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Economia Brasileira Conteporanea

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Prévia do material em texto

2019
Economia BrasilEira 
contEmporânEa
Prof.a Josélia E. Teixeira
Prof.a Pollyanna Rodrigues Gondin
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Prof.a Josélia E. Teixeira
Prof.a Pollyanna Rodrigues Gondin
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
T266e
 Teixeira, Josélia Elvira
 Economia brasileira contemporânea. / Josélia Elvira Teixeira; Pollyanna 
Rodrigues Gondin. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 200 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0317-1
 1. Brasil – Condições econômicas. - Brasil. I. Gondin, Pollyanna Rodrigues. 
II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 330.981
III
aprEsEntação
É valioso para a sua formação entender o percurso ao longo da 
história da Economia Brasileira. É um desafio sintetizar os principais fatos 
e desdobramentos históricos e de como estes impactaram nos principais 
indicadores e implicou no rumo da economia do país.
Assim, iniciaremos nosssos estudos com a Unidade 1. Esta unidade 
está dividida em três tópicos, sendo que o primeiro aborda o período da 
industrialização pesada, o segundo, o período marcado pelo endividamento 
e o “Milagre Econômico”, iniciando com a crise política que ocorreu nos anos 
de 1960. Já o terceiro tópico, abordará a crise do modelo de subsituição de 
importação, a crise inflacionária da década de 1980 e o fim dos governo militares.
Nesta primeira unidade, você irá se debruçar mais afundo sobre a 
evolução da economia brasileira pós Segunda Guerra Mundial. Mas, para 
isto, retornaremos um pouco na história para que você perceba que a crise 
que ocorreu em 1930, fez com que o modelo econômico brasileiro, baseado 
na agroexportação, sofresse forte declínio, abrindo margens para o processo 
de industrialização que se iniciou com a Era Vargas. 
Em um segundo momento, iremos estudar o período iniciado 
na década de 1960, que foi marcado por muitas mudanças na sociedade 
brasileira, que passou de uma democracia a uma ditadura militar autoritária 
e repressiva em 1964. Em termos econômicos, passa-se por uma grave crise 
econômica nos primeiros anos da década. A partir de 1967, com a instauração 
do PAEG, a economia brasileira é reestruturada por meio de uma série de 
reformas, o que resulta em uma recuperação econômica iniciada no primeiro 
triênio dos anos 1960 até o primeiro triênio de 1970, quando observa-se o 
chamado “milagre econômico”. 
Após a euforia pelas altas taxas de crescimento da economia no 
período entre 1968 e 1973, o ano de 1974 iria marcar o processo de queda 
do crescimento econômico brasileiro. Além disso, o período entre 1974 e 
1984 marca o esgotamento do modelo de industrialização por substituição 
de importações (PSI), além do final da ditatura militar e transição para a 
restauração da democracia no Brasil.
Assim, a década de 80 é um caldeirão de experiências econômicas 
que devem ser analisadas e compreendidas. O Brasil passou pelo movimento 
das “diretas já” e começou a conduzir o país para o modelo republicano 
presidencialista e que iria resultar nas primeiras eleições diretas em 
1989. Entretanto, nesta década o Brasil enfrentou inflação, hiperinflação e 
estagflação, para isso, a população ficou sequelada com os vários planos 
econômicos criados para tentar conduzir a economia para a estabilidade, mas 
sem sucesso. Veremos que a condução para as eleições diretas foi um processo 
IV
político complexo que só se efetivou no final da década, e a estabilização da 
economia brasileira não é um tema para amadores. Além disso, os choques 
externos e os aspectos internacionais também são fatores fundamentais para 
compreender os problemas da economia brasileira como a dívida externa, 
os investimentos externos no país, bem como a vulnerabilidade que o país 
apresentava diante das crises internacionais, especialmente dos outros países 
emergentes da América Latina.
O desafio é fazê-los montar esse quebra-cabeça, com tantas peças 
e observar de diferentes perspectivas. Portanto, a Unidade 2 terá como 
objetivo apresentar os fatos mais relevantes para discutir sobre a economia 
brasileira e como os planos econômicos desde 1986 até 2002 afetaram as 
principais variáveis socioeconômicas. Entretanto, externamente se fortalecia 
o fenômeno da globalização e se propagavam as ideais do neoliberalismo 
econômico. Vamos ver como o Brasil, fortemente dependente dos credores 
internacionais como o FMI, foi influenciado a aderir ao receituário deliberado 
no Consenso de Washington e induzido a construir uma agenda a ser 
cumprida independente da linha política que se estabelecesse no executivo.
Vamos continuar a desvendar a economia brasileira, já no início 
do século XXI, na Unidade 3. Nesta unidade você encontrará referências 
para estudo da política econômica nos dois mandatos do Presidente Lula, 
da Presidente Dilma e, após o seu impeachment no segundo mandato, do 
Presidente Temer. Vamos apresentar os principais indicadores e analisar 
como a economia chegou “praticamente” ao pleno emprego e chegou numa 
recessão econômica. Você observará que a economia depende fortemente da 
política e vice-versa. O Brasil passou por uma forte crise política, além dos 
escândalos de corrupção envolvendo agentes do setor público e empresários 
e gestores privados vai culminar no declínio das atividades econômicas e 
descrédito da capacidade do Estado da gestão de políticas públicas e de 
intervenção nas atividades privadas. Este é mais um capítulo do país, e aqui 
buscamos apresentar algumas peças para que você reflita e problematize 
como o economista pode perceber essas peças e como interpretar para ajudar 
em sua função seja na iniciativa pública ou privada.
Cabe ressaltar que os temas abordados são muito complexos, e os mais 
recentes acontecimentos do século XXI ainda têm suas consequências nos dias 
vindouros, portanto, as informações não são perfeitamente transparentes ou 
disponíveis. Logo, nos serve alguns desses fatos mais como ilustração e de 
como afetaram algumas variáveis macroeconômicas e despertar a análise de 
quais seriam as políticas econômicas praticadas e quais seriam as alternativas.
