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Apostila Gênese e Classificação do solo

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1 
 
 
 
GÊNESE E CLASSIFICAÇÃO DO SOLO 
 
 
 Conteúdo: 
Litosfera 
Rochas magmáticas, sedimentares e 
 metamórficas 
 Intemperismo de Rochas 
 Minerais Primários 
Minerais Secundários: Argilominerais e óxidos 
Fatores de Formação do Solo 
Processos de Gerais e específicos de formação do solo 
Atributos diagnósticos 
Horizontes Diagnósticos 
 
 
 
Rio do Sul, 2015 
 
 
 2 
CAPÍTUL0 01 
A LITOSFERA 
Denomina-se litosfera a parte externa consolidada do Planeta Terra, também denominada de 
Crosta Terrestre. Nas regiões continentais é formada basicamente por duas zonas, uma superior, 
denominada SIAL, onde predominam rochas ricas em silício e alumínio, como o granito, e uma 
inferior denominada SIMA, onde predominam rochas ricas em silicatos de magnésio e ferro, como o 
basalto. Na figura 01, é mostrada uma representação esquemática das principais camadas que compõe o 
Globo Terrestre: 
Figura 01: Características e constituição do Globo Terrestre. 
 
A espessura da litosfera (SIAL + SIMA) varia, nos continentes, de 35 a 50 km. Vários indícios 
levam a crer que grande parte do substrato dos oceanos seja constituído basicamente pelo SIMA, ou 
seja, por rochas de constituição semelhante à do basalto. Abaixo da litosfera ocorrem outras camadas 
mais espessas, como o manto e o núcleo, cujos constituintes são mantidos a temperaturas muito 
elevadas e onde predominam elementos mais pesados. Há um aumento da temperatura e da densidade 
da crosta em direção ao núcleo, cuja constituição pressuposta é de níquel e ferro (NIFE). 
No manto superior, entre as profundidades de 50 a 250 km, situa-se uma região muito quente, 
em que as rochas se encontram próximo ao estado de fusão. Esta zona constitui a fonte dos magmas 
(rochas fundidas móveis), que penetram na crosta terrestre através de intrusões ou fendas, ou 
derramam-se sobre a superfície através dos fenômenos de vulcanismo. 
A composição química estimada para a parte superior da litosfera, abrangendo cerca de 10 a 15 
km superficiais da crosta terrestre, consta do quadro 01. Estes dados, é óbvio, representam valores 
médios dos elementos presentes nos diversos grupos de rochas. 
 
 3 
 
QUADRO 01. Composição média estimada dos elementos da parte superior da Litosfera 
 . 
ELEMENTO ABUNDÂNCIA 
 ppm % 
 O 465000 45,60 
 Si 273000 27,30 
 Al 83600 8,36 
 Fe 62200 6,22 
 Ca 46600 4,66 
 Mg 27640 2,76 
 Na 22700 2,27 
 K 18400 1,84 
 99,01% 
 Ti 6330 0,63 
 H 1520 0,15 
 P 1120 0,11 
 Mn 1060 0,10 
 100 % 
F, Ba, Sr, S, 
C, Zr, V, Cl, Cr 
 100 - 550 
 
ELEMENTO ABUNDÂNCIA 
 ppm % 
Ni, Rh, Zn, Nd, La, Y, Co, Cu 
Sc, Nb, N, Ga, Li, Pb 10 – 100 
Pr, B, Th, Sm, Gd, Hf, Br, U, Mo, 
Sn, Be, As, Ho 1 – 10 
Hg, An 0,1 
FONTE: Fortescue, 1980. 
Os elementos assinalados em negrito são considerados essenciais as plantas. 
 
Observa-se que 08 elementos ( O, Si, Al, Fe, Ca, Mg, Na, K ) constituem aproximadamente 
99% da litosfera, sendo, portanto os constituintes mais comuns nos minerais formadores das rochas. 
Outro dado importante é de que de todos os elementos considerados essenciais às plantas ( C, H, O, N, 
P, K, Ca, Mg, S - Macronutrientes, e o B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo, Zn - Micronutrientes, mais o Co que é 
essencial na simbiose Rhizobium-leguminosas), a maioria deles provém da intemperização das rochas. 
Apenas o C, H, e o O são incorporados às plantas através do CO2 e da água, e o N que é incorporado ao 
solo principalmente através da fixação biológica. 
 4 
É evidente que a concentração e distribuição dos elementos nas rochas varia enormemente 
conforme o tipo de rocha considerada. Assim, uma rocha calcária conterá um alto conteúdo de cálcio e 
magnésio. Um arenito conterá alto conteúdo de silício e muito baixa proporção dos demais elementos. 
A crosta terrestre é constituída de diferentes tipos de rochas, as quais, segundo sua origem, 
diferenciam-se em três grupos fundamentais: as rochas magmáticas, as metamórficas e as 
sedimentares. 
As rochas de origem magmática e metamórfica constituem cerca de 95% do volume total da 
crosta, porém ocupam apenas 25% da sua superfície, enquanto que as sedimentares ocupam em volume 
apenas 5%, porém cobrem aproximadamente 75% da superfície da Terra. 
 
ROCHAS MAGMÁTICAS OU ÍGNEAS 
Originam-se da consolidação ou solidificação do magma e por isso são consideradas de origem 
primária. Delas derivam-se por vários processos as rochas sedimentares e as metamórficas. 
Na medida em que o magma vai se resfriando, alguns elementos se unem para formar cristais. 
Os primeiros minerais que sofrem cristalização são a OLIVINA e a ANORTITA, por exemplo, e 
conforme a temperatura vai baixando outros minerais vão sendo cristalizados. Estes minerais 
inicialmente ficam nadando na massa viscosa do magma até que a temperatura fique suficientemente 
baixa para que todos os minerais se formem. Um dos últimos minerais a cristalizar é o quartzo, que 
normalmente preenche os interstícios (espaços) existentes entre os demais minerais já cristalizados. 
Quanto maior for o tempo de resfriamento do magma, maior é a possibilidade de se formarem cristais 
grandes. Quando o resfriamento é rápido, não há tempo suficiente para ocorrer a polimerização (união) 
de vários elementos, e por isso formam-se cristais muito pequenos. 
Quando o magma não extravasa à superfície, consolidando-se no interior da crosta, a alguns 
quilômetros de profundidade, forma as rochas magmáticas INTRUSIVAS, PLUTÔNICAS ou 
ABISSAIS, cujos exemplos mais comuns são o granito (ácida) e o gabro (básica); neste caso o 
resfriamento do magma ocorrerá lentamente, havendo tempo para o desenvolvimento de cristais 
maiores e bem definidos, formando uma textura fanerítica, (ou macrocristalina) geralmente 
equigranular. O melhor exemplo de rochas formado por este processo é o granito, no qual podem ser 
observados a olho nú os cristais grandes de quartzo, feldspato, mica (claros) e anfibólio (escuro). 
Em outras circunstâncias o magma pode extravasar à superfície, através de fendas ou pela 
cratera de vulcões, formando as rochas magmáticas EXTRUSIVAS, VULCÂNICAS ou EFUSIVAS, 
cujos exemplos mais comuns são o riolito (ácida) e o basalto (básica); neste caso, como o magma, 
inicialmente mantido a altas pressões e temperaturas entra em contato brusco com um ambiente de 
temperaturas bem mais baixas (a atmosfera), o resfriamento do magma ocorrerá rapidamente, não 
havendo tempo para formação de cristais bem definidos, formando-se uma textura afanítica ou 
microcristalina, onde os cristais não são macroscopicamente visíveis. Quando o resfriamento é muito 
rápido, os cristais são tão pequenos que se forma uma textura vítrea. Por vezes, pode-se observar 
alguns cristais esparsos numa massa afanítica, que representam o início da cristalização de alguns 
minerais que não se desenvolveram totalmente pela rápida consolidação do magma. No interior de 
câmaras magmáticas mais superficiais, pode ocorrer a formação de cristais grandes, bem definidos, 
denominados fenocristais, e neste caso quando o magma extravasa à superfície solidifica-se 
rapidamente, ficando os fenocristais bastante realçados na massa vítrea. Denomina-se porfirítica a 
textura resultante deste processo (exemplo: riolito pórfiro). 
Um grupo intermediário entre as rochas extrusivas e intrusivas é representado pelas rochas 
magmáticas HIPAABISSAIS. Neste caso o magma solidifica-se próximo a superfície, mas sem 
 5 
extravasar sobre a mesma. A cristalização neste caso é igualmente rápida, e formam-segeralmente 
rochas com textura microcristalina, tais como o diabásio. Estas rochas normalmente ocorrem como 
“intrusões” ou “veios” no interior das outras rochas já solidificadas. Quando essas intrusões ocorrem de 
forma perpendicular à superfície recebe a denominação de diques e quando são paralelas à mesma são 
chamadas de sills. Nas imediações de Camboriú e no interior da Ilha de Santa Catarina são muito 
comuns os diques de diabásio( rocha escura ) no interior de fendas no granito ou no gnaisse (rochas 
claras). 
 
COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DAS ROCHAS MAGMÁTICAS 
Apesar da grande diversidade de minerais que compõem as rochas, são poucos aqueles que 
realmente tomam parte essencial das mesmas. São chamados de minerais essenciais aqueles que 
ocorrem em maior proporção nas rochas, e de minerais acessórios aqueles que ocorrem em pequena 
quantidade. Os principais minerais essenciais das rochas são os feldspatos, quartzo, piroxênios, 
anfibólios, olivinas e as micas, sendo que a proporção em que ocorrem nas rochas, permite, auxiliado 
por um conjunto de outras características, classificá-las. Os termos leucocrático, melanocrático e 
mesocrático são utilizados para designar a proporção entre os diversos grupos de minerais presentes na 
rocha. 
Denomina-se leucocrática um rocha na qual predominam minerais de coloração clara, como os 
feldspatos, quartzo e muscovita (gr. leukos = branco); tem-se como exemplo o granito e riolito. Chama-
se melanocrática (gr. melanos = preto) quando predominam minerais escuros (mais de 60%) como os 
anfibólios, piroxênios e biotita; têm-se como exemplo o basalto, o diabásio e gabro. O termo 
mesocrático é utilizado para designar rochas intermediárias entre as duas anteriores, com cerca de 30 a 
60% de minerais escuros. 
 
