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Caderno Ied Privado II 2020.2 Prof. Thiago Borges 1° e 2° Bimestre Andreza Duarte IED PRIVADO II - PARTE GERAL DO CC – FATOS JURÍDICOS Fatos Jurídicos: acontecimentos da vida que proporcionam algum tipo de relação jurídica. Diferenciar fatos do mundo da vida x fatos jurídicos: depende da determinante descrição do fato. ● Descrição do fato jurídico é feito pela norma jurídica. O Direito tem uma relação essencial com a comunicação e com a linguagem. O direito, enquanto sistema social se comunica com a sociedade gerando expectativas de comportamento. As normas jurídicas são expectativas de comportamento social (dever ser), que geram novas expectativas. O direito enquanto sistema social que descreve parcialmente a sociedade tem uma abertura cognitiva para receber as demandas da sociedade por modificação da sua estrutura normativa, de maneira a ser atualizado. O papel do direito civil na realização constitucional/ Constitucionalização do direito civil. ● O direito privado, historicamente, se organizou em paralelo ao direito público. Não havia uma relação de comunicação entre o direito civil e o constitucional até o século XX. ● A partir da constituição Wheimer e a mexicana, que incorporaram direito subjetivo para as relações privadas a serem observados pelo estado, estabeleceu-se uma relação de comunicação entre o direito público e privado. ● A constituição enquanto norma prescritiva revela um projeto de estado ao criar suas instituições e bases normativas, mas também cria uma série de expectativas de construção de uma sociedade desse estado que deverá realizar aquelas expectativas nela propostas. Dessa forma o conteúdo definido pelo direito civil precisa ser interpretado à luz daquilo que foi proposto como sociedade na constituição, especialmente no art.5°. Distinção entre o direito e o não direito - Qual a fronteira do direito, ou seja, o campo que separa os fatos que integram o direito daqueles que não integram o direito. A linguagem tem um papel importante nessa distinção, pois pode- se descrever um determinado fato de diversas formas, sem manifestar os elementos que importam ao direito, ou dando ao fato alguma relevância para o direito. A Norma recorta elementos do fato a serem jurídicos. A moral influencia as decisões políticas que levam à constituição do Direito; Por vezes, o direito incorpora em sua linguagem elementos da moral, assim o próprio direito confere uma abertura semântica ao aplicador para fazer uso da moral nas argumentações jurídicas. Ronald Dworkin e Gustav Radbruch são autores que entendem direito e moral como indissociáveis, diferentemente de Kelsen e Hart, grandes autores positivistas, cuja teoria pura do direito, parte de uma dissociação do direito com a moral. ● Em Kelsen, a norma fundamental é válida por que é aceita como tal pela sociedade. ● Para Hart, a norma de reconhecimento dispensa o seu próprio reconhecimento por ser socialmente aceita. O pós-positivismo atrai a moral de volta para o direito - ideia de argumentação e proporcionalidade - usar a abertura semântica das normas – princípios - para reatar a comunicação com a moral. As novas correntes positivistas rechaçam o recurso à moral como forma de decisão. ● PJ Exclusivo - nega qualquer aproximação com a moral. ● PJ Inclusivo - admite que a moral seja incorporada como direito A abertura semântica dos princípios permite fundamentar as decisões com base na moral ou somente se poderá decidir com base no direito, ainda que utilizando expressões da moral inseridas nas normas? No momento não há como admitir que juízos morais possam interferir no momento da decisão. Somente pode o aplicador utilizar o elemento moral quando a norma descreve-o. Discussão do texto de Pontes de Miranda - O fato é jurídico em razão da norma ou por si mesmo? Ao descrever o fato a partir desse elemento a norma colore os fatos do mundo da vida tornando-os fatos jurídicos. Realiza uma diferenciação entre os elementos que integram e que não integram o mundo jurídico. Suporte fático abstrato - fato descrito na norma, descrição hipotética do fato de maneira abstrata. Suporte fático concreto - a descrição hipotética da norma é realizada no mundo concreto, de forma coincidente. Direito objetivo - Equivale ao Law do inglês - ordenamento Direito subjetivo - Equivale ao Right no inglês - faculdade Os direitos subjetivos e deveres são consequência do direito objetivo, que os cria e garante-os. ● A distinção ocorre por uma limitação linguística latina. ● O direito objetivo é resultante da política, a conquista de direitos subjetivos demanda uma ação política que modifique o direito objetivo. A norma jurídica seleciona não apenas os fatos, mas também os elementos que integrarão a descrição, deixando de fora outros elementos que considere desnecessários para a eficácia jurídica. A norma jurídica é uma composição de um fato hipotético com uma prescrição decorrente do seu acontecimento no mundo da vida; Fato hipotético é suporte fático abstrato; acontecimento no mundo da vida é suporte fático concreto. Incidência ● É a correspondência descritiva entre o fato ocorrido no mundo da vida e o fato descrito no suporte fático abstrato na norma. Assim o fato é considerado jurídico a partir da incidência, extraindo o efeito jurídico. As questões jurídicas podem ser de fato ou de direito ● As partes discordam quanto à descrição dos fatos ou quanto à interpretação do direito. ● O juiz julga conforme os fatos de acordo com os elementos trazidos aos autos do processo. Relação Jurídica Código civil 2002 - Parte Geral - elementos constitutivos da relação jurídica ● livro I- relativo aos sujeitos (pessoas e entes despersonalizados; capacidade de direito - potencial para titularizar direitos e deveres) ● livro II - objetos (bens e direitos) ● livro III - fato propulsor (fatos jurídicos que ensejam as relações jurídicas) Qual natureza jurídica de algo - enquadrar nesses critérios CLASSIFICAÇÃO DOS FATOS JURÍDICOS. Fatos jurídicos lato sensu 1) Fatos jurídicos stricto sensu 2) Atos-fatos jurídicos 3) Atos jurídicos em sentido amplo 1. Lícitos a. Ato jurídico em sentido estrito b. Negócios jurídicos 2. Ilícitos a. Ato ilícito em sentido estrito b. Abuso de direito 1. Fato jurídico Latu Sensu – todo fato jurídico, sentido amplo. 