Dra. Josélia E. Teixeira e Dra. Pollyanna Rodrigues Gondin
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuemo código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À
 CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO .........................1
TÓPICO 1 – SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A INDÚSTRIA PESADA NO BRASIL ...........3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
2 O RETORNO DE GETÚLIO E A INDUSTRIALIZAÇÃO ............................................................4
3 O PROJETO DESENVOLVIMENTISTA............................................................................................8
4 PLANO DE METAS E O CAPITAL ESTRANGEIRO .................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE ECONÔMICO .........19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 CRISE POLÍTICA NOS ANOS 60 ..................................................................................................... 19
3 A DITADURA MILITAR E O PAEG (1964-1967) ............................................................................ 25
4 O MILAGRE ECONÔMICO (1968 -1973) ....................................................................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40
TÓPICO 3 – A CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO E A CRISE 
 INFLACIONÁRIA NO FINAL DOS GOVERNOS MILITARES (1985) ................ 41
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41
2 A CRISE INTERNACIONAL E O II PND........................................................................................ 41
3 A CRISE DA DÍVIDA EXTERNA ..................................................................................................... 47
4 O GOVERNO FIGUEIREDO E A ECONOMIA BRASILEIRA FRENTE À CRISE 
 INFLACIONÁRIA ................................................................................................................................ 50
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 58
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 60
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 61
UNIDADE 2 – A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL E AS TENTATIVAS DE 
 ESTABILIZAR A INFLAÇÃO .................................................................................... 63
TÓPICO 1 – OS PRIMEIROS GOVERNOS PÓS-DITADURA E OS PLANOS
 ECONÔMICOS EM UM MUNDO GLOBALIZADO .............................................. 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 A REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL E O GOVERNO SARNEY ........................................ 66
3 NOVA FASE DO GOVERNO SARNEY: SUCESSÕES DE PLANOS ECONÔMICOS
 E TENTATIVAS DE ESTABILIZAÇÃO FRUSTRADAS .............................................................. 75
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 81
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
sumário
VIII
TÓPICO 2 – A CONSOLIDAÇÃO DO REGIME DEMOCRÁTICO: NOVOS RUMOS
 PARA A ECONOMIA BRASILEIRA COM O GOVERNO COLLOR E O 
 GOVERNO DE ITAMAR FRANCO ............................................................................ 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 A ELEIÇÃO DE FERNANDO COLLOR DE MELLO .................................................................... 86
3 O GOVERNO COLLOR E AS MEDIDAS LIBERALIZANTES ................................................... 89
4 NOVOS RUMOS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA COM O PRESIDENTE
 ITAMAR FRANCO ............................................................................................................................... 97
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103
TÓPICO 3 – REFORMAS, PRIVATIZAÇÕES E OS DESEQUILÍBRIOS 
 MACROECONÔMICOS DO PERÍODO FHC .........................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105
2 PLANO REAL, SUAS CIRCUNSTÂNCIAS E O PRIMEIRO MANDATO DO
 GOVERNO FHC .................................................................................................................................106
3 POLÍTICA ECONÔMICA DO SEGUNDO GOVERNO DE FHC ............................................117
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................124
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................125
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................126
UNIDADE 3 – A ECONOMIA BRASILEIRA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI ..........................127
TÓPICO 1 – O GOVERNO LULA: MANUTENÇÃO DA POLÍTICA FINANCEIRA
 E MUDANÇAS NA ECONOMIA ...............................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 TRANSIÇÃO DE FHC PARA LULA (2002 A 2003) ......................................................................130
3 A POLÍTICA ECONÔMICA NO PRIMEIRO GOVERNO LULA ............................................133
4 PROGRAMAS SOCIAIS E O IMPACTO NA MACROECONOMIA NO GOVERNO LULA ...... 147
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................153
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154
TÓPICO 2 – REELEIÇÃO DO GOVERNO LULA E A CRISE FINANCEIRAINTERNACIONAL ........................................................................................................155
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................155
2 REELEIÇÃO DE LULA E O QUE MUDOU? .................................................................................156
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................171
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................172
TÓPICO 3 – CRISE POLÍTICA E A ECONOMIA NOS GOVERNOS DE DILMA E TEMER ....... 173
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................173
2 ELEIÇÃO DA DILMA........................................................................................................................173
3 A CRISE POLÍTICA E ECONÔMICA NO SEGUNDO MANDATO DE DILMA ................178
4 TEMER NO PODER ...........................................................................................................................183
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................185
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................188
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................189
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................191
1
UNIDADE 1
ECONOMIA BRASILEIRA PÓS 
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE 
DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE 
IMPORTAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender o processo de industrialização da economia brasileira;
• compreender o nacionalismo desenvolvimentista empregado à época;
• analisar as principais causas do fim do modelo de substituição de 
importação;
• identifcar os fatores que desencadearam a crise inflacionária no final dos 
governos militares.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A INDÚSTRIA PESADA 
 NO BRASIL
TÓPICO 2 – REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE 
 ECONÔMICO
TÓPICO 3 – CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO 
 E A CRISE INFLACIONÁRIA E FIM DOS GOVERNOS 
 MILITARES (1985)
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
INDÚSTRIA PESADA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Ao longo do Tópico 1 você irá se debruçar mais afundo sobre a evolução 
da economia brasileira após Segunda Guerra Mundial. Você irá perceber 
que a trajetória de crescimento da economia brasileira, à época, foi marcada e 
influenciada pelas bruscas reestruturações da economia mundial, como a crise de 
1930 e a Segunda Guerra Mundial. Assim, você irá perceber que a crise que ocorreu 
em 1930 fez com que o modelo econômico brasileiro, baseado na agroexportação, 
sofresse forte declínio, abrindo margens para o processo de industrialização que 
se iniciou com a Era Vargas. 
Para conseguir abarcar seu propósito e para melhor aproveitamento, 
o Tópico 1 foi dividido em três subtópicos. O primeiro refere-se ao retorno de 
Getúlio Vargas e à industrialização pesada. O segundo diz respeito ao projeto 
desenvolvimentista. Ainda, o terceiro refere-se ao Plano de Metas e ao capital 
estrangeiro, que caracterizaram o governo de Juscelino Kubitschek.
Assim, iniciaremos o primeiro subtópico apresentando o primeiro governo 
Vargas, que se iniciou em 1930 e findou em 1945, período este em que governou 
sem interrupções ou trocas no poder. Durante os estudos, você irá perceber 
que a crise de 1930 marcou a fragilização do modelo agrário e exportador e, ao 
mesmo tempo, a necessidade de uma industrialização como forma de superar os 
constrangimentos externos e desenvolver o país. O governo de Vargas foi marcado 
pela forte intervenção estatal e pela emergência do Processo de Substituição de 
Importações (PSI), marcando o início da industrialização brasileira. 
