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CITOLOGIA MICROBIANA FUNGOS Msc. Juliana Munduruca Ementa CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS FUNGOS ESTRUTURA DOS FUNGOS: PAREDE CELULAR MEMBRANA CELULAR ESTRUTURAS CITOPLASMÁTICAS CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS INFECÇÕES FÚNGICAS MAIS IMPORTANTES Introdução A maioria dos fungos é benéfico: Decomposição de vegetais mortos Simbiose com as raízes das plantas que auxiliam na absorção de minerais do solo Alimentos (cogumelos, queijos, pão e ácido cítrico) Drogas (penicilina e álcool) Das mais de 100 mil espécies conhecidas de fungos, apenas 200 são patogênicas aos seres humanos e aos animais. Micologia: estudo dos fungos Os fungos eram classificados no Reino Vegetal Em 1969 surge o Reino FUNGI Características que diferenciam os fungos dos vegetais: Não apresentam clorofila Não tem celulose na parede celular (exceto alguns aquáticos) Não tem amido como reserva energética Semelhança com células animais: Presença da quitina na parede celular Armazenar glicogênio como reserva energética Fungos São seres Eucariontes, ou seja, possuem célula organizada em membrana, citoplasma e núcleo. Podem ser Unicelulares ou Pluricelulares. Vivem em ambientes quentes e úmidos, isso garante sua reprodução. Se reproduzem tanto assexuadamente quanto sexuadamente. Fungos Suas células são chamadas hifas (filamentos longos de células conectadas), sendo que um emaranhado de hifas recebe o nome de micélio. Apresentam nutrição heterotrófica e digestão extra corpórea. São saprófitos (se nutre de animais ou plantas em decomposição) ou parasitas. Estrutura celular Morfologia Os fungos se desenvolvem em meios especiais de cultivo formando colônias de dois tipos: LEVEDURIFORMES Unicelulares - leveduras FILAMENTOSAS Pluricelulares – bolores, cogumelos, orelhas-de-pau Morfologia LEVEDURIFORMES Unicelulares, não-filamentosas, esféricas ou ovais. Amplamente encontradas na natureza, como um pó branco cobrindo frutas e folhas. A própria célula cumpre as funções vegetativas e reprodutivas. Por brotamento da célula- mãe, formam-se os brotos ou células- filhas, que podem desprender-se da mãe, ou permanecer ligados à mesma – pseudo-hifas. Morfologia As leveduras são capazes de crescimento anaeróbico facultativo. Esse é um atributo valioso porque permite que esses fungos sobrevivam em vários ambientes. Se houver acesso ao oxigênio, as leveduras respiram aerobicamente para metabolizar carboidratos formando gás carbônico e água. Na ausência do oxigênio, elas fermentam os carboidratos e produzem gás carbônico e etanol. Essa fermentação é usada na fabricação de cerveja, vinho e processos de panificação. Morfologia FILAMENTOSAS As colônias filamentosas são constituídas fundamentalmente por hifas. As hifas podem ser: tabicadas ou septadas: possuem septos com um ou mais núcleos. contínuas ou cenocíticas: não contêm septos e se presentam como células longas e contínuas com muitos núcleos. Em alguns casos, hifas septadas com aberturas nos septos fazem com que o citoplasma de células adjacentes seja contíguo, caracterizando-as como cenocíticas. Hifas cenocíticas e septadas Morfologia As hifas crescem por alongamento das extremidades. Cada parte de uma hifa é capaz de crescer, e quando um fragmento é quebrado, esse pode se alongar e formar uma nova hifa. Hifa vegetativa: porção da hifa que obtém nutrientes. Hifa reprodutiva ou aérea: porção envolvida com a reprodução. É assim chamada porque se projeta acima da superfície sobre a qual o fungo está crescendo. Frequentemente sustentam os esporos reprodutivos. Morfologia Micélio: conjunto de hifas. Micélio vegetativo: é o micélio que se desenvolve no interior do substrato, funcionando também como elemento de sustentação e de absorção de nutrientes. Micélio aéreo: é o micélio que se projeta na superfície e cresce acima do meio de cultivo. Micélio reprodutivo: é quando o micélio aéreo se diferencia para sustentar os corpos de frutificação ou propágulos. Micélio Morfologia Fungos dimórficos: são fungos que apresentam duas formas de crescimento: filamentoso e levedura. Mais comum em espécies patogênicas. Exemplo de dimorfismo dependente da temperatura: à 37ºC o fungo se apresenta na forma de levedura e à 25ºC na forma de fungo filamentoso. Ciclo de vida Os fungos filamentosos podem reproduzir-se assexuadamente pela fragmentação de suas hifas ou por esporos que se separam da célula parental e originam um novo fungo filamentoso. Esporos São formados por hifas aéreas de diferentes maneiras, dependendo da espécie. Podem ser: Assexuais – formados pelas hifas do fungo. Quando germinam, tornam-se organismos geneticamente idênticos ao parental. Sexuais – resultam da fusão de núcleos de duas linhagens opostas de cruzamento de uma mesma espécie do fungo. Os