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A FIGURA DO MILITAR COMO AUTOR DE CRIME E SUAS REPERCUSSÕES NO ÂMBITO DO DIREITO PENAL 
1. INTRODUÇÃO
As atividades dos Policiais Militares estão relacionadas à manutenção da Ordem e Segurança Pública, porém, podem afetar a relação entre o Estado e os cidadãos no que diz respeito às suas liberdades. Enfrentando riscos não apenas à integridade física, mas também a sua posição e liberdade, esses agentes devem basear suas decisões nas leis ao lidar com ocorrências (FERNANDES; OLIVEIRA, 2020). 
Os autores supracitados dizem ainda que, para cumprir seu dever, os policiais têm o Poder de Polícia, uma atividade administrativa limitada pela lei, para harmonizar essas liberdades com o interesse coletivo. Em situações não previstas legalmente, recorre-se à Discricionariedade, conferindo certa autonomia aos policiais para resolver conflitos de forma ágil, porém dentro de limites legais. 
Vale expor que, A evolução da justiça militar no Brasil remonta à chegada da Família Real Portuguesa durante a ameaça de invasão de Napoleão Bonaparte. Sua instituição foi um dos primeiros marcos, sendo inicialmente parte do Poder Executivo e mais tarde integrada ao Poder Judiciário em 1934 (OLIVEIRA; MATA, 2020). 
O Conselho Supremo Militar e de Justiça (CSMJ) em 1808 foi o precursor do atual Superior Tribunal Militar (STM), que manteve suas funções ao longo das mudanças constitucionais e institucionais. Alterações significativas na competência da Justiça Militar ocorreram durante o regime autoritário, como o Ato Institucional nº 2/1965, ampliando sua jurisdição para incluir civis em casos relacionados à segurança nacional (OLIVEIRA; MATA, 2020).
A Constituição de 1967 incorporou essas mudanças, permitindo que a Justiça Especial julgasse civis, governadores e secretários de Estado. No entanto, o Ato nº 6/1969 restringiu o recurso ao Supremo Tribunal Federal, mantendo-o apenas para governadores e secretários de Estado. Em 1969, novos códigos e leis foram estabelecidos, incluindo o Código Penal Militar, introduzindo conceitos avançados na dogmática penal. Com a Constituição de 1988, a Justiça Militar permaneceu como parte do Poder Judiciário, transferindo casos de delitos políticos para a Justiça Federal comum (OLIVEIRA; MATA, 2020).
Todavia, durante o exercício de suas funções, um militar pode cometer tanto crimes comuns, que são regulados pelo Código Penal, quanto crimes militares, regidos pelo Código Penal Militar. Os crimes militares são categorizados em dois grupos: crimes militares próprios e crimes militares impróprios. Entretanto, é possível inferir que um crime propriamente militar é aquele que representa uma violação que não pode ser reduzida ao direito comum, constituindo, portanto, as infrações específicas e funcionais associadas à profissão militar (CARVALHO, 2022). Estes delitos estão previstos no Código Penal Militar e são específicos para os ocupantes de cargos militares, resultando em danos ou afetando os interesses das instituições militares no que diz respeito à disciplina, hierarquia, serviço e deveres castrenses.
Vale expor que, os delitos estritamente relacionados à esfera militar são aqueles estabelecidos no Código Penal Militar, os quais apenas podem ser cometidos por militares e abrangem transgressões dos deveres inerentes à ocupação militar (CARVALHO, 2022). Um exemplo é o crime de deserção, previsto no artigo 187 do Código Penal Militar. Portanto, a condição de ser militar é fundamental e essencial, excluindo a possibilidade de um civil ser o agente ativo desse tipo de delito. Assim, caso um civil cometa uma ação que se enquadre na definição de um crime estritamente militar, sua conduta não tem relevância jurídico-penal, a menos que esteja contemplada em disposição legal que caracterize o crime como sendo de natureza não estritamente militar ou comum.
Já um crime classificado como impropriamente militar implica uma transgressão dos princípios sociais confiados à gestão militar. Trata-se de um delito comum cometido por um militar, adquirindo um caráter militar devido a circunstâncias específicas de tempo ou lugar em que é perpetrado, causando prejuízos à administração, à hierarquia e à disciplina militares (CARVALHO, 2022).
Ao contrário do Código Penal Brasileiro, o Código Penal Militar (CPM) estabelece tanto penas principais como penas acessórias. As consequências de um delito militar envolvem principalmente implicações disciplinares e penais, uma vez que o sistema militar pode impor sanções disciplinares e julgar com base na gravidade do crime. As penas principais, conforme estabelecidas no artigo 55 do CPM, incluem a pena de morte, aplicada em situações de crime militar em tempo de guerra; reclusão; detenção; prisão; impedimento; suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; e reforma (BRASIL, 1969).
