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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Penal Parte Geral Professor: Gustavo Junqueira Aula: 03 | Data: 13/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO TEORIA DO CRIME 2. Sistemas Penais NEXO DE CAUSALIDADE 1. Teoria da equivalência dos antecedentes TEORIA DO CRIME 2. Sistemas Penais (1°) Causalismo Naturalista (aula 02) (2°) Neokantismo (aula 02) (3°) Finalismo O conceito de conduta reconhecido pelo finalismo é: O movimento corpóreo humano positivo ou negativo, consciente e voluntário, dirigido a uma finalidade. A tipicidade finalista possui uma face objetiva descritiva (origem no causalismo), uma segunda face normativa (origem no neokantismo), e a novidade é a face subjetiva (dolo e culpa na tipicidade). Por reunir as três faces a tipicidade finalista é chamada de TIPICIDADE COMPLEXA. Antijuridicidade finalista é um juízo de valor que com o finalismo agrega uma face subjetiva. O conteúdo da vontade passa a ser objeto do juízo de antijuridicidade, é o injusto pessoal de Welzel. A consequência prática é que na apreciação das excludentes de antijuridicidade passa a ser justificável (explicável) a relevância do elemento subjetivo, do conteúdo da vontade. A culpabilidade finalista mantem a imputabilidade e a exigibilidade de conduta diversa, e a inovação é a potencial consciência da ilicitude. Por ter elementos apenas normativos (apenas juízos de valor) a culpabilidade finalista é classificada com NORMATIVA PURA. (4°) Funcionalismo O principal autor é Roxin, na década de 70. O funcionalismo nasce das criticas de Roxin ao finalismo: 1ª (Crítica) Sob o prisma filosófico a ontologia não reflete a cultura moderna, cética e relativista. Na sociedade moderna tudo é relativo. Página 2 de 3 2ª (Crítica) Sob o prisma técnico os conceitos finalistas foram forjados para explicar a criminalidade da década de 40 (basicamente o homicídio). São inadequados para a criminalidade moderna (ambiental, financeira, difusa, patrimonial) e não atualizáveis, dado o caráter ôntico. Vale lembrar que na década de 70 vigora um forte constitucionalismo e acabam de ser firmados importantes instrumentos internacionais de proteção dos direitos humanos. Justifica-se assim o desprezo de Roxin pelo suposto limite ao poder do Estado da ontologia finalista. Para Roxin todas as estruturas do direito penal devem ter seu sentido atribuído de forma a permitir que o direito penal e a pena cumpram sua função. Assim as estruturas penais deveram ser interpretadas e aplicadas de acordo com uma proposta político criminal. Roxin entende que a função do direito penal é a proteção subsidiária de bens jurídicos no limite dos direitos e garantias fundamentais. A dinâmica de limites recíprocos resultou na classificação da proposta como FUNCIONALISMO MODERADO, ou teleológico. As duas principais características do funcionalismo são: a) A mera relação causal não pode ser a base da imputação, mas sim um conjunto de valorações jurídicas lastreadas no risco proibido. b) A culpabilidade é ampliada e convertida em responsabilidade, que agrega a necessidade da pena. Culpabilidade e necessidade da pena se limitam reciprocamente. Fato típico Imputabilidade Antijurídico Culpabilidade Responsabilidade Potencial consciência da ilicitude Necessidade da pena { Exigibilidade de conduta diversa Funcionalismo Radical ou Sistêmico (Jakobs) Jakobs destrói a tradicional Teoria do bem jurídico, pois o direito penal é inapto a tal proteção. A função primordial do direito penal é a manutenção das expectativas normativas essenciais para a vida em sociedade. Expectativa normativa é aquela que mesmo desfraldada persiste (Ex.: Apenas de saber que algumas pessoas passam no faro vermelho, ainda assim passo despreocupado pelo farol verde). Expectativa cognitiva é aquela que se altera diante da ruptura (Ex.: Construo uma casa perto do rio, com a chuva a água alcança minha casa. Eu elevo o nível da casa). As expectativas essenciais para a sociedade devem manter o caráter normativo e para tal é importante a sanção jurídico penal como anulação da ruptura, como prestação contrafática. As expectativas normativas estão consolidadas na norma (na Lei). Em Jakobs não há indivíduos, mas sim pessoas definidas por seu papel social. A culpabilidade em Jakobs é totalmente absorvida pela necessidade da pena para manter expectativas. Conduta para Jakobs é a não evitação de um resultado individualmente evitável (ruptura de expectativa). Página 3 de 3 NEXO DE CAUSALIDADE 1. Teoria da equivalência dos antecedentes É a ligação lógica, física, de causa e efeito entre a conduta e o resultado. É a mais primitiva forma de atribuir responsabilidade. No Brasil é adotada a TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES: Causa é tudo que contribui para gerar o resultado. O conceito foi buscado na física e é por isso que está despido, a princípio, de um juízo de valor. A mesma Teoria define causa como a condição sem a qual não teria ocorrido o resultado nas mesmas circunstâncias. A determinação da relação de causa e efeito é tão importante para o direito penal que é proposto um critério para distinguir dentre várias condutas quais podem ser consideradas causa, é o critério da ELIMINAÇÃO HIPOTÉTICA DE THYRÉM: Elimine hipoteticamente a conduta da cadeia causal, se o resultado se altera a conduta era causa. Se o resultado se mantém nas mesmas circunstâncias não era causa. O critério da eliminação hipotética desnuda o grande vício da Teoria que é permitir o regresso ao infinito. Welzel responde a crítica indicando que eventual excesso na percepção das causa será filtrado no dolo e na culpa.
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