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Blocos de Coroamento de fundação Crowning foundation blocks Diego Pedro da Silva, Kely Carolina Gomes Pereira, Laércio de Almeida Brito, Mariely Reis de Souza, Matheus Felipe Barros de Lima, Tiago Luiz da Costa, Wesley Luiz Mendes Moraes. Autores: Estudantes de Engenheira Civil, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Professor Orientador: Paulo Henrique Maciel Barbosa, Departamento de Engenharia Civil, Tecnologia das Construções. RESUMO O presente trabalho consiste na pesquisa dos alunos da disciplina de Tecnologia das construções da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – Campus Barreiro sobre blocos de coroamento de fundação bem como suas formas, métodos quantitativos de dimensionamentos e sua aplicação na construção Civil. Blocos de coroamento são blocos de concreto armados ou não com altura maior a base, de forma a resistir a apenas compressão quando isolados e distribuir o peso de duas ou mais brocas quando juntas. Normalmente são ligados por 1,2,3 ou 4 estacas ou brocas, que recebem o peso do bloco de coroamento. Palavras-chave: Blocos. Concreto. Construção Civil. ABSTRACT This work consists of research student discipline Technology of the buildings of the Catholic University of Minas Gerais - Campus Barreiro on foundation of crown blocks and forms , sizing and its application in civil construction. capping units are armed concrete blocks or not greater height with the base, to resist compression only when isolated and distribute the weight of two or more bits when together. They are normally connected by 1,2,3 or 4 cuttings or drill , which receive the weight of the capping unit. Keywords: Blocks. Concrete. Civil Construction. 1 - INTRODUÇÃO Blocos sobre estacas ou blocos de coroamento são elementos estruturais usados para transferir as ações da superestrutura para um conjunto de estacas. São encontrados em infra-estruturas de pontes e edifícios. O conhecimento de seu real comportamento estrutural é de fundamental importância, pois são elementos estruturais que garantem a segurança de toda a estrutura. Ainda não há consenso 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES no meio técnico quanto ao seu real comportamento estrutural; também não se sabe a real forma geométrica das bielas de compressão no Estado Limite Último para a aplicação do método biela-tirante, e falta normalização deste elemento estrutural; estes são alguns aspectos que tornam este trabalho necessário. Com o objetivo de contribuir para diretrizes de projeto, foram apresentados os critérios utilizados nos projetos de blocos sobre estacas e desenvolvido, por meio de resultados de modelos analíticos, um método para a verificação da tensão de compressão na biela junto ao pilar. Nos modelos adotados variaram-se os diâmetros de estacas e dimensões de pilar. Conclui-se que os resultados são de grande relevância, pois os resultados obtidos mostraram-se muito coerentes por serem constantes em função da quantidade de estacas e da relação x/d. Na extremidade superior de cada estaca ou grupo, é feito um bloco de coroamento da(s) estaca(s). É uma peça de medidas de largura e comprimento maior que a da estaca e tem finalidade de receber as cargas de um pilar e transferi- las para a fundação. A norma brasileira NBR 6118:2003 classifica os blocos sobre estacas em rígidos e flexíveis, aceitando para cálculo dos blocos rígidos modelos tridimensionais, lineares ou não, e modelos de bielas e tirantes tridimensionais, tendo esses últimos a preferência por definir melhor a distribuição de forças nos tirantes. Porém, não é apresentado no texto da NBR 6118:2003 prescrições para o dimensionamento e verificação dos blocos sobre estacas. Normalmente são ligados por 1,2,3,4 ou mais estacas ou brocas, que recebem o peso do bloco de coroamento. Figura 1 – Diversas geometrias do bloco de coroamento. Vista superior (AltoQi Eberick) 2- DESENVOLVIMENTO 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES As estacas devem ser preparadas previamente, através de limpeza e remoção do concreto de má qualidade que, normalmente, se encontra acima da cota de arrasamento das estacas moldadas "in loco". (Caputo. H.P.,1973). 