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Resenha dos capítulos 7 e 8 do livro “Uma Teoria Econômica da Democracia” de Anthony Downs

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UNIRIO - Administração Pública - 2016.1 
Disciplina: Teoria do Estado Moderno
Discente: Natália Moraes Pinto Coêlho Neto
Resenha do capítulo 7 e 8 do livro “Uma Teoria Econômica da Democracia” de Anthony Downs
No capítulo 7, o autor preocupa-se em tratar de explicar o desenvolvimento de ideologias políticas como meio de obter votos. Nessa hipótese básica afirma que os partidos políticos estão interessados em ganhar o poder, não em promover uma sociedade melhor ou ideal. As armas na disputa do poder seriam as ideologias (uma imagem verbal da boa sociedade e dos principais meios de construir tal sociedade). A incerteza limita a capacidade que cada eleitor tem de relacionar todo ato governamental com seu próprio ponto de vista sobre o que seja a boa sociedade. Portanto, a familiaridade com o ponto de vista de cada partido sobre a boa sociedade - sua ideologia- o ajuda a tomar sua decisão de voto sem ter conhecimento de cada política especificamente. Os eleitores, desse modo, usam ideologias para cortar seus custos de informação.
Por causa da incerteza, ideologias extremamente variáveis podem ser empregadas pelos partidos políticos, mesmo que todos sejam motivados unicamente pelo desejo de maximizar votos.
Os partidos também acham as ideologias úteis na obtenção do apoio de diversos grupos sociais e na abreviação de decisões quanto a que políticas obterão o máximo de votos. Uma diversidade de ideologias partidárias pode existir apenas porque a incerteza impede que qualquer uma delas prove ser superior às outras. Se uma ideologia superior realmente surge, outros partidos a imitam e ocorre uma diferenciação mais sutil.
Nesse modelo, os partidos terão ideologias muito semelhantes, mas também desejam diferenciar seus produtos ligeiramente, de modo a reivindicar singularidade.
Três fatores explicam como a divergência ideológica ampla pode se desenvolver a partir de nossa hipótese de maximização do voto. São eles a heterogeneidade da sociedade, a inevitabilidade do conflito social e a incerteza. O fato de que os recursos mundiais são limitados cria em toda sociedade uma tensão inerente entre os grupos sociais. Quando esses grupos são bem definidos, essa tensão impede que qualquer ideologia política específica agrade muito a todos os grupos simultaneamente.
Desse modo, cada partido pode cortejar ideologicamente apenas um número limitado de grupos sociais, já que seu apelo a um antagoniza implicitamente os outros. Então, cada partido estará tentando combinar um segmento especifico do grupo predominante com parcelas dos grupos minoritários para fins de vitória eleitoral.
Alguns eleitores racionais decidem como votar ideologicamente, ao invés de por meio da comparação de políticas.
As ideologias os ajudam a concentrar sua atenção nas diferenças entre os partidos; portanto, podem ser usadas como amostras de todas as posições diferenciadoras. Com esse atalho, o eleitor pode poupar-se o custo de estar informado sobre uma gama mais ampla de questões.
Além disso, o cidadão pode decidir em quem votar por meio de ideologias em vez de antecedentes passados. Ao invés de comparar o comportamento governamental com as propostas da oposição, compara ideologias partidárias e apóia aquela que se parece mais com a sua. Desse modo, vota com base em competência ideológica, não em questões específicas. 
A disputa competitiva pelo poder obriga os partidos, em nosso modelo, a ser tanto honestos quanto coerentes na formulação de políticas e ideologias e no seu desenvolvimento ao longo do tempo.
A principal força a conformar as políticas de um partido é a competição com os outros partidos por votos. A competição não só determina o conteúdo das políticas partidárias, mas também controla (1) sua estabilidade e (2) sua relação com as declarações públicas do partido. Dessa maneira, a competição determina se os partidos serão responsáveis e honestos.
Uma ideologia é uma afirmação pública a respeito de política partidária, já que ou contém ou implica propostas especificas de ação. Portanto, através da análise da relação geral entre as políticas reais de um partido e suas declarações sobre políticas, podemos descobrir algumas das qualidades que sua ideologia irá exibir. 
Nesse modelo, é necessário que a ideologia de cada partido mantenha uma relação coerente com suas ações e se desenvolva sem repudiar os atos anteriores do partido. Qualquer outro procedimento torna a votação racional quase impossível; desse modo, os eleitores atribuem valor a partidos com essas características. Para ganhar votos, todos os partidos são forçados, pela competição, a ser relativamente honestos e responsáveis em relação tanto às políticas quanto às ideologias.
