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Civilizações classicas da america andina homens e deuses fazendo história

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REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 118 
 
 
 
AS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS DA AMÉRICA DO SUL: 
HOMENS E DEUSES FAZENDO A HISTÓRIA 
 
 
Antônio Carlos dos Santos PEREIRA1 
Danilo Fernandes dos SANTOS2 
Flaviano Grangeiro de MOURA3 
Juvandi de Souza SANTOS4 
 
 
 
1 Aluno graduando em Licenciatura Plena em História/ UEPB/Campus-III/Guarabira,PB. 
2 Aluno graduando em Licenciatura Plena em História/ UEPB/Campus-III/Guarabira,PB. 
3 Aluno graduando em Licenciatura Plena em História/ UEPB/Campus-III/Guarabira,PB. 
4 Prof. Orientador. 
REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 119 
AS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS DA AMÉRICA DO SUL: HOMENS E DEUSES FAZENDO A 
HISTÓRIA. 
RESUMO 
 
Muito se pode falar sobre as grandes civilizações pré-colombianas conhecidas por todos: Maia, 
Inca e Astecas. Mas, pouco se sabe sobre as bases dessas civilizações que tiveram as suas 
raízes firmadas em povos que as antecederam e contribuíram para a formação multicultural 
dessas grandes culturas aqui citadas. Além do mais, esses pequenos povos não deixaram 
nenhuma fonte escrita que relate ou ao menos demostre como eles viviam, mas, deixaram 
monumentos incríveis que fogem da lógica de nossa percepção ao falarmos do cunho artístico e 
cultural produzidos por essas civilizações. Não iremos aqui discutir os conceitos de “civilizados”, 
pois, esse termo, só iremos incorporar ao discurso americano a partir da chegada dos europeus 
ao nosso continente, onde forçaram as culturas aqui existentes a adotarem costumes 
vivenciados e redigidos pelos povos europeus a sua maneira de ser e produzir, fugindo da 
naturalidade da produção cultural que as civilizações pré-colombianas desenvolviam. Também 
não iremos discutir os conceitos de “civilizações clássicas”, pois, a produção cultural expressa 
nas artes, cerâmicas, religiosidade, e em muitos casos, a semelhança entre a cultura egípcia em 
muitos aspectos arquitetônicos e artísticos, entre outras coisas, mostra que os povos pré-
colombianos tinham capacidades de produzir uma cultura sustentável, rica e independente quão 
as culturas europeias ditas “clássicas” conhecidas por nós. Porém, para adentrarmos nos 
discursos que iremos produzir aqui, é viável destacarmos que muito ainda não se conhece sobre 
as culturas que antecederam as civilizações Maia, Inca e Asteca, mas, o pouco que podemos 
encontrar sobre elas, nos deixa claro que pouco somos perceptíveis sobre a capacidade de 
produção cultural e material desses povos. Entretanto, é relevante destacar que as informações 
abordadas aqui, expressam apenas as similaridades de ideias existentes entre os estudiosos 
dessas civilizações, onde os mesmos apresentam pontos contraditórios uns com os outros, nos 
deixando apenas, as ideias concordantes entre eles. Para isso, iremos apresentar as culturas 
Tiahuanaco, Moche ou Mochicas, Proto-Lima e Nazca de acordo com as informações por nós 
consideradas. 
PALAVRAS-CHAVE: Civilizações clássicas, Pré-colombianas e Indígenas. 
 
