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1 UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Ciências Econômicas – FCE Departamento de Evolução Econômica – DEE 1ª Lista de Economia Brasileira e Contemporânea – 1º semestre de 2012 Prof.: Tiago Sayão 1) A literatura sobre economia brasileira conheceu, a partir de meados da década de 1960, importante controvérsia sobre a origem da indústria no Brasil, fazendo uma revisão crítica das teses defendidas por Celso Furtado em seu clássico Formação Econômica do Brasil. Sobre as principais teses e análises envolvidas nessa controvérsia pode-se afirmar: (a) “teoria dos choques adversos” assenta-se proposição de que os saldos positivos no balanço de pagamentos gerados pela economia cafeeira e seu efeito riqueza pelo conjunto da economia são aspectos essenciais para explicar a origem da indústria. (b) As análises de Pelaez evidenciam que nos períodos de mil-réis valorizados crescia a capacidade produtiva da indústria, enquanto as teses de Furtado geralmente enfocam o crescimento da produção industrial verificado em períodos de desvalorização da moeda nacional. (c) As análises de Furtado e dos economistas cepalinos geralmente interpretam o crescimento da indústria como decorrente de política econômica governamental conscientemente voltada a este objetivo, enquanto para Pelaez o mesmo deveu-se mais a estímulos do mercado, já que não há evidências, nas primeiras décadas do século 20, de políticas monetárias e fiscais deliberadamente implementadas para favorecer o setor industrial. (d) A “teoria dos choques adversos”, ao enfatizar a origem do capital industrial, centra-se no grande crescimento da capacidade produtiva da indústria verificado durante as crises do setor exportador e que ensejou a adoção de políticas governamentais que, sem terem este objetivo, tiveram como conseqüência o início do processo de industrialização do Brasil já nas primeiras décadas do século 20. (e) As análises dos principais autores envolvidos na controvérsia, embora divirjam em aspectos essenciais, convergem quanto à importância do protecionismo alfandegário e das políticas monetárias expansionistas como fatores essenciais para a explicação da origem da indústria no Brasil. 2) Pode-se afirmar, de acordo com clássica interpretação, que a economia brasileira, no período que abrange de 1930 até aproximadamente o fim da década de 1970, orientou-se por um modelo de desenvolvimento conhecido como processo de substituição de importações. Sobre a dinâmica e as linhas definidoras deste modelo pode-se afirmar: (a) O estrangulamento externo serve de impulso inicial ao processo, mas é superado à medida em que o mesmo avança, em decorrência do crescimento gradual das atividades exportadoras. (b) O estrangulamento externo pode ser considerado “absoluto” quando decorrente de condições estruturais e de longo prazo da economia e pode se manifestar com capacidade de importar crescente, embora em ritmo inferior ao do crescimento do PIB. (c) O modelo pode ser considerado “parcial”, pois se restringe aos bens de consumo de mais baixo valor agregado e tecnologia mais rudimentar, sem alcançar os ramos mais dinâmicos e que poderiam reverter o estrangulamento externo. (d) O modelo não visa diminuir o quantum de importação global e, pelo menos em suas primeiras décadas, preservou uma base exportadora sem dinamismo, praticamente concentrando as transformações da estrutura produtiva no setor industrial e atividades conexas. (e) O setor primário é praticamente excluído do modelo, o que repõe o dualismo da economia e 2 inviabiliza politicamente alianças políticas entre este setor e o empresariado industrial. 3) Em relação aos efeitos da crise de 1929 sobre a economia brasileira, Celso Furtado, em sua obra clássica, afirma que: “(...) a política de defesa do setor cafeeiro nos anos de grande depressão concretiza-se num verdadeiro programa de fomento da renda nacional.” (Furtado) Em síntese, esta política consistia no(a): (a) estímulo ao emprego. (b) valorização do preço do café estabelecida pelo Convênio de Taubaté. (c) conversão das dívidas do setor cafeeiro em títulos do governo. (d) compra e destruição do café pelo governo. (e) compra e formação de estoque, pelo governo, de café que foi exportado posteriormente. 