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RESUMO DE DIREITO FINANCEIRO

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RESUMO DE DIREITO FINANCEIRO
ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO (AFE)
As necessidades individuais, nos dias de hoje, são ilimitadas, indo além das elementares, como alimentação, saúde, educação, segurança etc. O Estado deve prover vários bens e serviços, mas os recursos de que dispõe não são ilimitados: são escassos. 
Caberá ao governante eleito pelo povo escolher as necessidades que serão satisfeitas, transformando necessidades individuais em necessidades coletivas (ou necessidades públicas). Isso se faz através de decisão política do Poder Executivo, com aprovação legislativa, pelo orçamento público.
Régis Fernandes de Oliveira e Estevão Horvath, em seu Manual de Direito Financeiro, ensinam que tudo aquilo que incumbe ao Estado prestar, em decorrência de uma decisão política, inserida em norma jurídica, é necessidade pública. 
Aliomar Baleeiro, na obra Uma Introdução à Ciência das Finanças, ensina, ainda, que “a atividade financeira do Estado consiste em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação o Estado assumiu ou cometeu a outras pessoas de direito público”.
É tarefa do Estado a realização do bem comum, que se concretiza pelo atendimento das mais variadas necessidades públicas, como segurança, educação, saúde, previdência, justiça, habitação, transporte, trabalho, lazer etc. Para tanto, ele precisa obter fontes de recursos (extraindo-os da própria sociedade – tributos e contribuições –, recorrendo a empréstimos, alienando seu patrimônio, cobrando pela prestação de serviços etc.), planejando a aplicação destes recursos por meio do orçamento público.
A AFE é um poder-dever, pois o Estado não pode subsistir sem o atendimento das necessidades públicas.
Importante lembrar que a AFE está relacionada ao papel do Estado no atendimento às necessidades humanas. Ricardo Lobo Torres, em seu Curso de Direito Financeiro, resume o papel do Estado através dos tempos da seguinte forma:
Pensamento Liberal – Estado mínimo, garantindo apenas as necessidades, como justiça e segurança (influência do pensamento dos economistas clássicos, como Adam Smith);
Pensamento Socialista – Estado máximo, garantindo todas as necessidades coletivas e participando ativamente da vida em sociedade, inclusive da atividade econômica (influência do pensamento de Karl Marx);
Pensamento Social-Democrata – O Estado participando ativamente do processo produtivo, em fases de recessão ou depressão econômica, visando, sobretudo, a fomentar o emprego e a renda nacional. Política denominada de intervencionismo cíclico (influência do pensamento de John Maynard Keynes). 
Não há como se falar em AFE sem falar da Lei de Responsabilidade Fiscal, que é resultado de uma visão liberal de Estado, que se preocupa com o equilíbrio orçamentário, gastando no máximo o que se arrecada. Este ponto importantíssimo do Direito Financeiro será estudado posteriormente.
Características básicas da AFE
Presença direta ou indireta de pessoa jurídica de direito público:
O Estado, para cumprir as múltiplas funções destinadas à realização de seus fins, presta serviços públicos, faz atuar seu poder de polícia e desenvolve atividade econômica. Nessa atividade, poderá arrecadar tributos, cobrar preços ou, ainda, auferir recursos diretamente de seu patrimônio. 
Pode atuar por si ou por intermédio de suas autarquias (pessoa jurídica de direito público exercendo a atividade financeira) ou por meio das pessoas jurídicas de direito privado de que seja titular majoritário (empresas públicas ou sociedades de economia mista) ou venha a ter apenas participação acionária. 
Economicidade
Não interessa à AFE bens que não tenham valor econômico, que não possam satisfazer necessidades, que não possam ser convertidos em dinheiro, pois a mesma está voltada para a obtenção de recursos monetários que possam ser convertidos em pecúnia. 
Instrumentalidade
A AFE não é um fim em sim mesma, é meio que viabiliza as demais atividades estatais e propicia a prestação de inúmeros serviços.
A AFE é puramente instrumental, pois o Estado não tem interesse em enriquecer ou de aumentar seu patrimônio, mas arrecadar para atingir certos objetivos de natureza política, econômica ou administrativa. Apesar de instrumental, a atividade financeira não é neutra diante dos valores e princípios jurídicos, vinculando-se fortemente a eles. O Judiciário passa a fiscalizar a redistribuição de rendas, corroborando princípios como economicidade, legalidade, publicidade, irretroatividade e transparência. 
Accountability
O conceito de accountability surgiu a partir da década de 1980 nos países de tradição anglo-saxã. A tradução do termo para a língua portuguesa não é precisa. Podendo ser traduzido como: dever de prestar contas; dever de transparência; dever de eficiência dos responsáveis pela atividade financeira do Estado. 
