Buscar

MATERIAL DIDATICO I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
1 
 
 
ECO 261 
 
MATERIAL DIDÁTICO I 
 
Prof. José Maria Alves da Silva 
DER-UFV 
2012 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
O ANALFABETO POLÍTICO 
 
O pior analfabeto 
É o analfabeto político, 
Ele não ouve, não fala, 
Nem participa dos acontecimentos políticos. 
Ele não sabe que o custo de vida, 
O preço do feijão, do peixe, da farinha, 
Do aluguel, do sapato e do remédio 
Dependem de decisões políticas. 
 
O analfabeto político 
É tão burro que se orgulha 
E estufa o peito dizendo 
Que odeia a política. 
 
Não sabe o imbecil que, 
Da sua ignorância política 
Surge a prostituta, o menor abandonado 
E o pior de todos os bandidos 
Que é o político vigarista 
Pilantra, corrupto e lacaio 
Das empresas nacionais e multinacionais. 
 
Bertold Brecht (1898 – 1956) 
3 
 
3 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO: DEFINIÇÕES E ESCOPO 
 
1. Economia e ciência 
 
Aristóteles classificou as ciências em três grupos. Um deles compreende disciplinas como 
a física, a astronomia, a biologia e todos os demais conhecimentos oriundos do raciocínio 
aplicado à investigação da natureza. Estas, que ele chamou de ciências teoréticas, têm como 
característica essencial o fato de que a verdade que elas encerram não pode ser modificada pela 
vontade humana, por razão de independência ontológica entre o observador (o pesquisador ou 
cientista) e os objetos de investigação. 
No que diz respeito ao saber teorético, o que é simplesmente é, não cabendo 
considerações do tipo: Por que é? Como deveria ser? Nem qualquer outro tipo de julgamento. 
Não significa isso que esse tipo de saber não tenha absolutamente nada a ver com finalidades 
práticas ou intervenções humanas na natureza, mas sim que os conhecimentos adquiridos sobre 
as leis que regem o universo não podem ser usados para modificá-las. Por exemplo, o astrônomo 
investiga o Cosmos sabendo que suas descobertas sobre os movimentos dos astros nada podem 
fazer para mudar esses movimentos, assim como o biólogo que pesquisa bactérias patogênicas 
sabe que não sofrerá nenhum tipo de retaliação se seus estudos levarem à descoberta de drogas 
letais contra elas. No entanto, as descobertas dos físicos teóricos, assim como as dos biólogos, 
podem orientar a criação de coisas que permitem ao homem superar barreiras ou remover 
ameaças impostas pela natureza. Mas esse é outro departamento do conhecimento, ao qual se dá 
o nome de tecnologia. 
Num segundo grupo, que Aristóteles chamava de ciências da práxis, estão outros tipos de 
conhecimentos que resultam de observação e descoberta, mas cujo objeto de investigação, em 
contraste com o saber teorético, pode ser modificado pela vontade humana, em função do 
próprio conhecimento obtido sobre ele. 
4 
 
4 
 
Por fim, há os conhecimentos aplicados à produção de coisas ou criação de obras, a 
exemplo das técnicas agrícolas, industriais, artesanais ou artísticas e outras finalidades que 
Aristóteles incluía no conceito de poíesis1. 
Não resta dúvida de que, de acordo com esta classificação aristotélica, disciplinas como 
física teórica e biologia molecular estão na área das ciências teoréticas, a política e o direito na 
da práxis, e as engenharias na poíesis. E o que dizer da economia? 
Há muita controvérsia sobre que tipo de ciência é a economia, ou mesmo se ela, como a 
história ou a sociologia, pode ser considerada uma ciência, no strictu sensu concebido pelos que 
seguem fielmente o princípio da demarcação de Karl Popper. Sem querer entrar em questões 
epistemológicas, cabe mencionar que entre os economistas há os que preferem considerá-la uma 
ciência da práxis  a economia normativa  outros que são inclinados a concebê-la como 
teorética  a economia positiva  e ainda os que, pela sua íntima relação com o mundo da 
administração empresarial, são mais propensos a enquadrá-la no campo da poíesis. 
 Na verdade, essa controvérsia indica que a economia está em todos e ao mesmo tempo 
em nenhum dos três grupos. Por maior que seja o desejo dos economistas teóricos que estão 
pensando no prêmio Nobel, certamente ela não atingirá o grau de objetividade e precisão de uma 
autêntica ciência teorética, porém, no conjunto de conhecimentos passíveis de utilização prática, 
quer seja para orientar decisões individuais ou buscar soluções para problemas importantes da 
sociedade, o economista dispõe, mais do que qualquer outro profissional da área social, de 
metodologias e meios instrumentais para trabalhar com grandezas quantificáveis. 
 