2.1- DIMENSIONAMENTO DO BLOCO DE COROAMENTO Para o caso de blocos com estacas espaçadas entre 2,5 a 3 diâmetros, a NBR 6118: 2003 admite plana a distribuição de carga nas estacas. O comportamento estrutural do bloco segundo a NBR 6118:2003, é caracterizado por trabalho à flexão nas duas direções com trações essencialmente concentradas nas linhas sobre as estacas; cargas transmitidas às estacas por meio de bielas de compressão com formas e dimensões complexas; trabalho ao cisalhamento em duas direções, sendo que a ruína se dá pela ruptura à compressão das bielas e não por ruptura à tração diagonal. Para um bloco é necessário que a distância do eixo da estaca mais afastada até a face do pilar seja menor ou igual a 1,5 vez a altura do bloco. (MONTOYA 1981). A ligação entre o bloco e a estaca podem variar, dependendo do tipo da estaca e do processo de execução. A ponta superior da estaca deve ser embutida no bloco em cerca de 10 a 15 cm e a distância entre o topo da estaca e o topo do bloco deve ter no mínimo 20 centímetros (CALAVERA 1991). Figura 2 – Dimensionamento do bloco de coroamento.(UNIPACS) 2.1.1 Altura dos Blocos de Coroamento No bloco a distância do eixo da estaca até a face do pilar é menor que uma vez e meia a sua altura, não considerando blocos com altura superior a duas vezes a distância do eixo da estaca até a face do pilar. (CEB-FIP, 1970). Recomenda-se alturas menores ou iguais a uma vez e meia o comprimento em qualquer caso a altura do bloco não deve ser inferior a 40 cm nem a uma vez e meia o diâmetro da estaca. (CAVALEIRA, 1991) 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES 2.1.2 Distância do eixo da estaca até a face do pilar Projetistas e alguns autores sugerem que esta distância seja maior ou igual à metade da altura do bloco e menor ou igual a 1,5 da altura do bloco. A distância máxima do centro de uma estaca ao ponto que dista 0,25ap da face do pilar, sendo ap a largura do pilar, não deve ser maior que 1,5h. (FUSCO, 1994). Figura 3- Determinação dos afastamentos máximos. (FUSCO, 1994) 3-LEVANTAMENTOS QUANTITATIVOS O levantamento quantitativo se faz necessário para que seja possível fazer o orçamento da obra, sendo feita a leitura dos projetos, os cálculos das áreas, volumes e consulta de tabelas de engenharia. 3.1-FORMA Na figura 4, é apresentado um modelo de travamento de forma para um bloco de coroamento. O levantamento quantitativo da forma é calculado pela sua área lateral. Para um bloco de dimensões 2,75 x 2,75 x 1,80 m, como apresentado na figura 5. 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES Figura 4: Modelo de travamento de forma.(CYPE ingenieros, S.A) Figura 5: Levantamento quantitativo da forma (fonte própria). 3.2- BARRAS DE ARMADURA A NBR 6118:2003 indica que as barras de armadura dispostas nas faixas definidas pelas estacas devem se estender de face a face do bloco e terminar em gancho nas duas extremidades. A ancoragem das armaduras de cada uma dessas faixas deve ser garantida e medida a partir da face interna das estacas. Pode ser considerado o efeito favorável da compressão transversal às barras, decorrente da compressão 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES das bielas. Destaca-se que esse procedimento já é adotado pelo meio técnico. O comprimento de ancoragem das barras da armadura principal deve ser contado a partir do eixo da estaca e o comprimento de ancoragem pode ser diminuído em 20% por causa da boa condição de aderência produzidapela compressão transversal das barras por conta da reação nas estacas e da força da biela, se o comprimento de ancoragem reta não for suficiente pode-se adotar gancho. (CAVALERA, 1991). Todas as barras das armaduras devem ter ganchos ou dobras de extremidade para garantir a ancoragem perfeita, e eles devem estar situados efetivamente além da posição da estaca. (FUSCO, 1994). 