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LASSALLE Resenha

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FACULDADE DAS ATIVIDADES EMPRESARIAIS DE TERESINA – FAETE 
CURSO DE DIREITO 
DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL I 
PROFESSOR: IVONALDO DA SILVA MESQUITA 
ACADÊMICO DE DIREITO: FRANCISCO DAS CHAGAS EVANGELISTA 
 
RESENHA CRÍTICA 
 
 LASSALLE, Ferdinand. A Essência da Constituição. 9 ed. Rio de Janeiro: 
Lumen Juris, 2010. 
 
Ferdinand Lassalle, nascido em Breslau em 11 de abril de 1825, é considerado um 
precursor da social-democracia alemã. Foi contemporâneo de Karl Marx, com quem 
esteve junto durante a Revolução Prussiana de 1848 até romper com ele em 1864[1]. 
Combativo e ativo propagandista dos ideais democráticos. Proferiu, em 16 de abril de 
1862, numa associação liberal-progressista de Berlim, sua conferência que serviu de 
base para um livro importante para o estudo do direito constitucional (editado e 
traduzido para o português com nome "A Essência da Constituição"). Lassalle morreu 
em 31 de agosto de 1864, nos subúrbios de Genebra, três dias depois de ser mortalmente 
ferido em um duelo pela mão de sua ex-noiva, Hélène von Dönniges. Seu corpo foi 
enterrado num cemitério judeu de Breslau - atualmente Wroclaw, na Polônia. 
 
A obra A Essência da Constituição pode ser considerada como precursora da 
sociologia jurídica, enquanto teoria crítica da ordem jurídica. Seu pressuposto é o 
estudo crítico da Constituição Prussiana de 1850 que aboliu o sufrágio universal e direto 
apenas dois anos de sua consagração através da Lei de 1848. É um trabalho 
essencialmente influenciado por preocupações políticas e sociológicas e ao mesmo 
tempo permeado pelo pensamento socialista em desenvolvimento antes da ascensão de 
Bismarck. 
O primeiro capítulo intitula-se Sobre a Constituição e inicia-se com uma questão 
crucial durante toda a obra: qual a essência de uma Constituição, seu verdadeiro 
conceito? A principio para Lassalle, a Constituição é semelhante à chamada Lei 
Fundamental, as normas se aplicam não pela eficácia, mas pela validez; porque se 
fundamentam hierarquicamente umas nas outras, ou seja, as normas inferiores se 
fundamentam e derivam das normas superiores. O que faz com que essas leis só possam 
ser aquilo que realmente são e nunca o que deveriam ser? A resposta segundo o autor é 
clara: os fundamentos sociológicos das constituições são determinados pelos chamados 
fatores reais do poder. E estes são constituídos pela monarquia, aristocracia, a grande 
burguesia, os banqueiros e até mesmo pela pequena burguesia e a classe operária. Esse 
conjunto de forças atua politicamente para conservar as instituições jurídicas vigentes. 
Conclui o capitulo com a afirmação polêmica de que as forças armadas são forças 
organizadas do rei e, portanto, não sujeitas às normas e disposições constitucionais, mas 
acima ou independente delas, porque assim está o monarca. 
A segunda parte da obra aprofunda a tese já esboçada anteriormente sobre o 
conflito entre um poder organizado e um poder inorgânico: Lassalle faz uma distinção 
sobre uma Constituição real e efetiva e uma Constituição escrita (folha de papel). 
Somente com a transformação dos fatores reais do poder é que se transforma também a 
Constituição vigente como ocorreu na transição do feudalismo para o absolutismo. 
No terceiro e último capítulo embora afirme que boa e duradoura é a 
Constituição escrita que se apoia na Constituição real, esta só se apoiaria nos fatores 
reais de poder. Lassalle não é otimista em sua conclusão: os servidores do povo são 
retóricos enquanto que os do governante são práticos, utilitários e oportunistas. As 
consequências são inevitáveis: as constituições escritas não tem valor nem são duráveis, 
pois deixam incólumes as forças que mandam no país como de fato ocorreu na 
Constituição Prussiana de 1850. 
Embora tenha se limitado no contexto alemão das constituições outorgadas, 
desconsiderando mesmo o poder das Assembleias, o texto tem valor histórico 
principalmente pelo diagnóstico das “forças ocultas” que ficam encobertas pela 
Constituição escrita. Ainda que limitadamente, Lassalle intuiu os parâmetros gerais de 
modernas teorias jurídicas, obrigando-nos a um maior estudo e aprofundamento para 
uma teoria democrática do Estado, reconhecendo que Lassalle deu significativa 
contribuição à teoria do voto universal e direto como instrumento de conquista do poder 
e democratização. Mesmo que não definindo como seria a construção ou constituição de 
um novo Estado ou uma ordem jurídica alternativa, o mérito e a originalidade de 
Lassalle é ensinar claramente o que não deve ser a essência de uma Constituição.

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