2. O conceito de Economia 
 
A palavra economia é uma declinação do vocábulo grego oikosnomia, cuja origem é 
atribuída a Xenofonte, contemporâneo de Sócrates, com significado de “administração 
doméstica”, “gestão da casa” ou coisa semelhante. O conceito parece ter sido inspirado na 
observação das mulheres gregas que, com os escassos meios do lar, se empenhavam em propiciar 
o máximo de bem-estar possível aos seus familiares. Nesse sentido, economia significa mais a 
“administração cuidadosa do que se tem” do que a “busca de se conseguir o que não se possui”. 
 
1 Do verbo poiéo que significa: fabricar, executar, confeccionar obras manuais, compor obras intelectuais, construir, 
cultivar uma planta, curar um doente, e assim por diante. 
5 
 
5 
 
 
Extrapolando a idéia para além dos domínios do lar, a oikosnomia pode ser mais 
genericamente entendida como a ciência ou arte de tirar o máximo proveito de recursos. Isso 
pode servir tanto para a dona de casa zelosa, quanto para o dirigente de uma empresa ou mesmo 
para o governo de um país. A diferença, em cada caso, diz respeito somente à natureza dos 
respectivos meios e fins e o que se vai entender por “tirar o máximo proveito dos recursos”. Para 
uma dona de casa isso pode significar “máxima felicidade” de seus entes queridos, para o 
homem de empresa “o maior lucro possível” e para o estadista “o maior progresso da nação”, 
qualquer que seja a forma peculiar de definir esse progresso. 
Bem antes de Xenofonte, os administradores do lar já haviam descoberto que podiam tirar 
mais proveito dos recursos mediante o intercâmbio. Para ilustrar, suponha que os vizinhos X e Y 
possuam hortas em seus quintais e que a horta de X seja mais fértil para o cultivo de tomates do 
que de cebolas e que ocorre o contrário na horta de Y, de modo que sobra tomate e falta cebola 
na família X e falta tomate e sobra cebola na família Y. Diz-se assim que a família X gera um 
excedente de tomates e a família Y um excedente de cebolas. É fácil deduzir, a partir daí, que a 
troca de excedentes entre as famílias vai melhorar a salada de ambas, gerando, em conseqüência, 
um maior nível de bem-estar e melhor aproveitamento dos respectivos recursos. Este exemplo 
pode ser pueril, mas contém todos os elementos de lógica que podem ser utilizados para bem 
justificar acordos bilaterais de comércio entre nações. 
Quando a troca tem por fim aumentar o aproveitamento de recursos ou ampliar o bem-
estar de todos que participam de um sistema social, ela pode ser vista como fator de oikosnomia, 
mas pode também se converter num meio de vida ou de acumulação de riqueza de quem não 
produz utilidades concretas. A essa atividade Aristóteles deu o nome de crematística2. No 
contexto aristotélico, a prática do comércio ou a troca visando ampliar o bem-estar de todos os 
envolvidos é oikosnomia, enquanto que o comércio tendo em vista só o lucro ou o crescimento 
dos capitais, assim como a compra e a venda deativos, tendo em vista a obtenção de “ganhos de 
capital” ou “ágios”, é crematística3. 
 
2 Do grego chrema, relativo ao dinheiro ou à riqueza. 
3 Um negociante que compra bens numa região onde são abundantes e os transporta para outras em que são mais 
escassos e mais desejados, por exemplo, exerce uma função útil que faz parte da oikosnomia, na medida em que seu 
trabalho leva a um maior aproveitamento de recursos. A crematística, portanto, se refere a toda forma de comércio 
absolutamente estéril que só serve para enriquecer alguém que se aproveita da falta de informação ou da boa fé dos 
outros ou que tira partido de privilégios não justificados. 
6 
 
