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EA D 3 Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços 1. OBJETIVOS • Conhecer os desafios e as possíveis estratégias para a in- ternacionalização das empresas, ou seja, a exportação. • Apresentar as modalidades de exportação existentes e as empresas que as efetuam. • Analisar a metodologia do cálculo para a formação do preço de exportação. • Conhecer as responsabilidades dos exportadores e dos importadores nas transações internacionais. 2. CONTEÚDOS • Dificuldades e estratégias para a exportação. • Os conceitos e a metodologia do cálculo para a formação do preço de exportação. • Termos internacionais de comércio. © Comércio Exterior100 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de dar início ao estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Para melhor assimilar os conceitos que estudaremos nesta unidade, sugerimos que você, no decorrer de sua leitura, esteja acompanhado de um bloco de anotações, uma vez que as informações aqui apresentadas serão fundamentais não apenas para seu aprendizado, mas também para sua formação profissional. 2) É de suma importância que você não se prenda a este estudo somente. Portanto, recomendamos que busque ampliar seus conhecimentos a respeito das questões re- ferentes à internacionalização de empresas, aliando o estudo desta unidade à leitura das bibliografias indica- das. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Olá! Nesta unidade, você terá contato com os desafios que surgem quando uma empresa se define por iniciar ou por aumen- tar a sua participação no mercado internacional, exportando seus produtos. Veremos, também, quais são as estratégias possíveis de serem adotadas para tal fim. Ainda, conheceremos os conceitos básicos dos termos interna- cionais de comércio e as responsabilidades dos exportadores e dos importadores nas transações internacionais, bem como analisaremos a metodologia do cálculo para formação do preço de exportação. Vamos lá?! 5. INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA Em virtude da globalização, que atinge todas as economias do planeta, as empresas nacionais começam a se preocupar, cada vez mais, com a concorrência que há no mercado. Claretiano - Centro Universitário 101© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Dessa forma, além de defenderem seu mercado interno, já conquistado, dos produtos importados, as empresas precisam buscar a conquista de seu espaço nos mercados externos, ou seja, exportar. Assim, como primeira "lição de casa", as empresas precisam modernizar suas estruturas de produção e torná-las produtivas em escala internacional, pois essa internacionalização significa parti- cipar, ativamente, do comércio internacional. Para tanto, é neces- sária a criação de uma estratégia diferente daquela que, provavel- mente, a empresa vem adotando no mercado interno. Dificuldades e estratégias na internacionalização da empresa Conquistar um mercado novo para os produtos brasileiros não é uma tarefa fácil, mas também não é uma tarefa impossível. O êxito dessa empreitada está na observância de algumas regras básicas. Todos os mercados estrangeiros têm suas características próprias, que são determinadas por suas culturas, hábitos, popu- lação, conjuntura econômica, legislações, situações políticas e ou- tros fatores. Essas características devem ser consideradas ao longo do processo no qual a indústria planeja sua estratégia de ação para a conquista daquele mercado. É impossível que tenhamos as mesmas atitudes e comporta- mentos quando negociamos com clientes oriundos de mercados situados nos pontos extremos do planeta. Portanto, têm-se, ne- cessariamente, características peculiares que deverão ser conside- radas em cada uma dessas negociações. O idioma merece uma preocupação particular. É claro que, com a globalização, temos alguns idiomas que se tornaram línguas comerciais, como o inglês e o espanhol. Entretanto, em tempos modernos de globalização, nunca é demais conhecer um pouco de árabe e, em especial, de mandarim. Mas, ter um bom conheci- mento da língua inglesa já é suficiente, principalmente dos termos técnicos. © Comércio Exterior102 Outro detalhe importante é entender que quem exporta necessita ter um planejamento estratégico permanente para o mercado externo. Não é possível participar dele apenas espora- dicamente, pois a competitividade é tão grande que, quando con- quistamos um novo mercado externo, temos de consolidá-lo e de trabalhar para mantê-lo; assim, não dá para vê-lo, apenas, como um espaço momentâneo ou circunstancial a ser explorado. Nesse sentido, Dias e Rodrigues (2004, p. 196) demonstram a existência de, pelo menos, quatro tipos de empresas brasileiras que, antes de se tornarem exportadoras, tinham as seguintes pos- turas: 1º tipo – empresas que só negociam no mercado interno e que, mesmo se houver interesse de algum cliente importador, não de- monstram interesse na exportação; 2º tipo – empresas que possuem algum tipo de interesse, mas, o mesmo é mínimo ou parcial, apenas procuram atender aos pedidos que eventualmente possam vir do exterior, mas não desenvolvem nenhum planejamento estratégico para a exportação freqüente e consistente; 3º tipo – são as consideradas "exportadoras experimentais", pois exportam apenas para os países vizinhos, em razão da similaridade dos hábitos e preferências dos consumidores e porque esses mer- cados poderiam ser considerados como extensões dos seus merca- dos domésticos; 4º tipo – é a empresa considerada exportadora ativa, que estão dispostas a fazer de tudo para atender a seu cliente importador, mesmo que tenham que efetuar mudanças e adaptações de seus produtos para melhor atendimento. Nessa visão exportadora, a empresa tem de desenvolver em sua equipe forte postura profissional. Atualmente, por exemplo, encontramos países ávidos por produtos brasileiros e possuidores de um grau de exigência menor do que o dos países tradicional- mente importadores. Entretanto, com o acesso à informação e com a padronização de costumes provocada pela mídia internacio- nal, as empresas precisam se alinhar a maior padrão de qualidade. Claretiano - Centro Universitário 103© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Mesmo para os mercados menos exigentes, deve-se consi- derar a necessidade de a empresa "dar seu melhor" no produto, em sua qualidade, na competitividade de preços e na eficiência do cumprimento dos prazos negociados, pois isso faz parte do cami- nho para o mercado internacional. No tocante ao produto, aliás, parte do sucesso na conquis- ta de um mercado internacional está em se definir, corretamente, pelo produto a ser oferecido naquele mercado, e, nesse quesito, é essencial fazer uma pesquisa de mercado. Essa pesquisa pode ser feita arcando-se, totalmente, com os cus- tos provenientes dela, por uma empresa privada contratada no país-al- vo, ou, ainda, pode-se utilizar dos serviços governamentais existentes, como as câmaras de comércio do Brasil com outros países e o Minis- tério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que