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PONTO IV A Manifestação da Vontade no Negócio Jurídico

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Material de Apoio da Disciplina de Direito Civil II 
Câmpus Frederico Westphalen/RS 
Profª. Bárbara De Cezaro 
 
 
 
 
 
PONTO IV 
A MANIFESTAÇÃO DA VONTADE NO NEGÓCIO JURÍDICO 
 
 
O negócio jurídico é ato de vontade por excelência. O negócio jurídico é o meio de expressão 
da vontade. A declaração da vontade é, assim, o instrumento da manifestação da vontade. 
 
A função da vontade é essencial na estrutura do negócio jurídico, constituindo-se elemento 
essencial na relação jurídica negocial. Mas a vontade terá que ser declarada. 
 
O problema é quando surgir divergência entre a vontade real e a vontade declarada, ou seja, 
quando a declaração não corresponde à vontade real do sujeito. O sujeito tem a vontade de dizer uma 
coisa, mas diz outra (são diversos os motivos). 
 
 
 
 
 
Diversas são as teorias que procuram resolver o problema da divergência entre a vontade real e a 
vontade declarada, com destaque para as teorias subjetivistas, que se subdividem em teoria da vontade, 
teoria da declaração e teoria intermediária (eclética) 
 
 Teoria da vontade 
 
 Teorias subjetivas Teoria da declaração 
 Teoria da responsabilidade 
 Teorias intermediárias Teoria da confiança 
 
BIBLIOGRAFIA: 
GONÇALVES, Carlos Alberto. Direito Civil Brasileiro. Saraiva. Vol. I. 
MELO, Marcos Bernardes de. Plano da Existência – Vol. I 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. Saraiva, Vol. I. 
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil. Saraiva. 
 
A VONTADE E A DECLARAÇÃO 
TEORIAS SOBRE DA INFLUÊNCIDA DA VONTADE 
 
Por um lado, surge o interesse jurídico de proteger a vontade real. E, por outro lado, surge o 
interesse de ordem pública de proteger a segurança das relações negociais, dando relevância à 
declaração. 
As teorias subjetivistas partem da vontade do sujeito, desdobrando-se em teoria que trata da 
importância da própria vontade e teoria que trata da importância da declaração, como elementos 
essenciais na formação do suporte fático, pressuposto de existência do negócio jurídico. 
E a partir da importância da vontade e importância da declaração, como elementos essenciais na 
formação do suporte fático, pode-se construir as seguintes teorias: 
 
1. Teoria da vontade 
 
Para a TEORIA DA VONTADE, os negócios jurídicos constituem-se em declarações de vontade, 
destinadas a produzir efeitos jurídicos pretendidos pelos contratantes. 
 
O negócio jurídico foi concebido como instrumento de realização da liberdade individual. A 
doutrina passou a ver no negócio jurídico a autonomia da vontade. Pelo tradicional princípio da 
autonomia da vontade (autonomia privada) as pessoas têm liberdade de, em conformidade com a 
lei, celebrar negócios jurídicos, criando direito e contraindo obrigações
1
. 
 
Para essa teoria, a vontade constitui-se no elemento essencial e nuclear do suporte fático do 
negócio jurídico, ficando a declaração, como elemento completante, na condição de simples 
meio de exteriorização dessa vontade. 
 
Surgem, então, dois interesses antagônicos: 
 
 De um lado, o interesse do emissor da declaração; (vontade) 
 De outro lado, o interesse daqueles a quem é dirigida a vontade (declaração) 
 
“A primeira posição, evidentemente mais individualista, assenta-se a teoria da vontade 
real, cientificamente formulada por Savigny. Se no ato jurídico, o direito empresta 
consequências ao querer individual, é evidente que, se ocorrer disparidade entre a 
vontade e a declaração, é a primeira que deve prevalecer.”2 
 
Assim, pela teoria da vontade real, em caso de divergência entre a vontade real e a 
declaração deve prevalecer a vontade real, independentemente do conteúdo da declaração. 
 
Exemplo: “A” quer vender o apartamento nº 102 para “B”, por um determinado preço. 
Trata-se de um apartamento de má qualidade, voltado para o fundo do prédio. Porém, 
quem redigiu o contrato, colocou como objeto o apartamento nº 104, de frente para a 
avenida e de muito mais valor. Sem muito cuidado, ambos assinaram o contrato. Logo, 
pela teoria da vontade, o apartamento vendido é o de nº 102, protegendo a vontade do 
declarante, no caso o vendedor. 
 
