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Direio Civil Aula 23 e 24 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Civil 
 Professor: José Simão 
Aulas: 23 e 24 | Data: 26/05/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
SUCESSÕES 
1. Sucessão na Classe dos Descendentes 
2. Sucessão na Classe dos Ascendentes 
3. Sucessão na Classe do Cônjuge 
4. Sucessão do Companheiro 
 
 
SUCESSÕES 
 
1. Sucessão na Classe dos Descendentes 
Em todos os exemplos considera-se o falecido sem cônjuge ou companheiro. 
 
Ex1: A falece deixando seus país e dois filhos B e C. 
 
Os pais de A nada herdam, pois a existência de descendentes exclui os ascendentes. 
Ambos os filhos são descendentes de 1º Grau, logo, recebem cota igual (50% cada). 
 
 
Ex2: A falece e deixando seu filho C e seus netos b1 e b2 filhos do filho pré-morto B. 
 
C descendente de 1º Grau recebe 50% da herança por direito próprio (partilha por cabeça). 
b1 e b2 herdam por representação a B (partilha por estirpe) e recebem 25% cada (art. 1.833 + art. 1.852, CC). 
 
Art. 1.833, CC. Entre os descendentes, os em grau mais próximo 
excluem os mais remotos, salvo o direito de representação. 
 
Art. 1.852, CC. O direito de representação dá-se na linha reta 
descendente, mas nunca na ascendente. 
 
 
Ex3: A falece e deixa c1, filho do filho pré-morto C e, b1 e b2, filhos do filho pré-morto B. 
 
Os três descendentes são igualmente netos (descendentes de 2º Grau), logo partilham por cabeça, 1/3 para cada. 
 
Obs.: Só ocorre representação quando herdeiro de grau mais próximo concorrer com o de grau mais remoto. 
Sendo de mesmo grau não há representação (art. 1.835, CC). 
 
Art. 1.835, CC. Na linha descendente, os filhos sucedem por cabeça, e 
os outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se 
achem ou não no mesmo grau. 
 
 
 
Página 2 de 9 
 
Ex4: A falece deixando seu filho C. Seu filho B, pré-morto, tem um filho E, e outro filho pré-morto D, que por sua 
vez tem dois filhos F e G. 
 
C é descendente de 1º Grau e recebe 50% da herança por direito próprio. E é descendente de 2º Grau e recebe 
por representação a B 25%. F e G são bisnetos (descendente de 3º Grau) e recebem 12,5% cada por 
representação a D. 
 
Obs.: A representação na classe dos descendentes não tem limites, pois representa o afeto presumido que o 
falecido tem por sua descendência. 
 
Dica: Se a primeira linha da árvore não existe (todos os filhos do falecido já são falecidos) começa a distribuição 
da herança diretamente na linha de baixo. 
 
 
2. Sucessão na Classe dos Ascendentes 
Os exemplos partem da premissa que o falecido não deixou cônjuge ou companheiro. 
O falecido não deixa descendentes, logo, são chamados os ascendentes. 
 
Ex1: A falece e deixa seu pai sua mãe e seus avós paternos e maternos. 
 
O pai e a mãe ascendentes de 1º Grau excluem os avós, ascendentes de 2º Grau, e cada um recebe 50% da 
herança (art. 1.836, §1º, CC). 
 
Art. 1.836, CC. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os 
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
§ 1o Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais 
remoto, sem distinção de linhas. 
 
 
Ex2: A falece e deixa sua mãe viva, e seus avós paternos vivos, pois o pai é pré-morto. 
 
A mãe ascendente de 1º Grau exclui os avós (ascendentes de 2º Grau) e fica com toda a herança. 
 
Obs.: Não existe direito de representação na classe dos ascendentes (art. 1.852, CC). 
 
Art. 1.852, CC. O direito de representação dá-se na linha reta 
descendente, mas nunca na ascendente. 
 
Ex3: A falece deixa o avô paterno e os avós maternos, sendo falecidos os seus pais. 
 