6 
 
Modernamente, a crematística envolve toda a atividade especulativa exercida nas bolsas 
de valores e no open market, a agiotagem bancária autorizada pelo Banco Central e outras 
práticas às quais os economistas costumam dar nomes imponentes, mas que, no fundo, não 
passam de eufemismos para “o emprego de dinheiro visando o acúmulo de mais dinheiro”. 
Em Aristóteles, assim como em Adam Smith e várias doutrinas religiosas cristãs, judaicas 
e islâmicas, a oikosnomia era louvada e a crematística deplorada. Hoje em dia, parece ocorrer o 
contrário, haja vista o fato de ser algo mais parecido com esta última que desperta mais o 
interesse da imprensa e dos governos, conforme bem o demonstram as passagens abaixo, 
retiradas de um interessante texto do professor Carlos Walter Porto Gonçalves4, sobre a crise 
energética brasileira de 2001. 
“...a atual crise energética é, sobretudo, uma crise “oiksosnômica” pois, afinal, uma 
‘casa’ não funciona sem energia [..] No entanto, nessa época de idolatria liberal a 
economia parece ter perdido todos os seus vínculos com a materialidade da gestão 
da casa e confunde-se, cada vez mais, a medida da riqueza com a riqueza mesma, 
como se a riqueza do jantar não fosse o jantar mesmo e sim o preço do jantar [...] 
foram os próprios fundamentos teóricos que sustentam a opção política do governo 
que impediu de ver o que se passava, apesar de todos os avisos. Não se trata, 
todavia, de uma opção errada do governo à qual viríamos oferecer uma opção 
correta. Não, a opção teórica feita pelo governo é perfeitamente coerente com 
aqueles que acreditam que a economia é a arte de ‘adquirir riquezas’, como diria 
Aristóteles, e pouco se interessam pela ‘administração da casa’. Por força dessa 
opção, e com o auxílio de todo o aparato dos meios de comunicação de massa, nos 
habituamos todos os dias a ver, junto com a previsão do tempo, a variação dos 
índices Bovespa, Nasdaq, das bolsas de Londres, Nova Iorque e Tóquio, em pleno 
horário nobre da televisão, para milhares de espectadores para quem aquelas 
informações não faz o menor sentido e, para aqueles que mexem quotidianamente 
com esses índices, eles já são sobejamente conhecidos e não será pelos ‘jornais 
nacionais’ que serão informados. Assim, o debate acerca da economia vem se 
fazendo em torno de questões como taxa de juros, taxa de câmbio, déficit fiscal, 
balanço de pagamentos, balanço comercial, contas públicas ...” 
 
A definição de ciência econômica mais difundida nos manuais técnicos de economia é 
devida ao economista britânico Lionel Robbins5. Segundo esta, a economia é a ciência que 
estuda a conduta humana, na dimensão material da vida, como relação entre recursos escassos e 
polivalentes (meios), de um lado, e objetivos múltiplos e classificáveis por ordem de preferência 
(fins), de outro. 
 
4Geógrafo, doutor em ciências e professor da Universidade Federal Fluminense. O artigo foi publicado 
eletronicamente em www.cibergeo.org/agbnacional, sob o título “A crise energética: De Aristóteles a Malan”. 
5 Robbins, L. An Essay on the Nature and Significance of Economic Science. London: McMillan, 1932. 
Reproduzido parcialmente em Hausman, D. M. The Philosophy of Economics: An Anthology, Cambridge: 
Cambridge University Press, 1984. 
7 
 
7 
 
Na definição de Robbins, a escassez é condição necessária e suficiente para a existência 
do problema econômico, enquanto que a polivalência dos recursos e a diversidade dos fins são 
condições necessárias para a tomada de decisões. Como afirma Napoleoni6, o elemento essencial 
a todas estas condições, que, em última instância, caracteriza a dimensão econômica da conduta 
humana é “a possibilidade de fazer escolhas e tomar decisões”, pois somente quando os meios 
são limitados e intercambiáveis entre usos alternativos e os fins são múltiplos e hierarquizáveis a 
conduta humana assume necessariamente a forma de uma escolha. 
Pela forma logicamente consistente como estabelece as condições necessárias e 
suficientes para caracterizar a ação econômica, como relação entre meios e fins, a definição de 
Robbins pode ser vista como uma extensão da idéia de oikosnomia e, como esta, parece referir-se 
mais à “administração cuidadosa do que se tem do que a busca do que não se tem”. Em outros 
aspectos, porém, parece distanciar-se desta, a começar do fato de que, ao enfatizar a economia 
como ciência comportamental, estar mais para uma ciência humana, como a psicologia, por 
exemplo, do que para uma ciência social. Além disso, torna-se também mais restrita por ser 
aplicável apenas a contextos de liberdade de escolha, ao passo que, mesmo no sentido mais 
específico de economia doméstica, o foco da oikosnomia é a “instituição social família” e não 
um indivíduo absolutamente livre para fazer escolhas. Em geral, entretanto, a mesma idéia básica 
pode ser estendida e adaptada, sem problemas, ao contexto das organizações coletivas, incluso 
nestas a própria nação. 
Conforme bem mostra Napoleoni (1979), a sistematização de Robbins contribuiu para 
fortalecer uma concepção  que já estava em processo ao tempo que seu texto foi escrito  da 
economia como ciência essencialmente dedutiva, isto é, que deduz suas proposições a partir de 
alguns poucos axiomas (premissas imediatamente evidentes que se admite como universalmente 
verdadeiras sem exigência de demonstração) ou postulados (premissas não evidentes nem 
demonstráveis, que se admite como princípio de um sistema dedutível)7. Isso favoreceu o 
desenvolvimento de uma teoria extremamente reducionista e imitativa das ciências exatas, que é 
a grande responsável pelo fato dos economistas serem vistos hoje mais como praticantes da 
crematística do que da oikosnomia. 
 