COMPOSIÇÃO QUÍMICA DAS ROCHAS MAGMÁTICAS 
A composição química das rochas é dada pela proporção entre os diversos elementos que 
compõe as mesmas, geralmente expressos na forma de óxidos (SiO2, Al2O3, CaO, MgO, etc). Uma 
classificação comum das rochas magmáticas é baseada nos teores de SiO2. 
Diz-se que uma rocha é ÁCIDA quando os teores de SiO2 são superiores a 65%, 
INTERMEDIÁRIA quando entre 52 e 65%, BÁSICA quando entre 45 e 52% e ULTRABÁSICA 
quando os teores são inferiores a 45%. Estes termos nada tem a ver com a concentração de íons H
+
. 
Porém são de uso clássico em Petrologia (ciência que estuda as rochas). 
Os termos ácidas, básica, etc., embora não indiquem características de acidez ou alcalinidade 
das rochas, são normalmente um indicativo da sua riqueza química em minerais essenciais que 
contenham elementos básicos, como Ca, Mg, Na, K e Fe. Quanto maior for o conteúdo destes, maior é 
a possibilidade de se formarem solos quimicamente férteis, com pH alto. 
O raciocínio para este entendimento é o seguinte: quanto maior for a proporção de sílica, 
expressa como SiO2, menor será a proporção dos demais óxidos, tais como FeO, MgO, CaO, K2O, etc.; 
portanto, quanto mais sílica, mais ácida será a rocha, sua coloração será mais clara, devido a menor 
quantidade de minerais ricos em ferro, e também menor será sua riqueza em minerais que contêm Ca e 
Mg. Tais rochas, que podem ser exemplificadas pelo granito e pelo riolito, darão origem quase que 
invariavelmente a solos pobres. Já as rochas pobres em SiO2, como o basalto, o diabásio, o gabro, tem 
mais Fe e por isso são mais escuras, sendo igualmente mais ricas em minerais que contêm Ca e Mg. 
Neste caso podem dar origem a solos muito férteis. 
 6 
Com base na mineralogia e na composição química, expõe-se, de maneira sucinta, os principais 
tipos de rochas magmáticas e suas características no Quadro 2. 
 
QUADRO 2. Principais tipos de rochas magmáticas 
 
 ÁCIDAS INTERMED. BÁSICAS ULTRABÁSICA 
SiO2 > 65% SiO2 52-65% SiO2 45-52% SiO2 < 45% 
MINERAL 
ESSENCIAL 
Ortoclásio, Quartzo, 
Plagioclásio Sódico, 
Mica. 
 
LEUCOCRÁTICA 
Ortoclásio, Plagioclásio 
Sódico, Biotita, 
Anfibólio ou Piroxênio 
 
MESOCRÁTICA 
Plagioclásio cálcico, 
Piroxênio 
 
 
MELANOCRÁTICA 
Olivina, Piroxênio 
 
 
 
MELANOCRÁTICA 
INTRUSIVA GRANITO, 
PEGMATITO 
SIENITO-LEUCO 
DIORITO-MESO 
GABRO PERIDOTITO 
HIPABISSAL GRANITO, 
PÓRFIRO 
SIENITO, 
PÓRFIRO-LEUCO, 
DIORITO, 
PÓRFIRO-MESO 
DIABÁSIO 
EXTRUSIVA RIOLITO FONOLITO-MESO, 
ANDESITO 
BASALTO 
 
GRANITO - O granito é a rocha ígnea mais comum, ocorrendo juntamente com os gnaisses no 
embasamento cristalino, que constitui o substrato da crosta siálica que forma os continentes. Ocorre 
com diversas cores, cinza claro a cinza escuro, amarelo, rosa ou vermelho. A variação de cor provêm, 
normalmente da cor dos feldspatos, que é o mineral mais frequente nos granitos. É constituído por 
ortoclásio (rosa), predominantemente, e quartzo (incolor); frequentemente ocorre ainda plagioclásio 
sódico (leitoso). Contém ainda biotita (preta) ou muscovita (cinza) e anfibólio (escuro), mais 
comumente hornblenda. A maioria dos granitos possui textura granular, com grãos equidimensionais. 
A estrutura em geral é maciça, onde os constituintes em geral não apresentam orientação 
preferencialmente (orientada). A granulação pode variar de milimétrica a centimétrica. No Rio Grande 
do Sul, os granitos são rochas muito comuns, fazendo parte do denominado Escudo Sul-Riograndense. 
Os granitos são utilizados na construção civil, como material de pavimentação, em estradas, 
revestimentos de fachadas, etc. 
RIOLITO - Rocha ígnea vulcânica, correspondente extrusiva do granito. É densa e possui uma 
granulação fina. Também é chamado de quartzo-pórfiro. Sua cor é cinza avermelhada, rosada, podendo 
ser até preta. A textura é porfirítica, possuindo em alguns casos um certo arranjo orientado como 
consequência do movimento da lava. A massa fundamental ou matriz afanítica (não se visualiza os 
minerais a olho nu) ou vítrea. Os fenocristais são normalmente de quartzo e feldspatos. Em relação aos 
basaltos, também rochas extrusivas, possuem uma ocorrência muito menor, não chegando a formar 
grandes corpos. 
 