organismos que crescem a partir de esporos sexuais apresentarão características de ambas as linhagens parentais. Os esporos sexuais são menos frequentes que os assexuais. Adaptações nutricionais Os fungos geralmente são mais adaptados a ambientes que poderiam ser hostis a bactérias. Os fungos normalmente crescem melhor em ambientes em que o pH é próximo a 5 (muito ácido para o crescimento da maioria das bactérias comuns). Quase todos os fungos são aeróbicos. A maioria das leveduras é anaeróbica facultativa. A maioria dos fungos é mais resistente à pressão osmótica que as bactérias; muitos, consequentemente, podem crescer em concentrações relativamente altas de açúcar ou sal. Adaptações nutricionais Os fungos podem crescer em substâncias com baixo grau de umidade, em geral tão baixo que impede o crescimento de bactérias. Os fungos necessitam de menos nitrogênio para um crescimento equivalente ao das bactérias. Os fungos com frequência são capazes de metabolizar carboidratos complexos que a maioria das bactérias não pode utilizar como nutriente. Comparação entre fungos e bactérias Fungos Bactérias Tipo de célula Eucariótica Procariótica Membrana celular Esteróis presentes Esteróis ausentes (exceção do Mycoplasma) Parede celular Glicanas, mananas, quitina Peptideoglicana Esporos Esporos reprodutivos sexuais e assexuais Endosporos (não para a reprodução) Metabolismo - Heterotrófico - Aeróbio ou anaeróbico facultativo - Heterotrófico, autotrófico, fotoautotrófico - Aeróbico, anaeróbico facultativo, anaeróbico Classificação dos fungos de importância médica Zigomicetos Zigomicetos ou fungos de conjugação: são fungos filamentosos saprofíticos, com hifas cenocíticas. Ocorrem geralmente no solo ou decompondo animais e plantas. Reúnem a maioria das espécies e podem ser unicelulares como as leveduras ou ainda espécies formadoras de hifas. Muitos destes fungos formam micorrizas associadas principalmente em orquídeas. Podem ser encontrados em troncos em decomposição ou no solo. Ascomicetos Ascomicetos A levedura Sccharomyces cerevisiae é anaeróbica facultativa e, devido a esta característica, é muito utilizada na fermentação de massas para a produçãode pães, e bebidas alcoólicas como os vinhos e cervejas. As trufas e os gêneros Morchella são muitos utilizados na culinária, principalmente na Europa. Indivíduos do gênero Penicillium são capazes de produzir substâncias que podem servir como antibióticos usados no combate à bactérias. Ascomicetos Outras espécies são prejudiciais à saúde humana como o ascomiceto Claviceps purpúrea, encontrado nos grãos e cereais, produzindo, através da decomposição, o ácido lisérgico precursor do LSD, uma droga ilegal. Fungos do gênero Aspergillus são produtores de toxinas chamadas de aflatoxinas, que são potentes substâncias cancerígenas, causando danos ao fígado. Existem ascomicetos usados na indústria de laticínios para a produção de queijos roquerfort, camembert e gorgonzola. Basidiomicetos São os famosos COGUMELOS. Também podem formar micorrizas associando-se as raízes das plantas. Deuteromicetos Considerado como uma categoria de espera onde eram colocados os fungos cujo ciclo sexual ainda não havia sido observado. Atualmente os micologistas estão usando o sequenciamento de rRNA para classificar esses organismos. Doenças causadas por fungos Micoses: infecções crônicas causadas por fungos. São classificadas em cinco grupos de acordo com o grau de envolvimento no tecido e o modo de entrada no hospedeiro: sistêmica, subcutânea, cutânea, superficial ou oportunista. Micoses sistêmicas São infecções fúngicas profundas no interior do corpo. Não estão restritas a nenhuma região particular do corpo, mas podem afetar vários tecidos e órgãos. São normalmente causadas por fungos que vivem no solo e a inalação dos esporos é a rota de transmissão. Essas infecções normalmente se iniciam nos pulmões e se difundem para outros tecidos do corpo. Elas não são contagiosas entre animais e humanos ou entre indivíduos. Micoses subcutâneas São infecções fúngicas localizadas abaixo da pele, causadas por fungos saprofíticos que vivem no solo e na vegetação. A esporotricose é uma infecção subcutânea adquirida por jardineiros e fazendeiros. A infecção ocorre por implantação direta de fragmentos de micélio em uma perfuração da pele. Micoses cutâneas Afetam apenas a epiderme, o cabelo e as unhas. A infecção é transmitida entre indivíduos ou entre animal e humanos pelo contato direto ou contato com fios e células epidérmicas infectadas (como a tesoura do cabelereiro ou pisos de banheiros). Micoses superficiais Estão localizadas nos fios de cabelo e células superficiais da pele. São prevalecentes em climas tropicais. Micoses oportunistas São causadas por microbiota normal ou fungos que não são normalmente patogênicos. Um patógeno