 
No segundo subtópico, apresentaremos o projeto nacional 
desenvolvimentista de Vargas, que marcou a implementação do PSI e modificou 
de modo profundo as características da economia brasileira. A população migrou 
do campo para a cidade para trabalhar nas fábricas, fornecendo um aparato de 
mão de obra necessário para o processo de industrialização e urbanização, este 
que estava ocorrendo na época.
No terceiro e último subtópico, atenção será dada ao Plano de Metas, 
que foi instituído no governo de Juscelino Kubitschek, que governou o país 
de 1956 a 1960. O Plano de Metas foi implementado com o slogan “50 anos de 
progresso em 5 anos de realizações” e pode ser considerado o período de auge 
da industrialização brasileira. O principal objetivo desse plano era estabelecer as 
bases de uma economia industrial madura no país, de modo a aprofundar o setor 
produtor de bens de consumo duráveis. 
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
4
Após a breve apresentação, esperamos que vocês aproveitem ao máximo 
o conteúdo preparado! Bons estudos!
2 O RETORNO DE GETÚLIO E A INDUSTRIALIZAÇÃO 
Iniciaremos nossos estudos da Unidade 1 abordando o retorno de Getúlio 
Vargas ao poder e os impactos de tal feito no processo de industrialização. 
Contudo, antes disso, é importante falar um pouco sobre as características do 
governo Vargas e recapitular alguns pontos importantes do seu primeiro governo, 
quando foi presidente do Brasil por 15 anos ininterruptos, entre 1930 e 1945. 
De acordo com Sandroni (2010, p. 876), Vargas pode ser considerado o 
“mais influente estadista brasileiro do século XX, chefe máximo do movimento 
trabalhista no país e figura dominante na política do Brasil por 24 anos”. Seu 
governo foi marcado pelo populismo e por uma política econômica nacionalista.
A respeito do primeiro governo Vargas, é importante ressaltar que a 
crise de 1930 foi um momento que marcou a fragilização do modelo agrário e 
exportador e, ao mesmo tempo, a necessidade de uma industrialização como 
forma de superar os constrangimentos externos e desenvolver o país. Getúlio 
Vargas foi considerado o líder da Revolução de 1930 que teve como consequência 
fim da República Velha. Seu governo, nesta época, foi marcado pela forte 
intervenção estatal e pela emergência do Processo de Substituição de Importações 
(PSI), marcando o início da industrialização brasileira. 
O PSI envolvia protecionismo, a depreciação da moeda local e o controle 
das importações, com vistas ao desenvolvimento da indústria nascente brasileira. 
Pode-se considerar então que esse processo de industrialização ficou conhecido 
por ser fechado em função de dois elementos: por ser uma industrialização voltada 
para contemplar o mercado interno e por depender de medidas protecionistas para 
a indústria nascente (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011).
Apesar do esforço realizado na época, considera-se que o processo de 
industrialização não foi completo, uma vez que a indústria de bens de capital não 
se desenvolveu, sendo o foco da industrialização brasileira o desenvolvimento 
das indústrias de bens de consumo duráveis e não duráveis. 
IMPORTANT
E
Você sabe qual a diferença entre indústria de bens de capital, indústria de bens de 
consumo duráveis, indústria de bens intermediários e indústria de bens de consumo não duráveis?
TÓPICO 1 | SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
5
 A indústria de bens de capital refere-se à produção de máquinas e equipamentos, 
ouseja, serve como base para outras indústrias. A indústria de bens intermediários diz respeito 
às indústrias de ferro, aço, cimento, petróleo, indústrias que são base para outras indústrias, 
assim como a indústria de bens de capital.
 A indústria de bens de consumo duráveis diz respeito à indústria responsável pela 
produção de produtos que podem ser utilizados mais de uma vez por um longo período. 
Exemplo: eletrodomésticos, automóveis, máquina de lavar roupas etc. Já a indústria de bens 
de consumo não duráveis refere-se à produção de bens que são consumidos imediatamente, 
como alimentos, calçados, bebidas etc.
Pois bem, após 15 anos no poder, Getúlio Vargas foi então substituído por 
Eurico Gaspar Dutra, que governou o país até 1950, e adotou uma política marcada 
pelo liberalismo econômico, rompendo com a política de industrialização iniciada no 
governo Vargas (PIRES, 2010). É importante ressaltar que esse rompimento foi feito:
[...] por meio de uma política de abertura da economia nacional, do 
relaxamento dos controles de importação e sobre o capital estrangeiro, 
do desmonte do arcabouço institucional que permitia ampla ação 
estatal na economia e da introdução de uma política de estabilização 
calcada na abertura comercial, no corte do gasto público, no aperto 
monetário e creditício e no arrocho salarial (PIRES, 2010, p. 101).
Além do rompimento com o Processo de Substituição de Importação 
iniciado por Vargas, o governo Dutra não foi popular. Caracterizou-se pelo arrocho 
dos salários, com congelamento do salário mínimo, além da realização de medidas 
para repreender as classes trabalhadoras mais combativas (IANNI, 1986). 
Após esse período de liberalização da economia que marcou o Governo 
Dutra, Vargas retoma novamente o poder. Ao longo dos governos de Getúlio 
Vargas o PSI foi implementado, o que modificou as características da economia 
brasileira de modo profundo, uma vez que a população migrou do campo para 
trabalhar nas fábricas, promovendo um processo de industrialização e urbanização. 
Assim, quando Vargas retornou à presidência, ele aplicou novamente o PSI, 
gerando envolvimento central do governo na economia. Para dar continuidade 
ao PSI, Vargas tinha como objetivo promover o desenvolvimento da indústria 
pesada no país. Para tanto, fundou a Petrobrás e a Eletrobrás, além de restringir 
a participação do capital externo na economia brasileira (LACERDA et al., 2000). 
Para implementar o PSI, o Estado de Vargas possuía algumas funções 
básicas como a adequação das instituições à indústria nascente; a promoção de 
uma infraestrutura básica, como a construção de portos, ferrovias e estradas; o 
oferecimento de insumos básicos e a captação e distribuição da poupança. Além 
disso, é importante mencionar que, segundo Lacerda et al. (2000), o financiamento 
do governo dava-se mediante a captação de tributos, poupanças compulsórias e 
ganhos no mercado de câmbio.
