolha, tomar 
uma decisão ou, então, uma circunstân-
cia que obriga o indivíduo a exercer seu 
livre arbítrio. Portanto, este arcano não 
está nem sistemática nem necessaria-
mente relacionado com o mundo dos 
sentimentos. 
Em contrapartida, tem a ver com as mo-
tivações profundas do indivíduo, com 
seus desejos, com sua capacidade para 
escolher uma só via. Apenas a pessoa 
que escolhe não cede à tentação. Aquele 
que "está tentado" vive inquieto, in-
deciso. As vezes, a presença do Na-
morado, evidentemente, pode referir-
se à vida amorosa. Anuncia, então, um 
desejo, uma atração irreprimível entre 
dois seres, uma possível união. 
FICHA DESCRITIVA DO NAMORADO 
Sexto arcano do Tarô adivinhatório 
• Outros nomes: 
Os Amantes, os Dois Caminhos. 
• Letra: 
U e V. 
• 0 Número: 
6. 
• Significado: 
Escolha, desejo, união. 
• Verbos: 
Escolher, desejar, reunir, unir. 
• Situação: 
Uma circunstância perante a qual 
cabe fazer uma escolha, tomar uma 
decisão, chegar a um acordo, 
unir-se, aliar-se ou comprometer-se. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Associações com Touro e Vênus, seu regente, e em particular com 
o primeiro decanato de Touro, cujo regente é Mercúrio. 
AS INTERPRETAÇÕES DO NAMORADO 
Significados positivos 
• Escolha 
• Decisão 
• Resolução 
• Acordo 
• Determinação 
• União 
• Compromisso 
• Atração mútua 
• Inclinação 
• Desejo 
• Motivação 
Significados negativos 
• Indecisão 
• Confusão 
• Tendência para se deixar influenciar 
• Dispersão 
• Instabilidade afetiva 
• Avidez 
• Inveja 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
7. O Carro 
ONamorado escolheu. Tomou uma decisão, uma orientação. O 
Carro poderá então demonstrar seu 
valor e a força do seu caráter dando-se 
meios para alcançar seu objetivo, in-
dependentemente dos obstáculos que 
encontre no seu caminho. É um Carro 
triunfante. Espera-o a vitória. Mas esta 
só será obtida com esforço e força de 
vontade. Trata-se de um êxito adqui-
rido graças aos méritos próprios. A 
imagem do Carro representa um prín-
cipe de pé sobre um carro puxado por 
dois cavalos: um encarnado, à direita, 
e outro azul, à esquerda. O príncipe 
leva um cetro na mão direita e uma 
coroa na cabeça, símbolos de seu 
poder. O cavalo da direita está ligei-
ramente virado nesta direção, para 
onde também vira a cabeça de forma 
evidente, enquanto o cavalo da esquer-
da segue reto o seu caminho como se 
tivesse uma viseira ou recusasse qual-
quer mudança. Quanto ao príncipe, 
não é por acaso que leva seu cetro na 
mão direita e as rédeas na esquerda. De 
fato, as noções de direita e esquerda 
são muito importantes, pois revelam 
que se escolhe uma direção, que se to-
ma uma decisão, que não se avança ao 
acaso, que se sabe por onde se vai. A 
vontade está firmada. Simbolicamente,a direita é a direção do paraíso; a es-
querda, a do inferno. Segundo a Bíblia, 
no dia do Juízo Final, os escolhidos es-
tarão à direita de Deus e os condena-
dos à sua esquerda. Em todos os tem-
pos (em um nível não material), a 
direita simbolizou a força, a habilidade, 
a inteligência, a luz, a vitória. Ir para 
a direita significa ir em direção ao futu-
ro e ir para a esquerda, dirigir-se ao 
passado. Assim, nosso príncipe, com 
seu cetro na mão direita, é dono do seu 
futuro. O fato de segurar as rédeas com 
a mão esquerda, sem parecer esforçar-
se, demonstra que através do poder de 
sua vontade e do seu espírito conduz 
seu carro, seu destino e sua vida, sem 
necessidade de empregar a força física. 
Deste modo, toma a direção do cavalo 
encarnado, cor que é símbolo da vida, 
do fogo e do sangue, enquanto a cor 
azul simboliza a natureza imaterial e o 
vazio que tudo absorve. 