estão permanentemente possibilitando o acesso às informações. Nesse sentido, merece destaque o trabalho que vem sendo desenvolvido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Acompanhe o texto a seguir. O trabalho da Apex-Brasil–––––––––––––––––––––––––––––– A Apex-Brasil é uma agência do governo brasileiro criada em 2003 e ligada ao MDIC com a finalidade de promover as exportações brasileiras. Para cumprir com esse objetivo, ela tem feito parcerias, por meio dos projetos setoriais integrados (PSIS), com as associaçõesde classe, que representam em- presas dos mais diversos segmentos da economia brasileira. A agência também passou a atuar intensamente na promoção da imagem do Brasil e de seus produtos e serviços no exterior, contribuindo para uma presença mais ampla e mais qualificada do Brasil nos mais diversos mercados, com dilui- ção de custos, maior capacitação das empresas e maior poder de negociação. Nessa estratégia de buscar, cada vez mais, o aumento da participação brasileira no comércio internacional, a Apex-Brasil criou uma unidade de inteligência co- mercial, responsável pelo desenvolvimento de estudos de mercado, para identifi- car oportunidades aos produtos brasileiros em mercados estrangeiros. Desde 2005, ela implantou seus centros de distribuição (CDs) em cinco cidades ao redor do mundo: Miami, Frankfurt, Lisboa, Varsóvia e Dubai. Seu objetivo é incrementar o apoio logístico e administrativo oferecido aos exportadores brasi- leiros (adaptado de APEX-BRASIL, 2012). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Comércio Exterior104 Contudo, toda essa estrutura – ainda em construção, mas já disponibilizada – de nada adianta se a postura da empresa diante do mercado internacional não for positiva e dinâmica. Independentemente das pesquisas de mercado e do poten- cial detectado, é necessário que a empresa se disponha a partici- par ou, pelo menos, visitar os diversos eventos internacionais (fei- ras, exposições, rodadas de negócios, missões comerciais etc.) que ocorrem em seu setor e, além de constantes viagens ao exterior, a buscar parcerias que garantam o dinamismo e a rotina necessária nesse processo de internacionalização da empresa. Primeiros contatos com o mercado externo Atualmente, o comércio externo oferece diversas oportuni- dades que devem ser consideradas primeiras iniciativas de con- tato. Algumas delas criam conveniências para que a empresa co- nheça tanto clientes importadores quanto futuros parceiros para a divulgação e a venda de seus produtos. Observe, a seguir, essas oportunidades primordiais. Viagem internacional de negócios Se já houver um mercado-alvo a ser trabalhado e, nele, de- terminada área mais estratégica para o primeiro contato, então, deve-se pesquisar os clientes e agendar reuniões com eles. Algumas ações básicas são necessárias por ocasião de via- gem internacional de negócios: 1) Marcar as reuniões com antecedência para garanti-las e para poder visitar todos os clientes que interessam à empresa. 2) Confirmar os agendamentos em uma data próxima à do embarque. 3) Conhecer a cultura e os hábitos do país que estará sen- do visitado para evitar/favorecer que o representante da empresa cometa atos que poderão ser determinantes no sucesso dos contatos. Claretiano - Centro Universitário 105© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços 4) Produzir materiais (folders, DVDs, folhetos etc.) que demonstrem o perfil da empresa (estrutura, produtos, qualidade etc.) no idioma do país ou, pelo menos, em inglês. Feiras internacionais As feiras internacionais são eventos importantes para não somente conhecer novos e futuros clientes, mas também para ter razoável contato com as características do mercado, seu potencial, e, também, com a concorrência. É importante saber com quem a empresa estará competindo no mercado. Todavia, conforme apontam Dias e Rodrigues (2004, p. 202), "para ir a uma feira internacional é preciso também um bom pla- nejamento financeiro e de tempo, visando ao melhor aproveita- mento desses recursos aplicados". Os autores também afirmam que: Participar de feiras internacionais não é só vender, é antes de qual- quer coisa mostrar a empresa, o produto, fazer contatos e ter a pos- sibilidade de abrir novos canais de vendas para seus produtos ou serviços (DIAS; RODRIGUES, 2004, p. 202). Assim, as feiras internacionais são um dos mecanismos mais eficientes para a internacionalização de uma empresa. Por meio delas, em um único evento, pode-se adquirir conhecimento muito grande sobre determinado mercado, um país ou toda uma região. Comércio eletrônico O comércio eletrônico é, indiscutivelmente, o instrumento comercial que mais cresce em importância; ele possui um poten- cial ainda incalculável. A internet aproximou, significativamente, os mercados in- ternacionais (fornecedores e consumidores). Com ela, pode-se agilizar os primeiros contatos, efetuar trocas de informações e apresentar os produtos visualmente. Não há dúvidas de sua im- © Comércio Exterior106 portância e da revolução que a internet tem causado – e ainda causará – no comércio mundial. Em qualquer uma das abordagens escolhidas pela empresa em seu processo de internacionalização, é importante salientar que é necessário elaborar e fornecer informações totalmente ver- dadeiras sobre a empresa e seus produtos. Qualquer erro ou atitu- de de má-fé provocará danos irreversíveis à imagem da empresa e de seus produtos ou serviços. Parcerias no mercado internacional Para garantir a continuidade de sua internacionalização e a manutenção dos mercados já conquistados, a empresa, necessita construir parcerias com pessoas físicas ou jurídicas, com critérios bem definidos, pois tais parceiros serão os representantes da em- presa naquele país, e é preciso evitar futuros problemas. A empresa pode ainda montar uma filial no país de interesse em vez de enviar um representante, mas, obviamente, há um cus- to maior a ser considerado nessa alternativa. Entretanto, de qual- quer maneira, a escolha do tipo de presença mantida no mercado importador deve considerar o tipo de distribuição que se pretende ter no país. O representante pode ser um agente, um comerciante ou um distribuidor. 