1
 Carlos Roberto Gonçalves, Direito Civil Brasileiro, Saraiva, 2003, p.310 
2
 RODRIGUES, Sílvio, in Direito Civil, 32ª Ed., Saraiva, 2002, p. 185 
 
 
2. Teoria da Declaração 
 
A TEORIA DA DECLARAÇÃO também é passível de críticas, justamente por deixar 
desprotegidos de tutela os interesses do declarante. O que importa é o conteúdo da vontade 
declarada e não na vontade real. O ponto fundamental reside na emissão da declaração, sem 
necessidade de sua aferição com a intenção do declarante. 
 
“Reagindo contra a teoria da vontade real, a Teoria da Declaração escolhe senda oposta. 
Desconsidera a vontade, para ater-se ao reflexo externado (representado pela declaração), 
almejando, desse modo, assegurar a estabilidade das relações negociais. Se despreza o interesse 
do emissor da declaração, protege o da pessoa a quem a declaração se dirige”3 
 
Assim, pela TEORIA DA DECLARAÇÃO, em caso de divergência entre a vontade real e a 
declaração deve prevalecer a declaração, independentemente do conteúdo da vontade real. 
 
Exemplo: 
No exemplo anterior, pela TEORIA DA DECLARAÇÃO, o apartamento vendido é 
o de nº 104, protegendo a vontade do destinatário da declaração, no caso o 
comprador. Vale o que foi declarado. 
 
 
 
3. Teorias ecléticas (intermediárias) 
 
As teorias anteriores primam pelo extremismo, sempre que venha a ocorrer qualquer divergência 
entre a vontade real e a vontade exteriorizada. 
Surgem, então, algumas teorias intermediárias, ou ecléticas, visando suavizar a influência da 
vontade e da declaração no negócio jurídico. Não privilegiam nem a vontade, nem a declaração. A 
declaração sem vontade é um corpo sem alma e a vontade sem declaração é uma alma sem 
corpo. São elas: 
 
 
 
3.1 Teoria da responsabilidade 
 
A TEORIA DA RESPONSABILIDADE, representa uma tendência de retorno moderado à 
teoria da vontade real. 
Mesmo desacompanhada da vontade, pode a declaração ter efeito obrigatório quando a 
disparidade entre ela e a vontade real decorrer de culpa ou do dolo do declarante. 
Logo, pela TEORIA DA RESPONSABILIDADE, mesmo sem a vontade, o declarante fica 
obrigado a cumprir o que declarou (vincula-se), caso seja o responsável pelo desacordo entre 
o que disse e o que queria dizer. 
 
 
3
 RODRIGUES, Sílvio, in Direito Civil, 32ª Ed., Saraiva, 2002, p. 185 
 
O declarante não pode aproveitar-se da própria torpeza (se houver dolo) ou de sua 
própria incúria (se houver culpa), para promover a ineficácia do ato, com prejuízos para 
terceiros de boa-fé, que confiram na verdade da declaração emitida”4 
 
Exemplo: No exemplo anterior, o vendedor leu o contrato, mas não prestou atenção. Logo, teve 
culpa quando assinou o contrato vendendo o apartamento nº 104. Assim, pela 
TEORIA DA RESPONSABILIDADE, com culpa do declarante, vale o que fora 
declarado. Vale o que foi declarado. Azar do declarante “A” culpado! 
 
 
 
3.2 Teoria da confiança 
 
 
A TEORIA DA CONFIANÇA representa um abrandamento da Teoria da Declaração, 
pois, partindo da prevalência da declaração sobre a vontade, visa proteger a pessoa a 
quem a declaração se dirige, ou seja, visa proteger o destinatário da declaração. Mas essa 
proteção só se concede quando o destinatário da declaração tiver agido de boa-fé
5
 
 
A teoria da confiança parte da declaração, fazendo prevalecer a confiança, presentena 
boa-fé objetiva. Assim, a ausência de boa-fé de parte de um dos sujeitos contratantes 
frustra a confiança que é depositada pelo outro sujeito. 
 
Segundo SÍLVIO RODRIGUES, se a declaração difere da vontade, é a declaração que deve 
prevalecer (beneficiando o seu destinatário), desde que o destinatário não tenha percebido 
ou não disponha de elementos para perceber a divergência entre a vontade real e a 
declaração. 
 