 7 
GABRO - O gabro é uma rocha magmática máfica (escura) formada a grandes profundidades 
(intrusiva) e com textura fanerítica hipidiomórfica formada por minerais maiores que os do diabásio (> 
1mm). O principal constituinte dos gabros é o feldspato calco-sódico (plagioclásio), de cor branca. Os 
minerais escuros são representados por augita e hiperstênio (piroxênios) e olivinas. Sua composição 
química é pobre em sílica e rica em álcalis. Há uma grande variedade de tipos diferentes de gabros, 
dependendo dos minerais que apresentam. O magma de origem é o mesmo que aquele que forma os 
diabásios e os basaltos. Os gabros ocorroem em sills, diques grandes e stocks, com tamanhos superiores 
a vários milhares que quilômetros quadrados e com espessuras de mais de 7 km, estratificados e 
apresentando camadas de outras rochas. 
DIABÁSIO - Diabásio é o correspondente hipabissal (rocha formada em baixa profundidade) 
dos basaltos, isto é, possui a mesma composição química e mineralógica do basalto mas a textura é um 
pouco mais grosseira porque o magma teve mais tempo para esfriar que no basalto. É constituído 
essencialmente de piroxênio e plagioclásio cálcico. Possui cor preta e textura granular fina, raras vezes 
porfirítica. Apesar da origem hipabissal, possui muitas vezes textura granular mais grosseira, sendo por 
isso, fácil de ser confundido com gabro, que é seu correspondente plutônico. Por isso, a identificação 
deste tipo de rocha como tal, praticamente, só é possível quando se tem o controle de campo da 
ocorrência, ou seja, o diabásio normalmente ocorre em corpos tabulares, que cortam rochas 
encaixantes,concordante ou discordantemente, denominados "sill" e dique, respectivamente. Na Bacia 
do Paraná, os diabásios normalmente estão associados aos derrames basálticos, constituindo 
verdadeiros enxames de diques e "sill". 
BASALTO - São rochas vulcânicas mais abundantes, tendo como equivalente plutônico 
(intrusivo) o gabro. A textura é microcristalina (grãos muito pequenos, só visíveis ao microscópio), 
vítrea (com vidro) ou porfirítica (alguns grãos grandes em uma massa de grãos menores). Pode ser às 
vezes vesicular, o que torna a rocha porosa, semelhante a uma esponja. Nesses casos, pode ocorrer o 
preenchimento das vesículas, formando amígdalas, que podem ser constituídas por ágata, quartzo, 
zeolitas ou outros minerais. Os basaltos calco-alcalinos são produtos principais dos vulcões do tipo 
havaiano; predominam entre as lavas dos cinturões orogênicos (das cadeias de montanhas). Onde se 
extravasaram a partir de grandes fissuras, formaram enormes platôs como, por exemplo, a Bacia do 
Paraná, cuja maior extensão localiza-se em território brasileiro. Atualmente, o Brasil não possui 
nenhum vulcão ativo. O vulcanismo mais moderno foi responsável pela formação de diversas ilhas do 
Atlântico brasileiro, como Fernando de Noronha, Trindade, Rochedo e Abrolhos, datadas de, 
aproximadamente, 12 milhões de anos. Na era Mesozóica (135 milhões de anos) o Brasil foi palco das 
maiores atividades vulcânicas que se conhece, onde as lavas basálticas extravasaram através de fissuras 
da crosta terrestre (na altura do Rio Paraná) e cobriram cerca de 1 milhão de km
2
. Perto de Torres, RS, 
por exemplo, a espessura dos derrames ultrapassa 1000 metros. O principal uso dos basaltos é na 
pavimentação e ornamentação de fachadas. Belos cristais de quartzo-ametistas são explorados no RS, 
no interior de grandes amígdalas, oca por dentro e atapetadas internamente. São as melhores ametistas 
do mundo e, por isso mesmo, exportadas para muitos países. 
ROCHAS ULTRAMÁFICAS - As rochas ultramáficas são aquelas que apresentam um teor 
em minerais máficos (escuros a pretos) muito grande, o que confere, em geral, uma cor preta para as 
rochas desse grupo. A maior parte das rochas ultramáficas, ou ultramafitos, são também ultrabásicas 
pois contém menos de 45% de sílica. Todas tem índice de cor superiores a 70 (índice colorimétrico), e 
em todas é típica a escassez ou ausência de feldspato. As rochas ultramáficas efusivas e intrusivas de 
pequena profundidade não são abundantes. Algumas delas localizam-se perto das partes inferiores de 
derrames básicos, em conseqüência da acumulação, neste local, de olivina e piroxênio, que constituem 
essas rochas. Assim, em parte, processos gravitacionais são responsáveis pela formação de rocha com 
 8 
essa composição. Rochas ultramáficas são comuns no RS, como por exemplo no Complexo Pedras 
Pretas, município de São Sepé. 
 SIENITO - É uma rocha ígnea plutônica, composta essencialmente de feldspato potássico rosa 
(ortoclásio) e oligoclásio (leitoso), com pequenas quantidades de hornblenda, biotita e piroxênio (os 
três escuros). Assemelha-se, assim, a um granito, na aparência, mas difere dele porque contém menos 
de 5% de quartzo. São rochas faneríticas (com grãos grandes), em geral de textura granular. Dada à 
fraca proporção de minerais ferro-magnesianos (escuros) as cores predominantes são claras, sendo as 
mais comuns a branca, a rosada, a vermelha, a cinzenta e também a amarelada. Os sienitos apresentam 
variedades conforme a natureza do mineral máfico dominante. Por outro lado, dos tipos que apresentam 
feldspatóides, portanto com alguma sub-saturação em sílica, os mais comuns são os que contém 
nefelina e/ou sodalita. 
ROCHAS SEDIMENTARES 
São formadas a partir dos produtos de intemperização de quaisquer outros tipos de rochas, os 
quais através dos processos erosivos podem ser transportados e posteriormente depositados ou 
precipitados em quaisquer ambientes de sedimentação; estes podem ser constituídos por um lago, uma 
lagoa, um rio ou mesmo o próprio mar. Por isso fala-se normalmente em rochas sedimentares de 
origem lacustre, fluvial ou marinha. Os principais agentes de transporte são a água e o vento. A 
composição química e física das rochas sedimentares é muito variável, estando intimamente 
relacionada com as características do material que deu origem ao sedimento. 
Distinguem-se basicamente três tipos de sedimentos: clásticos, químicos e orgânicos. 
Os sedimentos clásticos são formados por fragmentos de rochas pré-existentes, que podem ser 
de diâmetros muito diferentes: psefitos, quando predominam seixos, ou seja, grãos maiores que os da 
areia (maior que 2mm de diâmetro); psamitos, quando predominam grãos do tamanho da areia ( entre 
2 e 0,02mm de diâmetro) e pelitos, quando predominam grãos com diâmetro menor do que da areia ( 
menor que 0,02mm). Os sedimentos clásticos podem apresentar muitas classes de tamanho de grãos 
misturados, devendo-se na classificação da rocha observar qual a fração é predominante. 
Dentre as rochas sedimentares grosseiras (psefitos) temos como exemplo básico os 
CONGLOMERADOS, denominação utilizada para as rochas nas quais predominam os seixos, unidos 
por um cimento, que normalmente é a argila, calcário ou óxidos de ferro. 
Dentre as psamíticas, temos os ARENITOS e os ARCÓSIOS, em ambos prevalecendo frações 
do diâmetro da areia, consolidadas por um cimento qualquer. Os grãos que formam o arenito são 
geralmente constituídos por quartzo, porém podem ser de qualquer outro mineral (feldspatos, micas, 
etc.), desde que possuam o diâmetro da areia. Sua coloração é bastante variável, podendo ser vermelho, 
amarelo, acinzentado, etc. O arcósio é um tipo especial de arenito com grande quantidade de 
feldspatos. 
As rochas sedimentares de granulação fina (pelíticas) mais comuns são o ARGILITO, 
FOLHELHO e o SILTITO. 
Os ARGILITOS e os FOLHELHOS caracterizam-se por apresentar granulação extremamente 
fina, pelo predomínio da fração argila (diâmetro menor do que 0,002mm = 2 ) , sendo por isto 
untuosos ao tato (sedosos). Sua coloração pode ser cinza, preta, amarela ou avermelhada. O folhelho 
diferencia-se do argilito por apresentar uma esfoliação característica, formando extratos finos e 
paralelos. 
Os SILTITOS são rochas sedimentares de granulação intermediária entre o arenito e o argilito 
(0,05 até 0,002mm de diâmetro) e apresentam igualmente coloração muito variável. À campo, os 
 9 
siltitos apresentam aspereza quando atritados entre os dentes, o que é um critério útil para diferenciá-
los dos argilitos, que não são ásperos ao dente. 
Uma feição muito comum à maioria das rochas sedimentares de origem clástica é a 
DISPOSIÇÃO EM CAMADAS, formando estratos finos e paralelos, muitas vezes de coloração 
diferente. Esta estratificação pode ser plano - paralela, como na maioria dos casos em que as rochas 
são formadas em ambiente lacustre ou marinho, ou pode ser cruzada, como na maioria das rochas 
formadas em ambiente eólico ou fluvial. 
Os sedimentos de origem química são originados pela precipitação de compostos químicos em 
solução, graças à diminuição da solubilidade destes compostos. Muitos destes sedimentos são de 
origem marinha. O processo de sua formação pode ser exemplificado nos estuários costeiros, com 
grande quantidade de carbonatos dissolvidos na água. O recuo do mar ou a evaporação da água no 
estuário provoca aumento na concentração dos carbonatos, que quando atingem o seu produto de 
solubilidade podem precipitar formando uma rocha como a ARAGONITA. A PIRITA (sulfeto de 
ferro) e as FOSFORITAS constituem outros exemplos de rochas sedimentares de origem química. A 
GIPSITA (gesso-CaSO4) e HALITA (NaCl) também formam-se por esse processo.Os sedimentos orgânicos são formados pelo acúmulo de restos orgânicos vegetais e animais, 
geralmente em ambientes saturados com água. Destacam-se aqui diversos tipos de CALCÁRIOS 
(ooolítcos, coquinas, sambaquis) e o CARVÃO MINERAL. 
Descrição das principais rochas SEDIMENTARES 
ARGILITOS - São rochas sedimentares, de granulação finíssima, poucos mícrons e por isso 
untuosa ao tato. É uma das rochas sedimentares mais abundantes, o que lhe dá grande importância 
geológica; no entanto, por serem de granulação tão fina e tão difíceis de estudar, estão entre as menos 
compreendidas. Possuem de cor de cinza até preta, amarela, verde ou avermelhada. Os principais 
constituintes destas rochas são os minerais argilosos, que são silicatos hidratados de alumínio. A 
presença de argila, seja como impureza num sedimento qualquer (por exemplo num arenito 
ligeiramente argiloso), seja no estado puro, faz com que o sedimento produza o cheiro característico de 
moringa nova, quando umedecido com um simples bafejar bem próximo à amostra. Os argilitos são 
rochas argilosas muito firmemente endurecidas, desprovidas de clivagem ardosiana, e sua formação 
implica em alguma recristalização do material original. Estas rocha argilosas, quando apresentam a 
propriedade denominada fissilidade, de modo que podem se partir (esfoliar) segundo camadas finas e 
paralelas, levam o nome de folhelhos. 
ARENITOS - É uma rocha sedimentar clástica, cujas partículas apresentam tamanho entre 0,05 
e 2,0mm. Os grãos que formam os arenitos em geral são de quartzo, podendo, contudo, ser de qualquer 
mineral, uma vez que tenham as dimensões dos grãos de areia. Os arenitos que apresentam somente 
partículas tamanho areia são chamados limpos; há os que apresentam grão tamanho argila e silte 
misturados sendo denominados arenitos sujos. Os arenitos podem apresentar, além de grãos detríticos, 
material precipitado quimicamente entre os espaços vazios e que serve como ligante, chamado cimento. 
Em geral, o cimento é de sílica ou carbonatos. O principal critério utilizado na classificação dos 
arenitos é a proporção entre seus componentes detríticos. Por exemplo, os quartzo-arenitos apresentam 
uma quantidade de quartzo muito maior do que feldspatos, enquanto as grauvacas mostram-se muito 
mais enriquecidos em feldspatos e apresentam pequena quantidade de quartzo. Ao mesmo tempo, 
observa-se que as grauvacas são muito mais abundantes em material fino, do tipo silte e argila, 
apresentando, assim, um baixo grau de seleção, critério este que também pode ser utilizado nas 
classificações. No RS, existe uma enorme área coberta por rochas areníticas denominadas de Arenito 
Botucatu, originariamente um enorme deserto formado há mais de 200 milhões de anos. Os principais 
 10 
usos destas rochas são na construção civil (a tão conhecida pedra grês), na fabricação de vidro e como 
abrasivo. 
CONGLOMERADO - Um conglomerado é uma rocha sedimentar formada pela consolidação 
de um depósito de cascalho. O cascalho (sedimento) transforma-se através da diagênese em 
conglomerado. Os fragmentos que formam a rocha tem, neste caso, mais de 2 mm de diâmetro. Na 
realidade já rochas com menos de 50% e até menos de 10% de cascalho são denominadas de 
conglomerado. Os conglomerados são depositados como depósitos subaquáticos em corpos d’água 
permanentes como resultado da ação das ondas em costas rochosas. Também podem ser formados em 
terra como resultado de intemperismo e transporte quando o relevo é suficientemente íngreme e o 
regime hidrológico é adequado, com chuvas abundantes. Os cascalhos, o produto mais grosseiro da 
erosão, são movidos menos dos seus locais de origem e depositados em áreas mais restritas que areia, 
argila e substâncias em solução. A sua classificação é feita de várias formas, tais como textura (congl. 
de seixos, etc..), composição dos fragmentos (congl. de chert, etc...) ou de cimento (congl. ferruginoso, 
etc...). Também são chamados de ortoconglomerados quando houve grande retrabalhamento, indicando 
transporte de longa distância (seixos bastante arredondados) e de paraconglomerados (seixos pouco 
arredondados ou com arrestas bem visíveis) indicando ser formado no local ou pouco transporte de 
curta distâncias. 
CALCÁRIO - Calcário é uma rocha sedimentar, constituída predominantemente por calcita 
(CaCO3), podendo conter quantidades pequenas de outros minerais, tais como: aragonita, dolomita, 
argilo-minerais, etc. É uma rocha poligenética, visto que pode ter uma origem clástica, química e/ou 
orgânica. Comumente, os calcários clásticos são bioclásticos, com grande contribuição de material 
orgânico, pelo fato de serem originados pelo embate das ondas sobre recifes de corais, algas calcárias e 
diversos outros organismos de carapaça calcária. Os calcários são rochas de cor cinza, amarela e até 
pretas geralmente compactas e de granulação microscópica na maioria dos casos. Podem, às vezes, 
mostrar cristais mais desenvolvidos, visíveis a olho nu. Os calcários são facilmente riscados pelo 
canivete. Comumente, apresentam impurezas de argila e areia. Efervesce com facilidade com HCl a 
frio. Em outros locais os calcários são muito abundantes, formando lindíssimas grutas (Gruta de 
Botuverá, Serra da Abelha). Em Santa Catarina, nesta região estão localizadas as principais jazidas de 
calcários utilizados como corretivos de solo. Um teste para verificar a existência da calcita que forma a 
rocha é pingar algumas gotas de ácido clorídrico diluído: ocorre uma reação que libera CO2 - o calcário 
"ferve". 
CARVÃO MINERAL - O carvão mineral é uma substância sólida, formada pela 
decomposição parcial de restos vegetais, com enriquecimento em carbono e litificada, isto é, 
endurecida por um processo lento, sendo necessários dezenas de milhões de anos para que se dê a sua 
formação. Para iniciar a formação do carvão são necessárias várias condições conjugadas a saber: 
a) desenvolvimento de uma vegetação continental que permita um acúmulo de substâncias vegetais; 
b) condições de proteção contra a decomposição total, fato que ocorre quando houver cobertura 
imediata pela água; 
c) após o acúmulo subaquoso deve ocorrer o sepultamento contínuo e prolongado por sedimentos. 
Como estas condições ocorrem atualmente, deve-se admitir que o mesmo aconteceu em pântanos e 
turfeiras do passado. 
 O carvão mineral não é uma substância definida, mas um material formado por componentes 
diversos. A matéria vegetal que constitui o carvão é a base dos troncos, caules, raízes, folhas, esporos, 
resinas, etc. Este material, quando colocado nas condições acima citadas, sofrerá alterações provocadas 
por desidratação, pressão, calor e ação microbiana que a conduz a um progressivo enriquecimento em 
carbono e empobrecimento em oxigênio. Em Santa Catarina, as principais jazidas de carvão mineral 
encontram-se na região de Lauro Müller, Criciúma, Siderópolis, Treviso, etc. Nossas reservas de 
 11 
carvão são de bilhões de toneladas. O carvão é um combustível sólido e pode ser utilizado como 
matéria-prima na indústria carboquímica. 
 
