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Introdução aos Estudos Linguísticos - EXERCÍCIO 4 1) Sobre os conceitos de diacronia e sincronia, propostos por Saussure, assinale a alternativa INCORRETA. a) O estudo diacrônico tem por objetivo buscar estabelecer uma comparação entre dois momentos da evolução histórica de uma dada língua. b) O conceito de diacronia consiste em duas perspectivas, uma de caráter prospectivo e outra de caráter retrospectivo. c) O estudo sincrônico tem por finalidade abordar o estado das línguas. d) O conceito de sincronia é baseando somente em uma perspectiva; e seu método consiste em recolher testemunho, para averiguar em que medida uma coisa é uma realidade. e) O estudo sincrônico tem por objeto de investigação somente o que é simultâneo. 2) (UFG-2014) - Adaptada Nome não os nomes dos bichos não são os bichos o bichos são: macaco gato peixe cavalo vaca elefante baleia galinha os nomes das cores não são as cores as cores são: preto azul amarelo verde vermelho marrom os nomes dos sons não são os sons os sons são. só os bichos são bichos só as cores são cores só os sons são som são, som são nome não, nome não nome não, nome não. ANTUNES, Arnaldo. Nome. Rio de Janeiro: BMG, 1993. (Adaptado) a) o dialogismo da linguagem humana, que diz respeito às relações que se estabelecem entre o eu e o outro e entre o eu a realidade social que o circunda. b) o cognitivismo, que compreende que a linguagem não constitui um componente autônomo da mente, sendo, portanto, dependente de outras faculdades mentais. c) a arbitrariedade do signo linguístico, que é constituído como a união não de uma coisa e uma palavra, mas de um conceito e uma imagem acústica. d) o variacionismo linguístico, entendido como o fato de que as línguas não somente se diferem entre si como também apresentam variações diversas no seu interior. e) o inatismo da linguagem humana, entendida como uma capacidade própria dos seres humanos e transmitida geneticamente. 3) “A matéria da Linguística é constituída inicialmente por todas as manifestações da linguagem humana, quer ser trate de povos selvagens ou de nações civilizadas, de épocas arcaicas, clássicas ou de decadência, considerando-se em cada período não só a linguagem correta e a “bela linguagem”, mas todas as formas de expressão. Isso não é tudo: como a linguagem escapa as mais das vezes à observação, o linguista deverá ter em conta os textos escritos, pois somente eles lhe farão conhecer os idiomas passados ou distantes”. Saussure, F. Curso de Linguística Geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012. p.37. Em relação ao papel da Linguística exposto por Saussure no trecho acima, assinale com V as verdadeiras e F as falsas. ( ) É papel da Linguística elaborar descrição de todas as línguas que puder abranger. ( ) É papel da Linguística desconsiderar as questões referentes as línguas-mães de cada família, tendo em vista que isso faz parte dos estudos histórico-comparatistas. ( ) É papel da Linguística se delimitar e se definir. ( ) É papel da Linguística deduzir as leis gerais às quais se possam expor todos os fenômenos peculiares da história. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) V, F, F, V. b) V, F, V, V. c) V, V, F, F. d) F, V, F, V. e) F, V, V, F. 4) (ENADE-2017) Texto 01 “Ao discutir os aspectos da diacronia e da sincronia da língua, Saussure apresenta-os como duas perspectivas distintas, ou seja, caracteriza-os de forma dicotômica. Segundo o autor, diacrônico relaciona-se ao que tem duração no tempo e é dinâmico; e sincrônico, ao que é momentâneo e estático. Jakobson, por sua vez, mapeia quatro combinações possíveis dessas dicotomias: a) fatos sincrônicos e estáticos; b) fatos sincrônicos e dinâmicos; c) fatos diacrônicos e estáticos; d) fatos diacrônicos e dinâmicos”. CHAGAS, P. A mudança Linguística. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à Linguística. São Paulo: Contexto, 2003 (adaptado). Texto 02 “Os morfemas classificatórios têm como função enquadrar os vocábulos nas classes dos nomes e dos verbos. São as vogais temáticas nominais (-a, -e, -o) e verbais (-a, -e, -i). Nos nomes terr-a, pent-e e livr-o, são as vogais átonas finais que classificam essas formas na classe dos nomes. Já as formas verbais cant-a-r, vend-e-r e part-i-r têm como elemento caracterizador da conjugação as vogais –a, -e,-i. As formas lingüísticas desprovidas desse elemento mórfico são chamadas de atemáticas. No caso dos nomes, são atemáticos os terminados por consoante (mar, fóssil, revolver) ou por vogal tônica (cajá, café, cipó). São exemplos de formas verbais atemáticas a primeira pessoa do presente indicativo (canto, vendo e parto), todas as pessoas do presente do subjuntivo (cante, cantes, cante, cantemos, canteis, cantem) entre outras formas”. RIBEIRO, M. G. C. Morfologia da língua portuguesa. Disponível em: <http://biblioteca.virtual.ufpb.br>. Acesso em: 15 jul. 2017 (adaptado) Texto 03 A partir dos textos apresentados, avalie as afirmações a seguir. I. A substituição atual e gradativa do uso do pronome pessoal de primeira do plural “nós” pela expressão “a gente” exemplifica o que Jakobson denomina por fato sincrônico e dinâmico. II. A perspectiva saussuriana filia-se a trabalho linguístico de ordem diacrônica, ou seja, descreve a língua por meio da observação dos aspectos históricos de variação e mudança. III. Um exemplo de um fato diacrônico e estático é a existência permanente de três conjugações verbais no português. É correto o que se afirma em: a) I, apenas b) I, II e III c) I e III apenas d) II e III apenas e) II, apenas 5) Relacione as concepções da COLUNA 01 com as definições da COLUNA 02 Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) III, II, IV, I, V. b) III, I, IV, II, V. c) II, I, V, III, IV. d) I, V, III, IV, II. e) V, III, II, IV. Introdução aos Estudos Linguísticos - EXERCÍCIO 5 1) A linguística gerativa foi fundada como uma espécie de resposta e rejeição a modelo linguístico. KENEDY, E. Gerativismo. In: MARTELOTTA, M, E. (Org.). Manual de Linguística. 2.ed., 5ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2017. p.58. De acordo com a citação, assinale a alternativa CORRETA que corresponda a esse modelo. a) Modelo behaviorista. b) Modelo tradicional. c) Modelo estruturalista. d) Modelo histórico-comparativo. e) Modelo cognitivo-funcional. 2) Os pais aproximam-se de um táxi e a filhinha de dois anos e meio se dirige ao motorista dizendo: “Eu também vai” Na situação descrita, a) a criança ainda não demonstra competência comunicativa para usar, em sua fala, pronomes pessoais. b) a fala da criança indica que a aquisição da forma verbal de terceira pessoa verbal precedeu a de primeira pessoa. c) a criança ainda não tem competência para assumir o piso de fala diante de interlocutor desconhecido. d) a criança não tem o português como língua materna, o que fica claro no seu enunciado. e) o pronome e a forma verbal no enunciado são elementos de coesão textual. 3) Sobre a aquisição da linguagem, todas as crianças passam por quatro fases nesse processo. Relacione os períodos da COLUNA 01 com as definições da COLUNA 02. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) II, I, III, IV. b) I, III, II, IV. c) III, I, IV, II. d) I, II, III, IV. e) III, II, IV, I. 4) Sobre a noção de gramática universal, assinale a alternativa CORRETA. a) É compreendida como um conjunto de propriedades gramaticais comuns compartilhadas por todas as línguas naturais, sendo a linguagem vista como reflexo de um conjunto de princípios inatos. b) Tem a finalidade de oferecer os padrões linguísticos das obras de escritores considerados consagrados. c) Tem o objetivo de elaborar não somente análises sobre a estrutura gramatical, mas também sobre a situação de comunicação, considerando os propósitos do evento de fala, seus participantes e seu contexto discursivo. d) Procura descrever a estrutura gramatical das línguas, compreendo-as como um sistema autônomo, cujas partes se instituem em uma rede de relações em conformidade com as leis internas.e) Surgiu a partir da constatação da grande semelhança do sânscrito com o latim e com o grego. 5) (IF-TO-2016) Estudiosos mundo afora têm se dedicado a responder questões inerentes à aquisição das línguas. Dentre as hipóteses existentes para explicar a aquisição da linguagem, assinale a alternativa que apresenta afirmações relacionadas à hipótese do inatismo. a) Considera a existência de uma Gramática Universal (cf. Chomsky). Nessa perspectiva, o papel do meio na aquisição da linguagem é o de acionar o dispositivo responsável por esse processo. b) Desenvolvida por Piaget, essa hipótese prevê que a linguagem aparece por volta dos 18 meses de idade e o desenvolvimento cognitivo se dá pela interação entre ambiente e organismo. c) Essa hipótese buscou na psicologia explicação para a aprendizagem de língua. No que se refere à língua materna, postula que seu processo de aprendizagem é feito através de respostas a estímulos. d) Essa hipótese, proposta por Vygotsky, defende que é a interação a base para o desenvolvimento da linguagem e do pensamento. e) Associa a base interacional com a cognitiva, explicando a aquisição da linguagem em termos funcionalistas. Nessa concepção, a aquisição inicia quando se compreende a intencionalidade existente no ato comunicativo. Introdução aos Estudos Linguísticos - EXERCÍCIO 6 1) (ENADE-2017) Texto 1 Pechada [...]— Aí, Gaúcho! — Fala, Gaúcho! Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações? [...] O Jorge fez cara de quem não se entregara. Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera. — O pai atravessou a sinaleira e pechou. — O que? — O pai. Atravessou a sinaleira e pechou. [...] — Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu. — Nós vinha... — Nós vínhamos. — Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto. A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito. "Sinaleira", obviamente, era sinal, semáforo. "Auto" era automóvel, carro. Mas "pechar" o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que "pechar" vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada. — Aí, Pechada! — Fala, Pechada! VERISSÍMO, L. Pechada. Revista Nova Escola, maio, 2014. Disponível em: <https: novaescola.org.br>. Texto 2 Todos sabem que existe um grande número de variedades linguísticas, mas, ao mesmo tempo em que se reconhece a variação linguística como um fato, observa-se que a nossa sociedade tem longa tradição em considerar a variação em uma escala valorativa, às vezes até moral, que leva a tachar os usos característicos de cada variedade como certo ou errado, aceitáveis ou inaceitáveis, pitorescos, cômicos etc. TRAVAGLIA, L. C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez Editora, 2009 (adaptado). Considerando a imagem apresentada, os sentidos estabelecidos pelo texto 1 e a reflexão provocada pelo texto 2, conclui-se que a professora a) Identifica o fenômeno da variação diafásica em um nível lexical, ao compreender os usos dos vocábulos “sinaleira” e “auto”. b) Identifica “pechada” como caso de estrangeirismo na fala de seu aluno, incorporando a língua portuguesa como empréstimo aceitável da língua espanhola. c) Ignora a possibilidade de discutir o tema preconceito linguístico com relação ao uso de variações linguísticas diatópicas. d) Explica os diferentes modos de falar de seus alunos conforme a ocorrência de variações morfológicas e sintáticas na fala de Rodrigo. e) Evita, ao abordar o tema variações linguísticas do português brasileiro, que o estudante Rodrigo sofra preconceito linguístico. 