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
6
A industrialização brasileira no período Vargas pode ser considerada uma 
industrialização fechada, pois foi voltada para contemplar o mercado interno e com 
medidas protecionistas, como as citadas anteriormente. Mas você deve se perguntar 
como ocorreu o PSI? Houve uma sequência lógica para o PSI? Segundo Gremaud, 
Vasconcellos e Toneto Júnior (2011), houve sim uma sequência importante:
• Primeiramente, houve um processo de estrangulamento externo, com queda 
do valor das exportações e manutenção de parte da demanda interna por 
importações, gerando escassez de divisas.
• Para combater o estrangulamento externo, o governo Vargas tomou 
medidas para proteger a indústria nacional preexistente, o que aumentou a 
competitividade e a rentabilidade da produção nacional.
• Passou-se a produzir internamente o que antes era importado, aumentando a 
renda nacional e a demanda agregada.
• Novo estrangulamento externo em função do próprio crescimento da demanda, 
que provoca aumento das importações. Desse último ponto da sequência, 
volta-se ao primeiro.
É importante mencionar que, segundo autores como Fonseca (2003), o 
motor dinâmico do PSI foi o estrangulamento externo, sendo assim, o modelo 
de substituição de importações pode ser entendido como uma resposta ao 
estrangulamento externo, também conhecido como teoria dos choques adversos. 
Desse modo, as crises da agroexportação incidiam sobre a balança comercial, 
fazendo submergir as contradições de uma economia voltada para fora, mas que 
ao mesmo tempo não conseguia gerar divisas para manter pauta de importações 
e pagar o serviço da dívida externa (FONSECA, 2003).
Tal estrangulamento externo era recorrente e relativo. Recorrente pois 
a tendência era repetir-se sistematicamente ao longo do processo de 
substituição de importações, e relativo porque não poderia haver um 
desequilíbrio externo absoluto que significasse um limite completo 
às importações, as quais deveriam-se manter minimamente para 
fazer face às necessidades relativas aos investimentos e à ampliação 
da capacidade produtiva do país. Os estrangulamentos, assim, 
funcionavam como estímulos e limites ao investimento industrial. 
Tal investimento, nesse momento, passa a ser a variável-chave para 
determinar o ritmo do crescimento econômico nacional, substituindo 
as exportações que eram o ponto-chave do ritmo de crescimento do 
país em sua fase agroexportadora (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011, p. 354). 
Assim, é possível considerar que o estrangulamento externo funcionava 
como o principal fator que desencadeava o PSI. Além disso, o PSI ocorreu por 
etapas, ou seja, buscou-se construir um setor após o outro, sendo que a primeira 
etapa objetivava o desenvolvimento essencial da indústria de bens de consumo 
não duráveis, até chegar na etapa de desenvolvimento da indústria de bens de 
capital. As indústrias de bens de consumo duráveis e de bens de consumo não 
duráveis foram as priorizadas, no caso brasileiro. 
TÓPICO 1 | SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
7
Em um primeiro momento, de 1930 a 1955, período conhecido como 
“industrialização restringida”, predominou a substituição de importações de bens 
de consumo não duráveis, mas, ao mesmo tempo, o processo de industrialização 
atingiu setores, como minerais não metálicos, metalúrgica, papel/papelão e 
química. Já de 1953 a 1973 a produção voltou-se para os bens de consumo 
duráveis, que impulsionaram a indústria de bens de consumo não duráveis, os 
intermediários e os de capital (FONSECA, 2003).
O exposto pode ser visualizado na tabela que se segue. 
TABELA 1 – ESTRUTURA DE PRODUÇÃO DOMÉSTICA E IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS 
MANUFATURADOS – 1949-1964
FONTE: Bergman e Malan (1971, apud GREMAUD, VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011, p. 357)
Bilhões de cruzeiros a preços de 1955
Bens de consumo Bens de produção Total de produtos
Ano Não duráveis Duráveis Intermediários Capital Manufaturados
A) IMPORTAÇÕES
1949 5,4 8,9 18,2 15,8 48,3
1955 4,5 2,1 22,6 13,7 42,9
1959 2,8 2,9 21,2 29,2 56,1
1964 3,9 1,5 18,6 8,7 32,7
B) PRODUÇÃO DOMÉSTICA
1949 140,0 4,9 52,1 9,0 206,0
1955 200,9 19,0 104,0 18,0 341,9
1959 258,0 43,1 159,6 59,5 520,2
1964 319,5 93,8 261,1 79,7 754,2
IMPORTAÇÕES SOBRE OFERTA TOTAL [A/(A+B)]
1949 3,7 64,5 25,9 63,7 19,0
1955 2,2 10,0 17,9 43,2 11,1
1959 1,1 6,3 11,7 32,9 9,7
1964 1,2 1,6 6,6 9,8 4,2
Entretanto, é importante ressaltar que esse processo não foi simples e que 
existiram dificuldades na implementação do PSI. Segundo Gremaud, Vasconcellos 
e Toneto Júnior (2011) existiram quatro dificuldades principais:
• Tendência ao desequilíbrio externo: aparecia por três razões principais – política 
cambial (caracterizada pelo confisco cambial, desestimulando as exportações 
de produtos agrícolas); indústria sem competitividade (contemplava apenas 
o mercado interno e, assim, não conseguia atuar no mercado internacional); 
e elevada demanda por importações (devido ao investimento industrial e ao 
aumento da renda).
UNIDADE1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
8
• Aumento da participação do Estado com quatro funções principais: adequação do 
arcabouço institucional ao processo de industrialização, geração de infraestrutura 
básica, fornecimento de insumos básicos e captação e distribuição de poupança.
• Aumento da concentração de renda: havia excedente de mão de obra em 
decorrência do êxodo rural e, consequentemente, baixos salários.
• Escassez de fontes de financiamento: para resolver o problema de escassez, o 
Estado teve que se valer das poupanças compulsórias, dos recursos provenientes 
da Previdência Social, dos ganhos no mercado de câmbio, do financiamento 
inflacionário e do endividamento externo.