Reflexos da accountability no ordenamento jurídico brasileiro: 
Nos princípios republicano e democrático (CF, art. 1º);
No dever de eficiência e transparência da Administração Pública (CF, art. 37);
No princípio da prestação de contas (CF, art. 70);
Na existência de mecanismos de controle técnico da gestão, como os Tribunais de Contas, Ministério Público, Poder Judiciário, Poder Legislativo, Órgãos de Controle interno (como as Controladorias e Ouvidorias), Agências Reguladoras etc.;
Na existência de mecanismos de controle social, a exemplo do direito ao voto, da ação popular, da denúncia perante os Tribunais de Contas e o Ministério Público, do orçamento participativo etc. (CF, art. 5º, XXXIII, XXXIV, XXXV, LXXIII; Art. 14; art. 31, § 3º, Art. 74, § 2º);
Na LRF, haja vista que suas regras enfatizam o planejamento, o controle e a transparência da gestão pública. 
CIÊNCIA DAS FINANÇAS E CONTABILIDADE PÚBLICA - Distinção
A Ciência das Finanças é uma ciência especulativa que estuda o fenômeno financeiro, independentemente de haver regulamentação legal. Na lição de Aliomar Baleeiro, estuda os fenômenos ligados à obtenção e dispêndio de recursos necessários ao financiamento dos serviços a cargo do Estado, bem como outros resultantes dessa atividade governamental. 
Ela auxilia o administrador público no sentido de apontar o melhor caminho a trilhar. O incremento da receita, a emissão de moeda, os efeitos inflacionários, o aumento da taxa básica de juros, a emissão de títulos da dívida pública, são fenômenos explicados pela Ciência das Finanças. 
A Contabilidade Pública é a ciência que estuda, orienta e controla as operações contábeis, financeiras ou registrárias da Administração Pública. Ela revela a escrituração das receitas e despesas, traduzindo um processo que visa a registrar de forma metódica os fatos ocorridos ou praticados num órgão ou entidade da Administração Pública. Essa metodologia visa dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia à atividade desenvolvida. Ela presta auxílio tanto à Ciência das Finanças e ao Direito Financeiro. 
Como exemplos de regras de Contabilidade Pública, temos os arts. 83 a 93 da Lei nº 4.320/64 e 50 e 51 da LRF.
DIREITO FINANCEIRO: Conceito, objeto e fontes
O Direito Financeiro, segundo Kiyoshi Harada, é o ramo do direito público que estuda a atividade financeira do Estado do ponto de vista jurídico. 
Para Ricardo Lobo Torres, é o conjunto de normas e princípios que regulam a atividade financeira, incumbindo-lhe disciplinar a constituição e a gestão da Fazenda Pública, estabelecendo as regras e os procedimentos para a obtenção da receita pública e a realização dos gastos necessários à consecução dos objetivos do Estado.
Objeto do Direito Financeiro:
Segundo Ricardo Lobo Torres, seu objeto decorre da própria atividade financeira do Estado, abrangendo, portanto: 
receita pública;
despesa pública;
orçamento público;
crédito público. 
Competência Legislativa
Nos termos do Art. 24, I, da CF, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre DireitoFinanceiro. Apesar de, nesse dispositivo, terem sido excluídos os Municípios, estes podem, sim legislar sobre Direito Financeiro, conforme o disposto no Art. 30, II, da CF. Para reforçar esse entendimento, lembramos da competência do Executivo e do Legislativo municipais para elaborar e aprovar, respectivamente, as leis orçamentárias. 
Em se tratando de legislação concorrente, a União se limitará a estabelecer normas gerais, que não exclui a competência suplementar dos Estados, Distrito Federal e Municípios para legislarem sobre Direito Financeiro. Assim, eles podem estabelecer normas específicas sobre a matéria, desde que respeitem as normas gerais da União.
Se não existirem normas gerais de estatuídas pela União, os demais entes exercerão a competência legislativa plena. Neste caso, se sobrevier lei federal, tratando de normas gerais, a lei estadual, municipal ou distrital que lhe for contrária terá sua eficácia suspensa (atenção: o dispositivo legal conflitante não será revogado, mas terá sua eficácia suspensa). 
Nos termos do § 9º do Art. 165 da CF, caberá à lei complementar:
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.
Ainda não foi aprovada uma lei que trate de todas essas matérias – normas gerais de Direito Financeiro. Entretanto, a Lei Federal nº 4.320/64 trata de alguma dessas questões e foi recepcionada, em sua maioria, pela atual CF de 1988 como lei complementar (ela foi elaborada na vigência da Constituição de 1946).