ABSTRACT 
The Classical Civilizations of South America: Men and gods making history. 
Much can talk about the great pre-Columbian civilizations known to all: Maya, Inca and Aztec. But 
little is known about the foundations of these civilizations that had their roots in people signed that 
preceded and contributed to the multicultural formation of these major crops mentioned here. 
Moreover, these little people do not leave any written source that report or at least prove it as 
they lived, but left incredible monuments fleeing the logic of our perception when we speak of the 
artistic and cultural imprint produced by these civilizations. We will not here discuss the concepts 
of "civilized" because this term, will only incorporate into American discourse from the Europeans 
arrived to our continent, which forced the cultures here to adopt existing experienced customs 
and drafted by the European peoples in their own way being and produce, fleeing the naturalness 
of cultural production that pre-Columbian civilizations developed. We will also not discuss the 
concepts of "classical civilizations", for cultural production expressed in the arts, ceramics, 
religiosity, and in many cases, the similarity between the Egyptian culture in many architectural 
and artistic aspects, among other things, shows that pre-Columbian people had capacity to 
produce a sustainable culture, rich and independent how said European cultures "classic" known 
to us. But for we enter the speeches that we produce here is workable stand out that much 
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Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 120 
remains unknown about the cultures that preceded the Mayan civilizations, Inca and Aztec, but 
the little we can find about them, makes it clear that some are noticeable on cultural production 
capacity and material of these people. 
However, it is worth noting that the information covered here, just express the similarities existing 
ideas among scholars of these civilizations, where they present contradictory points with each 
other, leaving us only the concordant ideas between them. For this, we will present the 
Tiahuanaco cultures, Moche or Mochica, Proto-Lima and Nazca according to the information we 
considered. 
KEYWORDS: Classical Civilizations, Pre-Colombian and Indigenous 
 
 
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Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 121 
TIAHUANACO VIVE ENTRE SUAS RUÍNAS 
 
A margem do lago Titicaca se desenvolveu uma das mais belas e grandes culturas da 
região andina, a Tiahuanaco. Essa cultura era altamente desenvolvida, tanto em seus contextos 
culturais, quanto arquitetônico; são donos de cerâmicas bem trabalhas, além de contarem com 
uma organização social bastante estratificada, o que nos mostra seu elevado grau de 
aperfeiçoamento. Devido a esses grandes feitos ela foi denominada de “cultura clássica”5. 
Há muitas controvérsias entorno de como se formou tal civilização. Algumas das 
possíveis explicações são, para nós, de cunho fantasioso, como as dos extraterrestres que 
vieram colonizar a região e a lenda de que o deus Viracocha a teria fundado como mostra 
PEREGALLI (1987. p.56): “(...) Tiahuanaco existia antes do dia em que Viracocha criara as 
estrelas para livrar o mundo da escuridão”. Assim como as demais culturas desenvolvidas 
criaram seus mitos de origem. 
Todavia, com o desenvolvimento das escavações arqueológicas, foram sendo 
apontadas novas explicações e teorias com base científica, porém não conseguiram, ainda, 
explicar sua origem. As primeiras escavações foram feitas pelo Arqueólogo Wendell C. Bennett, 
cuja escavação foi nomeada de Estela de Bennett. Essas escavações revelaram grandes 
construções as quais os tempos haviam soterrado. 
A cultura Tiahuanaco é dona de construções de vários edifícios os quais eram 
trabalhados em pedra, ou seja, eles eram especialistas em construções líticas. Entre as ruínas 
deixadas por eles, podemos encontrar ao longo de todo campo, pedras esculpidas em formas 
antropomórficas. Construíram templos, alguns subterrâneos, os quais eram destinados a 
cerimônias ritualísticas, além da escultura dedicada aos seus deuses, o principal deles era 
Viracocha. A ruína mais importante deixada por esta civilização é a pirâmide truncada revestida 
com barro e possivelmente pintada, existindo semelhança com a Pirâmide do Sol dos Astecas, 
com o corpo principal, virado para o oeste. Construíram também a famosa Porta do Sol que 
mede 4 metros de largura e pesa 12 toneladas, foi esculpida em um único bloco, e em seu topo 
são representadasas imagens do deus Viracocha, 48 efígies, 32 faces humanas e 16 cabeças 
de condor. 
Tiahuanaco, como exposto, foi portadora de uma das mais desenvolvidas culturas, a 
qual dominou e criou vários mecanismos para se adaptar a sua região, conseguindo assim criar 
 