6. TIPOS DE EXPORTAÇÃO: DIRETA E INDIRETA Há outro aspecto importante a ser considerado na formu- lação da política de vendas internacionais de uma empresa. Esse aspecto diz respeito ao conhecimento de todos os procedimentos que envolvem cada modalidade de exportação e, também, o cus- to, pois seu produto precisa ter preços competitivos. Inicialmente, há a possibilidade de a empresa considerar, pelo menos, duas modalidades de exportação: a direta e a indireta. Para melhor compreensão delas, vamos estudá-las. Claretiano - Centro Universitário 107© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Exportação direta A exportação direta é a modalidade em que a mercadoria é faturada pelo próprio produtor/comerciante ao importador e, nela, não há qualquer interveniência de empresa comercial brasileira. Na exportação direta – a mais lucrativa –, a empresa tem de ter o conhecimento de todas as operações necessárias para esse processo de exportação, pois ela própria terá de administrar todos os procedimentos referentes à documentação, ao embarque da mercadoria, à contratação de câmbio etc. O uso de um agente de exportação – que é um profissional equivalente a um representante comercial no mercado interno – como intermediário e facilitador da negociação não deixa de ca- racterizar a operação como uma exportação direta. Nessa modalidade, o exportador ficará isento de: 1) Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); 2) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS); 3) Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); 4) Programa de Integração Social (PIS). Exportação indireta A exportação indireta ocorre quando, em uma operação de mercado interno, o fabricante ou produtor vende a uma empre- sa intermediária produtos com destino específico de exportação. Esta empresa se incumbirá da exportação dos produtos. Na exportação indireta, o fabricante, ao emitir a nota fiscal de saída de fábrica, deveráfazer constar a frase "Venda com fim específico de exportação", no campo de informações adicionais. Assim, a mercadoria sai do estabelecimento do produtor para a empresa exportadora com não incidência de ICMS e suspensão do IPI, conforme dispõe as legislações federal e estadual. © Comércio Exterior108 Outra exigência legal necessária de ser cumprida é quanto ao prazo para que a exportação seja efetuada. O prazo é de 90 dias para os produtos primários e semielaborados e de 180 dias para os manufaturados, podendo ser prorrogados no âmbito estadual (o IPI será devido se esse prazo não for cumprido). Na modalidade de venda indireta, as contribuições do PIS e da Cofins serão isentas tanto na venda do mercado interno à empresa co- mercial exportadora quanto na saída das mercadorias ao exterior. Quanto à empresa interveniente que efetuará a exportação, há algumas determinações legais que deverão ser observadas para a conclusão da exportação. Ao emitir a nota fiscal de exportação, a empresa comercial ex- portadora deverá informar, no campo destinado às informações adi- cionais, o número e a data da nota fiscal de venda emitida pelo es- tabelecimento remetente (o fabricante), e indicar, também, o nome da empresa. Ela deverá, por meio do Memorando Exportação, com- provar ao fabricante a exportação dos produtos dele adquiridos. Além da 1ª via do memorando, essa comprovação deverá ser acompanhada de cópia do Conhecimento de Embarque (AWB – des- pacho aéreo) ou da B/L (despacho marítimo), bem como do Com- provante de Exportação (CE) emitido pela alfândega brasileira. Após a explicação das duas modalidades básicas de exportação, vamos conhecer quais são os tipos de empresas que as efetuam. Trading company Entende-se por trading company a empresa comercial que se dedica a operações no comércio internacional. São empresas que se encarregam de comprar os produtos de uma empresa produtora para vendê-los em outros países, as- sumindo sozinhas a responsabilidade pela operação. As trading companies ou "empresas comerciais exportado- ras" possuem uma tributação diferenciada. As vendas realizadas por essas empresas têm caráter de exportação direta. Claretiano - Centro Universitário 109© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Nesse tipo de exportação, o produtor vende seu produto a uma trading company e recebe os incentivos fiscais da exportação. Assim, o exportador (a fábrica produtora) conta com a isenção de impostos e deixa de ter qualquer responsabilidade com a continui- dade da operação. Criadas pelo Decreto-lei nº 1.248/1972, elas possuem regis- tro especial, concedido pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e pelo Departamento de Operações em Comércio Exterior (Decex). Observe no texto, a seguir, algumas vantagens e desvanta- gens em exportar por meio de uma trading company. Vantagens e Desvantagens da Trading Company –––––––––– Vantagens • Gasto reduzido na comercialização do produto; • Eliminação da pesquisa de mercado com o objetivo de identificar potenciais empresas importadoras; • Eliminação dos procedimentos burocráticos e seus custos; • Redução de riscos comerciais e de movimentação de mercadoria no exterior; • Redução do custo financeiro decorrente das vendas a prazo, já que geralmen- te, as comerciais exportadoras compram a vista; • Conhecimento do mercado-alvo externo pela empresa comercial, oferecendo perspectiva de antecipar o prazo para concretização de exportações de pro- dutos pelo fabricante; • Racionalização das atividades, uma vez que a empresa produtora dedica-se exclusivamente à produção; • A empresa produtora poderá concentrar seus esforços em determinados mer- cados, terceirizando os demais; • São asseguradas, praticamente, às empresas produtoras, todos os incentivos à exportação disponível. Desvantagens • Relação distante com o seu cliente final; • Redução da margem de lucro por não atuar diretamente no mercado externo; • Restrição da atuação da empresa em incrementar suas vendas ao mercado internacional, pois essas decisões cabem à interveniente; • Participação indireta no mercado externo, que impede a empresa produtora de avaliá-lo em detalhes, podendo impossibilitar a expansão de suas atividades internacionais assim como a expansão de sua produção; Dependência comercial da Trading Company ou Comercial Exportadora (LIMA; PATRÍCIO, 2012). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Comércio Exterior110 Empresa comercial exportadora Uma empresa comercial exportadora é semelhante a uma trading company. Podemos, de certa forma, entender que a diferença entre as Em- presas Comerciais Exportadoras e as Trading Companies está exa- tamente nos requisitos exigidos pelo Decreto-lei nº 1.248/72, ato normativo que dispõe sobre o tratamento tributário das operações de compra de mercadorias no mercado interno para o fim especí- fico da exportação e Comunicado DECEX nº 02/99, emitido pelo Departamento de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvi- mento, da Indústria e Comércio (LIMA; PATRÍCIO, 2012). Outro fator que também contribui para tal diferenciação é a Lei Complementar nº 87/1996: A partir da Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir) os benefícios das operações efetuadas através das Trading Companies foram es- tendidos às Comerciais Exportadoras, assim como a qualquer outra empresa utilizada como interveniente nas operações de exporta- ção, obedecidos os procedimentos determinados nos atos norma- tivos que regulam a matéria, tanto ao nível federal como ao esta- dual (LIMA; PATRÍCIO, 2012). Assim, os procedimentos operacionais, administrativos, co- merciais e fiscais de uma empresa comercial exportadora asseme- lham-se aos de uma trading company. Em suma, a diferença está no fato de as trading companies serem geralmente utilizadas para a exportação de grandes volumes e de certos conglomerados de produtos e no de as comerciais exportadoras serem usadas por médias ou pequenas empresas sem estruturas próprias de comer- cialização e sem experiência