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Resenha "Perspectivas e Desafios para o Jovem Arquiteto no Brasil Qual o Papel da Profissão?"

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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO – FACEMA
CURSO: ARQUITETURA E URBANISMO
DISCIPLINA: PROJETO ARQUITETÔNICO I
PROFESSORA: LAIS FROTA
TURMA: 3º PERÍODO NOTURNO
ACADÊMICA: ANA CAROLINA MARQUES ASSUNÇÃO
RESENHA: PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O JOVEM ARQUITETO NO BRASIL
QUAL O PAPEL DA PROFISSÃO?
CAXIAS – MA
2016
Os arquitetos estão, de fato, exercendo sua profissão ou apenas fingindo?
João Sette Whitaker Ferreira é o autor do artigo “PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O JOVEM ARQUITETO NO BRASIL: Qual o papel da profissão? ”, formado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), mestre em Ciência Política e doutor em Estruturas Ambientais Urbanas.
O artigo se desenvolve em torno de duas questões principais: a primeira é a grande valorização dada à arquitetura autoral – edifícios únicos assinados por profissionais renomados – e a segunda é em como essa valorização influencia um processo que pode ser chamado de “apartheid brasileiro”. Inicialmente, são duas questões aparentemente desconexas, mas, ao longo do artigo, o autor desenvolve o assunto interligando-as e pontuando problemas muitas vezes ignorados pela sociedade – e isso inclui arquitetos e urbanistas – que precisam de atenção, discussão e solução urgentemente.
O autor começa primeiro explicando como o mundo limita as perspectivas de atuação dos futuros arquitetos e, até mesmo de arquitetos já formados, vangloriando a arquitetura autoral como único meio de sucesso profissional. Mas essas são poucas exceções de pequenos grupos que alcançam o sucesso; a verdade é que a arquitetura, ao mesmo tempo que acompanha o desenvolvimento efervescente das cidades, também não está presente; isso porque muitas construções são feitas, o ramo imobiliário cresce, mas a arquitetura não é posta em prática, não é, como o próprio autor coloca, “um ator relevante” nesse processo. 
Não que essas poucas obras autorais que obtêm grande repercussão e admiração sejam mal feitas, mas ele ressalta, e de forma bem explícita, que o arquiteto não pode se restringir apenas nesse ramo, até porque, e é nesse momento que ele interliga as duas questões, geralmente, esse tipo de arquitetura está ligado a atender demandas e pedidos de classes mais ricas, essas pessoas com poder aquisitivo, por sua vez, vão solicitar uma arquitetura padrão internacional e os profissionais deixam de criar para “copiar” com apenas algumas modificações e acaba-se voltando à questão de “projetar só por projetar”, sem pensar em questões como o fato de cada lugar exigir um tipo de construção que se adapte às condições locais, isso inclui topografia, clima, existência de materiais, etc. Além disso, vale ressaltar que uma consequência disso tudo é que o arquiteto deixa de se voltar para a arquitetura social, que seria a arquitetura voltada para a inclusão social das pessoas de classes diferentes, porque simplesmente não vai trazer lucro ou reconhecimento. 
Então entra aí a questão: os arquitetos estão, de fato, exercendo sua profissão ou apenas fingindo? Porque a arquitetura da forma como está sendo posta em prática, apenas cópias e mais cópias de residências, prédios e modelos que nada tem a ver com nossa realidade, se quer deveria ser chamada de arquitetura.
Ambos, o lucro e o reconhecimento, de fato não são dados àqueles que se importam com essa questão, isso porque as pessoas estão acostumadas a não pensar nos outros e apenas em si, estão focadas em se fechar no próprio mundo; ora, isso se percebe na própria arquitetura, os muros que cercam residências e evitam contatos de pessoas com outras pessoas. Isso tudo efeito de uma arquitetura elitizada e afastada da realidade urbana decorrente de um longo período de autoritarismo e políticas econômicas de extrema concentração de renda, ponto ressaltado e muito bem observado pelo próprio autor.
Então, ele passa a falar do programa “Minha Casa Minha Vida” (MCMV) que é um programa feito para incluir socialmente pessoas de renda mais baixa, um bom programa, que poderia servir para chamar a atenção dos arquitetos e até mesmo para contar com a participação deles para ajudar com o projeto das casas e do urbanismo dos novos conjuntos; porém, quando posto em prática, um belo fracasso, porque levou moradias medíocres às pessoas, as casas são todas iguais, em locais não afastados que além de, em alguns casos, serem áreas de risco, também não ofereciam serviços básicos necessários para a sobrevivência humana e quando oferecem, são precários.
Os condomínios de luxo, grandes indicadores de segregação social, são usados de inspiração para esses conjuntos de classe média sem adaptações aos locais em que são construídos e feitos com abuso de movimentação de terra. É claro que todos têm sua parcela de culpa, não só com o fracasso do programa MCMV, mas também com o fato desse quadro segregador ter se instaurado no país.
Whitaker finaliza o artigo lembrando que, apesar de ser uma triste realidade que ainda são poucos os arquitetos que se preocupam e valorizam a Arquitetura Social, pouco a pouco, essa situação está começando a mudar; no Rio, por exemplo, iniciou-se o programa PAC – Urbanização de Assentamentos Precários e em Manaus, iniciou-se um programa semelhante, o Prosamin.
Com este artigo fica mais do que claro o quanto a arquitetura é envolvida com questões sociais e como nós podemos amenizar uma situação como essa. A inclusão social também é papel de nós, futuros arquitetos e dos arquitetos já formados. O artigo como um todo é esclarecedor e muda a concepção de quem ainda é leigo nessa questão de segregação social, é interessante a forma como o autor consegue nos convencer e fazer nos desprender de conceitos que se quer sabíamos que tínhamos.

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