Todavia, se o destinatário da declaração conhecia a divergência, ou podia conhecer 
(atuando com mediana inteligência), não merece proteção, devendo prevalecer a vontade 
real com prejuízo para declaração. 
 
Exemplo: No exemplo anterior, o comprador (destinatário da declaração) leu o contrato, mas não 
prestou atenção. Logo teve culpa quando assinou. 
Por isso, o comprador (destinatário da declaração do vendedor) não merece proteção. Será o apto. 
102! 
 
Pela TEORIA DA CONFIANÇA, o intérprete não deve ater-se, apenas, aos termos da 
declaração, nem deve buscar, apenas, a vontade real. O intérprete deve perquirir sobre a 
boa-fé objetiva de parte do sujeito que venha a dar causa à divergência entre a vontade 
declarada e a vontade real. 
 
 
 
 
 
4
 RODRIGUES, Sílvio, in Direito Civil, 32ª Ed., Saraiva, 2002, p. 185 
5
 RODRIGUES, Sílvio, in Direito Civil, 32ª Ed., Saraiva, 2002, p. 185 
 
 
 
 
 
 
À primeira vista, poder-se-ia entender que o nosso Direito segue a TEORIA DA VONTADE, a teor 
do que dispõe a lei, nos seguintes termos (CC, 112): 
 
“nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao 
sentido literal da linguagem” 
 
Todavia, o dispositivo acima deve ser interpretado e aplicado de forma sistemática, especialmente em 
consonância com outro dispositivo que acolhe a teoria da confiança (CC, 113), nos seguintes termos: 
 
“Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua 
celebração.” 
 
O juiz não deve se afastar dos termos do contrato, mas interpretar-lhe de acordo com a boa-fé e 
segundo o que lhe pareça espelhar a vontade das partes. 
 
Havendo divergência entre a vontade e a declaração, desde que presente a boa-fé do destinatário 
da vontade, o negócio deve ser mantido. É decisivo e juridicamente relevante a ação do querer, com o 
elemento interno (vontade) e o externo (declaração), estreitamente interligados. 
 
A divergência entre a vontade interna e a vontade declarada pode decorrer de defeitos na sua 
declaração, capazes de acarretar na sua anulabilidade, a serem examinados no plano da validade. 
 
 
 
 
 
 
O princípio da boa-fé identifica-se nas ações humanas, deixando clara a existência de duas boas-fés 
jurídicas, uma subjetiva e outra objetiva. 
 
1. A boa-fé subjetiva 
 
A boa fé subjetiva diz respeito a dados internos , fundamentalmente psicológicos, atinentes 
diretamente ao sujeito; 
 
Neste sentido, está de boa-fé quem ignora a situação jurídica real. 
 
A boa-fé que está no íntimo da pessoa, sem nenhum motivo externo, sem depender de nada e de 
ninguém, ou seja, por “pura ingenuidade, inocência”. 
TEORIA ADOTADA PELO NOSSO ORDENAMENTO CIVIL 
O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ NOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
 
(no sentido pejorativo denomina-se otário, trouxa, convencido). 
Exemplo: alguém paga uma conta para uma pessoa desconhecida e não pede recibo, nem pede a 
devolução da nota promissória (uma pessoa de boa-fé, um otário). 
 
 
Para JUDITH MARTINS COSTA: 
 
“a boa-fé subjetiva denota estado de consciência, ou convencimento individual de obrar em 
conformidade ao direito”. 
 
“É uma crença errônea, ainda que escusável (desculpável), acerca de existência de uma 
situação regular, crença que repousa no próprio estado de ignorância ou numa errônea 
aparência de certo ato” 
 
A pessoa de boa-fé subjetiva é o estado no qual o sujeito ignora o caráter ilícito do seu ato. 
A pessoa que ignora os fatos reais e está de boa-fé (salvo erro grosseiro, inescusável, 
indesculpável) ou não ignora, e está de má-fé (destinatário da vontade – Teoria da Confiança”) 
 
 
A ignorância (boa-fé subjetiva) será intolerável quando ocasionada por culpa do próprio sujeito - 
não tendo ele tomado os cuidados necessários exigidos pelo caso. 
 
