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Texto 4 - REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

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Texto 4 - REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
As determinações existentes na Constituição Federal brasileira precisam ser efetivamente garantidas, razão pela qual a própria Constituição prevê instrumentos por meio dos quais os direitos e garantias fundamentais sejam realizados.
Eles são chamados de remédios constitucionais porque atuam exatamente como um medicamento que cura situações que estão em desacordo com a Constituição Federal e que, exatamente por isso, devem ser modificadas por meio esses instrumentos.
Os remédios constitucionais expressamente previstos na Constituição Federal brasileira de 1988 são:
• Habeas corpus – esta previsto no artigo 5°, inciso LXVIII da Constituição Federal, e será concedido todas as vezes que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Em tradução literal, habeas corpus significa “que tenhas o teu corpo”, ou seja, a garantia da liberdade, do direito de não ser preso. E uma garantia contra prisões ilegais ou abusivas, protege o individuo no seu direito de ir e vir ou permanecer, ou ainda, visa a proteção da liberdade física de locomoção.
• Mandado de segurança individual – esta previsto no inciso LXIX do artigo 5° da Constituição Federal brasileira e tem por objetivo proteger direito liquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade publica ou agente de pessoa jurídica no exercício das atribuições do Poder Publico. E uma forma de proteção dos direitos subjetivos de cada individuo, sempre que eles estiverem ameaçados ou tenham sido realmente violados por uma autoridade publica ou por alguém que esteja no exercício de uma funcao dessa natureza. Direito liquido e certo e aquele que pode ser demonstrado de forma simples e fácil, com documentos que estarão junto a petição que for feita para interpor o mandado de segurança. Não ha necessidade de outra prova.
• Mandado de segurança coletivo – esta previsto no inciso LXX do artigo 5° da Constituição Federal e pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional e por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento ha um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Ele pode ser utilizado nas mesmas hipóteses em que couber o mandado de segurança individual, ou seja, a proteção de direito liquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando a lesão de direito ou a ameaça for praticada por ação ou omissão de autoridade publica ou agente em exercício de atribuições do Poder Publico.
• Ação popular – esta prevista no inciso LXXIII do artigo 5° da Constituição Federal brasileira, que determina que qualquer cidadão e parte legitima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio publico ou de entidade de que o Estado participe, a moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao seu patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de pagar custas processuais e do ônus do pagamento dos honorários do advogado da parte contraria, caso venha a perder a ação (também chamado ônus da sucumbência). O principal objetivo desse instrumento e anular ou declarar nulo um ato praticado por autoridade publica que tenha lesado o patrimônio publico, ou tenha atentado contra a moralidade publica, contra o meio ambiente ou contra o patrimônio histórico e cultural. Tem por objetivo combater a ilegalidade do ato. E um importante instrumento de participação popular, de pratica de cidadania ativa ou de democracia participativa.
• Habeas data – esta previsto no inciso LXXII do artigo 5° da Constituição Federal brasileira. Foi criado para assegurar o direito de conhecer informações relativas a pessoa do impetrante, existentes em registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter publico; ou, para retificação de dados existentes nesses registros ou bancos de dados. Cabe impetracao de habeas data para conhecer ou retificar informações de entidades publicas ou de entidades privadas, como o Serviço de Proteção ao Credito ou o SERASA–Sistema de Proteção de Bancos.
• Mandado de injunção – esta previsto no inciso LXXI, do artigo 5° da Constituição Federal brasileira. Será concedido sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes a nacionalidade, a soberania e a cidadania. Ainda não foi editada uma norma infraconstitucional reguladora do mandado de injunção, embora o Supremo Tribunal Federal já tenha reconhecido que e possível a proposição desse instrumento, mesmo sem a norma que o regulamente. O objetivo e que ele seja utilizado todas as vezes que o Poder Publico for negligente ou omisso em relação as normas constitucionais de eficácia limitada (que não são auto-executáreis), deixando de criá-las e aprová-las e, com isso, impedindo a efetividade da norma constitucional.
PARA SABER MAIS SOBRE DIREITO CONSTITUCIONAL.