4) Sobre a “Revolução de 1930” (= R30) e seus desdobramentos na economia e na sociedade brasileiras pode-se afirmar que: (a) A R30 teve como principal força deflagradora a burguesia industrial, descontente com o agrarismo e com a primazia ao setor exportador do período anterior a 1930. (b) A R30 pode ser interpretada como um movimento modernizador que, embora não fosse nitidamente industrializante, articulou-se sob a liderança dos segmentos médios urbanos, desde sua origem centrando-se programaticamente contra as oligarquias agrárias regionais. (c) Na década de 1930, o Governo Federal criou no Banco do Brasil uma carteira de crédito para financiar a agricultura e a indústria e, atendendo reivindicação dos próprios industriais, proibiu por vários anos a importação de máquinas e equipamentos. (d) O crescimento industrial da década de 1930, em taxas anuais médias superiores a 10%, restringiu-se aos ramos de bens de consumo popular, como têxteis, alimentos e calçados, não apresentando taxas expressivas de crescimento em setores como papel e papelão, química, metalurgia e minerais não metálicos. (e) Quanto à política econômica, pode-se afirmar que um dos principais pontos de ruptura da R30 com relação à República Velha foi abandonar a desvalorização da moeda como medida de política cambial para enfrentar as crises do balanço de pagamentos, a qual foi considerada como responsável pela super-oferta de café. 5) Considere o trecho abaixo, relativo à política de proteção do café nos anos da grande depressão que se seguiu à crise de 1929. “Ao garantir preços mínimos de compra, […], estava- se na realidade mantendo o nível de emprego na economia exportadora e, indiretamente, nos setores produtores ligados ao mercado interno”. FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. SP: Companhia Editora Nacional, 1975, p. 190 Este trecho faz parte da proposição clássica de Celso Furtado, de que (a) os preços mínimos eram garantidos através de uma melhor colocação dos produtos no mercado internacional. (b) o preço do café foi fixado para os consumidores do mercado interno. (c) a política de proteção do café era de inspiração keynesiana. (d) a política do café desempenhou, involuntariamente, um papel anticíclico. (e) a economia brasileira não foi atingida pela grande depressão. 6) O período da Segunda Guerra Mundial, bem como os primeiros anos do pós-guerra, foram de especial importância para a economia e para a sociedade brasileiras. Apenas uma das afirmações sobre este período NÃO está correta: (a) Durante a guerra o saldo do balanço de transações correntes foi em geral positivo, o que se deve, entre 3 outros motivos, ao aumento das exportações e à recuperação do preço do café no mercado internacional. (b) Durante a guerra foi adotado um regime de câmbio relativamente liberal, embora limitado na prática pela dificuldade de importações e pela obrigatoriedade de parte das dividas dever ser repassada ao Banco do Brasil à taxa oficial de câmbio. (c) O ritmo de crescimento tanto do PIB como da produção industrial foi mais baixo, nos primeirosanos da guerra, que o verificado na segunda metade da década de 1930. (d) A valorização real do cruzeiro no pós-guerra beneficiou a indústria nacional seja por favorecer a importação de bens de capital e matérias primas importados a preços relativos compensadores, seja por limitar as importações de bens de consumo, o que equivale a um efeito protecionista. (e) No pós-guerra, em consonância ao pactuado no Acordo de Bretton Woods, o Brasil passou a adotar um sistema de taxas cambiais flexíveis, o qual teve de ser abandonado devido a rápida queima de divisas que proporcionou. 7) O nacional-desenvolvimentismo, como projeto de desenvolvimento que teria tido lugar no Brasil na década de 1950, foi objeto de intenso debate entre economistas e cientistas sociais. Tendo-se como expressão deste projeto o Segundo Governo Vargas (1951-1954), pode-se afirmar que o mesmo: (a) expressou os anseios do empresariado industrial nacionalista e que propunha um desenvolvimento autônomo, sem a presença do capital estrangeiro, como demonstra a criação da PETROBRAS e do BNDE neste período. (b) era sustentado politicamente pelos partidos governistas, PSD e PTB, não excluía o capital estrangeiro e incluía parte significativa dos proprietários agrários. (c) recorreu a uma retórica nacionalista radical para defender seus objetivos, embora se tratasse em essência de um projeto liberal e perfeitamente sintonizado como os interesses norte-americanos no Brasil (d) vinculou-se politicamente ao populismo, propondo uma aliança com as massas urbanas e rurais emergentes, atendendo parcialmente suas reivindicações salariais mas impedindo sua sindicalização e as excluindo da política partidária. (e) defendeu reformas de base visando melhorar a distribuição de renda e os indicadores sociais do país, como na estrutura da terra e na área educacional, expressando como meta de longo prazo o socialismo. 