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Compostos N-Nitrosos Toxicologia II Departamento de Farmácia FFOE UFC Professora Janete Eliza de Sá Soares 1 COMPOSTOS N-NITROSOS Histórico: 1937: 2 casos de intoxicação por dimetilnitrosamina - DMN (solvente industrial); Anos 50 – Interesse real: casos de intoxicação humanas (icterícia e dano hepático); 1954 – Investigação da toxicidade aguda DMN em animais de experimentação; Mais tarde: interesse na investigação de um possível potencial carcinogênico; 2 Histórico: Final anos 50 – Suspeita de contaminação em alimentos (Noruega): Animais domésticos alimentados com peixes conservados com nitrito morte por hepatopatias severas; Agente isolado: DMN (nitrito + dimetilaminas); 3 COMPOSTOS N-NITROSOS Histórico: Verificado risco de ingestão de nitrocompostos: Alimentos com nitrito como conservante; Alimentos a base de peixe aquecidos a altas temperaturas mais tóxicos a animais de experimentação; Produção maior de nitrosaminas em alimentos armazenados (envelhecimento - aminas); Influência do pH e da quantidade de nitrito presente; 4 COMPOSTOS N-NITROSOS Histórico: Meados dos anos 60 – Detecção de compostos N- Nitrosos em alimentos e fluidos biológicos: Resultados considerados imprecisos e inexatos – Técnicas de identificação de baixa sensibilidade e especificidade; Ocorrência de compostos N-nitrosos preocupante (nitrosaminas): carcinogenicidade 300 nitrosaminas testadas, 90% positivas em animais de experimentação;; 5 COMPOSTOS N-NITROSOS Introdução: Substâncias naturais e sintéticas de fórmula estrutural geral: 6 COMPOSTOS N-NITROSOS Introdução: Principais classes: Classe I – Nitrosaminas: Compostos estáveis; R1 e R2 radicais aril ou alquil; Classe II – Nitrosamidas Compostos instáveis em meio ácido e alcalino; R1 radical aril ou alquil; R2 radical acila; 7 COMPOSTOS N-NITROSOS Nitrosaminas: 8 COMPOSTOS N-NITROSOS Propriedades físico-químicas: Classificação difícil compostos, desde DMN a proteínas estruturais com grupamentos N- nitrosopeptídeos; Solubilidade depende da amina ou amida de origem; 9 COMPOSTOS N-NITROSOS Propriedades físico-químicas: Volatilidade: Nitrosaminas – Em geral voláteis (alta pressão de vapor); Nitrosamidas – Em geral fixas; 10 COMPOSTOS N-NITROSOS Propriedades físico-químicas: Estabilidade química: Nitrosaminas – Estáveis de modo geral; Nitrosamidas – Instáveis, meia-vida geralmente da ordem de minutos (pH ~ 7, principalmente); 11 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição: Ambiente; Alimentos (principal fonte exógena); Formação no organismo humano (fonte endógena); Originados por reação química entre aminas, amidas ou aminoácidos com agente nitrosante em meio neutro ou ácido, sob certas condições de temperatura; 12 COMPOSTOS N-NITROSOS Nitrosação: Aminas secundárias ou terciárias nitrosaminas; Amidas ureias substituídas; Proteínas ou aminoácidos; 13 COMPOSTOS N-NITROSOS Agente Nitrosante: Ambiente: Óxidos de nitrogênio (NO e NO2 presentes no ar); Alimentos: Nitritos (Na e K) - Aditivo intencional contra Clostridium botulinum ou oxidação; Nitratos + nitritos adjuvantes de processamento, defumação de carnes e peixes; Nitritos formados de nitratos por redução bacteriana; 14 COMPOSTOS N-NITROSOS Agente Nitrosante: Alimento ( continuação): NO gerado durante secagem de alimentos (ar aquecido em chama aberta) – Ex.: Malte usado na produção de bebidas; Nitratos: naturalmente presentes em alimentos de origem vegetal, água e alguns tipos de alimentos de origem animal; 15 COMPOSTOS N-NITROSOS Agente Nitrosante: Organismo humano: Nitritos endógenos; Nitritos em meio