APOLO E 0 CARRO DO SOL 
O carro é um símbolo solar: representa 
o trajeto do Sol no céu. É o atributo de 
Apolo, deus grego do Sol, irmão gê-
meo de Ártemis, a deusa da Lua. Deus 
da adivinhação, da inspiração das artes 
e principalmente da poesia e da músi-
ca, seu número é o 7, ou seja, o das 7 
notas de nossa escala musical, mas 
também, e sobretudo, o da perfeição 
que une o céu e a terra. O 7 é também 
o número do arcano do Carro. 
sétimo 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
A viagem do carro de Apolo através do 
céu descreve o teto do mundo. Em seu 
périplo diário percorre a "estrutura so-
bre a qual" se sustenta a esfera celeste. 
Basta mencionar que no idioma francês, 
este termo "estrutura" se traduz por 
charpent, um termo derivado do latim 
carpentum com que se aludia a um deter-
minado carro de duas rodas. O termo 
português "carpinteiro" também deriva 
daquele termo latino. Recordemos que 
José, pai de Jesus, era carpinteiro e que 
Jesus, cujo mito se relacionou freqüen-
temente com o de Apolo, também teve 
esse ofício. 
JANO 
O principe do Carro usa dragonas pre-
sas aos ombros que representam duas 
caras: uma está virada para a direita e 
a outra para a esquerda. 
Trata-se de uma alegoria de Jano, cha-
mado o deus das portas, das transições, 
das passagens de um estado para outro, 
de um mundo para outro. 
O mês de janeiro, primeiro mês do 
ano, januarius mensis em latim, january 
em inglês, janvier em francês, é o mês 
de Jano que anuncia a passagem de 
um ano para outro. O Carro fran-
queia, assim, uma porta, uma etapa 
importante, ou seja, o personagem re-
presentado por este arcano prepara-se 
para empreender com muita vontade 
e firmeza uma ação pessoal e fazer 
triunfar sua inteligência. 
NO JOGO DE CARTAS 
O Carro anuncia uma situação em de-
senvolvimento ou na qual convém ir 
para a frente, demonstrar valor, von-
tade, determinação, tendo a certeza de 
alcançar um propósito. Deste modo, o 
aparecimento deste arcano anima a ir 
até o final de suas escolhas, decisões, 
objetivos. 
É um apelo à sua capacidade, a todos 
os recursos de seu espírito para obter os 
meios de chegar ao êxito ou à vitória. 
Por outro lado, o Carro indica às vezes 
um movimento, uma mudança, uma 
deslocação, uma viagem, uma notícia 
iminente que está para chegar. 
FICHA DESCRITIVA DO CARRO 
Sétimo arcano do Tarô adivinhatório. 
• Letra 
Z. 
• 
7. 
• 
A vontade. 
• Verbos 
Querer, progredir, evoluir, 
perseverar, triunfar. 
• Personalidade 
Uma pessoa determinada, disposta 
a fazer esforços, com muita 
vontade, com um objetivo a atingir. 
• Situação 
Uma situação em vias de evolução, 
em andamento, uma mudança 
benéfica. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Associações com o Sol e com o signo de Gêmeos, cujo regente 
é Mercúrio. 
AS INTERPRETAÇÕES DO CARRO 
Significados positivos 
• Vontade 
• Coragem 
• Determinação 
• Força 
• Esforço 
• Perseverança 
• Êxito 
• Fortuna 
• Vitória 
• Popularidade 
• Boa notícia 
• Mudança 
• Progresso 
• Viagem 
Significados negativos 
• Falta de vontade 
• Desânimo 
• Dispersão 
• Incerteza 
• Pusilanimidade 
• Vaidade 
• Fracasso 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
8. A Justiça 
D iz-se que "a escolha faz o ho-mem". De fato, depois de ter to-
mado uma opção, uma decisão, uma 
direção e dado sentido à sua vida — o 
que fez o Namorado —, o nosso Mago 
já príncipe, governando seu carro ce-
leste, orientou-se voluntariamente para 
a direita, para a vitória. Tomou o ca-
minho da luz, da vida. Mas na Terra, 
a vida e a luz não são eternas. Alternam 
com a noite e com a morte. Então e 
apesar de sua vontade, de sua força, de 
seus esforços e da certeza que possui 
de vencer, de chegar ao fim, de ter 
êxito, falta ao nosso Mago transfor-
mado em príncipe um trunfo essencial 
para avançar pela corda frouxa do seu 
destino como acrobata, sem risco de 
cair para a direita ou para a esquerda: o 
equilíbrio! De fato, o que está fazendo 
o nosso príncipe? Está orientando-se 
para o futuro com a determinação de 
quem não duvida um só instante de 
poder alcançar seu objetivo. Mas estará 
ciente de que nem todos os meios va-
lem para conseguir seus fins, de que 
temos direitos e deveres tanto em re-
lação aos outros como a nós próprios? 
