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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Roberto Baldacci Aula: 05 | Data: 30/04/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO ATOS ADMINISTRATIVOS 1. Controle sobre atos administrativos ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO ESTADO 1. Órgão ATOS ADMINISTRATIVOS 1. Controle sobre atos administrativos A tutela jurisdicional é restrita ao controle de legalidade (permite ao judiciário controlar ilegalidades expressas ou explicitas pela violação direta da Lei, tanto nos atos vinculados quanto nos atos discricionários, não se sujeitando a prazos ou limites temporais). A autotutela administrativa é mais ampla, pois além do mesmo controle de legalidade, exercido pelo judiciário, também permite o controle sobre a oportunidade e a conveniência que sustentam o mérito discricionário. Porém a autotutela possui limitação no tempo – para atos que repercutem efeitos positivos aos particulares incidirá o prazo decadencial de 5 anos, para o exercício da autotutela. 1) Controle sobre ato vinculado Como todos os elementos e pressupostos decorrem expressamente de lei, qualquer vício implicará sempre em ilegalidade, permitindo assim o controle independente pelo judiciário ou pela administração implicando na nulidade do ato e seus efeitos (imponde um efeito retroativo, desde a origem do ato, para desconstituir os efeitos jurídicos decorrentes deste ato – “ex tunc”). 2) Controle sobre atos discricionários Quando os elementos e pressupostos previstos em lei forem violados implicará em ilegalidade permitindo o controle do judiciário ou da administração levando à nulidade do ato e seus efeitos de forma “ex tunc”. Os demais elementos e pressupostos que não estão em lei serão declarados através do mérito discricionário, que está sujeito a três formas de controle: a. Perda do Mérito Mérito está fundado em fatos e circunstâncias. Quando o ato discricionário é decretado, atendendo a lei e sustentado por fatos e circunstâncias que demonstrem a oportunidade e a conveniência será um ato juridicamente perfeito por ser legal e legítimo. Ocorrendo em data posterior um fato superveniente que altere o cenário jurídico é possível que a manutenção daquele ato passe a ser inoportuno ou inconveniente para o interesse público. O fato superveniente não altera a condição de legalidade, mas apenas retira a legitimidade para o ato surtir seus efeitos – neste momento caberá ao administrador, e somente ele, REVOGAR o ato preservando todos os efeitos gerados até então (pois não se admite retroagir para prejudicar o ato perfeito ou o direito adquirido) – a revogação tem efeitos futuros “ex nunc”. Página 2 de 3 Obs.: Caso o administrador não revogue o ato, após a perda da oportunidade e da conveniência o ato perderá seus motivos determinantes que preenchiam os pressupostos legais obrigatórios – pela Teoria dos Motivos Determinantes, quando o motivo determinante for inverídico ou inexistente, a motivação será ilegal, implicando na ilegalidade de todo o ato. * Somente atos legais podem ser revogados – ato ilegal que também é inoportuno e inconveniente não pode ser revogado, pois convalidaria tacitamente os efeitos ilegais gerados (no Brasil, na instância administrativa, convalidações são expressas e motivadas). b. Invalidação do Mérito Discricionariedade é a escolha pelo administrador dentro dos limites legais da razoabilidade e da proporcionalidade (Teoria do Devido Processo Legal Substantivo). Quando os fatos e circunstâncias, escolhidos pelo administrador, não forem razoáveis ou proporcionais à motivação do mérito, estará violando os limites da Lei permitindo ao judiciário decretar a ilegalidade, com efeitos retroativos “ex tunc”. c. Teoria dos Motivos Determinantes dos Atos Quando os motivos determinantes de um ato forem INVERÍDICOS ou INEXISTENTES a motivação será ilícita, implicando na ilegalidade do próprio ato e consequentemente na possibilidade de decretação de nulidade pelo poder judiciário. *** Essa Teoria é aplicável a todos os atos motivados, incluindo atos vinculados, atos discricionários e atos “ad nutum” que foram espontaneamente motivados. Quando motivos acessórios forem inverídicos ou inexistentes, em regra, não afetaram a validade do ato – invalida o ato quando forem motivos determinantes. ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DO ESTADO O Estado é uno, mas é divido conforme dois critérios: O critério estrutural (quem) e o critério funcional (o que faz). A estrutura do Estado é composta por órgãos (administração direta) e pessoas jurídicas estatais (administração indireta). Cada uma das unidades da estrutura estará afetada a uma função estatal, que pode ser uma função típica do judiciário ou, do legislativo ou, do executivo ou ainda uma função independente (é o caso do MP, Defensória Pública e Tribunal de Contas). Ex1: Congresso Nacional: É órgão da administração direta federal que tem a função típica do legislativo. Ex2: Tribunal de Justiça: É órgão da administração direta estadual que exerce a função típica do judiciário. Ex3: Fundo Previdenciário dos Magistrados: Em regra é uma fundação pública, que gerencia esse fundo. Logo, pertence à administração indireta. Essa fundação se reporta diretamente ao Presidente do TJ, estando vinculada ao orçamento judiciário. É uma fundação que pertence à estrutura do judiciário. Página 3 de 3 1. Órgão A Constituição Federal diz que o poder executivo é exercício pelo Presidente da República. Todas as competências, os encargos políticos, e os atribuídos do executivo são de responsabilidade política do Presidente da República – TEORIA DA CONCENTRAÇÃO (essas regras são exclusivas do poder executivo). A CF coloca o Presidente da República como núcleo máximo do poder executivo. Há uma estrutura central, encabeçada pelo Presidente da República. Contudo o Presidente não executa todos os atos, o Presidente tem competência para propositura de uma Lei Ordinária de delegação interna das atribuições que são constitucionalmente essenciais. Qualquer delegação interna representa uma desconcentração. Nesse caso é uma Lei de desconcentração administrativa que vai criar dentro da estrutura os órgãos administrativos. Obs.: O órgão é criado e extinto exclusivamente por lei. O decreto autônomo do art. 84, inciso VI da CF pode apenas organizar internamente os órgão tal como extinguindo cargos que estejam vagos ou inativos. Os órgãos são hoje explicados pela TEORIA DO ÓRGÃO (Otto Giërke – Alemão). A teoria do órgão explica os órgãos a partir de dois elementos fundamentais: 1º) Órgão não possuem personalidade jurídica própria – por ser despersonificado: - Não possui patrimônio próprio (o patrimônio pertence à pessoa estatal a qual órgão integre, e será sempre um bem público que estará afetado para uso especial deste órgão). - São sempre de regime público (na administração direta não existe órgão de regime privado ou de regime misto). - Órgãos não possuem capacidade processual (órgão não pode ser autor ou réu, salvo órgãos que possuam atribuições constitucionais que conforme o STF poderão impetrar sozinhos, Mandado de Segurança contra outros órgãos para defender suas prerrogativas constitucionais). 2º) Órgãos atuam por imputação volitiva – Órgãos são expressão da vontade própria – expressam a vontade do Estado a eles imputada por lei – são as leis que fixam competências e atribuições públicas e competências públicas são irrenunciáveis – órgãos atuam no estrito comprimento da Lei, sendo, portanto, impessoais (qualquer dano causado pelo órgão será atribuído à pessoa estatal a qual o órgão integre).
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