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BIOGRAFIA SKINNER EM PORTUGUÊS

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Breve Biografia de B. F. Skinner�
Julie S. Vargas
Infância e Adolescência
B. F. Skinner nasceu em 20 de março de 1904 em Susquehanna, uma pequena cidade à margem da estrada de ferro, nas montanhas da Pensilvânia, logo abaixo de Binghamton, Nova York. Com um irmão mais novo, Skinner cresceu em um ambiente familiar que ele descrevia como “caloroso e estável”. Seu pai era um jovem e promissor advogado e sua mãe, dona-de-casa. Boa parte de sua infância, ele passou construindo coisas – por exemplo, um carrinho com direção que andava de marcha ré (por engano) e uma máquina de moto contínuo (que não funcionava). Outros empreendimentos foram mais bem sucedidos. Ele e um amigo construíram uma cabana na floresta. Para seu trabalho como vendedor ambulante de frutas silvestres, ele criou um sistema de emissão para separar as verdes das maduras. Durante os anos de ensino médio, quando trabalhava em uma loja de sapatos, fez um aparato para espalhar “green dust”�, o que ajudava a vassoura a apanhar a sujeira.
Na época de ensino médio, Skinner teve aulas de inglês com a Srta. Graves, a quem, mais tarde, dedicou seu livro Tecnologia do Ensino. Baseado em um comentário feito por seu pai, Skinner deixou escapar um dia na aula que não fora Shakespeare e, sim, Frances Bacon, quem escrevera Como Queiras. Quando sua professora lhe disse que ele não sabia o que estava dizendo, ele foi até a biblioteca e leu boa parte da obra de Bacon. A defesa que Bacon fazia do método indutivo na ciência, em oposição ao estabelecido pela autoridade vigente, iria ter boa serventia para Skinner mais tarde.
Primeiros Encontros com a Ciência do Comportamento
Depois de freqüentar a escola Hamilton, Skinner decidiu se tornar escritor. Ao voltar para casa, escreveu pouco. Toda sua produção, do período que ele denominou como “ano negro”, consistiu de uma dúzia de curtos artigos de jornal e alguns modelos de veleiros. Em uma escapada de alguns meses para Nova York, estava trabalhando como balconista de uma livraria quando, por acaso, achou livros de Pavlov e Watson. Ele os achou impressionantes e empolgantes e quis aprender mais a respeito.
Faculdade e Novas Descobertas
Aos 24 anos, Skinner matriculou-se no departamento de Psicologia da Universidade Harvard. Ainda rebelde e impaciente com o que considerava idéias pouco inteligentes, Skinner encontrou um mentor igualmente mordaz e difícil de lidar. William Crozier era o catedrático de um novo departamento de Fisiologia. Ele aderiu fervorosamente ao programa de estudo do comportamento do “animal como um todo”, sem apelar, como os psicólogos faziam, para os processos que ocorriam internamente. Isso se encaixava exatamente com o objetivo de Skinner de relacionar comportamento a condições experimentais. O estudante foi encorajado a experimentar. Cada departamento, Psicologia e Fisiologia, presumia que o outro estava supervisionando o jovem estudante, mas o fato era que estava “fazendo exatamente o que eu queria”. Com seu entusiasmo e seu talento para produzir novos equipamentos, Skinner construía aparelho atrás de aparelho, sempre que o comportamento de seus ratos sugerisse mudanças. Depois de uma dúzia de peças e alguns acidentes felizes (descritos em seu “A Case History in Scientific Method”), Skinner inventou o registrador cumulativo�, que gravava cada resposta emitida como um movimento ascendente de uma linha que se movia horizontalmente. A curva mostrava a taxa de resposta. Esse registro revelava o impacto das contingências sobre o responder. Skinner descobriu que a taxa em que o rato pressionava a barra não dependia de nenhum estímulo antecedente (como Watson e Pavlov haviam insistido), mas sim daquilo que se seguia à pressão à barra. Isso era, de fato, novo. Diferente dos reflexos que Pavlov havia estudado, esse tipo de comportamento operava no ambiente e era controlado por seus efeitos. Skinner o nomeou como comportamento operante. Ao processo de arranjo das contingências de reforçamento responsáveis por produzir esse novo tipo de comportamento, ele deu o nome de condicionamento operante. Graças a uma bolsa de estudos, foi possível a Skinner passar os cinco anos seguintes investigando não só o efeito das conseqüências e os esquemas nos quais elas eram liberadas, mas também como os estímulos antecedentes adquiriam controle sobre as relações comportamento-conseqüência, com as quais eles eram pareados. Estes estudos finalmente apareceram em seu primeiro livro, The Behavior of Organisms (1938).
