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Empresarial III Unidade I - Introdução

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CONTRATOS EMPRESARIAIS 
 
 
1.1 - INTRODUÇÃO 
 Para que os empresários atinjam o escopo de suas 
atividades, os mesmos fazem uso do poder negocial dos 
indivíduos (pessoa física ou jurídica) que se personifica através 
dos contratos, e se regem a relação contratual entre empresários 
será denominado de: CONTRATO EMPRESARIAL. 
 Dentro desta visão, vários são os contratos que podem ser celebrados: 
a) Contrato de financiamento com instituição bancária para 
aquisição de maquinário. 
b) Contrato de leasing para o mesmo fim. 
c) compra e venda de mercadorias para revenda. 
d) Contrato de cartão de crédito para vender mercadoria por 
esse meio. 
 
1.2 – Aplicação do CDC aos contratos empresariais 
 
1.2.1 – Regra geral não se aplica. 
 
ENUNCIADO CFJ n.º 20. Não se aplica o Código de Defesa do 
Consumidor aos contratos celebrados entre empresários em que um 
dos contratantes tenha por objetivo suprir-se de insumos para sua atividade de 
produção, comércio ou prestação de serviços. 
 
COMPETÊNCIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO E DE 
SERVIÇOS DE CRÉDITO PRESTADO POR EMPRESA ADMINISTRADORA DE 
CARTÃO DE CRÉDITO. DESTINAÇÃO FINAL INEXISTENTE. – A aquisição de bens ou 
a utilização de serviços, por pessoa natural ou jurídica, com o escopo de implementar ou 
incrementar a sua atividade negocial, não se reputa como relação de consumo e, sim, 
como uma atividade de consumo intermediária. Recurso especial conhecido e provido 
para reconhecer a incompetência absoluta da Vara Especializada de Defesa do 
Consumidor, para decretar a nulidade dos atos praticados e, por conseguinte, para 
determinar a remessa do feito a uma das Varas Cíveis da Comarca. (Resp 541.867/BA, 
Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, Rel. p/ Acórdão Min. Barros Monteiro, 2ª seção, j. 
10.11.2004, DJ 16.05.2005, p.227). 
 
1.2.2 – Aplica-se quando o empresário é destinatário final do produto. 
 
CDC, Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou 
utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
 
1.2.3 – Aplica-se quando o empresário tem vulnerabilidade técnica, jurídica ou 
econômica frente a outra parte litigante. 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. RELAÇÃO DE 
CONSUMO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA 
COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Ao consumidor que adquire o produto ou 
contrata o serviço como insumo à sua atividade empresarial aplica-se o Código de 
Defesa do Consumidor quando demonstrada sua vulnerabilidade técnica, jurídica ou 
econômica frente a outra parte litigante. Incidência do diploma protetivo do 
consumidor à situação sub examine. Intelecção do art. 4º, I, da Lei 8.078/90. ADOÇÃO 
DA TEORIA DO RISCO DO EMPREENDIMENTO. RESPONSABILIDADE PELO FATO 
DO SERVIÇO. ART. 14, § 1º, I a III, DO CDC. Adotada a teoria do risco do 
empreendimento pelo Código de Defesa do Consumidor, todo aquele que exerce 
atividade lucrativa no mercado de consumo tem o dever de responder pelos defeitos dos 
produtos ou serviços fornecidos, independentemente de culpa. Responsabilidade 
objetiva do fornecedor pelos acidentes de consumo. CONTRATAÇÃO MEDIANTE 
FRAUDE. DEFEITO DO SERVIÇO. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTROS 
RESTRITIVOS DE CRÉDITO. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA "OPE LEGIS". 
FORTUITO INTERNO. DEVER DE INDENIZAR. Defeito do serviço evidenciado através 
da celebração, pela parte demandada, de contratação com terceiro em nome da autora, 
mediante fraude ou ardil, o qual deu azo à inclusão do nome desta em cadastro de 
inadimplentes. Inexistência de comprovação, pela parte demandada, de que tomou todas 
as cautelas devidas antes de proceder à contratação, de modo a elidir sua 
responsabilidade pela quebra do dever de segurança, nos moldes do art. 14, § 3º, I e II, 
do CDC. Inversão do ônus da prova "ope legis". Fraude perpetrada por terceiros que não 
constitui causa eximente de responsabilidade, pois caracterizado o fortuito interno. 
DANOS MORAIS IN RE IPSA. PESSOA JURÍDICA. SÚMULA 227 DO STJ. HONRA 
OBJETIVA ATINGIDA. Evidenciada a inscrição indevida do nome da demandante em 
cadastro de inadimplentes, daí resulta o dever de indenizar. Dano moral "in re ipsa", 
dispensando a prova do efetivo abalo sofrido pela vítima em face do evento danoso, 
conquanto lesada seja pessoa jurídica. ARBITRAMENTO DO "QUANTUM" 
INDENIZATÓRIO. MANUTENÇÃO. Montante da indenização arbitrado em atenção aos 
critérios de proporcionalidade e razoabilidade, bem assim às peculiaridades do caso 
concreto. Toma-se em consideração os parâmetros usualmente adotados pelo colegiado 
em situações similares. APELOS DESPROVIDOS. (Apelação Cível Nº 70057263188, 
Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Miguel Ângelo da Silva, Julgado 
em 27/11/2013). 
 