oportunista é geralmente inofensivo em seu habitat normal, mas pode se tornar patogênico em um hospedeiro que: Se encontra debilitado ou traumatizado; Indivíduos sob tratamento com antibióticos de amplo espectro; Indivíduos cujo sistema imune esteja suprimido por drogas ou por distúrbios imune; Ou que tenha uma doença pulmonar. Infecções por leveduras Frequentemente são causadas por Candida albicans e podem ocorrer como candidíase vulvovaginal ou como “sapinho” (candidíase mucocutânea). A candidíase geralmente ocorre em recém- nascidos, pacientes com AIDS e indivíduos em tratamento com antibióticos de amplo espectro. Fungos produtores de micotoxinas Os fungos são indesejáveis nos alimentos porque são capazes de produzir uma grande quantidade de enzimas que, agindo sobre os alimentos, provocam sua deterioração. Micotoxinas: são metabólitos tóxicos produzidos pelos fungos quando estão se multiplicando nos alimentos. Causam alterações biológicas prejudiciais tanto no homem quanto nos animais (micotoxicoses). Micotoxicoses São doenças produzidas pela ingestão de micotoxinas com alimento contaminado com fungos. São tóxicas e carcinogênicas e atingem mais os animais que os homens. Podem estar contidas no interior dos esporos de bolores, em seus micélios, ou então serem liberados no alimento contaminados por estes microrganismos. Ocorrem principalmente em: cereais e oleaginosas (arroz, milho, trigo, cevada, amendoim, algodão, etc); Toxicidade crônica: carcinogênica, hemorrágicas etc, e mais frequentemente atuando como hepatotoxina, nefrotoxina, ou neurotoxina. Toxinas e micotoxicoses por Aspergillus spp. A produção de aflatoxinas é favorecida por: Condições de temperatura: 7,5º C a 40º C. Ótima: 23ºC a 26ºC; Substrato rico em carboidratos, gorduras e proteínas. As aflatoxinas são normalmente encontradas em amendoim, semente de algodão, castanhas e grãos de outros cereais, como o milho. As aflatoxinas têm propriedades hepatocarcinogênicas. Quando ingeridas em doses subletais, os animais apresentam hiperplasia biliar, isto é, uma multiplicação exagerada de células na região do ducto biliar, no fígado. Adicionalmente, há um acúmulo de gordura no fígado, responsável pela coloração amarela deste órgão. O calor, na forma como é utilizado no preparo de alimentos, não é suficiente para a inativação completa das aflatoxinas. O emprego de agentes químicos inativadores pode ser eficiente. Exemplo: amônia, sulfitos e bissulfitos. Toxinas e micotoxicoses por Fusarium ssp. Tricotecenos: são conhecidos cerca de 140 compostos diferentes. São responsáveis por uma síndrome denominada ATA (aleucia tóxica alimentar). Estas micotoxinas são produzidas principalmente no trigo, cevada, aveia, centeio e milho, e sua produção depende das condições climáticas, ocorrendo principalmente quando a colheita é feita nos meses de inverno, quando a temperatura é mais baixa. Não são destruídos pelo aquecimento a 100ºC, e podem permanecer ativos nos grãos por até 6 anos. Tratamento com ácidos e álcalis também não afetam a atividade dessas toxinas. Toxinas e micotoxicoses por Fusarium ssp. A aleucia tóxica alimentar é uma doença grave e caracteriza-se por causar a destruição da medula óssea. Poucas horas após a ingestão do cereal contaminado, aparecem os sintomas de queimação na boca, faringe, esôfago e estômago, seguida de gastrenterite caracterizada por vômitos e diarreia, que pode durar vários dias. Na fase seguinte aparecem os problemas sanguíneos: leucemia, agranulocitose, anemia, e redução do número de plaquetas. A pele fica marcada por petéquias hemorrágicas subcutâneas, que evoluem para a necrose da pele e dos músculos imediatamente abaixo. Em seguida, os pulmões são também afetados com o surgimento de abcessos e hemorragias e o resultado final é a morte do indivíduo. A taxa de mortalidade é bastante elevada (80%). Toxinas e micotoxicoses por Claviceps spp. O princípio ativo tóxico produzido por esses fungos recebe a denominação genérica de ergot, e é formado por pelo menos 9 compostos ativos diferentes. São polipeptídeos derivados de ácido lisérgico (LSD). O ergotismo está associado ao consumo de alguns cereais, aveia, cevada e trigo. Toxinas e micotoxicoses por Claviceps spp. C. purpurea e C. paspali causam uma micotoxicose denominada ergotismo, atualmente rara. Duas formas de ergotismo são conhecidas: Ergotismo gangrenoso: causa uma sensação de queimação nos pés e nas mãos, conhecida como “fogo-de-santo-antônio”. Há uma diminuição gradativado fluxo sanguíneo para os pés e para as mãos, resultando em gangrena. Em casos graves, é necessária a amputação dos membros afetados. Ergotismo convulsivo: devido à ação neurotóxica do ergot. A forma convulsiva inicia-se com alucinações e, em casos graves, pode levar à morte.
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