ROCHAS METAMÓRFICAS 
As rochas magmáticas e sedimentares, em sua condição natural estáveis, podem se tornar 
instáveis frente a modificações na pressão, elevação da temperatura, ou presença de forte atrito, dando 
origem a rochas com características diferentes, as METAMÓRFICAS. 
A temperatura constitui um dos fatores mais importantes nos processos metamórficos. Abaixo 
de 200 C, as reações químicas são muito lentas; entre 800 e 1000 ºC, a rocha se funde. Deste modo o 
metamorfismo termal ocorre entre as temperaturas de 200 e 800 ºC. O calor pode ser gerado 
naturalmente pelo aumento da temperatura em profundidade, ou a partir das câmaras magmáticas, que 
irãoafetar a rocha encaixante (rocha que circunda o magma). Este calor gera o Metamorfismo de 
contato, que ocorre nas adjacências das grandes massas ígneas. Ao redor do contato desenvolve-se uma 
auréola de metamorfismo cujas dimensões dependem do tamanho da massa ígnea e da natureza da 
rocha encaixante. 
O metamorfismo devido a pressão pode ser de dois tipos: a pressão uniforme ou hidrostática 
(litostática) e a pressão direcional. 
A pressão hidrostática (ou litostática) se deve ao próprio peso do material sobrejacente sobre as 
rochas no interior da crosta. 
A pressão direcional se deve aos esforços tectônicos, que provocam pressões direcionais sobre 
determinados locais das rochas. As principais características destas rochas são a estrutura xistosa, onde 
minerais de forma lamelar se dispõe em estratos finos e paralelos dando um aspecto folheado à rocha. 
Esta estrutura é característica dos XISTOS, mas também pode ocorrer nos gnaisses. A estrutura 
gnáissica é representada pela alternância de faixas xistosas e granulosas. É característica dos 
GNAISSES. Muitas vezes as rochas metamórficas apresentam faixas em forma de bandas, onde se 
concentram determinados tipos de minerais. Isto é comum nos MIGMATITOS, que ocorrem 
normalmente associados aos gnaisses. 
Tipos de Metamorfismo 
a) Metamorfismo regional: Ocorre em regiões que sofrem intenso tectonismo, compressões e 
dobramentos de extensas áreas (placas) da crosta que sofrem pressões orientadas 
(cisalhantes) e temperaturas muito elevadas. Geralmente ocorre em extensas áreas (vários 
km) que possuem grandes cadeias de montanhas (Ex. Himalaia, Alpes, Andes), fazendo 
parte dos chamados cinturões orogênicos, com placas convergentes em relação a placa 
oceânica. 
b) Metamorfismo de contato: desenvolve-se ao redor de corpos ígneos intrusivos (batólitos), 
que cedem parte de sua energia térmica às rochas vizinhas encaixantes, proporcionando 
assim a formação de auréola metamórfica ao redor do corpo ígneo. Essas auréolas possuem 
no máximo algumas centenas de metros de espessura. O fator de formação dominante é a 
temperatura e as soluções gasosas que emanam do corpo ígneo, tempo a pressão, papel 
secundário. 
c) Metamorfismo cataclástico: Desenvolve-se em zonas de movimentação e ruptura na crosta, 
em faixas estreitas e extensas, junto às zonas de cisalhamento ao longo das falhas. Produz 
bandeamento e lineação nas rochas, e pode, durante a recristalização, produzir novos 
 12 
minerais devido a percolação de fluídos. Comumente encontra-se nas rochas formadas neste 
ambiente metamórfico pedaços da rocha matriz envoltos por material finamente moído. 
d) Metamorfismo pro soterramento: Ocorre pela pressão de espessas camadas de sedimentos 
ou rochas vulcânicas em grandes profundidades das bacias sedimentares, onde as 
temperaturas atingem até 300 
o
C. 
e) Metamorfismo hidrotermal ou de fundo oceânico: Ocorre nas bordas de intrusões graníticas, 
no fundo de bacias onde ocorrem erupções vulcânicas ou ainda em regiões de elevado grau 
geotérmico. Temperaturas oscilam entre 150 e 350
o
C. Em todos os casos a água aquecida 
atua ao longo das fraturas, proporcionado a recristalização e novas associações 
mineralógicas. 
f) Metamorfismo de impacto: Ocorre em áreas do continente que receberão o impacto de um 
meteoro, que instantaneamente libera imensa energia na forma de onda de choque, que 
fraturam e deslocam as rochas formando a cratera (com temperaturas que alcançam até 
5000
o
C), que vaporiza o meteorito e funde as rochas. 
Estruturas das rochas Metamórficas: 
a) Estrutura granular: Quando o sedimento original é formado por minerais com pouca 
tendência ao desenvolvimento de formas lamelares por cristalização (como é o caso do 
quartzo e da calcita), ou quando o metamorfismo se dá sem pressão orientada (como no 
metamorfismo de contato) as estruturas que se formam não são orientadas, como no caso do 
quartzito e do mármore. 
b) Estrutura cataclástica: Resultante do esmagamento e do cisalhamento das rochas e dos 
minerais, caracterizando-se pela presença de pedaços de rochas fragmentadas, envolto 
frequentemente por material finamente moído. 
c) Estrutura ou clivagem ardosiana: Rochas com baixo grau de metamorfismo, e foliação 
incipiente, definida pela orientação de minerais micáceos finos, indistintos a olho nu, 
apresentando perfeita fissilidade, assemelhando-se bastante aos sedimentos de granulação 
fina dos quais se originaram. 
d) Estrutura xistosa: Devido a pressão dirigida, as rochas adquirem estruturas orientadas, 
desenvolvendo foliação de diversos tipos, definida pela orientação de minerais placóides 
(micas, cloritas, talco) ou prismáticos (anfibólios). A dimensão dos minerais das rochas 
metamórficas, são de modo geral, tanto maiores quando mais intenso for o metamorfismo. 
e) Estrutura gnáissica: Quando numa rocha se alternam estruturas xistosas (geralmente faixas 
de minerais micáceos escuros) e estruturas granulares (faixas ou lentes de quartzo e 
feldspato). Ocorre em rochas com elevado grau de metamorfismo. 
 