ácido (estômago) – Conversão a anidrido nitroso (N2O3), potente agente nitrosante de aminas, normalmente presentes no estomago ou em alimentos; 16 COMPOSTOS N-NITROSOS 17 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Carnes curadas, defumadas e derivados (salsicha, salame, toucinho, presunto, bacon, etc.): Presença sistemática: nitrosaminas voláteis (DMN, dietilnitrosamina - DEN, nitrosopiperidina - NPIP e nitrosopirrolidina - NPIR); Outras: nitrosaminas não voláteis, nitrosaminoácidos (N- nitrosossarcosina - NSAR, N-nitrosoprolina - NPR), N- nitrosoidroxiprolina - NHPRO); Teores da ordem de ppb (mg/Kg); 18 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Carnes curadas, defumadas e derivados: Formação: nitrosação de aminas dos alimentos por nitritos oriundos do processo industrial de obtenção ou defumação; Mudanças na tecnologia de produção, redução de nitratos e nitritos adicionados, inclusão de agentes inibidores da nitrosação - teores nitrosaminas (nitrosopirrolidina - NPIR em bacon); Bacon: depois da cerveja, maiores teores de nitrosaminas voláteis (nitrosopirrolidina - NPIR); 19 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Bacon: Aquecimento a altas temperaturas na presença de nitritos - teores nitrosaminas: altos teores relacionados ao modo de preparo do alimento; Pesquisa (Veccio e cols., 1986): DMN – 18 ng/pessoa/dia; NPIP – 6,6 ng/pessoa/dia; NPIR – 76 ng/pessoa/dia; 20 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Peixes, frutos do mar e derivados: Peixes defumados: Nitrosaminas voláteis (DMN principalmente); Pesquisas: Peixes tratados com sal no Japão – até 3,4 ng/g; Peixes oriundos da China – aumento considerável DMN e DEN após cozimento; 21 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Leite e derivados: Leite em pó integral: nitrosaminas voláteis, principalmente DMN; Pesquisas: Alemanha, 1983 – 87% das 129 amostras positivas para DMN, teores menores que 0,5 ng/g; EUA, 1985 – 84% das 57 amostras positivas para DMN, média 0,6 mg/Kg, NPIR e NPIP; 22 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Leite e derivados: Origem: Leite fluido; Processo de obtenção por aquecimento (alguns autores); 23 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Queijos: Presença de nitrosaminas – adição de nitratos e nitritos para evitar estufamento tardio (por Clostridium tyrobutyricum): Tipo prato, parmesão e provolone; EUA – Adição proibida em queijos; Brasil – Limite apenas tipo Frescal ( 50 ppm nitritos); 24 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Queijos: Pesquisas: 150 amostras de queijo dinamarquês – 2% teores > 0,2 mg/Kg DMN; 25 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Bebidas alcoólicas: Análises detectaram baixos teores DMN ( cerveja e whisky principalmente); DMN encontrada no whisky escocês; Ausência no run, vodca, gins, vinhos; Biossíntese dos precursores durante a germinação e secagem do malte: (dimetilamina, trimetilamina, gramina); 26 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Bebidas alcoólicas: Pesquisas: Final anos 70 – 199 amostras de cervejas em lata e garrafa: 60% em média 2 mg/L DMN, 68 mg/L no máximo; NPIR também detectada; 27 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Vegetais em conserva: Picles, sopas, desidratados e especiarias – DMN e DEN princi- palmente; Pesquisas: Sopas vegetais com 11,44 ng/g DMN e 4,9 ng/g DEN; 28 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Outros alimentos: Pesquisas: 2000 amostras (pães, frutas, óleos, etc.) – traços esporadicamente; No Canadá, margarina comercial – Valores entre 1,7 e 3,8 mg/Kg