2. Fato jurídico Stricto Sensu – sentido estrito; fatos naturais, que podem ou não envolver a presença humana na descrição do fato. Fato ordinário, exemplo; nascimento, morte, etc. Fato extraordinário; pandemias, desastre natural, etc. 3. Atos fatos jurídicos – Comportamento humano a que norma atribui consequências jurídicas, no entanto a vontade não constitui um elemento da descrição do suporte fático abstrato. O ato jurídico se configura independentemente da existência ou não da vontade na descrição do fato concreto. Exemplo: CC, art. 1,233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Exemplo: CC Art. 1.263 – quem se assenhorar de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei. Ato jurídico em sentido amplo – a manifestação da vontade é um elemento cerne 1) Lícito – Conforme as expectativas de comportamento – consequências são as desejadas pela vontade 2) Atos jurídicos em sentido estrito - ato jurídico lícito que não é negócio.Atos lícitos, decorrentes da manifestação da vontade, cuja consequência jurídica decorre da lei. Logo a manifestação da vontade preenche o suporte fático previsto na norma, a qual determina seus efeitos. Exemplo: voto. Único artigo no código – CC, art. 185 – aos atos jurídicos lícitos que não sejam negócios jurídicos, aplicam-se no que couber, as disposições do título anterior. 3) Negócios jurídicos – possibilidade de auto regulação pela manifestação de vontade. É instrumento para exercício da autonomia privada. Atos lícitos cuja eficácia será decorrente da manifestação de vontade constitutiva do próprio ato. – consequências são estabelecidas no negócio jurídico. Exemplo: Contratos. 4) Ilícito - Desconforme as expectativas de comportamento – consequências são diversas das desejadas pela vontade. A. Art. 186 – aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. – ato ilícito em sentido estrito. Agente Ação ou Omissão Voluntário (dolo) ou por negligência ou imprudência (culpa) – obs: é movida pela vontade, mas o resultado não é desejado. Causalidade Dano a outrem, ainda que exclusivamente moral. Violação de direito A norma se completa com o art. 927° - aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outem, fica obrigado a repará-lo. B. Art. 187 – também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa fé ou pelos bons costumes. (abuso de direito) A primeira consequência do abuso do direito é que o Estado não irá tutelar conforme esperado pelo titular do direito. OBS: O abuso do direito pode se concretizar sem dano, pois o artigo não menciona. Se o exercício abusivo causar dano, surge a obrigação de reparar. CC, Art.927 Art.188. Não constituem atos ilícitos (excludentes de ilicitude) Os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; No exercício regular de um direito reconhecido (se contrapõe ao abuso de direito) A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão à pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Classificação dos negócios jurídicos Quanto ao sujeito Unilateral – negócio que exige apenas uma manifestação de vontade para se formar. Ex.: testamento. Bilateral – Impõe manifestação de vontade de dois sujeitos em torno de um objeto comum, com consenso. Ex.: casamento. Plurilaterais – manifestações de vontades plurais, ex.: contrato social de empresa. Quanto ao momento da eficácia Inter vivos – dependem da ocorrência do evento morte para ocorrer a eficácia. Mortis causa – eficácia é deixada para após da morte. Ex.: seguro de vida. Consensuais – basta ao consenso para ser suficiente. Reais – implica a entrega de uma coisa, um ato-fato, além do consenso. Ex.: comodato; Informais – aqueles em que o ordenamento não estipula forma para a manifestação da vontade. Formais – a lei prescreve uma forma como requisito de validade; Solenes – a forma prevista em lei constitui em um ritual que somente conduz ao negócio jurídico referido. Típicos - tem previsão no ordenamento Atípicos – estão no campo da criatividade humana, decorrem da autonomia privada, não sendo previsto expressamente em lei. Simples: atrelamento da vontade que preveem apenas prestações recíprocas. Ex.: compra e venda. Complexos: coligação de negócios que gera apenas um negócio. Ex.: cartão de crédito. REPRESENTAÇÃO Quando uma pessoa manifesta vontade em nome de outra em uma relação jurídica. Art.120, CC. Voluntária – se dá por meio de um contrato chamado de mandato. Ex.: procurador; advogado. A procuração é o instrumento do mandato. O objeto do mandato é a concessão de poderes de representação. Legal – decorre da lei. Ex.: tutor, curador. CC, Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, produz efeitos em relação ao representado. Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos. A, representando B, realiza um negócio consigo mesmo. Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. Poderes Gerais – poder de mera administração que não implicarão em acréscimo ou decréscimo do patrimônio da pessoa. Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração. Especiais – devem ser expressos se exorbitam a administração ordinária. §1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos. §2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso. Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito. Mandatos gerais x mandatos especiais Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do mandante. Poderes individuais, conjuntos, alternativos e sucessivo (hierarquia). Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo. Procuração *ad negotiam* - prática de atos extrajudiciais no geral. Procuração *ad judiciam* - para representar em juízo em interesse dos judicionários. São conferidas apenas aos advogados inscritos na ordem de advogados do Brasil. IED PRIVADO – 2 BIMESTRE NEGÓCIO JURÍDICO – Definição Ponteana (pontes de Miranda) Plano da existência: define, ontologicamente, a essência do jurídico (e por consequência, do não jurídico). Categorias como os fatos jurídicos em sentido estrito; atos-fatos jurídicos e atos jurídicos stricto sensu – pela mera existência (que se dá pela incidência) produzem eficácia, sem passar pelo plano da validade. A inexistência por sua vez atinge aos fatos cuja descrição não se traduz em nenhuma prescrição normativa, não produzindo qualquer efeito no mundo do direito. O plano da existência é pressuposto de análise dos planos da validade e eficácia. Plano da validade – confere legitimidade jurídica à manifestação de vontade para a produção de efeitos, a partir de critérios e requisitos para que a vontade manifestada seja tutelada pelo estado. A validade é um plano de dever ser, logo, deontológico/axiológico. A EXISTÊNCIA DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS Elementos da existência do NJ: Elementos estruturais, faltando qualquer um deles o negócio inexiste; sendo que não há uniformidade sobre sua enumeração. Declaração de vontade – Para o direitosomente a vontade que se exterioriza é considerada suficiente para compor suporte fático do negócio jurídico. A declaração de vontade é o instrumento da manifestação de vontade. OBS: o princípio da autonomia da vontade é limitado pelo princípio da supremacia da ordem pública, onde o estado interfere nas manifestações de vontade em nome da ordem pública. A manifestação da vontade pode ser expressa, tática e presumida. 