Descrição das principais rochas METAMÓRFICAS 
ARDÓSIA - As ardósias são rochas de granulação extremamente fina e possuem uma 
propriedade notável, conhecida como clivagem ardosiana, que lhes permite o desdobramento em 
lâminas delgadas e largas. A cor das ardósias vai, comumente, de cinza a preta, mas pode ser verde, 
amarela, castanha e vermelha. Resultam, usualmente, do metamorfismo regional de folhelhos (os 
folhelhos sofrem pressão muito grande e aumento da temperatura com pressões dirigidas). A clivagem 
ardosiana característica pode ser, ou não, paralela aos planos de estratificação dos folhelhos originais. 
Os principais minerais são o quartzo, clorita e sericita, mas devido à granulação muito fina, não são 
 13 
visíveis a olho nu. As ardósias vermelhas são ricas em hematita. Devido à boa divisibilidade 
apresentada por estas rochas, de modo a formar grandes placas, são usadas para lousas ou para 
telhados. 
GNAISSE - Rocha geralmente clara, de textura cristalina, com faixas de xistosidade, formada 
geralmente pela alteração do granito ou do riolito. Um grande número de rochas metamórficas são 
designadas por este termo. São rochas de granulação geralmente grosseira, com xistosidade 
descontínua ou mal definida. Nos gnaisses há uma predominância de quartzo e feldspatos entre os 
constituintes mineralógicos, sendo os minerais micáceos presentes em menor quantidade e arranjados 
em bandas, contínuas ou descontínuas. Os minerais que constituem estas rochas apresentam os bordos 
encadeados, dando à rocha uma grande coerência. Os gnaisses assemelham-se muito aos granitos, 
exceto pela textura e/ou estrutura que é denominada de gnáissica (alternância de níveis com 
composição mineralógica e/ou texturas diferentes). Possuem cor cinza, desde claro até quase preto, e 
também rosa. São originados em zonas muito profundas da crosta terrestre, e suas idades são, em geral, 
muito antigas. Os gnaisses provenientes do metamorfismo de rochas sedimentares são denominados 
paragnaisses, enquanto os provenientes de rochas ígneas são chamados ortognaisses. No Rio Grande do 
Sul, assim como no Brasil, estas rochas são muito comuns e constituem parte dos terrenos Pré-
Cambrianos. São utilizados como material ornamental ou de revestimento. 
MIGMATITO - rocha de textura cristalina, bandeada, possuindo uma parte granítica e outra 
xistosa. 
XISTOS - São rochas metamórficas de granulação média a grosseira, cuja principal estrutura, a 
xistosidade, é caracterizada por um excelente paralelismo dos elementos lineares ou planares. Os 
minerais individuais podem ser distinguidos macroscopicamente, normalmente com muito quartzo e 
mica. Os xistos são rochas formadaspor metamorfismo regional e a estrutura que apresentam é típica 
deste tipo de metamorfismo. De acordo com os constituintes minerais e sua proporção, os xistos tomam 
várias denominações: micaxisto, clorita-xisto, talco-xisto, tremolita-xisto, etc. 
MICAXISTOS - rochas metamórficas de granulação fina e laminada, constituída 
essencialmente de micas, quartzo e argilas. 
ANFIBOLITO - rocha escura, rica em minerais do grupo dos anfibólios (hornblenda), 
originada do metamorfismo de basalto ou gabro. 
QUARTZITO - rocha clara/acinzentada, extremamente dura, originada do metamorfismo de 
arenitos. Rocha metamórfica constituída por mais de 80% de quartzo. A interpenetração dos grãos de 
quartzo confere à rocha uma grande tenacidade. É uma rocha dura e compacta, de fratura 
subconchoidal ou conchoidal e brilho semelhante ao do quartzo. Além do quartzo, muitos quartzitos 
contém proporções variáveis de outros minerais que, ou são detríticos (principalmente feldspato) ou são 
novos minerais formados pela transformação do cimento (argiloso, calcário, etc.) do arenito do qual se 
originaram; os minerais mais comuns, assim formados, são a muscovita e a biotita. Os quartzitos em 
geral são brancos, cinza claros, amarelos ou castanhos. Podem, porém, ter outras cores devido a grãos 
microscópicos de minerais acessórios e, assim, serem esverdeados devido a presença de epidoto, 
azulados devido à cianita, purpúreos devido a hematita e pretos divido ao grafite ou à magnetita. 
Distinguem-se facilmente dos arenitos porque, quando estes últimos se partem, a fratura dá-se pelo 
cimento, ficando os grãos do quartzo salientes, enquanto nos quartzitos a fratura corta toda a massa da 
rocha; de alguns calcários, cujo o aspecto é semelhante, distinguem-se por serem muito mais duros e 
por não darem efervescência com ácidos. 
MÁRMORE - rocha de coloração muito variável, bandeada, originada do metamorfismo de 
calcários. Um mármore é um calcário metamorfizado. É uma rocha cristalina composta por calcita, ou 
mais raramente, dolomita. Os grãos microscópicos de calcita recristalizam formando cristais 
 14 
macroscópicos apresentando um aspecto sacaróide. A principal textura é granoblástica, onde os grãos 
são equidimensionais. Como o calcário, os mármores caracterizam-se pela sua dureza baixa e 
efervescência com HCl a frio, quando formado por calcita, e a quente, quando formado por dolomita. O 
mármore, geralmente, apresenta cor branca, mas pode apresentar ampla faixa de cores em consequência 
de vários outros minerais que pode conter, em pequenas quantidades. Estes minerais, originados à 
partir de impurezas contidas nos calcários originais são, principalmente, micas, clorita, grafite, 
serpentina, etc. A palavra mármore, comercialmente falando, é usada para indicar qualquer rocha 
constituída de carbonato de cálcio, suscetível de ser polida e, nestas condições, inclui alguns calcários. 
O principal uso dos mármores é como material ornamental, onde um dos exemplos mais conhecidos 
são as ocorrências de Carrara, na Itália. Também podem ser utilizados em esculturas e como material 
de construção. 
ITABIRITO - variedade de quartzito, rico em hematita (principal minério de ferro, comum em 
Minas Gerais). Teor de Fe varia de 50 a 55% 
 
Na Figura 2 é representado um esboço geológico do Estado de Santa Catarina, procurando-se 
destacar os principais tipos de rochas encontradas nas várias províncias geológicas do estado. 
Observa-se que aproximadamente 50% do Estado de Santa Catarina é recoberto por rochas 
oriundas do derrame de lavas, portanto, são rochas ígneas extrusivas, onde predominam o BASALTO 
(rocha básica) e os RIODACITOS ( rochas intermediárias). Estas rochas pertencem à Formação Serra 
Geral, de idade Juro-Cretácea, cujos derrames ocorreram entre 65 e 135 milhões de anos em toda a 
Região Sul do Brasil, através de fissuras na crosta. 
Na face leste do contato entre o basalto e as rochas sedimentares, próximo às escarpas, ocorre 
uma faixa estreita e contínua onde ocorre o ARENITO da Formação Botucatu, que normalmente dá 
origem a solos de textura grosseira. 
Outro grupo expressivo de rochas em Santa Catarina são os SILTITOS, ARGILITOS e 
FOLHELHOS das Formações Irati, Estrada Nova, Rio do Rastro, etc., que ocorrem numa faixa desde 
Lauro Müller até Canoinhas e São Bento do Sul, passando por Lages, Rio do Sul e Santa Cecília. 
Normalmente estes tipos de rochas dão origem a solos de textura argilosa e pouco profundos, sendo de 
fertilidade natural muito baixa. 
Também ocupando áreas expressivas, ocorrem os GRANITOS, GNAISSES e 
MIGMATITOS nas imediações de Criciúma, Morro da Fumaça, Rancho Queimado, Florianópolis, 
Camboriú, Joinville, etc., que normalmente dão origem a solos de textura cascalhenta em relevo 
acidentado. A fertilidade natural destes solos é quase sempre baixa. 
Áreas com XISTOS e FILITOS ocorrem principalmente na região próximo a Brusque, e dão 
origem a solos mais argilosos e quimicamente pobres. 
Ao longo da faixa litorânea, e nos vales mais abertos da Bacia Atlântica, ocorrem também 
SEDIMENTOS RECENTES, de origens eólica, coluvial ou aluvial. Os sedimentos de origem 
coluvial e aluvial as vezes dão origem a solos de boa fertilidade natural, como os que ocorrem nas 
imediações de Jacinto Machado e Meleiro, e ao longo dos rios Tubarão, Itajaí - Açu e outros. Os 
sedimentos arenosos de origem eólica que ocorrem próximo ao litoral dão origem, invariavelmente, a 
solos arenosos e pobres. 
 
 15 
 
Figura 2 : Esboço geológico do Estado de Santa Catarina. 
 16 
MINERAIS ACESSSÓRIOS DAS ROCHAS 
 Recebem esta denominação alguns tipos de minerais primários que ocorrem em pequenas 
proporções nas rochas ou que são encontrados em zonas concentradas, formando jazidas. O 
conhecimento das principais características destes minerais torna-se importante, porque podem 
contribuir com alguns elementos essenciais às plantas a partir da sua intemperização ou serem 
explorados industrialmente para a produção de adubos ou corretivos. 
 
 APATITA- mineral acessório de grande importância face ao alto conteúdo de fósforo que 
encerra. As principais formas de apatita ocorrem como minerais de granulação fina em rochas ígneas e 
metamórficas. Em alguns casos podem ocorrer também na forma de cristais maiores, principalmente 
nos pegmatitos. No Brasil, encontram-se jazidas de apatitas (ou fosfato natural) de importância 
econômica em Monteiro (PB), Ipirá (BA), Jacupiranga (SP) , Araxá e Patos (MG) e Anitápolis ( SC). 
 
 A forma mais comum é a FLUORAPATITA, cuja fórmula é : 
 
 Ca10 F2 (PO4)8 - fórmula simplificada. 
 
 Este material pode ser utilizado na agricultura em sua forma natural, pela simples moagem da 
rocha fosfatada, constituindo assim os fosfatos naturais, ou após fazê-la reagir com ácidos, produzindo 
os chamados fosfatos solúveis (superfosfato simples, superfosfato triplo, MAP, DAP, etc. ). Os fosfatos 
naturais brasileiros tem-se mostrado pouco eficientes quando comparados aos solúveis, dada a sua 
dissolução muito lenta no solo, principalmente nos primeiros anos subsequentes à sua aplicação. 
 
 PIRITA- (FeS2)- também denominado "ouro dos tolos", face à sua semelhança com este 
minério. É encontrada como mineral acessório em rochas ígneas e metamórficas e também nas 
sedimentares. Constitui fonte importante de enxofre e ferro, elementos essenciais às plantas. 
 
 CARBONATOS (Ca, Mg CO3) – também minerais presentes em pequenas quantidades na 
maioria das rochas. Quando ocorrem de forma concentrada em alguns tipos de rochas podem constituir 
os chamados CALCÁRIOS ou mesmo uma rocha metamórfica como o MÁRMORE. Tanto nos 
calcários quanto nos mármores, os minerais comuns são de dois tipos:a calcita (CaCO3) e a dolomita 
(MgCO3). O termo CALCÁRIO, portanto, pode ser atribuído a qualquer tipo de rocha rica em 
carbonatos, existindo, portanto, calcários de origem sedimentar, metamórfica ou mesmo magmática. Os 
calcários agrícolas comerciais geralmente são de origem metamórfica ou sedimentar, e são do tipo 
dolomítico, ou seja, com dominância de calcita, mas com proporções elevadas de dolomita, para evitar 
desbalanço nos níveis de Ca e Mg no solo. 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
CAPÍTULO 2 
INTEMPERISMO DE ROCHAS 
O intemperismo pode ser entendido, de maneira simples, como o “colapso”, “desintegração” 
ou “desagregação” das rochas. Mais precisamente, ele é definido como o “conjunto de processos 
operantes sobre a superfície da crosta, que causam a decomposição das rochas e de seus minerais 
constituintes, graças à ação dos agentes atmosféricos e biológicos”. Ressalta-se, desde já, a 
importância do clima e dos organismos vivos como fatores de intemperização das rochas. 
O intemperismo é um processo intimamente relacionado com a vida vegetal e animal na terra, 
visto que as plantas necessitam uma série de elementos essenciais à sua sobrevivência,e a maioria deles 
em última instância são colocados à sua disposição pela intemperização dos minerais constituintes das 
rochas. 
Costuma-se fazer distinção entre dois tipos de intemperismo: o físico e o químico. Ambos 
ocorrem simultaneamente durante a intemperização das rochas, porém apenas por questão didática , 
eles são comentados a seguir separadamente. 
 