5 De forma geral discordamos em denominar certo grupo cultural como Clássico, pois, ao fazermos isso estamos 
afirmando que estes foram desenvolvidos e os que não são colocados nesse patamar são atrasados e nada 
legaram para a humanidade, o que não é certo, pois pouco ou muito um grupo humano contribui com traços 
culturais para o desenvolvimento geral da humanidade. 
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melhores condições para que a sua população pudesse ter melhores condições de 
sobrevivência, principalmente com relação aos alimentos. 
Tiahuanaco formou um Estado. Sua sociedade já era estratificada, ou seja, já existia 
uma divisão dentro dela, implicando no surgimento de um governo teocrático. Uma das maneiras 
de distinguir os nobres era pelo formato da cabeça, onde era alongada a caixa craniana da 
criança assim que elas nasciam, muito parecido com a cultura egípcia. Sua principal fonte de 
economia pode ser atribuída à agricultura, pois através do excedente desenvolveram o comércio 
proporcionando contatos com outras culturas. Eles também criavam lhamas e plantavam o milho. 
Ao Estado eram pagos os impostos os quais financiavam as grandes construções. 
Portanto, era inevitável o crescimento demográfico da população Tiahuanaco, pois como 
exposto, a condição para uma melhor subsistência estava dada, ocorrendo o crescimento 
populacional ocasionando sua expansão, o que levou a conflitos com outros povos, pois havia a 
necessidade de conquistas de territórios. Porém, como exposto por PEREGALLI (1987. p.56) os 
conflitos “(...) não significou a imposição de sua cultura, mas uma convivência com outras 
culturas. ” 
Portanto, a cultura Tiahuanaco, considerada clássica, deixou vestígios que mostram o 
quanto grandioso e inteligente foi essa civilização. De pequenas esculturas a grandes 
construções líticas a organizaram o “Estado” e uma sociedade estratificada. Não é de admirar 
que suas ruínas, já no primeiro contato com os espanhóis, tenham gerado tanta admiração, pois, 
ali existia uma civilização muito maior do que alguns Estados europeus da época. 
Percebemos também que as grandes construções e desenvolvimentos culturais na 
América Andina não podem ser atribuídos apenas ao império Inca, antes mesmo dessa cultura, 
existiram outras que contribuíram para seu desenvolvimento frente ao continente. Por isso, 
Tiahuanaco é considerada uma cultura clássica e muito significativa para a história da América. 
 