8) Uma das principais características do Segundo Governo Vargas (1951-1954) expressa-se na seguinte afirmativa: “Essa intervenção do Estado no domínio econômico, sempre que possível plástica e não rígida, impõe-se como um dever ao governo todas as vezes que é necessário suprir as deficiências da iniciativa privada ...” VARGAS, Getúlio. Mensagem ao Congresso Nacional. 1952 De fato, o Governo Vargas utilizou vários instrumentos e órgãos para executar esta estratégia de política econômica. NÃO se inclui entre as medidas adotadas neste período a: (a) aproximação com a CEPAL em função das concepções comuns sobre o desenvolvimento econômico. (b) adoção de programas de investimento em infra- estrutura básica nos setores de siderurgia e energia, com destaque para a área de petróleo. (c) utilização de instrumentos de planejamento econômico, tendo como exemplo o Plano Nacional de Eletrificação. (d) criação de órgãos para estudar e executar políticas econômicas, destacando-se o BNDE e a Assessoria Econômica da Presidência. (e) formulação do Plano SALTE, que contemplava o desenvolvimento dos setores de saúde, alimentação, transporte e energia. 4 9) A substituição de importações, como processo de industrialização do Brasil (a) iniciou já na República Velha, quando a capacidade produtiva da indústria, conforme tradicional análise de Celso Furtado, crescia em períodos de crise da agroexportação, com a desvalorização da moeda nacional . (b) iniciou na década de 1930, em conseqüência da crise internacional e, de acordo com tradicional análise de Celso Furtado, contou com a ação decisiva do Governo Federal que, conscientemente, implementou medidas em defesa do setor industrial. (c) teve forte impulso na década de 1930, principalmente nas indústrias de bens de consumo popular, como alimentos e têxteis, mas, nesta mesma década, chegou a setores não tradicionais como os produtores de papel, produtos químicos, metalúrgicos e minerais não metálicos. (d) foi impulsionado sob liderança política da burguesia industrial, que conquistou o poder com a “Revolução de 30”, e teve como principais opositores as oligarquias agrárias e o capital estrangeiro. (e) pode ser interpretado como uma resposta da economia ao estrangulamento externo, já que quanto maior este for mais novas indústrias deverão ser criadas para substituir importações. 10) “Centro-periferia é o conceito fundamental na Teoria da Cepal. É empregado para descrever o processo de difusão do progresso técnico na economia mundial e para explicar a distribuição dos seus ganhos”. BIELCHOVSKY, R. Pensamento Econômico Brasileiro. RJ: Contraponto,1988, p.16. A passagem acima explicita o ponto de partida da Teoria do Subdesenvolvimento da CEPAL, centrada na tese da deterioração das relações de troca entre países centrais e periféricos,desde as primeiras etapas da industrialização capitalista. Essa tese se OPÕE diretamente à teoria (a) do desenvolvimento desequilibrado, elaborada por A. Hirschman. (b) da proteção às indústrias nascentes, elaborada por Hamilton e List. (c) da concorrência imperfeita, elaborada por Joan Robinson. (d) da demanda efetiva, elaborada por Keynes. (e) das vantagens comparativas, elaborada por Ricardo. 11) A criação da PETROBRAS ocorreu (a) no Segundo Governo Vargas, na década de 1950, e não representou vitória dos segmentos mais radicais, que pretendiam o monopólio não só da lavra e da prospecção, mas da comercialização do petróleo e de seus derivados. (b) durante o Estado Novo e representou vitória significativa de Vargas e seus aliados, pois a campanha por sua criação mobilizou a opinião pública e contava com forte oposição da União Democrática Nacional – a UDN. (c) na década de 1930 e representou vitória dos novos grupos e classes emergentes com a “Revolução de 1930”, podendo ser considerado como um marco simbólico do fim do modelo agroexportador vigente na República Velha. (d) no Segundo Governo Vargas, na década de 1950, e foi resultado de ampla campanha liderada pelo governo que, no mesmo período, tomou importantes decisões para a industrialização brasileira, como a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e a Consolidação das Leis do Trabalho. (e) durante o Estado Novo, e representou a vitória dos grupos nacionalistas que, aliados aos integralistas, propunham uma industrialização acelerada sob a égide do Estado e sem a participação do capital estrangeiro. 12) “Como as importações eram pagas pela coletividade em seu conjunto, os empresários exportadores estavam na realidade logrando socializar as perdas que os mecanismos econômicos tendiam a concentrar em seus lucros.” 