Imobilidades racionais e institucionais às vezes fazem com que as ideologias e políticas fiquem para trás em relação às reais condições relevantes ao comportamento partidário.
Embora as ideologias nunca sejam internamente contraditórias, elas podem ser integradas apenas ligeiramente, já que são projetadas para atrair muitos grupos sociais. Sua estabilidade ao longo do tempo tem raízes tanto lógicas quanto institucionais que impedem que as políticas sejam alteradas uniformemente para se adequar a condições mutáveis. Assim, as ideologias causam defasagens e descontinuidades que podem custar votos a um partido.
Portanto, nenhum partido faz sua ideologia se prender de modo rígido demais a uma perspectiva filosófica específica. Por outro lado, não propõe simplesmente uma miscelânea de políticas, já que quer parecer ideologicamente competente a fim de atrair eleitores dogmáticos.
A imobilidade ideológica é característica de todo partido responsável porque ele não pode repudiar suas ações passadas, a menos que alguma mudança radical de condições justifique isso. Portanto, suas políticas doutrinárias se alteram lentamente para suprir as necessidades do momento.
Dessa maneira, surgem conflitos entre a manutenção da pureza ideológica e a vitória nas eleições. A primeira pode ocasionalmente ter precedência sobre a última, contanto que os partidos se comportem, na maior parte do tempo, como se a eleição fosse seu objetivo primeiro.
No capítulo 8, o autor preocupa-se em tratar de explicar as condições sob as quais as ideologias passam a se parecer umas com as outras, a divergir umas das outras, ou a permanecer em alguma relação fixa, ou seja, a estática e a dinâmica de ideologias partidárias. 
Baseado numa escala que representa a posição política do eleitor, é provável que os eleitores em sistemas bipartidários considerem a personalidade, ou competência técnica, ou algum outro fator não-ideológico como decisivo. Como não se lhes oferecem muitas opções entre políticas, podem precisar de outros fatores para discernir entre os partidos.
Os eleitores em sistemas multipartidários, entretanto, têm uma ampla gama de escolha ideológica, com os partidos antes enfatizando do que suavizando suas diferenças doutrinárias. Desse modo, considerar as ideologias como fatores decisivos na nossa decisão de voto é geralmente mais racional num sistema multipartidário do que num sistema bipartidário. Apesar desse fato, a ideologia do governo num sistema multipartidário (em oposição aos partidos) é, com frequência, menos coesa do que sua sucedânea num sistema bipartidário.
Uma democracia bipartidária não pode proporcionar governo estável e efetivo, a menos que haja uma grande medida de consenso ideológico entre seus cidadãos.
Hotelling supôs que as pessoas se colocavam de modo espacialmente uniforme ao longo da linha reta da escala e raciocinou que a competição, num sistema bipartidário, faria com que cada partido se movimentasse em direção a seu oponente do ponto de vista ideológico. Essa convergência ocorreria porque cada partido sabe que os extremistas na sua extremidade da escala preferem-no à oposição já que está necessariamente mais próximo deles do que o partido de oposição. Portanto, a melhor maneira de o partido obter mais apoio é se movimentar em direção ao outro extremo, a fim de conseguir mais eleitoresfora dele- isto é, se colocar entre eles e seu oponente.
Uma distribuição como a da Figura 2 encoraja um sistema bipartidário com os partidos localizados perto do centro, em posições relativamente moderadas. É provável que esse tipo de governo tenha políticas estáveis e, não importa qual dos dois partidos esteja no poder, suas políticas não estarão distantes dos pontos de vista da maioria das pessoas. À medida que os dois partidos se aproximam um do outro, tornam-se mais moderados e menos extremos em termos de políticas, num esforço de ganhar os cruciais eleitores do meio do caminho, isto é, aqueles cujos pontos de vista os colocam entre os dois partidos. Essa área central torna-se cada vez menor à medida que ambos os partidos se empenham em capturar votos moderados; finalmente os dois partidos se tornam quase idênticos em termos de plataformas e ações.
Num sistema bipartidário, qualquer dos partidos que vença tentará 
implementar
 políticas radicalmente opostas à ideologia do outro partido, já que os dois estão em extremos opostos. Isso significa que a política governamental será altamente instável e que é provável que a democracia produza caos. Infelizmente, o crescimento de partidos de centro equilibradores é improvável. Qualquer partido que se forme no centro se movimentará, no final, em direção a um extremo ou ao outro a fim de aumentar seus votos, já que há tão poucos eleitores moderados.