 
6 Napoleoni, C. O pensamento econômico do século XX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 
7 Segue daí também a idéia da economia como ciência positiva, um substituto moderno do teorético aristotélico. 
8 
 
8 
 
3. Política 
No grande dicionário Aurélio da língua Portuguesa encontramos os seguintes significados 
para o verbete “Política”: (1) Ciência dos fenômenos referentes ao Estado; ciência política. 2. 
Sistema de regras respeitantes à direção dos negócios públicos. (3) Arte de bem governar os 
povos. (4) Conjunto de objetivos que informam determinado programa de ação governamental e 
condicionam a sua execução. (5) Princípio doutrinário que caracteriza a estrutura 
constitucional do Estado. (6) Posição ideológica a respeito dos fins do Estado. (7) Atividade 
exercida na disputa dos cargos de governo ou no proselitismo partidário. (8) Habilidade no 
trato das relações humanas, com vista à obtenção dos resultados desejados. (9) P. ext. 
Civilidade, cortesia. (10) Fig. Astúcia, ardil, artifício, esperteza. [Cf. política, do v. politicar.] 
Na língua inglesa, a maioria desses vários significados está agrupada em três declinações 
vocabulares: polity, policy e politics.O primeiro abrange os significados 1, 2, 3, 5 e 6, da língua 
portuguesa, apresentados acima; o segundo tem mais a ver com o significado 4 e o terceiro está 
basicamente compreendido nos significados 7 e 8 e sua extensão 10. Num sentido mais geral, o 
termo polity refere-se à forma do Estado em seus dispositivos constitucionais e ordenamento 
jurídico; o termo policy, refere-se à ação governamental planejada, e o termo politics tem mais a 
ver com os elementos envolvidos na disputa pelo poder ou direito de comandar o Estado. 
 
3.1. A Política segundo Aristóteles 
 
“Não há nada mais fascinante para o homem do que o próprio homem” 
Sófocles 
 
A palavra política vem do grego, é uma declinação do verbete Pólis, que, na língua 
português é traduzida por cidade, verbete de raiz latina (civitas). Em Ciência Política há dois 
significados principais para a palavra política. Um vem de Aristóteles8 e outro de Maquiavel 
No sentido aristotélico, a atividade política consiste na ação humana envolvida na 
execução do interesse público, ou seja, no “interesse comum da Pólis”. Essa concepção parte do 
suposto que os homens formam comunidades políticas para viver melhor do que poderiam se 
vivessem isoladamente. Resulta daí a diferença entre o indivíduo e o cidadão. Quem só se ocupa 
 
8 ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martin Claret, 2007. 
9 
 
9 
 
de coisas que lhe dizem respeito é o indivíduo egocêntrico, ou egoísta. O cidadão, em contraste, 
é o indivíduo que se ocupa de coisas que são de seu interesse e também interessam aos outros 
membros de sua comunidade. Daí poder-se dizer, conforme Aristóteles, que o cidadão é o 
individuo “politizado”. 
Na língua grega, o termo idion, de indivíduo, se contrapõe a koinon, de comunidade, 
enquanto que polités e idiotés são declinações usadas, respectivamente, para designar o cidadão e 
seu contrário, o indivíduo “não politizado”.9 
Outro tipo de personagem da pólis já havia sido bem identificado na Grécia antiga. Esse 
era o falso polités, que se engajava na atividade política apenas com o intuito de angariar 
vantagens pessoais. Fazendo-se passar por interessado nas questões comunitárias criava 
condições para atingir seus objetivos egoístas. A esse tipo dá-se o nome de demagogo. 
 