1.3 – Contratos cíveis x contratos empresariais 
 
 Os contratos empresariais se caracterizam pela simetria natural entre os contratantes 
(contrato paritário) não sendo de bom para o mercado sofrer tais contratos as limitações ou 
mitigações que limitem a liberdade dos empresários, diferente do que ocorre nos contratos 
civis onde temos falta de simetria das partes que celebram o contrato. 
 Tais limitações feririam os princípios constitucionais da livre-iniciativa, da livre 
concorrência e da propriedade privada: 
 
CF, Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os seguintes princípios: 
I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o 
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e 
prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 6, de 1995) 
§ único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
 
 Está ínsita na atividade empresarial os riscos deste empreendimento, sendo 
duas as regras de ouro a guiar tais atividades: 
1) O empresário que acerta ganha. 
2) O empresário que erra perde. 
 
 Não deve, pois, o Estado intervir nessas relações sob pena de criar insegurança 
jurídica para as atividades empresariais. Sob esse tema podemos ver enunciados de jornada 
de direito comercial da CJF: 
 
21. Nos contratos empresariais, o dirigismo contratual deve ser mitigado, tendo em vista 
a simetria natural das relações interempresariais. 
 
23. Em contratos empresariais, é lícito às partes contratantes estabelecer parâmetros 
objetivos para a interpretação dos requisitos de revisão e/ou resolução do pacto 
contratual. 
 
25. A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar 
em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, deve-se presumir 
a sofisticação dos contratantes e observar a alocação de riscos por eles acordada. 
 
26. O contrato empresarial cumpre sua função social quando não acarreta prejuízo a 
direitos ou interesses, difusos ou coletivos, de titularidade de sujeitos não participantes 
da relação negocial. 
 
27. Não se presume violação à boa-fé objetiva se o empresário, durante as negociações 
do contrato empresarial, preservar segredo de empresaou administrar a prestação de 
informações reservadas, confidenciais ou estratégicas, com o objetivo de não colocar em 
risco a competitividade de sua atividade. 
 
28. Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, 
os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na 
inexperiência. 
 
1.4 - Classificação dos contratos 
 
1.4.1 - Quanto á natureza da obrigação: 
 
1.4.1.1 - contratos unilaterais, bilaterais ou plurilaterais; 
 
a) Unilaterais - Implica direito e obrigações para um só dos contraentes. Dever da 
avença apenas para um. Via de mão única – Prestação pecuniária para uma das partes. 
Nessa linha, quando o contrato estabelecer apenas uma “via de mão única”, com as 
partes em posição estática de credor e devedor, pelo fato de se estabelecer uma 
prestação pecuniária apenas para uma das partes, falar-se-á em contrato unilateral. Ex.: 
doação pura e depósito. 
b) Bilateral ou Sinalagmático - Implica direito e obrigações para ambos os 
contraentes, produção simultânea de prestações para todos os contraentes. A 
dependência recíproca das obrigações (uma a causa de ser da outra), denomina-se 
sinalagma. Ex.: compra e venda. 
 