Tal como se apresenta no seu carro, ele 
ainda não sabe, mas tem muita vontade 
e está disposto a aprender. 
A JUSTIÇA, 
A BALANÇA E A ESPADA 
Não se trata aqui da justiça dos ho-
mens com seus códigos, suas leis e suas 
normas, à qual devemos ater-nos para 
preservar a ordem social. Em princí-
pio, as noções de equidade, de rigor 
moral, de imparcialidade, de integri-
dade e de honradez atribuem-se a este 
arcano, e os símbolos que figuram 
nesta carta maior são os atributos da 
justiça. Mas, a que está representada 
aqui é, sobretudo, a da vida e da ver-
dade, sem intervenção de princípios 
pertencentes ao mundo do moral. 
Perante a vida, o que parece às vezes 
lógico, razoável, saudável ou justo, 
nesta ou naquela circunstância, neste 
ou naquele momento, não é forçosa-
mente moral. 
As normas e as linhas de conduta que 
nos impusemos para viver em comu-
nidade, o mais saudável e serenamente 
possível, foram inspiradas pela razão, 
mas não precisam de considerações 
afetivas tipicamente humanas. 
Ora, a justiça de que se trata aqui é 
muito mais primitiva, primária, pri-
mordial. Inspira-se mais no instinto da 
sobrevivência, na necessidade vital ab-
soluta, do que no código moral. Dois 
oitavo 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
exemplos podem ilustrar este princí-
pio: o da fêmea de uma espécie animal 
que mata sua prole exceto um dos seus 
filhos, sabendo que não poderá ali-
mentá-los a todos, e a do homem que 
se está afogando e que, nesse mesmo 
momento, tem só uma vontade: res-
pirar! Neste tipo de situação, nenhuma 
consideração sentimental ou afetiva 
pode intervir. 
A vida é sempre justa em relação a ela 
mesma. Não vacila. Atua de tal ma-
neira que tudo aquilo que provém dela 
a ela retorna. Nada se perde, tudo se 
regenera, se renova, se transforma. E 
este o sentido do número 8 deste ar-
cano, o do equilíbrio cósmico, da res-
surreição, da transfiguração. A Justiça 
nos permite tomar consciência de que, 
sem limites bem definidos, nada pode 
sobreviver ou subsistir nesse mundo. 
Os símbolos representados no arcano 
da Justiça compreendem-se facilmen-
te. O que faz a balança? Pesa o bem e 
o mal, os prós e os contras, as vanta-
gens e as desvantagens, mede, calibra, 
julga. Para que serve aquela espada le-
vantada e ameaçadora? Para conciliar, 
executar uma sentença uma vez de-
terminada. Pode sempre voltar-se 
sobre o que foi pesado e julgado; mas 
uma vez que a espada tenha conciliado 
a questão, deverá considerar-se que 
esta página já foi virada. 
NO JOGO DE CARTAS 
Este arcano implica sempre a neces-
sidade de encontrar ou reencontrar umequilíbrio entre diferentes forças, entre 
diversos elementos contraditórios que 
estão em jogo em uma dada situação. 
Tal equilíbrio impõe-se a si mesmo ou 
então é imposto pelas circunstâncias, 
mas sua intervenção é primordial. 
O arcano da Justiça também obriga a 
ser imparcial, rigoroso, íntegro, dis-
ciplinado, justo. 
Às vezes, claro, pode simplesmente 
anunciar uma intervenção da justiça 
dos homens na nossa vida: seja porque 
necessitamos de recorrer a ela por um 
caso difícil, ou porque sejamos vítima 
dela. 
FICHA DESCRITIVA DA JUSTIÇA 
Oitavo arcano do Tarô adivinhatório. 
• Letra 
H. 
• Número 
8. 