3.2.1- Estimativa de Aço. Definido os esforços que vão atuar no bloco, para melhor organizar os dados para o levantamento de quantitativos de Aço de uma estrutura qualquer, uma tabela como a demostrado na figura 7, deve ser feita. Os dados referentes da tabela correspondem ao diâmetro da barra de aço a ser utilizada. Figura 7- Levantamento de quantitativos de aço. (GERDAU) 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES CA 50 Caracteristicas de massa e seção: Dobramento em obra: CA Bitola (mm) Tolerância (%) Bitola (mm) 50 6,3 0,245 ±10 31,2 6,3 32 50 8 0,395 ±10 50,3 8 40 50 10 0,617 ± 6 78,5 10 50 50 12,5 0,963 ± 6 122,7 12,5 63 50 16 1,578 ± 6 201,1 16 80 50 20 2,466 ± 6 314,2 20 160 50 25 3,853 ± 6 490,9 25 200 CA 60 Caracteristicas de massa e seção: Dobramento em obra: CA Bitola (mm) Tolerância (%) Bitola (mm) 60 3,4 0,071 ± 6 9,1 3,4 20 60 4,2 0,109 ± 6 13,9 4,2 25 60 5 0,154 ± 6 19,6 5 30 60 6 0,222 ± 6 28,3 6 36 60 7 0,302 ± 6 38,5 7 42 60 8 0,395 ± 6 50,3 8 48 60 9,5 0,558 ± 6 70,9 9,5 57 Massa Nominal (kg/m) Seção Nominal (mm2) Diâmetro(ø) dos Pinos de Dobramento (mm) Massa Nominal (kg/m) Seção Nominal (mm2) Diâmetro(ø) dos Pinos de Dobramento (mm) Figura 8- Detalhamento de armação de um bloco de coroamento, Projeta Engenharia (2015). 3.3- CONCRETO Para o levantamento do quantitativo de concreto a ser empregado na construção de um bloco de coroamento, basta encontrar o volume do sólido gerado por este. No caso do bloco da figura 8, o volume de concreto necessário para executá-lo seria igual a: Vc = 1,90 m x 0,90 m x 0,95m Vc = 1,625 m³ 4- PREPARO DA CABEÇA DE ESTACAS E TUBULÕES É importante destacar inicialmente que, conforme preconiza a NBR 6.122:2010, é de responsabilidade do engenheiro de fundações especificar em projeto como deverá se dar a ligação estaca- bloco de coroamento, no intuito de assegurar a transferência dos esforços. 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES O cuidado com o preparo das cabeças de estacas e tubulões já se dá no período em que esses elementos de fundação são concretados. O concreto presente na cabeça da estaca ou do tubulão é, muitas vezes, de qualidade inferior, uma vez que, ao final da concretagem, pode haver subida do excesso de argamassa, ausência de britas (segregação do material) e contaminação com solo ou com fluidos estabilizantes (lama bentonítica ou polímero sintético em caso de estacões, estacas barrete ou paredes-diafragma). Dessa forma, recomenda- se que, durante a concretagem, o lançamento do concreto seja interrompido acima da cota de arrasamento da estaca ou do tubulão (figura 9), para que, posteriormente, essa camada possa ser removida. É de consenso que, para estacas escavadas sem uso de fluido estabilizante (com trado mecânico) e para tubulões, o concreto ultrapasse a cota de arrasamento do elemento de fundação em, pelo menos, 20 cm (figura 10, detalhe A). Já para estacas escavadas com uso de fluido estabilizante (estacões, barretes e paredes-diafragma), a NBR 6.122:2010 destaca que o concreto deverá ultrapassar a cota de arrasamento em pelo menos 50 cm em função da contaminação pelo fluido estabilizante e pelo solo, sendo que as práticas de engenharia têm recomendado que esse valor ultrapasse 80 cm (figura 10, detalhe B). Figura 9- Cota do concreto acima da cota de arrasamento do tubulão.(PEu/uEm) 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES Figura 10- Concreto a demolir acima da cota de arrasamento de estacas e tubulões(PEu/uEm) 4.1- DEMOLIÇÃO DO CONCRETO DAS CABEÇAS DE ELEMENTOS DE FUNDAÇÃO Quando se der a execução dos blocos de coroamento, a demolição do concreto que ultrapassa a cota de arrasamento de estacas e tubulões se fará necessária. Dessa forma, para a demolição desse concreto, conforme determina a NBR 6.122:2010, devem-se utilizar equipamentos que não danifiquem o elemento de fundação. Assim, são recomendados, para esse serviço, martelos rompedores leves ou ponteiros e marretas. Deve-se desconsiderar a utilização de escavadeiras com martelo rompedor, miniescavadeiras ou carregadeiras com martelo rompedor, marteletes pneumáticos ou martelos rompedores de grande porte, mesmo que a execução do serviço se dê de forma mais rápida, uma vez que podem provocar fissuras em todo o elemento de fundação, comprometendo sua durabilidade. Em alguns casos, o uso de argamassas expansivas é utilizado, no entanto, sua eficiência pode ser comprometida em função da armadura que compõe o elemento de fundação. O posicionamento do ponteiro para a quebra do concreto que ultrapassa a cota de arrasamento