2) A variação linguística é algo comum a todas as línguas vivas, sendo decorrente de fatores relacionados à origem geográfica, gênero, idade, classe social, dentre outros. Ilari e Basso (2009) apontam, pelo menos, quatro tipos de variação, a saber: diatópica, diastrática, diamésica e diafásica. Numere a Coluna 2 conforme a Coluna 01, levando em consideração a discussão de Ilari e Basso (2009) sobre o tema. A sequência CORRETA, de cima para baixo, é: a) II, III, I e IV. b) IV, I, II e III. c) IV, I, III e II. d) III, IV, I e II. e) I, II, III e IV. 3) Sobre variedades e registros de linguagem, assinale a afirmativa INCORRETA. a) A maior ou menor proximidade entre os falantes faz com que usem variedades mais ou menos formais, denominadas registros de linguagem. b) Norma culta ou padrão é a denominação dada à variedade linguística dos membros da classe social de maior prestígio, que deve ser utilizada por todos da mesma comunidade. c) Preconceito linguístico é o julgamento negativo dos falantes em função da variedade linguística que utilizam. d) Gíria ou jargão é uma forma de linguagem baseada em vocabulário criado por um grupo social e serve de emblema para os membros do grupo, distinguindo-os dos demais falantes da língua. e) Diferenças significativas nos aspectos fonológicos e morfossintáticos da língua marcam as variedades sociais, seja devido à escolaridade, à faixa etária ou ao sexo. 4) (ENADE-2017) Disponível em: <https://descomplica.com.br>. Acesso em: 28 set. 2017. O texto exemplifica a variedade linguística: a) Diacrônica (de tempo). b) Diamésica (modalidade oral/escrita). c) Diastrática (camada social/profissional). d) Diafásica (formal/informal). e) Diatópica (geográfica). 5) (ENADE-2011) O caso acima é caracterizado na língua como rotacismo, ou seja, um processo de mudança em que se emprega o /r/ em lugar de /l/ nos vocábulos. Embora seja inadequado à norma padrão da língua, esse processo é bastante frequente em variedades de menor prestígio social. Acerca desse tema, avalie as informações a seguir. I. As diferenças entre variedades da língua, como a exemplificada pelo rotacismo, não devem ser consideradas mero fator de preconceito linguístico; dado que este é um dos fatores que favorece a unidade linguística de uma comunidade. II. O rotacismo é bem aceito por todos os falantes e é empregado de forma ampla nos diversos grupos sociais, sendo uma das mudanças que se está generalizando no português brasileiro. III. O processo de rotacismo é decorrente de diferenças sociais recentes, que estão permitindo o surgimento de dialetos paralelos ao português padrão e utilizados por falantes em ascensão social. IV. O processo de rotacismo não é novo na língua e já ocorria no período de passagem do latim vulgar para o português, como no caso de /plicare/ > /pregar/. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) I, III e IV. b) I e II. c) II, III e IV. d) II e III. e) I e IV. Introdução aos Estudos Linguísticos - EXERCÍCIO 7 1) (ENADE-2011) Canção 1. Nunca eu tivera querido 2. Dizer palavra tão louca: 3. Bateu-me o vento na boca, 4. E depois no teu ouvido. 5. Levou somente a palavra 6. Deixou ficar o sentido. 7. O sentido está guardado 8. No rosto com que te miro, 9. Neste perdido suspiro 10. Que te segue alucinado, 11. No meu sorriso suspenso 12. Como um beijo malogrado. 13. Nunca ninguém viu ninguém 14. Que o amor pusesse tão triste. 15. Essa tristeza não viste, 16. E eu sei que ela se vê bem… 17. Só se aquele mesmo vento 18. Fechou teus olhos, também. Cecília Meireles. Poesias completas. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1993, p. 118. De acordo com abordagens da análise do discurso,a significação não se restringe apenas ao código linguístico. Que versos evidenciam essa noção? a) “Nunca ninguém viu ninguém que o amor pusesse tão triste” (v.13-14) b) “Levou somente a palavra, deixou ficar o sentido” (v.5-6) c) “Nunca eu tivera querido Dizer tão louca” (v.1-2) d) “Só se aquele mesmo vento fechou teus olhos, também” (v.17-18) e) “Bateu-me o vento na boca, e depois no teu ouvido” (v.3-4) 2) (ENADE-2017) A luz da nossa língua O incêndio que atingiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, não provocou piores danos — excetuando a perda, sempre irreparável, de uma vida humana — pela simples razão de aquilo que nele se mostrava ser resistente ao fogo. A língua portuguesa é patrimônio imaterial. Compreender como se formou e afirmou a língua que falamos, conhecer as diferentes variantes do português, ajuda-nos a perceber melhor a história do mundo e — acredito — pode tornar-nos um pouco mais abertos ao outro. O pensamento xenófobo e racista que volta e meia aflora, como uma doença repugnante, em certas franjas das sociedades brasileira e portuguesa, é, em larga medida, uma expressão da ignorância da história da língua que nos deu origem. Acredito que existe hoje um maior conhecimento mútuo das diferentes variantes da língua portuguesa, desde logo porque as novas tecnologias tendem a derrubar fronteiras. Persiste, mesmo assim, muita ignorância. Recordo certa ocasião, há alguns anos, quando, em viagem pelo interior de Pernambuco, parei junto a um pequeno bar para pedir informações. O rapaz que me recebeu não compreendeu o meu sotaque. Repeti a mesma questão uma e outra vez, sem qualquer sucesso. Tentei de novo, mas dessa vez com o meu melhor sotaque pernambucano. O rosto do rapaz iluminou-se: “Moço, se você fala português, por que estava falando comigo em estrangeiro?”. Numa outra ocasião, no Rio, um taxista, estranhando o meu sotaque, quis saber de onde eu vinha. “Angola?! E em que estado fica isso?” Quando lhe expliquei que Angola é um país, na costa ocidental de África, fez questão de me parabenizar pela qualidade do meu português. Disse-lhe que em Angola também falamos português: “Jura?!” — retorquiu. — “Pensei que só no Brasil se falasse português”. Se nós criamos as línguas, as línguas também nos criam a nós. Não é a mesma coisa crescer falando português, tupi ou swahili. Um dos meus sobrinhos, Samuel, nasceu e cresceu em Luxemburgo, filho de pai luxemburguês. Aprendeu a falar português com a mãe e luxemburguês e alemão com o pai. Como os pais falavam um com o outro em francês, domina também essa língua desde o berço. Sempre que muda do português para o alemão, e deste para o francês ou o luxemburguês, há alguma coisa em Samuel, um sutil aspeto da personalidade, que parece se alterar também. É como se coexistissem dentro dele várias pessoas, cada uma se exprimindo num idioma diferente. Em Cabo Verde, o bilinguismo é uma situação vulgar. As pessoas falam naturalmente duas línguas maternas, o português e o crioulo. Fascina-me a forma como os cabo-verdianos cultos trocam de língua, enquanto conversam, dependendo do tema e do interlocutor. Ao mudarem do crioulo para o português, verifica-se também uma ligeira mudança de personalidade. Um cabo-verdiano ao falar português torna-se um tudo nada mais formal. Não por acaso, a esmagadora maioria da riquíssima música cabo-verdiana usa o crioulo, ao passo que a língua portuguesa reina quase isolada na literatura. AGUALUSA, J. E. A luz da nossa língua. In: O Globo, 28 dez. 2015 (adaptado). Das passagens a seguir, retiradas do texto, aquela cujo conteúdo é apropriado para exemplificar a definição de língua como forma (“lugar”) de interação