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Um Olhar Sociolinguístico sobre falar Estigmatizado

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Prévia do material em texto

SOCIOLINGUÍSTICA DO GUETO
Um Olhar Sociolinguístico sobre o Falar Estigmatizado
Resumo:
O presente projeto traz um olhar analítico sobre a variação linguística do bairro Jd. São Camilo na cidade de Jundiaí, bairro este estigmatizado pelo alto índice de criminalidade e pobreza. Com a finalidade de coletar dados, realizamos a gravação de uma conversa espontânea que faremos a transcrição e posterior análise. 
Palavras-chave: Linguística. Fenômenos. Variações. Língua.
Introdução:
	A análise do material coletado apresentada neste trabalho visa não só um conhecimento técnico, mas também promover uma reflexão sobre as variedades linguísticas encontradas justificando-as através da Linguística Histórica, da Sociolinguística e da Fonética, debruçando-nos sobre os aspectos conversacionais e fonéticos trouxemos à luz da linguística, variações do português padrão e esperamos com isto contribuir para uma maior compreensão da forma não padrão do português falado na camada popular.
	Cientes do grande preconceito que existe em torno da variante não padrão da língua portuguesa falada no Brasil, queremos salientar a importância deste falares para o enriquecimento da cultura e diversidade do nosso país, como linguistas e professores devemos aceitar que a língua falada na camada popular da sociedade difere em muito da língua encontrada nos livros e da que é ensinada na escola, mas que nem por isso merece ser menosprezada ou estigmatizada.
	O português não padrão (PNP) tem suas variações de acordo com as diferenças geográficas, classes sociais, e níveis de escolarização sendo a língua da grande maioria da população, mas por ser utilizado por pessoas de classes sociais menos favorecidas sofre o mesmo preconceito que seus falantes sendo considerado, “feio, errado, deficiente.” Queremos contribuir para que o PNP deixe de ser visto como uma língua errada e passe a ser encarado como uma língua com estrutura própria de funcionamento que segue as tendências naturais da língua.
	Para melhor compreensão do material coletado faremos uma rápida apresentação da comunidade e do nosso locutor, logo em seguida passaremos para a transcrição da fala, munidos de uma legenda para tornar a exposição mais clara, e então passaremos para a análise conversacional gramatical e fonética.
Materiais
A comunidade
Trata-se do bairro Jd. São Camilo na cidade de Jundiaí, escolhemos este bairro por se tratar de uma comunidade estigmatizada pelo alto nível de criminalidade e pobreza sendo alvo de grande preconceito.
 O locutor
O nosso locutor é uma mulher de aproximadamente 60 anos, casada, e do lar com baixo nível de escolaridade que vive neste bairro há 30 anos.
O material de análise
A transcrição é resultado de um recorte de 00min: 58 seg.. Em uma gravação de 04h min3seg min. De uma conversação informal e espontânea onde a locutora relata sua chegada ao bairro.
2.0. Transcrição do texto oral
2.1. Transcrição da fala:
1	L: ... di Duratéc 
2	L: é::: 
3	L: quela lámera bagunça la pra baxão foi eu se oce quisé se vai mora
4	L: ai sozinha eu que num vô mora ai não
5	D1: ((risos))
6	L:/ -- --
7	L: E essa casa qui vendeno essa casa aqui né...
8	D1: [ah... Aha::: (risos) (ruídos)
9	L: Pequenininha né] 
10	L: Aqui é de trêis cumbico ó... ÉRA TREIS CUMBICO 
11	L: /
12	L: o terreno aqui era grande ((inaudível)) mais era TREIS CUMBINHU PIQUININIHU
13	L: / -- --
14	L: I ei num quiria dá o dinhero... porque o dinhero ia TODIN AQUI...
15	L: I ei num queria dá o dinhero... (( ruídos,toc,toc))...
16	L: Na:::
17 	L: pa::: 
18	L: compra:
 18	L: o:
 19	L: a:::
20	L: casinha... que éra o dinhero de i imbora...
21	L: aí...
22	L: -- --
23	L: era feita di tijolo i di teia
24	L: né?
25	L: e di broco/ é / era di/ tijolo e só di teia
26	L: Ai eie num quiria compra (toc)
27	L: Aí... hum...
28	L: /
29	L:- - --
30	L: I u pai...
31	l: NÃUM Kim co::: mpra essa casinha aqui...