em comércio internacional. Apesar de toda essa flexibilidade, tal modalidade – a exportação indireta por trading company e/ou empresa comercial exportadora – ainda é pouco utilizada pelas empresas fabricantes que exportam. Cooperativa ou consórcio de produtores A modalidade consórcio de produtores é utilizada por grupos de pequenos e médios fabricantes que se unem para superar as dificulda- des em exportar e para contornar suas produções de pequena escala. Claretiano - Centro Universitário 111© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços No manual Exportação passo a passo, desenvolvido pelo De- partamento de Promoção Comercial (DPR) do Ministério das Rela- ções Exteriores, temos: Apesar de bem-sucedidos em vários países, os consórcios de ex- portação encontram-se em fase crescente de desenvolvimento no Brasil. Trata-se de associações de empresas, que conjugam esfor- ços e/ou estabelecem uma divisão interna de trabalho, com vistas à redução de custos, aumento da oferta de produtos destinados ao mercado externo e ampliação das exportações. Os consórcios podem ser formados por empresas que ofereçam produtos com- plementares ou mesmo concorrentes (BRASIL GLOBAL NET, 2012). De acordo com os tipos, os consórcios de exportação podem ser: consórcio de promoção de exportações, consórcio de vendas e consór- cio de área ou país. Observe, a seguir, cada um deles no Quadro 1. Quadro 1 Tipos de consórcios. TIPOS DE CONSÓRCIOS Consórcio de promoção de exportações Essa forma de consórcio é mais recomendável para empresas que já possuem experiência em comércio exterior. As vendas no mercado externo são realizadas diretamente pelas empresas que integram o consórcio. Sua finalidadeé desenvolver atividades de promoção de negócios, capacitação e treinamento e melhoria dos produtos a serem exportados. Consórcio de vendas A formação desse tipo de consórcio é recomendada quando as empresas que dele pretendem participar não possuem experiência em comércio exterior. As exportações são realizadas pelo consórcio, por intermédio de uma empresa comercial exportadora. Consórcio de área ou país Reúne empresas que pretendem concentrar suas vendas em um único país ou em uma região determinada. O consórcio pode ser de promoção de exportações ou de vendas. Pode ainda ser monossetorial ou multissetorial: • Consórcio monossetorial: agrega empresas do mesmo setor; • Consórcio multissetorial: os produtos fabricados pelas empresas podem ser complementares (produtos de diferentes segmentos da mesma cadeia produtiva) ou heterogêneos (produtos de diferentes setores), assim como destinados ou não a um mesmo cliente. Fonte: Aprendendo a Exportar (2012a). © Comércio Exterior112 Na modalidade consórcio de exportação, temos as seguintes atividades sendo desenvolvidas: • Participação conjunta em feiras internacionais; • Publicação conjunta de material promocional; • Rateio de despesas de exportação (despachante aduaneiro, secretária, pesquisa de mercado, custos de promoção e repre- sentação); • Criação de uma logomarca forte; • Participação em missões e rodadas de negócios internacionais; • Maior poder político em negociações com entidades de apoio ao comércio exterior; • Desenvolvimento conjunto de projetos de capacitação (qualida- de total, design, ISO 9000) (FECOMÉRCIO MINAS, 2012). Todavia, também há obstáculos: • Falta de uma cultura exportadora; • Falta de uma mentalidade associativa observada em alguns gru- pos; • Carência de recursos humanos qualificados para gerências de consórcios; • Elevado grau de informalidade predominante nas relações co- merciais internacionais (FECOMÉRCIO MINAS, 2012). Empresa industrial que atua comercialmente com produtos de terceiros No caso de empresa industrial que atua comercialmente com produtos de terceiros, a empresa produtora é apenas presta- dora de serviços para outra empresa, esta sim exportadora. 7. FORMAÇÃO DO PREÇO DE EXPORTAÇÃO: CONCEITOS O preço é estipulado a um produto para determinar sua competitividade no mercado internacional – determinar o preço de exportação é um dos aspectos mais importantes e decisivos na conquista e na manutenção de um determinado mercado, pois "fi- Claretiano - Centro Universitário 113© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços xá-lo pela primeira vez deve merecer atenção especial, tendo em vista que alterá-lo num curto espaço de tempo, quando o assun- to é mercado internacional, é quase inaceitável" (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012c). Para a fixação do preço de exportação, é preciso haver um estudo detalhado das condições de mercado, viabilizando, dessa forma, a manutenção do esforço do exportador (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Determinação do preço de exportação A determinação do preço de exportação deve ser precedida de um estudo detalhado das condições de mercado, a fim de via- bilizar a manutenção do esforço exportador, sem prejuízo para a empresa. É elemento essencial para as condições de competição do produto a ser exportado. Duas forças que atuam em direções opostas influenciam a determinação do preço de exportação. São elas: • O custo de produção e a meta de lucro máximo, que tendem a elevar o preço. • As pressões competitivas no mercado internacional, que indu- zem a redução do preço (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Uma operação de comércio exterior tem de ser avaliada se é vantajosa ou não. Para isso, a empresa deve identificar os custos incidentes sobre toda a operação, bem como levantar e utilizar os incentivos e os benefícios disponíveis no mercado do vendedor, conferindo competitividade aos seus produtos e serviços. Da mesma forma que ocorre no mercado interno, também no mercado externo é necessário o acompanhamento permanen- te da entrada de novos produtos concorrentes, das alterações nos custos de produção e do nível de demanda. Os preços de exportação, em princípio, não estão sujeitos à verificação por qualquer entidade no Brasil. O mercado interna- © Comércio Exterior114 cional impõe a competição, que é o principal fator de controle do preço de exportação e da qualidade do produto. Além dos incentivos e dos benefícios, o conhecimento da estrutura de custos internos da empresa também é indispensável para a formação do preço na exportação. O exportador necessita conhecer os incentivos fiscais, como o drawback, e formas de financiamento existentes para a exporta- ção de seus produtos: Programa de Financiamento às Exportações (PROEX), Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), Adianta- mento sobre Cambiais Entregues (ACE) etc. Fatores que influem no preço de exportação É possível assinalar os seguintes fatores como influentes na determinação do preço de exportação: 1) Competidores potenciais: conhecer a concorrência é fundamental na elaboração do produto e do preço final. 2) Custos de produção: a empresa tem de possuir uma excelente estrutura administrativa que compreenda, especialmente: departamento de criação e de desenvol- vimento de novos produtos; departamento de compras, para adequar os produtos do desenvolvimento com preços viáveis; e departamento de planejamento, para sistematizar todos os processos na cadeia produtiva e, assim, garantir a eficiência e a produtividade. Este é um fator determinante no preço final. 