 
Em circunstâncias mais normais, em países onde há duas classes sociais opostas, mas não há uma classe média bastante grande, é 
mais provável que a 
distribuição numérica se incline para a esquerda, com uma pequena m
odalidade 
na extremidade direita.
Fica claro que a distribuição numérica de eleitores ao longo da escala política determina, em grande medida, que tipo de democracia se desenvolverá. 
Os partidos num sistema bipartidário mudam deliberadamente suas plataformas, de modo que elas se assemelhem entre si; ao passo que os partidos num sistema multipartidário tentam permanecer tão ideologicamente distintos uns dos outros quanto possível.
Podemos transformar o famoso mercado espacial de Harold Hotelling num mecanismo útil de análise de ideologias políticas, acrescentando-lhe (1) distribuição variável de população, (2) uma clara ordenação esquerda-direita dos partidos, (3) relativa imobilidade ideológica e ( 4) preferências políticas máximas para todos os eleitores.
Esse modelo confirma a conclusão de Hotelling de que, num sistema bipartidário, os partidos convergem ideologicamente no centro, e o adendo de Smithies de que o medo de perder eleitores extremistas os impede de se tornarem idênticos. 
Mas se a distribuição de eleitores ao longo da escala permanece constante numa sociedade, seu sistema político tende a se movimentar em direção a um equilíbrio no qual o número de partidos e suas posições ideológicas são fixas/estáveis ao longo do tempo.
Se ele vai ter ou não dois ou muitos partidos depende (I) da configuração da distribuição e (2) de se a estrutura eleitoral se baseia na pluralidade ou representação proporcional.
Nenhuma tendência à imitação existe num sistema multipartidário; na realidade, os partidos se empenham em acentuar a "diferenciação ideológica do produto", mantendo pureza de doutrina. Pois não proporciona nenhum incentivo para que os partidos se movimentem ideologicamente em direção uns aos outros. Essa diferença entre os dois sistemas ajuda a explicar por que certas práticas são peculiares a cada um.
Partidos novos podem, com mais sucesso, ser lançados imediatamente depois de alguma mudança significativa na distribuição de pontos de vista ideológicos entre eleitores aptos.
Ao analisar o nascimento de novos partidos, devemos distinguir entre dois tipos de novos partidos. O primeiro é projetado para ganhar eleições. O segundo tipo é projetado para influenciar partidos já existentes a mudar suas políticas, ou a não mudá-las.
Os novos partidos geralmente têm como propósito vencer eleições, mas são freqüentemente mais importantes como meios de inf1uenciar as políticas ele partidos anteriormente existentes. Como os velhos partidos são ideologicamente imóveis, não conseguem se ajustar rapidamente a mudanças na distribuição de eleitores, mas os novos partidos podem entrar onde quer que seja mais vantajoso. Partidos de influência podem surgir em sistemas bipartidários, sempre que a convergência tenha empurrado um dos partidos importantes para longe do centro, e seus adeptos extremistas queiram trazê-lo de volta em direção a si.
Fica claro que um pré-requisito importante para o aparecimento de novos partidos é uma mudança na distribuição de eleitores ao longo da escala política.
Num sistema bipartidário, é racional que cada partido encoraje os eleitores a serem irracionais tornando sua plataforma vaga e ambígua.
Se supomos que a posição de um partido na escala é uma média ponderada das posições ocupadas por cada uma de suas decisões em relação a políticas, podemos explicar a tendência dos partidos de abrir o arco ele suas políticas: eles querem agradar a muitos pontos de vista diferentes ao mesmo tempo.
Os partidos, num sistema bipartidário, têm um arco muito mais amplo de políticas- daí uma integração mais frouxa delas- do que aqueles num sistema multipartidário. De fato, em sistemas bipartidários há -uma área maior de políticas que se sobrepõem perto do meio da escala, de modo que os partidos se parecem muito entre si.
Essa tendência à semelhança é reforçada por ambiguidade deliberada em relação a cada questão específica. As políticas partidárias podem se tornar tão vagas, e os partidos tão parecidos, que os eleitores acham difícil tomar decisões racionais. Contudo, fomentar a ambiguidade é o caminho racional para cada partido num sistema bipartidário.
Um determinante básico do desenvolvimento político de uma nação é a distribuição de seus eleitores ao longo da escala política. Desse fator, em grande medida, depende se a nação terá dois ou muitos partidos importantes, se a democracia levará a um governo estável ou instável e se novos partidos substituirão continuamente os velhos ou desempenharão apenas um papel pequeno.

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