3 O PROJETO DESENVOLVIMENTISTA
Em 3 de outubro de 1950, Getúlio Vargas vence as eleições defendendo um 
projeto desenvolvimentista. Na época, Vargas encontrou um país diferente para 
governar, pois, como dito anteriormente, existiram, com o PSI, uma urbanização e 
uma industrialização intensa, sendo que a indústria passou a ser uma espécie de 
“mola propulsora” da economia brasileira. Com a industrialização e urbanização, 
novas classes sociais emergiram, como a burguesia industrial, a classe média e 
a classe trabalhadora. Assim, a base de sustentação política do projeto nacional 
desenvolvimentista era formada por proprietários de terra, o empresariado industrial, 
os trabalhadores urbanos, os sindicatos e os políticos tradicionais (FONSECA, 2003). 
IMPORTANT
E
É válido ressaltar que os segmentos agrários foram importantes, apesar de ser 
uma era concentrada no processo de industrialização. Mas você sabe por que e qual o papel 
desempenhado pelo setor?
 
 Primeiro, existiam questões econômicas. O setor primário viabilizava o PSI ao 
produzir matérias-primas e bens de consumo dos trabalhadores urbanos, além de gerar 
divisas com a exportação. Segundo, podemos citar as motivações políticas. A esse respeito, 
Fonseca (2003, p. 42) afirma que Vargas sempre mostrou interesse em pactuar com os antigos 
oligarcas e com os segmentos voltados à agroexportação. Assim, “um compromisso implícito 
foi firmado entre o governo e estes segmentos, que receberam em troca a não realização 
da reforma agrária e a não extensão da legislação trabalhista ao campo, sem contar outros 
benefícios, como crédito”.
Quando tratamos sobre o segundo governo Vargas, é importante que 
você tenha em mente que houve a articulação de um projeto de desenvolvimento 
capitalista, com ênfase no desenvolvimento e modernização da indústria e da 
agricultura. Além disso, houve forte intervenção estatal na economia (FONSECA, 
1987). Assim, Vargas retomou o programa econômico Estado Novo para enfrentar 
problemas no balanço de pagamentos e o surto inflacionário e implementar um 
programa de desenvolvimento com base em investimentos em transporte e 
energia, pontos de estrangulamento da economia brasileira (PIRES, 2010). 
TÓPICO 1 | SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
9
Ademais, é relevante ressaltar que o desenvolvimento da indústria pesada 
era outro ponto central do programa de Vargas.
A política industrializante de Vargas tomaria corpo nos três grandes 
programas de desenvolvimento de sua gestão: o Plano Nacional 
de Reaparelhamento Econômico (PNRE), o Plano Nacional de 
Eletrificação e o projeto de criação da Petrobras. Lançado em 1951, o 
PNRE previa investimentos na indústria de base, na modernização da 
agricultura e, principalmente, nos setores de energia e transporte. [...] 
O Plano Nacional de Eletrificação era ambicioso, previa a duplicação 
da capacidade instalada em dez anos, a implantação da indústria de 
equipamento elétrico pesado e a criação da Eletrobrás, que ficaria 
responsável pela coordenação dos financiamentos, dos investimentos 
e das empresas regionais de eletricidade. O projeto Petrobras visava 
ao desenvolvimento de um setor considerado vital para a economia 
e ao controle nacional de recursos naturais, importantes para a 
independência econômica do país (PIRES, 2010, p. 117-118).
No seu projeto desenvolvimentista, Vargas adotou uma postura 
nacionalista. Mas apesar disso, a partir de 1953, é importante ressaltar que o 
nacional desenvolvimentismo de Vargas aceitava o capital estrangeiro, desde 
que este tivesse como finalidade acelerar o processo de industrialização e 
modernização agrícola. É possível afirmar então que, apesar do nacionalismo, a 
viabilidade do desenvolvimentismo de Vargas dependia, em grande medida, da 
capacidade de articulação para angariar financiamento externo.
Assim, Vargas estabeleceu um plano de cooperação com os Estados Unidos. 
Nesse plano, técnicos dos dois países fizeram um diagnóstico da economia brasileira e, 
como resultado, foram gerados 41 projetos setoriais de desenvolvimento (FONSECA, 
2003). Foi neste contexto que o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico), atual BNDES, foi criado (FONSECA, 2003). 
Em 1951, o governo brasileiro anunciou ter obtido 500 milhões de 
dólares em empréstimos do Banco Mundial e dos Estados Unidos. Em 
cima dessa promessa, montou toda uma estratégia de desenvolvimento. 
Os percalços começaram a ficar evidentes quando se tornou claro que 
o Banco Mundial só financiaria projetos específicos e a seu critério. A 
expectativa era de que o governo brasileiro controlasse os eventuais 
recursos emprestados, indicando que Vargas esperava limitar as 
influências externas sobre as decisões de política econômica. Do 
montante prometido, o Brasil recebeu apenas 63 milhões de dólares 
(PIRES, 2010, p. 120).
Apesar da necessidade de capital externo para financiar o PSI, é 
importante, segundo Pires (2010), levar em consideração o contexto internacional. 
A Segunda Guerra Mundial, a Grande Depressão e a prioridade dada pelos 
Estados Unidos para a Europa e Japão no pós-guerra diminuíram a entrada de 
capital norte americano no Brasil, o que, de uma certa forma, obrigou o país a 
realizar um desenvolvimento mais autônomo. Entretanto, o financiamento 
interno também apresentava problemas. A esse respeito, é importante mencionar 
que o financiamento interno nesse período se baseava em três pontos principais 
de acordo com Pires (2010, p. 122):
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
10
1) sistema de câmbio, que implicava a transferência de parte do 
excedente do setor agrário e exportador para a indústria;
2) nacionalização de setores estratégicos assumidos pelo Estado, o 
que implicava exacerbar o gasto público e, portanto, os déficits 
orçamentários, que eram cobertos, sobretudo, por meio de emissão 
monetária, visto que o mercado de títulos era pequeno. A inflação, 
decorrente desse procedimento, corroía os salários;
3) a contenção dos salários e a transferência de ganhos de produtividade 
do setor estatal. 
Essa forma de financiar o desenvolvimentismo foi um entrave e se configurou 
em um problema para o projeto de desenvolvimentismo brasileiro. A política de 
confisco cambial diminuía o desenvolvimento da agricultura de exportação, o 
que impactava diretamente na capacidade de importação. Uma alternativa foi a 
emissão de moeda, que gerou aumento da inflação. Esta, por sua vez, corroeu os 
salários, estimulando a atuação sindicalista independente. Como consequência, é 
importante mencionar que a influência de Vargas na classe operária começou a 
diminuir, e houve um aumento da concentração de renda (PIRES, 2010). 