Os avós ascendentes de 2º Grau herdam por direito próprio mas partilham por linhas (art. 1.836, §2º, CC). 
Logo o avô paterno recebe 50 % e os avós maternos os outro 50 %. 
 
Art. 1.826, § 2o, CC. Havendo igualdade em grau e diversidade em 
linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a 
outra aos da linha materna. 
 
 
 
Página 3 de 9 
 
3. Sucessão na Classe do Cônjuge (art. 1.829, III, CC) 
As regras de sucessão do cônjuge são distintas das regras da sucessão do companheiro, pois o Código Civil optou 
por trata-los de maneira desigual. Exemplo disto é que a sucessão do cônjuge está no artigo 1.829, e a do 
companheiro está no artigo 1.790, ambos do CC. 
 
Até 1907 o cônjuge ocupava o 4º lugar na vocação hereditária, sendo afastado pelos descendentes, ascendentes 
e colaterais. Com a Lei Feliciano Penna o cônjuge passou a ocupar a 3ª Classe. Regra está mantida pelo Código 
Civil de 1916. 
 
O Código de 1916 adotava como regra a comunhão universal em que os cônjuges são meeiros, logo, no caso de 
falecimento o viúvo ou viúva não ficava desamparado, pois já tinha a meação. Contudo, nos outros regimes 
(separação total ou comunhão parcial) o viúvo ou viúva poderia ficar desamparado, logo, o Estatuto da Mulher 
Casada de 1962 cria o usufruto vidual para os casados em regime que não o da comunhão universal. Assim os 
bens iriam para os descendentes e o cônjuge sobrevivente (cônjuge supérstite) teria usufruto de 1/4 dos bens. 
 
Se o falecido deixasse ascendentes, e não descendentes, estes herdariam a totalidade dos bens, e o viúvo ou 
viúva teria o usufruto da metade dos bens (art. 1.611, §1º do CC/16). 
 
O Código Civil de 2002 preocupado em garantir um mínimo existencial ao cônjuge sobrevivente estabelece como 
regra a concorrência sucessória entre cônjuges e descendentes. 
 
Regra do Brasil: Cônjuge divide a herança com os descendentes. 
 
O art. 1.829, I descreve as exceções, ou seja, hipóteses em que os descendentes herdam a totalidade da herança 
(cônjuge nada recebe). 
Art. 1.829, CC. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, 
salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão 
universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, 
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da 
herança não houver deixado bens particulares; 
 
Exceção1: Comunhão Universal de Bens: Como o cônjuge já é meeiro a outra metade, a herança, será apenas dos 
descendentes. 
 
Exceção2: Comunhão Parcial sem bens particulares: Se o falecido só deixa bens comuns a regra é igual à da 
comunhão universal, o viúvo ou viúva já é meeiro e toda a herança pertence aos descendentes. 
 
Conclusão - 1: Sendo o cônjuge meeiro os bens ficam com os descendentes, pois o viúvo ou viúva terá meios para 
se manter. 
 
Exceção3: Separação Obrigatória de Bens: O artigo 1.829, I remete por equivoco ao artigo 1.640, parágrafo único, 
quando deveria remeter ao artigo 1.641. O erro tem razão histórica, pois no antigo CC o artigo 258 trazia o regime 
legal (comunhão parcial) e o parágrafo único a separação obrigatória, e o projeto original fazia o mesmo no 
“caput” do art. 1.640 a comunhão parcial e no parágrafo a separação obrigatória. 
 
Nesta hipótese de separação obrigatória a lei protege pessoas do golpe do baú e o faz impedindo que o cônjuge 
concorra com os descendentes, afastando da sucessão. 
 
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– Hipóteses em que o cônjuge concorre com os descendentes (ou seja, dividem a herança): 
 
1ª) Comunhão Parcial Com Bens Particulares 
 
2ª) Participação Final nos Aquestos 
 
Conclusão - 2: A concorrência se dá exclusivamente em relação aos bens particulares, pois quanto aos bens 
comuns o cônjuge já é meeiro (Enunciado 270 do CJF). 
 