Formalmente, a 4.320 é lei ordinária. Materialmente, é Lei Complementar, só podendo ser alterada por outra LC. É lei de abrangência nacional, aplicando-se à União, Estados, DF e Municípios.
Outra norma que regulamenta parcialmente esse dispositivo constitucional é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, igualmente obrigatória para todos os entes federativos.
Principais dispositivos constitucionais sobre Direito Financeiro
CF, Arts. 24, I, II e §§; 48, II; 49, IX, X, XIII,; 51, II; 52, III, b; 57, § 2º; 61, II, b; 63; 68, III; 7- a 75; 84, XXIII; 100; 160; 163 a 169; 
ADCT, arts. 33 e 35, §2º.
Constituição Financeira
É a regulamentação constitucional de todo o fenômeno financeiro (receita, despesa, orçamento e crédito público). Pode ser formal ou material.
A Formal está adstrita apenas ao capítulo das Finanças Públicas (Arts. 163 a 169 da CF). A Material, por sua vez, compreende não apenas os dispositivos do capítulo das Finanças Pública, fazendo parte dela também outras regras importantes, como as da fiscalização contábil, financeira e orçamentária (CF, arts. 70 a 75) e as do regime de precatórios (Art. 100 da CF). 
 
Ricardo Lobo Torres ensina que a Constituição Financeira é uma das subconstituições do Estado Democrático e Social de Direito, e se divide em outros subsistemas, sendo três os principais: o tributário (CF, arts. 145 a 156), o financeiro propriamente dito (CF, arts. 157 e 164 – disciplina a relação intergovernamental, o crédito público e a emissão de moeda) e o orçamentário (70 a 75 e 165 a 169 da CF: disciplina o planejamento, o orçamento e o controle da execução orçamentária). 
Considerando que a maior parte das normas de Direito Financeiro está assinalada na Constituição ou em Lei Complementar (a exemplo da 4.320/64 e da LRF), espécies normativas que exigem quorum qualificado para alteração (3/5 e maioria absoluta, respectivamente), pode-se afirmar que uma das características do nosso sistema legal de Finanças Públicas é a RIGIDEZ. Logo, não é exagero dizer que a Constituição Financeira é rígida.
Conflito entre a 4320 e a LRF: A LRF não revoga a 4.320, nem a substitui. São duas leis distintas. A primeira (editada sob a égide da CF/1946 e recepcionada pela CF/88 como Lei Complementar) regula as normas gerais de elaboração dos orçamentos e dos balanços. A outra (com fundamento no Art. 163, I, da CF/1988) estabelece normas de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal. 
Existindo algum dispositivo conflitante entre as duas normas jurídicas, há que prevalecer a vontade da lei posterior, que é a LRF.
Principais Fontes do Direito Financeiro
Constituição Federal principalmente, o Capítulo que trata das Finanças Públicas (CF, arts. 163 a 169). Vale salientar, também, as regras sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária (CF, arts. 70 a 75), as regras de repartição de receita entre os entes Federativos (art. 157 a 160) e as regras sobre o sistema de precatórios (art. 100); 
Leis Complementares, a exemplo da Lei nº 4.320/64 e da LRF;
Leis ordinárias, a exemplo das leis orçamentárias e dos Códigos de Administração Financeira;
Decretos do Poder Executivo;
Atos normativos emanados pelo Poder Executivo, a exemplo das Portarias e Instruções Normativas da STN (Secretaria do Tesouro Nacional, órgão do Ministério da Fazenda). 
NORMAS GERAIS SOBRE AS FINANÇAS PÚBLICAS 
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PARA A MATÉRIA DE ORÇAMENTO PÚBLICO
IDEOLOGIA KEYNESIANA - a partir da década de 1930 predominou a ideologia keynesiana, que admitia orçamentos deficitários e excesso de despesa pública, a fim de garantir o pleno emprego e a estabilidade econômica.
IDEOLOGIA DO LIBERALISMO SOCIAL – a partir da década de 1980, a política keynesiana foi ultrapassada por esta, que pregava a contenção dos gastos públicos e dos privilégios, bem como o aumento das receitas, para o incremento financeiro do Estado. 
O Estado, como agente normativo e regulador da atividade econômica, exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado (CF, Art. 174, caput). 
Eleitas as necessidades individuais a serem satisfeitas pelo Estado, a ele se abrem 3 caminhos:
Atuação direta na atividade econômica, a qual, ressaltamos, é excepcional (CF, Art. 173); 
Atuação normativa e reguladora da atividade econômica (CF, Art. 174);
Prestação de serviços públicos (CF, Art. 175).
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