MOCHICAS: UMA HISTÓRIA CONTADA ATRAVÉS DA ARTE 
 
Os Mochicas eram povos que habitaram a região andina, onde tinham centros 
localizados no vale de Moche, Vicus e Chicamba, no Norte do Peru, por volta do século I ao VIII 
da era cristã, passando a dominar essa região por cerca de 500 anos, vivenciando o seu declínio 
aproximadamente entre o século VI e VII, onde os pesquisadores não encontraram ainda razões 
claras sobre esse evento. 
Os Mochicas eram ousados, possuíam uma cultura rica na fabricação de peças de 
cerâmica de cunho religioso, onde, as mesmas, representavam a prática sexual em rituais e 
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cerimônias religiosas, voltada ao contato direto entre vivos e mortos, dando-nos uma breve ideia 
de que o prazer era tido como uma forma de ligação entre o plano material e o espiritual. Porém, 
essa cerâmica também servia para representar momentos importantes e/ou íntimos de natureza 
humana, como o parto e/ou relações sexuais entre duas pessoas, mostrando que esses povos 
davam certa importância ao prazer sexual, além de atribuir a ele, caracteres religiosos e 
sobrenaturais. 
Os povos Mochicas são tidos como a primeira civilização pré-colombiana a compor 
uma sociedade estatal 14 séculos antes do Império Inca. Isso mostra que esse povo tinha uma 
solidez econômica voltada para a agricultura de irrigação, cultivo das mais diversas plantas, 
cereais e raízes como a batata, o feijão, o milho etc., além de desenvolverem a domesticação da 
lhama e o seu pastoreio, utilizados por outros povos da região andina. 
Esses povos tinham um poder centralizado representado por uma nobreza guerreira, 
que será aprimorada pelos Incas séculos depois. Essa classe guerreira comandava uma outra 
classe majoritariamente composta por camponeses, formando assim, o corpo social dessa 
civilização. Tinham características de uma sociedade patriarcal, onde as mulheres 
desempenhavam um papel inferior ao do homem, cabendo a elas cuidarem dos afazeres 
domésticos e as profissões eram exercidas por pessoas que se dedicavam à medicina, ao 
sacerdócio, entre outras, e eram isentas de trabalharem na agricultura. 
Muitos estudiosos ainda defendem que existiam classes aristocratas que eram 
representadas em vasos-efigie, que traziam imagens de ornamentos, ofícios e símbolos 
utilizados por essas classes, além do que, cada classe ou ofício, eram identificados por imagens 
de animais, centopeias, aves, libélulas, jaguar etc., que representavam um determinado grupo 
social e/ou seus respectivos ofícios exercidos por ele. A exemplo da raposa, que representava 
os sábios, os jaguares representavam os homens de autoridade, e outros animais ou insetos 
para representar os mensageiros. 
Os Mochicas também foram responsáveis por grandes obras arquitetônicas que se 
assemelham em muito à grandes construções das “ditas” culturas clássicas da antiguidade 
ocidental, como a Grécia Antiga e a Egípcia, que para Peregalli (1950, p. 48) “Entre o rio Moche 
e o Serro Branco se localiza o conjunto arquitetônico mais representativo da cultura Mochica” 
que são as Huanca do Sol e da Lua. ” Que mostra a grandiosidade e audácia desse povo em 
construir através do barro, monumentos tão graciosos e ricos como esses. Para se ter uma ideia 
da dimensão de algumas obras arquitetônicas, elaborada pelos mochicas, Peregalli irá nos 
apresentar os dois templos Mochicasda seguinte maneira: 
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Trata-se da Huanca do Sol e da Huanca da Lua. A primeira é uma plataforma de 228 m de 
comprimento e 18 m de altura. Sobre ela se levanta a pirâmide propriamente dita, de 103 m de lado 
por 23 de altura, igualmente escalonada como base. (...) A Huanca da Lua consta de uma plataforma 
de 80 m de lado por 60 de altura, e uma pirâmide de 21 m, construída de barro e não de pedra 
(PEREGALLI, 1950. p. 48). 
 