3ª) Separação Convencional de Bens (decorrente do pacto ante nupcial) 
Nessa hipótese não há bens comuns, logo, com o falecimento há concorrência sucessória entre cônjuge e 
descendentes. 
 
Conclusão - 3: A regra tem caráter assistencial, logo, não havendo meação o cônjuge concorre com os 
descendentes. 
 
Decisões da 3ª Turma do STJ: As decisõespreferidas até 2014 pela 3ª Turma do STJ são contrárias ao texto de lei 
e partem da seguinte lógica – o regime de bens continua a produzir efeitos após a morte dos cônjuges e, 
portanto, o que se combinou em vida permanece. 
 
Assim no regime de separação total de bens os cônjuges não desejam a meação em vida, logo, não há 
concorrência após a morte e todos os bens ficam com o descendente (RESP 992.749/MS). 
 
RESP 992.749/MS: Direito civil. Família e Sucessões. Recurso especial. 
Inventário e partilha. Cônjuge sobrevivente casado pelo regime de 
separação convencional de bens, celebrado por meio de pacto 
antenupcial por escritura pública. Interpretação do art. 1.829, I, do 
CC/02. Direito de concorrência hereditária com descendentes do 
falecido. Não ocorrência. 
- Impositiva a análise do art. 1.829, I, do CC/02, dentro do contexto 
do sistema jurídico, interpretando o dispositivo em harmonia com os 
demais que enfeixam a temática, em atenta observância dos 
princípios e diretrizes teóricas que lhe dão forma, marcadamente, a 
dignidade da pessoa humana, que se espraia, no plano da livre 
manifestação da vontade humana, por meio da autonomia da 
vontade, da autonomia privada e da consequente 
autorresponsabilidade, bem como da confiança legítima, da qual 
brota a boa fé; a eticidade, por fim, vem complementar o 
sustentáculo principiológico que deve delinear os contornos da 
norma jurídica. - Até o advento da Lei n.º 6.515/77 (Lei do Divórcio), 
vigeu no Direito brasileiro, como regime legal de bens, o da 
comunhão universal, no qual o cônjuge sobrevivente não concorre à 
herança, por já lhe ser conferida a meação sobre a totalidade do 
patrimônio do casal; a partir da vigência da Lei do Divórcio, contudo, 
o regime legal de bens no casamento passou a ser o da comunhão 
parcial, o que foi referendado pelo art. 1.640 do CC/02. 
- Preserva-se o regime da comunhão parcial de bens, de acordo com 
o postulado da autodeterminação, ao contemplar o cônjuge 
 
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sobrevivente com o direito à meação, além da concorrência 
hereditária sobre os bens comuns, mesmo que haja bens 
particulares, os quais, em qualquer hipótese, são partilhados 
unicamente entre os descendentes. 
- O regime de separação obrigatória de bens, previsto no art. 1.829, 
inc. I, do CC/02, é gênero que congrega duas espécies: (i) separação 
legal; (ii) separação convencional. Uma decorre da lei e a outra da 
vontade das partes, e ambas obrigam os cônjuges, uma vez 
estipulado o regime de separação de bens, à sua observância. 
- Não remanesce, para o cônjuge casado mediante separação de 
bens, direito à meação, tampouco à concorrência sucessória, 
respeitando-se o regime de bens estipulado, que obriga as partes na 
vida e na morte. Nos dois casos, portanto, o cônjuge sobrevivente 
não é herdeiro necessário. 
- Entendimento em sentido diverso, suscitaria clara antinomia entre 
os arts. 1.829, inc. I, e 1.687, do CC/02, o que geraria uma quebra da 
unidade sistemática da lei codificada, e provocaria a morte do regime 
de separação de bens. Por isso, deve prevalecer a interpretação que 
conjuga e torna complementares os citados dispositivos. 
- No processo analisado, a situação fática vivenciada pelo casal – 
declarada desde já a insuscetibilidade de seu reexame nesta via 
recursal – é a seguinte: (i) não houve longa convivência, mas um 
casamento que durou meses, mais especificamente, 10 meses; (ii) 
quando desse segundo casamento, o autor da herança já havia 
formado todo seu patrimônio e padecia de doença incapacitante; (iii) 
os nubentes escolheram voluntariamente casar pelo regime da 
separação convencional, optando, por meio de pacto antenupcial 
lavrado em escritura pública, pela incomunicabilidade de todos os 
bens adquiridos antes e depois do casamento, inclusive frutos e 
rendimentos. 
- A ampla liberdade advinda da possibilidade de pactuação quanto ao 
regime matrimonial de bens, prevista pelo Direito Patrimonial de 
Família, não pode ser toldada pela imposição fleumática do Direito 
das Sucessões, porque o fenômeno sucessório “traduz a continuação 
da personalidade do morto pela projeção jurídica dos arranjos 
patrimoniais feitos em vida”. 
- Trata-se, pois, de um ato de liberdade conjuntamente exercido, ao 
qual o fenômeno sucessório não pode estabelecer limitações. 
- Se o casal firmou pacto no sentido de não ter patrimônio comum e, 
se não requereu a alteração do regime estipulado, não houve doação 
de um cônjuge ao outro durante o casamento, tampouco foi deixado 
testamento ou legado para o cônjuge sobrevivente, quando seria 
livre e lícita qualquer dessas providências, não deve o intérprete da 
lei alçar o cônjuge sobrevivente à condição de herdeiro necessário, 
concorrendo com os descendentes, sob pena de clara violação ao 
regime de bens pactuado. 
- Haveria, induvidosamente, em tais situações, a alteração do regime 
matrimonial de bens post mortem, ou seja, com o fim do casamento 
 