deverá ser de baixo para cima ou na horizontal (figura 11), evitando o risco de danificar o elemento de fundação com o rompimento de cima para baixo. Conforme destacam Milititsky, Consoli e Schnaid (2005), o uso de ferramentas inadequadas ou o emprego incorreto das ferramentas sugeridas resulta em trincamento do concreto junto à armadura, dando origem a caminhos preferenciais para agentes agressivos. Durante a demolição, faz-se necessário deixar no mínimo 5 cm do concreto da estaca ou do tubulão acima do nível do fundo do bloco (já considerando que o fundo do bloco apresenta o lastro de concreto não estrutural segundo estabelece a NBR 6.122:2010), no intuito de contribuir com o embutimento do elemento de fundação no 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES bloco de coroamento e evitar que o lastro de concreto ao fundo do bloco cubra a cabeça do elemento de fundação (figura 12), resultando em prejuízos à ligação entre o elemento de fundação e o bloco de coroamento. Também é importante destacar que, após o processo de demolição, a seção resultante deverá apresentar-se plana e livre de detritos oriundos da quebra do concreto. Figura 11- Demolição do concreto com equipamento na horizontal ( PEu/uEm) Figura 12- Nível do concreto acima da cota do fundo do bloco de coroamento ( Peu/uEm) Em caso de estacas do tipo hélice contínua monitorada, como a concretagem se dá até a superfície do terreno, a coluna de concreto deixada para demolição é, 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES normalmente, da altura do bloco de coroamento e, portanto, também está compreendida no segundo caso exposto. Nessa situação, pode-se proceder à remoção de parte dessa coluna de concreto ainda no estado fresco ou, para evitar grandes transtornos, executa-se a escavação do bloco de coroamento no intuito de demolir a coluna de concreto já nas primeiras idades, em que o concreto ainda não atingiu a resistência requerida. No entanto, da mesma forma que nos casos anteriores, os procedimentos para demolição deverão seguir as especificações mencionadas, no intuito de garantir a integridade do elemento de fundação. 4.2- CONSIDERAÇÕES FINAIS É de extrema importância que critérios especificados pela norma NBR 6.122:2010, por manuais e técnicas consagradas de engenharia referentes à sequência executiva dos diversos tipos de fundações sejam rigorosamente empregados, desde a execução dos ensaios de caracterização do solo, a perfuração de fustes e o alargamento de bases (em caso de tubulões), até a determinação das característicasdo concreto e de seu lançamento, a colocação de armaduras e o preparo da cabeça dos elementos de fundação para correta ligação com blocos de coroamento. Ainda no que se refere ao preparo da cabeça de estacas moldadas no local e de tubulões, para que a ligação entre o elemento de fundação e o bloco de coroamento se dê de forma satisfatória, é imprescindível que haja a adequada interpretação dos dados constantes nos projetos, assim como os cuidados no período de lançamento do concreto e no uso de ferramentas e procedimentos apropriados para a demolição do concreto que ultrapassa a cota de arrasamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6122: Projeto e execução de fundações. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. CALAVERA, J. Calculo de estructuras de cimentacion. Instituto Tecnico de Materiales y Construcciones. 3ª Ed. Madri, Espanha: 1991. FUSCO, P. B. Técnicas de armar as estruturas de concreto. São Paulo: Editora Pini Ltda.1994. TÈCHNE. Preparo da cabeça de tubulões e de estacas de concreto para ligação com blocos de coroamento. Disponível em < http://techne.pini.com.br/engenharia- civil/191/artigo285989-1.aspx>. Acesso em 09/03/2016. 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES SITE ENGENHARIA. Dimensionamento de bloco armado para estacas. Disponível em < http://www.sitengenharia.com.br/softwareestaca.html >. Acesso em 09/03/2016. FIB. The International Federation for Structural Concrete. Disponível em < http://www.fib-international.org/>. Acesso em 09/03/2016. 1º SEMINÁRIO DE TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
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