INTEMPERISMO FÍSICO 
Compreende-se por intemperismo físico o conjunto de processos físicos ou mecânicos que 
promovem a desagregação ou desintegração das rochas, sem alterar a composição química de seus 
minerais. Em outras palavras, seria uma fragmentação física da rocha em pedaços menores. 
O processos de intemperização física se dão principalmente pelo alívio de pressão, pela ação da 
radiação solar, do vento e por ação mecânica das raízes, como veremos a seguir: 
1- ALÍVIO DE PRESSÃO: constitui um dos fatores iniciais de desagregação das rochas. 
Mantidas a altas pressões no interior da crosta terrestre, as rochas quando são expostas à superfície em 
contato com a atmosfera, seja por levantamentos da crosta ou por erosão geológica das camadas 
superiores, sofrem um alívio da pressão, que irá se traduzir por aumento na sua instabilidade, 
produzindo fendilhamentos ou descascamento superficial. 
2- AÇÃO TÉRMICA DA RADIAÇÃO SOLAR: a luz solar incidente sobre o manto 
rochoso provoca o seu aquecimento durante o dia, havendo um conseqüente resfriamento à noite. 
Grande parte das rochas é constituída de vários minerais, que apresentam diferentes coeficientes de 
dilatação térmica. Abaixo são dados alguns exemplos do aumento do coeficiente de dilatação linear de 
alguns minerais e rochas, para aumentos de 1ºC na temperatura, segundo Leinz & Amaral: 
Arenitos: 5 - 20  /metro linear 
Granitos: 5 - 22 µ /metro linear 
Feldspatos: 1,5 - 18 µ /metro linear 1 = 0,001mm 
Quartzo: 8 - 14 µ /metro linear 
As variações na temperatura das rochas são responsáveis, portanto por fenômenos de expansão 
e contração micrométricos, que causam, entretanto, com o passar dos séculos, o seu enfraquecimento. 
A variação da temperatura nas rochas é cerca de 1,5 a 2,5 vezes superior a da atmosfera, sendo que as 
rochas de coloração escura aquecem mais que as claras. Ao atingir um estado denominado de “fadiga” 
da rocha, os minerais se desagregam e se reduzem a pedaços menores. Os principais efeitos desse 
processo são o fendilhamento e esfoliação, que acabam tornando o material mais susceptível à ação do 
 18 
intemperismo químico, na medida em que, pela fragmentação, permitem aumentar a superfície de 
contato e a entrada de água. 
3 - AÇÃO MECÂNICA DA ÁGUA: um dos principais papéis da água está relacionado à 
intemperização química das rochas, como veremos adiante. O principal efeito mecânico da água 
relaciona-se ao congelamento. A água ao congelar-se, aumenta em cerca de 1/10 o seu volume, e ao 
penetrar nos poros e fendas, ainda no estado líquido, após congelar-se imprime uma força expansiva 
considerável, equivalente à uma pressão de 2.000 kg/cm. Quanto maior for o número de poros e fendas, 
maior será a atividade destrutiva do gelo. Este processo é de pequena magnitude na situação do Brasil. 
4 - AÇÃO MECÂNICA DOS VENTOS: os ventos, carregados de partículas grosseiras e 
poeiras, atuam também na desintegração das rochas, provocando o desgaste erosivo das mesmas (ação 
abrasiva). Determinadas formações rochosas, com aspecto de ruínas, como as que ocorrem na região de 
Vila Velha-PR, são exemplos do produto deste processo. O vento exerce, além disso, uma ação erosiva, 
removendo camadas superficiais não consolidadas. 
5 - AÇÃO MECÂNICA DAS RAÍZES: a pressão exercida pelo crescimento das raízes no 
interior das fendas na rocha pode ser de magnitude considerável, e tende a provocar o alargamento 
destas, abrindo assim maior espaço para a intemperização química através da ação da água. Este 
fenômeno é facilmente observável em áreas de solos rasos, que suportam às vezes uma vegetação 
arbórea exuberante. A vegetação exerce, neste sentido, um papel acelerador no processo de 
aprofundamento dos perfis do solo. A importância desse processo é extremamente importante nas 
regiões tropicais e subtropicais, sob cobertura de florestas. 
 
INTEMPERISMO QUÍMICO 
 O intemperismo químico pode ser definido como o “conjunto de processos químicos que 
atuam na decomposição das rochas, promovendo uma alteração na composição química dos seus 
minerais”. Ou seja, pelo intemperismo químico, os minerais da rocha são parcial ou totalmente 
dissolvidos, transformando-se em outros. 
O intemperismo químico é provocado pela reação química entre os minerais da rocha e as 
soluções aquosas do meio circundante. O principal agente de intemperização química, portanto, é a 
água, que ocorre no solo não como uma solução pura, inerte, mas contendo gases, sais ou mesmo 
ácidos nela dissolvidos. Dentre várias reações químicas do intemperismo, destacam-se a dissolução, a 
oxidação e a hidrólise. Na dissolução os minerais se desfazem ou se dissociam na água, na oxidação, 
eles reagem com o oxigênio, e na hidrólise, eles reagem com a água. 
Principais agentes do Intemperismo químico 
a) Água 
A água é o principal agente do intemperismo químico, atuando de duas maneiras principais. 
Primeiro atuando como solvente da maioria das reações que se processam no ambiente do 
intemperismo, sendo conhecida com solvente universa. Segundo atuando como reagente em algumas 
das principais reações do intemperismo. A água também pode carrear exsudatos de raízes e prótons 
(H+) que podem promover a quelatação e acidificando assim o meio, aumentando a taxa de 
intemperismo. Também é o meio de transporte e retirada dos produtos do intemperismo, pois os 
elementos solubilizados durante o processo de intemperismo são removidos dos locais da reação, e 
lixiviados do perfil. 
b) Temperatura: 
 19 
Influencia na velocidade da reação. Praticamente todas as reações são aceleradas quando a temperatura 
é aumentada. De modo geral, as reações que não são instantâneas sofrem um acréscimo de 2 a 3 vezes 
em sua velocidade com o aumento de 10
o
C da temperatura. Assim a temperatura torna-se importante 
agente do intemperismo químico, pois atua em todas as reações, aumentando a velocidade com que 
estas ocorrem. 
c) Gases: 
Desempenha papel importante no intemperismo químico, participando da composição química 
da água da chuva e em algumas reações químicas, especialmente a oxidação. O principal gás que se 
combina com a água, quando a chuvapassa pela atmosfera é o CO2, que faz com que o pH da água da 
chuva seja ligeiramente ácido, fazendo com que está seja mais ativa, em termos de atuação no 
intemperismo. 
H2O + CO2 H2CO3 
H2CO3 H
+
 + HCO3
1- 
HCO3
1- 
H
+
 + CO3
2-
 
Outro gás importante no intemperismo químico é o O2, pela sua abundância na atmosfera e pela 
sua forma química. O elemento oxigênio é o segundo mais eletronegativo da tabela periódica, 
ocorrendo na forma de O2, com dois átomos ligados por duas ligações covalentes, sendo conhecido 
como “receptor universal de elétrons” e participante da maioria das reações de oxidação que ocorrem 
naturalmente na superfície da crosta terrestre. 
d) 
Processos de intemperização química 
O intemperismo químico é provocado principalmente pela ação da água e das substâncias nela 
dissolvidas, com ácido carbônico, oxigênio e compostos orgânicos que ajudam a decompor os minerais 
transformando os em menos resistentes em sais solúveis e em novos minerais ou neominerais (argilas e 
óxidos). Alguns minerais primários são mais facilmente decompostos e solubilizados pela água, 
enquanto que outros, são praticamente insolúveis. Em um grande período de tempo e em condições de 
calor e chuvas abundantes, a maior parte dos minerais primários se intemperiza, deixando um resíduo 
rico apenas em minerais de elevada resistência como o quartzo e os óxidos de ferro e alumínio. 
 
1- Dissolução e hidrólise 
Dissolução 
Os íons antes organizados em cristais sólidos se desorganizam quando em contato direto com a 
água para formar uma solução salina aquosa. Um exemplo é a dissolução da halita (NaCl) que, em 
contato com a água se dissocia nos cátions sódio (Na
+
) e ânions de cloro (Cl
-
), contudo são poucos os 
minerais que se dissociam tão facilmente. A maior parte reage com íons H
+
 e OH
-
 dissolvidos na água 
ou com o oxigênio do ar, formando novos minerais (como as argilas) e substâncias solúveis. A ação da 
água é aumentada pelo gás carbônico do ar nela dissolvido. Portanto, a água que promove o 
intemperismo é uma solução gaseificada com gás carbônico (CO
2
). 
 O processo de dissolução do gás carbônico na água pode ser exemplificado através da reação: 
H2O + CO2 H2CO3 H
+
 + HCO3
-
 
 
 20 
Observa-se que a reação é fortemente tendente para a esquerda, significando, portanto que a 
maior parte da água não se dissocia. Uma pequena parte do CO2, entretanto, combina-se com a água 
para formar ácido carbônico, que se dissocia liberando íons H
+
 para a solução. 
 
Hidrólise 
 A hidrólise é uma reação química na qual os elementos ionizados da água (H
+
 e OH
-
) 
substituam de modo equivalente os íons de um mineral, fazendo sua estrutura cristalina desfazer-se 
e/ou modificar-se. Provavelmente este é o mais importante processo de transformação dos minerais 
primários em argilas e de liberação de cátions e sílica solúvel. Tais cátions são tanto aqueles 
responsáveis pela nutrição das plantas (como cálcio, magnésio, potássio) como outros que causam 
acidez e/ou toxicidade às plantas (como o alumínio). 
 Uma pequena porção das moléculas de CO2 dissolvidas na água que penetra no regolito reage, 
formando ácido carbônico (H2CO3), que é classificado como ácido fraco (pouco dissociável), uma vez 
que uma pequena parte dele forma íons H
+
 e HCO
-3
. Porém mesmo esta pequena quantidade de H
+
 e 
HCO
-3
 na água da chuva, agindo constantemente é capaz de remover cátions como SiO2 da estrutura 
dos minerais. Por outro lado, a respiração dos microrganismos que se instalam desde o início da 
formação do solo produz também gás carbônico que se dissolve na água. Apesar das reações químicas 
evolvidas na hidrólise seguirem sempre o mesmo caminho, para todos os minerais primários sempre 
começa com a substituição dos cátions básicos, como potássio, cálcio e magnésio, estendendo-se 
também para cátions silício e alumínio. 
 