Pigeon Project
Em 1936, aos 32 anos, Skinner se casou com Yvonne Blue, e o casal mudou-se para Minnesota, onde ele conseguiu seu primeiro emprego como professor. Ocupado em lecionar e também com sua família, que, em 1938, incluía a filha Julie, ele pouco fez para avançar na ciência que ele próprio havia iniciado. Mas, com a guerra, isso estava para mudar. Em 1944, a II Guerra Mundial estava em plena atividade. Aviões e bombas eram comuns, mas não havia sistemas que direcionassem mísseis. Ansioso para ajudar, Skinner solicitou fundos para um projeto ultra-secreto em que pombos eram treinados para guiar bombas. Trabalhando atentamente, ele treinou pombos para que se mantivessem bicando um disco, o que manteria um míssil direcionado para o alvo. Os pombos bicavam consistentemente, mesmo quando caindo rapidamente e trabalhando rodeados por ruídos semelhantes aos de guerra. Embora o Pigeon Project tenha sido suspenso (por causa de outro projeto ultra-secreto desconhecido para Skinner – o radar), o trabalho foi útil. Pombos se comportam muito mais velozmente do que ratos, permitindo descobertas mais rápidas sobre os efeitos de novas contingências. Como Skinner colocou, “a pesquisa que descrevi em The Behavior of Organisms aparecia sob uma nova ótica. Isto não era mais meramente uma análise experimental. Isto deu origem a uma tecnologia”. Skinner nunca mais trabalhou com ratos. Descreveu o Pigeon Project em um artigo de mesmo nome. O artigo está em seu livro Cumulative Record.
O Baby Tender
Em 1943, ao fim dos anos em Minnesota, Yvonne estava grávida novamente. Sabendo do talento de seu marido para resolver problemas com engenhocas, ela indagou se ele poderia criar um berço que fosse mais seguro que os usuais, que tinham grades que poderiam prender a perna do bebê e cobertores que poderiam sufocá-lo. Tanto poderia, como o fez. Orgulhoso de sua nova invenção, um berço fechado e aquecido com uma janela de vidro blindex, ele enviou um artigo para a popular revista Lady´s Home Journal. Para atrair mais atenção, mudaram o título que Skinner havia dado e o artigo saiu com o nome de “Bebê em uma Caixa”. O baby tender, como Skinner chamou seu berço, era usado somente como cama para o novo bebê. Deborah tinha seu próprio cercadinho e passava tanto tempo fora da cama quanto as outras crianças. Mas, inevitavelmente, ocorreu a confusão entre o baby tender e a “Caixa de Skinner”. Até o final de sua vida, Skinner foi importunado por rumores sobre sua segunda filha, escutando inclusive que ela havia cometido suicídio. Na verdade, Skinner era um pai afetuoso e nunca fez experimentos com nenhuma de suas filhas. Deborah é uma artista de sucesso e vive em Londres com o marido.
Walden II
Quando a guerra estava por terminar, Skinner foi a um jantar e mencionou a uma amiga que era muito ruim que o filho dela e outros jovens voltassem aos seus velhos modos de fazer as coisas. Ela indagou o que Skinner sugeriria que eles fizessem como alternativa. Ele nunca conseguiu recusar um desafio. Quase que imediatamente, começou a escrever o livro Walden II. Ele foi escrito rapidamente, em alguns pontos com muita emoção. Nele, um soldado, que acabara de voltar da guerra, convida amigos e seu antigo professor para visitar uma comunidade chamada Walden II, um grupo de aproximadamente 1000 membros. Eles vão à comunidade. Seu criador, Frazier, explica como os comportamentos felizes e eficientes que eles presenciam são cuidadosamente modelados através do uso de técnicas comportamentais.Ele explica como o impulso competitivo dos pais, para favorecer os próprios filhos, foi convertido em uma preocupação mais igualitária com todos os jovens, pelo fato de os bebês serem criados comunitariamente ao invés de em famílias. Tanto mulheres quanto homens trabalhavam. Os empregos rendiam créditos de trabalho, distribuídos de forma que alguns trabalhassem poucas horas em serviços indesejáveis e outros trabalhassem por mais tempo em coisas mais agradáveis. Todos os aspectos da comunidade eram planejados. O livro, após um início lento, tornou-se um dos mais conhecidos trabalhos de Skinner, recebendo tanto elogios quanto censura.