5 FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. SP: Companhia Editora Nacional, 1970, p. 165. A socialização de perdas a que se refere Furtado tinha como principal elemento: (a) maior taxação dos bens de consumo não duráveis a fim de financiar os esquemas de retenção de safra. (b) elevação das receitas, em mil-réis, dos exportadores de café, decorrente da desvalorização cambial. (c) queda da arrecadação dos impostos de importação do tipo ad valorem. (d) barateamento do preço dos bens de capital através de subsídios governamentais. (e) política monetária pró-cíclica, em detrimento das camadas urbanas emergentes. 13) Analisando-se a economia e a política econômica do Brasil nas três primeiras décadas do século 20, pode- se afirmar que, nessas décadas, houve (a)crescimento da importação de bens de capital, especialmente em períodos de mil-réis valorizados, ao mesmo tempo em que se registrou aumento da urbanização e da produção industrial. (b) descentralização relativa da política tributária, o que permite denominar o período como de “federalismo fiscal”, legalmente assentado na exclusividade dos Estados em estabelecer tributos sobre importação, enquanto cabia ao governo federal os impostos de exportação. (c) dominância do liberalismo econômico na gestão das finanças públicas e na condução da política econômica, não se registrando iniciativas oficiais com relação a instrumentos de sustentação de preços de setores produtivos. (d) aumento dos investimentos no setor industrial, principalmente nas fases do ciclo em que havia crise do setor exportador, tendo iniciado, nesse período, segundo clássica análise de Celso Furtado, o processo de substituição de importações. (e) dominância quase total da economia cafeeira, em torno da qual se formulava a política econômica, o que acabou por inviabilizar o crescimento de atividades exportadoras em outras regiões do país, bem como por, praticamente, ter impedido o aparecimento de indústrias. 14) A primeira metade da década de 1930 é fundamental para o estudo da industrialização brasileira, pois foi nesse período que a economia, após o impacto da Grande Depressão, reverteu a crise e iniciou um novo estilo de crescimento rumo à liderança do setor industrial. Quanto à política econômica desse período, assinale a afirmativa correta. (a) Embora o orçamento federal apresentasse, em sua execução, déficit orçamentário ao longo desse período, em alguns anos, a proposta de orçamento previa superávit, o que evidencia certa influência ortodoxa na formulação da política fiscal. (b) Há um contraste entre a execução orçamentária, muitas vezes superavitária, e as propostas de orçamento sistematicamente com déficit ao longo desse período, o que ajuda a confirmar a tese de que o governo federal teria conscientemente executado uma política econômica anticíclica, de tipo keynesiano, mesmo antes da publicação da “Teoria Geral” de Keynes. (c) Tanto a proposta de orçamento como a execução orçamentária, ao longo desse período, evidenciam que o governo adotava à risca a regra de equilíbrio orçamentário, em consonância com a ortodoxia econômica vigente à época. (d) Tanto a proposta de orçamento como a execução orçamentária apresentaram déficits nos anos abrangidos por esse período, confirmando a tese de Celso Furtado de que o governo federal teria conscientemente implementado uma política econômica anticíclica, com base em teorias de demanda efetiva. (e) Embora o orçamento previsse superávit ao longo dos anos desse período, o governo federal inovou com relação à política econômica da República Velha ao não mais recorrer a desvalorizações cambiais para sustentar o nível de renda do setor cafeicultor. 6 15) A introdução do salário mínimo no Brasil (a) deu-se com valor unificado nacionalmente em seus primeiros anos e excluía o setor público e os trabalhadores do campo. (b) foi uma das primeiras medidas adotadas pelo Governo Provisório após a “Revolução de 1930” e serviu como símbolo dos compromissos do novo grupo dirigente com as classes trabalhadoras urbanas. (c) entrou em vigência no Segundo Governo Vargas, na primeira metade da década de 1950, e tinha como propósito elevar o nível de demanda da indústria nacional nascente, em sustentação ao “pacto populista” vigente. (d) deu-se com valores diferenciados regionalmente, prevendo-se reajustes anuais em índices fixados pelo governo, os quais deveriam levar em consideração os gastos de um trabalhador com alimentação, vestuário, habitação, transporte, higiene, educação e lazer. (e) ocorreu no Estado Novo, possuía valores diferenciados regionalmente e excluía os trabalhadores do campo. 