I) Apenas aos contratos bilaterais se aplica o “exceptio non adimpleti 
contractus”. Art. 476 do código civil. 
II) Só nos contratos bilaterais (e comutativos) é aplicado o vício redibitório. Art. 441 do 
Código Civil. 
 
c) Plurilaterais - são os contratos que contêm mais de duas partes. Na compra e 
venda, mesmo que haja vários vendedores e compradores, agrupam-se ele em apenas 
dois pólos: o ativo e o passivo. Se um imóvel é locado a um grupo de pessoas, a avença 
continua sendo bilateral, porque todos os inquilinos encontram-se no mesmo grau. Nos 
contratos plurilaterais (ou plúrimos), temos várias partes, como ocorre no contrato de 
constituição de uma sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos 
contratos de condomínio. Uma característica dos contratos plurilaterais é a rotatividade de 
seus membros. 
 
1.4.1.2 - Contratos onerosos ou gratuitos; 
 
a) Onerosos - quando a um benefício recebido corresponder um sacrifício patrimonial. 
Ex.: Compra e venda. 
 
b) Gratuito ou benéficos - Somente uma das partes auferirá benefício e a outra arcará 
com toda a obrigação. Toda a carga contratual fica por conta de um dos contraentes; o 
outro só pode auferir benefícios do negócio. Há uma liberalidade que está ínsita ao 
contrato, com a redução do patrimônio de uma das partes, em benefício da outra, cujo 
patrimônio se enriquece. Ex.: Doação pura e comodato. 
I) A interpretação dos contratos gratuitos deve ser sempre mais restrita que 
os negócios jurídicos onerosos (CC, Art. 114). 
II) Nos contratos benéficos o contratante onerado só reponde por dolo, ao 
passo que o beneficiado reponde por simples culpa (CC, Art. 392). 
III) A evicção só se opera nos contratos onerosos (CC, art. 447). 
 
1.4.1.3 - Contratos comutativos ou aleatórios; 
 
a) Comutativos - Quando as obrigações se equivalem, conhecendo os contraentes, “ab 
initio”, as suas respectivas prestações. As partes podem antever as vantagens e os 
sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não 
envolvem nenhum risco. Ex.: Compra e venda, contrato individual de emprego e etc. 
 
b) Aleatório - Obrigação de uma das partes somente puder ser exigida em função de 
coisas ou fatos futuros, cujo risco da não-ocorrência for assumido pelo outro contraente. 
Estes contratos caracterizam-se pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens 
e sacrifícios que deles podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e 
imprevisível. O vocábulo aleatório é originário do latim alea, que significa sorte, risco, 
acaso. CC, Arts. 458 a 461. Ex.: Contrato de seguro, jogo e aposta. 
 
I) Contrato de compra e venda de coisa 
futura, com assunção de risco pela 
existência (emptio spei – CC, Art. 458) – Ex.: 
Compra de safra futura de um fazendeiro ou o 
produto da pesca no lançamento de uma rede. 
Corre-se o risco de a colheita não dar nada ou ter um superávit e de vir muito peixe ou 
nada, desde que o contratante tenha agido com habitual diligência. 
II) Contrato de compra e venda de coisa futura, sem assunção de risco pela 
existência (emptio rei speratae – CC, Art. 459) – Ex.: Se não der nada na colheita não 
haverá pagamento, mas se colher quantidade menor que as 10t por equitare que é o 
normal, haverá pagamento. 
III) Contrato de compra de coisa presente, mas exposta a risco assumido pelo 
contratante (CC, Art. 460). Ex.: Compra de produtos embarcados em navio, chegando ou 
não ao destino deverá pagar o preço, a menos que o outro contratante ao efetuar a venda 
já sabia do perecimento (CC, art. 461). 
 
1.4.1.4 - Contratos paritários ou por adesão 
 
a) Paritários - as partes estarem em iguais condições de negociação estabelecendo 
livremente as cláusulas contratuais (Fase de Puntuação). São os contratos do tipo 
tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, porque se encontram em 
pé de igualdade (para par). 
 