HISTÓRICO:
Até meados do século XVIII, as Constituições eram costumeiras, baseadas nas tradições, hábitos e costumes do povo, e, também, baseadas em leis e documentos esparsos, como por exemplo, a Magna Carta inglesa, de João Sem Terra, de 1215, que consubstanciou o acordo entre o Rei e o baronato revoltado com os amplíssimos poderes do Monarca sobre tudo e sobre todos. 
Posteriormente, em 1689, na mesma Inglaterra, para, uma vez mais, estabelecer limites aos poderes do Monarca, foi editada a Bill of Rights. 
A idéia de Constituição veio a ganhar força quando foi associada às concepções iluministas, com o liberalismo político representando a ideologia revolucionária do século XVIII. O triunfo das idéias liberais dá-se com as Revoluções dos séculos XVII, na Inglaterra, e XVIII, nos Estados Unidos e na França, quando se afirmam os direitos fundamentais e a não-intervenção arbitrária do Estado. 
A partir da segunda metade do século XVIII, inspirado na filosofia sócio-contratualista existente especialmente durante os séculos XVI a XVIII, compreendeu-se a necessidade da elaboração de uma Constituição escrita, baseada no pacto social, de maneira que ela significasse uma verdadeira expressão contratual da sociedade, devendo, por isso, ser clara, objetiva, racional e firme, de modo a representar um princípio de maior proteção contra possíveis e prováveis deformações de caráter autoritário, arbitrário. 
A primeira Constituição escrita, criada pelo Poder Constituinte e em termos similares aos que atualmente são conhecidos, surgiu em 1787, nos Estados Unidos, tendo por base a teoria do contrato social. 
É bem de ver, contudo, que antes da revolução americana, e, por conseguinte, bem antes dessa primeira Constituição escrita, todas as treze colônias americanas já tinham as suas cartas constitucionais. 
Com a independência dessas colônias, depois transformadas em Estados soberanos, foram publicados documentos formais como a Declaração de Direito do Estado da Virgínia, de 12/06/1776, e a de Massachussets, em 1780, tomada como principal modelo da Constituição Federal americana. 
Depois disso, a Constituição se tornaria uma instituição política que tinha por objetivo a delimitação do Poder, sendo que esta delimitação se operava, de maneira extrínseca pela garantia dos direitos naturais, e de maneira intrínseca, como decorrência da adoção do princípio da separação de poderes, conforme explicitado pela Declaração dos Direitos do Homem, de 1789. 
Segundo Norberto Bobbio, o Estado moderno, liberal e democrático surgiu da reação contra o Estado absoluto. Para Bobbio, o problema fundamental do Estado constitucional moderno, que se desenvolve como uma antítese do Estado absoluto, é o dos limites do poder estatal.
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS CONSTITUCIONAIS:
Quanto ao conteúdo: material e formal:
Constituição material é o conjunto de regras constitucionais esparsas, codificadas ou não em um único documento. 
Já a Constituição,no seu conceito formal, consubstancia-se em um conteúdo normativo expresso, estabelecido pelo poder constituinte originário em um documento solene que contém um conjunto de regras jurídicas estruturais e organizadoras dos órgãos supremos do Estado. 
A diferença entre sentido material e sentido formal da Constituição é que nesta temos a existência estatal reduzida à sua expressão jurídica formalizada através da codificação solene das normas constitucionais. 
Quanto à forma: escrita e não escrita:
Constituição escrita é o conjunto de regras codificado e sistematizado em um único documento para fixar-se a organização fundamental.
Caracteriza-se por ser a lei fundamental de um povo, colocada no ápice da pirâmide das normas legais, dotada de coercibilidade. 
Todas as Constituições brasileiras foram escritas, desde a Carta Imperial até a Constituição de 1988. 
Constituição não escrita é o conjunto de normas constitucionais esparsas, baseado nos costumes, na jurisprudência e em convenções. Exemplo: Constituição inglesa. 
Quanto à forma de elaboração: dogmáticas e históricas: 
Constituição dogmática é aquela que se nos é apresentada de forma escrita e sistematizada, por um órgão constituinte, a partir de princípios e idéias fundamentais da teoria política e do direito dominante em uma determinada sociedade. Constituição histórica é aquela que resulta da história, dos costumes e da tradição de um povo. 