é: a) “Se nós criarmos as línguas, as línguas também nos criam.” (5º parágrafo) b) “O pensamento xenófobo e racista que volta e meia aflora (...) é, em larga medida, uma expressão da ignorância da história da língua que nos deu origem.” (2º parágrafo) c) “A língua portuguesa é patrimônio imaterial. Não há incêndio capaz de a devorar, a não ser o da ignorância.” (1º parágrafo) d) “Em Cabo Verde, o bilinguismo é uma situação vulgar.” (6º parágrafo) e) “... conhecer as diferentes variantes do português [...] – acredito – pode tornar-nos um pouco mais abertos ao outro.” (2º parágrafo) 3) A análise do discurso, segundo Orlandi (2013), trabalha com todas essas noções, exceto: a) Sujeito. b) Transmissão de informações. c) Ideologia. d) Situação social. e) Situação histórica. 4) (ENADE, 2017) Texto 01 Em nosso dia a dia, no contato com outras pessoas e com as diversas informações que recebemos, estamos expostos a várias situações comunicativas, cada uma situada em seu devido contexto. Na escrita e na fala, existem algumas estruturas padronizadas que recebem o nome de gêneros textuais. No simples ato de abrir um jornal ou uma revista, já estamos expostos aos diversos gêneros textuais: nesses dois meios de comunicação é possível encontrar artigos, cartas de leitor, artigos de opinião, notícias, reportagens, charges, tirinhas, ensaios, e-mails e tantos outros textos que se adequam às necessidades de quem escreve, apresentando finalidades distintas. Assim são os gêneros, eles existem em grande quantidade justamente porque as práticas sociocomunicativas são dinâmicas e estáveis. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br>. Acesso em: 7 jul. 2017 (adaptado). Texto 02 As reflexões teóricas sobre gênero do discurso (ou de texto, conforme a perspectiva) têm sido ampliadas em vários campos de estudo e assumem especial importância para a metodologia do ensino e da aprendizagem de língua portuguesa, considerando os objetivos atualizados nas propostas curriculares contemporâneas. FURLANETTO, M. M. Gênero do discurso como componente do arquivo em Dominique Maingueneau. In: MEREU, A. B; BONINI, A; MOTTA-ROTH, D. Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola, 2005 (adaptado). Considerando os textos apresentados, avalie as seguintes afirmações a seguir. I. Os gêneros textuais são formas relativamente estáveis de enunciado, determinadas sócio-historicamente. II. Os gêneros textuais possuem características específicas, que dependem dos usuários da linguagem e das necessidades em sua comunicação. III. O leitor/produtor de textos é um usuário proficiente da linguagem à medida que recorre aos gêneros textuais para, em diferentes situações comunicativas, externalizar os sentidos dos textos que lê e produz. É correto o que se afirma em: a) II e III apenas. b) II, apenas. c) I, apenas. d) I, II e III. e) I e III apenas. 5) (ENADE-2017) Com relação ao cartum, avalie as afirmações a seguir. I. A constituição referencial dos sujeitos que participam da história, por meio da utilização dos pronomes (eu/você/ele), é mantida conforme os estudos tradicionais acerca das pessoas do discurso (quem fala/para quem se fala/de quem se fala). II. Na última fala do cartum, nota-se a presença de um artifício discursivo que oferece à identidade dos sujeitos do discurso um efeito de indeterminação, evidenciado no emprego das 2ª e 3ª pessoas que não apresentam uma identidade específica. III. As ocorrências dos pronomes “ele”/“eles”, presente nas falas do 2º, 3º e 4º quadrinhos, encontram ancoragem referencial no substantivo “esquilo”/“esquilos”. IV. A ocorrência, na última fala do cartum, de “você”, no singular, e de “eles”, plural, não são suficientes para indicar o número de participantes envolvidos no processo discursivo em questão. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) I, II e IV. b) I e III. c) II e III. d) I e IV. e) II, III e IV. Introdução aos Estudos Linguísticos - EXERCÍCIO 8 1) (ENADE-2017) Em um portal de notícias sobre celebridades, lê-se o seguinte enunciado, ao qual segue um conjunto de fotos de atores e atrizes. Confira quem são os famosos cinquentões que só melhoram com o tempo Disponível em: <http://www.estrelando.com.br>. Acesso em: 10 jul. 2017. Considerando que o propósito do enunciador – de enaltecer a resistência dos famosos à ação do tempo – é comprometido pela ambiguidadede sentido decorrente da estrutura sintática do enunciado, avalie as seguintes propostas de reescrita, para evitar ambiguidade da sentença. I. Confira quem são os famosos cinquentões que, com o tempo, só melhoram. II. Confira quem são os famosos cinquentões que melhoram só com o tempo. III. Confira quem são os famosos cinquentões que, só com o tempo, melhoram. É CORRETO o que propõe em: a) I e II, apenas. b) III, apenas. c) I, II e III. d) I, apenas. e) II e III, apenas. 2) (ENADE, 2011) “Roráima” ou “Rorâima”, como você preferir. É que, segundo os linguistas, as regras fônicas de uma palavra são regidas pela língua falada. Portanto, não há certo ou errado. Há apenas a maneira como as pessoas falam. O que se observa na língua portuguesa falada no Brasil é que sílabas tônicas que vêm antes de consoantes nasalizadas (como “m” ou “n”) também se nasalizam (aperte o seu nariz e repita a palavra cama. Sentiu os ossinhos vibrarem? É a tal nasalização). Por isso, a gente diz “cãma” –– o “ca” é a sílaba tônica e o “m” é nasalizado. Se a sílaba que vier antes dessa mesma consoante não for uma sílaba tônica, a pronúncia passa a ser opcional: você escolhe –– “bánana” ou “bãnana”. No caso de Roraima, a sílaba problemática (“ra”) é tônica e vem antes do “m”. Mas aí entra em cena o “i”, que acaba com qualquer regra. A mesma coisa acontece com o nome próprio Jaime: tem gente que nasaliza, tem gente que não. Então, fique tranquilo: se você sempre falou “Rorâima”, siga em frente –– ninguém pode corrigi-lo por isso. No máximo, você vai pagar de turista se resolver dar umas voltas por lá –– os moradores do estado, não adianta, são unânimes em falar “Roráima”. Disponível em: <http://super.abril.com.br/revista/255/materia_revista_293629.shtml?pagina=1>. Acesso em: 12 ago. 2011 (com adaptações) A leitura do texto nos remete à discussão sobre a pronúncia em Português de palavras externas à nossa língua (Roraima tem origem indígena). Para Mattoso Câmara Jr, a nasalização da pronúncia é um processo previsível na língua e definido como assimilação, ou seja, a extensão de um ou vários movimentos articulatórios além de seus domínios originários. É o caso de uma sílaba oral que se determina pela assimilação da sílaba nasal seguinte. A partir das informações apresentadas, avalie as afirmações que se seguem. I. A palavra Roraima manteve-se inalterada na pronúncia ao ser usada no Português e apresenta a sua forma original (indígena) ao ser falada em nossa língua. II. A palavra Roraima sofre alteração da pronúncia em razão de um processo de assimilação regressiva em que a sílaba posterior contamina de nasalidade a anterior, como em cama, lama, banana no Português. III. A palavra Roraima, em decorrência da etimologia, assume dupla possibilidade de pronúncia por motivos parecidos com o de outras palavras estrangeiras que ingressam no português. IV. A palavra Roraima é um substantivo próprio e, de acordo com a gramática, deve ser pronunciada exatamente igual à sua pronúncia na língua de origem. É CORRETO apenas o que se afirma em: a) I. b) I e III. c) IV. d) II e III. e) II. 3) (ENADE- 2014). RESTOS Minha Nossa Senhora do Bom Parto! O caminhão do lixo já deve ter passado! Eu juro, seu