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CURSO DE DIREITO UDC DIREITO CIVIL IV – CONTRATOS PROFESSOR: ME. LUIS MIGUEL BARUDI DE MATOS BIBLIOGRAFIA: - GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil: contratos – tomo I e II. Vol. IV. São Paulo: Saraiva - GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. Vol. III. São Paulo: Saraiva - TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das obrigações e responsabilidade civil. Vol. 2. São Paulo: Método - TARTUCE, Flávio. Direito civil: Teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Vol. 3. São Paulo: Método O PRESENTE MATERIAL SERVE DE ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO QUE DEVE SER EMBASADO NA BIBLIOGRAFIA INDICADA COMPRA E VENDA INTRODUÇÃO O contrato de compra e venda inicia a parte do Código Civil que trata dos contratos em espécie (arts. 481 a 532). Isso se deve à longa tradição histórica e sua aceitação social como sendo uma das modalidades mais usuais de contratação. CONCEITO É o negócio jurídico em que se pretende a aquisição da propriedade de determinada coisa, mediante o pagamento de um preço. É negócio jurídico bilateral que obriga o vendedor a transferir a propriedade de uma coisa móvel ou imóvel ao comprador que, por sua vez, se compromete a pagar determinada quantia em dinheiro. Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Note-se a presença obrigatória de dois atores (partes) no negócio jurídico da compra e venda: vendedor e comprador. O contrato de compra e venda produz apenas efeitos jurídicos obrigacionais, não apresentando efeitos relacionados à transmissão da propriedade em si, apenas obrigando as partes a fazê-lo. Assim, celebrado o contrato de compra e venda, as partes ainda não são donas do preço ou da coisa, o que só ocorrerá com a tradição/registro da coisa e o pagamento do preço. Na celebração, as partes passam a ser titulares do direito de exigir as prestações avençadas (entrega da coisa e pagamento do preço). A transferência da propriedade é resultado da constituição do título (contrato) e de uma solenidade posterior (modo / condição) que se constitui na tradição (coisas móveis) ou no registro (coisa imóvel). CARACTERÍSTICAS BILATERAL É bilateral na sua formação, porque exige a conjugação das vontades contrapostas do vendedor e do comprador, que harmonizadas formam o consentimento. É bilateral quanto aos efeitos, por gerar direitos e obrigações para ambos contratantes envolvidos no negócio jurídico. É possível a ocorrência de autocontrato (quando uma única pessoa celebra o contrato em seu favor) nas situações de representação (procuração /mandato). Nessas o autocontrato (unilateralidade) é apenas aparente já que o mandatário celebra o contrato em nome do mandante. SINALAGMÁTICO Sinalagma = mútua dependência de obrigações em um contrato. Na compra e venda deve estar presente a correlação e interdependência das obrigações pactuadas. O preço só é devido em decorrência da obrigação de entregar a coisa. CONSENSUAL O contrato de compra e venda só será perfeito quando as partes convencionarem a respeito do preço e da coisa a ser vendida. O contrato se forma pelo simples consentimento e não na entrega da coisa. Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço. ONEROSO A compra e venda impõe às partes uma alteração patrimonial, traduzida num benefício e num sacrifício que afetaram ambos contratantes. O vendedor obterá um benefício quando receber o preço acordado, mas, ao mesmo tempo, sofrerá diminuição no seu patrimônio pela entrega da coisa. Já o comprador sofrerá a diminuição do patrimônio pelo pagamento do preço e um aumento com o recebimento da coisa. Apenas nos contratos onerosos existe responsabilidade pelos vícios redibitórios e pela evicção. Nas coisas vendidas conjuntamente o vício oculto de uma não autoriza ao comprador rejeitar todo conjunto. Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. Para sua aplicação deve ser analisado o caso concreto em função da utilidade da coisa coletiva. Em determinadas situações o vício em uma das partes inviabiliza a utilização de todo conjunto, ou ainda, diminui o valor da coisa coletiva. Nesses casos, o defeito oculto deve ser considerado para possibilitar a devolução de todo o conjunto. COMUTATIVO OU ALEATÓRIO Comutativo se as prestações das partes forem certas. Aleatório se não houver certeza da ocorrência de uma das prestações ou de ambas. PARITÁRIO OU POR ADESÃO Paritário quando as partes estiverem em igualdade de condições de negociação, estabelecendo livremente as cláusulas contratuais. Por adesão quando houver imposição unilateral de cláusulas contratuais. FORMA Pode ser pactuado de forma livre (não solene) ou de forma solene (rigor formal) quando a lei assim determinar. É o caso de direitos reais sobre bens imóveis de valor superior a 30 salários mínimos. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. INSTÂNTANEO DE EXECUÇÃO IMEDIATA OU DIFERIDA Instantâneos porque seus efeitos jurídicos serem produzidos de uma vez só, podendo ser de execução imediata (quando se consuma no momento da celebração com a entrega da coisa e do preço) ou diferida (quando as partes fixam prazo para sua exigibilidade ou cumprimento). ELEMENTOS ESSENCIAIS CONSENTIMENTO Com a superação da fase de tratativas preliminares e a manifestação do consentimento das partes quanto à coisa e ao preço, o contrato é considerado como formado (art. 482). OBJETO / COISA O bem objeto do contrato de compra e venda deve ser coisa passível de circulação no comércio jurídico (não pode ser coisa fora do comércio por disposição legal, contratual ou por sua natureza). Deve ser certa e determinada ou determinável o que afasta todos os interesses que não possuam valor econômico aferível ou essencial (honra, nome, intimidade, integridade física, etc). Deve ser de propriedade do vendedor sob pena de nulidade (impossibilidade jurídica). Se o objeto forem direitos, o correto seria a celebração de um contrato de cessão de direitos e não compra e venda. A coisa pode ser atual ou futura. Exceção dos contratos aleatórios. Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório. Existe a possibilidade ainda de venda por amostra, protótipos ou modelos, quando o vendedor garante que a coisa a ser entregue terá a mesma qualidade da amostra. Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender- se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. PREÇO Em regra, o preço deve ser estipulado pelas próprias partes, segundo autonomia de vontade. Essa estipulação não é absoluta devendo observar a equivalência material das prestações (boa-fé objetiva),bem como deverá traduzir a realidade econômico- social, não podendo ser ínfimo sob pena de se considerar doação simulada. O preço poderá ser estipulado por terceiros designados pelos contratantes para esse fim, que atuará como árbitro. Se o terceiro não aceitar a designação o contrato perderá seus efeitos, salvo se dele já constar a possibilidade de designação de outra pessoa. Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. O preço também pode ser fixado pela taxa de mercado ou de bolsa de valores, sendo determinados o local e data para averiguação e fixação. Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. Na mesma linha, é permitido fixar o preço através de índices e parâmetros, desde que não abusivos. Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. Em caso do contrato não apresentar fixação de preço ou de critérios para sua determinação e, ainda, não existirem índices ou parâmetros oficiais, é possível a utilização do costume, considerando os preços praticados usualmente pelo vendedor. Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio. Não é permitida a fixação do preço pelo arbítrio de uma das partes (nulidade). Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. Proibição de cláusulas ou condições puramente potestativas, que derivam do exclusivo arbítrio das partes. Ex.: se eu quiser, caso seja do interesse deste, se na data, este declarante entender, etc. Não se confundem com as condições simplesmente potestativas, que são admitidas. Essas contém a vontade da parte aliada à circunstâncias ou fatores externos, relativizando o arbítrio. Ex.: promessa de premiação em caso de vitória de atleta (o arbítrio do doador está condicionado à vitória do atleta e que depende ainda de outros fatores como treinamento, condição física, etc.). Não sendo a venda realizada a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço (exceção de contrato não cumprido). Art. 491. Não sendo a venda a crédito, o vendedor não é obrigado a entregar a coisa antes de receber o preço. DESPESAS COM O CONTRATO DE COMPRA E VENDA A contratação de compra e venda gera custos que devem ser suportados pelas partes. Ex.: certidões negativas, comprovantes de quitação, débitos e gravames, escritura e registro. Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. Art. 502. O vendedor, salvo convenção em contrário, responde por todos os débitos que gravem a coisa até o momento da tradição.
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