b) Adesão - Um dos pactuantes predetermina (ou seja, impõe) as cláusulas do negócio 
jurídico. São os contratos que não permitem a liberdade ventilada nos contratos paritários, 
devido a preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as 
cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado, não podendo 
modificá-las: aceita-as ou rejeita-as, de forma pura e simples, e em bloco, afastada 
qualquer alternativa de discussão. Segundo Orlando Gomes1, são traços característicos 
dos contratos de adesão: 
I) uniformidade: obter, do maior número de contratantes, o mesmo conteúdo contratual; 
II) predeterminação unilateral: a fixação de das cláusulas é feita anteriormente a 
qualquer discussão; 
III) rigidez: além de uniformemente predeterminadas, não é possível discutir as 
cláusulas do contrato; 
IV) posição de vantagem (superioridade material) de uma das partes: embora a 
expressão superioridade econômica seja a mais utilizada (até pela circunstância de ser a 
mais comum), consideramos mais adequada a concepção de superioridade material, 
uma vez que é em função de tal desigualdade fática que faz com que possa ditar as 
cláusulas aos interessados. 
 
1.4.1.5 - Contratos evolutivos. 
 
 Nos contratos de direito público (contratos administrativos) existem clausulas que 
são regidas pela vontade das partes e outras por determinação da lei (devemos lembrar 
da máxima que diz que o administrador público só faz o que é autorizado por lei – CF, Art. 
37, caput) que evoluem no tempo e cujas alterações modificam o contrato, mas que não 
devem alterar a chamada equação econômico/financeira do contrato. Por exemplo: se no 
início do contrato os direitos e obrigações, que representamos como D/O tiver o quociente 
igual 15, qualquer mudança que se opere em “D” ou em “O” deve alterar o outro para que 
o quociente permaneça o mesmo, ou seja, se aumentar as obrigações deve aumentar o 
direito na mesma proporção e vice e versa. 
 
1.4.2 - Classificação dos contratos quanto à disciplina jurídica. 
 
1 GOMES, Orlando. Contratos. 10ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984. 
 
 Se trata de uma classificação clássica do sistema jurídico nacional. Contratos civis e 
comerciais (União pelo CC/02) além do trabalho, consumeristas e administrativos. 
 
1.4.3 - Classificação dos contratos quanto à forma: 
 
1.4.3.1 - Solenes ou não solenes 
 
a) Não Solene - A forma livre é a regra em nosso país. Basta o consentimentopara 
sua formação. Podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive a verbal. Ex.: locação 
e comodato. 
b) Solene - Forma especial ou uma solenidade na sua celebração. “ad solemnitatem”. 
A lei prescreve, para sua celebração, forma especial que lhes dará existência, de tal sorte 
que, se o negócio for levado a efeito sem a observância da forma legal, não terá validade. 
Ex.: casamento, escritura pública na alienação de imóvel, testamento e etc. 
 
1.4.3.2 - Consensuais ou reais 
 
a) Consensuais - Concretizados com a simples declaração de vontade. Se 
aperfeiçoam com o consentimento, isto é, com o acordo de vontades, independente da 
entrega da coisa e da observância de determinada forma. Todos os não-solenes. Ex.: 
Compra e venda de bens móveis, quando pura (CC, Art. 482). 
 
b) Reais - São aqueles que apenas se ultimam com a entrega da coisa, feita por um 
contraente e outro. O simples concurso de duas ou mais vontades não tem o condão de 
estabelecer o vínculo contratual, que só se forma com a tradição efetiva do objeto do ato 
negocial, por se requisito essencial à sua constituição. Exigem, para aperfeiçoar, além do 
consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto. Ex.: Depósito, comodato e 
mútuo. 
 
1.4.4 - Classificação dos contratos quanto à designação. 
 
a) Contratos nominados ou típicos - Tem designação própria. Recebem do 
ordenamento jurídico uma regulamentação. Possuem, portanto, uma denominação legal e 
própria, estando previstos e regulados por norma jurídica, formando espécies definidas. 
Estão previstos no Código Civil e em leis especiais. Ex.: Doações, compra e venda e 
locação. 
Vale ressaltar que a locação de garagem ou a de estacionamento, por 
exemplo, excepcionalmente, apesar de contrato nominado (Lei N.º 
8.245/91, art. 1º, § único), é atípica, por não haver previsão legal mínima, 
visto não estar regulamentada em lei. É contrato nominado, por ter nomem 
júris, é atípico por não possuir regulamentação normativa. 
 
b) Inominados ou atípicos - Não tem designação própria. Resultam de um acordo de 
vontades, não tendo porém, as suas características e requisitos definidos e 
regulamentados em lei. Afastam-se dos modelos legais, pois não são disciplinados ou 
regulados expressamente pelo Código Civil ou por lei extravagante, porém são permitidos 
juridicamente, desde que não contrariem a lei e os bons costumes, ante o princípio da 
autonomia da vontade (CC, Art. 425). Ex.: Contrato sobre exploração de lavoura de café, 
cessão de clientela e locação de carro forte. 
 
c) Contrato com pessoa a declarar - Inovação do novel Código Civil Art. 467: 
 
“No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de 
indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.” 
 