3.2. Maquiavel e a política 
 
 Com Maquiavel10, a política assume um sentido de “arte de conquistar e manter o poder”. 
Quando o governo emprega a força tendo em vista grandes objetivos, como a unidade nacional 
ou a integridade do Estado, entre outros que podem ser enquadrados na esfera do interesse 
público, não importa se age de forma violenta ou cruel, conforme reza a máxima: “os fins 
justificam os meios”, pela qual o maquiavelismo ficou popularmente conhecido. No entanto, 
quando o poder é exercido para satisfazer a própria vontade daqueles que o detêm, o governo 
assume uma forma má, que poderia ser chamada de tirania ou oligarquia. A forma de governo 
também é má quando o governante não consegue ter a atitude necessária ao alcance dos 
autênticos objetivos de estado e à sua própria sustentação no poder. 
 
 
 
 
9 Curioso notar que, em língua portuguesa, se utiliza a palavra idiota, originário do grego idion, como sinônimo de 
imbecil, ignorante e outros adjetivos desabonadores. As pessoas se desenvolvem intelectualmente através do diálogo 
e somente aqueles que se ocupam das questões de interesse comum dialogam. Os indivíduos “não politizados” 
(idiotés), por falta disso, tendem a se tornar cada vez mais obtusos e ignorantes. A desaprovação dos cidadãos aos 
indivíduos de comportamento egoísta acaba resultando assim num sentido pejorativo para a palavra idiota, que 
originalmente, simplesmente deveria significar “indivíduo egoísta”. 
10 Maquiavel, N. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973. 
10 
 
10 
 
3.3. Conceitos políticos fundamentais 
 
Etimologicamente, a palavra Estado vem de status, que em latim significa “situação ou condição 
de algo”. Se chamarmos esse algo de “convivência humana”, a palavra adquire o sentido de 
“condição da convivência humana”. Se os membros da espécie humana convivem entre si de 
forma livre, condicionada apenas pelas leis da natureza, tem-se o status naturae. Esse era o caso 
nos primórdios da humanidade. Quando ela é regulada por leis e regras estabelecidas pelo 
próprio homem tem-se o status civitas ou status republicae, em termos usados nos tempos do 
Império Romano, que deram origem atuais tanto ao vocábulo Estado, em língua portuguesa e 
State, no inglês. 
O que é preciso existir antes de existir um Estado? A primeira coisa é uma população 
humana. A segunda é um território em que essa população se localiza e a terceira é alguma 
organização dessa população no território. Chamando essa organização de governo, pode-se 
dizer que os ingredientes básicos para a formação do Estado são três: população, território e 
governo. Naturalmente não se pode falar de estado sem população, mas, na ausência de alguma 
forma de organização, qualquer população humana distribuída num território pode ser 
comparada a um bando de animais em disputa selvagem pelo espaço. Nesse caso não existe 
estado porque falta um ingrediente essencial: o governo, e, por fim, uma população organizada, 
porém nômade, também não pode constituir estado por falta de território. 
Em razão de sua natureza gregária, se pode dizer que o homem sempre viveu em 
sociedade, isto é, em regime de cooperação e partilha com outros membros da mesma espécie. A 
sociedade, portanto, é anterior ao Estado. A sociedade que atinge determinado grau de evolução 
passa a constituir um Estado11. 
Em tempos mais remotos, a forma de vida do homo sapiens era caracterizada por uma 
relação basicamente passiva e adaptativa com a natureza. Vivia-se em grupos familiares, bandos 
ou tribos e as atividades necessárias à subsistência eram tipicamente predatórias ou extrativas. 
Em razão disso, as populações eram nômades, já que as contingências naturais exigiam 
freqüentes migrações, sempre em busca das condições alimentares mais favoráveis. Quando os 
 
11 Para viver fora da sociedade, o indivíduo precisaria, como disse Aristóteles: “estar abaixo dos homens ou acima 
dos deuses”, e vivendo em sociedade ele necessariamente cria a autoridade e o Estado. 
11 
 