Houve então a eclosão da “Greve dos 300 mil”. Mas o que seria essa greve? 
Você já ouviu falar? De acordo com Ruy (2013), a “Greve dos 300 mil” ocorreu em 
março de 1953. O estopim foi o alto custo de vida, que subiu em torno de 100% 
entre 1943 e 1951, ao mesmo tempo em que o salário cresceu apenas 14%. Ruy 
(2013) afirma que dentre os ganhos dos trabalhadores com a “Greve dos 300 mil” 
é possível citar: o aumento salarial de 32%, o aumento da força dos sindicatos 
formando, inclusive, lideranças sindicais, e anomeação de um novo ministro do 
trabalho, João Goulart, que propôs um aumento de 100% no salário mínimo, para 
vigorar a partir de maio de 1954. 
Devido ao descontentamento do empresariado, Vargas recuou e demitiu 
João Goulart, mas, ao mesmo tempo, manteve o reajuste salarial, o que provocou 
um descontentamento das classes dominantes e dos militares. Esse episódio foi 
importante para a crise final do desenvolvimentismo de Vargas. Além disso, 
a inflação e o desequilíbrio das contas públicas enfraqueceram ainda mais o 
governo. Todo esse cenário econômico e político contribuiu para o golpe, que 
derrubou o governo Vargas, sendo que o agravamento da crise levou, o até então 
presidente, ao suicídio. 
O padrão de desenvolvimento, calcado nos setores de bens de 
capital e intermediários e na expansão da infraestrutura, foi apenas 
parcialmente implementado, devido à ausência de um esquema 
consistente de financiamento da acumulação e em virtude da falta 
de um decidido apoio das classes dominantes para uma ação mais 
abrangente do Estado na economia (PIRES, 2010, p. 125).
TÓPICO 1 | SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
11
TABELA 2 – INDICADORES SELECIONADOS DA ECONOMIA BRASILEIRA (1945-1960)
Ano
PIB
Cresc. 
(%)
Produto 
industrial 
(%)
Produto 
agrícola 
(%)
Produto 
serviços 
(%)
Formação 
capital 
fixo (% 
PIB)
Dívida 
externa
(em 
milhões 
de 
dólares)
Inflação 
IPC/RJ
Salário 
mínimo 
real (São 
Paulo 
1944 = 
100)
1945 3,2 5,5 -2,2 2,9 - 698,1 16,7 80,3
1946 11,6 18,5 8,4 10,2 - 645,0 16,5 70,9
1947 2,4 3,3 0,7 7,2 14,9 625,0 21,9 53,8
1948 9,7 12,3 6,9 6,9 12,7 597,0 3,4 49,6
1949 7,7 11,0 4,5 7,3 13,0 601,0 4,3 50,4
1950 6,8 12,7 1,5 7,9 12,8 559,0 9,4 47,9
1951 4,9 5,3 0,7 6,0 15,4 571,0 12,1 53,0
1952 7,3 5,6 9,1 5,9 14,8 632,0 17,3 124,8
1953 4,7 9,3 0,2 1,9 15,1 1.159,0 14,3 101,7
1954 7,8 9,3 7,9 9,8 15,8 1.317,0 22,6 138,3
1955 8,8 11,1 7,7 9,2 13,5 1,445,0 23,0 139,3
1956 2,9 5,5 -2,4 0,0 14,5 1.580,0 21,0 147,0
1957 7,7 5,4 9,3 10,5 15,0 1.517,0 16,1 153,8
1958 10,8 16,8 2,0 10,6 17,0 2.044,0 14,8 133,3
1959 9,8 12,9 5,3 10,7 18,0 2.234,0 39,2 101,7
1960 9,4 10,6 4,9 9,1 15,7 2.372,0 29,5 130,8
FONTE: Adaptado de Abreu (1992) e Oliveira (2003) 
Com o suicídio de Vargas, em 1954, assume o governo Café Filho, dando 
início a um período de grande instabilidade política nos próximos 16 meses. Café 
Filho, por motivos de saúde, foi substituído por Carlos Luz, que, por sua vez, 
foi substituído por Nereu Ramos, então presidente do Senado (PIRES, 2010). O 
primeiro ministro da Fazenda de Café Filho foi Eugênio Gudin, que iniciou a 
abertura do país para o exterior, sendo a abertura aprofundada no governo de 
Juscelino Kubitschek. 
4 PLANO DE METAS E O CAPITAL ESTRANGEIRO
Após estudar sobre a era Vargas, enfatizando o PSI e o desenvolvimentismo, 
daremos um passo à frente e nos concentraremos no período seguinte. Você já 
deve ter ouvido falar sobre Plano de Metas. Qual período da história brasileira 
compreende esse plano? E sobre qual governo o mesmo foi implementado? Sobre 
essas e outras questões que iremos tratar a partir desse momento!
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
12
Plano de Metas é o plano de desenvolvimento econômico e social, com 
duração prevista para cinco anos, que foi adotado durante o governo de Juscelino 
Kubitschek, também conhecido como JK. Esse Plano ficou popularmente conhecido 
pelo slogan “50 anos de progresso em 5 anos de realizações”. É importante 
mencionar também que o Plano de Metas pode ser considerado um caso bem-
sucedido de implementação de planejamento estatal, pois o Estado atuou de modo 
importante para a execução, caracterizando o auge do período desenvolvimentista.
JK governou o Brasil de 1956 a 1960. Segundo Gremaud, Vasconcellos e 
Toneto Júnior (2011), é possível considerar que o período do Plano de Metas foi o 
auge da industrialização brasileira que se iniciou com Getúlio Vargas. Você sabe 
qual era o objetivo principal do Plano? “O principal objetivo era estabelecer as 
bases de uma economia industrial madura no país, especialmente aprofundando 
o setor produtor de bens de consumo duráveis” (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011, p. 365).
Contudo, por que o intuito do Plano de Metas era aprofundar o setor 
produtor de bens de consumo duráveis? A esse respeito, é importante mencionar 
que esse plano foi formulado com base nos estudos do grupo BNDE-Cepal, que 
identificou uma demanda reprimida por bens de consumo duráveis. Além disso, 
esse setor poderia ser uma importante fonte de crescimento, devido à demanda por 
bens intermediários, geração de emprego e estímulo ao desenvolvimento de novos 
setores na economia (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011). É 
possível considerar então que o Plano de Metas apresentava viés keynesiano.
