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TECNOLOGIA MECÂNICA MÓDULO (UFCD) - Processos de Fundição e de Ligação - Amândio Ferreira Simões - 2010 - i Índice Lista de Tabelas ............................................................................................... iv Lista de Figuras ................................................................................................ v 1 - Obtenção do ferro fundido e do aço ........................................................... 1 1.1 - Elementos para obtenção da gusa de primeira fusão ................................... 2 1.2 - O alto-forno .................................................................................................... 3 1.3 - O forno de cubilote ...................................................................................... 10 1.4 - Misturadores, Conversores e Fornos eléctricos .......................................... 12 1.4.1 - Misturadores .................................................................................................... 13 1.4.2 - Conversores Bessemer, Thomas e LD .............................................................. 14 1.4.3 - Forno Siemens-Martin ...................................................................................... 18 1.4.4 - Fornos eléctricos e de cadinho .......................................................................... 19 2 - Fundição de metais ................................................................................... 24 2.1 - Fundição areia ............................................................................................. 26 2.2 - Moldação com areia e aglomerantes orgânicos (Shell-moulding) ............. 35 2.3 - Moldação de precisão (cera perdida) .......................................................... 37 2.4 - Moldação permanente (coquilha) ............................................................... 38 2.5 - Concepção de peças de fundição, modelos e machos ................................. 42 3 - Outros processos de fundição ................................................................... 48 3.1 - Fundição contínua ....................................................................................... 48 3.2 - Fundição centrífuga ..................................................................................... 49 4 - Fundição injectada .................................................................................... 51 5 - Introdução ao processamento dos plásticos ............................................. 61 5.1 - Pressão de injecção ...................................................................................... 70 5.2 - Perfil de temperaturas de injecção ............................................................. 72 5.3 - Contracção ................................................................................................... 74 5.4 - Vantagens dos materiais plásticos ............................................................... 77 5.5 - Regras de projecto ....................................................................................... 79 ii 6 - Processos de ligação .................................................................................. 86 6.1 - Soldadura por Fusão ................................................................................... 88 6.1.1 - Eléctrodo revestido (SER) ................................................................................ 94 6.1.2 - Soldadura TIG .................................................................................................. 97 6.1.3 - Soldadura MIG/MAG ....................................................................................... 99 6.1.4 - Fios puxados (fluxo) ....................................................................................... 101 6.1.5 - Arco submerso ............................................................................................... 103 6.1.6 - Plasma............................................................................................................ 104 6.1.7 - Oxigás ............................................................................................................ 106 6.1.8 - Resistência ..................................................................................................... 109 6.1.9 - Laser .............................................................................................................. 112 6.2 - Soldadura no estado sólido ........................................................................ 114 6.2.1 - Soldadura por Ultra-Sons ............................................................................... 115 6.2.2 - Soldadura por Pressão a Frio .......................................................................... 117 6.2.3 - Soldadura por Difusão .................................................................................... 117 6.2.4 - Soldadura por Fricção .................................................................................... 119 6.2.5 - Soldadura por Explosão .................................................................................. 120 6.2.6 - Vantagens dos processos de soldadura no estado sólido .................................. 122 6.3 - Brasagem e Soldobrasagem ....................................................................... 122 7 - Defeitos em peças de fundição e ligação e métodos de detecção ........... 126 7.1 - Defeitos típicos ........................................................................................... 126 7.2 - Controlo qualidade .................................................................................... 128 7.2.1 - Líquidos penetrantes ...................................................................................... 129 7.2.2 - Ultra-sons ....................................................................................................... 130 7.2.3 - Magnetoscopia ............................................................................................... 131 7.2.4 - Radiografia .................................................................................................... 132 7.2.5 - Outros ensaios ................................................................................................ 134 8 - Bibliografia .............................................................................................. 135 Anexos ............................................................................................................... I Anexo A – Exercício Prático Fundição ................................................................. I Anexo B – Exercício Prático Fundição Injectada ................................................ II Anexo C – Condições típicas de injecção (Plásticos) ......................................... III iii Anexo D – Materiais plásticos ............................................................................ IV iv Lista de Tabelas Tabela 1-1: Ligas ferrosas em função da % de Carbono ................................................... 2 Tabela 1-2: Vantagens e desvantagens dos conversores .................................................. 16 Tabela 1-3: Vantagens do processo LD ............................................................................ 16 Tabela 2-1: Processos de fundição .................................................................................... 25 Tabela 2-2: Propriedades das areias de fundição ............................................................. 27 Tabela 2-3: Shell-moulding - Vantagens vs Desvantagens ............................................... 37 Tabela 2-4: Fundição cera perdida - Vantagens vs Desvantagens ................................... 38 Tabela 2-5: Fundição permanente metálica - Vantagens vs Desvantagens .....................42 Tabela 2-6: Contracção linear de ligas metálicas ............................................................. 46 Tabela 4-1: Pressões típicas de injecção de ligas leves ..................................................... 52 Tabela 4-2: Fundição injectada - recomendações ............................................................ 56 Tabela 4-3: Aços para moldes fundição injectada ............................................................ 58 Tabela 5-1: Características dos plásticos em geral........................................................... 78 Tabela 5-2: Propriedades específicas dos termoplásticos ................................................ 78 Tabela 6-1: Classificação AWS – Processos de soldadura ............................................... 87 Tabela 6-2: Revestimento dos eléctrodos .......................................................................... 95 Tabela 6-3: Especificações AWS para eléctrodos ............................................................. 95 Tabela 6-4: Vantagens e desvantagens da soldadura por eléctrodo revestido ................ 96 Tabela 6-5: Soldadura TIG - Aplicações .......................................................................... 99 Tabela 6-6: Soldadura MIG/MAG - Aplicações ............................................................. 101 Tabela 6-7: Soldadura por fio puxado ............................................................................ 102 Tabela 6-8: Soldadura por arco submerso ..................................................................... 104 Tabela 6-9: Soldadura por plasma ................................................................................. 106 Tabela 6-10: Soldadura Oxigás ....................................................................................... 108 Tabela 6-11: Soldadura por resistência .......................................................................... 111 Tabela 6-12: Soldadura Laser ......................................................................................... 113 Tabela 6-13: Vantagens da soldadura no estado sólido ................................................. 122 Tabela 6-14: Brasagem forte – selecção do material de adição ..................................... 123 Tabela 6-15: Brasagem .................................................................................................... 125 v Lista de Figuras Figura 1-1: Constituição do alto-forno ............................................................................... 4 Figura 1-2: Esquema de funcionamento do alto-forno ...................................................... 5 Figura 1-3: Transformações no alto-forno ......................................................................... 6 Figura 1-4: Sistemas acessórios do alto-forno .................................................................... 8 Figura 1-5: Etapas do fabrico de aço comercial (perfis) .................................................... 9 Figura 1-6: Forno de cubilote tradicional ........................................................................ 11 Figura 1-7: Zonas do forno de cubilote ............................................................................ 11 Figura 1-8: Temperaturas no forno de cubilote ............................................................... 12 Figura 1-9: Misturador basculante ................................................................................... 13 Figura 1-10: Conversor Bessemer original ....................................................................... 15 Figura 1-11: Esquema do conversor Bessemer ................................................................ 15 Figura 1-12: Conversor LD ............................................................................................... 17 Figura 1-13: Tipos de conversores .................................................................................... 17 Figura 1-14: Esquema do forno Siemens-Martin ............................................................. 18 Figura 1-15: Fornos eléctricos de resistência ................................................................... 19 Figura 1-16: Forno de arco eléctrico directo .................................................................... 20 Figura 1-17: Forno de arco eléctrico indirecto ................................................................. 21 Figura 1-18: Instalação típica completa de forno de arco eléctrico ................................. 21 Figura 1-19: Forno de indução.......................................................................................... 22 Figura 1-20: Forno de cadinho a gás ................................................................................ 23 Figura 2-1: Fases da produção – Moldes perdidos (areia) ............................................... 28 Figura 2-2: Constituição de molde de areia ...................................................................... 29 Figura 2-3: Molde de areia (corte) .................................................................................... 29 Figura 2-4: Composição do molde de areia ...................................................................... 30 Figura 2-5: Ciclo das areias .............................................................................................. 31 Figura 2-6: Silo e Moinho misturador .............................................................................. 32 Figura 2-7: Compactação por vibração e compressão ..................................................... 33 Figura 2-8: Compactação e máquina “Jolt Squeeze” ...................................................... 33 Figura 2-9: Moldação “Disamatic” ................................................................................... 34 Figura 2-10: Moldação por impacto ................................................................................. 34 vi Figura 2-11: Moldação à cércea ........................................................................................ 35 Figura 2-12: Moldação shell-moulding ............................................................................. 36 Figura 2-13: Moldação cera perdida ................................................................................ 37 Figura 2-14: Abertura da coquilha tipo livro (rotação) ................................................... 39 Figura 2-15: Abertura da coquilha por translação .......................................................... 40 Figura 2-16: Coquilhadoras para alumínio e latão .......................................................... 40 Figura 2-17: Sopradoras de areia (machos shell) ............................................................. 41 Figura 2-18: Moldação por gravidade - Coquilha ............................................................ 41 Figura 2-19: Concepção do molde – Plano de abertura ................................................... 43 Figura 2-20: Concepção – Ângulos de saída e concordâncias .......................................... 44 Figura 2-21: Concepção – Recomendações de ângulos de saída ...................................... 44 Figura 2-22: Fases da solidificação ................................................................................... 45 Figura 2-23: Sistema de alimentação ................................................................................ 45 Figura 2-24: Recomendações geométricas ........................................................................ 46 Figura 2-25: Recomendações geométricas ........................................................................ 46 Figura 3-1: Fundição contínua vertical-horizontal .......................................................... 48 Figura 3-2: Fundição contínua vertical ............................................................................ 49 Figura 3-3: Fundição centrífuga horizontal .....................................................................50 Figura 3-4: Fundição centrífuga horizontal – Fases solidificação ................................... 50 Figura 3-5: Fundição centrífuga vertical .......................................................................... 50 Figura 4-1: Peças de fundição injectada ........................................................................... 51 Figura 4-2: Máquina de fundição injectada câmara quente ............................................ 53 Figura 4-3: Máquina de fundição injectada câmara fria ................................................. 53 Figura 4-4: Enchimento cavidade – plástico .................................................................... 54 Figura 4-5: Enchimento cavidade – metal injectado ........................................................ 54 Figura 4-6: Sistema alimentação fundição injectada (com difusor) ................................ 55 Figura 4-7: Ataque molde fundição injectada .................................................................. 56 Figura 4-8: Canais fundição injectada.............................................................................. 57 Figura 4-9: Molde fundição injectada (corte)................................................................... 59 Figura 4-10: Molde fundição injectada (planta) .............................................................. 60 Figura 5-1: Fases da moldação dos termoplásticos .......................................................... 61 Figura 5-2: Molde e máquina injectora ............................................................................ 62 Figura 5-3: Molde típico .................................................................................................... 63 Figura 5-4: Separação automática dos canais e peça ....................................................... 65 vii Figura 5-5: Máquina de injecção Arburg 420 A .............................................................. 66 Figura 5-6: Ciclo de Injecção ............................................................................................ 67 Figura 5-7: Pormenor da unidade de injecção ................................................................. 69 Figura 5-8: Prato da Injectora .......................................................................................... 69 Figura 5-9: Injectora vertical ............................................................................................ 69 Figura 5-10: Injectora – Extracção por Robot ................................................................. 70 Figura 5-11: Injectora 2 cilindros ..................................................................................... 70 Figura 5-12: Áreas do fuso e do pistão ............................................................................. 71 Figura 5-13: Evolução da pressão de injecção .................................................................. 72 Figura 5-14: Perfil de temperaturas ................................................................................. 73 Figura 5-15: Contracção ao longo do tempo .................................................................... 75 Figura 5-16: Espessura não uniforme - Defeitos .............................................................. 79 Figura 5-17: Espessura não uniforme - Alternativas ....................................................... 80 Figura 5-18: Espessura não uniforme - Alternativas ....................................................... 80 Figura 5-19: Espessura não uniforme - Alternativas ....................................................... 80 Figura 5-20: Raios - Recomendação ................................................................................. 