32	L: Qui aqui mais pra frente vai fica bão... Vai passa rua
33	L: /
34	L: Num tinha rua sabe fio?
35	l: Só tinha um triu
36	D1: ((inaudível)) ((risos))
37	L: vai passa rua... vai ficar boa a casa (( ruídos))
38	L: Aí...
39	L: Eu fiquei com muito custo pego e deu...
40	L: /ai o pai falo assim/
41	L: -- -- 
42	L: Méri te juro pur Deus do céu pá... nois cúme faze uma dispe
43	L: /
44	L: pá nois cume eu tive que pegá uma máquina novinha qui eu tinha di custura qui até hoje l num comprei mais uma
45	D1: (risos)
46	L: ((inaudível)) nunca na minha vida acreditei...
47	L: até hoje num comprei mais uma...
48	L: comprei (peguei) a maquina fiz uma dispesa... 
2.2. Normas da transcrição 
... pausa (para todas as pausas)
::: prolongamento de vogal e consoante
(( )) observações do documentador
/truncamento
( ) hipótese do que foi dito 
[ ] sobreposição de vozes
-- -- quebra da sequência temática 
L: locutor
D1: documentador
Maiúscula: elevação de voz
Análise Conversacional
3.1. Contexto conversacional:
O contexto conversacional se forma através de três interlocutores sendo dois documentadores e um locutor, a conversação é um evento natural onde a fala é espontânea e acontece livremente sem um prévio planejamento, de forma descontraída nota-se que não há trocas de turno, pois o dialogo é centrado no locutor que preenche todas as “deixas” com marcadores conversacionais fazendo questão de manter o turno. O locutor desenvolve o contexto situacional livremente administrando a atividade passo a passo.
De acordo com CHAFE (1979 apud Dino Preti 1999), a fala espontânea é desenvolvida á partir de fragmentos em termos sintáticos e é entremeada de muitas pausas e alongamentos estes fenômenos fornecem tempo para o falante elaborar seu texto.
Embora dentro de um tema: “a mudança para aquela comunidade”, percebemos através da análise que o locutor mantém certo distanciamento dos documentadores, pois embora estivesse se dirigindo a eles especificamente, ele não permite uma interação, toda a conversação é feita a uma voz nota-se um ego-envolvimento, ou seja, uma conversa consigo mesmo. O locutor narra fatos antigos num envolvimento com o passado sendo o protagonista da história.
Essas explicações contextuais são necessárias, pois o processo interacional da conversa sofre o reflexo de fatores situacionais, ou seja, das condições em que o diálogo se realiza, do tema, do grau de intimidade entre os falantes, do local, bem como de outros fatores exteriores à própria conversação, sobre os interlocutores, como, por exemplo, o status social dos falantes, seu sexo, idade, grau de escolaridade etc. 
3.2. Tópico Discursivo:
	O tópico discursivo pode ser entendido com o tema da conversação que se desenvolve através de cooperações entre os interlocutores como afirma Dino Preti (1999), é o assunto que está sendo desenvolvido ao introduzir o tema “mudança para a comunidade” estabeleceu-se um tópico discursivo sendo este o sentido geral do assunto, que pode ser dividido em outros quatro subtópicos: 
A primeira casa, o local e a rejeição:
Linhas: 1,3 e 4 “di Duratec... aquela lamera bagunça la pra baxão foi eu cê o cê quisé cê vai mora ai sozinha num vo mora ai não”.