16) Um dos fatos que marcaram a política econômica brasileira nos primeiros anos após a segunda Guerra Mundial foi (a) o rompimento oficial do governo brasileiro com o acordo de Bretton Woods ao optar por uma política de taxas de câmbio flexíveis. (b) a adoção de um regime de taxa de câmbio fixa, o que contribuiu para a sobrevalorização do cruzeiro. (c) a recorrência a políticas de desvalorização do mil- réis como forma de manter a paridade real com o dólar americano e com o propósito de não prejudicar o setor exportador. (d) a suspensão, pelo governo Dutra, do sistema de “operações vinculadas” que garantia estímulo ao setor importador de bens de capital. (e) o aumento da inflação e do estrangulamento externo, o que forçou o governo a adotar um sistema de leilões de câmbio para equilibrar o balanço de pagamentos. 17) Acompanhando-se a economia, a política e a política econômica brasileira na primeira metade da década de 1950, pode-se concluir que (a) o governo, logo após assumir, em 1951, formou um ministério nitidamente nacionalista, com maioria do PTB, evidenciando, desde logo, que não seria um governo alinhado aos Estados Unidos, o que contribuiu para a radicalização da oposição udenista. (b) uma política nitidamente desenvolvimentista foi tentada inicialmente, a qual teve de ser abandonada devido à substituição do superávit nas transações correntes que havia no início do período governamental, por déficits crescentes. (c) a “fórmula Campos Sales – Rodrigues Alves”, proposta pelo ministro Lafer, lembra a importância da estabilidade econômica para que a economia possa crescer. (d) a substituição do presidente Eisenhower por Truman, nos Estados Unidos, contribuiu para a concretização dos esforços de financiamento da Comissão Mista Brasil – Estados Unidos. (e) o aumento da inflação e do déficit nas transações correntes forçou o governo a abandonar as promessas desenvolvimentistas, passando a adotar uma política econômica ortodoxa, que resultou em taxas de crescimento do PIB negativas. 18) Uma das interpretações consagradas sobre a formação econômica e social do Brasil afirma que, a partir de 1930, teve início um novo modelo de desenvolvimento no país, o qual perduraria por várias décadas seguintes, marcando um período que ficou conhecido como o do “processo de substituição de importações”. Dentre as várias teses que economistas e cientistas sociais desenvolveram para explicar esse período e as linhas básicas desse modelo de desenvolvimento, pode-se citar a seguinte: (a) a sustentação política desse modelo, nas primeiras três décadas, deu-se através de ampla aliança, que abrangia parte significativa do empresariado industrial, dos proprietários de terra e do operariado urbano. 7 (b) os “choques adversos” causados pelo estrangulamento externo foram os principais responsáveis pelo estímulo inicial ao processo, pois, somente nos períodos de crises internacionais, abria-se espaço para as economias periféricas, como a do Brasil, importarem bens de capital. (c) o crescimento industrial, nas primeiras duas décadas, deu-se exclusivamente nos bens de consumo popular, só alcançando os bens intermediários e de capital nas décadas seguintes. (d) o setor primário não passou por mudanças significativas na primeira década após a crise de 1929, tendo-se tornado um ponto de estrangulamento para o crescimento industrial acelerado, o qual só seria superado na década seguinte quando se registraram profundas alterações na estrutura agrária, com aumentoda produtividade, a que muitos autores chegaram a denominar de “revolução verde”. (e) a economia começou a dar sinais de estagnação ao final da terceira década após o início do novo modelo, dentre outros motivos, devido a ter diminuído sensivelmente a magnitude do estrangulamento externo, o qual tinha servido de impulso inicial ao processo. 19) A extensa literatura que trata das origens da industrialização no Brasil – refletida nas contribuições de, dentre outros, Dean,Furtado, Fishlow, Suzigan e Versiani – permite afirmar que (a) a especulação na Bolsa associada ao fenômeno do Encilhamento não teve qualquer impacto positivo sobre o crescimento industrial. (b) o “choque adverso” representado pela 1ª Guerra Mundial contribuiu para a expansão da capacidade produtiva da indústria. (c) o crescimento da produção manufatureira tendeu a coincidir com períodos de retração das exportações brasileiras. (d) o processo de diversificação do parque industrial brasileiro sofreu com os controles cambiais adotados na Primeira República. (e) os interesses do café e da indústria nem sempre eram antagônicos, sendo freqüente a presença de cafeicultores donos de fábricas. 