Indiana
Em 1945, Skinner e sua família se mudaram para Bloomington, Indiana, onde ele se tornou catedrático do Departamento de Psicologia da Universidade de Indiana. O campo que ele havia iniciado estava crescendo. Em 1946, o primeiro encontro da Sociedade de Análise Experimental de Comportamento foi realizado em Indiana. Doze anos mais tarde, ela tinha uma revista, a Journal of the Experimental Analysis of Behavior (JEAB).
Retorno a Harvard
Um convite da Universidade Harvard para dar aulas sobre as conferências de William James trouxe Skinner e a família para Cambridge, Massachusetts, no outono de 1947. Ele foi convidado a participar do departamento de psicologia em 1948. Lá, ele se ofereceu para dar um curso para universitários, trabalhando arduamente a cada semana para produzir material para os 400 alunos que se inscreveram. Esse material finalmente deu origem ao livro Ciência e Comportamento Humano (1953). As décadas de 50 e 60 foram produtivas para Skinner, em grande parte graças aos excelentes universitários que vieram estudar com ele, incluindo Douglas B. Anger, James A. Anliker, Nathan H. Azrin, Donald S. Blough, A.Charles Catania, Lewis R. Gollub, Richard J. Herrnstein, Matthew L. Israel, Alfredo V. Lagmay, Harlan I. Lane, Ogden R. Lindlsey, William H. Morse, Neil J. Peterson, George S. Reynolds e Herbert S. Terrace. Subprodutos desse trabalho produziram o livro Schedules of Reinforcement (Ferster & Skinner, 1957), o campo da Terapia Comportamental (do trabalho de Ogden Lindsley, que criou o termo) e a psicofarmacologia (na qual Peter Dews, da Escola de Medicina de Harvard, trabalhou em contínuo contato com o laboratório de Skinner).
Máquinas de Ensinar e Instrução Programada
As filhas de Skinner estavam crescendo. Quando a mais nova estava na quarta série, em 11 de novembro de 1953, Skinner, para o dia dos pais, assistiu à sua aula de matemática. A visita alterou a sua vida. Assim que se sentou nos fundos da sala para assistir a uma típica aula de matemática da quarta série, o que viu atingiu-o de imediato com a força de uma inspiração. Como ele colocou, “sem dar-se conta, a professora estava violando quase tudo aquilo que conhecíamos sobre o processo de aprendizagem”. Na modelagem, você adapta aquilo que você exige do animal ao seu nível atual de desempenho. Mas, na aula de matemática, estava claro que alguns dos estudantes não tinham idéia sobre como resolver os problemas, enquanto que outros preenchiam rapidamente a folha de exercícios, sem aprender nada de novo. Na modelagem, cada resposta correta é imediatamente reforçada. Skinner havia pesquisado o atraso no reforçamento e sabia como isso dificultava o desempenho. Mas, na aula de matemática, as crianças passavam para o problema seguinte, sem saber se o anterior estava correto. Elas precisavam responder à página inteira antes de receber qualquer retorno, que, provavelmente, só viria no dia seguinte. Mas como poderia uma professora, com 20 ou 30 alunos, modelar comportamento matemático em cada um? Claramente, os professores precisavam de ajuda. Naquela tarde, Skinner construiu sua primeira máquina de ensinar.