81 Figura 5-21: Nervuras - Recomendação ........................................................................... 81 Figura 5-22: Nervuras - Recomendação ........................................................................... 82 Figura 5-23: Ângulos de saída - Recomendação ............................................................... 82 Figura 5-24: Ângulos de saída - Recomendação ............................................................... 83 Figura 5-25: Furos - Recomendação ................................................................................. 83 Figura 5-26: Contra-saídas - Recomendação ................................................................... 84 Figura 5-27: Contra-saídas - Recomendação ................................................................... 84 Figura 5-28: Contra-saídas – Recomendação ................................................................... 85 Figura 5-29: Contra-saídas – Recomendação roscas ....................................................... 85 Figura 5-30: Contra-saídas – Recomendação roscas ....................................................... 85 Figura 6-1: Processos de união (ligação) .......................................................................... 86 Figura 6-2: União por dobras ........................................................................................... 86 Figura 6-3: Esquema da soldadura por fusão .................................................................. 89 Figura 6-4: Processos de soldadura por fusão .................................................................. 89 Figura 6-5: Aspecto do cordão de soldadura .................................................................... 90 Figura 6-6: Cordão e zona termicamente afectada .......................................................... 90 Figura 6-7: Morfologia dos cordões de soldadura ............................................................ 91 Figura 6-8: Tipos e posição das juntas de soldadura ....................................................... 92 viii Figura 6-9: Tipos de juntas ............................................................................................... 92 Figura 6-10: Tipos de chanfros e respectivos símbolos .................................................... 93 Figura 6-11: Simbologia (AWS) - exemplos ..................................................................... 93 Figura 6-12: Especificação AWS – Eléctrodos para aço carbono ................................... 95 Figura 6-13: Soldadura por eléctrodo revestido .............................................................. 96 Figura 6-14: Soldadura por eléctrodo revestido - Equipamento ..................................... 97 Figura 6-15: Soldadura TIG ............................................................................................. 98 Figura 6-16: Soldadura TIG - Equipamento .................................................................... 98 Figura 6-17: Soldadura MIG-MAG ............................................................................... 100 Figura 6-18: Soldadura MIG-MAG – Equipamento semi-automático ......................... 100 Figura 6-19: Soldadura por fios puxados ....................................................................... 102 Figura 6-20: Soldadura por arco submerso.................................................................... 103 Figura 6-21: Soldadura por plasma ................................................................................ 104 Figura 6-22: Soldadura por plasma - Exemplos ............................................................. 105 Figura 6-23: Soldadura por Oxigás - Equipamento ....................................................... 107 Figura 6-24: Soldadura por Oxigás ................................................................................ 107 Figura 6-25: Chama oxigás – acendimento e regulação ................................................. 108 Figura 6-26: Oxicorte ...................................................................................................... 108 Figura 6-27: Soldadura por pontos – Tipos .................................................................... 109 Figura6-28: Soldadura por pontos (resistência) ............................................................ 110 Figura 6-29: Soldadura por pontos e bossa .................................................................... 110 Figura 6-30: Máquina soldadura por pontos e roletes ................................................... 111 Figura 6-31: Soldadura resistência alta frequência (tubos) ........................................... 111 Figura 6-32: Soldadura Laser ......................................................................................... 112 Figura 6-33: Soldadura laser protegida e exemplo de aplicação ................................... 113 Figura 6-34: Processos de soldadura no estado sólido ................................................... 114 Figura 6-35: Máquinas de soldadura por ultra-sons para plásticos .............................. 115 Figura 6-36: Componentes de sistema de soldadura ultra-sons (plásticos) ................... 116 Figura 6-37: Sistema de soldadura por ultra-sons para cablagens eléctricas ............... 116 Figura 6-38: Soldadura por pressão a frio ..................................................................... 117 Figura 6-39: Mecanismo da soldadura por difusão ....................................................... 118 Figura 6-40: Soldadura por difusão – morfologia (liga cobalto) ................................... 119 Figura 6-41: Peças soldadas por difusão ........................................................................ 119 Figura 6-42: Peças soldadas por fricção (rotação) ......................................................... 120 ix Figura 6-43: Soldadura por explosão ............................................................................. 121 Figura 6-44: Evolução da colisão .................................................................................... 121 Figura 6-45: Brasagem no forno ..................................................................................... 124 Figura 6-46: Brasagem - exemplos.................................................................................. 124 Figura 7-1: Defeitos típicos em peças de fundição ......................................................... 127 Figura 7-2: Líquidos penetrantes.................................................................................... 129 Figura 7-3: Ultra-sons ..................................................................................................... 130 Figura 7-4: Magnetoscopia ............................................................................................. 131 Figura 7-5: Radiação electromagnética .......................................................................... 133 Figura 7-6: Radiografia ................................................................................................... 133 Figura 7-7: Equipamento Radiografia e exemplos ......................................................... 134 Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 1 1 - Obtenção do ferro fundido e do aço A fundição é uma das mais antigas técnicas de fabrico de peças metálicas, usada à milhares de anos. Conforme se verá na descrição detalhada dos processos de fundição, o metal a vazar tem que estar no estado de fundido (líquido) com as propriedades e componentes adequados ao fim a que se destina. Deste modo, importa conhecer o processo de obtenção do metal desde a matéria-prima até ao estado de poder ser vazado em moldes de fundição. Dada a maior relevância do uso do aço e do ferro fundido nas aplicações industriais, o estudo vai incidir sobretudo nestes dois metais. Refere-se contudo que nalguns casos, as técnicas para obtenção de outros como as ligas de alumínio, cobre, zinco etc. Apresentam algumas semelhanças, nomeadamente quanto aos fornos usados (cadinho, eléctricos, etc.), diferindo sobretudo na matéria-prima usada (minério) e no tipo de revestimento dos fornos. A metalurgia é a ciência que estuda os materiais metálicos em geral. A metalurgia do ferro incide naturalmente sobre o ferro, particularmente sobre os aços e os ferros fundidos (metais ferrosos). A indústria siderúrgica é o ramo que trata dos processos de fabrico para obtenção dos ferros fundidos e dos aços. Em Portugal temos a Siderurgia Nacional que fabrica e fornece metais ferrosos nos mais variados formatos (perfis H, L, T, I, etc.). Como se sabe da ciência dos materiais, o ferro (Fe) é um elemento químico da tabela periódica. No entanto este não existe na natureza na forma pura nem tal tem aplicação prática, mas sim na forma ligada com outros elementos. No âmbito metalúrgico quando se fala em ferro simplesmente, não se refere ao elemento químico mas sim à liga Ferro-Carbono obtida na primeira fusão no alto-forno, também designada por gusa de primeira fusão. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 2 Os metais ferrosos são assim ligas Ferro-Carbono, estando o carbono na forma de grafite (livre) ou na forma de composto químico de carboneto de ferro (Cementite Fe3C). Naturalmente existem ainda outros elementos de liga em menor percentagem que conferem propriedades específicas e outros considerados como impurezas como o enxofre e o fósforo. O fósforo (P) torna as ligas frágeis e quebradiças embora melhorem a fluidez. O enxofre (S) também torna as ligas frágeis, quebradiças, e propicia a formação de gretas, mas nalgumas situações muito específicas usa-se para melhorar a maquinabilidade. As ligas Ferro-Carbono apresentam as seguintes designações em função do teor de carbono: Tabela 1-1: Ligas ferrosas em função da % de Carbono % Carbono Nome liga Sub-tipo 0 a 0,03 Ferro puro 0,03 a 0,86 Aços Hipoeutectóide 0,86 Eutectóide 0,86 a 2,1 Hipereutectóide 2,1 a 4,3 Ferros fundidos Hipoeutético 4,3 Eutético 4,3 a 6,67 Hipereutético Refere-se ainda que raramente os aços apresentam teores de carbono superiores a 1,4%, designando-se de extra macios (até 0,25%), macios (0,25% a 0,6%) e duros (>0,6%). 1.1 - Elementos para obtenção da gusa de primeira fusão Para se obter o material ferroso (ferro técnico ou gusa) na primeira forma tecnicamente utilizável é necessário reunir os seguintes elementos que serão introduzidos num forno de grandes dimensões designado de alto-forno: Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 3 � Minerais de ferro: O ferro não existe isolado na natureza mas sim associado a outros elementos sob a forma de minerais (óxidos, carbonatos, sulfuretos e silicatos). Os principais minerais são a magnetite (72% ferro), a hematite (60%) e limonite e residualmente a pirite e a siderite. Estes minerais são extraídos de jazigos (minas) e encontram-se por sua vez associados a outros elementos (óxidos de fósforo, silício, manganês, alumínio, cálcio, magnésio, enxofre, etc.). Estes elementos considerados impurezas constituem a Ganga. Por conter elementos de elevado ponto de fusão é necessário adicionar fundentes para promover a sua fusão e separação do ferro. Outra fonte do ferro é a sucata reaproveitada que é usada em fornos de cubilote para obter ferros fundidos. � Fundentes: Juntam-se à ganga, formando novos compostos fundíveis à temperatura de operação do alto-forno. Sendo mais leves que o metal líquido sobem à superfície formando a escória. O fundente calcário de carbonato de cálcio (Castina) aplica-se em ganga siliciosa e o argiloso rico em sílica aplica-se em ganga carbonatada. � Combustíveis: O material combustível é o coque em nódulos de pós misturados com pós de calcário. O coque é obtido através da destilação do carvão, na ausência do ar, em fornos específicos (coqueiras). Aquece-se o coque a cerca de 1300ºC durante 16 horasvolatizando ou vaporizando as impurezas. � Comburente: O comburente é o elemento que se adiciona ao combustível para que este entre em combustão. Neste caso, o oxigénio está presente no ar que se insufla no alto-forno a cerca de 900-1300ºC. A liga produzida (Gusa) apresenta um alto teor em carbono (>2%) e pequenos teores de silício, manganês, fósforo e enxofre, estes últimos que a tornam frágil e quebradiça. Funde a cerca de 1150ºC. Resiste mais à compressão do que à tracção e não se pode forjar nem maquinar. Por este motivo raramente é utilizada directamente em peças, servindo sim como matéria-prima para obtenção de ferros fundidos e aços em fusões e afinações posteriores. 1.2 - O alto-forno Os elementos descritos atrás são carregados no alto-forno pela boca, retirando-se o metal líquido pela parte inferior (cadinho) e as escórias ligeiramente mais acima. Os gases de escape são tratados antes de irem para a atmosfera e recupera-se o calor dos mesmos que irá aquecer o ar insuflado e eventualmente ser usado em sistemas térmicos anexos (caldeiras, permutadores, motores de combustão, etc.). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 4 A figura seguinte ilustra a constituição típica dos altos-fornos. Figura 1-1: Constituição do alto-forno O alto-forno é um forno vertical, com secção circular, revestido interiormente por tijolos refractários envolvidos por estrutura metálica de suporte. Descrição dos principais componentes do alto-forno: � (1) Boca: Zona por onde se carregam as cargas previamente preparadas (ganga- minério, coque-combustível e fundente) e saem os fumos por condutas laterais. � (4) Cuba: Zona tronco-cónica revestida em tijolo refractário (sílica) assente em estrutura de betão (6). � (8) Zona de fusão / combustão: Revestimento em tijolo refractário sílico-aluminoso (40% de alumina) ou tijolos de carbono. O arrefecimento pode ser feito por circulação forçada de água na alvenaria. � (9) Cadinho: Zona onde assenta o metal fundido ficando à tona as escórias. Na parte inferior localiza-se o sangrador (12) para extrair o metal fundido (gusa) e na superior o sangrador (11) para extrair a escória. Nesta zona situam-se ainda as Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 5 condutas de insuflação de ar previamente aquecido (que contém o comburente oxigénio) e as algaravizes (10). Como se verifica, o material de carregamento vai descendo enquanto que o comburente (ar) vai subindo, funcionando em contra-ciclo. A carga (coque, minério e fundente) é previamente preparada para que esta fique uniforme (homogeneização) e em pequenos fragmentos ou nódulos. Seguidamente é introduzida em camadas sucessivas alternadamente para tornar o processo da combustão mais eficiente. Figura 1-2: Esquema de funcionamento do alto-forno Ao longo da descida da carga e da subida do ar quente desenvolvem-se diversas reacções químicas e transformações. O oxigénio atravessa o coque a elevada temperatura e combina-se com o carbono deste, formando CO2.numa reacção exotérmica (também se produz CO numa reacção endotérmica, embora muito menor que a libertação de calor). A Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 6 reacção exotérmica com libertação de grandes quantidades de calor fazem elevar a temperatura nesta zona do forno. A figura seguinte ilustra estas transformações. Figura 1-3: Transformações no alto-forno Os fumos à saída contêm monóxido e dióxido de carbono, azoto, vapor de água, hidrogénio, carbonetos e poeiras (cinzas) e ainda muito calor, saindo a cerca de 200ºC. Por este motivo é necessário eliminar os elementos nocivos à atmosfera e recuperar o calor para melhorar eficiência energética. Usam-se então despoeiradores (“scrubbers”) e filtros Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 7 electrostáticos para limpar e purgar os gases da combustão e recuperadores para aproveitar o calor dos mesmos. A descarga da escória e da gusa líquida faz-se a intervalos regulares dependendo da capacidade do alto-forno. A intervalos de 1 a 4 horas no caso da escória e 4 a 12 horas para extracção da gusa. Anexo ao alto-forno, existem outros acessórios como o sistema transportador da carga e especialmente o sistema despoeirador e o recuperador de calor já referidos. Tipicamente, o sistema despoeirador (“scrubber”) tem uma zona chamada ciclone onde a mudança brusca do sentido e do valor da velocidade dos fumos provoca a deposição das partículas mais pesadas na base. As poeiras ferrosas são eliminadas por magnetização. Um chuveiro de água purifica o ar e torna as partículas em suspensão mais densas. Nas instalações modernas, existem ainda filtros electrostáticos que ionizam as partículas possibilitando a sua recolha. O sistema recuperador é constituído por torres cilíndricas em tijolo refractário de alta capacidade calorífica. Existem 2, 3 ou mais torres funcionando alternadamente. Numa das torres promove-se a passagem dos gases previamente tratados no sistema despoeirador, indo aquecer as placas de tijolo refractário, estando portanto em aquecimento. A outra ou outras torres estão entretanto a ceder calor ao ar fresco que vai ser aquecido ao passar pelos tijolos refractários quentes, sendo insuflado entre 900 a 1300ºC no alto-forno. Um sistema de válvulas controla o funcionamento alternado. A figura seguinte ilustra uma instalação típica completa. No exemplo apresentado, o recuperador da esquerda está a aquecer o ar de admissão cedendo calor proveniente dos tijolos refractários. Simultaneamente, o da direita está a aproveitar os gases da combustão quentes para aquecer as placas em tijolo refractário. Seguidamente os recuperadores invertem as suas funções e assim sucessivamente. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 8 Figura 1-4: Sistemas acessórios do alto-forno A gusa obtida vai servir para fabricar lingotes a usar na fundição de componentes (2ª fusão) em ferros fundidos, por exemplo em fornos de cubilote, ou para se obter aço em conversores ou fornos eléctricos. A figura seguinte ilustra o circuito típico completo da fabricação de componentes comerciais em aço. Como se verifica, após a afinação das ligas (aços) em fornos adequados, estas são vazadas em moldes chamados lingoteiras. Estes moldes são normalmente fabricados em aço ou ferro fundido. Após solidificação e desmoldação, os lingotes obtidos são aquecidos e seguidamente laminados sob a forma de barras rectangulares ou quadradas (biletes). Posteriormente estes perfis em bruto são novamente laminados para os diversos perfis e chapas comerciais. A última laminagem por vezes é realizada a frio para orientar grão por compressão e elevar resistência mecânica (rotura e dureza). Dado que este tratamento provoca encruamento (tensões internas que podem provocar distorções e empenos) deve realizar-se tratamento térmico de recozimento de distensão. Este tratamento realizado a Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 9 uma temperatura ligeiramente acima da de recristalização permite o rearranjo dos grãos eliminando tensões internas sem contudo eliminar todo o efeito criado pela laminagem a frio (inferior à temperatura de recristalização). Existe um processo contínuo de obter estes perfis sem necessidade de vazamento em lingotes. Neste caso o aço é vazado continuamente, sendo encaminhado directamente para os diversos laminadores. Este processo descreve-se mais detalhadamente em item próprio. Figura 1-5: Etapas do fabrico de aço comercial (perfis) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD)– Processos de Fundição e de ligação 10 1.3 - O forno de cubilote O forno de cubilote é o mais antigo mas ainda assim o mais usado forno especialmente na produção de ferro fundido cinzento, dado o seu elevado rendimento, fácil regulação e boa capacidade de produção. Modernamente existem os fornos eléctricos que produzem ferros fundidos e aços de elevada qualidade, mas o tradicional cubilote continua competitivo dado o seu rendimento e custo de exploração na produção do ferro fundido. Para obtenção do ferro fundido existem ainda outros fornos como os de cadinho mas com aplicação mais reduzida. O forno de cubilote tem bastantes semelhanças com o alto-forno diferindo principalmente no facto da carga não ser minério mas sim material ferroso (lingotes, sucatas etc.). É vertical e tem a forma cilíndrica. Uma chapa de aço envolve o interior refractário (ácido, básico ou neutro). A carga é constituída por camadas alternadas de coque, castinas (fundentes – carbonato de cálcio) e materiais ferrosos (lingotes de gusa, sucatas de ferro ou aço). O ar quente é introduzido nas algaravizes por intermédio de ventiladores. Os fornos modernos contêm recuperadores de calor e despoeiradores tal como no alto- forno. O ar pode ser aquecido de forma independente ou enriquecido com oxigénio para aumentar capacidade de produção embora baixe rendimento térmico global. As figuras seguintes ilustram a constituição e as zonas de um forno de cubilote tradicional. Realça-se que não está representado o sistema despoeirador e recuperador, semelhantes aos do alto-forno. O metal líquido é recolhido pelo orifício 11 (alvado) e bica 12. A escória é recolhida pelo orifício 14 (escoriador). Pode visualizar-se na última figura a variação da temperatura do ar e da gusa ao longo da subida e da descida respectivamente. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 11 Figura 1-6: Forno de cubilote tradicional Figura 1-7: Zonas do forno de cubilote Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 12 Figura 1-8: Temperaturas no forno de cubilote Os subprodutos da fusão do cubilote podem ser valorizados: • Os gases libertados na parte alta do cubilote são recuperados e tratados. A sua energia térmica é utilizada para pré-aquecer o ar que é injectado nas tubagens do cubilote. • As poeiras arrastadas são tratadas no sentido de se extraírem metais úteis a outras indústrias. • A escória tem aplicação na construção de aterros para estradas e outras aplicações. 1.4 - Misturadores, Conversores e Fornos eléctricos Como se viu, a gusa de primeira fusão não é normalmente usada como matéria-prima para obter peças fundidas, pois apresentam impurezas como o enxofre e o fósforo que as tornam frágeis e quebradiças. Por outro lado contêm outros elementos que podem não ser adequados ao tipo de aços ou ferros fundidos que se pretendem produzir. Como tal, para se Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 13 obter determinado aço usa-se a gusa de primeira fusão obtida do alto-forno, sucata e esporadicamente minério como matéria-prima. A gusa terá então que ser afinada em Conversores (Convertidores) e/ou em fornos adequados. Estes equipamentos também são usados quando se pretende obter um ferro fundido específico, só que neste caso a matéria-prima é a gusa obtida no forno de cubilote. 1.4.1 - Misturadores Este equipamento consiste num reservatório basculante, normalmente de forma cilíndrica e de eixo horizontal que serve para armazenar grandes quantidades de gusa obtida no alto- forno uniformizando a sua composição. Este processo permite uma gestão flexível do fluxo de material fundido pois torna independente a utilização final da gusa em relação à produção do alto-forno. Por outro lado, permite a redução da percentagem do enxofre que se combina com a introdução de manganês. Dado que este elemento é caro, este processo é pouco usado em favor dos conversores e fornos eléctricos. Figura 1-9: Misturador basculante Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 14 1.4.2 - Conversores Bessemer, Thomas e LD Estes equipamentos visam afinar ou converter as gusas de ferro fundido no estado líquido provenientes do alto-forno ou dos fornos de cubilote, transformando-as em aço através da redução dos teores dos elementos de liga indesejados. Esta redução é obtida insuflando ar sob pressão no seio da gusa líquida, indo o oxigénio reagir com os vários elementos, formando óxidos que se ligam entre si (escória). Estas reacções produzem calor que favorece ainda mais o processo. Não necessita de combustível para manter a gusa líquida. A insuflação pode ser pelo fundo ou lateral. Após as várias reacções, procede-se à correcção e desoxidação (devido à oxidação prejudicial do ferro sob a forma de óxido que enfraquece a liga), adicionando os elementos necessários, como o manganês para a desoxidação. Existem basicamente dois tipos de conversores: � Ácido – Bessemer: Executado em refractário ácido (sílica SiO2) para gusas ácidas (alto teor em silício e baixo em fósforo). � Básico ou silicioso – Thomas: Executado em refractário básico (argila ou dolomite - mineral de cálcio e magnésio) para gusas ricas em fósforo e pobres em silício. Estes conversores são recipientes com a forma de um ovóide ou pêra, revestidos externamente por chapa de aço e internamente pelos refractários. São munidos de um eixo de rotação para colocação na posição vertical e horizontal. O processo tem 3 fases principais: • Fase 1: Carregamento da liga no estado líquido a cerca de 1200ºC, na posição horizontal; • Fase 2: Insuflação do ar pelo fundo (pequenos canais) na posição vertical para promover as reacções de oxidação; Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 15 • Fase 3: Após término das reacções, procede-se à correcção e desoxidação da liga de aço obtida, sendo seguidamente vazada a escória e finalmente a liga. A elevação da temperatura até cerca de 1600ºC deve-se principalmente à oxidação do silício no processo Bessemer e pela combustão do fósforo no processo Thomas, atingindo cerca de 1700ºC. Figura 1-10: Conversor Bessemer original Figura 1-11: Esquema do conversor Bessemer Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 16 A tabela seguinte resume as vantagens e desvantagens dos conversores. Tabela 1-2: Vantagens e desvantagens dos conversores Vantagens (+) Desvantagens (-) Simplicidade Não permitem praticamente o uso de sucatas Dimensões reduzidas Boa capacidade de produção (até cerca de 50 Ton) Baixa qualidade dos aços (elevados teores de óxidos de ferro e de azoto Não necessitam de combustível Custos baixos de operação Regulação difícil Perda de metal elevada (5-10%) Uma evolução dos conversores é o conversor LD, desenvolvido em 1953 nas cidades austríacas de Linz e Donawitz, usado na siderurgia nacional. A grande diferença relativamente aos anteriores é o facto de se usar oxigénio puro insuflado a alta velocidade directamente no banho pela parte superior, através de uma lança (tubo refrigerado a água). Estes conversores possibilitam um melhor controlo do processo, mais rápido e eficaz. O processo LD é dos mais usados na obtenção do aço, resumindo-se as suas vantagens na tabela seguinte. Tabela 1-3: Vantagens do processo LD Permite converter gusas com teores menos exigentes de fósforo e silício Conversão mais rápida Melhor rendimento Permite o uso de sucata como matéria-prima (até 30%) Permite ligas com baixo teor de carbono (aprox0,06%) Obtém-se baixo teor de impurezas. Fraca contaminação do aço por nitrogénio (devido a oxigénio quase puro). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 17 Figura 1-12: Conversor LD Refere-se por último que existem outros conversores a oxigénio puro como os tipo Kaldo e Rotor em que a grande diferença para os LD é que são de corpo rotativo. Figura 1-13: Tipos de conversores Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 18 1.4.3 - Forno Siemens-Martin Estes fornos de câmara aberta são essencialmente de afinação e usam um combustível no processo, que pode ser gás, líquido ou mesmo sólido pulverizado. Por este motivo podem arrancar com uma carga inteiramente sólida o que não acontece nos conversores. Deste modo permitem grande aproveitamento de sucatas. A qualidade dos aços obtidos é também superior pois a redução do C, Si e Mn é obtida por reacções entre a escória e o metal líquido em vez da combinação com o oxigénio. Estão contudo a entrar em desuso dado o seu rendimento e questões ambientais, sendo gradualmente substituídos pelos conversores e fornos eléctricos. Figura 1-14: Esquema do forno Siemens-Martin O exemplo apresentado tem 4 recuperadores, estando os dois da esquerda a aquecer o gás combustível e o ar, necessários para a combustão, enquanto que os dois da direita estão a aproveitar o calor dos gases da combustão para aquecer as placas refractárias. O ar e o gás são misturados na cabeça de combustão ou queimador produzindo a chama que irá elevar a temperatura no interior do forno. O fundo do forno (soleira) é constituído por material refractário básico ou ácido e contém no seu fundo um orifício para escoar o metal fundido. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 19 As válvulas controlam a sequência e alternância do funcionamento dos recuperadores, invertendo o esquema apresentado. 1.4.4 - Fornos eléctricos e de cadinho Estes são os fornos gradualmente mais usados pois a disponibilidade da energia eléctrica tem aumentado e por outro lado estes fornos são mais versáteis. Conseguem-se atingir temperaturas muito elevadas no interior dos fornos pelo permitem fundir toda a espécie de aços ligados e outras ligas não ferrosas. Dado que não existe queima de combustível o processo de fusão realiza-se na ausência de impurezas, eliminando quase completamente o enxofre e o fósforo Existem basicamente os fornos de resistência (menos usados), os de indução e os de arco eléctrico. Os fornos de cadinho são essencialmente usados na fusão de ligas não ferrosas. � Fornos de resistência Figura 1-15: Fornos eléctricos de resistência São fornos constituídos por resistências eléctricas que aquecem por efeito de joule e transmitem esse calor (Q) principalmente por condução e radiação até ao metal a fundir. Podem ser de aquecimento directo ou indirecto. No directo usa-se por exemplo um bastão Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 20 de grafite que irradia calor ao banho directamente. No indirecto, as resistências envolvem o recipiente do forno aquecendo este que por sua vez aquecem o banho. � Fornos de arco eléctrico Estes fornos são dos mais usados na fundição de praticamente todos os metais. Contêm um dois ou mais eléctrodos que criam um arco eléctrico entre eles e/ou a carga a fundir. No processo directo, cria-se um arco entre cada eléctrodo e o metal a fundir, recebendo este calor por radiação e por efeito de joule. No processo indirecto, criam-se arcos eléctricos entre os eléctrodos colocados acima do metal a fundir, recebendo este calor por radiação. Existem vários formatos destes fornos desde os de pequenas dimensões até aos de elevada produção. Alguns são basculantes para remoção da escória e da liga fundida. Outros têm simplesmente um orifício no fundo. Figura 1-16: Forno de arco eléctrico directo Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 21 Figura 1-17: Forno de arco eléctrico indirecto O material mais usado nos eléctrodos é a grafite por ser refractária, boa condutora e não muito cara. No entanto, desgastam-se rapidamente e como têm alto teor em carbono pode ser um problema em aços em que não se admite percentagens altas, por exemplo os inoxidáveis (< 0.06%). Uma solução possível, apesar de cara é o uso do tungsténio com um desgaste diminuto. A figura seguinte ilustra uma instalação típica completa. Figura 1-18: Instalação típica completa de forno de arco eléctrico Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 22 � Fornos de indução Estes fornos contêm um circuito que é o indutor sendo a carga a fundir o induzido. Pelo princípio da indução, a passagem de uma corrente variável num condutor produz um campo magnético variável na sua vizinhança. Por sua vez um campo magnético variável produz uma corrente num condutor sujeito a esse campo. O condutor, ou seja o induzido, é o metal a ser fundido que vai estar sujeito a grandes intensidades de corrente que desenvolvem calor fundindo a carga. A corrente variável na indutor é criada por corrente alternada. Existem fornos com frequências desde os 50 Hz (rede eléctrica nacional normal) até aos 5000 Hz. Estes fornos necessitam normalmente de arrancar com carga já liquida ou com pequenas quantidades de carga sólida, tendo grande aplicabilidade na afinação de ligas metálicas. A bobina indutora é normalmente refrigerada a água. Figura 1-19: Forno de indução Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 23 � Fornos de cadinho Os fornos de cadinho usam-se principalmente na fundição de ligas não ferrosas. Podem ser móveis, fixos, basculantes ou rotativos. O material do seu revestimento é composto normalmente por argila, grafite, carboneto de silício, chapa de aço e ferro fundido. As formas são também variadas tal como o sistema de energia (electricidade, combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos). O termo cadinho refere-se normalmente ao recipiente (panela) onde o metal é depositado para fundir, recebendo a energia calorífica externamente. Os fornos de cadinho confundem-se assim com alguns já referidos. O forno de indução por exemplo não é mais que um forno de cadinho. A figura seguinte ilustra um forno de cadinho alimentado a gás. Figura 1-20: Forno de cadinho a gás Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 24 2 - Fundição de metais Dado que os líquidos adquirem a forma dos vasos (recipientes) que os contêm (Arquimedes), a fundição tem como fundamento a obtenção de peças com a forma do negativo do molde, vazando o metal no estado de fundido (líquido) na cavidade do molde. Após arrefecimento, abre-se ou destrói-se o molde e retira-se a peça pretendida já solidificada. A tecnologia da fundição é o conjunto de processos, métodos e técnicas para a obtenção de peças por fundição de forma controlada. Existem inúmeros processos de fabrico associados à fundição pelo que se vai incidir somente nos mais tradicionais e representativos, abordando-se exemplos dos chamados moldes perdidos e permanentes com modelos também perdidos ou permanentes. Entende-se por molde a ferramenta que contém a cavidade onde é vazado o fundido. Se tiver que ser destruído em cada ciclo de fundição para desmoldar a peça ou peças chama- se molde perdido. Caso contrário trata-se de molde permanente (normalmente metálico). O modelo é uma réplica da peça a obter que vai servir para obter a cavidade do molde (moldação) quando esta não é obtida por maquinaçãodirecta. Pode ser também perdido ou permanente. Segue-se uma tabela geral com indicação dos processos de fundição adequados a alguns materiais metálicos. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 25 Tabela 2-1: Processos de fundição Grupo Ligas ( T fusão, densidade d) Ligas Processo fundição Ferros fundidos (1275-1355ºC) (d ≈7,2) Ferro fundido cinzento (grafite lamelar ou esferoidal) – moldáveis e maquináveis e tenazes (só os esferoidais). Ferro fundido branco (carbono sob a forma de cementite Fe3C). Ferro fundido maleável (tratados termicamente para melhorar fragilidade e maquinabilidade). Outros. Moldes em areia Aços (alguns >1500ºC) (d ≈7,85) Aços ao carbono de baixa e alta liga. Aços ligados resistentes ao calor, desgaste e ataques químicos. Moldes em areia. Moldes com modelos perdidos. Moldações cerâmicas. Alumínio (650-790ºC) (d ≈2,7) Ligas A9, A8,A7, … Moldes em areia. Moldes com modelos perdidos. Moldes permanentes metálicos Cobre (980-1230ºC) (d ≈8,5 – 8,9) Latões, bronzes Moldes em areia. Moldes permanentes metálicos Magnésio (705-790ºC) (d ≈1,7-1,8) Ligas de magnésio Moldes em areia. Moldes permanentes metálicos injecção Zinco (400 a 450ºC) (d ≈6,6-7) Ligas de zinco (Zamacs) Moldes permanentes metálicos injecção Super-ligas Níquel, Cobalto, Titânio, … Especiais Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 26 2.1 - Fundição areia O molde (moldação) deve resistir a temperaturas acima da temperatura de fusão do metal a ser vazado. Mesmo existindo actualmente aços muito resistentes ao calor, o problema da fadiga térmica limita o uso dos chamados moldes permanentes metálicos na fundição de metais de elevado ponto de fusão como são os ferros fundidos e as ligas de cobre. A grande maioria das peças vazadas é obtida com moldes em areia que é um material refractário, vulgarmente designada de areia verde ou areia de fundição, permitindo contornar o problema anterior, embora o molde seja perdido (não permanente). A areia produz-se pela desagregação de cristais de rocha por acção natural (erosão chuva e vento, frio, calor) ou artificial (processos mecânicos). As areias mais usadas em fundição são as se sílica (granitos) devido ao baixo custo e disponibilidade. A chamada areia de fundição é na verdade uma mistura de sílica (refractário), argila (material ligante lamelar, composto essencialmente de silicato de alumínio hidratado) e água (aditivo) e outros aditivos específicos. Areia típica: � Areia-base: Sílica; � Argila (Bentonite) – 5 a 7%; � Água – 2 a 3,5% � Pó de carvão mineral (evita sinterização da areia e melhora acabamento); � Dextrina (melhorar resistência mecânica do molde); � Pó de madeira, óxido de Ferro, … As areias devem apresentar as seguintes propriedades: Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 27 Tabela 2-2: Propriedades das areias de fundição Estabilidade térmica e dimensional a altas temperaturas (dilatação baixa) Tamanho e distribuição dos grãos adequados Não ser reactiva com o material a fundir Baixa molhabilidade com o fundido Inexistência de partículas fundíveis e que criem gases Boa disponibilidade e baixo custo Boa refractariedade (ponto de fusão elevado) Boa resistência mecânica (compactação) Permeabilidade adequada (a gases) Plasticidade, consistência e granulometria adequada Um dos aspectos importantes é a granulometria da areia (seca e limpa) que está relacionada com o tamanho do grão (malha de um filtro). Usa-se o indicador índice de finura (f) que indica o grau de finura da areia. Quanto maior o índice de finura mais fina é a areia, logo menor é a granulometria e a permeabilidade a gases. Tipos de areia: � areia de moldação fina: tamanho de grão (120-180 AFS), alta percentagem de argila (12 a 15%); � areia de moldação média: tamanho de grão (80-100 AFS), alta percentagem de argila (8 a 14%); � areia de moldação grosseira: tamanho de grão (60-100 AFS), baixa percentagem de argila (4 a 6%), sendo este tipo de areia mais utilizada para o aço e para o ferro, devido à necessidade destes metais permanecerem por um longo período de tempo na moldação. Em unidades industriais de produção série, as areias são preparadas em equipamentos específicos, aproveitando-se as areias provenientes das desmoldações. O processo geral de fundição pelo método de molde perdido (areia) compreende as etapas apresentadas no diagrama seguinte. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 28 Figura 2-1: Fases da produção – Moldes perdidos (areia) Os moldes em areia são geralmente constituídos por duas caixas normalmente em chapa de aço (superior e inferior), pelo modelo (madeira, metal ou outros) que vai definir a cavidade do molde e o sistema de alimentação e finalmente por machos perdidos, também em areia que vão moldar os ocos da peça fundida. As duas caixas são guiadas por pinos alinhados e irão ser cheias com areia compactada (manualmente ou mecanicamente). A figura seguinte ilustra um molde de areia e demais constituintes, sendo o modelo em madeira constituído por duas metades. Como a peça a fundir tem um oco (furo) terá que existir um macho perdido em areia. Os machos terão que ter alojamentos adequados na areia (prensos) para não se deslocarem e ficarem devidamente posicionados. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 29 Figura 2-2: Constituição de molde de areia Figura 2-3: Molde de areia (corte) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 30 A figura seguinte ilustra as fases da composição do molde, sendo o modelo constituído por duas meias partes (placas-molde). Os machos perdidos são obtidos por duas caixas de machos. Figura 2-4: Composição do molde de areia � Fase 1: Projecto da peça e ferramentas � Fase 2: Execução das caixas de machos � Fase 3: Moldação dos machos (compactação da areia aglomerada) � Fases 4,5: Execução dos modelos ou placas-molde � Fases 6,7: Compactação da areia na caixa superior (com canais alimentação) � Fases 8,9,10: Compactação da areia na caixa inferior e colocação do macho � Fase 11: Caixas superior e inferior unidas após remoção das placas-molde � Fase 12: Vazamento e remoção da peça após solidificação (molde destruído) � Fase 13: Corte dos alimentadores, rebarbação e controlo final Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 31 O ciclo geral de preparação das areias de fundição apresenta-se no diagrama seguinte. Figura 2-5: Ciclo das areias � Desintegrador: Separar os grãos de areia pré-revestidos com aglomerante e aditivos, garantindo maior homogeneidade e capacidade de moldação. Areia velha Desmoldador Triturador Separador magnético Crivo + Aspirador Doseador Areia nova Secador Crivo + Aspirador Doseador Água+Aglomerante +Aditivos Moinho misturador Desintegrador Moldação Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 32 Figura 2-6: Silo e Moinho misturador A compactação da areia nas caixas de moldação pode ser executada manualmente (maços) ou mecanicamente em grandes produções. As possibilidades vão desde a técnica de projecção da areia através de turbinas de arremesso radial, sistema vibratório seguido de compressão ou insuflação de ar comprimido na caixa de areia compactando-a contra o modelo.Uma técnica muito usada em produção série é a “Disamatic” com execução sequencial de moldações em areia, que quando unidas formam a cavidade moldante. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 33 Figura 2-7: Compactação por vibração e compressão Figura 2-8: Compactação e máquina “Jolt Squeeze” Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 34 Figura 2-9: Moldação “Disamatic” Figura 2-10: Moldação por impacto Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 35 Outra técnica de moldação usada é a cércea quando o perfil da peça é de revolução ou de translação. A figura seguinte ilustra uma moldação à cércea por rotação do perfil. Figura 2-11: Moldação à cércea � Fase 1: Rodar a cércea “a” que irá moldar a caixa superior � Fase 2: Retirar eixo e cércea, tapar furo deixado, colocar caixa superior, polvilhar com areia fina, abrir alimentadores, aplicar areia e compactar � Fase 3: Retirar caixa superior, colocar cércea “b” e rodar, moldando caixa inferior � Fase 4: Remover cércea e tapar furos deixados, polvilhar molde, colocar caixa superior 2.2 - Moldação com areia e aglomerantes orgânicos (Shell-moulding) Este processo de maior precisão, usa moldes de areia em forma de casca. A areia é de sílica muito fina (pureza superior a 98%), finura 100 a 150 AFS, teor de argila inferior a 15%. Os aglomerantes são resinas sintéticas que polimerizam a determinada temperatura, sofrendo inicialmente um amolecimento e de seguida um endurecimento irreversível. Podem ser resinas fenólicas, de ureia ou melaninas. Os modelos com ângulos de saída, são montados em placas-molde e irão ser aquecidos a uma temperatura entre 150ºC a 300ºC, durante 3 a 5 minutos, polimerizando a areia com resina que os envolve. A figura seguinte ilustra este processo. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 36 Figura 2-12: Moldação shell-moulding � Fase 1: Execução do modelo metálico � Fase 2: Fixação do modelo a uma placa metálica que é aquecida (150ºC a 300ºC) e revestida com desmoldante (Silicone) � Fase 3: Fixação de uma caixa com areia pré-revestida com resina à placa-modelo � Fase 4: Rotação da caixa e da placa-modelo, queda por gravidade da areia sobre o modelo seguido de polimerização criando casca dura com 5-7 mm espessura � Fase 5: Nova rotação da caixa e da placa-modelo e remoção da areia não polimerizada. Repetição para obter outra meio moldação. A extracção da placa- molde da placa-modelo pode ser executada por pinos extractores � Fase 6: União das meias moldações (colagem, aperto com grampos, e eventualmente colocação em caixa cheia com areia ou outro material). Vazamento do material � Fase 7: Peça obtida em bruto � Fase 8: Corte e rebarbação. Maquinar se necessário Este processo apresenta bastantes vantagens em relação aos anteriores mas também algumas desvantagens, como a seguir se indicam. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 37 Tabela 2-3: Shell-moulding - Vantagens vs Desvantagens Vantagens (+) Desvantagens (-) Maior precisão, tolerâncias dimensionais mais apertadas, maior rigor de forma Custo mais elevado das areias pré- revestidas Menor rugosidade superficial Custo mais elevado das placas-modelo Rapidez de fabrico Limitação do processo a peças pequenas e médias (resistência mecânica das carapaças) Redução do volume de areias de moldação Moldações leves Processo mais económico que os de areia para produção de grandes séries de peças Areias não recicláveis economicamente 2.3 - Moldação de precisão (cera perdida) Neste processo de fundição de precisão, utiliza-se um modelo perdido em cera para se obter o molde em pasta cerâmica refractária (também perdida). Figura 2-13: Moldação cera perdida � Fase 1: Moldação do modelo em cera (natural ou sintética sob a forma de termoplástico) num molde de injecção � Fase 2: Formação de um cacho por colagem das unidades repetitivas que servirão para moldar o molde em pasta cerâmica e pós refractários � Fase 3: Pulverização ou Imersão da árvore de modelos num banho de refractário de granulometria fina (lama refractária - revestimento primário). Deposição de camadas sucessivas de material refractário (pó de sílica ou zircónio) para constituição de um corpo em casca cerâmica auto-resistente (revestimento secundário) � Fase 4: Destruição do modelo de cera por fusão (vapor de água sob pressão) e cozimento (cura) do material cerâmico da moldação para conclusão do processo de presa em forno a 870ºC-1095ºC � Fase 5: Vazamento do metal fundido e solidificação Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 38 � Fase 6: Destruição do molde para obter peça � Fase 7: Corte dos excessos, acabamento final e controlo dimensional Tabela 2-4: Fundição cera perdida - Vantagens vs Desvantagens Vantagens (+) Desvantagens (-) Flexibilidade de forma Peças de pequenas e médias dimensões Tolerâncias dimensionais apertadas Processo moroso e exigente na obtenção dos modelos Grande produtividade Elevado rigor dimensional Bom acabamento superficial Peças sem linhas de partição Espessuras mínimas inferiores às obtidas por Shell-Moulding 2.4 - Moldação permanente (coquilha) A moldação em coquilha (moldes permanentes metálicos) usa-se essencialmente na fundição de ligas de baixo ponto de fusão como os latões, alumínios, magnésio e excepcionalmente alguns ferros fundidos hipereutécticos. Existem os chamados moldes de injecção (sob pressão) abordados em capítulo próprio e os moldes de fundição por gravidade. Os moldes em areia vistos atrás funcionam também por gravidade mas não são permanentes (são destruídos em cada moldação). O enchimento das cavidades faz-se por acção da gravidade (peso próprio do material a fundir e coluna líquida) pelo que o sistema de alimentação deve ser bem dimensionado, bem como os alimentadores para compensar a contracção do material. Relembra-se que neste caso não existe um sistema auxiliar de pressão que compacte o material, como é o caso dos moldes de injecção. A moldação em moldes permanentes metálicos tem a grande vantagem de permitir inúmeras moldações com o mesmo molde. No entanto o material com que são fabricados deve resistir a altas temperaturas e ao ataque e adesão do fundido, embora mesmo assim se usem revestimentos adequados (isolantes e lubrificantes). Por este motivo usa-se Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 39 habitualmente aços apropriados para trabalho a quente ou ligas de cobre-berílio com excelentes propriedades térmicas (condutibilidade e resistência). Para evitar grandes gradientes térmicos, os moldes metálicos devem ser pré-aquecidos até estabilizarem a temperatura e só depois entrarem em funcionamento. Para moldar ocos das peças podem usar-se machos móveis se possibilitarem desmoldação. Caso contrário, terão que se incorporar machos destrutíveis em cada moldação, tornando o processo de moldação semi-permanente. Estes machos são normalmente fabricados em processos contínuos automáticos através de caixas de machos (moldes metálicos) por shell-moulding de sopro de areia. As metades da coquilha podem ser montadas em dispositivos manuais que permitem a abertura por rotação (tipo livro) ou por translação. No entanto existem máquinas automáticas chamadas coquilhadoras (ou coquilhadeiras) que funcionam em ciclo automático ou semi-automático. As figuras seguintes ilustram a operação manual e máquinas coquilhadoras.Figura 2-14: Abertura da coquilha tipo livro (rotação) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 40 Figura 2-15: Abertura da coquilha por translação Figura 2-16: Coquilhadoras para alumínio e latão Existem igualmente máquinas automáticas para obtenção de machos em casca (shell- moulding) que serão incorporados nas coquilhas em cada moldação (machos perdidos). A figura seguinte ilustra alguns desses equipamentos. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 41 Figura 2-17: Sopradoras de areia (machos shell) A moldação por coquilha compreende normalmente as seguintes fases: Figura 2-18: Moldação por gravidade - Coquilha � Fase 1: Maquinação da coquilha e caixa de machos (quando for necessário o uso de machos perdidos) por CNC-CAM ou copiadoras � Fase 2: Obtenção dos machos por sopro de areia (shell-moulding) ou outro processo e colocação na coquilha, devidamente posicionados e presos (prensos) � Fase 3: Vazamento manual ou por robot, do metal (previamente fundido num forno) para dentro da coquilha. Este processo pode ser executado em coquilhadoras manuais (rotação ou translação) ou automáticas (desejável para grandes produções) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 42 � Fase 4: Abertura da coquilha e extracção da peça solidificada (ainda muito quente, ao rubro) e remoção destrutível do macho em areia � Fase 5: Corte dos jitos e alimentadores, e rebarbação. Por vezes usam-se máquinas de jactos abrasivos (esferas de vidro, areia, etc.) � Fase 6: Maquinação das zonas funcionais e de maior precisão. Para tal a peça deve ser moldada com sobreespessura de maquinação � Fase 7: Controlo final e expedição para cliente colocar peça em serviço Tabela 2-5: Fundição permanente metálica - Vantagens vs Desvantagens Vantagens (+) Desvantagens (-) Peças com maior precisão dimensional e melhor acabamento superficial Limitado a ligas de baixo ponto de fusão Molde permanente permite grandes quantidades de moldações Alto custo das ferramentas amortizável só em grandes produções Menos defeitos e melhores propriedades mecânicas (embora algumas peças devam ser tratadas termicamente devido às tensões provocadas pela contracção muito rápida) Necessário revestimentos para protecção do molde (isolantes e lubrificantes) Diminuição do nº de zonas a maquinar, logo dos custos de maquinação Algumas geometrias com linhas de apartação complexas não são possíveis de desmoldar. Permite obter peças de secção mais fina e uniforme 2.5 - Concepção de peças de fundição, modelos e machos De um modo geral as peças de fundição devem obedecer às regras vistas para as peças plásticas, nomeadamente espessuras uniformes e não demasiado grandes, ângulos de saída de modo a facilitar a extracção do modelo nos moldes de areia ou a própria peça já fundida nos moldes permanentes metálicos. Aspecto essencial é a introdução de raios de concordância interiores pois a presença de quinas vivas introduz grande concentração de tensões térmicas, originando fissuras nas peças, algumas delas imediatamente após a moldação. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 43 As zonas a serem maquinadas posteriormente devem ter sobreespessura adequada sem ser exagerada pois pode provocar rechupes e chochos nas peças. Sobretudo nos ferros fundidos deve sempre atender-se ao facto de que estes resistem mais à compressão do que à tracção. Assim, as eventuais nervuras ou geometrias de reforço devem ser introduzidas na peça de forma a que fiquem preferencialmente à compressão. Dado que as peças contraem durante a solidificação é necessário prever uma majoração às dimensões do molde. Assim, os modelos que servirão para criar a cavidade de moldação na areia devem ter essa majoração. Se o molde for permanente metálico, a cavidade é maquinada com essas dimensões majoradas. Os machos perdidos em areia (shell ou outros) terão também que ser executados com as dimensões majoradas da contracção. Se estes forem obtidos numa caixa de machos (por exemplo por shell-moulding com sopro de areia) tem que se contar com a própria contracção da areia que embora baixa atinge cerca de 0.5%. Os machos devem ter um prolongamento, designado por prenso, de forma a ficarem devidamente fixos no molde. Dado que a maioria dos machos têm prensos cilíndricos, é necessário prever atravancamento contra translação e/ou rotação (ex: golas, abas, etc.). A linha de abertura do molde deve ser a mais simples possível e em local adequado à menor complexidade do molde. O exemplo seguinte mostra como uma definição incorrecta da linha de abertura pode complicar o molde (implica a execução de machos perdidos). Figura 2-19: Concepção do molde – Plano de abertura Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 44 A figura seguinte ilustra os problemas causados pela falta de ângulos de saída e de raios de concordância, durante extracção do modelo na execução do molde em areia. De notar que surgirão também problemas de tensões internas na peça vazada depois de solidificada. Mesmo num molde metálico a situação sem ângulos e raios de concordância é nefasta pois prejudica a extracção da peça vazada do molde. Figura 2-20: Concepção – Ângulos de saída e concordâncias Figura 2-21: Concepção – Recomendações de ângulos de saída Durante a solidificação, as peças fundidas contraem como se referiu. Nos moldes permanentes de injecção controla-se a contracção através da pressão exercida pelo cilindro de injecção, introduzindo novo material para compensar a diminuição do volume. Já nos moldes de fundição por gravidade tal não é possível. A contracção volumétrica é compensada através de material fornecido pelos alimentadores. O sistema de alimentação típico compreende assim uma bacia e canal de vazamento, o ataque, os referidos alimentadores (abertos atmosféricos ou fechados). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 45 Figura 2-22: Fases da solidificação Como se verifica, a última zona a solidificar fica com defeito de rechupe. Este defeito fica nos alimentadores se estes forem devidamente dimensionados (em número devido ao raio de acção e em forma). Tem que se garantir que estes sejam os últimos a solidificar. Por este motivo devem ter espessura e volume muito superiores à espessura média da peça. Note-se que se introduz desperdício na moldação que é necessário retirar e rebarbar, mas que é refundido novamente (totalmente reciclável). Figura 2-23: Sistema de alimentação A tabela seguinte apresenta alguns valores típicos de contracção de materiais vazados. De referir que são valores orientativos pois a contracção depende de inúmeros factores como a geometria da peça (espessuras), do tipo de molde (quanto à areia, permeabilidade a gases, moldes metálicos), dos alimentadores, etc. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 46 Tabela 2-6: Contracção linear de ligas metálicas Liga Contracção (%) Aço 1.8 Ferro fundido cinzento 1.0 Ferro fundido maleável 2.1 Zinco 1.6 Alumínio 1.8 Bronze (10% Sn-20% Sn) 0.8-1.5 Latão 1.5 Níquel e ligas cobre-níquel 8-9 Seguem-se algumas recomendações de ordem geométrica. Figura 2-24: Recomendações geométricas Figura 2-25: Recomendações geométricas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 47 Um dos aspectos a considerar no sistema de alimentação é a vertente económica para além da técnica.Pretende-se que o sistema produza peças boas. Quanto maior forem os alimentadores mais facilmente se obtêm peças boas mas mais caro será. Terá que se optimizar esta relação, resultante no melhor compromisso técnico-económico. Um dos indicadores é o aproveitamento unitário AU: • 100(%) xPeso Peso AU gitospeça peça + = Se fosse possível obter uma peça sem gitos obtinha-se um aproveitamento de 100%, isto é, sem desperdícios. Um sistema de alimentação pode estar bem dimensionado, mas ocasionalmente pode originar peças defeituosas. Um indicador mais representativo será então o aproveitamento global AG: • 100(%) xPeso Peso AG gitospeçasNOKpeçasOK okpeçastotal ++ −− = Este indicador considera o aproveitamento de todo o material vazado (peças boas obtidas, gitos e peças rejeitadas) para se obter um lote de peças boas. As peças rejeitadas serão refundidas acarretando novos custos. Só seria possível um aproveitamento de 100% se não existissem gitos (alimentadores, canais, ataques) e não se produzissem peças defeituosas. Note-se que um sistema pode ter um bom AU mas um mau AG por provocar muitas peças defeituosas. Por outro lado se se sobredimensionar a alimentação, o número de peças defeituosas certamente baixará mas o indicador AG irá reflectir o facto de se gastar demasiado material nos gitos. O indicador global é também sensível à ineficiência do projecto do sistema de alimentação. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 48 3 - Outros processos de fundição A título de exemplo refere-se a fundição contínua para obtenção de lingotes de forma contínua (ininterrupta) e a fundição centrífuga para obter tubos sem costura. 3.1 - Fundição contínua Como referido atrás, este processo automático produz lingotes prismáticos continuamente, com boa uniformidade (melhor qualidade), com pouca necessidade de mão-de-obra e menor consumo energético. Logo, é um processo de grande produtividade. O material é continuamente vazado em molde com a forma do lingote pretendido (quadrado, rectangular, etc.) e após arrefecimento as barras obtidas são cortadas com as medidas pretendidas. Figura 3-1: Fundição contínua vertical-horizontal Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 49 Figura 3-2: Fundição contínua vertical 3.2 - Fundição centrífuga Neste processo obtêm-se tubos sem costura sem a necessidade de machos para moldar ocos. A rotação contínua do molde compacta o metal para a periferia obtendo-se espessura uniforme. É um processo de moldação sob pressão garantindo-se melhor definição da moldação. A solidificação é mais rápida devido à maior taxa de escoamento de calor. Este processo pode ser horizontal ou vertical. A velocidade de rotação deve ser adequada de modo a que o material agarre às paredes do molde e não deslize. As figuras seguintes ilustram estes processos. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 50 Figura 3-3: Fundição centrífuga horizontal Figura 3-4: Fundição centrífuga horizontal – Fases solidificação Figura 3-5: Fundição centrífuga vertical Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 51 4 - Fundição injectada Os moldes de fundição injectada, que são permanentes metálicos, destinam-se a moldar ligas metálicas (leves) por injecção/pressão, de relativo baixo ponto de fusão, boa fluidez, que não ataquem o molde (coquilha) e de espessuras relativamente baixas (até 3 mm). As ligas mais usuais são: • Ligas de alumínio. São as mais usadas. Grande aplicação geral. Leves e resistentes. Temperatura fusão 650ºC-800ºC. • Ligas de zinco (Zamac 3, 5 8, …: Zinco 92%-95%, Al 3.5%-4.5%, Mg 0.03%- 0.45%, Cobre 0.1%-3.1%). Baixo ponto de fusão (400ºC-450ºC). Boa resistência à corrosão. Fechaduras, mecanismos, suporte de aparelhagem. • Ligas de cobre-zinco (latões ex: 60%-40%). Torneiras, válvulas. • Ligas de cobre-estanho (bronze, 2-11%, restante cobre e/ou chumbo). Casquilhos, mecanismos torneiras, condutores. • Ligas de magnésio (ex: MgAl9Zn ou AZ92A, Al 9%, Zn 2%, restante magnésio). Leves (d=1.7). Em geral ligadas com alumínio. Leves e resistentes. Aeronáutica e aeroespacial, câmaras fotográficas e vídeo. Temperatura fusão 700ºC-800ºC. Figura 4-1: Peças de fundição injectada Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 52 A fundição injectada apresenta muitas semelhanças com a injecção dos plásticos, diferenciando-se sobretudo na maior exigência dos parâmetros do processo (temperatura e pressão) e no sistema de alimentação. Os moldes para fundição injectada são mais solicitados em termos de desgaste e fadiga térmica pelo que a escolha dos aços deve ser muito cuidadosa. O material a ser injectado no molde é previamente fundido num forno pertencendo à injectora (máquina de fundição injectada de câmara quente) ou num forno externo à máquina (máquina de fundição injectada de câmara fria). Nas máquinas de câmara quente o forno de fusão e manutenção está acoplado à máquina de injecção, onde uma manga de enchimento (pescoço de cisne) está submersa no fundido permanentemente. Facilitam mais automação e rentabilidade mas é muito agressivo para a máquina. Usam-se especialmente para injectar ligas de baixo ponto de fusão (chumbo- estanho, à base de zinco (zamac) e á base de magnésio). Nas máquinas de câmara fria, o forno é separado da máquina, devendo no entanto estar perto, para facilitar transferência do fundido para o cilindro de forma manual ou automática. Um êmbolo injecta o fundido dentro do cilindro para o sistema de alimentação do molde. Como o fundido está menos em contacto com a máquina é menos agressivo para esta. Usam-se sobretudo para ligas de mais alto ponto de fusão (magnésio, alumínio, cobre). As pressões de injecção mais usuais são as apresentadas na tabela seguinte. Tabela 4-1: Pressões típicas de injecção de ligas leves Ligas Zinco Alumínio Magnésio Cobre Pressão (bar) 100 a 300 800 a 1200 700 a 1000 800 a 1200 Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 53 Figura 4-2: Máquina de fundição injectada câmara quente Figura 4-3: Máquina de fundição injectada câmara fria Como se depreende, as temperaturas de vazamento destas ligas são sensivelmente superiores aos dos plásticos, como exemplo a do alumínio é acima dos 650ºC e nos plásticos de 180ºC a 320ºC. A temperatura do molde para injectar alumínio é na ordem dos 300ºC enquanto que nos plásticos é de 40ºC a 140ºC. Dado que o enchimento deve ser muito rápido para impedir solidificação prematura da liga (de 0.01 a 0.3 segundos), devem ser previstos respiradores adequados e poços de retenção Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 54 da frente de material. Por este motivos as peças têm normalmente que ser rebarbadas após remoção destes excessos (tambores vibratórios, grenalhadoras, …). A sequência de enchimento da cavidade processa-se de forma contrária à dos plásticos. As figuras seguintes ilustram esta diferença. Figura 4-4: Enchimento cavidade – plástico Figura 4-5: Enchimento cavidade – metal injectado Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 55 O sistema de alimentação no interior do molde é normalmente executado através de um difusor (por analogia com o jito dos moldes de injecção de plásticos), seguido de canais de distribuição e ataques laterais (lâmina ou leque) na junta do molde. • Dimensionamento do sistema de alimentação • Cálculo da secção do ataque AFigura 4-6: Sistema alimentação fundição injectada (com difusor) vt MS ..ρ = S = área da secção de ataque com espessura A [cm2] M = massa da peça [g] ρρρρ = massa volúmica do material (6.6 p/ Zamac 3 e 2.6 p/ ligas leves Al [g/ cm3] t = tempo de enchimento[s] v = velocidade do fundido no ataque [cm/s] As recomendações são as seguintes. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 56 Tabela 4-2: Fundição injectada - recomendações As velocidades no ataque podem variar de 10 m/s (não mostrada na tabela) até 90 m/s, usualmente opta-se entre 20 m/s a 60 m/s. Um valor que dá resultados satisfatórios para toda a gama de ligas é 40 m/s. Conhecida a secção de ataque pode calcular-se a largura da aba do ataque (em lâmina ou leque), partindo da recomendação para a espessura do ataque: A SL = L = largura do ataque [mm] S = área da secção de ataque [mm2] A = espessura do ataque [mm] Figura 4-7: Ataque molde fundição injectada Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 57 • Dimensionamento do difusor e canais de distribuição As dimensões dos canais devem garantir aumento da velocidade desde o difusor até ao ataque, logo as secções seguintes devem ser menores que as anteriores. Já o difusor (figura 4-6) deve aumentar pressão estática, diminuindo velocidade, logo aumentando secção de passagem, embora à custa de secções sempre superiores à do ataque. Tal como nos termoplásticos, o diâmetro do difusor deve ser superior ao do bico da máquina para impedir fuga de metal fundido. Os canais devem ser trapezoidais boleados inferiormente, com ângulo de saída para facilitar extracção. Figura 4-8: Canais fundição injectada Recomendações gerais: Secção B do bico da máquina = 1,1 a 1,2 x secção do ataque (S) Diâmetro C1 difusor = diâmetro B1 + 1 mm Secção D-E difusor = 2 x secção do ataque (S) Secção G-F difusor = 3 a 4 x secção do ataque (S) Secção do canal = 2 a 3 x secção do ataque (S) Espessura do canal (H) = 8 a 10 x espessura do ataque (A) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 58 • Aços e tratamentos Dadas as grandes solicitações (pressão e fadiga térmica) sobre os elementos moldantes, os aços utilizados para o fabrico da bucha e cavidade devem ser de altíssima qualidade e refundidos (ESR ou VAR), especialmente resistentes a altas temperaturas e choque, mas tenazes interiormente. Para aumentar resistência ao desgaste dado que não podem ser muito duros, devem ter tratamento superficial de nitruração (1000Hv2). Tabela 4-3: Aços para moldes fundição injectada Ligas Zn, Sn, Pb, Al, Mg Cu Aços / trat 1.2367, X35CrMoV5-1 / 44-48 Hrc ou 1.2799 PH(VAR) / 48-52 Hrc 1.2365, 1.2367 ou 1.2885 / 38-44 Hrc Em alternativa podem usar-se os aços 1.2343 ou 1.2344 (ESR) com dureza 44-48 Hrc e nitrurados. Por último refere-se que entre injecções, por exemplo de ligas de alumínio, é necessário aplicar um spray desmoldante na bucha e cavidade para impedir colagem do metal fundido. Esse desmoldante é secado seguidamente com jacto de ar comprimido. As figuras seguintes ilustram um exemplo de molde de fundição injectada, para moldar peças em Zamac 3. Pode visualizar-se o sistema de alimentação com difusor (vista em corte) e os poços de retenção (vista em planta). O molde tem dupla extracção que permite a separação dos canais e peça, mesmo sendo ataque à junta (não é possível ataque submarino como nos plásticos). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 59 Figura 4-9: Molde fundição injectada (corte) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 60 Figura 4-10: Molde fundição injectada (planta) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 61 5 - Introdução ao processamento dos plásticos O processo de transformação dos termoplásticos desde a matéria-prima até ao produto final compreende basicamente as seguintes etapas (fases), quando injectado num molde (semelhante aos da fundição injectada): Figura 5-1: Fases da moldação dos termoplásticos • A matéria-prima normalmente adquirida no estado sólido na forma granular, é colocada na tremonha da máquina de injecção de forma a alimentar o fuso do cilindro onde se dá a plasticização. O plástico sob a acção do calor gerado pelo Pressão Matéria Prima Aquecimento Homogeneização Enformação Arrefecimento Produto Final Calor Calor Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 62 aquecimento do cilindro (resistências eléctricas) e pelo próprio esforço mecânico do fuso, é amolecido para uma viscosidade suficientemente baixa que permita a injecção no molde. • Sob a acção continuada do cilindro, o fundido é injectado nas cavidades do molde em resultado da pressão exercida pelo fuso, preenchendo os espaços livres adquirindo a forma pretendida. • O fundido é arrefecido por acção das trocas de calor com as paredes moldantes mais frias (controlo por água ou óleo), obtendo o estado sólido. • A peça sólida obtida é finalmente extraída para fora do molde. De seguida é normalmente encaminhada através de um transportador mecânico para recipiente próprio. No caso de peças de extracção complexa ou quando o seu manuseamento deva ser muito cuidado, pode optar-se pelo uso de robôs. O molde é montado numa máquina injectora onde o material plástico é processado e injectado na cavidade do molde. A figura seguinte ilustra esta situação. Figura 5-2: Molde e máquina injectora Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 63 Abertura do molde Parte Móvel Parte Fixa Figura 5-3: Molde típico1 A figura anterior diz respeito a um molde típico de duas placas, para moldar um pequeno suporte de turbina de um contador de água. Pode visualizar-se o plano de abertura através do qual as duas partes fixa e móvel se separam para posterior extracção da peça e canais. O canal da peça 27 representa-se o jito que recebe o material proveniente da máquina injectora de plástico. Este tem na sua parte inferior uma zona esférica que constitui o poço frio para retenção do primeiro material plástico para que este não entre na cavidade. Tem 1 Fonte: Janz Mecânica de precisão, SA Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 64 ainda uma zona cónica em contra-saída para promover a prisão do jito ao lado móvel para que possa ser extraído posteriormente. A seguir ao jito surgem os canais de distribuição do plástico para as cavidades moldantes. Finalmente surge o canal de ataque em túnel, com orifício para entrada do material na cavidade. Trata-se de injecção submarina (túnel). Existem outras formas de injecção, principalmente a injecção com canais quentes em que não existe desperdício de material plástico. No caso apresentado, o jito e canais são também solidificados e retirados do molde constituindo desperdício normalmente reciclável. Com canais quentes só se extrai a peça que se pretende. A cavidade da peça 40 é o negativo da peça a moldar que vai ser cheia e pressurizada através do canal de ataque. Durante a extracção, por acção dos extractores cilíndricos Nº19 e 20 e pelo extractor tubular Nº5 da cavidade, a peça separa-se dos canais automaticamente, conforme se pode visualizar na figura seguinte. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação65 Abertura do molde Parte Móvel Parte Fixa Figura 5-4: Separação automática dos canais e peça O molde deve ter as dimensões adequadas à máquina, nomeadamente: • Diâmetro do anel de centragem do molde compatível com furo do prato fixo. • Abertura máxima e mínima das máquinas versus espessura do molde, considerando também espaço necessário para queda das peças. • Haste extractora compatível com acopladores dos sistemas de extracção das máquinas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 66 • Peso máximo admitido para o molde • Curso de extracção necessário • Dimensões das placas de amarração do molde face aos pratos das máquinas, considerando a distância entre colunas. Deve haver igualmente espaço suficiente para que as mangueiras dos circuitos de arrefecimento do molde não interfiram com restantes componentes. • Capacidade de plasticização adequada ao número de cavidades. A figura seguinte representa uma injectora (Arburg 420 A), do tipo horizontal, podendo visualizar-se o compartimento onde se monta o molde, através da amarração ao prato fixo e móvel da máquina. Figura 5-5: Máquina de injecção Arburg 420 A A unidade de fecho é a responsável pela obtenção da força de fecho que contraria a de abertura do molde, resultante da pressão nas cavidades. Uma força insuficiente origina a Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 67 abertura do molde e consequentemente o aparecimento de rebarbas. Esta unidade pode ser mecânica por joelheiras ou hidráulica, podendo ser considerada uma prensa. O cilindro faz parte da unidade de injecção, tendo no seu interior um fuso rotativo accionado por motor. É envolto em resistências eléctricas de aquecimento (mangas). As fases do ciclo de injecção, apresentam-se no diagrama seguinte. Figura 5-6: Ciclo de Injecção • Injecção. O polímero previamente plasticizado é injectado para dentro do molde através do avanço do fuso da unidade de injecção, a uma velocidade adequada à obtenção de uma peça com qualidade, e num tempo o mais curto possível sem comprometer essa mesma qualidade. Fecho do Molde Injecção Pressurização Plasticização Arrefecimento Abertura do molde Extracção Pausa CICLO DE INJECÇÃO Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 68 • Pressurização. Após as cavidades estarem cheias, procede-se á compactação por acção continuada do fuso, aumentando a pressão, introduzindo-se na cavidade o volume de material remanescente de cerca de 5% do total. Tem a função de definir cabalmente a peça, reduzindo a contracção do material por arrefecimento e evitando o seu refluxo. Termina quando o estado de arrefecimento da peça e canais não permitir mais injecção. Esta fase é também designada de segunda pressão. Não deve ser excessiva de forma a que não se atinja o limite da força de fecho da máquina de injecção, que origina o aparecimento de rebarbas. A peça ficará com tensões internas elevadas e a sua extracção será também dificultada. • Arrefecimento. Após a pressurização, a peça inicia o processo de arrefecimento pelo contacto com as paredes mais frias do molde, geralmente auxiliado por um sistema de controlo de temperatura. Pretende-se sempre que a arrefecimento seja uniforme de forma a evitar empenos. Termina quando a peça atinge o estado sólido que permita a sua extracção. O tempo do arrefecimento deverá ser curto mas sem originar tensões internas inadmissíveis. • Plasticização. Ocorrendo em simultâneo com o arrefecimento, o fuso inicia a rotação de modo a plasticizar e dosear o volume de material para a próxima injecção, terminando logo de seguida a rotação. • Abertura e extracção. Logo que a peça esteja devidamente solidificada, o prato móvel da máquina recua, abrindo o molde. O sistema de extracção actua de seguida, promovendo a expulsão e a queda das peças por gravidade, para recipientes ou transportadores acoplados. O tempo devendo ser o mais curto possível depende do tamanho do molde (inércia das massas) e da complexidade da extracção. • Pausa e fecho do molde. A pausa é necessária quando se necessita de intervenção humana para colocação manual de insertos. Deve ser o mais curta possível pois o molde aberto demasiado tempo provoca grandes perdas de calor pela envolvente e Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 69 maior dificuldade no controlo das variáveis e parâmetros do processo (pressão de injecção, temperatura do molde, tempos de injecção e arrefecimento, ...). Existem outros tipos de injectoras, como as verticais e as de injecção múltipla. Figura 5-7: Pormenor da unidade de injecção Figura 5-8: Prato da Injectora Figura 5-9: Injectora vertical Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 70 Figura 5-10: Injectora – Extracção por Robot Figura 5-11: Injectora 2 cilindros 5.1 - Pressão de injecção É a pressão máxima atingida durante a fase de enchimento. No caso do avanço axial do fuso por cilindro hidráulico, distingue-se duas pressões. A pressão regulada no cilindro Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 71 hidráulico exercida no pistão (Pp) e a pressão do fuso sobre o fundido (Pf). Pelo equilíbrio de forças tem-se que a força no pistão (Fp) equilibra a força no fuso (Ff): f p pfffppfp A A PPxPAxPAFF =⇔=⇔= Sendo Ap e Af as áreas do pistão e do fuso respectivamente. Figura 5-12: Áreas do fuso e do pistão Como a área do pistão do cilindro hidráulico é cerca de 10 vezes superior à área do fuso, a pressão no bico injector (fuso) é cerca de 10 vezes superior (a pressão é multiplicada). Se a pressão regulada no cilindro hidráulico for de 50 bar, a pressão da ponteira do fuso sobre o fundido é cerca de 500 bar. De referir que existem perdas de carga desde a ponteira até ao ponto mais longínquo da cavidade, pelo que a pressão vai diminuindo ao longo do escoamento. Por outro lado, a pressão ao longo do tempo aumenta bruscamente no enchimento até um valor máximo, baixa seguidamente para um certo valor de 2ª pressão mantendo-se durante algum tempo (tempo de manutenção) para compactar e compensar contracção, baixando o seu valor final. A pressão na cavidade é muito difícil de calcular pois varia ao longo da mesma. Estima-se normalmente um valor médio como sendo 1/3 a 1/5 da pressão de injecção. Este valor Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 72 permite calcular a força de fecho aproximada que a máquina deve exercer para impedir a abertura do molde. 100/mp xPAF = [kN] Ap = área projectada das cavidades moldantes e canais (cm2) Pm = pressão média na cavidade = 1/3 a 1/5 da pressão de injecção (bar) A figura seguinte mostra a variação da pressão na ponteira do fuso e no pistão do cilindro hidráulico ao longo do tempo (a escala das ordenadas [bar] é logarítmica). Figura 5-13: Evolução da pressão de injecção 5.2 - Perfil de temperaturas de injecção A temperatura de injecção varia ao longo do fuso, devendo na ponteira ser superior à de fusão ou de transição vítrea para o plástico passar ao estado de fundido. O fabricante do Tempo (s) Pistão Ponteira 0 50 bar 500 Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 73 termoplástico fornece o perfil de temperaturas a aplicar, inclusive a temperatura do molde, bem como a velocidade do fuso. A figura seguinte ilustra o perfil de temperaturas recomendadaspara vários polímeros de cristal líquido - LCP’s (VECTRA). Figura 5-14: Perfil de temperaturas Importa destacar que os termoplásticos não apresentam uma distinção clara entre o estado de fundido líquido e o estado sólido, passando de sólido a pastoso gradualmente sem nunca terem a forma livre típica dos líquidos. Não apresentam um temperatura onde se afirme claramente que passa de um estado ao outro. Por este motivo são aquecidos num intervalo de temperatura acima da temperatura de transformação (vítrea para plásticos amorfos e dita de fusão para semi-cristalinos) que os colocam num estado pastoso passível Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 74 de serem injectados sob pressão, preenchendo devidamente as cavidades. Após solidificação as peças são extraídas do molde. 