• Significado 
0 equilíbrio 
• Os seus verbos 
Avaliar, estimar, equilibrar, 
estabilizar, julgar, arbitrar, resolver, 
transigir, agir. 
• Personalidade 
Um homem de lei, um juiz, 
um advogado, um árbitro. 
• Situação 
Uma situação em que se tenta 
encontrar ou salvaguardar o 
equilíbrio, impor uma disciplina, 
agir ou reagir com equidade. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Associações com Câncer e Vênus, mas aqui como regente de 
Libra, não de Touro. 
AS INTERPRETAÇÕES DA JUSTIÇA 
Significados positivos 
• Equilíbrio 
• Disciplina 
• Harmonia 
• Honestidade 
• Rigor moral 
• Lucidez 
• Verdade 
• Instinto 
• Decisão firme e justa 
• Imparcialidade 
• Discernimento 
Significados negativos 
• Dureza moral 
• Intransigência 
• Intolerância 
• Decisão arbitrária 
• Injustiça 
• Parcialidade 
• Erro de julgamento 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
9. O Ermitão 
Observe bem este arcano. O que você vê? Por acaso um homem 
envelhecido e fraco que procura peno-
samente seu caminho? Não. Com efei-
to, trata-se de um homem velho mas sua 
expressão denota uma certa força, uma 
energia interior. O aspecto deste arcano 
denota que não está à procura do seu ca-
minho, mas sim que nos mostra esse 
mesmo caminho. 
0 LAMPIÃO E 0 CAJADO 
O ermitão é um guia. O lampião que 
segura com a mão direita à frente do seu 
rosto serve para indicar o caminho a se-
guir, para iluminá-lo. Vem mostrar-nos 
a luz. O livro bíblico da Sabedoria (7, 
26) afirma que uma das propriedades do 
conhecimento, da sabedoria, é o "seu 
resplendor de luz eterna". E, segundo 
a lenda, as últimas palavras que disse o 
romântico Goethe no seu leito de morte 
foram "luz, mais luz". Hoje em dia, a 
luz conserva o significado metafórico de 
"aprender, descobrir ou tomar consciên-
cia de alguma coisa, estar informado". 
Por outro lado, sabemos que, segundo 
uma antiqüíssima expressão popular 
(meio sempre rico em ensinamentos), 
ser pessoa "de poucas luzes" equivale 
a ser um pouco fraco de conhecimen-
tos. Nesta carta do Tarô, o portador do 
lampião é um vigia. O lampião simbo-
liza a consciência sempre desperta, a 
alma eterna, a vigilância, a clarividência, 
a iluminação interior. Assim, o Ermitão 
surge como um mestre da luz, um guia, 
um iniciador. Segura o archote, o facho, 
a lâmpada da autêntica luz, a da verdade, 
essa lâmpada que, segundo sua etimolo-
gia, serve tanto para iluminar como para 
brilhar, no sentido de ser glorioso e vito-
rioso. Assim, vemos que o nosso Ermi-
tão sabe perfeitamente onde está e para 
onde vai. Diz-nos: "Eu sei. Sigam-me!" 
E quanto ao bastão, c uma representação 
simbólica da serpente ou das forças de 
energia principais, regeneradoras, ter-
restres ou cósmicas, que circulam por 
nossa coluna vertebral, de baixo para ci-
ma e de cima para baixo, sem inter-
rupção. Este cajado tem como referên-
cia o de Moisés, o profeta de Deus, o 
Mago, a vara que se transformou em 
serpente para manifestar a cólera de 
Yahvé (deus de Israel), a que mostrou o 
caminho e abriu o Mar Vermelho para 
oferecer ao povo hebreu uma nova terra 
prometida, depois de tê-lo guiado pelo 
deserto. Também se trata do caduceu de 
Hermes. 
ERMITÃO OU EREMITA? 