Também iremos ver que não foi só nos templos que a cultura Moche produziu obras 
tão significativas, ainda em Peregalli (1950, p. 48), observamos que existem obras tão 
magníficas que resistem à ação do tempo pela tamanha tecnologia desenvolvida com o barro 
pelos Mochicas, quando ele diz: “Esta é uma característica fundamental da arte Mochica: a 
utilização do barro, tanto nas construções como no artesanato, que reproduzia fielmente o meio 
ambiente que os rodeia...” e conclui dizendo “ (...) Ainda resistem ao tempo o aqueduto do Vale 
Chicana, que atravessa uma quebrada de 1.400 m e um canal de 120 Km de comprimento”. 
Assim percebemos que se os egípcios construíram suas graciosas pirâmides com pedras 
gigantescas e já utilizavam o cimento, isso não quer dizer que os povos andinos pré-
colombianos não tinham as suas próprias tecnologias para desenvolver a sua arquitetura, enem 
muito menos, podem ser taxados como inferiores a essas “culturas clássicas do mundo antigo” 
quando comparadas a elas. 
Na religião, essa civilização tinha rituais de sacrifícios que para controlar as fúrias dos 
deuses, eram sacrificados guerreiros Jovens e fortes, como demonstração de lealdade, ou eram 
sacrificados escravos capturados em guerras, como forma de agradecimento pela batalha 
vencida contra outros povos. A religião apresentava características dualista, onde os deuses 
mitológicos cultuados por esses povos eram: o El Degollador ou Ai-Apaec, o deus supremo, 
onde esse era responsável por manter a harmonia e a paz do mundo material e o Puma, onde 
esse deus era responsável por causar a desordem no mundo. Para os Mochicas, o equilíbrio do 
mundo material se deve a luta desses dois deuses, onde eram sacrificados jovens guerreiros em 
oferenda a Ai-Apaec como agradecimento. 
Outro aspecto interessante sobre os Mochicas é que eles estavam divididos em dois 
grupos independentes, mas que compartilhavam as tradições e similaridades políticas, fúnebres, 
artísticas e rituais entre si, que eram os Mochicas do Norte, que se limitavam a sua área 
tradicional, localizado-se entre os Vales de Mocho e Chicama, e os Mochicas do Sul, que 
empreenderam uma política de expansionismo em direção ao sul dos vales de Lambayeque e 
Jequetepeque, na costa norte peruano. 
O fim da civilização Mochica ainda é um grande mistério para os pesquisadores. Uma 
das dificuldades encontradas por eles é a falta de fontes escritas, já que os Mochicas não 
exerciam nenhum tipo de escrita, até mesmo, as informações que temos sobre esses povos são 
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as que foram expressas nas cerâmicas, permitindo adentrar um pouco na vastidão dessa cultura, 
ou os dados que foram repassados ao longo dos tempos por via oral, forma de preservar a 
memória e os costumes de civilizações como essa. 
O arqueólogo Steve Bourget, no ano de 1955, ao analisar os milhares de ossos 
encontrados na Huanca da Lua, e após observar os glaciares das montanhas andinas, levantou 
a hipótese de que uma das possíveis causas e explicações que podemos ter sobre o 
desaparecimento dos povos Mochicas é que por volta do ano de 560 a 650, a costa norte do 
Peru sofreu com a ação do fenômeno natural, hoje conhecido como o El Niño. Para ele, esse 
fenômeno superaqueceu as águas do mar do oceano Pacifico de tal maneira que chegou a 
derreter os glaciares das montanhas andinas, causando grandes cheias nos rios e nas regiões 
onde estavam habitados esses povos. Em consequência disso, o impacto climático e ambiental 
acabou gerando danos gravíssimos para a agricultura e para os povos das regiões atingidas 
pelas cheias, causando uma série de problemas, como epidemias, fome e outros fatores, 
culminado na extinção dessa formidável cultura humana. 
 
 
CIVILIZAÇÃO PROTO-LIMA: AS PINTURAS DE UMA HISTÓRIA AINDA NÃO 
CONTADA 
 
A cultura Proto-Lima era uma cultura pré-incaica que se desenvolveu na costa central 
do que hoje é a América do Sul, entre os anos 100 e 650 da era cristã*. A cultura Proto-Lima é 
contemporâneo com a cultura Moche, Nazca, Recuay. Essa civilização se destaca por sua 
cerâmica colorida e representações esculturais de seres entrelaçada de cobras e peixes, e, 
também, por seus edifícios feitos de pequenos tijolos confeccionados à mão e sua cerâmica 
policromada bem decorado com imagens geométricas. 
Essa cultura é mais conhecida como Cultura Lima, como diz o Arqueólogo Alemão Max 
Uhle. Cujo trabalho no Peru, Chile, Equador e Bolívia no final do século XIX e início do século 
XX, teve um impacto significativo sobre a prática da Arqueologia da América do Sul. 
 
Max Uhle (1856 – 1944) nomeou Proto Lima para cerâmica (pré-Tiwanaku), mais antigo encontrado 
no vale do rio Rimac [...]. Em 1963, Thomas Patterson [professor do Departamento de Antropologia 
UCR] propôs os termos de Miramar para a primeira fase e Lima para a segunda.6 
 