5.3 - Contracção Um aspecto fundamental no processamento dos plásticos é a sua contracção volumétrica. Quando aquecem dilatam e quando arrefecem contraem. Assim, após injecção na cavidade, começam logo a arrefecer por contacto com as paredes mais frias do molde. Dado que os termoplásticos contraem durante a solidificação, é necessário efectuar uma correcção (majoração) às dimensões das zonas moldantes (bucha e cavidade). A contracção é dada a título indicativo pelos fabricantes dos termoplásticos, mas numa grande gama de variação. Por exemplo 1,5 a 3%. A experiência, a simulação por software especializado e o conhecimento das variáveis (tipo e natureza do termoplástico, espessura das peças, temperaturas e pressões de processamento, etc.) que influenciam a contracção, ditará o valor a aplicar. A peça não contrai somente durante a moldação, mas também ao longo do seu ciclo de vida, sendo as principais: • Contracção de desmoldação (CD). Valor da contracção obtida imediatamente após a extracção. • Contracção (linear) de moldação (CM). Valor da contracção obtida 16 horas após a injecção das peças e guardadas em ambiente controlado (T e humidade). 100(%) x lm llmCM − = lm = dimensão do molde frio (temperatura ambiente 23ºC) Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 75 l = dimensão respectiva da peça em ambiente controlado (temperatura e humidade) após 16 horas • Pós-contração (CP). Contracção extra da peça após a contracção de moldação. O material começa a contrair logo que entra nas cavidades mas continua ao longo do tempo, mesmo após extracção. O gráfico seguinte ilustra a contracção nas diversas fases, sendo a contracção total a soma de CM e CP: Ctotal = CM + CP Figura 5-15: Contracção ao longo do tempo A obtenção do valor da contracção num nível aceitável consegue-se através da segunda pressão (pressurização), onde a manutenção da pressão em valores altos permite a continuação do fluxo de material para as cavidades, compensando continuamente a contracção, compactando-o ainda mais. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 76 Para compensar a contracção, a dimensão do molde deve ser então majorada em relação à dimensão final que se quer obter. A dimensão a atribuir ao molde, no estado de frio (maquinação), é dada por: ) 5 1(,)100/%1( peçatolCm llm − = lm = dimensão do molde frio (temperatura ambiente) l = dimensão da peça a obter Cm% = contracção da peça em percentagem Por exemplo, se um material contrair 2% e se que obter no final uma dimensão de 40±0,1 mm para a peça, vem: mm Cm llm 82,40)100/21( 40 )100/%1( =−=−= O molde deverá ter 40,82 mm para que a peça contraia até aos 40 mm. É frequente dar-se uma tolerância de fabrico do molde na ordem dos 20% (1/5) da tolerância da peça, logo: mmlm TolTol moldepeça 02.082,40 04.02.0 5 12.0 ±= ==⇒= Em projecto, consoante o elemento moldante em causa seja macho (bucha) ou fêmea (cavidade), joga-se com a tolerância de fabrico de forma a se ter mais material (aço) que possibilite correcções posteriores. Outra opção seria portanto: mmlm mmlm macho femea 04.0 0 0 04.0 82,40 82,40 + − = = Note-se que em qualquer das opções a tolerância do molde é sempre 1/5 da tolerância da peça. A diferença está nos desvios da tolerância, sendo a sua diferença sempre 0.04 mm. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 77 5.4 - Vantagens dos materiais plásticos No anexo C apresenta-se uma tabela com dados de injecção e contracção de alguns materiais plásticos e no anexo D listas dos termoplásticos mais usados. Destaca-se as temperaturas relativamente baixas de processamento na injecção (a rondar os 200ºC, muito excepcionalmente até 400ºC). Outra vantagem dos plásticos é a sua leveza, com densidades a rondar 1,2 (0,9-1,5). Dado que os materiais plásticos são fáceis de processar e apesar do investimento em moldes e máquinas injectoras ser elevado, a grande cadência de produção que se consegue (ciclos inferiores a 1 minuto e grande número de cavidades) aliada à duração dos moldes (milhões de ciclos) tornam estes materiais altamente competitivos. A crescente inovação e desenvolvimento de materiais plásticos compósitos, torna possível que estes apresentem já nalguns casos um comportamento mecânico semelhante ou mesmo superior a alguns materiais metálicos. Nomeadamente em termos de resistência à tracção. Mesmo o “handicap” da resistência a altas temperaturas está a ser melhorado com os plásticos de alto desempenho (PEEK, LCP’s, e outros). Com todos estes aspectos de comportamento, bem como custos de fabricação baixos para grande volume de produção, aliados ainda à grande versatilidade de design que permitem, os materiais plásticos têm gradualmente substituído com êxito outros materiais tradicionais, principalmente os metálicos que são muito mais pesados e com custos de fabricação geralmente mais elevados. A tabela seguinte sintetiza as vantagens e desvantagens dos materiais plásticos em geral. Os termoplásticos podem ser reutilizados (reciclados) aquecendo-os novamente à temperatura de injecção enquanto que os termoduros ou termofixos (ex: baquelite) são mais rígidos mas não permitem reutilizações (degradam-se se reaquecidos à temperatura de processamento) e o processamento é mais longo (cura). Os mais usados são os termoplásticos. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 78 Tabela 5-1: Características dos plásticos em geral Características Gerais Vantagens Desvantagens Podem ser moldados de diferentes formas: em filamentos, películas finas, formas ocas. Baixo preço de produção. Versatilidade de design (formas e cores). Propriedades físicas e químicas são sensíveis ao calor, luz e humidade Isolantes térmicos e eléctricos (alguns). Higiénicos. Pouco densos. São combustíveis Leves e duráveis Recicláveis (Termoplásticos). Menor resistência mecânica comparativamente com metais nomeadamente. Higiénicos e assépticos Facilmente moldáveis e flexíveis. Durabilidade. Degradação natural muito prolongada (não são biodegradáveis). Podem ser rígidos ou flexíveis, transparentes ou opacos. Resistência à corrosão. Isolantes térmicos e eléctricos. Tabela 5-2: Propriedades específicas dos termoplásticos • Processamento fácil e barato. Preços competitivos. • Facilmente recicláveis. Impacto ambiental reduzido. • Boa resistência mecânica (10 a 50 MPa para não reforçados, podendo triplicar no caso de alguns reforços com fibras de vidro ou carbono). • Razoável rigidez (até 3 GPa para não reforçados). • Elevada resistência ao impacto (dependendo do polímero de base). • Transparência e brilho (alguns). • Resistência química eambiental (alguns). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 79 5.5 - Regras de projecto Para se obter peças com defeitos controláveis e aceitáveis é necessário dominar as técnicas de injecção mas não é suficiente. O projecto dos componentes tem também que obedecer a determinadas regras. Os aspectos mais importantes a garantir são a uniformidade de espessura (de baixo valor) e raios de concordância (evitar quinas vivas), sob pena das peças saírem com empenos, distorções e tensões internas. • Espessura: A principal regra a usar é a de garantir na medida do possível uma espessura uniforme (ou com transições suaves). Se tal não acontecer produzem-se empenos, distorções e tensões internas devidas a contracção não uniforme durante o arrefecimento (solidificação). Por outro lado surgem descontinuidades (porosidades ou “chochos”) nas sobreespessuras. Figura 5-16: Espessura não uniforme - Defeitos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 80 Seguem-se algumas soluções que permitem uma boa aproximação à situação de espessura uniforme. Figura 5-17: Espessura não uniforme - Alternativas Figura 5-18: Espessura não uniforme - Alternativas Figura 5-19: Espessura não uniforme - Alternativas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 81 • Raios: As peças não devem apresentar quinas vivas mas sim boleados para melhorarem o escoamento do fundido na cavidade e evitar sobreespessuras, com seguintes regras: R = r + T r = ¼ T, com mínimo 0.3-0.4 mm Figura 5-20: Raios - Recomendação • Nervuras: A espessura, altura e espaçamento entres nervuras (quando se pretende aumentar rigidez) deve seguir a seguinte regra: t = 60% a 80% de T, preferencialmente 60% smin = 2 T hmax = 3 T, para aumentar rigidez é preferível aumentar nº de nervuras que a altura das mesmas. Figura 5-21: Nervuras - Recomendação Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 82 Figura 5-22: Nervuras - Recomendação • Ângulos de saída: Para facilitar desmoldação e extracção das peças moldadas devem prever-se ângulos de saída (mín 0.5º p/ furos - 1º p/ paredes, usual 2º a 3º) Figura 5-23: Ângulos de saída - Recomendação Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 83 Para texturização devem seguir-se recomendações específicas (mais profundidade textura implica maior ângulo de saída). Figura 5-24: Ângulos de saída - Recomendação • Furos: O diâmetro, espaçamento e altura de furos devem respeitar as seguintes regras: Altura H = 2,5 D, sendo D o diâmetro do furo Espaçamento = D ou 2T (T = espessura) Figura 5-25: Furos - Recomendação • Contra-saídas: As contra-saídas são de todo desaconselhadas pois implicam o uso de elementos desmoldantes móveis (gavetas, balancés, pinças elásticas). Algumas pequenas modificações (sempre aprovadas pelo cliente) podem evitar esta situação, conseguindo-se a desmoldação normal no sentido de abertura do molde, à custa da vedação dos elementos moldantes entre a parte fixa e móvel. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 84 Figura 5-26: Contra-saídas - Recomendação Conforme figura anterior, introduzindo uma abertura superior na peça, é possível executar vedação através de um elemento moldante superior que veda com o inferior no sentido de abertura do molde. No caso da esquerda, é necessário um elemento moldante que se desloque no sentido perpendicular à abertura do molde, antes da extracção da peça, situação esta mais complexa e cara. Figura 5-27: Contra-saídas - Recomendação Nesta situação, à custa da inclinação da parede lateral, consegue-se igualmente vedação no sentido de abertura do molde, apesar do furo que se pretende ser perpendicular a esse sentido. As soluções seguintes evitam o uso de elementos moldantes móveis, pois tornam possível a vedação no sentido de abertura do molde, apesar dos furos pretendidos estarem também na perpendicular. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 85 Figura 5-28: Contra-saídas – Recomendação As peças plásticas roscadas interiormente não podem ter a habitual gola (saída da rosca no corte por arranque de apara), pois impedem a desmoldação (desenroscamento) dos machos moldantes. Se exteriores obrigam ao uso de movimentos laterais. Figura 5-29: Contra-saídas – Recomendação roscas Figura 5-30: Contra-saídas – Recomendação roscas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 86 6 - Processos de ligação Pretende-se numa ligação ou junção unir dois materiais ou peças. Essa união pode ser temporária ou permanente. As ligações temporárias incluem as aparafusadas, por grampos, troços, cavilhas e outras, onde se pretende montar e voltar a desmontar essas peças com facilidade. Nas ligações permanentes pretende-se unir dois materiais de forma permanente, embora seja possível na maioria dos casos votar a separá-los, envolvendo técnicas de separação (corte por exemplo). É sobre este tipo que incide o estudo do presente módulo. Uma classificação possível dos processos de união é a seguinte: Figura 6-1: Processos de união (ligação) As técnicas mecânicas de aperto incluem a conformação através de dobras e pregas, rebitagem e outras. Figura 6-2: União por dobras Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 87 A colagem emprega colas (resinas) e adesivos. A soldadura é um dos processos de união mais importante e usado na ligação de materiais metálicos. No entanto, dadas as transformações metalúrgicas que se operam, principalmente na fusão, e os materiais envolvidos, torna-se um processo complexo e de difícil controlo. Existem várias classificações possíveis para os processos de soldadura, destacando-se a preconizada pela AWS (American Welding Society), largamente seguida principalmente nos países anglo-saxónicos e América latina, e mesmo nalguns países da união europeia quando têm relações comerciais e técnicas com estes países. A tabela seguinte ilustra essa classificação (idioma brasileiro): Tabela 6-1: Classificação AWS – Processos de soldadura Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 88 A soldadura é então um processo de união permanente que deve assegurar a continuidade das propriedades físicas, químicas e metalúrgicas. As características mecânicas na interface (junta) devem resultar superiores ou iguais às dos elementos a ligar. Na maioria das vezes este processo está associado à fusão do material de adição e/ou do material base o que nem sempre se verifica. É necessário conhecer a natureza dos materiais, nomeadamente quanto à compatibilidade, de forma a criar afinidade que permita ligações fortes entre os átomos. Esta análise, para além de outros factores como a geometria da união a obter, a acessibilidade, o estado das superfícies, a rentabilidade, irão determinar o processo ou técnica a usar. A soldadura divide-se basicamente nos seguintes grupos: � Soldadura por Fusão � Soldadura no estado sólido � Brasagem 6.1 - Soldadura por Fusão Este processo de soldadura caracteriza-se pelo facto dos materiais a unir estarem no estado líquido (fundidos), tal como o material de adição quando empregue. A soldadura por arco eléctrico é das técnicas mais usadas na soldadura por fusão. Na maior parte dos casos utiliza-se calor para fundir o metal, de forma a criar uma ligaçãoentre as partes a serem soldadas, solidificando ao retirar a fonte de calor. O arco eléctrico criado é assim a fonte de calor para a fusão. Noutras técnicas, a energia para a fusão pode ser proveniente de fonte combustível (gás). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 89 O metal que é fundido pode provir unicamente das peças a soldar quando estas são de pequena espessura. No entanto quando se pretende soldar chapas espessas com bordos pré- preparados ou chanfrados, pode-se incluir material proveniente de um fio eléctrodo. O calor para fundir o metal da junta pode ser fornecido por uma diversidade de fontes de calor, como arco em eléctrodo de carvão; chama oxiacetilénica; arco protegido por fluxo; arco protegido por gás; feixe de electrões; feixe laser. Em todos os casos parte de peça, na zona da junta é metal que funde. Daí o nome de "soldadura por fusão”. Como o metal fundido pode contactar com a atmosfera envolvente, é usual o uso de atmosfera protectora que inibe a reacção do fundido com os gases da atmosfera. A figura seguinte representa o esquema geral da soldadura por fusão. Figura 6-3: Esquema da soldadura por fusão Embora referido na figura, nem sempre é necessário o uso de material de adição. Os principais processos no grupo da soldadura por fusão são os seguintes: Figura 6-4: Processos de soldadura por fusão A figura seguinte ilustra o aspecto típico de um cordão de soldadura (fusão). Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 90 Figura 6-5: Aspecto do cordão de soldadura A cobre-junta é uma peça auxiliar colocada na parte inferior para reter o metal fundido (líquido) e eventualmente para segurar as peças base a unir. Pode ser retirada posteriormente ou mantida (raramente). Destaca-se o facto da zona termicamente afectada (ZAC) ser apreciável, o que provoca a alteração das propriedades metalúrgicas do material base. Este aspecto torna a soldadura por fusão algo complexa que é necessário controlar convenientemente para se obter peças sãs. Figura 6-6: Cordão e zona termicamente afectada Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 91 Na figura anterior pode visualizar-se claramente a zona termicamente afectada pelas diferentes tonalidades. Os parâmetros de soldadura bem como a técnica usada afectam a qualidade do cordão e da união pretendida. No exemplo seguinte pode ver-se o aspecto óptimo do cordão em termos de profundidade de penetração. Figura 6-7: Morfologia dos cordões de soldadura A fraca profundidade está normalmente associada a energia insuficiente, espessura demasiado alta para tipo de junta seleccionada ou técnica deficiente de operação. A profundidade excessiva tem como causas prováveis uma energia demasiado alta, espessura demasiado fina ou técnica deficiente (velocidade muito baixa). Existem muitos outros defeitos que devem ser eliminados ou reduzidos, de acordo com os vários processos e técnicas usadas. As juntas a usar podem ser de vários tipos, consoante as recomendações de cada processo de soldadura e o efeito pretendido (design, resistência, etc.) As figuras seguintes ilustram alguns tipos de junta e a respectiva posição, símbolos e exemplos de aplicação nos desenhos técnicos. Refere-se que a simbologia pode diferir ligeiramente consoante a norma (AWS-A2.4, NP1515, ISO2553), devendo-se conhecer exactamente qual a que está aplicada nos desenhos para não existir qualquer dúvida sobre o que se pretende. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 92 Figura 6-8: Tipos e posição das juntas de soldadura Figura 6-9: Tipos de juntas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 93 Figura 6-10: Tipos de chanfros e respectivos símbolos Figura 6-11: Simbologia (AWS) - exemplos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 94 6.1.1 - Eléctrodo revestido (SER) Designado em inglês por Shielded Metal Arc Welding (SMAW) ou Manual Metal Arc (MMA) welding é um processo de soldadura por fusão que envolve a aplicação de um arco eléctrico entre um eléctrodo revestido e a peça a soldar, de forma manual. É um dos processos mais difundidos a nível mundial dada a relativa facilidade de aprendizagem e a versatilidade. É muito usado em pequenas reparações pelo facto do equipamento ser portátil e em aplicações domésticas dado o baixo custo do equipamento. Aplica-se principalmente na soldadura de metais ferrosos (aços de liga, inoxidáveis, ferros fundidos) mas também em ligas de níquel e cobre, e muito raramente em alumínio. Os eléctrodos são constituídos por um núcleo (alma) normalmente num material similar ao material das peças a soldar e um revestimento metálico. Este revestimento tem uma composição algo complexa e variável de acordo com as aplicações pretendidas, sendo muito importante neste processo pois tem como principais funções: • Facilitar a criação, manutenção e estabilidade do arco eléctrico, sobretudo em corrente alternada pela acção ionizante dos silicatos presentes no revestimento; • Proteger o banho fundido da oxidação (O2 e N2 presentes no ar) através dos gases desenvolvidos pela combustão do revestimento. A formação da escória que se deposita superiormente (mais leve) confere uma protecção adicional. O diâmetro do eléctrodo refere-se efectivamente ao diâmetro da alma (mais usuais de 2 a 6 mm). Os revestimentos vão desde finos a espessos, sendo que a intensidade de corrente recomendada será maior para maiores espessuras. Tipicamente o revestimento inclui dióxido de titânio (rutilio TiO2), celulose, pó de ferro, etc. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 95 Tabela 6-2: Revestimento dos eléctrodos Função Elementos Formação de gás protector Celulose, dolomite, CaCO3, … Formação de escória e fundentes Argila, talco, TiO2, CaCO3, SiO2, FeO, Fe-Mn, … Estabilizadores de arco TiO2, Ilmenite, silicatos de sódio e potássio, … Desoxidantes Fe-Si, Fe-Mn, Fe-Cr, … Elementos de liga Os eléctrodos são referenciados de acordo com normas específicas (NP, AWS, etc.). Por exemplo a AWS adopta as seguintes especificações: Tabela 6-3: Especificações AWS para eléctrodos Especificação AWS Ligas a soldar A 5.1 Aços ao carbono A 5.3 Alumínio A 5.4 Aços inoxidáveis A 5.5 Aços de baixa liga A 5.6 Cobre A 5.11 Níquel A 5.15 Ferro fundido Dentro de cada grupo de especificação o eléctrodo é referenciado com um conjunto de caracteres ou dígitos. Por exemplo para aço ao carbono (A 5.1): Figura 6-12: Especificação AWS – Eléctrodos para aço carbono Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 96 Este processo não é muito produtivo pois praticamente não permite automação. No entanto pode ser realizado praticamente em todos os ambientes, inclusivamente debaixo de água. Espessuras finas (abaixo de 1,5 mm) são difíceis de soldar pois o material base funde antes que o banho de fusão (núcleo do eléctrodo+material base) se torne estável. Para grandes taxas de deposição são necessárias várias passagens com remoção de carepa entre elas, sendo fundamental a experiência do soldador. A tabela seguinte sintetiza as principais vantagens e desvantagens. Tabela 6-4: Vantagens e desvantagens da soldadura por eléctrodo revestido Vantagens Desvantagens Baixo custo equipamento Fraca produtividade Versátil Dificuldade para baixas espessuras Facilidade operação Difícil controlo da atmosfera do banho Portabilidade equipamento Muito sensível à técnica do operador Bom para reparaçõesInterrupções para troca de eléctrodos Aplica-se a grande leque de metais Limpeza em cada passagem Figura 6-13: Soldadura por eléctrodo revestido Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 97 Figura 6-14: Soldadura por eléctrodo revestido - Equipamento 6.1.2 - Soldadura TIG Processo de arco eléctrico designado correntemente por TIG (Tungsten Inert Gas) ou Gas Tungsten Arc Welding (GTAW). Neste caso cria-se o arco eléctrico entre o eléctrodo em tungsténio puro ou ligado (refractário com T de fusão 3410 ºC, não consumível) e a peça. Um equipamento fornece ainda um gás inerte (árgon ou hélio) que protege o próprio eléctrodo de contaminação e a zona do banho de fusão, através de uma tocha. Poderá existir ou não material de adição, através de vareta, de forma manual ou automática. Aplica-se quer em soldadura quer em enchimentos e a qualidade da solda é muito boa já que não há a produção de escória. As figuras seguintes ilustram os processos e equipamentos usados. Por último apresenta-se uma tabela com a síntese das principais vantagens, desvantagens e aplicações deste processo de soldadura. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 98 Figura 6-15: Soldadura TIG Figura 6-16: Soldadura TIG - Equipamento Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 99 Tabela 6-5: Soldadura TIG - Aplicações Vantagens Desvantagens Aplicações Soldar praticamente todas as ligas Baixa velocidade de soldadura. Baixa produtividade Praticamente todas as ligas, incluindo aço inox Fonte de calor muito concentrada Contaminação do eléctrodo Quando se pretende alta qualidade Banho de fusão estável Não indicado para chapas muito grossas. Serve como 1ª passagem para técnicas mais produtivas (exemplo MIG-MAG ou arco submerso). Indicado para as espessuras mais finas (< 3mm) incluindo tubos Elevada qualidade Visibilidade do arco e banho de fusão Peças sensíveis ao calor Metal de adição não atravessa o arco – não depende da corrente Necessário proteger de correntes de ar (impedir afastamento do gás de protecção) Adequado para ligas de alumínio e magnésio Material de adição nem sempre necessário Partículas do eléctrodo (tungsténio) podem contaminar o banho. Adequado para ligas especiais de Titânio e Zircónio Permite soldar espessuras finas Soldador competente Limpeza (sem escória) Custos do equipamento e consumíveis relativamente altos Sem salpicos Todas as posições 6.1.3 - Soldadura MIG/MAG Os processos MIG (Metal Inert Gas) e MAG (Metal Active Gas) também conhecidos por GMAW (Gas Metal Arc Welding), são processos de fusão com arco eléctrico criado entre um eléctrodo consumível contínuo (arame) e a peça a soldar. O equipamento inclui um motor que acciona a bobina do eléctrodo consumível (alimentador). O banho de fusão é protegido por gás inerte (árgon ou hélio) no caso MIG ou por gás activo (CO2, mistura ar- O2-CO2) no caso MAG. A opção prende-se normalmente por questões metalúrgicas no caso MIG ou pró económicas no caso MAG. São processos muito difundidos por terem alta taxa de deposição (produtividade) e permitirem automatização total, por exemplo por robots. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 100 No entanto é frequente o uso na forma semi-automática. Figura 6-17: Soldadura MIG-MAG Figura 6-18: Soldadura MIG-MAG – Equipamento semi-automático Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 101 Tabela 6-6: Soldadura MIG/MAG - Aplicações Vantagens Desvantagens Aplicações Soldar praticamente todas as ligas Alta sensibilidade aos parâmetros de soldadura (afinação) Substitui a soldadura por eléctrodo revestido Alta taxa de deposição Mais complexo Soldadura tubular Produtividade Mais caro Ligas ferrosas e não ferrosas Versatilidade Pode gerar pingos Exige menos do operador Sensível a correntes de ar Carroçarias e estruturas de veículos Possibilidade de total automação (robots) Limitado até 50 mm espessura Robotização Exige pouca limpeza (sem escória) Limitação em juntas de acesso restrito Menos portátil que soldadura por eléctrodo revestido 6.1.4 - Fios puxados (fluxo) O processo de fios puxados, Flux-Cored Arc Welding (FCAW) é muito semelhante ao MIG/MAG, diferindo essencialmente no fio consumível que neste caso é tubular, possuindo no interior um fluxo composto por materiais metálicos e inorgânicos que visam melhorar o arco eléctrico e a transferência de material de adição, proteger o banho de fusão e cordão através de escória e adicionar elementos de liga ao cordão, semelhante neste aspecto ao revestimento dos eléctrodos revestidos. O processo tem duas variantes, uma com protecção extra por gás inerte (Ex: Árgon), activo (ex: CO2) ou mistura (75% Árgon e 25% CO2), e outra auto protegida onde o fluxo (núcleo) é maior providenciando gases que protegem o banho. Este processo reúne as boas características da soldadura por eléctrodo revestido e da MIG/MAG. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 102 Face ao MIG/MAG apresenta maiores taxas de deposição sendo portanto mais produtivo devido a suportarem maiores densidades de corrente, melhor qualidade (menor risco de falta de fusão) e maior penetração pois permite maiores intensidades de corrente. Face ao processo por eléctrodo revestido tem a grande vantagem da alimentação ser contínua permitindo automatização. Figura 6-19: Soldadura por fios puxados Tabela 6-7: Soldadura por fio puxado Vantagens Desvantagens Aplicações Soldar praticamente todas as ligas e posições Possibilidade de porosidades Mais usado para aços Taxa de deposição maior que MIG-MAG Fumos Em fabrico, manutenção e montagem em campo Automatizável Equipamento caro Em fabrico, manutenção e montagem em campo (pouco sensível ao ar) Necessita de limpeza da escória Versatilidade (2-80 mm espessura) Consumíveis caros Aços inoxidáveis Acumula vantagens da SER e MIG-MAG Alimentação do fio irregular Algumas ligas de níquel Melhor qualidade (< risco de falta de fusão) Construção naval, pipelines, etc. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 103 6.1.5 - Arco submerso O processo de soldadura por arco submerso, Submerged Arc Welding (SAW) é também um processo de fusão por arco eléctrico. Neste caso o arco ou arcos eléctricos são criados entre o/os fios eléctrodos consumíveis (tubulares ou maciços) e a peça (banho de fusão). É ainda adicionado separadamente um fluxo granulado que vai criar uma protecção do arco e do banho de fusão, produzindo escória. Parte desse fluxo é recuperado por aspiração. Opera-se normalmente de forma totalmente automatizada ou semi-automática. Caracteriza-se por permitir altas taxas de depósito (até 45 kg/h). Figura 6-20: Soldadura por arco submerso Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 104 Tabela 6-8: Soldadura por arco submerso Vantagens Desvantagens Aplicações Alta taxa de depósito Aplicável a poucas ligas Aços pouco ligados e inoxidáveis Forte penetração Exige remoção de carepa entre passagens Ligas de Níquel Automatizável Equipamento caro Longos cordões lineares ou em tubos Pouca radiação e fumo Necessita de cobre-juntas Pouca distorção Consumíveis caros Recobrimento ou revestimento e manutenção Juntas menos exigentes. Pouco material de adição Limitadoa posição ao baixo ou horizontal Chapas com e > 4 mm Poucos salpicos 6.1.6 - Plasma A soldadura por plasma, Plasma Arc Welding (PAW), é mais um processo de soldadura por arco eléctrico semelhante ao por protecção de gás, mas em que o arco é constrangido (recolhido) no bocal de saída da tocha, sendo mais dirigido e concentrado. Permite assim mais velocidade na deposição do cordão. Pode ser adicionado ou não metal de adição externamente. Figura 6-21: Soldadura por plasma Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 105 O gás ao passar pela zona do arco ioniza-se formando plasma, aquece e expande, tendo que sair por pequeno orifício a alta velocidade. Fora do bocal volta ao estado gasoso libertando grandes quantidades de energia, promovendo a fusão. O processo assemelha-se ao TIG pois o eléctrodo é não consumível (embora seja passível de contaminação). Usa-se também em processo de corte e recobrimento. O eléctrodo não consumível é normalmente em tungsténio. O gás plasma e o de protecção pode ser o mesmo. O mais usual é o árgon (sobretudo para baixas correntes). O hélio puro ou misturado com árgon também é usado. Deve consultar- se tabelas para melhor secção em função dos materiais a soldar. Na grande maioria dos casos não é necessário material de adição, devido à facilidade de fusão das juntas a soldar. Figura 6-22: Soldadura por plasma - Exemplos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 106 Tabela 6-9: Soldadura por plasma Vantagens Desvantagens Aplicações Alta taxa de depósito, velocidade e penetração Alto custo do equipamento (> 2 vezes TIG) Mesmo que TIG (Aços de liga, Inox, Titânio, Arco concentrado (dirigido) Manutenção da pistola (tocha). Refrigeração cuidada Tubos Arco estável baixa intensidade. Soldar espessuras finas (0.05 mm) Mão-de-obra mais qualificada Chapas sem preparação de chanfros até 8 mm de espessura Menos contaminação do eléctrodo (recolhido) pelo material de adição (TIG) Maior consumo de consumíveis (gases) Tocha maior Espessuras finas 6.1.7 - Oxigás O processo de soldadura Oxigás, OxiFuel Welding (OFW), também por fusão, não usa o arco como fonte de calor mas sim a queima de um gás combustível. O comburente é o oxigénio e o combustível é normalmente o acetileno (C2H2), 92% carbono e 8% hidrogénio em massa, pelo facto de em presença do oxigénio provocar as chamas de maior temperatura (aprox 3000ºC). O acetileno sendo mais leve que o ar sobe naturalmente pelo que se devem prever sistemas de exaustão adequados nos locais onde é utilizado. Usa-se essencialmente em aços ao carbono e ligas não ferrosas. O equipamento compreende as botijas de oxigénio e do acetileno, válvulas e reguladores de pressão, mangueiras e a tocha mais conhecida por maçarico. Uma variante deste Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 107 processo é usado no corte de chapa, designado por oxicorte. Neste caso, um jacto de oxigénio puro adicional reage com o metal a alta temperatura (oxidação). No caso de algumas ligas (bronze, ferro fundido, latão e alumínio) é necessário aplicar fluxo protector do banho de fusão, sob a forma de pó ou pasta no interior de varetas tubulares. Para aços ao carbono não é necessário. O material de adição nem sempre é similar ao material base. É necessário consultar tabelas para o efeito. Figura 6-23: Soldadura por Oxigás - Equipamento Figura 6-24: Soldadura por Oxigás Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 108 Figura 6-25: Chama oxigás – acendimento e regulação Figura 6-26: Oxicorte Tabela 6-10: Soldadura Oxigás Vantagens Desvantagens Aplicações Equipamento barato Baixa velocidade de soldadura e taxa deposição Chapa fina (<6 mm) Equipamento portátil (embora necessite 2 botijas) e versátil Necessita de fluxo para algumas ligas (não ferrosos) Aços carbono, ligas não ferrosas Óptimo para corte (rapidez) em oxicorte Propício a defeitos (prós, falta fusão e colagem, etc., contaminação) Manutenção essencialmente Todas as posições Grande zona térmica afectada (pouca concentração) Não usa energia eléctrica (portabilidade) Cordões largos. Depende muito operador Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 109 6.1.8 - Resistência A soldadura por resistência, Electric Resistance Welding (ERW), é um processo de soldadura sem material de adição, baseado na fusão localizada das superfícies de contacto dos materiais a soldar. Esta fusão é conseguida pela dissipação de calor por efeito de joule através da passagem de corrente eléctrica gerada entre dois pólos (eléctrodos geralmente em ligas especiais de cobre-crómio, cobre-zircónio, cobre-cádmio, cobre-berílio, etc.) na zona a soldar com uma determinada resistência eléctrica. Todo este processo é acompanhado pela aplicação de uma pressão entre as peças a soldar. Os eléctrodos poderão ter que ser refrigerados. Os custos do equipamento são relativamente elevados, sendo aplicado principalmente em chapas finas e com elevado nível de automação. É um processo limpo com muito baixa poluição do meio ambiente. Usam-se geralmente correntes altas (100A-100kA) e baixas tensões (20V). O processo tem variantes como a soldadura descontínua por pontos (de um só dos lados ou de ambos os lados), contínua por eléctrodos de roletes e ainda por projecção ou bossas e topo a topo. A soldadura por projecção ou bossas exige conformação prévia das chapas a soldar, mas permite escolher previamente a localização dos pontos de solda. Figura 6-27: Soldadura por pontos – Tipos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 110 Figura 6-28: Soldadura por pontos (resistência) Figura 6-29: Soldadura por pontos e bossa Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 111 Figura 6-30: Máquina soldadura por pontos e roletes Figura 6-31: Soldadura resistência alta frequência (tubos) Tabela 6-11: Soldadura por resistência Vantagens Desvantagens Aplicações Ambiente limpo Baixa resistência à fadiga e à tracção Materiais metálicos em geral Eficiência energética Investimento inicial no equipamento Aços carbono não zincados. Rapidez Espessura limitada (< 3 mm) Montagens Deformação diminuta Materiais não passíveis de formar ligas com os eléctrodos ZAC baixa Indústria automóvel Automação Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 112 6.1.9 - Laser A soldadura a Laser, Laser Beam Welding (LBW), consiste na fusão localizada da junta dos materiais a soldar através da emissão de feixe luminoso (fotões – retorno do electrão excitado ao nível energético anterior) concentrado de alta intensidade. O equipamento LASER (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation) é um equipamento que cria e emite esse feixe a partir de elementos activos, do tipo gasoso (CO2 contínuo) ou sólido (YAG, Yttrium Aluminium Garnet, do tipo pulsado). É comum o uso adicional de gás de protecção e um sistema de refrigeração bem como metal de adição (vareta). Este processo caracteriza-se essencialmente por uma grande capacidade de fusão devido à elevada densidade, nomeadamente em profundidade, alta velocidade e zona térmica afectada muito diminuta. No entanto este tipo de equipamentos é muito caro relativamente aos demais, embora compense naturalmente para grandes volumes de produção totalmente automatizada,como por exemplo a soldadura de carroçarias automóveis em série. O processo Laser é também muito usado em operações de enchimentos para recuperar arestas de elementos de precisão (moldes e ferramentas) e mesmo em operações de corte com elevada precisão e rapidez, especialmente nos materiais metálicos. Figura 6-32: Soldadura Laser Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 113 Figura 6-33: Soldadura laser protegida e exemplo de aplicação Tabela 6-12: Soldadura Laser Vantagens Desvantagens Aplicações Alta profundidade e / ou largura Equipamento caro Aeroespacial, electrónica, medicina ZAC baixa e qualidade da soldadura Ambiente controlado Aços carbono, ligas não ferrosas Baixa distorção Indústria automóvel Soldadura de peças de pequenas dimensões e baixa espessura Cordões críticos Permite soldadura de materiais dissimilares Aplicável a praticamente todos os metais, embora por exemplo titânio exija protecção especial Velocidade alta e produtividade Corte de materiais não metálicos (plástico, madeira, tecidos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 114 6.2 - Soldadura no estado sólido Nestes processos, os materiais a unir, bem como o de adição se existir, são processados no estado sólido. A soldadura no estado sólido, também designada de soldadura por pressão, engloba os processos que empregam pressão e em que os dois lados da junta são levados a contacto, a nível atómico, o qual é conseguido através de deformação, difusão atómica ou uma combinação de ambos os mecanismos. Os metais como o cobre e o alumínio podem ser ligados por deformação mecânica a temperatura ambiente. No entanto, para a maioria dos metais utiliza-se calor para tornar a peça dúctil. No antigo processo de soldadura por forjamento, a deformação era provocada por martelagem. Na soldadura por fricção utiliza-se o atrito da interface para gerar calor e deformação mecânica. Em soldadura por difusão utiliza-se chapas limpas e aquecidas, encostadas uma na outra sob pressão, para causar deformação local e provocar a difusão atómica através da interface. Uma técnica muito usada na união de materiais plásticos é a soldadura por ultra-sons em que uma fonte de energia vibratória de altas frequências provoca a fusão localizada de duas superfícies mantidas em pressão mútua. Os principais processos neste grupo são os seguintes: Figura 6-34: Processos de soldadura no estado sólido Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 115 6.2.1 - Soldadura por Ultra-Sons Já referida anteriormente, a soldadura é produzida pela aplicação local de uma energia vibratória de alta frequência, enquanto as peças a soldar são mantidas fixas uma contra a outra, sob a acção de uma força de aperto. Trata-se de um processo utilizado para soldadura de materiais plásticos, substituindo com vantagens os métodos clássicos de colagem, bem como para soldadura de metais impossíveis de soldar através de processos com recurso à fusão. O seu campo de aplicação industrial principal, para além da união de peças plásticas, é na fabricação de semicondutores, de micro circuitos e de contactos eléctricos. A soldadura obtida por este processo é de alta qualidade, limpa, não necessita de materiais de adição ou de protecção e o consumo de energia é muito pequeno. As figuras seguintes ilustram alguns exemplos. Figura 6-35: Máquinas de soldadura por ultra-sons para plásticos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 116 Figura 6-36: Componentes de sistema de soldadura ultra-sons (plásticos) Figura 6-37: Sistema de soldadura por ultra-sons para cablagens eléctricas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 117 6.2.2 - Soldadura por Pressão a Frio É um processo de soldadura no estado sólido onde uma pressão elevada é utilizada para provocar uma ligação de materiais com deformação destes (à temperatura ambiente). A pressão é aplicada nas superfícies de contacto, previamente limpas, causando uma deformação plástica suficiente para destruir a camada superficial e formar ligações metálicas através da interface. Este processo é usado essencialmente em materiais não ferrosos (cobre, alumínio, etc.). A figura seguinte ilustra um exemplo de aplicação. Figura 6-38: Soldadura por pressão a frio 6.2.3 - Soldadura por Difusão A soldadura por difusão no estado sólido, na qual se realiza a união de dois ou mais materiais de igual ou diferente natureza consiste em por em contacto as duas superfícies a ligar, e submetê-las a uma elevada temperatura (50-70% da fusão), aplicando-lhes uma pressão entre as faces em contacto num intervalo de tempo finito. A temperatura de soldadura é inferior ao ponto de fusão dos materiais e a pressão aplicada deve ser suficientemente baixa para evitar que se produza uma deformação macroscópica indesejada. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 118 O processo consiste na migração de átomos na superfície de união dos metais, devido à existência de gradientes de concentração. Este tipo de soldadura evita danos metalúrgicos, reduz a sensibilidade à corrosão, aperfeiçoa juntas entre materiais dissimilares e pode ser utilizada na fabricação de formas complexas. Dado que os custos de equipamento são relativamente altos (investimento inicial), este processo tem sobretudo aplicação na indústria aeroespacial, nuclear e electrónica, para volumes de produção relativamente baixos. Tipicamente os materiais soldados incluem titânio, níquel, alumínio, berílio, zircónio, ligas de cobre. Uma das grandes vantagens deste processo é que permite a ligação de materiais dissimilares, que por outro processo não seria possível e a obtenção de formas complexas sem maquinação, a custos operativos baixos. A união das peças dá-se numa interface sem que se visualizem imperfeições como poros e descontinuidades metalúrgicas. As figuras seguintes ilustram o mecanismo do processo, o aspecto microscópico da linha de soldadura obtida e exemplos de aplicação. Figura 6-39: Mecanismo da soldadura por difusão Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 119 Figura 6-40: Soldadura por difusão – morfologia (liga cobalto) Figura 6-41: Peças soldadas por difusão 6.2.4 - Soldadura por Fricção Trata-se de uma variante da soldadura por pressão. A ligação é formada devido à deformação plástica das peças a soldar, provocada pelo calor resultante da sua fricção, sem que o metal entre em fusão. Para a realização deste tipo de soldadura existem várias alternativas como a rotação de uma peça sobre outra estacionária, rotação de ambas as peças em direcções opostas, soldadura de duas peças estacionárias através da rotação de uma terceira presa entre as duas, movimentação relativa de pequena amplitude. Outra técnica é o movimento linear (translação) ou orbital. Em qualquer dos casos consegue-se uma utilização económica e eficiente do calor introduzido na zona da soldadura, devido ao facto deste ser gerado localmente nas Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 120 superfícies a ligar. É pois possível induzir calor unicamente na zona de ligação das peças e serem soldadas, com as inerentes vantagens. Aplica-se tanto em metais mesmo de famílias diferentes (por exemplo alumínio e aços de liga na industria aeroespacial), como em termoplásticos. Figura 6-42: Peças soldadas por fricção (rotação)6.2.5 - Soldadura por Explosão Processo de soldadura no estado sólido, no qual a ligação é produzida pelo impacto a alta velocidade entre os materiais a soldar, resultado de uma detonação controlada. Esta soldadura é executada numa fracção de segundos sem qualquer material de adição. Trata- se de um processo realizado à temperatura ambiente não ocorrendo um aquecimento significativo das peças a soldar. A superfície de contacto sofre contudo um aquecimento provocado pela energia de colisão, sendo a soldadura obtida através do escoamento plástico de metal nessa superfície. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 121 Usa-se como processo de soldadura e também em revestimentos. O exemplo seguinte ilustra um exemplo de soldadura ou revestimento de uma placa metálica sobre outra de base. Figura 6-43: Soldadura por explosão A figura seguinte ilustra a evolução da colisão da placa a soldar (ou revestimento) no decurso da detonação do material explosivo. Figura 6-44: Evolução da colisão Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 122 6.2.6 - Vantagens dos processos de soldadura no estado sólido Os processos de soldadura no estado sólido embora não muito difundidos e dominados, apresentam inúmeras vantagens, apresentadas resumidamente na tabela seguinte. Tabela 6-13: Vantagens da soldadura no estado sólido Custos de fabrico mais baixos Redução custos de energia (melhor eficiência) Quase ausência de consumíveis (adição, combustível) Equipamentos simples e facilmente automatizáveis Elevada produtividade Apto mesmo para materiais difíceis e dissimilares, ZAC baixa Ambiente limpo e possível automatização remota 6.3 - Brasagem e Soldobrasagem Nestes processos, os metais a fundir estão no estado sólido enquanto que o de adição é adicionado no estado líquido. Assim o material de adição terá que ter uma temperatura de fusão menor que a temperatura de solidificação do material base a soldar. Define-se brasagem fraca a que usa material de adição com temperatura de fusão até 450ºC e forte para temperaturas superiores. Para soldaduras de maior qualidade usam-se normalmente fluxos protectores. O metal de adição após fundir preenche normalmente os espaços vazios por capilaridade. A peça é previamente aquecida (abaixo da fusão) e seguidamente é fundido o material de adição, solidificando de seguida. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 123 A fusão do material de adição pode ser executada de várias formas: • Maçarico • Forno • Indução • Resistência (corrente por eléctrodos) • Imersão (banho de metal fundido) • Infravermelhos • Outros Na brasagem fraca usa-se principalmente varetas de chumbo-estanho (65%-45%), etc. É muito usada em aplicações de electrónica, circuitos impressos, eléctricos, etc. Na brasagem forte, os metais de adição bastante usados são o cobre, latão, ligas de alumínio (ex: Al-Si-Mg em radiadores), prata (liga com cobre, zinco, cádmio), etc. As aplicações estendem-se a aplicações na indústria aeronáutica e automóvel, tubagens, etc. A tabela seguinte fornece uma indicação inicial do material de adição a usar em função do material base a soldar. Tabela 6-14: Brasagem forte – selecção do material de adição Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 124 A soldobrasagem é a brasagem com aplicação de juntas similares às da soldadura por fusão convencional. Figura 6-45: Brasagem no forno Figura 6-46: Brasagem - exemplos Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 125 Tabela 6-15: Brasagem Vantagens Desvantagens Aplicações Baixa temperatura Resistência da solda é a do material de adição (geralmente baixa) Circuitos impressos Várias formas de aquecimento Não aplicável em uniões de elevada solicitação mecânica Electrónica e electricidade Solda ligas dissimilares Temperatura de serviço limitada ao ponto de fusão do material de adição Tubagens e equipamentos de cobre (radiadores, permutadores etc.,.) Processo económico e rápido Onde não se admita deformação Variedade de materiais disponíveis Materiais dissimilares com baixa exigência mecânica Solda mais dúctil (facilmente maquinável) Precisão dimensional Não exige acabamento posterior Baixas tensões residuais Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 126 7 - Defeitos em peças de fundição e ligação e métodos de detecção O bom controlo do projecto de peças fundidas e ligadas não é por si só suficiente para garantir peças sãs. Um projecto adequado diminui à partida muitos defeitos potenciais como se viu em capítulo próprio. No entanto, os processos e técnicas de fabrico introduzem também defeitos nas peças que é necessário controlar. Por vezes esses defeitos não são visíveis a olho nu ou facilmente detectáveis. Deste modo é necessário estabelecer-se procedimentos e técnicas no sentido de os detectar, sobretudo os mais críticos que afectam a integridade estrutural dos equipamentos. 7.1 - Defeitos típicos As peças fundidas apresentam normalmente os seguintes defeitos: • Rechupe: Vazio grande da peça nas zonas mais espessas devido a contracção não compensada durante a solidificação. Externamente visualiza-se um abatimento. Internamente detectam-se lacunas de material. Se o rechupe for de pequena dimensão fala-se em microrechupe ou porosidade. • Bolhas: Grandes cavidades internas distribuídas aleatoriamente, de forma esférica e lisa, resultante da não libertação de gases. • Poros: Defeito semelhante ao anterior mas de menores dimensões. • Fissuras: Fendas parciais e irregulares até à superfície (a quente). Fendas bem definidas normalmente totais que separam secções da peça (a frio). • Inclusões: Elementos estranhos incorporados. Grãos de areia, escória, fundentes. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 127 • Superfície deformada: Irregularidades superficiais, alta rugosidade ou “casca” aderente (ex: areia). • Faltas de pormenor: Zonas de enchimento deficiente ou de encontro do material não ligando convenientemente. • Empenos e distorções: Desvios geométricos tais como falta de planicidade, perpendicularidade, paralelismo etc., devido a contracção diferencial durante solidificação. • Segregações e heterogeneidades: Estrutura metálica não uniforme, com concentrações diversas. • Desvios dimensionais: Dimensões não de acordo com projecto devido a contracção não controlada, deficiente fabrico dos modelos ou machos ou compactação da areia deficiente. As fissuras, fendas, poros, bolhas, inclusões, segregações e empenos são defeitos também típicos de peças soldadas. Figura 7-1: Defeitos típicos em peças de fundição Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 128 7.2 - Controlo qualidade O controlo das peças deve incluir normalmente os seguintes itens: • Controlo visual para detectar defeitos visíveis exteriores • Controlo dimensional e de forma. Neste caso procede-se à medição das peças de forma convencional (paquímetros, micrómetros, comparadores, calibres e padrões) ou através de equipamentos de medição tridimensional, varrimento laser, projecção vídeo, projector de perfis, etc. A rugosidade é medida através de rugosímetros. • Controlo do metal fundido e da sua composição na elaboração. Deve garantir-se na fase de fusão das ligas o cumprimento dos parâmetros do processo (temperaturas, tempos, composições, gases, etc.).• Controlo da composição química e metalúrgica através de provetes. • Controlo das propriedades físicas e mecânicas. Neste item controla-se o volume da peça relativamente ao projecto através da pesagem por exemplo. Realizam-se ainda ensaios mecânicos de tracção quando é possível obter provetes no mesmo material das peças fundidas. A medição de durezas (Brinell ou Vickers) permite estimar com bastante aproximação a tensão de rotura do material, não necessitando de ensaio de tracção. A resistência ao choque é determinada pelo ensaio de Charpy. Poderão ainda realizar-se testes de fadiga para avaliar resistência a esforços cíclicos e alternados (envelhecimento). • Controlo não destrutivo. Este aspecto é de extrema importância para detectar defeitos de descontinuidades não visíveis a olho nu. O controlo não destrutivo visa inspeccionar e detectar os defeitos superficiais e internos sem recorrer à destruição das peças. Este item é desenvolvido seguidamente. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 129 7.2.1 - Líquidos penetrantes Esta técnica usa-se para detectar descontinuidades à superfície aplicando líquidos normalmente sob a forma de sprays fluorescentes ou com cores contrastantes (ex: vermelho e branco). É um método bastante simples e barato. O processo consiste em: a) Limpar e secar a zona a inspeccionar. Garantir remoção de sujidades e gorduras especialmente nas zonas passíveis de terem descontinuidades. Lixar a peça se necessário. b) Aplicar o líquido penetrante uniformemente na zona a inspeccionar e aguardar 5 minutos no mínimo. Este preenche as lacunas, se existirem, por capilaridade. c) Remover superficialmente a camada depositada. Nas descontinuidades fica retido o liquido penetrante. d) Aplica-se seguidamente um segundo líquido chamado revelador e aguardar alguns minutos. Este vai “puxar” e revelar a presença do anterior, identificando-se assim as descontinuidades por cor de contraste ou fluorescente. Figura 7-2: Líquidos penetrantes Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 130 7.2.2 - Ultra-sons Esta técnica permite detectar lacunas ou defeitos quer à superfície quer no interior das peças. Consiste em incidir ondas sonoras de alta frequência (200KHZ-15MHz) na peça a inspeccionar. A onda quando encontra uma interface (lacuna, final da peça, outro material, etc.) é reflectida e captada no aparelho. A onda reflectida é convertida num sinal eléctrico pelo transdutor e mostrada num ecrã. É possível assim correlacionar o tempo lido no gráfico com a distância percorrida pela onda a partir de uma distância de referência (largura da peça) e assim determinar a que distância a imperfeição se encontra da superfície. Varrendo a zona circundante é possível estimar a distribuição e forma da mesma. As ondas podem ser emitidas obliquamente. O processo requer técnicos especializados na operação e interpretação dos resultados. Permite detectar defeitos de pequena dimensão, dimensioná-los e inspeccionar peças de grande espessura. Figura 7-3: Ultra-sons Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 131 7.2.3 - Magnetoscopia Técnica muito usada na detecção de defeitos superficiais e mesmo no interior a pouca distância da superfície, em materiais ferromagnéticos. Por vezes após a limpeza, rebarbagem e polimento das peças os defeitos ficam camuflados ou escondidos, não sendo detectáveis por líquidos penetrantes ou a olho nu. O processo consiste em gerar um campo electromagnético na peça através da passagem de corrente gerada por dois eléctrodos ou envolvendo a peça por bobina. Se existirem defeitos criam-se campos de fuga. Espalhando partículas ferromagnéticas, estas são atraídas para essa zona. A maior sensibilidade dá-se quando a direcção do campo magnético é perpendicular ao defeito, implicando técnicas diferentes para detecção de defeitos longitudinais ou transversais. Figura 7-4: Magnetoscopia Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 132 7.2.4 - Radiografia Os raios X são produzidos pela alta tensão presente em máquinas geradoras de raios X. Os raios gama (γ) são produzidos por isótopos radioactivos (ex: Iridium 192). Este tipo de radiação é prejudicial à saúde. Devem prever-se procedimentos de segurança e protecção adequados. O operador deve estar devidamente protegido num compartimento isolado ou com barreiras. Os locais devem estar identificados com zonas radioactivas. A inspecção por radiografia consiste em criar radiação electromagnética (X ou γ.) e fazê-la atravessar uma peça com determinada espessura. Parte da radiação é absorvida pela peça a inspeccionar em função da espessura e da natureza do material. A radiação remanescente (atenuada) vai impressionar um filme em tons de cinzento. Essa impressão pode ser numa película convencional ou num papel de radiografia. Actualmente essas imagens podem ser tratadas informaticamente e mostradas em formato digital num vulgar ecrã, em tempo real (sem filme). Quanto mais espessa for uma peça mais radiação vai absorver. A remanescente vai diminuir (menos intensidade), logo vai imprimir o filme com menos intensidade, ficando impressa num tom mais claro. A presença de lacunas como poros, bolhas, inclusões não metálicas e outros defeitos têm um efeito semelhante à diminuição da espessura. Assim, a radiação vai ser menos atenuada, imprimindo cor mais escura. A zona do espaço não atravessada pela radiação fica toda impressa em tom escuro (negra). As peças são examinadas em várias posições para se determinar a posição e tamanho das imperfeições. As figuras seguintes ilustram o espectro das radiações electromagnéticas com localização dos raios X e gama, o princípio de funcionamento da radiologia a exemplos de radiografias. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 133 Figura 7-5: Radiação electromagnética Figura 7-6: Radiografia Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 134 Figura 7-7: Equipamento Radiografia e exemplos 7.2.5 - Outros ensaios Para além dos ensaios referidos anteriormente existe ainda uma variedade disponível para as mais diversas aplicações. O ensaio por correntes induzidas de EDDY ou FOUCAULT é um exemplo que se baseia na medição da variação da impedância eléctrica de uma sonda em metais sujeitos a campos electromagnéticos. Refere-se por último um ensaio simples bastante usado, nomeadamente em canalizações e reservatórios que é o ensaio de estanquicidade. Coloca-se um fluido líquido ou gasoso no recipiente e verifica-se se há fugas pela presença de borbulhas ou pela medição da pressão a que o reservatório ou tubagem estão sujeitos. Se a pressão baixar indica que há fuga, logo existem fendas totais. Este método não detecta portanto fendas ou poros internos mas sim fendas que atravessam toda a espessura. Tecnologia Mecânica – Módulo (UFCD) – Processos de Fundição e de ligação 135 8 - Bibliografia AWS, Welding handbook (1996), Fundamentals of welding, 5th ed., Massachusetts Beeley, Peter, (2001), Foundry Technology, Butterworth-Heinemann, Oxford Groover, M. P., (1996), Fundamentals of Molder Manufacturing, Prentice Hall José M. G. de Carvalho ferreira, (1999), Tecnologia da fundição, Fundação Calouste Gulbenkian KALPAKJIAN, S. & SCHIMD, (2001), S. Manufacturing Engineering and Technology, 4 ed., Ed. Prentice Hall, parte V www.foundryonline.com/images (2009) http://www3.fsa.br/mecanica/arquivos (2009) http://www.fei.edu.br/~rodrmagn/PME-301 (2009) http://www.youtube.com/view_play_list?p=3AFB507B668AF162(2009) "Society of Manufacturing Engineers" http://geocities.ws/resumodefisica/termometria/ter07.html (2009) http://en.wikipedia.org/wiki/Blast_furnace (2010) www.dynamicmaterials.com (2010) Welding Symbols - iso2553.mht I Anexos Anexo A – Exercício Prático Fundição II Anexo B – Exercício Prático Fundição Injectada III Anexo C – Condições típicas de injecção (Plásticos) IV Anexo D – Materiais plásticos