A demanda por esses bens vinha da própria concentração de renda 
anterior que elevara os padrões de consumo de determinadas 
categorias sociais. Para a viabilização do projeto, dever-se-ia readequar 
a infraestrutura, além de eliminar os pontos de estrangulamento 
existentes, os quais já haviam sido identificados nos estudos da 
Comissão Mista Brasil-Estados Unidos (CMBEU). Ainda, era necessário 
criar incentivos para a vinda do capital estrangeiro nos setores que 
se pretendia implementar (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO 
JÚNIOR, 2011, p. 365).
IMPORTANT
E
De acordo com Keynes (1996, p. 345), o Estado deveria prestar serviços que 
expandissem o bem-estar geral da população, assegurando o que ele chamou de “uma 
socialização dos investimentos”. Isso porque existem áreas em que não há interesse da 
iniciativa privada. Assim, as políticas fiscal, monetária e cambial precisariam ser expansionistas 
para acelerar o crescimento da demanda reprimida, garantindo assim a distribuição de renda 
e o pleno emprego dos fatores.
TÓPICO 1 | SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
13
De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2011, p. 365-366), 
o Plano de Metas foi dividido em três pontos principais:
i. investimentos estatais em infraestrutura, com destaque para os 
setores de transporte e energia elétrica. No que diz respeito aos 
transportes, cabe destacar a mudança de prioridades, que, até o 
governo Vargas, centrava-se no setor ferroviário, e passou para o 
rodoviário, que estava em consonância com o objetivo de introduzir 
o setor automobilístico no país;
ii. estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o 
aço, o carvão, o cimento, o zinco etc., que foram objeto de planos 
específicos;
iii. incentivos à introdução dos setores de consumo duráveis e de capital. 
Foram criados grupos executivos e colegiados, também conhecidos 
como comissões setoriais, para formular as políticas para atingir as metas 
setoriais. Esses grupos eram formados por representantes da Sumoc, do BNDE, 
da Cacex e por empresários ligados ao Conselho de Desenvolvimento (PIRES, 
2010). Consideramos que os principais instrumentos de ação governamental 
para atingir as metas foram o tratamento especial ao capital externo, através de 
incentivos, e o estímulo à acumulação privada e ao crédito privado. Além disso, 
investimentos das empresas estatais e crédito com juros baixos (Banco do Brasil 
e BNDE), política de reserva de mercado e concessão de avais para obtenção de 
empréstimos externos foram realizados. 
Ao todo foram estabelecidas 31 metas que abrangiam o setor de energia, 
de transporte, de alimentação, de educação, as indústrias de base, e uma meta 
síntese. Devemos ressaltar que os investimentos totais previstos eram de 355 
bilhões de cruzeiros da época, sendo: 43,4% para o setor de energia, 29% para o 
setor de transportes, 20,4% para a indústria de base, 3,2% para o setor alimentício 
e 3,4% para a educação, sendo os gastos com a área social muito pequenos se 
comparados com as outras áreas (PIRES, 2010).
Essas metas desejavam atacar os pontos de estrangulamento e impedir o 
surgimento de novos na oferta de infraestruturae de bens intermediários. Além 
disso, essas metas foram estabelecidas, também, com o propósito de gerar novos 
investimentos em setores considerados como pontos de germinação, segundo 
Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2011). Os autores citam como ponto de 
germinação a construção da nova capital federal da época, Brasília. 
É preciso salientar também que as metas que foram estabelecidas pelo plano, 
incluíam, além do setor público, o setor privado, desejando o desenvolvimento 
de setores tidos como prioritários. 
É possível afirmar que o cumprimento das metas foi satisfatório. Como 
exemplo, o setor têxtil cresceu 34%, o setor alimentício 54% e o setor de materiais 
de transporte 711% (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011). A 
tabela que se segue mostra os principais resultados do Plano de Metas.
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
14
TABELA 3 – PLANO DE METAS – EXPANSÃO PREVISTA E RESULTADOS (1957-1961)
Setor Previsão Realizado %
Energia elétrica (1.000KW) 2.000 1.650 82
Carvão (1.000 t) 1.000 230 23
Produção de petróleo (1.000 barris/
dia) 96 75 76
Refino de petróleo (1.000 barris/dia) 200 52 26
Ferrovias (1.000 km) 3 1 32
Rodovias – construção (1.000 km) 13 17 138
Aço (1.000 t) 5 - -
Cimento (1.000 t) 1.100 650 60
Carros e caminhões (1.000 unid.) 170 133 78
Nacionalização de carros (%) 90 75 -
Nacionalização de caminhões (%) 95 74 -
FONTE: Giambiagi et al. (2005, p. 36)
Já na tabela a seguir é possível verificar a taxa de crescimento dos setores. A 
respeito da taxa de crescimento da indústria, é possível afirmar que houve intensa 
diferenciação industrial em um espaço curto de tempo. Pires (2010) afirmam que 
se instalaram no país indústrias automobilísticas, de construção naval, de material 
elétrico pesado e outras de máquinas e equipamentos. Em consonância com esse 
aumento, houve expansão também de indústrias como a siderurgia, a de metais 
não ferrosos, a química, a de petróleo e a de papel e celulose. A respeito do setor 
agropecuário, Pires (2010, p. 137) afirma que “sua participação no PIB caiu de 
23,5% para 17,5%”. Já em relação ao setor de serviços, é importante considerar 
que apresentou um crescimento abaixo da média, de acordo com os autores. 
TABELA 4 – TAXA DE CRESCIMENTO DOS SETORES (1955-1961)
FONTE: IBGE (apud GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011, p. 367)
Ano Indústria Agricultura Serviços
1955 11,1 7,7 9,2
1956 5,5 -2,4 0
1957 5,4 9,3 10,5
1958 16,8 2 10,6
1959 12,9 5,3 10,7
1960 10,6 4,9 9,1
1961 11,1 7,6 8,1
TÓPICO 1 | SITUAÇÃO INTERNACIONAL E A 
15
Apesar de satisfatório, no que diz respeito ao cumprimento das metas 
do plano, existiram problemas, principalmente relacionados com a questão do 
financiamento. 