O processo de hidrólise pode ser entendido como a reação dos íons H
+
 e OH
-
 da água, com 
os elementos ou íons dos minerais constituintes das rochas. 
 A reação geral de hidrólise para os aluminossilicatos, principais constituintes da maioria das 
rochas da crosta terrestre, é mostrada a seguir: 
------------------------------------------------------------------------------ 
Aluminissilicato + H2O + H
+  Mineral de Argila + Cátion 
------------------------------------------------------------------------------- 
No exemplo, a fonte ácida é representada pelo ácido carbônico, porém poderia ser um ácido 
orgânico qualquer. A água e o ácido carbônico reagem com o aluminossilicato, havendo com o passar 
do tempo uma ruptura da rede cristalina do mesmo (as ligações químicas são rompidas). Silício, 
alumínio e cátions são liberados para a solução após a decomposição do mineral. Sílica e alumínio 
podem recombinar-se em solução formando um novo mineral (mineral de argila, por exemplo), cuja 
composição química é diferente da do mineral que lhe deu origem. Os cátions em solução podem ser 
lixiviados ou tomar outros destinos, como será visto adiante. 
Fatores que influem na hidrólise 
A- Natureza da água: a água saturada com os sais produzidos pela hidrólise precisa ser 
removida do sistema, caso contrário a hidrólise cessa ou paralisa. Portanto, para que a hidrólise se 
processe continuamente, há necessidade de que a água que circunda os cristais que estão sofrendo 
intemperismo seja continuamente renovada. Isto ocorre normalmente nas regiões de clima úmido, 
formando solos profundos. Nas regiões de clima mais seco, devido a deficiência de água para os 
processos de hidrólise, nos curtos períodos em que ela ocorre, os sais produzidos tendem a se acumular 
no perfil, diminuindo ou paralisando a hidrólise, e formando solos geralmente rasos. 
 21 
B- Efeito do pH: os valores de pH da água durante as reações de hidrólise estão intimamente 
associados s solubilidade do Al2O3 , do SiO2 e do Fe2O3. Em geral, quanto maior for o conteúdo de 
cálcio e magnésio dos minerais que estão sofrendo hidrólise, maior é o valor do pH da solução aquosa. 
Portanto, rochas contendo minerais ricos em Ca e Mg, intemperizando-se num ambiente com lenta 
remoção da água do sistema, favorecerão a manutenção de um pH alto. 
Em valores de pH em torno de 10, tanto o Al2O3 como o SiO2 são bastante solúveis, e nestas 
condições podem se formar respectivamente depósitos de bauxita ( alumínio) e calcedonea ( silício) . 
Se a hidrólise estiver ocorrendo em valores de pH entre 5 e 6 (ambiente lixiviante), a 
solubilidade de ambos os compostos será muito baixa. Quando a taxa de lixiviação é media, grande 
parte do silício e das bases (Ca, Mg, K, Na) são removidos do ambiente, sobrando apenas uma 
quantidade de Si e Al suficiente para formar minerais de argila do tipo 1:1, como a caulinita. A 
caulinita tem uma estrutura composta por uma lâmina de silício e outra de alumínio, formando uma 
camada. A este processo se dá o nome de monossialitização. 
 Em valores de pH próximo à neutralidade ( 7-8 ), a solubilidade do Al é ligeiramente superior 
à do Si. Assim, se o clima for mais seco, vai haver menor lixiviação de Si em relação ao Al (sobra mais 
Si que Al), os quais se recombinam para formar minerais de argila do tipo 2:1, como a montmorilonita. 
Este argilomineral contém 2 lâminas de silício e uma de alumínio, formando cada camada. A este 
processo se dá o nome de bissialitização. 
Quando o pH é baixo (5-6) e o ambiente é fortemente lixiviante (climas extremamente úmidos e 
quentes), o Si, sendo mais solúvel que o Al, tende a ser praticamente todo removido do sistema, 
formandosomente óxidos de Al, como a gibbsita, além de óxidos de Fe. A esse processo se dá o nome 
de alitização. 
 
Observa-se que várias situações podem ocorrer durante a decomposição de minerais das rochas, 
com a possibilidade de serem formados diversos tipos de minerais. Algumas reações de intemperismo 
químico, através da hidrólise, são mostradas a seguir : 
 
K.AlSi3O8 + 2H
+
 + 9H2O  H4Al2Si2O9 + H4SiO4 + 2K
+
 
 (ortoclásio) (caulinita) 
K.AlSi3O8 + 2H
+
 + 9H2O  Al2O3 + H4SiO4 + 2K
+
 
 (gibbsita) 
(formam-se em climas quentes e úmidos; com lixiviação média, em soluções aquosas com pH 
baixo, forma-se caulinita, e em ambiente que forte lixiviação, forma-se a gibbsita) 
 
K.AlSi3O8 + 2H
+
 + 12H2O  K.Al3Si3O10(OH)2 + 6H4SiO4 + 2K
+
 
(ortoclásio) (ilita) 
( forma-se em climas úmidos, em soluções aquosas com pH um pouco mais alto ) 
 
Na.AlSi3O8 + 6H
+
 + 28H2O 3Na.66Al2.66Si3.33O10(OH)2 + 14H4SiO4 + 6Na
+
 
 (albita) (montmorilonita) 
 22 
( forma-se em climas mais secos, em soluções aquosas com pH elevado e com pouca 
lixiviação) 
Nos exemplos de reações de hidrólise mostradas anteriormente, não é necessário memorizar a 
fórmula mínima dos minerais ou a sequência das reações e sim entender o significado das mesmas, que 
podem ser sumarizadas no seguinte: 
“A maioria dos minerais da rocha - aluminossilicatos- é composta basicamente de silício, 
alumínio e cátions, tais como o Ca, Mg, K, Na, etc. Durante as reações de hidrólise , num processo 
muito lento, as ligações que unem os diversos elementos vão sendo paulatinamente rompidas pelo 
ataque protônico dos íons H
+
 provenientes da água ou de ácidos orgânicos. O silício e o alumínio 
liberados nas reações podem se recombinar em solução para formar ARGILOMINERAIS, ou o 
alumínio pode precipitar em solução para formar um óxido, como a GIBBSITA, sendo que parte do 
silício pode também ser lixiviado como H4SiO4. A maior parte dos cátions liberados é lixiviada se o 
ambiente é bem drenado, porém parte deles pode ficar adsorvida (ligada) às cargas negativas dos 
argilominerais formados . O TIPO de argilominerais ou óxidos formados vai depender das condições 
de drenagem do local, do clima e do pH da solução durante as reações”. 
 
2- Oxidação 
 Processo de decomposição química que envolve a perda de elétrons. Muitos elementos 
constituintes das rochas podem ser oxidados (Fe e Mn, por exemplo), ao se combinar com o oxigênio. 
Em relação ao ferro, comumente ele ocorre na rocha na forma reduzida (Fe
2+
). Ao iniciar-se o 
processo de decomposição química através da hidrólise, o ferro é liberado para a solução ainda na 
forma reduzida. Se o ambiente for bem drenado, o oxigênio está presente no sistema, e o ferro sofrerá 
oxidação produzindo um novo mineral, por exemplo, a HEMATITA. Esta reação é exemplificada a 
seguir: 
 
Fe2SiO4 + H2CO3 + 2H2O  2Fe2+ + 2HCO3- + 2OH- 
 fayalita hidrólise 
 
2Fe
2+
+ + 4HCO3
-
 + 1/2O2 + 2H2O  Fe2O3 + 4 H2CO3 
 oxidação Hematita 
 
No exemplo anterior o mineral FAYALITA sofreu hidrólise, liberando o ferro ainda no estado 
reduzido para a solução. Este ferro reduzido, em contato com o oxigênio, oxidou-se para formar um 
novo mineral, o óxido de ferro HEMATITA, que imprimirá uma coloração avermelhada ao material 
intemperizado. 
Quando o ferro dissolvido do mineral sofre oxidação num ambiente com maior presença de 
água, poderá formar um óxido hidratado de ferro, como a GOETITA, que colorirá o material de 
marrom ou amarelo. 
Em geral quanto maior o conteúdo de minerais ferromagnesianos de uma rocha, maior é sua 
velocidade de intemperização, ou menor sua resistência ao intemperismo. Rochas escuras, ricas em 
olivinas ou biotita, por exemplo, são mais facilmente intemperizáveis do que rochas claras, ricas em 
feldspatos e quartzo. 
a) Condições que favorecem a formação de HEMATITA em solos: 
 23 
 - Alto suprimento de O2 (Ambientes bem drenados); 
 - Rápida oxidação do ferro; 
 - Baixo teor de Matéria Orgânica (Húmus complexa Fe
2+
 e retarda oxidação); 
 - pH alto e alta concentração de bases. 
 - Geralmente forma primeiro ferridrita, que reorganiza-se para formar hematita. 
b) Condições que favorecem formação de GOETHITA: 
 - Suprimento de O2 mais lento; 
 - Maior tempo de residência de água no solo ou na rocha (drenagem + lenta); 
 - Maior teor de matéria orgânica; 
 - pH mais baixo 
 - rochas mais pobres em ferro; 
 
3 - Redução 
Processo de intemperização química que envolve o ganho de elétrons. Muitos elementos, em 
condições de deficiência de oxigênio no sistema, podem sofrer redução, como é o caso de zonas da 
rocha (fendas, p. ex.) ou do solo, quando sofrem confinamento de água por períodos prolongados. 
Muitos compostos podem sofrer redução, tais como: 
Fe
3+ 
  Fe2+ 
 
Mn
3+
 ou Mn
4+  Mn2+ 
 
Durante as fases de confinamento de água, no primeiro caso pode haver redução dos óxidos de 
ferro hematita ou goethita previamente formados. No segundo caso, poderá haver redução de óxidos de 
Mn tais como hansmanita, pirolusita previamente formados, ou mesmo a redução do Mn de 
determinados minerais das rochas. O significado prático da redução é que os compostos são 
dissolvidos, liberando o Fe ou o Mn que ficarão solúveis e, portanto passíveis de serem mobilizados 
para outros locais. Quando estes elementos encontram um ambiente oxigenado, podem sofrer 
reoxidação, produzindo novos minerais. Casos comuns de reações de redução e oxidação nas rochas 
são dados pelos seguintes exemplos: 
Em rochas sedimentares, coloridas, é comum observar-se nas fendas a presença de zonas 
descoloridas (cinzento-claras), que são fruto da remoção dos óxidos de ferro por reações de redução 
(dissolução). O ferro solubilizado destes locais geralmente precipita (reoxida-se) em outro local, 
formando nódulos ou concreções. 
No basalto alterado, muitas vezes observa-se a formação de “capas” escuras sobre a superfície 
externa do material intemperizado. Normalmente são formas oxidadas de Mn, que ali precipitaram 
oriundas de Mn dissolvido de reações de redução dos minerais primários durante a intemperização da 
rocha. 
 