20) As bases para o desenvolvimento do capitalismo moderno e oligopolista no Brasil foram criadas pelo Presidente Getúlio Vargas. Que instrumentos de política econômica foram adotados a fim de criar essas bases ? (a) Política monetária e fiscal de fundo ortodoxo. (b) Política agressiva e sistemática de estímulo às exportações. (c) Política industrial executada pelo BNDE e voltada para os setores de bens de consumo duráveis. (d) Desenvolvimento de um sistema financeiro sólido e diversificado. (e) Planejamento econômico e criação de empresas estatais. 21) A produção de tecidos de algodão por processos manuais e equipamentos pré-industriais já se havia instalado no Brasil no século XVIII. No entanto, apenas após a década de 40 do século seguinte é possível identificar o início da instalação de unidades desta indústria. Qual dos fatores abaixo encorajou tal instalação ? (a) A redução de preços industriais na Europa, ligados à melhoria técnica da produção. (b) A valorização do mil-réis. (c) A imposição de tarifas sobre as importações. (d) O tratado comercial de 1810 com a Grã-Bretanha. (e) O declínio da produção indiana de tecidos. 22) Sobre o processo de industrialização por substituição de importações, leia o texto abaixo e marque a alternativa que contém apenas características deste processo: “Substituição das Importações pode ser entendido como um processo de desenvolvimento parcial e fechado que, respondendo às restrições do comércio 8 exterior, procurou repetir aceleradamente, em condições históricas distintas, a experiência de industrialização dos países desenvolvidos”. (Maria da Conceição Tavares in Da Substituição de Importações ao Capitalismo Financeiro). (a) Restrição externa, liberalismo econômico e produção voltada para exportação. (b) Industrialização acelerada, protecionismo econômico e abertura comercial. (c) Política fiscal restritiva, investimentos públicos e produção voltada para o mercado nacional. (d) Restrição externa, protecionismo econômico, intervenção estatal na economia e produção voltada para o mercado interno. (e) Industrialização gradual, populismo econômico e abertura comercial. 23) O Plano de Metas implementado pelo Governo Kubitschek foi fundamental para o processo de desenvolvimento econômico brasileiro. Na sua elaboração, utilizou-se o conceito de pontos de estrangulamento. Os setores que foram identificados como pontos de estrangulamento da economia brasileira são: (a) indústria de bens de consumo duráveis e não duráveis. (b) indústrias de construção civil e siderúrgica. (c) educação e saúde. (d) energia, transporte e alimentação. (e) exportadores de produtos manufaturados. 24) Que afirmativa abaixo NÃO se enquadra como caracterização do ambiente da industrialização brasileira na década de 50? (a) As exportações brasileiras demonstravam tendência de fraco desempenho a longo prazo, verificável através de baixas elasticidades-renda de importações desses bens pelos países industrialmente desenvolvidos. (b) A política de manutenção de preços elevados no mercado internacional do café estimulou a produção do produto por outros países, com reflexos perenes sobre as exportações brasileiras deste produto. (c) As dificuldades no balanço de pagamentos no pós- guerra foram responsáveis pela introdução de controles de câmbio, que se desenvolveram progressivamente no sentido de beneficiar o investimento industrial e proteger a capacidade industrial já instalada. (d) Os mercados financeiros internacionais apresentavam grande liquidez associada aos superávits comerciais dos países exportadores de petróleo, com facilidade de acesso a empréstimos a taxas de juros reduzidos. (e) O desenvolvimento industrial se fez com mecanismos de financiamento inflacionários, o que comprometeu o desempenho da economia no período subseqüente. 25) O Plano de Metas do período JK: (a) centrou-se numa proposta de crescimento acelerado, com metas setoriais voltadas a melhorar a distribuição regional e funcional da renda. (b) deve seu êxito fundamentalmente a variáveis externas, como o ingresso de capital estrangeiro, já que algumas políticas governamentais, como a cambial, são inconsistentes com as metas propostas de crescimento industrial acelerado. (c) pode ser considerada como a experiência de planejamento mais exitosa implementada no Brasil até então, prevendo metas de investimentos e dos recursos para viabilizá-los, inclusive acompanhando-as ao longo de sua execução. (d) proporcionou, em vários ramos da produção, um crescimento da capacidade produtiva além da demanda corrente, embora não tenha alcançado as metas previstas em setores definidos como pontos de estrangulamento pelo próprio plano, como alimentos e energia. (e) representou uma reorientação da indústria brasileira ao substituir a prioridade dos bens de consumo pelos bens de capital e ao proporcionar a economias regionais, como a gaúcha, taxas de crescimento superiores à média nacional. 