 A casa atual, o local, e a resistência do marido:
Linhas: 7,10 e 14: “essa casa aqui era de treis cumbicu, di tijolo e di teia/ ei num quiria da o dinheiro, porque o dinheiro ia todim aqui”.
A interferência do pai na compra:
Linhas: 30,31 e 32: “i u pai /compra Kim/ mais pra frente vai fica bão vai passa rua”
A dificuldade financeira:
Linhas: 42 e 44 “... pá nois cume eu tive qui pegá uma maquina novinha qui eu tinha de custura qui até hoje num cumprei mais uma”.
Através do contexto consegue-se estabelecer uma coerência entre os fatos em alguns momentos ele usa marcador vocacional de aprovação “né” para verificar se mantem á atenção de seus ouvintes que participam da conversa com risos e balbucios de aprovação. É através dos tópicos que consegue estabelecer uma noção organizacional da conversação.
É notório que há uma descontinuidade, decorrente de perturbação da sequencialidade,pois um tópico é introduzido sem que outro haja terminado. Mesmo com essa descontinuidade o texto é coerente e obedece aos processos de ordem cognitiva do locutor.
3.3. O turno conversacional:
	Conforme Dino Preti (1999) o conceito de turno esta ligado às situações em que os interlocutores se alternam.
	Porém no texto em analise trata-se de uma conversação assimétrica onde um dos interlocutores rouba a cena, ficando a cargo dele as introduções dos turnos. Os outros participantes interveem apenas com participações secundárias.
	Não há passagem de turno e o locutor os sustenta através de marcadores que lhe permite conservar o turno até que sua elocução esteja pronta.
3.4. Os marcadores conversacionais:
	Como bem nos explica Preti (1999) os marcadores conversacionais são os elementos que amarram o texto tanto na sua estrutura verbal cognitiva quanto na estrutura de interação interpessoal. O locutor faz uso de marcadores interpessoais para administrar os turnos da conversa, esses marcadores são usados para preencher pausas indicativas de hesitação ou momentos de planejamento textual, por sua vez os marcadores do ouvinte indicam aceitação, interesse e /ou apoio do ouvinte ao falante como é o caso de: “D1: ah... aham... ((risos))” que neste caso demostra que o interlocutor pretende manter a função de ouvinte.
	O texto analisado apresenta muitos marcadores que indicam momentos de hesitação e sinalizam claramente a intenção do falante em manter o turno enquanto planeja a sequência
Marcadores de aprovação discursiva: linha 24: “né”
Repetição linhas: 14 e 15 “i ei num quiria dá o dinheiro/ i ei num quiria da o dinheiro”
Alongamentos linha: 2, 19, 27 e 38 “é:::/ a:::/Aí...hum:::/aí:::”
Elevação de voz linhas: 31 “NÃUM Kim”
Reforço linha: 8 “ah... aha:::”
A quebra de sequência temática da linha 41 deixa explícito que o locutor abandona a sequência semântica para introduzir um novo turno o que pode caracterizar uma falha de memória, enquanto que na quebra da palavra despesa apresentada na linha 42: “pá... nois cume faze uma disp”, demonstra um abandono da estrutura sintático- semântica optando por reiniciar com outra estrutura semântica o que pode caracterizar um esquecimento ou uma recordação que deve ser relatada. 
4.0. Análise Sintática
Passamos agora para uma breve análise sintática sem nos prendermos demasiadamente neste tópico, pois uma análise mais profunda demandaria muito tempo. 
Para darmos o inicio uma citação de Preti (1999) nos auxiliará muito: “Aquilo, pois, a que chamamos frase apresenta-se a nossos ouvidos como uma emissão de voz, delimitada por pausas e acompanhada de entoação específica. Sua organização interna admite estruturas variadas, que podem ser até mesmo simples ruídos”. 
Ao observar o texto em análise notamos que as frases ora se completam outra se interrompem, abortam, são reiniciadas, mas, contudo, estão dentro de um padrão sintático possível a nossa língua se assim não fora tornar-se-iam incompreensíveis, uma observação que vale a pena registrar é o uso da palavra “aí” como conjunção entre os turnos.
