Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gnathostomulida Zoologia O filo Gnathostomulida foi reconhecido apenas em 1969, reunindo os animais observados pela primeira vez por Peter Ax, em 1956 (Gioia, 1987; Sterrer & Farris, 1988). Desde então, têm sido relacionados tanto aos pseudocelomados como aos acelomados. Atualmente, acredita-se que o pseudoceloma tenha sido perdido ao longo da história evolutiva do grupo (Lee-Wallace et al., 1996), o que os coloca próximos aos Platyhelminthes e Aschelminthes (Sterrer, 1986; Sterrer & Farris, 1988; Margulis & Schwartz, 1988; Haszprunar et al., 1995). Além disso, a estrutura das mandíbulas poderia relacioná-los aos Rotifera, enquanto o epitélio monociliado, aos Gastrotricha (Margulis & Schwartz, 1988). São exclusivamente marinhos e de vida livre, encontrados em todos os oceanos do mundo. Apenas um gênero, Gnathostomaria, é capaz de invadir as águas salobras do lençol freático no supralitoral. São abundantes no meiobentos, da região entremarés até 800m de profundidade, em sedimentos com uma certa quantidade de matéria orgânica. Ocorrem em baías protegidas, no substrato acumulado entre recifes de coral, sobre angiospermas marinhas ou nos sedimentos depositados entre seus sistemas radiculares, próximos a tubos de poliquetos, sobre algas, ou no interior de estromatólitos (Reise, 1981; Sterrer, 1986; Margulis & Schwartz, 1988; Sterrer & Farris, 1988; Westphales, 1993). A densidade e diversidade destes animais aumenta com a profundidade, podendo chegar a mais de 6000 indivíduos por litro de sedimento. A maioria se distribui de forma agregada, entre 2 e 10cm abaixo da superfície. São capazes de viver nas camadas em que há grande quantidade de gás sulfídrico e pouco ou nenhum oxigênio (Gioia, 1987; Meyers et al., 1988; Farris & Lindgren, 1984; Margulis & Schwartz, 1988; Sterrer & Farris, 1988). Aderem firmemente às partículas do substrato, podendo se locomover livremente entre os espaços vazios do sedimento, graças à sua grande flexibilidade. Os Gnathostomulida são capazes de nadar para trás, invertendo o batimento dos cílios (Margulis & Schwartz, 1988; Sterrer & Farris, 1988). Por serem os últimos animais a abandonar uma amostra de sedimento fino, por serem diminutos e frágeis e porque se deterioram rapidamente depois de mortos, os Gnathostomulida só foram observados recentemente (Hulings & Gray, 1971; Gioia, 1987; Margulis & Schwartz, 1988). A capacidade de sobreviver em ambientes anóxicos, que os demais organismos parecem evitar, confere ao grupo uma vantagem evolutiva, no sentido de ocuparem habitats cujos recursos permanecem praticamente inexplorados (Farris & Lindgren, 1984). O corpo é vermiforme, bilateralmente simétrico, e dividido em três partes: uma cabeça, geralmente expandida e bem delimitada; um tronco longo, que constitui cerca de 90% do corpo; e uma cauda relativamente curta. Apresentam espessura de mais de duas camadas de células, com o comprimento variando entre 0,2 e 3mm e o diâmetro de 0,05 a 0,1mm. Alguns são transparentes, enquanto que outros apresentam coloração vermelho vivo (Sterrer, 1986; Margulis & Schwartz, 1988; Sterrer & Farris, 1988). Na face ventral da cabeça abre-se a boca, seguida por uma faringe musculosa. Possuem um par de mandíbulas e uma rígida placa basal em forma de pente. Estas estruturas alimentares constituem um dos caracteres mais marcantes do filo. As mandíbulas podem se abrir e fechar, em cerca de um quarto de segundo, rapidamente, portanto (Margulis & Schwartz, 1988). Alimentam-se principalmente de fungos, protistas e bactérias, mas o processo da tomada de alimento ainda não foi totalmente esclarecido. Aparentemente, a placa basal raspa o substrato, permitindo às mandíbulas agarrar e puxar o alimento em direção à faringe (Sterrer, 1986; Meglitsch & Schram, 1991). Os Gnathostomulida são geralmente hermafroditas, possivelmente protândricos, mas todas as formas podem ser encontradas: machos, fêmeas, hermafroditas simultâneos e indivíduos "senis" assexuados (Sterrer, 1986; Margulis & Schwartz, 1988; Sterrer & Farris, 1988). A fecundação é cruzada e interna, e o desenvolvimento é direto, sem estádios larvais. A cópula ainda não foi observada, mas a transferência dos espermatozóides ocorre, provavelmente, por impregnação hipodérmica, ou pela justaposição do gonóporo masculino ao integumento do outro animal, ou, ainda, por transferência para a vagina. Reprodução assexuada por fissão já foi observada, mas a produção de dois novos indivíduos menores a partir do adulto pode representar apenas uma estratégia de economia energética para períodos de hibernação Posição Sistemática Reino: Animalia Sub reino: Metazoa Filo Gnathostomulida Ordem Cydippida Ordem Filospermida Ordem Bursovaginida Subordem Scleroperalia Subordem Conophoralia Número de espécies No mundo: cerca de 100 No Brasil: nenhuma registrada grego: gnathos = mandíbula; stoma = boca nome vernáculo: gnatostomulídeo
Compartilhar