1. Expressa: feita por meio da palavra, gestos, sinais ou mímicas, de modo explícito. 2. Tácita- vontade que se revela pelo comportamento do agente, poderá ocorrer se a lei não exigir que seja expressa. Ex. aquisição de propriedade móvel pela ocupação. 3. Presumida – quando a lei deduz a declaração de certos comportamentos do agente, sendo que são juris tantum, ou seja, admitem prova em contrário. O silêncio como manifestação da vontade – poderá ocorrer nos casos que a lei o dispor ou se ficar convencionado previamente no contrato ou se decorrer de usos e costumes, cabendo ao juiz analisar cada caso. Sujeito/ Agente – pessoas e entes despersonalizados, capazes de direito. Idoneidade do Objeto – o objeto deve apresentar os requisitos ou qualidades que a lei exige para que o negócio produza os efeitos desejados. Teoria da declaração e a teoria da estrutura A manifestação de vontade é reptícia, ela tem o sentido em que é recebida pelo destinatário. Entre a vontade real e a manifestação, o código determina que se deva seguir a vontade como manifestada. (CC, art.110°) Interpretação no Negócio Jurídico A interpretação da vontade manifestada é destinada a atribuir o sentido que produzirá efeitos jurídicos. O CC optou por estabelecer regras de interpretação (CC art.113°) Boa fé– trata-se de boa fé objetiva, sentindo da conduta adequada e esperada dentro de uma negociação, observando elementos como: segurança, informação, sigilo e interesses envolvidos. Presume-se que as partes estavam agindo de boa fé quando concluíram o negócio jurídico. Com isso, buscam-se atribuir as vontades manifestadas sentido que melhor refletir uma conduta de boa fé entre as partes. (vide enunciado 609 da Súmula jurisprudencial STJ) Usos do lugar – costumes – práticas tradicionais. Não se refere apenas aos locais não urbanos, um exemplo é a lex mercatória que define práticas comerciais amplamente aceitas, como as ‘’incoterms’’ cláusulas relativas à distribuição dos riscos no comércio internacional. OBS: art.113°, V - 1 – Presumir que efetivamente houve negociação entre as partes. 2- Partes detém algum nível de conhecimento das circunstâncias econômicas do negócio. – espera-se que a parte que tinha mais conhecimento, informou a que tinha menos – ex.: juros, os modelos de pagamento, etc. OBS: art. 2035, p.único - Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos. Validade dos Negócios Jurídicos (art. 104, CC): Requisitos de validade – faltando um eles, o negócio é nulo ou anulável. Capacidade do agente – trata-se da capacidade de fato ou exercício (art. 3° e 4° CC) A vontade dos relativamente incapazes não é desprezada pelo ordenamento (esta que é levada em consideração), mas está sujeita a uma ratificação pelo assistente do incapaz. OBS: art.105 e 106 do código civil. Licitude, possibilidade e determinabilidade do objeto. Licitude – conformidade com o ordenamento - existe objetos legalmente vedados e outros que decorrem de uma percepção do ordenamento, embora não sejam vedados. Ex.: Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. Ex.: p.único art.2.035 (contrariar a ordem pública) O objeto jurídico ou imediato é uma conduta humana denominada prestação, já o objeto mediato são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional. Possibilidade – o objeto deve ser possível, pois se impossível, física ou juridicamente, o negócio é nulo. A impossibilidade pode ser: Total: inválido. Parcial / relativa: pode-se analisar a validade da parte impossível apesar da invalidade na parte impossível, conforme o interesse das partes. Subjetiva ou objetivamente. Subjetiva – quanto ao sujeito Objetiva – quanto ao objeto em si. Originária e Superveniente Originária – invalida o negócio Superveniente – o objeto era possível na época do negócio e posteriormente tornou-se impossível – extinção por resolução e não invalidação. OBS: Dispõe o art.106 do CC – Impossibilidade inicial relativa do objeto não invalidade o negócio. Determinabilidade – suficiência dos critérios de determinação. Momento da conclusão do Negocio Jurídico – negócio tem que ser determinado ou determinável. No momento da execução – negócio tem que ser determinado. Liberdade de forma, salvo quando prevista em lei / forma prescrita ou não defesa em lei. Forma – a maneira pela qual a vontade se manifesta. Ex.: verbal, não verbal. A forma em princípio é livre – não defesa quer dizer não proibida, a lei pode descrever o que é permitido por exclusão. Se a lei nada diz sobre a forma, prevalece à liberdade em regra, a não ser nos casos em que a lei exija forma específica. Art.107 CC. Liberdade de forma não quer dizer que um Negócio jurídico pode não ter forma, pois é elemento constitutivo. Ex.: CC art.108 – (prescrição da forma em lei). Liberdade, consciência e boa-fé da manifestação da vontade. Deve-se observar que a manifestação de vontade se reveste de uma estrutura composta de todos os requisitos de validade como pressuposto de sua eficácia. A validade do ato se mede no momento da manifestação de vontade. Motivo/ Causa – O motivo é pessoal e em regra, não integra o NJ. Da mesma forma a causa nem sempre integra o negócio jurídico. Motivo – situa-se no plano subjetivo, é a intenção das partes. Causa – situa-se no plano objetivo. Validade e Invalidade Validade – conformidade com os requisitos estabelecidos no ordenamento para que a manifestação de vontade possa estabelecer regras que regulem a esfera privada das pessoas. Invalidade – não conformidade com os requisitos do ordenamento, o que impede, a priori, a tutela sobre a eficácia das regras estabelecidas pela manifestação da vontade. Consequência da invalidade decorre da sua natureza ilícita, logo se configura como uma sanção. Sanção da ineficácia negativa da tutela. A invalidade, em sentindo amplo, abrange: Inexistência do negócio Jurídico Nulidade Absoluta / Stricto Sensu Nulidade Relativa ou Anulabilidade Qual a diferença entre inexistente e inválido? O inexistente não é fato jurídico porque nenhuma norma lhe atribui efeito algum. O inválido é fato jurídico logo necessariamente existente, porém não contem elementos complementares, não atende aos requisitos exigidos pela norma. Quais efeitos que são produzidos quando o NJ é existente e inválido? O ato existente inválido pode produzir efeitos não desejados pelo