11 
 
alimentos disponíveis escasseavam num local, era preciso seguir em frente e, não raro, entrar em 
violentas disputas com grupos rivais pelos territórios mais propícios à caça, pesca e extrativismo. 
As expressões mais simples de governo remontam às primitivas lideranças das sociedades 
nômades. A palavra governo é uma declinação do vocábulo kubernetes com que os antigos 
gregos designavam o timoneiro, ou aquele que “guia” o navio. Essencialmente, era isso que os 
líderes dos grupos nômades faziam: tomavam decisões sobre os rumos a serem seguidos e 
guiavam o grupo. Os líderes eram aqueles que eram acatados para decidir por todos e guiá-los, 
isto é, governá-los. 
A existência de governo pressupõe a existência de autoridade, ou seja, de um atributo que 
permite ao governante fazer com que suas deliberações sejam respeitadas e cumpridas pelos 
governados. A esse atributo também se dá o nome de “poder”. Portanto, governo, autoridade e 
poder são termos indissociáveis. Não pode haver governo sem autoridade e não pode haver 
autoridade, de fato, sem poder12. Por sua vez, o poder pressupõe a existência de alguma força que 
lhe dá sustentação. Em princípio, esta pode vir do carisma, da persuasão, da superioridade física, 
do misticismo, entre outros. No tempo das sociedadesnômades, provavelmente o poder dos 
líderes provinha da combinação de várias forças: do carisma, da sabedoria e também do apoio 
firme e decisivo de uma “entourage” sempre pronta a entrar em ação firme para demover 
dissidências, punir desobediências ou debelar sedições, ao menor indício delas. 
Cabe aqui ressalvar que não se está fazendo nenhuma distinção entre autoridade e 
autoritarismo. De acordo com os conceitos da ciência política, autoridade refere-se ao poder 
consentido, ou delegado e autoritarismo ao poder que é tomado e exercido pela força coativa, 
isto é sem consentimento ou delegação. Neste caso, portanto, o elemento determinante do poder 
é a capacidade de coagir. No tempo das sociedades nômades, um pequeno número de homens 
fortes, unidos e bem armados poderia, como deve ter ocorrido inúmeras vezes, dominar e impor 
sua vontade a um número bem maior de homens mais fracos e desunidos, governando-os 
segundo o princípio do “quem tem força manda, quem tem juízo obedece”. 
Com seus pressupostos de autoridade, poder e força, o governo constitui condição 
necessária para a existência do Estado, mas não condição suficiente. Falta ainda o território. Nas 
 
12 Se, numa sociedade nômade, ninguém consegue decidir sobre os rumos a serem tomados pelo grupo, não existe 
governo por falta de liderança. Se, por outro lado, alguém que se arvora em líder toma decisões, mas não consegue 
fazer com que os demais as acatem, então não há governo por falta de autoridade. 
 
12 
 
12 
 
primitivas sociedades nômades já havia governo e autoridade, mas não Estados. Estes surgem na 
sua plenitude quando as populações humanas se tornam sedentárias, isto é, deixam de ser 
nômades, e passam a ocupar, de forma permanente, determinados territórios e neles 
desenvolvendo atividades produtivas. Na passagem do nomadismo para o sedentarismo, o 
homem rompe com a relação passiva em relação à natureza e passa a exercer uma função ativa, 
não se contentando mais em simplesmente colher aquilo que a natureza oferece: abater a caça 
disponível nos campos e florestas, pescar o peixe disponível nos rios ou colher os frutos das 
árvores. 
Quando as sociedades primitivas com autoridades dirigentes se fixaram num território 
determinado, passaram a constituir um Estado. É neste sentido que se pode dizer que o Estado, 
como instituição social, surge definitivamente com o estabelecimento de relações permanentes e 
orgânicas entre os três elementos: população, governo e território13. Isto posto, pode-se dividir a 
história da humanidade em duas fases distintas: a fase pré-política, anterior a formação do 
Estado, e a subseqüente, caracterizada pelas sociedades políticas, isto é, sociedades organizadas 
em Estados. 
A vida sedentária, originariamente confinada à exploração sistemática da terra e 
domesticação de plantas e animais, evoluiu para o desenvolvimento de atividades mais 
complexas. Assim surgiram as primeiras cidades e o modo de vida urbano, marcando o início da 
civilização. Esta palavra é uma declinação de civitas, do latim, que tem sentido semelhante ao do 
grego pólis, que significa cidade. Com o avanço do processo civilizatório, o estado cresce em 
importância e complexidade, como meio de ordenação da convivência humana nos crescentes 
aglomerados urbanos. Na chamada civilização greco-romana, da antiguidade, essa evolução já 
atinge um nível muito elevado com a invenção da Democracia, pelos gregos, e da República, 
pelos romanos. 
 
 
13 Cumpre ressalvar também que não se está fazendo aqui distinção entre população e povo. O termo população 
costuma ser usado para designar o conjunto dos habitantes de um território, enquanto que povo diz mais respeito ao 
conjunto dos membros de uma nação, isto é, conjunto de indivíduos ligados por interesses e características comuns 
de ordem étnicas, culturais ou religiosas. País é o nome que se dá ao território sob a jurisdição do Estado pelo qual a 
população é governada. Em tese, podem existir países com populações constituídas por vários povos, porém sujeitos 
às mesmas leis do Estado, como pode haver Nações sem territórios e que, portanto, não constituem países, a 
exemplo da Nação judaica antes da constituição do Estado de Israel. A Pátria, do latim patriota (terra paterna), é a 
conjugação do Estado e do Território na Nação orgulhosa de si própria, com seus símbolos (bandeiras, hinos) e 
tradições. Conforme Rui Barbosa, a Pátria é: “o céu, o solo, o povo, a tradição, a consciência, o lar, o berço dos 
filhos e o túmulo dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade”. 
13 
 