poliça, foi nessa lixeira aqui! Nessa mesminha! Eu vim catar verdura, sempre acho umas tomate, umas cenoura, uns pimentão por aqui. Tudo bonzinho, é só lavar e cortar os pedaço podre, que dá pra comer... Aí quando eu puxei umas folha de alface, levei o maior susto. Quase desmaiei, até. Eu, uma mulher assim fornida que nem o seu poliça tá vendo, imagine: fiquei de pernas bamba, me deu até tontura. Acho que também por causa do fedor... Uma carniça que só o senhor cheirando, pra saber. Mas eu juro por tudo que é mais sagrado! Tinha sim um anjinho morto nessa lixeira! Nessa aqui! Coitadinho... Deve ter se esgoelado de tanto chorar. A gente via pela sua carinha de sofrimento. Ele tava com a boquinha aberta, cheinha de tapuru. Eu nem reparei se era menino ou menina, porque eu fiquei morrendo de pena... E de medo, também... Os olho... É do que mais me alembro... Esbugalhados, mas com a bola preta virada pra dentro, sabe? Ai! Soltei um berro e saí correndo.Eu demorei pra lhe chamar porque eu não queria que o pessoal do supermercado me visse aqui, ainda mais com um poliça. Já me escorraçaram uns par de vez, os filho da puta! Prefere deixar as coisas apodrecer do que ajudar a matar a fome dos outros. Nem no Natal esse povo tem pena de ninguém. Eu não duvido nada que o anjinho que tava aqui fosse filho de um deles. Essa raça não presta mesmo! Vai saber... Agora, eu não. Eu pari e to criando. Tudinho. Os cinco. SERAFIM, L. Restos. In: SOUTO, A. Variação linguística e texto literário: perspectivas para o ensino. Cadernos do CNLF, v. XIV, n.4, t. 4, 2010, p. 3310 (adaptado). Considerando a linguagem utilizada no texto Restos, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. A utilização do pronome oblíquo átono antes do verbo (próclise) no trecho “Me deu até tontura” é característica do português brasileiro, mas não abonada, para a língua escrita, pela gramática normativa. Porque II. As regras normativas de colocação pronominal não correspondem às tendências fonológicas do português brasileiro. A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições falsas. c) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. e) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. 4) (ENADE-2008) Adaptada Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas uma infinidade de portas e janelas alinhadas. (...) Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham o pé na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante sensação de respirar sobre a terra. Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas, fazendo compras. Aluísio Azevedo. O cortiço. São Paulo: Ática, 1989, p. 28-9. Considerando as palavras linha e alinhar, que opção apresenta a correta segmentação morfológica da palavra “alinhadas”, no fragmento de O Cortiço, de Aluísio Azevedo? a) a-li- nha-da-s b) ali-nhad-a-s c) a-lin-nha-das d) alinh-a-d-as e) a-linh-a-d-a-s 5) (ENADE, 2014) Os casos de interpretação ambígua em textos jornalísticos ocorrem muitas vezes porque o leitor só lê a manchete, não o texto total. Considerando o exposto, avalie as manchetes transcritas a seguir. I. Jovem tenta assaltar PM com arma de brinquedo e é baleado na zona sul de SP. (http://noticias.r7.com) II. A ONU está à procura de um técnico para ocupar o cargo de diretor daquele centro de estudos sobre a pobreza que vai instalar no Rio. (http://pagina20.uol.com.br) III. Macarrão levou Eliza Samudio para ser morta por amar Bruno, diz advogado do goleiro. (http://noticias.uol.com.br) http://noticias.uol.com.br IV. Governo inclui vacina contra a hepatite A no calendário de vacinação no SUS. (http://g1.globo.com) É CORRETO afirmar que há ambiguidade apenas em: a) II e III. b) III e IV. c) I, II e IV. d) I, II e III e) I e IV.
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