manifestante; penais; administrativos; processuais. NULIDADE ABSOLUTA – NEGÓCIO JURÍDICO NULO A Nulidade é a sanção, imposta pela norma, determinando a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao que prescreve. O negócio é nulo quando ofende preceitos de ordem pública. Ausentes os requisitos para o seu plano de validade do art.104, CC. É nulo o Negócio Jurídico, Quando: – art.166, CC.I – For celebrado por absolutamente incapaz, sem a devida representação. (previsão do art.3°, CC) II – Quando o objeto for ilícito, impossível, indeterminado ou indeterminável. A impossibilidade do objeto pode ser física ou jurídica. O ilícito é nulificante, ou seja, aquele que tem como pressuposto ser contrário ao direito. III – Quando o motivo determinante do negócio, para ambas as partes, for ilícito. Quando há conluio das partes para alcançar um fim ilegítimo. IV – Quando o negócio não se revestir de forma prescrita em lei V - Quando for preterida alguma solenidade que a lei considera essencial para a sua validade. VI – Quando negócio tiver como objetivo fraudar a lei imperativa. Nesse caso, há uma infringência oblíqua ou indireta da norma proibitiva; pois o objetivo é dar ao negócio aparência de legalidade. VII – Nulo será o negócio quando a lei expressamente o declarar – expressa/textual ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção – implícita/virtual. Além dessas previsões... É nulo o negócio simulado – subsiste apenas o que se dissimulou. O negócio jurídico eivado de coação física é nulo de pleno direito, pela ausência de vontade; - alguns consideram causa de inexistência. Efeitos e procedimentos decorrentes do reconhecimento da Nulidade Absoluta: É proposta a ação declaratória de nulidade, seguindo o rito ordinário. Essa ação é imprescritível, não sendo sujeita nem à prescrição ou a decadência, porquanto envolve preceitos de ordem pública, não convalesce com o decurso do tempo (art.169, CC). A nulidade absoluta pode ser alegada por qualquer interessado, ou o Ministério Público quando lhe couber intervir (art.168, CC). E deve ser pronunciada pelo Juiz, sedo a chamada declaração ex officio; (art.168, p.único, CC). Não pode o magistrado suprir a nulidade absoluta. A sentença que declara a nulidade absoluta tem efeitos contra todos (erga omnes); e seus efeitos declaratórios são também ex tunc, retroagem desde o momento do trânsito em julgado da decisão até o surgimento do negócio tido como nulo; são considerados nulos todos os atos e negócios celebrados nesse lapso temporal. Conversão do NJ NULO Art. 170 – se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim que o visavam às partes permitir supor que o teriam querido se houvessem previsto a nulidade. Se for possível desconsiderar o elemento considerado porventura inválido, e mantendo os demais elementos se chegar a outro ato jurídico que atende aos requisitos de validade, este será considerado. Cabe salientar que não se corrigiu o ato para torna-lo válido; mas se aproveitou a mesma manifestação de vontade para lhe dar um sentido jurídico de validade. O negocio nulo se transforma em outro negócio, totalmente válido, visando à conservação contratual e a manutenção da vontade e da autonomia privada. É essencial para tanto que as partes denotem intenções de celebrar esse novo negócio, pois sem esse elemento subjetivo a conversão não é possível. Além disso, o negócio a ser convertido deve ter os requisitos mínimos de outro negócio. NULIDADE RELATIVA– NEGÓCIO JURÍDICO ANULAVEL A nulidade relativa envolve preceitos de ordem privada. Cria uma situação de instabilidade por estabelecer um direito subjetivo de requerer a anulação do ato. A anulação ou não do ato dependerá da manifestação do interessado e da sentença anulatória. É anulável o negócio jurídico, quando (art.171, CC): I - For celebrado por relativamente incapaz, sem devida assistência, conforme o rol do art.4°, CC. II - Diante da existência de vício no negócio jurídico, como erro, dolo, coação moral ou psicológica, lesão, estado de perigo e fraude contra credores. III – Demais casos especificados de anulabilidade. Efeitos e procedimentos decorrentes do reconhecimento da Nulidade Absoluta: É pleiteado o reconhecimento da anulabilidade por meio da ação anulatória, seguindo o rito ordinário. Essa ação tem natureza constitutiva negativa; relacionada a direitos potestativos, submetendo-se a prazos decadenciais. Art.178, CC – É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I – no caso de coação, no dia em que ela cessar. II – no caso de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão; do dia em que se realizou o negócio jurídico. III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art.179, CC – Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. A anulabilidade não pode ser reconhecida ex officio pelo Juiz, deve ser arguida pela parte interessada/prejudicada. De acordo com o art.172, CC, o negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro – devendo conter a substancia do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. (convalidação expressa) É dispensada a confirmação expressa quando o negócio é cumprido em parte pelo devedor, ciente ele do vício que o atingia. A confirmação assim se dá de forma tácita ou presumida. Art.174, CC. O art.175 estabelece a irrevogabilidade da confirmação, seja expressa ou tácita. Com ela, extingue-se todas as ações ou exceções para requerer a anulabilidade do negócio anterior. O art.176 traz outra hipótese de convalidação, na qual, se a anulabilidade do ato resulta de falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente. O menor púbere não pode invocar sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se no ato de obrigar-se, declarou-se maior. O negócio nesse caso se reputa válido. Art.180, CC. Conforme o art.181, ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. A ação anulatória tem efeitos inter partes; e classicamente, prevalece a premissa de que os efeitos são Ex nunc (não retroativos). A ação desconstitui o negócio desde o nascimento (art.182, CC). Teoria das nulidades No plano da eficácia O ato nulo produz efeitos apenas aparentes, o que denominado de eficácia putativa. O ato anulável, antes da anulação, produz uma eficácia instável, chamada de interimística (Pontes de Miranda) que pode ser mantida, caso o ato seja convalidado, ou pode ser extinta se anulado. Somente a lei poderá expressamente, conceder uma eficácia plena aos atos nulos e aos atos anulados. Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. § 1 o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão. § 2 o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão. VÍCIOS / DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO A manifestação de vontade, para ser válida, deve ser livre e espontânea. São requisitos de validade a liberdade, a consciência e a boa fé. Vícios do negócio são defeitos decorrentes de anomalias na formação ou declaração de vontade. O art.178, CC menciona: É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; Nessas hipóteses, ocorrem defeitos chamados vícios de consentimento (com exceção dafraude a credores); pois criam um conflito entre a vontade manifestada e a real intenção de quem a manifestou. Já a fraude contra credores é exteriorizada com a intenção de prejudicar a terceiros, é considerada por tanto, um vício social. Erro ou Ignorância – art.138° Consiste numa falsa representação da realidade, na qual o agente engana-se sozinho. Erro é a ideia falsa da realidade; ignorância é o completo desconhecimento da realidade. Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. Erro substancial O erro é substancial quando recai sobre circunstancias e aspectos relevantes do negócio; é a causa determinante, de forma que se o erro não ocorresse, o NJ não seria celebrado. Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio (quanto à espécie; o tipo de negócio), ao objeto principal da declaração (manifestação da vontade recai sobre objeto diverso do que tinha em mente), ou a alguma das qualidades a ele essenciais; (quando se supõe que o objeto tenha determinada qualidade, que na verdade se verificar posteriormente, inexistir). II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico. (é a interpretação errada da norma jurídica aplicável a situação concreta, sem intenção de contrariá-la). Erro acidental – é aquele que, se não corresse, ainda sim o NJ seria concluído, embora de outra maneira. É um erro que recai sobre circunstâncias secundárias do negócio. O Falso Motivo O motivo são razões subjetivas, consideradas acidentais, ou seja, sem importância para apreciar a validade do negócio. Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Se uma pessoa faz uma doação a outra, porque é informada de que o donatário é seu filho, a quem não conhecia, ou é a pessoa que lhe salvou a vida, e posteriormente descobre que tais fatos não são verdadeiros, a doação poderá ser anulada somente na hipótese de os referidos motivos terem sido expressamente declarados no instrumento como razão determinante. Se não o foram, não poderá ser invalidada. Não se admite, em face da dicção do citado art. 140, a anulação de negócio jurídico pela manifestação tácita da vontade. Transmissão errônea da Vontade Art. 141 – a transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. O que é a transmissão da vontade por meios interpostos? Representação. O erro do representante, legal ou convencional, é anulável nas mesmas hipóteses em que é anulável o ato do próprio agente; mas apenas em caso de mero acaso ou equívoco. Incidindo a hipótese de erro intencional do representante; a parte que o escolheu fica obrigada a indenizar; e o representante poderá responder em face do representado. Convalescimento do Erro Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Trata-se de aplicação do princípio da conservação dos atos e negócios jurídicos, segundo o qual não há nulidade sem prejuízo. Ex.: “João pensa que comprou o lote n. 2 da quadra A, quando, na verdade, adquiriu o n. 2 da quadra B. Trata-se de erro substancial, mas antes de anular o negócio o vendedor entrega-lhe o lote n. 2 da quadra A, não havendo assim qualquer dano a João. O negócio será válido, pois foi possível a sua execução de acordo com a vontade real”. Dolo Conceito das relações cíveis e empresariais, caracterizadas pela paridade de forças, equilíbrio econômico e inexistência de vulnerabilidades. Induzimento ao erro. Uma parte usa de artifício fraudulento para obter a manifestação de vontade da outra. Para anular o negócio, o dolo deve ser substancial, isto é, se não houvesse fraude o negócio não seria concluído. O dolo para anular o negócio deve ser a causa da manifestação de vontade. O dolo acidental não permite a anulação do negócio, mas pode levar a uma indenização por perdas e danos se houver. O dolo pode se configurar por ação (positivo) ou omissão (negativo) Dolos Bonus x Dolus Malus Dolos Bonus – não vicia a manifestação de vontade. Induzimento lícito á pratica do negócio jurídico. (há até profissões voltadas a este fim) ex.: publicitário. Dolos Malus – compro mete a validade do NJ, por macular a manifestação de vontade. Ex.: propaganda enganosa. Dolo de terceiro – art.148° Para o NH ser anulável, a parte prejudicada precisa provar que quem se aproveitou do negocio tinha conhecimento do dolo ou pelo menos devia ter pelas circunstancias do negócio, Em caso da parte para quem o negócio verteu em proveito não saber nem dever saber do dolo, o negócio será válida e a parte prejudicada só poderá clamar perdas e danos do terceiro que o prejudicou. Dolo do representante – art.149° Legal – representado só responde até o limite do proveito que obteve com o NJ. O Representante responderá sozinho pelas perdas e danos. Convencional – representado além de responder pelo proveito que obteve, responderá solidariamente com o representante pelas perdas e danos decorrentes do NJ. OBS: E m dolo recíproco o negócio não é anulável. Coação Vis absoluta – vis significa força, coação física. Ex.: tortura, violência efetiva contra pessoa, obtendo com isso manifestação de vontade. É causa de inexistência do negócio jurídico, a manifestação de vontade é desprezada pelo ordenamento, não produzindo ato jurídico, resta apenas o ato lício praticado por quem coagiu. Vis compulsiva – é a coação psicológica, em que uma pessoa ameaça a outra de grave dano para obter sua manifestação de vontade. Permite a anulação do NJ por coação. Elementos da coação Figura do agente coator Pessoa coagida Fundado temor – causado pela figura do agente coator. Risco de dano iminente Gravidade do dano iminente. Obs: p.único art.151 Art.152 – no apreciar da coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstancias que possam influir nela. Art. 153 – não se considera coação: A ameaça do exercício normal de um direito – credor ameaça entrar em juízo contra devedor. Nem o simples temor reverencial – situações de hierarquia e autoridade. Art. 154 – vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art.155 – subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro sem que a parte que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento, mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. Estado de perigo Art. 156 – configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa (desproporçãoentre as prestações assumidas pelas partes). P.único – tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. No estado de perigo não há agente coator. O perigo que leva à manifestação de vontade decorre das circunstâncias. Há o dolo de aproveitamento pela parte contrária que se beneficia da onerosidade excessiva assumida pela parte em perigo. Lesão – Origem do reconhecimento da lesão no direito: relacionada à cobrança de juros excessivos Requisitos: A manifestação de vontade é dada por: Premente necessidade econômica. Inexperiência com negócios Desproporção entre as prestações das partes envolvidas – a desproporção lesiva deve ser medida no momento em que a manifestação de vontade é proferida. Se na origem do NJ, as prestações são proporcionais, mas a desproporção advém de fatos posteriores, o NJ não poderá ser anulado por lesão. Obs: para configuração da lesão, independe da prova do dolo de aproveitamento, logo, a vítima da lesão não tem ônus de provar que a outra parte sabia da sua necessidade ou inexperiência. Obs: art.157 §2 – possibilidade de manter o NJ quando se puder suprir a lesão. Fraude contra credores – Art.158 – Os atos praticados pelo devedor insolvente, ou que se torna insolvente, que prejudicam os interesses dos credores quirografários ou com garantia reduzida em receber seus créditos por insuficiência de recursos. É vício social, e não um vício de consentimento – o consentimento não é maculado, mas sim o seu efeito, por que causa dano não a quem consente, mas a terceiros. A fraude independe da prova do dolo/ intenção de fraudar, o prejudicado não tem o ônus da prova da má intenção. Glossário: Transmissão gratuita de bens – ex.: doação. Remissão de dívida – perdão da dívida gera a extinção gratuita do crédito. Devedor insolvente – tem passivo (dívida) maior que ativo(bens e direitos de crédito). Credor quirografário – sem garantias reais ou fidejussórias, nem privilégios legais. – Tem apenas um contrato. Poderão ser anulados por fraude contra credores: Transmissões gratuitas de bens e perdões de dívidas. Quem pratica a fraude contra credores? – O devedor já insolvente O que se torna insolvente pelos negócios praticados Quem sofre a fraude contra credores? Credor quirografário §1° - Credores cuja garantia se tornar insuficiente Relação obrigacional Credor – sujeito ativo, titular do direito a uma prestação Devedor – sujeito passivo que deve uma prestação – dar, fazer ou não fazer – em favor do credor. Relação de vínculo de crédito e débito Patrimônio – total de relações obrigacionais e reais (créditos, débitos e bens) Patrimônio Líquido – ativo menos passivo. Se positivo – solvente/ Negativo – insolvente. Art. 159 – serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Art.160 – se o adquirente dos bens do devedor insolvente não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando em juízo, com a citação de todos os interessados P.único – se inferior, o adquirente para conservar os bens poderá depositar o preço que lhes correspondia ao valor real. Compra de bem de devedor insolvente: O preço deve ser o de mercado O pagamento deve ser feito em juízo com a citação dos credores A ação movida para anular o negócio por fraude contra credores se chama Ação Pauliana Legitimados para mover: credores quirografários e os credores com garantia reduzida Legitimados passivos – devedores insolventes ou reduzidos à insolvência; e os beneficiados. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Simulação Absoluta – Não há NJ dissimulado, pratica-se um ato que na verdade não é nenhum ato. Ex.: cônjuge A, desejando separar-se do Cônjuge B, pratica atos simulados de doação de bens para seus amigos C, D e E, reduzindo o patrimônio de A/B de 100 para 80. Pede o divórcio e a partilha divide em 40/40. Um ano após o divórcio, C, D e E doam 20 para A. Por meio das doações A distorceu a partilha, e as doações não foram de fato desejadas. – reserva mental, art.110 – A manteve reserva mental de não doar no mundo da vida aquilo que no mundo do direito doou. C, D e E tinham conhecimento da reserva mental de A. O Cônjuge B entrará com ação declaratória de nulidade das doações, fazendo com isso que as doações sejam desconsideradas, voltando os 20 doados a integrar o patrimônio partilhado. A seria condenado a pagar a B 10, de modo a restabelecer o equilíbrio na partilha. Relativa – Há um NJ dissimulado, cujos efeitos e são desejados pelas partes, ou por uma delas, mas não podem aparecer no mundo do direito. Ex.: A empresta 1000 a B, prazo de devolução: 1 ano com juros de 500 O que acontece no mundo do direito: B vende por simulação para A uma casa de 2000$ por 1500$. B aluga por simulação a casa de A por 125/mês. Se B quitar todas as prestações, A devolve a casa. Pacto comissório – ato nulo por simulação, que visa fazer um empréstimo com juros abusivos. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. – ineficácia do ato simulado não se aplicará. Plano da Eficácia Tipos de eficácia Elementos acidentais – ou fatores eficaciais, são cláusulas do NJ que interferem na produção de efeitos. Condição – clausula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio a evento futuro e incerto. Voluntariedade; futuridade e incerteza; uma condição determinada por lei é considerada como um requisito de validade. Condição suspensiva – impede os efeitos imediatos do NJ – produz se o efeito ocorrer Condição resolutiva – extingue os efeitos do NJ – deixa de produzir se o evento ocorrer. Condições ilícitas: violação da lei, ordem publica ou bons costumes; condições perplexas ou puramente potestativas. Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. Art. 127 – se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. Havendo condição suspensiva, direito não é adquirido. Trata-se dedireito eventual, que depende da ocorrência do evento futuro e incerto para a inquisição. Ex.: João doou terreno para Pedro sob condição suspensiva de ele ter filhos. Antônio, grileiro da região, ocupou ilegalmente o terreno de João. Pedro, como titular de direito eventual, pode entrar com uma ação possessória contra Antônio para garantir o direito de João sobre o terreno. Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. Ex.: Em 1 de março de 2018 João doa terreno para Pedro sob condição suspensiva de ele ter filhos. Em 12 de janeiro de 2019 João vende o terreno para Ana. Em 5 de maio de 2020 Pedro teve a primeira filha. O que acontece: a venda do terreno para Ana é incompatível com a doação feita, e portanto invalida. O terreno fica com Pedro já que a condição se realizou. Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização condição resolutiva de, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé. Ex.: João alugou bem para Ana, mas condicionou a eficácia do aluguel a possibilidade de Pero vir a ter filho. Se ele os tiver, a locação se extingue. Se a locação de 30 meses durou 18 e Pedro teve filha, os 18 alugueis pagos não serão atingidos pela ineficácia. Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer. Uma condição sempre vai favorecer ou desfavorecer uma parte. Ex.: João doou terreno para Pedro com a condição deste ter filhos biológicos. João tem dois filhos: José e Luiz, que não tem interesse na doação para Pedro. José e Luiz causam a esterilidade de Pedro – impedem que a condição seja implementada – obstam a condição. Pedro poderá alegar que a condição, antes possível, foi impossibilitada maliciosamente, requerendo em juízo que seja reputada como verificada – ocorrida – presumida como se tivesse ocorrido. Considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. Ex.: José deixa em testamento um apto, para Pedro, mas a eficácia ficou suspensa ate que José, morador do apto, saísse espontaneamente o bem. Pedro engana José para que este saia do apto, espontaneamente, fazendo com que a condição se implemente. A condição se reputará como não ocorrida devido a má-fé. Fatores eficácias – Termo Termo – caracteriza-se pela expressão ‘’ quando’’ Evento futuro e certo – certeza tem a ver com ocorrência do evento (fenômeno/acontecimento); Tipos de termo Termo certo e incerto – quanto ao momento da ocorrência Termo inicial ou final Inicial – assemelha-se a condição suspensiva – aplicam-se as mesmas normas no que couber. Art.35° Não há o início da eficácia até o termo inicial. Não suspende a aquisição do direito, atingindo apenas o poder de exercê-lo. Final – assemelha-se a condição resolutiva - aplicam-se as mesmas normas no que couber. Art.135° Quando acontece o termo final, extingue-se a eficácia. Entre o termo final e o termo final ocorre o prazo – lapso temporal. – art.132° (as partes podem acordar de outra forma). OBS: Art. 133° (herdeiro) e devedor. Presume-se o prazo em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstancias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes. Não havendo termo inicial, a eficácia do NJ presume-se imediata. Art. 134° - Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. Não havendo termo final, a eficácia tem tempo indeterminado. Ex.: serviços de telefonia, streaming, qNetflix e etc. Qualquer das partes poderá a qualquer tempo estipular termo final e dar o fim a relação jurídica. Obs: não se confunde com NJ vitalícios, que tem termo final, no caso, o próprio evento morte. A morte pode ser uma condição? SIM! Quando a cláusula se refere a um tipo de morte específico, p.ex ‘’ morte por acidente ‘’. Por vezes, não são possíveis termos finais para as partes. Pois a eficácia pode se impor em razões legais. Ex.: plano de saúde não pode ser finalizado pela operadora, pelo fato de alguém estar sendo excessivamente custoso. O seguro obrigatório não pode ser desfeito pelo contratante, pois ele é condição do licenciamento de circulação do veículo. Encargo Configura-se como uma prestação assumida por uma das partes que se atrela á eficácia de um negócio. Normalmente está vinculado a uma liberalidade, - NJ gratuito ou benéfico. O cumprimento do encargo está atrelado ao recebimento de um benefício, decorrente de um negócio. O encargo não impede nem a aquisição, nem o exercício do direito resultante do negócio jurídico, exceto quando o encargo for estabelecido como uma condição. Isto é: quando o encargo for condição para a eficácia do negócio, aplica-se o regime jurídico das condições ao encargo. Neste caso, a pendencia do encargo firmado como condição suspensiva, impede a aquisição e o exercício do direito até o seu cumprimento. Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. A regra: se o encargo for ilícito ou impossível, será considerado como não escrito (não existente, sem eficácia). Exceção: se o encargo for o motivo determinante da liberalidade, sendo ilícito ou impossível, o NJ será inválido. Se for possível, da manifestação de vontade das partes, concluir que o negócio não teria sido realizado se não fosse pelo encargo, ele deve ser considerado como o motivo determinante do negócio. Vai depender em concreto da interpretação dos termos de manifestação de vontade das partes. Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. No caso da doação, o não cumprimento do encargo permite a revogação do NJ. Ato ilícito Art. 186 – Ato ilícito stricto sensu Art. 187 – Abuso de direito Agente – o autor do ato ilícito, pessoa cuja conduta resulta na consequência dano, que é necessária para configurar o ato ilícito, Ação ou omissão voluntária – dolo Ou negligencia ou imprudência – culpa Viola direito de terceiro – direito tutelado de terceiro Causa – relação de causa e efeito entre conduta e dano. Teorias Causalidade direta e imediata – dentre as condições para o evento dano, qual deles atua direta e imediatamente? Causalidade adequada – dentre as condições para o evento dano, qual delas é a mais adequada para sua produção? Dano É preciso a reunião desses elementos para que se fale em ato ilícito. – em regra. Adotou-se a Teoria subjetiva do ilícito (integra o elemento culpa lato sensu (dolo ou culpa em sentido estrito) para configuração do ilícito). Ao adotar a teoria subjetiva do ilícito, o ordenamento exige que a vitima comprove que o autor do dano agiu com dolo ou pelo menos com culpa para responsabil iza-lo. Obs: art. 927, p.único. Prevê como exceção, a responsabilidade objetiva (dispensa a culpa como elemento integral do ilícito), nas hipóteses expressamente previstasem lei ou nas atividades de risco. Responsabilidade Civil – é a obrigação de reparar/compensar o dano causado por um ato ilícito. (art. 927° e ss, CC) Dano pode ser patrimonial/material ou extrapatrimonial Dano patrimonial/material – é aquele que implica a redução do patrimônio material da vítima. Dano extrapatrimonial/moral – é aquele que atinge a dignidade da vítima, tem um caráter existencial. Está diretamente ligado á violação dos direitos de personalidade. A indenização é medida pela extensão do ano, é arbitrada judicialmente, pois não é mensurável objetivamente. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Se o abuso do direito resulta para a vítima um dano, o autor fica obrigado a reparar conforme o art. 927° (complemento). Agente Titular de um direito subjetivo Exercício irregular do direito subjetivo Excede os limites impostos por lei: fim econômico, o fim social, boa fé, e bons costumes. Não há, portanto direito absoluto e ilimitado. Excludente de ilicitude – exercício regular do direito. Logo, o exercício irregular é ilícito. O código civil adotou a teoria objetiva do abuso do direito, dispensando a prova de culpa como elemento constitutivo dessa categoria ilícita, ao contrário do ilícito em geral. Caberá a vítima, no caso de um abuso de direito, demonstrar a causalidade e o dano sofrido para ser indenizada. Prescrição e decadência Efeito do tempo sobre os atos jurídicos. Classificação dos direitos subjetivos 1 – Direito a uma prestação Relações obrigacionais – credor x devedor – Credor têm direito a uma prestação, e o devedor tem o dever de cumprir uma prestação. A prestação pode ser de dar alguma coisa, e fazer ou não fazer algo. O fundamento de direito a uma prestação pode ser um negócio jurídico ou outro fato jurídico, ou seja, da lei. 2 - Direitos potestativos ‘’Facultas agendi ‘’ são faculdades de agir garantidas pelo ordenamento. Exerce-se por meio de declaração de vontade, sujeitando a(s) outra(s) parte(s). Ato do próprio titular que, ao declarar seu interesse juridicamente tutelado, sujeita a outra parte aos seus efeitos. Nos direitos potestativos os sujeitos passivos encontram-se em estado de sujeição. 3 - Direitos da personalidade – Direitos inerentes a condição de pessoa. São irrenunciáveis; erga omnes; intransmissíveis. Vitalícios; inalienáveis; imprescritíveis. (não se pedem pelo não exercício) Classificação das ações Ações meramente declaratórias Visão obter declaração do poder judiciário. A sentença meramente declaratória visa apenas estabilizar uma situação jurídica controversa. Ações condenatórias – direito a uma prestação A sentença condenatória impõe ao sujeito passivo de uma prestação o cumprimento desta prestação. Tem a ver com o exercício judicial do direito a uma prestação. O titular do direito a uma prestação violada tem o poder de exigir, por meio do Estado, o cumprimento da prestação. Este poder se chama pretensão. Ações constitutivas – direitos potestativos O objetivo da sentença constitutiva: cria modifica ou extingue uma situação jurídica por meio do exercício de um direito potestativo. Prescrição É o prazo para exercício de pretensão pelo titular de um direito a uma prestação violada pelo descumprimento do devedor. A prescrição fulmina a pretensão. Logo, prescrição está diretamente relacionada a um direito a uma prestação. Com a prescrição o credor não pode mais exercer a pretensão, e não pode mais exercer o poder, por meio do Estado, de exigir o cumprimento da prestação. Decadência É a perda do direito potestativo pelo não exercício no prazo estabelecido na lei ou pela vontade das partes. OBS: nem todo direito potestativo está sujeito a prazo para exercício; A decadência implica a perda do direito, e não somente do poder de exercê-lo; Logo a decadência está diretamente ligada aos direitos potestativos. Prescrição x 2. Decadência A prescrição não extingue o direito de crédito, apenas retire a sua força. A relação crédito/débito não se extingue pela prescrição. Ex.: instituto do pagamento indevido, restituição é repetição do indébito; Art. 882° Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível. Se o devedor pagar após a prescrição se consumar, com a perda do prazo de prescrição ele não poderá reclamar do credor a devolução. A Prescrição não extingue a dívida, portanto isso torna o pagamento devido. Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição. O interessado nesse caso é quem deve, pois a prescrição lhe beneficia. Porém só pode haver renuncia da prescrição após passado o prazo. Qualquer declaração do dever de que renuncia a prescrição antes da sua consumação é nula. A renúncia pode se expressa, renovando o prazo para exercício da pretensão, ou tácita, quando o devedor se oferece para pagar a dívida, mesmo prescrita. O prazo prescricional começa a contar a partir da violação do direto a uma prestação pelo não cumprimento espontâneo pelo devedor. OBS: No Direito civil, toda pretensão sofre prescrição. Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes. Se uma clausula contratual estabelece um prazo prescricional diferente do estabelecido em lei para aquela pretensão será nula. Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita. Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Se for credor o relativamente incapaz e o seu representante não entrou com ação para cobrança do seu crédito, poderá entrar com ação ao seu assistente. Da mesma forma se for devedor, e o assistente não alegar a prescrição. Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor. Se o credor morre o prazo prescricional passa para os seus herdeiros, e continua a correr. A Decadência pode ser legal ou convencional, na qual as partes podem fixar o prazo. Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada em lei. Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei. Art. 211. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação. A parte tem que alegar a decadência, no caso de decadência convencional. Por outro lado à decadência legal o juiz declara de ofício, independente das partes o alegarem. Quem aproveita a decadência é o sujeito passivo. Ex.: Ação anulatória de negócio jurídico. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. O direito potestativo de anular um ato anulável decai, em regra, em 2 anos, salvo quando a lei estipular prazo distinto (ex.: art.178) A decadência também é chamada de caducidade. Não decaem os direitos potestativos não submetidos à prazo. A expressão ‘’imprescritíveis’’ refere-se tanto à prescrição quanto a decadência. Utiliza-se a expressão para todas as situaçõesjurídicas não sujeitas ao decurso do tempo. São imprescritíveis as ações meramente declaratórias. Impedimento, suspensão e interrupção de prazo prescricional Causas de impedimento e suspensão: Ocorrida uma das causas, o prazo é perdido e recomeça a contar de onde parou se a causa de suspensão ou impedimento deixar de existir. Impedimento – quando o prazo prescricional vai iniciar a causa já existe. Suspensão – o prazo inicia e a causa é superveniente. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3 o ; II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Trata-se de quando essas pessoas forem o credor. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; III - pendendo ação de evicção. Causas de interrupção Só pode ocorrer uma vez. Ocorrida uma interrupção e deixando de existir, o prazo reinicia (do começo). Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor. Ex.: confissão de dívida. Art. 206. Prescreve: § 5 o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
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