9 26) “Tornou-se moda durante os anos 60 especular sobre as conseqüências da industrialização com vistas à substituição de importações (ISI) nos países em desenvolvimento e a maioria das análises era pessimista”. Nesse contexto, emergiram análises sobre a economia brasileira que atribuíam a estagnação à falta de mercado consumidor, e por isso são chamadas subconsumistas. Essas análises: (a) recorrem via de regra ao modelo tridepartamental de Kalecki para explicar como a estreiteza da demanda de consumo afeta as taxas de crescimento de curto prazo. (b) atribuíam à concentração de renda, à incapacidade de as tecnologias intensivas em capital gerarem empregos suficientes e ao atraso do setor primário as causas da estagnação. (c) atribuíam a falta de mercado consumidor aos altos preços decorrentes da estrutura industrial ineficiente, e passaram a defender uma abertura gradual da economia brasileira ao exterior. (d) evidenciam que a concentração de renda é funcional ao crescimento, já que é capaz de elevar a taxa de poupança per capita. (e) não tiveram penetração entre os economistas de tradição estruturalista cepalina, que, inspirados em Keynes,atribuíam as razões das baixas taxas de crescimento mais ao investimento que ao consumo agregado. 27) Sobre o Governo JK e o seu Plano de Metas, NÃO é válido afirmar que (a) o conjunto ambicioso de metas de crescimento contrasta, na formulação do Plano, com a pouca importância dada aos mecanismos de financiamento para viabilizá-lo. (b) a formação da Comissão Mista Brasil – Estados Unidos e a criação do BNDE, nesse período governamental, foram medidas que contribuíram para a captação de recursos externos e para a atração de investimentos estrangeiros. (c) parte do financiamento do Plano se deu através de emissão monetária, apesar do significativo ingresso de capitais externos. (d) a reforma cambial de 1957 beneficiou a indústria de bens de capital e estabeleceu duas categorias para importação, a geral e a especial, além de outra categoria não sujeita a leilão de câmbio. (e) o fim da Guerra da Coréia e da reconstrução europeia e japonesa contribuíram para o êxito da política governamental de atrair capital estrangeiro. 28) O Plano de Metas (1956-1961) marcou uma importante transformação produtiva brasileira, visando a maior integração da estrutura industrial no País. Para sua montagem, foi fundamental a identificação de pontos de estrangulamento que representavam setores: (a) cuja oferta não era capaz de responder rapidamente a uma elevação de demanda. (b) cuja expansão era inviável e que deveriam ter prioridade nas importações. (c) periféricos da indústria e com baixa capacidade de geração de emprego. (d) capazes de gerar grande demanda para outras atividades produtivas. (E) compostos por empresas de baixos níveis de produtividade e sofisticação tecnológica. 29) As proposições abaixo dizem respeito ao Plano de Metas (1956-1961). I - Entre as técnicas de planejamento utilizadas no Plano de Metas destacaram-se a identificação de pontos de estrangulamento e pontos de germinação. II - A elevação da produção de petróleo no País foi um fator essencial para o sucesso do Plano de Metas. III - A política de valorização do café foi um dos pontos mais importantes para viabilizar a implementação do Plano de Metas. É(São) correta(s) apenas a(s) proposição(ões): (a) I. (b) II. (c) III. 10 (d) I e II. (e) I e III. 30) Em 1956, com a chegada de Juscelino Kubitschek à Presidência da República, o Brasil busca estabelecer um Plano de Metas cujo objetivo era “crescer cinquenta anos em cinco “, privilegiando 5 setores da economia brasileira: energia, transporte, indústrias de base, alimentação e educação. No Plano de Metas não se contemplava: a) criação de mercados oligopolizados. b) financiamento do gasto público, via expansão dos meios de pagamentos e empréstimos externos. c) crescimento do departamento I e da indústria produtora de bens de consumo durável. d) desestímulo ao programa de industrialização por substituição das importações em favor das empresas exportadoras. e) presença de empresas estatais e multinacionais na economia.
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