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pela morte de um dos cônjuges, seria alterado o regime de separação 
convencional de bens pactuado em vida, permitindo ao cônjuge 
sobrevivente o recebimento de bens de exclusiva propriedade do 
autor da herança, patrimônio ao qual recusou, quando do pacto 
antenupcial, por vontade própria. 
- Por fim, cumpre invocar a boa fé objetiva, como exigência de 
lealdade e honestidade na conduta das partes, no sentido de que o 
cônjuge sobrevivente, após manifestar de forma livre e lícita a sua 
vontade, não pode dela se esquivar e, por conseguinte, arvorar-se 
em direito do qual solenemente declinou, ao estipular, no processo 
de habilitação para o casamento, conjuntamente com o autor da 
herança, o regime de separação convencional de bens, em pacto 
antenupcial por escritura pública. 
- O princípio da exclusividade, que rege a vida do casal e veda a 
interferência de terceiros ou do próprio Estado nas opções feitas 
licitamente quanto aos aspectos patrimoniais e extrapatrimoniais da 
vida familiar, robustece a única interpretação viável do art. 1.829, 
inc. I, do CC/02, em consonância com o art. 1.687 do mesmo código, 
que assegura os efeitos práticos do regime de bens licitamente 
escolhido, bem como preserva a autonomia privada guindada pela 
eticidade. Recurso especial provido. Pedido cautelar incidental 
julgado prejudicado. 
 
No regime de comunhão parcial, está orientação da 3ª Turma leva a duas consequências: 
- Os bens particulares do falecido serão apenas dos descendentes. 
- Os bens comuns sobre os quais o cônjuge já é meeiro serão do cônjuge em concorrência com os descendentes, 
ou seja, além de meeiro o cônjuge é também herdeiro (RESP 1.117.563/SP e RESP 1.377.084/MG). 
 
Conclusão - 4: Para a 3ª Turma do STJ se o bem é particular não há concorrência, e o bem será dos descendentes. 
Se era um bem comum, além da meação, o cônjuge concorre com os descendentes. 
 
Em novembro de 2014 a 3ª Seção muda de entendimento no Recurso Especial 1.472.945/RJ para decidir que na 
separação convencional o cônjuge concorre com os descendentes, ou seja, apenas segue o texto de lei. Tal 
decisão é repetida nos Recursos Especiais 1.430.763/SP e 1.346.324/SP e indica ser a nova orientação do STJ 
(RESP 1.368.123/SP – a decisão da 2ª Seção de abril de 2015 uniformiza entendimento seguindo o texto do 
Código Civil, em que o cônjuge só concorre quanto aos bens particulares – abandona-se a orientação equivocada 
na Ministra Nancy). 
 