Trata-se de avença comum nos compromissos de compra e venda de 
imóveis, nos quais o compromissário comprador reserva-se a opção de receber a 
escritura definitiva ou indicar terceiro para nela figurar como adquirente (cláusula “pro 
amico eligendo”). Utilizado para evitar despesas com nova alienação, nos casos de bens 
adquiridos com o propósito de revenda, com a simples intermediação do que figura como 
adquirente. 
 
1.4.5 - Classificação dos contratos quanto á pessoa do contratante: 
 
1.4.5.1 - Pessoais ou impessoais; 
 
a) Personalíssimos ou “Intuito Personae” - São os celebrados em atenção às 
qualidades pessoais de um dos contraentes. O obrigado não pode fazer-se substituir por 
outrem, pois essas qualidades (culturais, profissionais, artísticas etc.) tiveram influência 
decisiva no consentimento do outro contraente. 
 
b) Impessoais - Prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou por 
terceiro. O importante é a execução. A pessoa do contratante é juridicamente indiferente. 
Pouco importa quem execute a obrigação; o único objetivo é que a prestação seja 
cumprida. 
 
A distinção entre contratos intuito personae e impessoais 
reveste-se de grande importância, em virtude das conseqüências 
práticas decorrentes da natureza personalíssima dos negócios 
pertencentes à primeira categoria, que: 
I) são intransmissíveis, não podendo ser executados por outrem; 
assim sendo, com o óbito do devedor, extinguir-se-ão, pois os 
sucessores não poderão cumprir a prestação, que era 
personalíssima; 
II) não podem ser cedidos, de modo que, se substituído o devedor, ter-se-á a celebração 
de novo contrato; 
III) são anuláveis, havendo erro essencial sobre a pessoa do contratante (CC, Art. 139, II). 
 
1.4.5.2 - Individuais ou coletivos 
 
a) Individuais - As vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva 
várias pessoas. Se refere a uma estipulação entre pessoas determinadas, ainda que em 
numero elevado, mas consideradas individualmente. Ex.: Compra e venda pode ser uma 
pessoa a contratar com outra ou várias pessoas. 
b) Coletivos - Acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, 
representativas de categorias profissionais, sendo denominadas convenções coletivas. 
Mas pode haver contrato coletivo no âmbito do Direito de Empresa, celebrado por 
pessoas jurídicas representativas de determinadas indústrias ou sociedades empresárias, 
destinado inibir a concorrência desleal, a incentivar a pesquisa, a desenvolver a 
cooperação mútua etc. 
 
1.4.5.3 - O autocontrato. 
 
O instituto está regulado no Art. 117 do CC, segundo o qual: 
 
"salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o 
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo". 
 
É a chamada procuração em causa própria que, consoante a norma, somente 
é admitida se autorizada pela lei ou pelo representado. Note-se que estamos diante de 
uma exceção, haja vista que, regra geral, o mandatário (representante), não pode atuar 
em seu próprio interesse, não lhe sendo lícito celebrar contrato consigo mesmo, ainda 
que não exista conflito de interesse. Sendo assim, apenas excepcionalmente o mandante 
ou a lei podem autorizar que o mandatário atue em nome do representado e que também 
se apresente como a outra parte do negócio jurídico a ser celebrado. 
Exemplificando: "A" outorga procuração para "B", para que esse realize à 
venda de sua casa. Ocorre que "B" se interessa pelo imóvel e decide adquiri-lo. A 
celebração do contrato de compra e venda e, da respectiva escritura envolverá apenas 
uma pessoa: "B", que, de um lado, estará representando "A" e, de outro, os seus próprios 
interesses. Em sendo esse o caso, deve-se compreender que, embora fisicamente haja 
uma única pessoa, são duas as manifestação de vontade, uma, como representante e a 
outra, como parte do negócio jurídico celebrado.

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