 
6 (Monografias.com/Arte e culturas. Disponível em http://www.monografias.com/trabajos98/cultura-lima/cultura-
lima.shtml, acesso em: 11 de junho de 2015.) 
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Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 126 
Em sua localização geográfica a cultura Lima ocupou a área do departamento atual de 
Lima (uma das 25 regiões que compõem o Peru), entre o deserto costeiro, as encostas e vales 
andinos. A adaptação e gestão do ambiente geográfico permitiu a construção de aldeias e 
centros urbanos cerimoniais. 
Sua arquitetura caracterizava-se pelas grandes pirâmides com praças e áreas 
residenciais adjacentes, acessíveis em seus cumes, por estradas ladeadas, por muros e rampas. 
A arquitetura monumental da cultura Lima utiliza duas técnicas recorrentes: Uma é o uso da 
lama, ou seja, paredes feitas de tijolos de barro. A segunda é o uso de pequenos tijolos 
de barro em forma de paralelepípedo, que substituiu o adobe. Muitas vezes, esses tijolos estão 
dispostos no interior da parede vertical, como livros em uma prateleira. Esta técnica não 
sobreviveu após o final da cultura Lima. 
O estilo de cerâmica da cultura Lima é caracterizada por figuras em forma de peixe ou 
serpentes entrelaçadas em conjunto, com algumas figuras geométricas de linhas e pontos, daí o 
nome de ‘intertravamento ‘que traduzido do Inglês significa "entrelaçado". Segundo os 
arqueólogos, as cerâmicas Lima são finas e agradáveis, mas também, encontraram grandes 
potes, com polpa espessa e aparência grosseira. Os finos vasos esféricos são encontrados 
ollitas, vasos cilíndricos, vasos e copos semelhantes a cálices, pratos e tigelas de cobertura 
suave, embarcações mamiformes ou em forma de tartaruga. 
Outro estilo de cerâmica é o Maranga, que apresenta uma utilização mais frequente de 
modelagem. Seu último estágio é tradicionalmente conhecido como estilo Nievería, e sob a 
influência Moche e Huari. Destaca o uso de argila de dimensões e condições muito finas e 
excelente acabamento superficial. Na sua decoração é caracterizada por frisos, peixes 
entrelaçados, linhas de interseção, triângulos, círculos e pontos brancos. Usaram como cores 
principais o vermelho, branco, preto e cinza (tetracolor) em um fundo de deslizamento laranja, 
magro, lustroso e brilhante. 
Na economia da cultura Lima destaca-se a pesca, a agricultura e o comercio. Por ser 
uma cultura costeira a pesca era uma atividade chave. O estranho é que, além de espécies de 
pesca artesanal (cavala, corvina, palma, pavão do mar etc.) também foram encontrados peixes 
que estão disponíveis apenas nas escalas que são de 100 a 200 m de profundidade. O que 
causou grande curiosidade aos pesquisadores. Na agricultura se tornaram muito ativos. Eles 
tornaram as terras áridas, agrícolas, através de uma rede de canais e aquedutos, alguns dos 
quais ainda estão em uso. Durante seu auge a Cultura Lima tornou-se um grande centro 
comercial. Seus vales ligados a locais estratégicos nas montanhas, com cujos habitantes 
trocavam os seus produtos 
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Com o fim da Cultura Lima, segundo os arqueólogos que escavaram densamente 
vários edifícios, indicam que foram abandonados durante o século oitavo e que as suas 
possíveis causas foram catástrofes naturais que dificultaram a sobrevivência desse povo. No 
entanto, os restos indicam que foi um fechamento organizado de espaços públicos com pleno 
respeito de regras precisas. Pátios e outras estruturas no topo das pirâmides foram enterradoscom preenchimentos intencionais. As entradas foram seladas com paredes de pedra e adobe, 
argila ou blocos de pedra, deixando no ar um grande mistério para ser desvendado: os reais 
motivos do desaparecimento de esplêndida cultura. 
 