Quanto à origem: promulgadas (democráticas e populares) e outorgadas:
A Constituição promulgada, também chamada de democrática ou popular, é aquele fruto do trabalho de uma Assembléia Nacional Constituinte, eleita pelo povo com a finalidade da sua elaboração. Exemplos: Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 e 1988. 
Constituição outorgada é aquela estabelecida através da imposição do poder, do governante, sem a participação popular. Exemplos: Constituições brasileiras de 1824, 1937, 1967 e a Emenda Constitucional de 1969.
 
Quanto à estabilidade: imutáveis, rígidas, flexíveis e semi-rígidas:
Constituição imutável é aquela onde é vedada qualquer modificação. Essa imutabilidade pode ser, em alguns casos, relativa, quando prevê a assim chamada limitação temporal, consistente em um prazo em que não se admitirá qualquer alteração do legislador constituinte reformador. 
Constituição rígida é aquela escrita, mas que pode ser alterada através de um processo legislativo mais solene e com maior grau de dificuldade do que aquele normalmente utilizado em outras espécies normativas. Exemplo: Constituição brasileira de 1988 (Ver artigo 60 – Emendas à Constituição). 
Constituição flexível é aquela em regra não escrita e que pode ser alterada pelo processo legislativo ordinário, sem qualquer outra exigência ou solenidade. 
Constituição semi-rígida ou semiflexível é aquela que pode ter algumas de suas regras alteradas pelo processo legislativo ordinário, enquanto outras somente podem sê-las por um processo legislativo mais solene e com maior grau de dificuldade. 
Alexandre de Moraes entende que a Constituição brasileira de 1988 é super-rígida, porque “em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável (CF, art. 60, §4o – cláusulas pétreas)”.
 
Quanto à sua extensão e finalidade: analíticas (dirigentes) e sintéticas (negativas, garantias): 
Constituição analítica é aquela que examina e regulamenta todos os assuntos relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado. É também chamada de Constituição dirigente porque define fins e programa de ação futura. Exemplo: Constituição brasileira de 1988. 
Constituição sintética é aquela que prevê somente os princípios e as normas gerais de organização do Estado e a limitação do seu poder através da fixação de direitos e garantias fundamentais para o cidadão. Exemplo: a Constituição dos EUA. 
A Constituição brasileira é, destarte, formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica. 
ESTRUTURA NORMATIVA
Para José Afonso da Silva as Constituições contemporâneas, em sua estrutura normativa, revelam cinco categorias de elementos destacáveis: orgânicos; limitativos; sócio-ideológicos; de estabilização constitucional; e, finalmente, formais de aplicabilidade. 
Elementos orgânicos: são aqueles contidos em normas jurídicas que regulam a estrutura e o funcionamento do poder estatal, sendo, portanto, fundamentais à existência do Estado. Na atual Constituição brasileira, tais elementos podem ser encontrados nos Títulos III (Da Organização do Estado), no Título IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo), no Título V, Capítulos II e III (Das Forças Armadas e da Segurança Pública), e no Título VI (Da Tributação e do Orçamento); 
Elementos limitativos: são aqueles que têm origem no liberalismo clássico, que busca estabelecer limites à ação do Estado, assegurando um Estado de Direito onde os direitos individuais e coletivos devem estar presentes no texto constitucional. 
Na atual Constituição brasileira podemos encontrar esses elementos limitativos ao longo do Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), à exceção do Capítulo II, que trata dos direitos sociais; 
Elementos sócio-ideológicos: não existiam nas primeiras Constituições escritas, porque elas tratavam exclusivamente da limitação à ingerência estatal. Tais elementos revelam a emergência de um Estado Social, mais intervencionista que o velho Estado Liberal. 
O surgimento e emergência do assim chamado Estado Social trazem como conseqüência governos de cunho intervencionista, cuja atividade governamental busca garantir a promoção dos direitos sociais voltados aos menos favorecidos, com aumento dos gastos públicos e com o conseqüente endividamento público. 
Na Constituição brasileira em vigor, vislumbramos os elementos sócio-ideológicos no Capítulo II, do Título II (Dos Direitos Sociais), e, também, nos Títulos VII e VIII (Da Ordem Econômica Financeira e Da Ordem Social); 
Elementos de Estabilização Constitucional: são aqueles que trazem ínsitos a necessidade da proteção do texto constitucional, e, por isso mesmo, destinam-se à defesa da Constituição e à solução de conflitos constitucionais, garantindo os meios de efetivação e continuidade da norma constitucional. 