RESP 1.472.945/RJ: RECURSO ESPECIAL. DIREITO DAS SUCESSÕES. 
INVENTÁRIO E PARTILHA. REGIME DE BENS. SEPARAÇÃO 
CONVENCIONAL. PACTO ANTENUPCIAL POR ESCRITURA PÚBLICA. 
CÔNJUGE SOBREVIVENTE. CONCORRÊNCIA NA SUCESSÃO 
HEREDITÁRIA COM DESCENDENTES. CONDIÇÃO DE HERDEIRO. 
RECONHECIMENTO. EXEGESE DO ART. 1.829, I, DO CC/02. AVANÇO 
NO CAMPO SUCESSÓRIO DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. PRINCÍPIO DA 
VEDAÇÃO AO RETROCESSO SOCIAL. 
 
Página 7 de 91. O art. 1.829, I, do Código Civil de 2002 confere ao cônjuge casado 
sob a égide do regime de separação convencional a condição de 
herdeiro necessário, que concorre com os descendentes do falecido 
independentemente do período de duração do casamento, com 
vistas a garantir-lhe o mínimo necessário para uma sobrevivência 
digna. 
2. O intuito de plena comunhão de vida entre os cônjuges (art. 1.511 
do Código Civil) conduziu o legislador a incluir o cônjuge sobrevivente 
no rol dos herdeiros necessários (art. 1.845), o que reflete irrefutável 
avanço do Código Civil de 2002 no campo sucessório, à luz do 
princípio da vedação ao retrocesso social. 
3. O pacto antenupcial celebrado no regime de separação 
convencional somente dispõe acerca da incomunicabilidade de bens 
e o seu modo de administração no curso do casamento, não 
produzindo efeitos após a morte por inexistir no ordenamento pátrio 
previsão de ultratividade do regime patrimonial apta a emprestar 
eficácia póstuma ao regime matrimonial. 
4. O fato gerador no direito sucessório é a morte de um dos cônjuges 
e não, como cediço no direito de família, a vida em comum. As 
situações, porquanto distintas, não comportam tratamento 
homogêneo, à luz do princípio da especificidade, motivo pelo qual a 
intransmissibilidade patrimonial não se perpetua post mortem. 
5. O concurso hereditário na separação convencional impõe-se como 
norma de ordem pública, sendo nula qualquer convenção em sentido 
contrário, especialmente porque o referido regime não foi arrolado 
como exceção à regra da concorrência posta no art. 1.829, I, do 
Código Civil. 
6. O regime da separação convencional de bens escolhido livremente 
pelos nubentes à luz do princípio da autonomia de vontade (por meio 
do pacto antenupcial), não se confunde com o regime da separação 
legal ou obrigatória de bens, que é imposto de forma cogente pela 
legislação (art. 1.641 do Código Civil), e no qual efetivamente não há 
concorrência do cônjuge com o descendente. 
7. Aplicação da máxima de hermenêutica de que não pode o 
intérprete restringir onde a lei não excepcionou, sob pena de 
violação do dogma da separação dos Poderes (art. 2º da Constituição 
Federal de 1988). 
8. O novo Código Civil, ao ampliar os direitos do cônjuge 
sobrevivente, assegurou ao casado pela comunhão parcial cota na 
herança dos bens particulares, ainda que os únicos deixados pelo 
falecido, direito que pelas mesmas razões deve ser conferido ao 
casado pela separação convencional, cujo patrimônio é, 
inexoravelmente, composto somente por acervo particular. 
9. Recurso especial não provido. 
 
 
 
 
 
Página 8 de 9 
 
Quanto recebe o cônjuge em concorrência com os descendentes? (art. 1.832 do CC) 
O cônjuge tem quinhão igual ao do descendente que suceder por cabeça. 
1 filho + cônjuge = meio a meio. 
2 filhos + cônjuge = 1/3, 1/3 e 1/3 
3 filhos + cônjuge = 1/4, 1/4, 1/4, e 1/4 
 
Contudo a lei prevê um mínimo de 1/4 se for ascendente dos herdeiros com quem concorrer: 
 
1ª Hipótese – Descendência Comum 
4 filhos + cônjuge = cônjuge recebe 1/4 e os quatro filhos recebem 3/4. 
 