3) Esquemas de financiamento à exportação: essa possi- bilidade atualmente tem de ser considerada para que a empresa possa conceder, se for necessário, prazos ao im- portador. Esses prazos de pagamento podem ser, muitas vezes, um valioso diferencial competitivo no disputado mercado internacional. Entre as diversas modalidades de financiamento à exportação, há os Adiantamentos sobre Contrato de Câmbios (ACCs) e os Adiantamentos sobre Contratos de Exportação ou sobre Cambiais Entre- gues (ACEs) , que: Claretiano - Centro Universitário 115© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços [...] são as modalidades de financiamento à exportação mais difun- didas no mercado [...]. Em ambas as modalidades, o exportador recebe antecipação, parcial ou total, em moeda nacional do valor equivalente à quantia em moeda estrangeira comprada a termo pelo banco, descontada a uma taxa de juros internacional à qual é somado spread que embute o risco da operação. Essa antecipação de recursos representa importante incentivo à exportação, na me- dida em que dá meios ao exportador para custear o processo de industrialização e de comercialização a taxas inferiores às do mer- cado doméstico (SAIN, 2012). 4) Tratamento tributário aplicável à exportação: trata-se de considerar os principais tributos incidentes sobre as operações de exportação, como os incentivos fiscais previstos na legislação dos tributos e das contribuições, as características tributárias da exportação indireta, a responsabilidade dos tributos devidos no caso da não efetivação da exportação e a formação e utilização dos créditos acumulados gerados – a transferência, a com- pensação ou a restituição e outras normas e possibilida- des tributárias. 5) Despesas de exportação: são as embalagens específicas para a exportação, as despesas portuárias, as despesas com despachantes, os gastos com pessoal especializado (caso a empresa não decida pela exportação indireta), o frete e o seguro interno até o local de embarque etc. Há despesas na exportação que não ocorremnas nego- ciações no mercado interno. No tocante às embalagens usadas para a exportação, estas são, em geral, de quali- dade superior às usadas no mercado interno, porque as condições de transporte e o tempo em que a mercadoria ficará exposta às circunstâncias do despacho requerem esse cuidado. Logo, isso pode significar custos mais altos. 6) Preços praticados por competidores de terceiros paí- ses: nenhuma empresa exportadora pode basear seus preços, unicamente, nos preços dos concorrentes. Mas, é importante considerá-los, a fim de compreender o mercado internacional e não praticar preços abusivos e fora da realidade competitiva. © Comércio Exterior116 7) Comportamento dos consumidores: determinados mercados são mais exigentes do que outros. Assim, é importante considerar a possibilidade de haver custos adicionais com alguma ação publicitária necessária, a fim de motivar, encantar e até fidelizar os clientes. Tais despesas extras deverão ser consideradas no acesso aos consumidores. 8) Novas tecnologias: as empresas que não agregam tecno- logia à sua estrutura produtiva terão, no final, custos mais elevados porque terão baixa produtividade. Assim, em- presas que pretendem se firmar no mercado internacio- nal precisam permanentemente atualizar seu know-how, seus equipamentos e o domínio tecnológico nos produtos (componentes) utilizados. Todos esses fatores apresentados determinam, em maior ou em menor grau, os preços que serão praticados no comércio internacional. 8. PREÇO DE EXPORTAÇÃO: METODOLOGIA DE CÁLCU- LO As empresas fazem, usualmente, cálculos de preços diferen- ciados para as vendas internas e externas. O preço de exportação encontra-se em um amplo intervalo de variação, no qual o preço mínimo é estabelecido pelos custos variáveis e o preço máximo é dado pelas condições de mercado (BRASIL GLOBAL NET, 2012). A seguir, temos a estrutura de estabelecimento do preço de exportação que tem como ponto de partida o preço praticado no mercado interno. Acompanhe. O preço para a exportação é igual ao preço de venda no mer- cado interno menos os elementos que compõem, normalmente, o preço do produto no mercado interno, mas que não estão presentes no preço de exportação (ICMS, IPI, PIS etc.), mais as despesas que não integram a composição do preço interno, mas que fazem parte Claretiano - Centro Universitário 117© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços do preço de exportação. Por exemplo: na modalidade FOB (despe- sas com embalagens de exportação, despesas com o transporte da mercadoria até o local de embarque, comissão de agente etc.). O exemplo apresentado na Tabela 1 pode ser adaptado a necessidades e peculiaridades de cada empresa para a apuração do preço de exportação, tendo como base o preço do mercado interno. Tabela 1 Exemplo de apuração do preço de exportação de uma determinada empresa com base no preço do mercado interno. Preço de Mercado Interno sem o IPI (para efeito de cálculo das deduções) R$ 10.000,00 Preço de Mercado Interno (inclusive IPI de 14%) R$ 11.400,00 DEDUÇÕES IPI (14% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 1.400,00 ICMS (18% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 1.800,00 Cofins (3% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 300,00 PIS (0,65% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 65,00 Lucro no mercado interno (10% sobre o preço de mercado sem IPI) R$ 1.000,00 Embalagem de mercado interno R$ 80,00 Total das Deduções R$ 4.645,00 Primeiro Subtotal (diferença entre o preço com o IPI R$ 11.400,00 e o total de deduções R$ 4.645,00) R$ 6.755,00 INCLUSÕES Embalagem de exportação R$ 55,00 Frete e seguro da fábrica ao local de embarque R$ 100,00 Despesas bancárias (média USD de R$ 150,00 por embarque) R$ 330,00 Total das Inclusões R$ 485,00 Segundo Subtotal (soma do primeiro subtotal R$ 6.755,00 com o total das inclusões R$ 485,00) R$ 7.240,00 Margem de Lucro Pretendida (10% calculado sobre o preço FOB) R$ 804,44 Preço FOB (R$ 7.240,00 mais R$ 804,44) R$ 8.044,44 Tomando-se uma taxa de câmbio hipotética de US$ 1,00 = R$ 1,80, tem-se o preço FOB de: US$ 4.469,13 Fonte: adaptado de Brasil Global Net (2012). © Comércio Exterior118 9. TERMOS INTERNACIONAIS DE COMÉRCIO: CON- CEITOS BÁSICOS Rodrigues (2003, p. 11) explica que "para poder negociar e finalizar operações internacionais, é preciso ter conhecimento e noção de uma série de conceitos e termos que vão intervir no pro- cesso de realização das transações". Ainda segundo esse autor: Esses conhecimentos básicos devem ser concordantes, como uma espécie de linguagem universal aceita e compreendida por todos os que se dedicam a estas tarefas relacionadas com o comércio ex- terior (RODRIGUES, 2003, p. 11). Com o objetivo de estabelecer regras claras que dessem ga- rantias aos negociadores no mercado internacional, a