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1 CAPÍTULO 4 RELÉS DIFERENCIAIS Prof. José Wilson Resende Ph.D em Sistemas de Energia Elétrica (University of Aberdeen-Escócia) Professor titular da Faculdade de Engenharia Elétrica Universidade Federal de Uberlândia 4.1. Introdução: O relé diferencial caracteriza-se pela operação por diferença de correntes. A sua atuação é restrita a defeitos compreendidos na região entre os TC´s que envolvem o equipamento protegido. 4.1.1. Relé Diferencial Amperimétrico: é um relé de sobre-corrente instantâneo, cuja zona de proteção é limitada pelos TCs: Na figura 4.1, quando não há anormalidade com o equipamento (e mesmo na condição de falta externa), a corrente I1 será igual a I2, pois assim o fazem os transformadores de corrente. Nesse caso a corrente que circula pela bobina de operação é: Iop = I1 – I2, como I1 = I2 então Iop = 0. Quando há um defeito no equipamento, a corrente de entrada deixa de ser igual à de saída e, conseqüentemente a corrente de operação será diferente de zero, ocorrendo a atuação da proteção. Figura 4.1: Esquema básico do relé diferencial amperimétrico. Erros prováveis de ocorrer na proteção diferencial amperimétrica: a) Casamento imperfeito dos TC. b) Existência de componente contínua da Icurto em duas fases, pelo menos (e que não serão vistas pelo relé). c) Erro próprio dos TC. d) Quando o elemento protegido é um TRAFO, a corrente de magnetização pode causar desequilíbrios. 2 Esses erros podem fazer com que o relé opere indevidamente para uma falta externa. Assim, ao invés de usarmos o esquema mostrado, é utilizado o Relé Diferencial Percentual, que inclui uma bobina de restrição como mostrado na figura 4.2. 4.1.2. Relé Diferencial à Porcentagem: É a forma mais usual do relé diferencial. Figura 4.2: Esquema básico do relé diferencial à percentagem. A corrente diferencial na bobina de operação é proporcional a (I1 – I2) e a corrente nas bobinas de restrição é proporcional a ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ + 2 II 21 . Em outras palavras, os amperes-espiras totais nas bobinas de restrição são ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ +=+ 2 IIN 2 N.I 2 N.I 2121 , que é o mesmo que se ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ + 2 II 21 atravessasse as duas bobinas de restrição. Para uma falta externa ou em condições normais de operação: (I1 - I2) = 0 e 2 II 21 + = I1 = I2 → Ou seja, nessas condições, há “RESTRIÇÃO”. Isto é, o conjugado de Restrição supera o conjugado de operação (produzido pela bobina de operação), pois a corrente ali é nula: (I1– I2=0). A figura abaixo mostra um desenho esquemático do princípio de operação deste relé: 3 Quando há falta interna, I2 é negativo e, na bobina de operação ter-se-á a seguinte corrente de operação: Ioper. = I1 – I2 = I1- (-I2) = I1 + I2⇒ Isso deverá fazer com que o relé atue. Por outro lado, é bom salientar que, para o relé atuar, é necessário que o torque causado pela bobina de restrição seja MENOR que o torque causado pela bobina de operação. Exemplo: consideremos uma falta em que I2 = 0 e I1seja maior do que zero. Assim, a corrente na bobina de operação será Ioper. = I1. Neste caso, a corrente de restrição será Irest. = I1/2. ⇒ Nessas condições, O conjugado de operação é o dobro do conjugado de restrição. 4.1.3. Equação do Relé Diferencial à Porcentagem: Tomando a equação universal dos relés: C = K1 I2 + K2 U2 + K3 U.I. cos (θ - T) + K4 E aplicando-a para o relé diferencial percentual, tem-se: ( ) 3 .restI 2 21 2 .operI 2 211 K2 IIKIIKC −⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ +−−= 4342143421 • Desconsiderando-se o efeito da mola, K3 = 0. Por outro lado, no início da atuação do relé: C=0. Nessas condições: ( ) axyK/K 2 IIII 122121 =→⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ +=− • Considerando-se o efeito da mola (em C = 0): 1 3 2 21 1 22 21 K K 2 II K K)II( +⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ +=− 4 Se fizermos 1 3 21 2 21 K K II:0 2 II =−→⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ + . Esta expressão indica que a mola é um parâmetro de ajuste da sensibilidade do relé. Um outro ajuste está relacionado com a declividade da linha que divide as regiões de torques positivo e negativo dos relés diferenciais percentuais: Dessa figura observa-se que, quando ocorre uma falta externa à zona de proteção, o relé não deverá atuar, porque para tal, exigir-se-á uma grande Ioperação para superar Iretenção. Ou seja, para que o relé atue, seria necessário que o torque C fosse maior do que zero ( 2 II)II(0C 2121 +>−⇒> )e isso não deverá ocorrer pois cc1I e cc2I serão iguais. Se a falta é interna o relé atuará facilmente, pois I2 < 0 (I2 é negativo). Exemplo Numérico: A figura abaixo mostra um relé diferencial percentual aplicado para proteção do enrolamento do estator de um gerador. O relé requer uma corrente de atuação mínima (também conhecida por corrente de pick-up) de 0,1 [A] e está regulado para uma declividade de 10%. Uma falta à terra ocorre neste enrolamento, próxima ao local onde o neutro está aterrado. As correntes que fluem em cada extremo do enrolamento estão mostradas na figura abaixo: 5 Ou seja: Ipicape mínimo = 0,1 A; declividade: 10%. Admitindo –se RTC = 400/5 pergunta-se: a) Para um curto ø – T, o relé atuará, acionando o disjuntor 52 ? b) Se o disjuntor estiver aberto, o relé operaria ? Solução: a) Para o caso A, as correntes nos secundários dos TC’s serão: i1 = ? 400A –> 5A i1 = 3,8 A 304A → i1 i2 = ? 400A – 5A i2 = 4 A 320A – i2 Assim: ;A9,3 2 ii 21 =+ i1 – i2 = 0,2 A Locando essa coordenada no gráfico, o ponto “A” cai na região de bloqueio: o relé não atuará. Existe também a maneira analítica de se analisar isso: %10%1,5051,0 90,3 20,0 2 II II 21 21 <⇒==+ − >>>o relé não atuará. b) Se o disjuntor estiver aberto, o relé operaria ? Neste caso, i1 = 0 e I2 = If = 16 A A2,05/400 16i2 ==⇒ Novamente, os valores a serem levados ao gráfico anterior serão: 1,0 2 ii 21 =+ A; e i1 – i2 = (0 – 0,2) = |-0,2| A 6 → locando esse par de pontos no gráfico, tira-se o ponto “B” , que está na região de operação: o relé operará. Analiticamente: %10%2002 1,0 2,0 2 II II 21 21 >⇒==+ −
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