Os criadores dos arcanos maiores do Tarô 
adivinhatório cometeram por acaso um 
grave erro de ortografia quando escre-
veram originalmente "eremita" em vez 
de "ermitão"? Certamente que não. "Ere-
nono 
arcano maior 
do Tarô 
adivinhatório 
"Eremita" é uma palavra latina de origem 
grega. Seu primeiro significado era "de-
serto, ermo", mas mais tarde passou tam-
bém a designar a pessoa que vive em um 
deserto, em solidão, o ermitão. Mas... 
por que um eremita solitário teria de an-
dar em pleno dia pelo deserto com um 
lampião aceso na mão? Como acabamos 
de observar, o Ermitão é um guia. Mostra 
o caminho. Anuncia a luz. Informa, ensi-
na, inicia, transmite, é o mensageiro dos 
deuses. E Hermes, o deus dos inter-
câmbios, é o intérprete dos oráculos, o 
portador das revelações. Assim, pouco 
importa que seja de dia ou de noite, já 
que a luz que leva e transmite é a luz 
vinda do interior. É a do coração e a da 
consciência, que só nos revela quando 
estamos em um vazio, quando estamos 
em um deserto. Em outras palavras, o 
Ermitão nos leva ao isolamento, à so-
lidão, ao vazio e, graças ao lampião do 
nosso espírito iluminado e ao cajado das 
forças regeneradoras que circulam em 
nós, ajuda-nos simplesmente a seguir 
nosso caminho. 
NO JOGO DE CARTAS 
O Ermitão anuncia um fato concreto 
do qual você deve ter consciência. 
Coloca-o em situação de olhar as coi-
sas tal como são, com lucidez e capa-
cidade de discernimento. Coloca-o face 
ao fato consumado. Aconselha-o ao iso-
lamento, à distância, para ter perspec-
tiva, aconselha-o a ser prudente, pers-
picaz, sagaz, clarividente, a não se 
apressar, avançar passo a passo, agir ou 
considerar suas idéias e projetos a longo 
prazo, ser paciente. Pode ajudá-lo a ser 
mais consciente de sua situação pre-
sente, de suas motivações, de seus de-
sejos, aspirações, dar um sentido à sua 
vida, confrontá-lo com sua verdadeira 
vocação, uma missão ou uma tarefa im-
portante que deve cumprir. 
O Ermitão pode ser você, imerso em 
profundas reflexões frutuosas e enrique-
cedoras, ou pode ser alguém do seu 
meio que lhe dará bons conselhos. Po-
de tratar-se também de uma pessoa de 
idade avançada, que tenha adquirido 
certa sabedoria ou certo conhecimento 
FICHA DESCRITIVA DO ERMITÃO 
Nono arcano do Tarô adivinhatório 
• Outros nomes 
0 Eremita. 
• Letras 
T e H. 
• Número 
9. 
• Significados 
Sabedoria, tomada de consciência, 
clarividência. 
• Verbos 
Ver, saber, revelar, ensinar, iniciar. 
• Situação 
Circunstância na qual poderá dar 
mostras de clarividência, lucidez. 
• Personalidade 
Uma pessoa mais velha, sozinha, 
sábia, sagaz. 
CORRESPONDÊNCIAS ASTROLÓGICAS 
Associações com Leão (o lampião) e Saturno (o cajado), e 
mais especificamente com o primeiro decanato do signo de 
Leão, regido por Saturno. 
em um campo determinado, ou pode 
também tratar-se de uma pessoa so-
zinha, isolada ou, finalmente, de um pe-
ríodo de sua vida durante o qual se en-
tregará a si mesmo. De certa forma, é 
sempre uma travessia pelo deserto. 
• Solidão fecunda 
• Estudos, investigações 
• Empresa a longo prazo 
• Idéia brilhante 
• Paciência 
• Prudência, vigilância 
AS INTERPRETAÇÕES 
DO ERMITÃO 
Significados positivos 
• Sabedoria 
• Tomada de consciência 
• Lucidez 
• Clarividência 
Significados negativos 
• Extravio 
• Isolamento 
• Recusa de qualquer conselho 
• Recolhimento em si mesmo 
• Desconfiança 
• Ceticismo 
Símbolos e interpretação dos arcanos maiores 
10. A Roda da Fortuna 
T udo o que está por cima está por baixo. Colha-o e desfrute-o, dizia 
um adágio da Idade Média. Os ciclos, 
os movimentos perpétuos, as mudan-
ças e as transformações imutáveis, que 
parecem andar mágica e mecanica-
mente ao ritmo da natureza, são uma 
crença muito antiga. O primeiro dos 
mencionados ciclos é evidentemente a 
alternância entre o dia e a noite. Que 
mão prodigiosa e sobrenatural atuava 
no céu, por cima das cabeças dos

Continue navegando