N-nitrosomorfolina (NMOR); 29 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Produtos de borracha: Aminas alquiladas como aceleradores e estabilizadores na produção da borracha; Chupetas, bicos de mamadeiras – DMN, DEN, NPIR, NPIP e NMOR; Possível migração para leite e saliva; 30 COMPOSTOS N-NITROSOS Exposição através dos alimentos (Exógena): Produtos de borracha: Pesquisas: Análise 80 amostras comerciais (chupetas e bicos de mamadeira) – DMN, DEN e NPIR acima de 230 mg/Kg; 31 COMPOSTOS N-NITROSOS 32 Exposição através dos alimentos (Exógena): Produtos de borracha: Alerta das autoridades: Novas técnicas de fabricação; Utilização de aminas secundárias: formação de compostos não- carcinogênicos; COMPOSTOS N-NITROSOS Formação in vivo (Endógena): Maior risco para população; Cavidade bucal, bexiga e estômago; Estômago: pH favorável ( 2 – 4); Aminas primárias Nitrosaminas instáveis; Aminas secundárias e terciárias 33 Nitrosaminas estáveis; COMPOSTOS N-NITROSOS Formação in vivo (Endógena): Aminas básicas velocidade nitrosação; Acloridria – Colonização bacteriana: nitratos nitritos; Compostos N-nitrosos – câncer de estômago; Aumento nitrosação: tiocianato, halogenados na saliva e estômago; Inibição nitrosação: Vit. C e E, aminoácidos (competição com nitritos); 34 COMPOSTOS N-NITROSOS Formação in vivo (Endógena): Risco difícil de se estabelecer: Grande número de compostos possíveis de serem produzidos; Exposição predominantemente por compostos não-voláteis, de difícil detecção; 35 COMPOSTOS N-NITROSOS Toxicocinética: Estudos voltados à DMN: Principal representante das nitrosaminas voláteis; Ampla distribuição nos alimentos; Necessidade de ativação metabólica em mamíferos; 36 COMPOSTOS N-NITROSOS Toxicocinética: Absorção: DMN e DEN absorvidos por difusão simples pelo TGI; DMN – Absorção considerável duodeno, desprezível estômago e intestino grosso; 37 COMPOSTOS N-NITROSOS Toxicocinética: Distribuição: Efeito de primeira passagem hepática; Baixas concentrações disponíveis para biotransformação extra-hepática; 38 COMPOSTOS N-NITROSOS Toxicocinética: Biotransformação das nitrosaminas alquiladas: Fígado: principal órgão; Independente dos radicais: Produto final = Forma ativa Forma ativa: espécie alquilante (CH3 +); 39 COMPOSTOS N-NITROSOS Biotransformação das nitrosaminas alquiladas: Segundo Druckrey ( 1973): 40 Toxicocinética: Biotransformação das nitrosaminas cíclicas e nitrosaminoácidos: Maior complexidade; Formação do íon carbônio; Nitrosamidas: formação do carbônio; 41 COMPOSTOS N-NITROSOS Toxicodinâmica: Toxicidade aguda: DMN: efeitos hepáticos e nos rins; Nitrosamidas: efeito local (mucosa gástrica ou pele); 42 COMPOSTOS N-NITROSOS Toxicodinâmica: Toxicidade crônica: Maior importância: carcinogenicidade; Compostos mais estudados em animais de experimentação quanto a potencial carcinogênico; 43 COMPOSTOS N-NITROSOS Carcinogenicidade: ~ 300 compostos estudados: 199 nitrosaminas, 101 nitrosamidas; Nitrosaminas estudadas: 86% positivo; Nitrosamidas estudadas: 91 positivas; 44 COMPOSTOS N-NITROSOS Carcinogenicidade: DMN e DEN – Carcinógenos muito potentes (Carcinoma hepático em ratos e camundongos); Nitrosoalquiluréias e nitrosoalquilamidas carcinógenos mais potentes experimentalmente: Alta estabilidade química; Não necessidade de bioativação; 45 COMPOSTOS N-NITROSOS Carcinogenicidade: Mecanismo de ação: Carcinógenos genotóxicos: iniciação tumoral; Biotransformação a íon metilcarbônio: eletrófilo altamente reativo; Ataque nucleofílico: metilação nas posições N7 e O6; 46 COMPOSTOS N-NITROSOS FIM
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