CIVILIZAÇÃO NAZCA: AS LINHAS ALÉM DO TEMPO 
 
 A civilização Nazca se desenvolveu no litoral sul do atual Peru e sua cultura foi 
prevalecente em torno da cidade de Cahuachi, considerado centro religioso e político. Os Nazca 
foram grandes matemáticos e arquitetos, construíram pirâmides e grandes templos religiosos. 
A sociedade Nazca era teocrática (governada pelo poder religioso). Era dividida em 
vales onde existiam muitos assentamentos. Cada aldeia tinha a sua própria autoridade que 
geralmente era um sacerdote. O Nazca elite vivia em construções piramidais, feito de paredes de 
adobe e coberta com uma camada de gesso ou cal para fechar as rachaduras. As pessoas que 
viviam na periferia da cidade, suas casas eram construídas com troncos de algarroba que 
formavam as paredes. A sociedade Nazca foi centralizada principalmente por sacerdotes, eles 
tinham o poder de organizar o trabalho da comunidade e dirigir as atividades religiosas 
cerimoniais. 
Sua economia era baseada na agricultura intensiva, praticada nos vales estreitos dos 
afluentes do Rio Grande de Nazca e o vale de Ica. Os habitantes Nazca construíram poços 
profundos ligados por uma rede de aquedutos subterrâneos. Os habitantes de Nazca também 
eram pescadores qualificados; com a pesca eles encontraram uma grande oferta de 
alimentos. Na agricultura praticada em Nasca evidencia-se o milho, feijão, abóbora, mandioca, 
amendoim, pimenta ou aji, goiaba, iúcuma, pacay e algodão. O comércio de Nasca teve uma 
importância fundamental, pois podiam muito bem atender às necessidades da população 
afetada, muitas vezes, pela longa estiagem. Os comerciantes de Nazca mantiveram contato 
constante com os comerciantes de cultura Huarpa, trocando produtos como batatas e lã em 
troca de peixe e algodão. 
Os Nazca desenvolveram variados objetos de cerâmica, artigos de ouro e tecidos de 
algodão. A cultura Nazca é caracterizada pela qualidade dos seus artigos, as representações 
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complexas pintadas em suas superfícies antes de ser cozido e as cores de seus objetos, são 
peças que têm seis ou sete cores e cerca de 190 tons diferentes. O mais típico dos vasos é a 
garrafa roast-ponte com dois aterros, mas panelas esféricas também foram produzidos, copos e 
vasos cerimoniais. A principal característica da cerâmica Nazca é o "abomina o vácuo", ou seja, 
que a Nazca não deixou nenhuma das suas cerâmicas algum espaço sem pintura ou sem 
decorar. 
Contudo, os gigantescos desenhos de animais, plantas e formas geométricas 
construídos com pedras representam um dos mais importantes e ainda intrigantes feitos 
realizados pelos Nazca. Pela sua proporcionalidade, o conjunto de obras Nazca somente pode 
ser visto do alto do céu. 
 
As linhas de Nazca são geóglifos e linhas direitas no deserto Peruviano. Foram feitas pelo povo 
Nazca, entre 200 a.C. e 600 d.C. ao longo de rios que desciam dos Andes. O deserto estende-se por 
mais de 1.400 milhas ao longo do Oceano Pacifico. A área de Nazca onde se encontram os 
desenhos é conhecida pelo nome de Pampa Colorada. Tem 15 milhas de largura e corre ao longo de 
37 milhas paralela aos Andes e ao mar. As pedras vermelhas escuras e o solo foram limpas, 
expondo o subsolo mais claro, criando as "linhas". Não existe areia neste deserto. Do ar, as "linhas" 
incluem não só linhas e formas geométricas, mas também representações de animais e plantas 
estilizadas. Algumas, incluindo imagens de humanos, estendem-se pelas colinas nos limites do 
deserto. 7 
 