Câmara de Comércio Internacional criou termos ou condições de vendas para as transações internacionais de mercadorias: os Incoterms. Os Incoterms Os Incoterms (Termos de Comércio Internacional, International Comercial Terms − ICC) são regras de comércio internacional, unifor- mes e imparciais, com a finalidade de administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos internacionais firmados entre exporta- dores e importadores, definindo, de forma precisa, os direitos e as obrigações das partes e indicando em qual local e em que momento termina a responsabilidade do vendedor e se inicia a do comprador. Suas condições devem estar explicitadas no contrato de compra e de venda na fatura pró-forma ou em outro documento que formalize o negócio. Vale ressaltar que nem todos os países são signatários da Câmara de Comércio Internacional (ICC), logo, não seguem suas regras. Os Estados Unidos, por exemplo, utilizam suas próprias normas – o American Terms (1941) – misturadas ao Incoterms. Claretiano - Centro Universitário 119© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Retomando um pouco de sua história, os Incoterms foram publicados pela primeira vez em 1936, pela sede da CCl, em Paris, na França. Esse conjunto de regras ainda sofreu adições e emen- das em 1953, 1967, 1976 e 1980. Em 1990, adaptando-se ao in- tercâmbio informatizado de dados, o ICC foi substituído por uma nova versão, esta instituída por 13 termos. A partir de 1º de janeiro de 2000, entrou em vigor a versão Incoterms 2000, que considera o recente crescimento das zonas de livre-comércio, a expansão das comunicações eletrônicas em tran- sações comerciais e as mudanças nas práticas relativas ao transpor- te de mercadorias. Ele oferece uma visão mais simples e clara dos 13 termos, unificados em uma só publicação e válidos para todos os países signatários: a Publicação 560 – Incoterms 2000. Observe que os Incoterms sofrem revisões ao longo do tem- po, gerando, assim, novas versões. Entretanto, uma versão atual não revoga as versões anteriores; é, apenas, uma nova versão. Se as partes desejarem se utilizar dos termos da versão de 1990, por exemplo, poderão fazê-lo. Basta que assim elas acordem. Atualmente, está em estudo e em preparação uma nova ver- são, denominada "Revisão 2010" ou "Incoterms 2010", que entra- rá em vigor apenas em 1º de janeiro de 2011. Logo, ressaltamos que a denominação "2010" reflete a data de lançamento da nova versão, e não a data em que ela deverá entrar em vigor. O registro do Incoterms e de sua respectiva versão nos contra- tos ou nos documentos pertinentes concedem uma definição pre- cisa das condições pactuadas, assim: FOB Santos – Incoterms 2000. Caso surja alguma disputa durante o processo, compreen- dendo desde a assinatura do contrato até a entrega final da mer- cadoriae o seu pagamento ou recebimento, tal demanda poderá ser resolvida por meio da arbitragem da ICC – Paris. Um bom domínio dos Incoterms é indispensável para que o negociador possa incluir todos os seus gastos nas transações em comércio exterior. © Comércio Exterior120 Também vale ressaltar que as regras definidas pelos Incoterms são válidas, apenas, entre os exportadores e importadores, não pro- duzindo efeitos em relação às demais partes envolvidas, como os despachantes, as seguradoras e os transportadores, entre outros. Assim, nessas condições, os Incoterms regulam: 1) a distribuição de documentos; 2) as condições de entrega da mercadoria; 3) a distribuição dos custos da operação; 4) a distribuição dos riscos da operação. Em contrapartida, eles não regulam: • a legislação aplicável aos pontos não considerados pelos Incoterms; • a forma de pagamento da operação. De acordo com Rodrigues (2003), das duas últimas revisões, a de 1990 estabelece uma classificação dos Incoterms em quatro grupos, que compreendem os 13 termos e que são facilmente re- conhecíveis pela primeira letra de cada Incoterm. Esses grupos fo- ram atribuídos pelos locais de entrega. São eles: o E, o F, o C e o D. Cada Incoterm está representado por três letras, costumei- ramente as iniciais das explicações de cada um, porém padroniza- do no idioma Inglês. Assim, uma mercadoria entregue a bordo do navio, por exemplo, sabe-se que é o Free on Board ou, como ele é mais conhecido, FOB. Para Rodrigues (2003), as modificações que passaram a vi- gorar em 1º de janeiro de 2000 tiveram pequenas mudanças, pois elas se fundamentaram, especialmente, na necessidade da adap- tação à transferência eletrônica de dados dos documentos; na fa- tura comercial; nos conhecimentos internacionais de carga; nos certificados de origem, qualidade etc.; e na ratificação das mudan- ças técnicas de transporte, como a unitização de cargas, o trans- porte multimodal e o roll-on − roll-of. Para compreender melhor o significado e a aplicação de tais termos, observe, a seguir, sucinta explicação a respeito deles. Claretiano - Centro Universitário 121© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Informação Complementar –––––––––––––––––––––––––––– Define-se por unitização a colocação e a arrumação das mercadorias em uma única embalagem ou em um contêiner. O roll-on – roll-off é um tipo de navio com uma rampa na popa ou na proa por onde veículos transportados por eles (com cargas ou vazios) entram a bordo ou saem de bordo diretamente para o cais. Eles também são conhecidos como roro. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Rodrigues (2003) ainda explica que as alterações havidas nesses últimos 30 anos foram de caráter operacional e de moder- nização das operações de comércio exterior, por exemplo, no Inco- term FAS (Free Alongside Ship). O Incoterm FAS indica que livre no costado do navio, até o fi- nal de 1999, era responsabilidade de o importador desembaraçar a mercadoria para exportação ainda no país de origem. Todavia, com a vigência do Incoterms 2000, essa responsabilidade passa do impor- tador para o exportador, pois a mercadoria tem de ser entregue no costado do navio, isto é, pronta para embarcar. Assim, nada mais justo e lógico do que o vendedor assumir, também, essa competência. Acompanhe, no Quadro 2, um demonstrativo prévio dos quatro grupos do Incoterms e de seus 13 termos. Quadro 2 Os quatro grupos do Incoterms e seus 13 termos. GRUPO INCOTERMS E (de Ex) PARTIDA – EXW Obrigação mínima para o vendedor, que coloca a mercadoria em seu próprio estabelecimento à disposição do comprador. F (de Frete) TRANSPORTE PRINCIPAL NÃO PAGO – FCA, FAS e FOB Vendedor entrega mercadoria a um transportador internacional indicado pelo comprador. C (de Cost ou Carriage) TRANSPORTE PRINCIPAL PAGO – CFR, CIF, CPT e CIP Vendedor contrata o transportador sem assunção de riscos por perdas e danos, bem como por custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho. D (de Delivery) CHEGADA – DAF, DES, DEQ, DDU e DDP Vendedor responsabiliza-se por todos os custos e riscos para colocar a mercadoria no país de destino. Obs.: use sempre os Incoterms acompanhados do local exato de entrega da mercadoria para evitar interpretações errôneas. Fonte: adaptado de APRENDENDO A EXPORTAR (2012b). © Comércio Exterior122 Agora, observe uma explanação mais detalhada sobre cada um desses grupos. Grupo E O grupo E é integrado por um único termo apenas, represen- tado pela sigla "EXW" (Ex Works). Aqui, o vendedor coloca a mercadoria à disposição do com- prador em seu estabelecimento de origem ou em um local conven- cionado em prazo estabelecido. Nesse grupo, o comprador assume todos os custos e riscos envol- vidos desde a retirada da mercadoria no local designado até o seu des- tino final. São mínimas as responsabilidades e obrigações do vendedor. Para indicar o local de entrega da mercadoria, o termo "EX" é sempre seguido de uma palavra que o designe, como ex-warehouse (ex-armazém), ex-factory (ex-fábrica), ex-mine (ex-mina), ex-planta- tion (ex-plantação) etc. Grupo F Quando o vendedor transfere sua responsabilidade para o comprador ao entregar a mercadoria desembaraçada para a ex- portação aos cuidados do transportador no ponto ou no local de- signado, trata-se de um acordo segundo o grupo F. O desembaraço aduaneiro fica a cargo do vendedor. Estes são os Incoterms desse grupo: • Franco Transportador ou Livre Transportador (Free Car- rier − FCA): nesse Incoterm, a responsabilidade do vende- dor termina quando este entrega a mercadoria, já desem- baraçada para exportação, na empresa transportadora internacional designada. O frete internacional e o seguro (riscos) ficam por conta do importador, e a cláusula FCA é empregada em caso de utilização de transporte rodoviário, ferroviário ou aéreo. Claretiano - Centro Universitário 123© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços • FAS – Livre no Costado do Navio (Free Alongside Ship): a responsabilidade do vendedor é cessada quando ele co- loca a mercadoria, já desembaraçada para exportação, ao lado do costado do navio, no cais do porto de embarque designado ou em embarcações de transbordo. O frete internacional e o seguro (riscos) ficam por conta do importador. • FOB – Livre a Bordo do Navio (Free on Board): a respon- sabilidade do vendedor encerra-se quando ele coloca, por sua conta e risco, a mercadoria, já desembaraçada para exportação, a bordo do navio indicado, no cais do porto designado pelo comprador. O frete internacional e o seguro (riscos) ficam por conta do importador, e as formalidades de exportação estão a cargo do vendedor. Essa é a fórmula mais utilizada nas exportações brasileiras por via marítima ou por aquaviário doméstico. Grupo C O grupo C está relacionado ao custo e ao frete: 1) CFR – Custo e Frete (Cost and Freight): o vendedor tem a sua responsabilidade cessada quando a mercadoria é colocada no navio para embarque. Nesse caso, correm por sua conta as despesas decorrentes da colocação da mercadoria a bordo do navio indicado pelo comprador, como o frete e as formalidades de exportação. Os riscos e danos da mercadoria ficam por conta do comprador a partir do momento em que ela é colocada a bordo do navio, que deverá contratar e pagar o seguro, bem como os gastos com o desembarque. Esse termo somente é utilizado para transporte maríti- mo ou para transporte fluvial doméstico. 2) CIF – Custo, Seguro e Frete (Cost, Insurance and Freight): sendo este um dos termos mais utilizados pelos expor- © Comércio Exterior124 tadores brasileiros, é uma cláusula universalque indica que todas as despesas, inclusive o seguro marítimo e o frete até a chegada da mercadoria no porto de destino designado, são por conta do vendedor, e que todos os riscos, desde que a mercadoria transpõe a amurada do navio no porto de embarque, são por conta do compra- dor. Este, por sua vez, recebe a mercadoria no porto de destino, arcando com as despesas de desembarque, im- postos, taxas e direitos aduaneiros. Nesse termo, o seguro que o vendedor paga é o mínimo, e cabe ao importador avaliar se é vantajoso pagar um seguro complementar. Esse termo somente é utilizado nos transportes maríti- mo e fluvial. 3) CPT – Transporte Pago até (Carriage Paid to): nesse termo, o vendedor cumpre a sua obrigação de entregar para o transportador ou para a empresa de transporte internacional a mercadoria desembaraçada para expor- tação e paga o frete da mercadoria até o local do destino indicado. O ônus dos riscos por perdas e danos é por conta do comprador a partir do momento em que a mercadoria é entregue à custódia do transportador. Esse termo é bem semelhante ao FCA – Free Carrier, com uma di- ferença fundamental, que é a contratação e pagamento do frete internacional pelo vendedor. Portanto, por conceito desse próprio termo, o frete internacional será sempre pré-pago – prepaid (RO- DRIGUES, 2003, p. 70). O termo CPT será utilizado para todas as modalidades de transporte internacional, inclusive o multimodal. Note isso: quando o frete é pago na origem, ou seja, pelo vendedor-exportador, ele é chamado prepaid. O contrá- rio, quando ele é pago no destino, isto é, pelo compra- dor-importador, é chamado collect. 4) CIP – Transporte e Seguro Pagos até (Carriage and Insu- rance Paid to): nesse termo, o vendedor cumpre a sua Claretiano - Centro Universitário 125© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços obrigação de entregar para o transportador ou para a empresa de transporte internacional a mercadoria de- sembaraçada para a exportação, com o frete e o seguro internacional pagos até o destino. Assim como no CIF, o valor do seguro será contratado e pago pelo vendedor. A diferença entre eles (o CIP e o CIF) é que o segundo só pode ser usado para transporte ma- rítimo, enquanto o CIP é utilizado para todos os modais. O CIP também é parecido com o CPT, uma vez que pode ser usado para todas as modalidades de transporte in- ternacional, inclusive o multimodal. Todavia, no CPT, não há a contratação do seguro. Grupo D Nesse grupo, tratamos da "chegada" do produto no mercado de destino. 1) DAF – Entregue na Fronteira (Delivered at Frontier): a mercadoria é entregue, já pronta para a exportação, em um ponto anterior à fronteira alfandegária com o país limítrofe, porém não desembaraçada para importação. A partir desse ponto, a responsabilidade por despesas, perdas e danos passa a ser do comprador. Esse termo pode ser usado para todas as modalidades de transporte internacional, contudo é mais utilizado para os meios de transporte terrestres. 2) DES – Entregue no Navio (Delivered Ex-ship): a merca- doria, não desembaraçada para a importação, é coloca- da a bordo do navio pelo vendedor no porto de desti- no designado à disposição do comprador. Até chegar ao destino, a responsabilidade por perdas e por danos é do vendedor. O termo DES somente poderá ser utilizado quando se tratar de transporte marítimo, hidroviário interno, de ca- botagem ou multimodal. © Comércio Exterior126 3) DEQ – Entregue no Cais (Delivered Ex-quay): aqui, o vendedor entrega a mercadoria não desembaraçada ao comprador no cais do porto de destino designado. A res- ponsabilidade pelas despesas de entrega das mercado- rias ao porto de destino e de desembarque no cais é do vendedor. Esse Incoterm prevê que é de responsabilidade do com- prador o desembaraço das mercadorias para importa- ção e o pagamento de todas as formalidades, impostos e taxas, bem como de outras despesas relativas à impor- tação. Esse termo é utilizado para transporte marítimo, hidro- viário interno, cabotagem ou multimodal. 