Na Constituição brasileira de 1988 encontramos esses elementos nos arts. 102, I, a, e 103 (relativos à jurisdição constitucional), nos arts. 34 a 36 (Da Intervenção nos Estados e Municípios), nos arts. 59, I, e 60 (referentes ao processo de emendas à Constituição), e no Título V, Capítulo I (Do Estado de Defesa e do Estado de Sítio); 
Elementos Formais de Aplicabilidade: são aqueles que dizem respeito à formação das regras de aplicação das normas constitucionais. 
São, assim, elementos de aplicabilidade os artigos 1o ao 4o, que revelam princípios fundamentais da Constituição, assim também as disposições constitucionais transitórias. 
Também devemos considerar como elemento de aplicabilidade o §1o, do art. 5o, onde está disposto que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. 
Finalmente, encontramos no artigo 24 as regras para aplicação do federalismo cooperativo, que também representam elementos formais de aplicabilidade. 
TEORIA DA NORMA CONSTITUCIONAL
A teoria da norma constitucional cuida do estudo da aplicabilidade das normas constitucionais. 
José Afonso da Silva é o autor mais aclamado e acatado em se tratando da classificação das normas em relação a sua aplicabilidade. 
Para o Mestre paulistano as normas constitucionais dividem-se em normas constitucionais de eficácia plena, contida e limitada. 
Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte, direta e normativamente, quis regular. 
São, portanto, normas que não necessitam de regulamentação, sendo auto-aplicáveisou auto-executáveis, como por exemplo, os remédios constitucionais: mandado de segurança, habeas corpus, mandado de injunção, habeas data. 
Já as normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder público, nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nela enunciados. 
Vale dizer, a matéria constitucional foi devidamente regulada, mas a sua aplicação está condicionada a prévia existência de outra lei específica que a discipline, assim previsto expressamente. Exemplo: “Art. 5o, XIII: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. 
Normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que apresentam “aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses após uma normatividade ulterior que lhe desenvolva a aplicabilidade”. 
Isto quer dizer que esse tipo de norma constitucional, para entrar em vigor, vale dizer, para ter aplicabilidade prática, depende de uma lei posterior que a regulamente. 
Ao lado da classificação de José Afonso da Silva, adotada pela maioria dos nossos doutrinadores, temos as chamadas “normas programáticas”, que não têm aplicação ou execução imediata, mas se constituem em comandos-regras, pois explicitam comandos-valor. 
Jorge Miranda, mestre português da Universidade de Coimbra, diz que as normas programáticas conferem elasticidade ao ordenamento constitucional; têm como destinatário primacial – embora não único – o legislador, a cuja opção fica a ponderação do tempo e dos meios em que vêm a ser revestidas de plena eficácia (e nisso consiste a discricionariedade); não consentem que os cidadãos ou quaisquer cidadãos as invoquem já (ou imediatamente após a entrada em vigor da Constituição), pedindo aos tribunais o seu cumprimento só por si, pelo que pode haver quem afirme que os direitos que delas constam, máxime os direitos sociais, têm mais natureza de expectativas que de verdadeiros direitos subjetivos; aparecem, muitas vezes, acompanhadas de conceitos indeterminados ou parcialmente indeterminados. 
Assim, na prática, verificamos que as normas programáticas são aquelas que não regulam diretamente interesses ou direitos nelas consagrados, mas, ao contrário, limitam-se a traçar preceitos que devem ser cumpridos pelo Poder Público. 
Tércio Sampaio Ferraz Jr., afirma que “a eficácia técnica, neste caso, é limitada. E a eficácia social depende da própria evolução das situações de fato. Daí resulta uma aplicabilidade dependente.” 
HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
A hermenêutica constitucional tem por objetivo o estudo das técnicas de interpretação da Constituição, fornecendo os princípios básicos segundo os quais os operadores do Direito devem apreender o sentido das normas constitucionais. 
A interpretação constitucional, por outro lado, consiste no desvendar do significado da norma, com vistas à aplicação em um determinado caso concreto. 
PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
A hermenêutica estabelece princípios para se interpretar as regras constitucionais, que são os seguintes: a) princípio da Supremacia da Constituição; b) princípio da Unidade da Constituição; c) princípio da Imperatividade da Norma Constitucional; d) princípio da Simetria Constitucional; e) princípio da Presunção de Constitucionalidade das Normas Infraconstitucionais. 
a) Princípio da Supremacia das Normas Constitucionais: As normas constitucionais são, sempre, superiores às demais normas não constitucionais, ou infraconstitucionais. 
A norma não constitucional, ou inferior, somente se torna válida na medida em que é feita em estrita obediência ao procedimento legislativo que lhe é adequado e que, também, preserva o fundamento básico da supremacia das normas constitucionais que não admite a existência de normas jurídicas conflitantes. 
Isto que dizer que, sob o ponto de vista normativo, a Constituição representa o ápice de uma figura piramidal de hierarquização da norma jurídica. 
Em outras palavras, a Constituição seria um conjunto de normas jurídicas superiores que determina a criação de todas as demais regras que integram o ordenamento jurídico estatal. 
Segundo Kelsen, “o ordenamento jurídico não é, portanto, um sistema jurídico de normas igualmente ordenadas, colocadas lado a lado, mas um ordenamento escalonado de várias camadas de normas jurídicas”. 
b) Princípio da Unidade da Constituição: As normas constitucionais devem ser interpretadas de modo a se evitar qualquer tipo de contradição entre si. Isto porque “a Constituição não é um aglomerado de normas constitucionais isoladas, mas, ao contrário disso, forma um sistema orgânico, no qual cada parte tem de ser compreendida à luz das demais”. 
J.J. Gomes Canotilho ensina que “este princípio obriga o intérprete a considerar a Constituição na sua globalidade e a procurar harmonizar os espaços de tensão existentes entre as normas constitucionais a concretizar”. É por meio dessa visão unitária que fica consagrada a interdependência entre as normas constitucionais. 
c) Princípio da Imperatividade (ou da Máxima Efetividade) da Norma Constitucional: 
Sendo a norma constitucional de ordem pública e de caráter imperativo, emanada que é da vontade popular, o intérprete deve lhe conferir o máximo de efetividade no momento de sua aplicação. 
Para Rui Barbosa (apud Zimmermann, 2002), a hermenêutica da norma constitucional devia ser o mais ampla possível, pois para ele “nas questões de liberdade, na inteligência das garantias constitucionais, não cabe a hermenêutica restritiva”.
d) Princípio da Simetria Constitucional: 
Este princípio postula que haja uma relação simétrica entre as normas jurídicas da Constituição Federal e as regras estabelecidas nas Constituições Estaduais, e mesmo Municipais. Isto quer dizer que no sistema federativo, ainda que os Estados-Membros e os Municípios tenham capacidade de auto-organizar-se, esta auto-organização se sujeita aos limites estabelecidos pela própria Constituição Federal. 
Assim, pelo princípio da simetria, os Estados-Membros se organizam obedecendo ao mesmo modelo constitucional adotado pela União. Por este princípio, por exemplo, as unidades federativas devem estruturar seus governos de acordo com o princípio da separação de poderes. 
e) Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Normas Infraconstitucionais: Segundo este princípio, todas as normas jurídicas infraconstitucionais possuem a presunção de constitucionalidade até que o controle judicial se manifeste em contrário. Trata-se, portanto, da presunção júris tantum, posto que a norma infraconstitucional possui eficácia jurídica até que se prove o contrário. 
Este princípio decorre do próprio Estado de Direito, da separação de Poderes, pois é a própria Constituição que delega poderes ao Poder Legislativo para editar normas ordinárias, infraconstitucionais, que lhe dão plena operatividade, e o Legislativo assim o faz na convicção de que está a respeitar a Constituição, na presunção de que as leis que elaborou e que foram promulgadas são, efetivamente, constitucionais, devendo a quem argüi a sua inconstitucionalidade perante o Poder Judiciário provar o vício que alega, e a declaração de inconstitucionalidade das normas ordinárias somente deve ocorrer quando afastada toda e qualquer dúvida quanto à sua incompatibilidade com a Constituição.

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