 
4- Hidratação e desidratação 
Processo de decomposição química através do qual moléculas de água são adicionadas ou 
removidas de um mineral, resultando na formação de um novo mineral. Um dos principais exemplos é 
 24 
dado pela transformação reversível do Gesso (mineral hidratado) em Anidrita (mineral desidratado), 
pela perda de moléculas de água de hidratação. 
 
Destino dos cátions liberados durante as reações de intemperismo 
Os cátions liberados da rede cristalina dos minerais durante os processos de decomposição 
química podem tomar, em solução, vários destinos: 
1- Uma parcela muito pequena irá permanecer na solução do solo, à disposição das plantas; 
2- Parte dos mesmos poderá ficar retido entre as camadas dos minerais de argila (pouco), 
conforme indicado na Figura 3: 
3- Parte deles poderá ficar adsorvido (aderido) à superfície dos minerais de argila, que 
apresentam excesso de cargas negativas (Figura 3). A maior ou menor capacidade de adsorção neste 
caso, irá depender do tipo de mineral de argila formado e do teor de matéria orgânica do solo; 
4- Parte dos mesmos será absorvido pelos vegetais; 
5- A maior parte deles é normalmente perdida pelo processo natural de lixiviação. Asperdas 
são sempre mais acentuadas nas regiões de clima mais quente e úmido e quanto mais arenosa a textura 
do solo. 
 
Figura 3: esquema de adsorção e retenção de íons pelas partículas de argila. 
 
Dadas estas considerações, deduz-se que, através do tempo geológico, existe uma tendência 
geral de empobrecimento dos solos, nos quais passa a predominar a reação ácida, devido a forte ligação 
dos íons H
+
 e Al
3+
 aos colóides do solo, enquanto que nos oceanos a reação tende a ser alcalina, por 
se constituírem nos pólos naturais de captação dos sais. 
 
CAPÍTULO 3 
FATORES DE FORMAÇÃO DO SOLO 
As rochas expostas às condições da atmosfera sofrem o processo de intemperismo, resultando 
na alteração das mesmas, no entanto, esta nem sempre ocorre com a mesma intensidade para todas as 
rochas, pois algumas se transformam mais rapidamente que outras, em geral por causa de ambientes 
mais úmidos e mais quentes, que muito favorecem os processos intempéricos. Por outro lado, tanto 
diferentes rochas com diferentes ambientes resultam em diferentes produtos, e também em diferentes 
solos. Portanto, o grau de intemperismo depende tanto de fatores intrínsecos (da rocha) como 
 25 
extrínsecos (do ambiente). Assim, de modo geral são cinco os principais fatores que controlam o 
intemperismo: no entanto, este age de forma distinta sobre as mesmas. 
1 - Material de origem – propriedades da rocha mãe 
Composição mineralógica das rochas 
As diferenças na composição litológica afetam a resistência ao intemperismo, principalmente 
porque elas comumente são compostas de diferentes minerais, cada um deles podendo ser mais ou 
menos estável, de acordo com o tipo de ligações de sua estrutura cristalina. Outro fator é a estrutura da 
rocha, que condiciona sua susceptibilidade de formar rachaduras e se fragmentar, via de regra, rochas 
com cristais menores são mais resistentes do que as de granulação mais grosseira, de mesma 
composição e em condições ambientais semelhantes. A unidade básica de construção dos minerais 
primários (os silicatos) são os tetraedros (que podem conter silício ou alumínio) em sua estrutura, e sua 
resistência ao intemperismo aumenta com o número de ligações Si-O-Si-O que os unem para compor 
os cristais. Assim sua resistência ao intemperismo diminui à medida que os íons de alumínio 
substituem os de silício nos tetraedros. As ligações do alumínio são mais fracas por que seu íon não se 
encaixa tão bem como os do silício. Portanto quanto mais tetraedros de alumínio, mais fraca será a 
estrutura do mineral. Os feldspatos são exemplo de mineral com tetraedros de alumínio. Já o quartzo 
possui somente tetraedros ocupados por silício, o que o faz ser um dos minerais mais resistentes ao 
intemperismo. 
As ligações mais fracas na estrutura dos minerais primários são os oxigênios comuns às 
ligações com cátions. Normalmente é nesses locais da estrutura dos minerais que seus 
desmantelamentos se iniciam. Minerais com menor estabilidade usualmente contêm maiores 
proporções de Fe, Ca e Mg, e liberam esses elementos mais rapidamente que os minerais mais estáveis. 
Portanto com base em suas estruturas cristalinas, os principais minerais podem ser ordenados em 
função da sua estabilidade, ou inversamente, pela sua susceptibilidade ao intemperismo constituindo 
esquemas muito úteis para prever o “grau de intemperismo” de determinada rocha ou mesmo solo. 
A série de estabilidade de Goldich (Figura 4) é muito usada para estimar a resistência à 
alteração química dos minerais primários. Nessa série, o quartzo situa-se como o mais resistente ao 
intemperismo, seguido da muscovita, feldspatos de potássio (ortoclásio), biotita, feldspatos de sódio e 
cálcio (plagioclásios), anfibólios, piroxênios e olivinas (a menos resistente). 
 
 26 
Figura 4. Ordem de intemperismo dos minerais comuns segundo a série do Goldisch (esq.) em comparação com a série de 
Bowen (dir.). Os primeiros minerais a se cristalizar-se em uma lava de resfriamento são os menos estáveis. Fonte. 
Teixeira et al. (2000). 
Cor das rochas 
A cor é uma característica ou atributo da rocha que está intimamente ligada a composição 
química e mineralógica e que influencia, de modo significativo, o intemperismo das rochas, 
especialmente o intemperismo físico. Rochas mais pobres em SiO2, consequentemente, mais ricas em 
minerais máficos, são mais escuras e mais susceptíveis ao intemperismo, enquanto que rochas mais 
ricas em SiO2, ácidas e de coloração clara, são mais resistentes. Assim espera-se que gabro e basalto, 
rochas de coloração escura, sejam intemperizadas mais facilmente que granitos e riolitos, de coloração 
clara, se todas as outras condições forem semelhantes. 
Textura das rochas 
Em geral, as rochas de textura mais grossa intemperizam-se mais rapidamente que rochas de 
textura mais fina. Maiores grãos são responsáveis por maiores dilatações e contrações quando da 
atuação do intemperismo físico. Tão logo o intemperismo químico começa, maiores 
expansões/contrações irão significar maiores espaços entre os minerais, facilitando a penetração da 
água, calor e gases. 
Estrutura das rochas 
A estrutura das rochas é atributo importante quanto à resistência que elas apresentam ao 
intemperismo. As rochas metamórficas e sedimentares, em geral apresentam estruturas típicas com 
xistosidade, foliação gnáissica, estratificação, etc., que, usualmente, provocam menor resistência ao 
intemperismo. Nestas rochas, estas estruturas estão como que linhas de fraquezas naturais por onde a 
penetração da água e dos gases é facilitada e as reações do intemperismo são facilitadas. Também há de 
se levar em consideração o posicionamento destas linhas de fraquezas, pois quando inclinadas, 
facilitam a infiltração de águas e gases, favorecendo as reações químicas. Já quando encontra-se em 
posição horizontal, dificultam a infiltração de água e condicionam uma drenagem mais restrita, 
retardando assim o intemperismo. 
 
Figura 5. Soleira de diabásio em saprólito de gnaisse em estágio de intemperismo mais avançado devido a estrutura foliada, 
e posição inclinada, permitindo entrada de água com mais facilidade no interior da rocha. 
 
2 - Clima 
 27 
As condições climáticas afetam de forma acentuada a velocidade e o tipo de intemperismo, uma 
vez que as temperaturas e as quantidades de água, tanto das chuvas como de locais mais elevados do 
relevo, condicionam a natureza e a velocidade das reações químicas, diferentes produtos em diferentes 
períodos de tempo se formam de acordo como o local em que a rocha esta exposta. 
Quanto maior a temperatura e a quantidade de água, e mais frequente sua renovação, mais 
intenso e rápido será o intemperismo. Temperaturas elevadas e chuvas intensas aumentam a taxa de 
crescimento dos organismos, e, portanto, sua influência no intemperismo. Em climas muito frios, a 
água é quimicamente inativa quando está congelada, do mesmo modo que em regiões áridas, onde ela 
não está disponível na maior parte do tempo. Em ambos os caso a população de organismos é mínima, 
o que torna o intemperismo químico menor ainda. Nesses climas o intemperismo químico é reduzido e 
o intemperismo físico é relativamente mais ativo, levando a formação de solos mais rasos. Em 
condições de climas muito quentes e úmidos, os processos de hidrólise são muito intensos e podem 
levar a completa remoção de SiO
2
, condicionando a formação de solos mais profundos. Em locais 
encharcados, devido o processo de redução, ocorrerá a remoção de ferro. 
3 – Organismos 
O intemperismo biológico é aquele em que os organismos vivos, que podem variar desde 
bactérias e fungos até plantas superiores e animais. As ações de quebra ou de alteração dos minerais

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