13 
 
4. O objeto da Economia Política 
 
A discussão da seção 2, não contempla considerações sociológicas, além do que poderia 
estar subentendido nos conceitos de família e troca. O conceito de economia é ali enfocado pelo 
ângulo do indivíduo, como ação privada. 
Podem-se estabelecer analogias entre os conceitos de Família e Nação. Por exemplo, a 
proposição de que o bem-estar da família deve aumentar quando aumenta a quantidade de 
recursos disponíveis para ela, ou quando se descobre novos meios que permitem tirar mais 
proveito de uma mesma quantidade de recursos, pode ser generalizada na proposição de que a 
felicidade geral deve aumentar com o aumento da capacidade produtiva ou com o 
desenvolvimento tecnológico nacional. 
No entanto, como já bem havia indicado Jean Jacques Rousseau14, há mais de dois 
séculos e meio, mesmo que a analogia entre Família e Nação fosse levada tão longe quanto 
possível, ainda restaria uma distância muito grande entre a administração do lar e o governo 
nacional, a começar do fato de que na administração doméstica o chefe de família toma decisões 
geralmente movido por afeição natural (amor) enquanto que os governantes via de regra estão 
muito mais interessados na sua própria felicidade do que na felicidade dos governados.15 Essa é a 
razão pela qual a expressão “economia política” foi originalmente concebida como economia da 
Nação representada pelo Estado, em distinção à economia individual do interesse particular. 
Como a discussão da seção 3 deve ter tornado claro, política e sociologia são 
inseparáveis. Nos primórdios da humanidade, a sociedade era basicamente composta por 
agregados individuais simples como famílias, tribos ou clãs, cujos membros são ligados por 
laços de parentesco. Com o avanço da civilização, foram surgindo motivos mais complexos para 
a formação de grupos, uniões e segregações. Enquanto no status naturae a disputa pelos meios 
de subsistência e ocupação territorial era resolvida pelo conflito aberto entre indivíduos, famílias 
ou tribos, com base no “direito” natural, como o do mais forte sobre o mais fraco, no status 
civitas a solução do problema econômico envolve o emprego “civilizado” de forças produtivas 
 
14 Rousseau, J. J. Discurso sobre a economia política, 1755. Traduzido em língua portuguesa por Lourdes Santos 
Machado. Petrópolis: Vozes, 1996. 
15 Conforme já havia sido estabelecido por Aristóteles, assim como o pátrio poder, que é detido pelos pais mas 
exercido em favor dos filhos, o poder político que é detido pelos governantes, deveria ser exercido em favor dos 
governados. No entanto nem sempre, ou na maioria das vezes, isso não acontece. Segundo Aristóteles, as formas 
boas de governo são aquelas em que o poder do governante é exercido em favor dos governados, e as formas más 
quando é exercido em seu próprio favor, assemelhando-se, dessa forma, ao do poder do patrão sobre o empregado. 
14 
 
14 
 
mediante o estabelecimento de relações orgânicas entrediferente “categorias” de indivíduos 
(trabalhadores, corporações de ofício, proprietários de terra, etc.), sob a égide do Estado. Segue 
daí a idéia de economia política como “ciência do processo produtivo geral e das relações sociais 
envolvidas”. Trata-se assim de uma ciência voltada mais para a compreensão de sistemas sócio-
econômicos, como o capitalismo, do que simplesmente as forças de mercado. 
Nação, Governo e Classes Sociais são conceitos chaves na delimitação do escopo da 
economia política. Para Adam Smith, o objeto principal dessa disciplina é investigar os 
determinantes da riqueza das nações, como indicado no título de sua obra magna.16 
Para Ricardo, o objeto principal da economia política não é crescimento da riqueza ou da renda 
gerada no sistema econômico, mas sim a sua distribuição entre as diversas classes sociais. 
A grande sistematização do pensamento clássico inglês elaborada por John Stuart Mill 
nos “Principles of Political Economy” (1848)17 identifica o objeto da economia política com o 
estudo das leis da produção, das leis da distribuição e os determinantes do valor. 
A economia política de Marx é uma investigação do processo de luta de classes e das leis 
de movimento dos sistemas econômicos, na marcha da história. Em contraste com o pensamento 
da escola clássica inglesa, para Marx, cada modo de produção historicamente determinado tem 
suas formas particulares de propriedade e são elas que determinam a distribuição do produto 
entre as classes sociais. 
A política é inseparável do poder18. Só há política onde há disputa pelo poder. Isto posto, 
podemos dizer que outra diferença essencial entre a economia política e a economia neoclássica 
estudada nos manuais convencionais de teoria econômica, é que a primeira leva em conta a 
existência real poder econômico, algo que a segunda abstrai quase completamente. 
Em “American Capitalism: The Concept of Countervailing Power” John Kenneth 
Galbraith, dando início a uma memorável crítica da economia neoclássica predominantemente 
ensinada nas escolas de economia, concebe a economia moderna como um jogo disputado por 
grandes blocos de poder e não por firmas atomizadas e consumidores dispersos, sob regras 
 