Nesse contexto, o trabalho que segue tem como objetivo abordar o militar como sujeito ativo de um crime (militar), bem como as repercussões de tais ações. Os objetivos específicos, por sua vez, são estudar o militar e suas respectivas funções no código penal, analisar os crimes que o profissional militar por cometer e, compreender as consequências penais sofridas pelo militar.
A problemática do trabalho que segue relaciona-se a seguinte pergunta problema que irá nortear a presente obra: É possível afirmar que a discricionaridade e o poder de polícia inerente ao militar o induz a ultrapassar os limites legais e cometer crimes militares?
O presente trabalho mostra-se possível de gerar benefício nos contextos social, educacional e profissional, e auxiliar na capacitação os discentes e futuros profissionais do campo sobre o tema.
Para este estudo acadêmico, foram selecionados artigos que se fundamentam em metodologias, conhecimentos, métodos e técnicas qualitativas embasadas em princípios científicos. Isso se deve à necessidade de mesclar saberes do senso comum e da ciência, garantindo a riqueza das informações e a relevância contemporânea do tema abordado.
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO 
É fundamental que o sistema de justiça militar opere de maneira justa e eficiente para garantir a responsabilização adequada dos militares por infrações cometidas no exercício de suas funções, contribuindo para a manutenção da ordem e da confiança nas instituições militares.
Desse modo, o militar como autor de crime militar é um tema complexo e controverso no campo do Direito Penal Militar, e suas repercussões envolvem aspectos legais, disciplinares e éticos. Conforme Hungria (2010), existe a necessidade de um sistema jurídico militar independente para lidar com infrações cometidas no âmbito das forças armadas. O autor argumenta que as particularidades do ambiente militar, como hierarquia e disciplina, exigem a existência de um sistema legal próprio, que deve ser capaz de manter a ordem e a coesão interna, ao mesmo tempo em que respeita os direitos fundamentais dos militares.
As repercussões de um crime militar são principalmente disciplinares e penais, ao passo que o sistema militar pode aplicar punições disciplinares, como prisão em regime militar, transferência ou repreensão, para manter a ordem interna e a hierarquia. Além disso, o militar pode ser julgado pela justiça militar, com penas que variam de acordo com a gravidade do crime, incluindo prisão em regime fechado, sendo necessário compreender que essa estrutura legal específica é necessária para preservar a integridade das forças armadas (HUNGRIA, 2010).
Figueiredo Dias (2016) afirma que os militares não devem ser tratados de forma arbitrária ou desproporcional, mesmo quando cometem crimes militares. Ele ressaltou que a aplicação das leis militares deve ser transparente e sujeita a escrutínio público. Para ele, as repercussões de um crime militar devem ser proporcionais à gravidade da infração, garantindo o respeito aos direitos individuais dos militares envolvidos.
2.1 ANÁLISE SOBRE O PROFISSIONAL MILITAR E SUAS RESPECTIVAS FUNÇÕES NO CÓDIGO PENAL
2.2 ESTUDO DOS CRIMES QUE O PROFISSIONAL MILITAR POR COMETER 
2.3 CONSEQUÊNCIAS PENAIS SOFRIDAS PELOMILITAR QUANDO DA PRÁTICA DE UM ATO ILÍCITO
REFERÊNCIAS
BRASIL. Código Penal Militar. Decreto lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del1001.htm.Acesso em 14 de outubro de 2023.
CARVALHO, Arlinda Bresser de. O princípio da insignificância e a sua aplicação ao Artigo 290 do Código Penal Militar. Monumenta - Revista Científica Multidisciplinar, [S. l.], v. 4, n. 1, p. 35–49, 2022. 
DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito Penal e Estado de Direito. Coimbra: Coimbra Editora, 2016.
FERNANDES, Alex Matos; OLIVEIRA, Tarsis Barreto. O DIREITO PENAL MILITAR APLICADO AO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS (CBMTO): ESTUDO DE CASO DOS CRIMES MILITARES COMETIDOS PELOS INTEGRANTES DO CBMTO ENTRE OS ANOS DE 2006 E 2016. Revista Vertentes do Direito, v. 7, n. 2, p. 335-358, 2020.
HUNGRIA, Nelson. Comentários ao Código Penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
OLIVEIRA, Fábio Lustosa; MATA, Mardeli Maria. A INAPLICABILIDADE DO ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL NO ÂMBITO DA JUSTIÇA MILITAR. Direito & Realidade, v. 8, n. 11, 2020.

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