O sujeito negligente, descuidado, aquele que age de boa-fé, sem ter uma razão plausível para 
confiar, não pode ficar em situação mais vantajosa. 
 
Quem erra indesculpavelmente não poderá ficar na mesma situação jurídica de quem erra 
sem culpa. 
 
Em sentido subjetivo, a boa-fé é tratada em vários preceitos do Código Civil, como por exemplo: 
 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou obstáculo que impede a aquisição 
da coisa. 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos concebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, 
depois de deduzidas as despesas da produção e custeio;... 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, 
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las;... 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica um terreno alheio perde, em proveito do 
proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização 
 
 
 
 
 
2. A boa-fé objetiva 
 
A boa-fé objetiva diz respeito a elementos externos, normas de conduta ou padrão de conduta que 
determinam como a pessoa deve agir. 
 
Neste sentido, está de boa-fé (boa-fé como princípio) quem tem motivos para confiar no outro 
contratante “boa fé princípio”. 
Ex.: o consumidor confia no fornecedor. 
 
Logo, se o fornecedor não prestar todas as informações a respeito das reais condições do produto ou 
do serviço estará faltando com o seu dever de boa-fé. 
 
Neste caso, talvez o fornecedor nem esteja agindo de má-fé (intenção, dolo), apenas estará 
descumprindo com o seu dever de informação. 
 
A boa-fé como princípio jurídico (boa-fé objetiva): 
 
“Es un deber de comportarse según buena fe y se proyecta a su vez en las dos direcciones: 
derechos e deberes. Los derechos deben ejercitarse de buena fe; las obligaciones tienen que 
cumplirse de buena fe... es um standart o un modelo ideal de conducta social que se considera 
como paradigmática (Diez- Picazo)” 
 
Essa distinção interessa ao presente trabalho, porque a boa-fé contratual é a objetiva – e, aliás, os 
contratos são o principal campo de aplicação da boa-fé objetiva. 
 
Tanto a boa-fé subjetiva, quanto a boa-fé objetiva têm na sua base uma ideia de confiança, ou 
melhor, a ideia de proteger a confiança, assim: 
 
(a) Na boa-fé subjetiva tutela-se a confiança de quem acredita em uma situação aparente; 
 
(b) Na boa-fé objetiva, tutela-se a confiança de quem acredita em uma situação procederia de 
acordo com os padrões de conduta exigíveis (de boa-fé) 
Se a boa-fé subjetiva é um estado, a objetiva como regra de conduta é um dever – dever 
de agir de acordo com determinados padrões, socialmente recomendados, de correção, 
lisura, honestidade, para não frustrar a confiança legítima da outra parte. 
 
Como se vê, em ambas existe um elemento subjetivo, representando pela confiança de alguém 
que acreditou em algo, mas só na boa-fé objetiva existe um segundo elemento, que é o dever de 
conduta de outrem. 
 
 
A boa-fé objetiva é cláusula standart (modelo) que está implícita nos negócios jurídicos e atua 
no campo contratual através da interpretação e integração do contrato. 
 
À boa-fé objetivanão se contrapõe a má-fé, mas a ausência dessa boa-fé, que ocorrerá quando 
não se proceder em conformidade com tais deveres de conduta, qualquer que seja o motivo da 
desconformidade. Logo, faltar com a boa-fé não significa, necessariamente, agir de má-fé (dolo) 
 
A referida regra de conduta (boa-fé objetiva) é fundada na honestidade, na retidão, na lealdade. 
São padrões de conduta socialmente recomendadas, ou seja, comportamento exigível do bom 
cidadão, do profissional competente, de um modelo abstrato de pessoa, razoavelmente diligente. 
 
É dever de conduta contratual ativo, e não mais um estado psíquico do agente. A boa-fé objetiva, 
como dever jurídico que é, obriga a uma certa conduta ao invés de outra. 
 
(a) Art. 113 – a interpretação do contrato deve ser feita segundo a boa-fé; 
(b) Art. 187 – comete ato ilícito aquele que excede manifestamente os limites da boa-fé; 
(c) Art. 422 – os contratantes devem agir de boa-fé. 
 
No caso da usucapião, a boa-fé que se exige (como se fosse sua) é a boa-fé subjetiva. 
Se o possuidor tiver em mãos um recibo de pagamento relacionado à compra do imóvel (embora 
não seja um contrato), a sua posse será de boa-fé objetiva.

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