O que podemos concluir é que a língua falada não planejada não tem tempo para organizar seu texto. A simultaneidade entre planejamento e produção do texto deixa suas marcas na sintaxe: desvios, construções fracassadas, interrompidas, excesso de intromissão de elementos extras estruturais e assim por diante.
5. Análise gramatical e fonética
Inicialmente ao analisarmos o texto transcrito sob o olhar normativo da gramática, nos assustamos com o número de “erros”, o que Posentti (1996) prefere chamar de variação não padrão, o que também alguns autores denominam como desvios da língua. 
E então como vamos chamar? Variações, erros ou desvios?
Trataremos então por variação, termo utilizado pela Linguística histórica e pela Sociolinguística o que de início desmitifica o fato de uma unidade linguística no Brasil, pois ao encontrar comunidades, pessoas que falem diferente da norma gramaticalizada, notamos a pluralidade linguística do nosso país, o problema é que segundo Banho (2004) este olhar que menospreza os falares, não passa de um olhar preconceituoso que supõe a superioridade do urbano sobre o rural e são de ordem histórica, econômica, social e cultural e não de ordem linguística.
Muitas dessas variações são produzidas com substituições de consoantes que muitas pesquisas apontam como sendo caracterizadas sob a égide extralinguística uma vez que muitos dos falantes que comentem esta variação são moradores de comunidades carentes, com baixa escolaridade e alguns efeitos ainda possuem relações históricas e são resquícios da variação diacrônica e sincrônica que vem ocorrendo com a língua.
 	Para a fonética o que encontramos de variação na transcrição do texto denomina-se fenômenos, na análise fonética- fonológica encontramos a presença dos seguintes fenômenos que explicaremos a seguir: 
“broco.” linha 25. Este fenômeno é conhecido com Rotacismo e é caracterizada troca do “L” por “R”, acompanha a inclinação natural da língua, é uma variação diacrônica, pois acompanha a língua portuguesa desde a sua formação.
“teia” linha 23. Este fenômeno é conhecido como Yeísmo que é a troca do encontro consonantal “lh” por “i”. A troca acontece pela comodidade maior de se pronunciar o “i”.
“i ei”, troca de /ele/ por /iei/ linha 14 e 15, “vendeno” linha 7 troca de /nd/ por /n, “quiria” linha 14,15 troca do /e/ por /i/,” di tijolo i di teia” linhas 23 e 24 troca do /e/ por /i/, “cumê” linhas 42 e 44, “custura” linha 44, “cumprei” linha 44 troca do /o/ por /u/. Aqui encontramos o fenômeno da Assimilação que é a modificação de um som por influência de outro semelhante.
“dá”. “compra”“ passa” linhas 14, 26, 37, são exemplos de Apócope do /R/ que é a perda do “R” no final dos verbos no infinitivo da 1ª conjunção. “todin”, “pequeninin” linhas 14 e 12 são exemplos de Apócope de sílaba. Este fenômeno ocorre regularmente na fala dos brasileiros e tem sido avaliado sob diversos ângulos e é motivo de discussão entre acadêmicos que tentam esclarecer este fenômeno que ocorre desde tempos mais antigos e foi registrado na literatura tanto portuguesa quanto brasileira, e continua ocorrendo com frequência e que alguns insistem em estereotipar como um falar próprio de pessoas sem estudo.
“dinhero” linhas 14,15 e 20 aqui tratamos de um fenômeno conhecido como Monotongação neste caso é do sufixo “eiró”, que é uma monotongação por neutralização causada pela aproximação com a letra seguinte. É conversão de um ditongo em monotongo.
“treis”, “nois” linhas 10, 12 e 41e 44 este fenômeno é conhecido por Ditongação que acontece frente ao arquifonema /S, esta variação foge ao sistema da língua, mas acontece ao nível da fala sendo um fenômeno essencialmente fonético, que a transformação de uma vogal em ditongo.