4) DDU – Entregues Direitos Não Pagos (Delivered Duty Unpaid): o vendedor entrega a mercadoria no país do comprador, descarregada. Os riscos e as despesas até a entrega da mercadoria correm por conta do vendedor, com exceção das decorrentes do pagamento de direitos, impostos e outros encargos decorrentes da importação. Esse termo pode ser usado para todas as modalidades de transporte internacional, inclusive a multimodal. 5) DDP – Entregue com Direitos Pagos (Delivered Duty Paid): o vendedor cumpre a sua obrigação, assumida nos termos de negociação, ao tornar a mercadoria dis- ponível no local combinado no país do importador, de- sembaraçada para a importação, mas sem o compromis- so de efetuar o desembarque. O vendedor assume os riscos e os custos relativos a impostos e outros encargos até a entrega da mercadoria. Esse Incoterm representa o máximo da obrigação do vendedor, em contraposição ao EXW. Neste momento em que já estão devidamente apresentados os Incoterms, seus grupos e seus termos, note, no Quadro 3, um resumo sobre eles. Claretiano - Centro Universitário 127© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços Quadro 3 Resumo dos Incoterms. GRUPO INCOTERMS DESCRIÇÃO E (de Ex) (partida – mínima obrigação para o exportador) EXW (Ex Works) Mercadoria entregue ao comprador no estabelecimento do vendedor. F (de Free) (transporte principal não pago pelo exportador) FCA (Free Carrier) FAS (Free Alongside Ship) FOB (Free on Board) Mercadoria entregue a um transportador internacional indicado pelo comprador. C (de Cost ou Carriage) (transporte principal pago pelo exportador) CFR (Cost and Freight) CIF (Cost, Insurance and Freight) CPT (Carriage Paid to) CIP (Carriage and Insurance Paid to) O vendedor contrata o transporte sem assumir riscos por perdas ou danos às mercadorias ou custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho. D (de Delivery) (chegada – máxima obrigação para o exportador) DAF (Delivered at Frontier) DES (Delivered Ex-ship) DEQ (Delivered Ex-quay) DDU (Delivered Duty Unpaid) DDP (Delivered Duty Paid) O vendedor responsabiliza-se por todos os custos e riscos para colocar a mercadoria no local de destino. Fonte: adaptado de Portal do Exportador (2012). 10. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Quais são as principais dificuldades para a internacionalização de uma em- presa brasileira? 2) Podemos considerar que todas as empresas brasileiras estão interessadas no mercado internacional? Por quê? 3) Como a internet tem ajudado – e pode cada vez mais ajudar – o comércio internacional brasileiro? 4) Qual é a vantagem que uma empresa tem em exportar seus produtos direta ou indiretamente? 5) Quais são as isenções de impostos existentes na exportação? Como o expor- tador pode se beneficiar dessas isenções quando exporta por meio de uma trading company ou de uma comercial exportadora? 6) O que são Incoterms e qual é a sua importância? © Comércio Exterior128 Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 11. CONSIDERAÇÕES Terminamos mais esta unidade. Aqui, tivemos a oportunida- de de conhecer sobre regras e práticas do mercado internacional (e os termos relacionados ao comércio usados internacionalmen- te) e preços de exportação (conceitos e metodologia de cálculo). Se ainda restarem dúvidas a respeito do conteúdo desta uni- dade, não hesite em pedir auxílio ao seu tutor. Recorra a ele sem- pre que julgar necessário. Vamos, agora,estudar a quarta unidade. 12. E-REFERÊNCIAS APEX-BRASIL. Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos. Sobre a Apex-Brasil. Histórico. Disponível em: <http://www.apexbrasil.com.br/portal/publicacao/ engine.wsp?tmp.area=524&tmp.idioma=38>. Acesso em: 18 jul. 2012. APRENDENDO A EXPORTAR. Comércio exterior. Consórcios de exportação. Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/moveis/comext_consorcio.htm>. Acesso em: 19 jul. 2012a. ______. Incoterms. Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/ informacoes/incoterms_fca.htm>. Acesso em: 19 jul. 2012b. ______. Planejando a exportação. Formação do preço. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/calcados/frameset_planejando_fpreco.htm>. Acesso em: 19 jul. 2012c. BRASIL GLOBAL NET. Manuais. Exportação passo a passo. Disponível em: <http://www. brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/Manuais/PUBExportPassoPasso2009. pdf>. Acesso em: 19 jul. 2012. FECOMÉRCIO MINAS. Criação de marco legal para os "consórcios de exportação" e adequação de outras figuras jurídicas ao associativismo de MPEs voltadas para a exportação. Disponível em: <http://www.fecomerciomg.org.br/pdfs/comex_consorcio_ exportacao.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2012. LIMA, C. M. S.; PATRÍCIO, P. H. A. Exportação indireta via trading company e comercial exportadora. Disponível em: <http://www.unieducar.org.br/biblioteca/EXPORTAO%20 INDIRETA%20VIA%20TRADING%20COMPANY%20E%20COMERCIAL%20EXPORTADORA. pdf>. Acesso em: 19 jul. 2012. PORTAL DO EXPORTADOR. Termos internacionais de comércio – Incoterms. Tabela de Incoterms. Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/ comExportar/incTabela.html>Acesso em: 19 jul. 2012. Claretiano - Centro Universitário 129© U3 - Mercado Internacional: Internacionalização e Formação de Preços SAIN. SECRETARIA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS. Ministério da Fazenda. Mecanismos de financiamento privado a exportação. Disponível em: <http://www.fazenda.gov.br/ sain/temas_internacionais/financiamento_exportacoes.asp>. Acesso em: 19 jul. 2012. 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, M. P. Comércio exterior: interesses do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. CAIXETA, N.; NETZ, C.; GALUPPPO, R. Passaporte para o mundo. São Paulo: Nobel, 2006. CAVALCANTI, D. S. B.; SILVA, J. U. Economia internacional e sistemática de comércio exterior: as transações internacionais no contexto da globalização. 2. ed. São Paulo: Plêiade, 2000. DE NEGRI, J. A.; ARAÚJO, B. C. P. O. (Org.). As empresas brasileiras e o comércio internacional. Brasília: Ipea, 2006. DIAS, R.; RODRIGUES, W. (Org.). Comércio exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas, 2004. LEAL, A. M. Manual de termos técnicos do comércio exterior e transportes marítimos. 2. ed. São Paulo: Tempo, 1996. MAIA, J. M. Economia internacional e comércio exterior. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2007. RATTI, B. M. Comércio internacional e câmbio. 9. ed. São Paulo: Aduaneiras, 1997. RODRIGUES, W. Comércio exterior. "Incoterms": operacionalização e prática. Campinas: Alínea, 2003. SEGRE, G. (Org.). Manual prático de comércio exterior.São Paulo: Atlas, 2006 VAZQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Claretiano - Centro Universitário
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