16 “An Inquire into Nature and Causes of the Wealth of Nations” (1776). Traduzido em língua portuguesa como “A 
Riqueza das Nações: Investigação sobre sua Natureza e suas Causas”. São Paulo: Editora Abril, 1985 (Coleção Os 
Economistas). 
17 Mill, J. S. Princípios de Economia Política. São Paulo: Editora Abril, 1982. 
18 No significado geral tal como exposto por Max Weber, “poder” é “possibilidade de impor a própria vontade numa 
relação social, mesmo contra resistências”. Essa possibilidade pode provir de superioridade física, ou de capacidades 
de recompensar ou de persuadir. Para uma discussão mais detalhadas das formas do poder, veja-se Galbraith, J.K. A 
Anatomia do Poder, São Paulo: Pioneira), 1999 (Coleção Novos Umbrais). 
15 
 
15 
 
estabelecidas politicamente através de um Estado “legislador e árbitro” absolutamente 
imparcial19. 
No modelo neoclássico, não há forma concentrada de poder em algum ponto da economia 
de mercado. Sob livre concorrência, é o consumidor quem dá o primeiro passo decisório no 
processo de alocação de recursos, quando soberanamente decide gastar seu dinheiro na compra 
desse ou daquele bem. A firma é um agente completamente passivo que não pode fazer nada 
senão responder aos sinais de mercado, sobre os quais não pode ter nenhuma influência. Para 
permanecer no mercado ela tem de produzir de forma mais eficiente possível, sob as condições 
ditada por uma entidade impessoal: “o mercado”. Sob monopólio puro as coisas não se passam 
de forma muito diferente. A diferença é que o monopolista, em contraste com a firma 
competitiva, pode estabelecer o preço que maximiza seu lucro. Mas ele também está à mercê das 
condições da demanda, e, assim, de certo modo tem de se render à soberania do consumidor, a 
não ser que se trate de bens de suma necessidade, como remédios ou alimentos básicos, por 
exemplo. Só nesse caso haveria um “poder econômico” que teria de ser contido por um “poder 
político”. Mas tais possibilidades são vistas como raras exceções. 
No modelo neoclássico, os consumidores quando exercem sua liberdade de escolha na 
hora de gastar seu dinheiro se comportam como eleitores quando depositam votos numa urna. Os 
“votos monetários” informam aos produtores o que devem produzir para terem negócios viáveis. 
Movidos pelo interesse próprio (o lucro) tentarão fazer o melhor possível, isso é produzir com a 
máxima eficiência econômica (tirar o máximo proveito de seus recursos produtivos). 
No que tange à produção dos bens públicos, que não podem ser providos 
espontaneamente pelo mecanismo de mercado, o “voto monetário” do consumidor é substituído 
pelo voto eleitoral do cidadão. Este exerce sua soberania quando decide votar num ou noutro 
candidato, em resposta ao que lhe é prometido nas plataformas de campanha. 
Num mundo perfeitamente democrático de indivíduos soberanos, pode-se dizer que o 
poder econômico está em todos, uma vez que cada um está em igual condição de impor a sua 
“vontade econômica” quando decide como gastar seu dinheiro, no caso dos bens privados, ou em 
quem votar, no caso dos bens públicos. Mas, quando o poder está em todos, não está em 
 
19 Galbraith, J. K. American Capitalism: The Concept of Countervailing Power. Boston: Houghton Mifflin, 1952. 
Veja-se também do autor: O Novo Estado Industrial. São Paulo: Abril cultural, 1982 (Coleção os Economistas) e A 
Economia e o Interesse Público. São Paulo: Pioneira, 1988 (Coleção Novos Umbrais). 
16 
 
16 
 
ninguém. É nesse sentido que ele está ausente no modelo neoclássico. A obra de Galbraith citada 
aqui é uma memorável crítica do século XX a esta concepção.

Outros materiais