“quela”, “qui”, “ocê” linhas 3 e 7, esta supressão do primeiro fonema é conhecido como Aférese.
Entende-se que muitas destes fenômenos são decorrentes das variações sincrônicas e diacrônicas da língua, bem como algumas delas são decorrentes de variações diatópicas e estilísticas do locutor.
6. Quanto ao Léxico:
Quanto ao léxico vale ressaltar a formação de palavras novas decorrentes da variação na pronúncia de algumas palavras da língua portuguesa, são elas:
Linha 1-“lamera” referente a lamaçal.
Linha 10- “cumbico” referende a comado.
Linha 12- “cumbinhu” referente a comodozinho
Linha 31-“nãum” que se refere a não e também “num” nas linhas 14, 15, 26, 34,44 e 45 no caso de “num’ pode classificar como uma desnalização do fonema /aõ/.
7. Conclusão 	
Sabemos que a variedade linguística é um fator de identificação do indivíduo que reflete sua origem, condição socioeconômica ou mesmo propicia julgamentos estereotipados sobre ele. Estudar essas variantes nos permite compreender que muitas das diferenças encontradas são resquícios da evolução que vem ocorrendo com a língua portuguesa produzindo uma variação diacrônica.
É exatamente na observância das particularidades na linguagemdestas pessoas menos privilegiadas que encontramos a grande contribuição para as mudanças que tem ocorrido com a nossa língua. 
 Este projeto contribuiu para voltarmos os olhares para as classes populares que são partes constituintes da nossa sociedade e que tanto nos influencia quanto aos nossos falares em níveis informais e em momentos de descontração. 
É impossível não reconhecermos a importância desses falares dentro da sociedade, pois fazem parte da nossa história e cultura contribuindo para a diversidade.
Sabemos que a unidade linguística é um mito no Brasil e suas inúmeras variantes têm para elas explicações lógicas, científicas, históricas, sociológicas e psicológicas, por isso dizer que, um falante da forma não padrão não sabe falar ou que tudo o que fala esta errado, é um equivoco, pois como afirma Possenti: “todos os que falam sabem falar”. Muitos dos “erros” do PNP são na verdade vestígios de uma língua falada há muito tempo atrás. As línguas não são uniformes e essas variedades são regidas por fatores internos à língua ou por fatores externos a ela ou até mesmo pelos dois fatores ao mesmo tempo. 
Desejar que padronize a língua é uma maneira de reprimir toda a sua evolução, reconhecer a importância destas variações é liberta-las do preconceito.
8. Referencias
Análise de textos orais/ Dino Preti (organizador). 4, ed. São Paulo- Humanitas Pubicações:FFLCH/USP, 1999-(PROJETOS PARALELOS: V.I).
Porque (não) Ensinar Gramatica na Escola/ Sírio Possenti – Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil, 1996. (Coleção Letras do Brasil)
Fonética e Fonologia do Português Brasileiro: 2º período/ Isabel Christine Seara, Vanessa Gonzaga Nunes, Cristiane Lazzarotto-Vol-cão- Florianópolis - LLV/CCE/UFSC, 2011.
A Língua de Eulália. Novela sociolinguística/ Marcos Bagno. Editora Contexto. São Paulo, 2004
8-1. Bibliografia Eletrônica:
Língua Portuguesa /Variação- As alterações e os desvios da língua falada disponível em: linguaportuguesa. uol.com.br/linguaportuguesa/gramatica.../26/artigo190475-2.aspac
Acesso em 03/06/2016 às 13h12minh
www.uff.br/caderno de letras
Acesso em 03/06/2016 às 13h18min
Periodicos. unesc.net/SELM/article/view/847/783
Acesso em 03/06/2016 ás 13h53min
images- Tese_completa_-_Fernanda_Barbosa_de_Lima_pdf
Disponível em: www.cchla-.ufpb.br/ppgl/
Acesso em 03/06/2016 às 13:00

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