2ª Hipótese – Descendência Exclusiva do Falecido 
Como não há o piso o cônjuge continua a receber quinhão igual. 
4 filhos exclusivos + cônjuge = cada um recebe 1/5. 
 
3ª Hipótese – Descendência Hibrida 
O falecido deixa filhos comuns e exclusivos. Na filiação hibrida, em que pese a controvérsia doutrinária, a doutrina 
majoritária entende que não há reserva da quarta parte (Enunciado 527 do CJF), por duas razões: 
 
- Se houver reserva e o cônjuge receber cota maior só os seus filhos (filhos comuns) serão beneficiados com tal 
cota, quando da morte do cônjuge que recebeu (desigualdade diferida entre os filhos). 
 
- Na dúvida interpreta-se a lei de acordo com a vontade presumida do morto, e presume-se que o afeto do 
falecido é maior pelos filhos do que pelo cônjuge. 
 
 
Quando o cônjuge concorre com os ascendentes? (art. 1.829, II e art. 1.836, ambos do CC) 
Não havendo descendentes os ascendentes são chamados a sucessão em concorrência com o cônjuge, qualquer 
que seja o regime de bens (da comunhão universal à separação obrigatória). 
 
Obs.: Não se pode trazer a regra dos regimes de bens para a classe dos ascendentes, pois o Código presume que o 
afeto pelos ascendentes e pelo cônjuge é sempre igual. 
 
Quanto recebe o cônjuge em concorrência com o ascendentes? (art. 1.837, CC) 
Pai, mãe e cônjuge, 1/3 cada. Em qualquer outra hipótese 1/2 para o cônjuge e 1/2 para os demais ascendentes. 
Pai + Mãe + cônjuge = 1/3, 1/3 e 1/3 
Pai + cônjuge = 1/2 e 1/2 
Mãe+ cônjuge = 1/2 e 1/2 
Avós+ cônjuge = 1/2 e 1/2 
 
Dica: Primeiro se retira o quinhão do cônjuge e o que sobrara é repartido entre os ascendentes. 
 
 
 
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Quando cônjuge herda a totalidade da herança? (art. 1.829, III e art. 1.838, ambos do CC) 
Não existindo descendente nem ascendente o cônjuge herda a totalidade dos bens, excluindo os colaterais. 
O regime de bens é irrelevante, pois o cônjuge ocupa o 3º Lugar na vocação hereditária. 
 
 
4. Sucessão do Companheiro 
Pelo art. 2º da Lei 8.971/94, a herança era destinada aos descendentes e o companheiro tinha o usufruto de 1/4 
dos bens. Na ausência de descendentes os bens iriam para os ascendentes e o companheiro tinha o usufruto da 
1/2 dos bens. Na ausência de descendentes e ascendentes o companheiro herdava a totalidade dos bens. 
 
Obs.: A lei de 1994 concede aos companheiros direito sucessório igual ao do cônjuge, pois reproduz a regra do 
artigo 1.611, §1º do CC/16. 
 
A Lei 9.278/96 no seu art. 7º, parágrafo único, concedeu ao companheiro direito real de habitação, ou seja, o 
direito de permanecer no imóvel do falecido, enquanto não constitui-se novo casamento ou nova união. 
 
Obs.: A lei de 1996 concede ao companheiro direito que já era garantido ao cônjuge sobrevivente no art. 1.622, 
§2º do CC/16. 
 
Conclusão: Os direitos sucessórios concedidos pelas leis anteriores equiparavam, em matéria sucessória, cônjuges 
e companheiro. 
 
O atual código opta por regrar a sucessão do companheiro de maneira diversa da do cônjuge, com regras próprias 
e que acabaram por gerar interpretação conflituosa do instituto. 
 
A orientação legal tem sido alvo de questionamento doutrinário e jurisprudencial.

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