Alguns“cientistas” acreditam que estas enormes linhas não poderiam ter sido feitas por 
homens, mas seres extraterrestres, a verdade é que, com um grande número de pessoas e um 
período mais longo de tempo teria sido possível sim, construir estas linhas. Algumas 
interpretações sugerem que eles foram criados pelos deuses ou extraterrestres, enquanto outros 
sugerem que eles eram uma espécie de calendário com alinhamentos astronômicos que 
ajudaram no plantio e colheita de culturas. Outros postularam que a finalidade das linhas de 
Nazca foi apenas como um caminho para a procissão cerimonial, ou seja, é possível que tinha 
uma função ritual relacionado com o ciclo da água em uma região desértica. 
As linhas de Nazca têm sido estudadas por especialistas de várias ciências, como 
antropólogos, arqueólogos e astrônomos, mas não encontraram evidências para apoiar qualquer 
dessas hipóteses, e sendo pouco provável que possamos saber o verdadeiro propósito dos 
geóglifos. A teoria mais recente propõe que os geoglifos podem ter servido como uma forma 
ritual: os fiéis andavam ao longo da rota, a viagem em si é uma forma de oração. 
Consequentemente, por motivos não esclarecidos, a população Nazca abandonou a cidade de 
Cahuachi e construiu outras cidades em diferentes regiões do atual Peru. 
 
7Povos da Antiga América. Disponível em: http://povosdaantigaamerica.blogspot.com.br/2013/01/civilizacao-
nazca.html Acesso em: 11 de junho de 2015 
REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 
 
Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 10 – Agosto de 2015 129 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Como vimos, esses povos aqui apresentados possuíam suas próprias tecnologias e 
formas para desenvolver e ampliar as suas culturas. É lamentável conhecermos tão pouco sobre 
eles, e principalmente, quando falamos das civilizações pré-colombianas, nos limitarmos apenas 
a falar das mais conhecidas por nós, como aqui já citadas. 
Entretanto, as novas descobertas arqueológicas nos mostram que não há limites para 
medirmos o tamanho da importância dessas pequenas, ou até mesmo, grandes civilizações, 
para o desenvolvimento de outras culturas posteriores a elas, como no caso aqui, a cultura Inca, 
que encontrará nessas culturas, a composição ideal para aprimorar e enriquecer o seu Império. 
Por fim, compreender que antes dos europeus chegarem a América,os povos aqui 
existentes já tinham em suas raízes as sementes do desenvolvimento cultural e artístico, nos 
convida a refletir mais sobre o que poderemos encontrar no futuro e as riquezas que nos 
aguardam com os avanços da tecnologia moderna, sobre esses povos. 
Mas, vale lembrar que, como o tempo não está em nossas mãos e que cada povo vive 
de acordo com os períodos que a “mãe natureza” determina, talvez o desconhecimento 
proporcional sobre esses povos, seja de grande beleza e que os mistérios que cobrem as 
histórias dessas civilizações, continuem a alimentar a nossa imaginação e curiosidade por muito 
tempo. 
 
REFERÊNCIAS 
 
Brasilescola.com/povos pré-colombianos. Disponível em: http://www.brasilescola.com/historia-da-america/mochicas-
politica-religiao.htm. Acesso em: 11 de Junho de 2015. 
Culturamundial.com/ Cultura Mochica. Disponível em: http://www.culturamundial.com/2010/05/cultura-mochica.html. 
Acesso em: 10 de junho de 2015. 
Monografias.com/Arte e culturas. Disponível em: http://www.monografias.com/trabajos98/cultura-lima/cultura-
lima.shtml. Acesso em: 11 de junho de 2015. 
PEREGALLI, Enrique. A América que os europeus encontraram. 3. ed. campina, SP: Editora da Universidade 
Estadual de Campinas, 1987. 
Portal R7.com/ Mundo Educação. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/historia-america/civilizacao-
nasca.htm. Acesso em: 11 de junho de 2015. 
Povos da Antiga América. Disponível em: http://povosdaantigaamerica.blogspot.com.br/2013/01/civilizacao-
nazca.html. Acesso em:11 de junho de 2015. 
 A América Pré-Colombiana. In: Revista Grande História Universal. Rio de Janeiro: Bloch editores. 1973. pp. 305-
321. 
Turmadahistória.Blogspot.com.br. Disponível em: http://turmadahistoria.blogspot.com.br/2011/06/cultura-
mochica.html. Acesso em: 11 e 12 de junho de 2015.

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