A primeira máquina de ensinar de Skinner simplesmente apresentava os problemas aos estudantes, em ordem randômica, com retorno depois de cada um. Mas essa máquina não ensinava comportamento novo. Tudo o que fazia era aprimorar as habilidades que os alunos já haviam aprendido. Em três anos, no entanto, Skinner desenvolveu a instrução programada, na qual, através de cuidadosa seqüência, estudantes respondiam a um material dividido em pequenos passos. Os passos eram similares àquilo que um instrutor habilidoso perguntaria a um aluno, se estivesse trabalhando com um de cada vez. Eram dadas deixas para as primeiras respostas de cada seqüência, mas, tão logo o desempenho melhorasse, menos ajuda era fornecida. No final, o aluno estava fazendo algo que não conseguia no começo. Por cerca de dez anos, Skinner esteve envolvido com o projeto da instrução programada, respondendo a cada uma das milhares de cartas que chegavam de pais, escolas, empresas e indústrias. Graças a um subsídio, Skinner contratou James G. Holland que, sob sua supervisão, criou A Análise do Comportamento, para que os alunos de Skinner em Harvard pudessem utilizar no aparato mecânico (ainda não havia microcomputadores). A área da educação adotou esse novo método, mas muitos dos materiais eram mal escritos e nenhuma empresa queria desenvolver materiais para uma máquina de ensinar que corresse o risco de sair de produção. Então, a maioria das instruções programadas foi colocada sob a forma de livros. Mas o livro não mantém as contingências: alunos podem olhar as respostas antes de escrevê-las. Por volta de 1968, editoras da área de educação pararam de publicar instrução programada. Nesse mesmo ano, Skinner publicou Tecnologia do Ensino, uma coleção de seus manuscritos sobre educação. Alguns dos melhores programas da década de 60 ainda são usados e, com a chegada do computador e da internet, a máquina perfeita que faltava a Skinner agora está disponível. Ainda, instrutores estão percebendo que, como Skinner insistia, os professores devem fazer mais do que simplesmente apresentar blocos de matéria com questionários no final. A instrução efetiva requer que os aprendizes respondam a cada seqüência de informação apresentada e recebam retorno sobre seu desempenho antes de avançar para a próxima. Além disso, a seqüência de passos é crucial.
A análise de Skinner sobre como criar seqüências de passos surgiu enquanto ele estava terminando um livro no qual havia trabalhado e parado durante vinte anos. Comportamento Verbal, publicado em 1957, é uma análise sobre por que nós falamos, escrevemos e até pensamos da forma como fazemos. O livro não é fácil de ler. Foram necessários outros vintes anos para que os pesquisadores usassem as categorias de Skinner e descobrissem que as diferentes variáveis de controle que ele postulou eram, de fato, independentes. Recentemente, seu trabalho tem levado a descobertas para ensinar crianças, especialmente as autistas, a se comunicarem eficientemente.
Velhice
Uma preocupação com as implicações que a ciência do comportamento teria para a sociedade em geral direcionou Skinner para questões morais e filosóficas. Em 1969, ele publicou Contingências de Reforçamento e, dois anos depois, O Mito da Liberdade, que lhe rendeu uma série de aparições na televisão. Ainda, a falta de compreensão e a distorção de seu trabalho levaram-no a escrever Sobre o Behaviorismo (1974). Até o fim de sua vida, ele foi ativo profissionalmente. Além de seus artigos profissionais, escreveu três volumes autobiográficos: Particulars of my Life, The Shaping of a Behaviorist e a Matter of Consequences. Em 1989, ele foi diagnosticado com leucemia, mas se manteve tão ativo quanto o permitia sua crescente fraqueza. Na American Psychological Association, dez dias antes de morrer, discursou diante de uma platéia lotada. Ele finalizou o artigo do qual a palestra foi retirada em 18 de agosto de 1990, o dia em que morreu.
� Texto retirado de � HYPERLINK "http://www.bfskinner.org" ��www.bfskinner.org� , traduzido por Lílian Medeiros e revisado por Noreen C. de Aguirre e Kátia Segre para publicação neste Boletim.
� Serragem úmida, de cor verde, com fragrância de eucalipto, que é espalhada no chão de umlocal a ser varrido, para que o pó não suba e fique suspenso no ar.
� Similar a um quimógrafo.

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