Os investimentos públicos, na ausência de uma reforma fiscal 
condizente com as metas e os gastos estipulados, precisaram ser 
financiados principalmente por meio de emissão monetária [...]. 
Percebe-se que, apesar das rápidas transformações provocadas, 
ampliando e diversificando a matriz industrial brasileira, o Plano de 
Metas aprofundou todas as contradições criadas ao longo do processo 
de industrialização por substituição de importações, tornando claros 
os limites do modelo dentro do arcabouço institucional vigente. Por 
outro lado, essa fase do crescimento industrial brasileiro já representa, 
de certa forma, a superação do próprio modelo de substituição de 
importações (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 
2011, p. 368-369).
Em relação à aceleração da inflação, é possível afirmar que, entre 1955 e 
1958, esta se manteve no patamar de 15%, e chegou a 52% em 1962 (PIRES, 2010). 
Ademais, segundo os autores, no início da década de 1960 a população urbana 
representava 45% do total, população esta que migrou do campo para a cidade para 
trabalhar nas indústrias. Apesar disso, 48% da População Economicamente Ativa 
(PEA), em 1960, exercia trabalho informal. Enquanto os salários mínimos sofreram 
perdas, a concentração de renda só aumentava: “os 50% mais pobres recebiam o 
equivalente a 17,4% da renda, e os 10% mais ricos, 39,6%” (PIRES, 2010, p. 137-138).
Assim, houve, nesse período, um crescimento acelerado da economia 
brasileira. Contudo, ao mesmo tempo, esse crescimento não foi dividido com 
toda a população, aguçando as tensões sociais. 
16
Neste tópico, você aprendeu que:
• Getúlio Vargas foi presidente do Brasil por dois períodos. Primeiramente de 
1930 a 1945, e depois, de 1951 a 1954, ano em que se suicidou.
• Getúlio Vargas implementou o Processo de Substituição de Importações (PSI), 
processo este que deu início à industrialização brasileira e teve como marco a forte 
intervenção estatal, o protecionismo, a depreciação da moeda local e o controle das 
importações, com vistas ao desenvolvimento da indústria nascente brasileira.
• Após grande instabilidade política, Juscelino Kubitschek governou o Brasil de 
1956 a 1960, período no qual implementou o Plano de Metas com o slogan “50 
anos de progresso em 5 anos de realizações”, sendo que esse plano pode ser 
considerado um caso bem-sucedido de implementação de planejamento estatal.
• O período do Plano de Metas foi o auge da industrialização brasileira que se 
iniciou com Getúlio Vargas. O principal objetivo desse plano era estabelecer as 
bases de uma economia industrial madura no país, especialmente aprofundando 
o setor produtor de bens de consumo duráveis.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 O que é o Processo de Substituição de Importação (PSI)? Sobre qual governo 
o PSI foi implementado?
2 Quais foram os períodos em que Getúlio Vargas governou o Brasil?
3 Como era feito o financiamento do governo Vargas para o Processo de 
Substituição de Importações?
4 Qual era o principal objetivo do Plano de Metas, implementado no Governo 
de JK?
5 O Plano de Metas era composto por quantas metas? E qual a finalidade 
dessas?
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO
E O MILAGRE ECONÔMICO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico iremos apresentar, em um primeiro momento, as 
principais causas da crise da década de 1960, traçando as ações tomadas pelos 
presidentes João Goulart e Jânio Quadros, as quais não conseguiram reverter o 
cenário de crise, devido ao elevado endividamento externo provocado pelo Plano 
de Metas de Juscelino Kubitschek. 
Podemos afirmar que a década de 1960 foi marcada por muitas mudanças 
na sociedade brasileira, que passou de uma democracia a uma ditadura militar 
autoritária e repressiva em 1964. Em termos econômicos, passa-se por uma 
grave crise econômica nos primeiros anos da década. A partir de 1967, com a 
instauração do PAEG (Programa de Ação Econômica do Governo), a economia 
brasileira é reestruturada por meio de uma série de reformas, resultando em uma 
recuperação econômica iniciada no primeiro triênio dos anos 1960 até o primeiro 
triênio de 1970, quando observa-se o chamado “milagre econômico”. 
2 CRISE POLÍTICA NOS ANOS 60
Como observado no tópico anterior, o Plano de Metas de JK produziu 
efeitos de crescimento econômico, com realizações importantes no Brasil. 
Contudo, gerou uma crise que acarretou em uma recessão em 1963, quando 
ocorreu a renúncia de Jânio Quadros, a qual resultou na instauração do regime 
militar em 1964. 
Em comparação com o governo de Juscelino Kubistchek, os primeiros 
anos da década de 1960 foram marcados por uma recessão econômica. Pode-se 
considerar esse período, sobretudo a partir de 1963, como a primeira grave crise 
econômica que sofreu o Brasil em sua etapa industrial. Nesses anos, observou-se 
uma redução substancial dos investimentos e da taxa de crescimento da renda 
brasileira. Verificou-se nesse período uma aceleração da inflação, que atingiu a 
marca de 90% em 1964, o que contribuiu para o golpe militar neste ano. Em suma, 
esses dados negativos, observados na economia brasileira nesses anos, foram 
herança das medidas tomadas durante o Plano de Metas, gerando desequilíbrio 
na economia(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011).
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
20
Após oito meses da tomada do poder, Jânio Quadros renunciou em 
um contexto pouco explicado, com a dificuldade enfrentada pelo 
vice, João Goulart, para assumir o poder. A presidência de João 
Goulart foi conturbada, com troca de ministros em várias ocasiões 
até a eclosão do golpe militar (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011, p. 374).
IMPORTANT
E
FONTE: <https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/459849-
CONGRESSO-NACIONAL-DEVOLVE-SIMBOLICAMENTE-MANDATO-DO-PRESIDENTE-
JOAO-GOULART.html>. Acesso em: 14 out. 2018.
 No regime parlamentarista, ao qual foi submetido o ex-presidente João Goulart, o 
presidente tem suas funções limitadas, pois, nesse momento, os militares utilizavam o veto 
para reduzir o poder do presidente na época, que foi considerado comunista.
FIGURA - JOÃO GOULART
Durante o governo Jânio Quadros existiam muitos problemas, pois era 
preciso sanear os passivos externos e internos pela administração de JK. Para 
ilustrarmos os problemas da economia brasileira no começo da década de 1960 
podemos destacar que somente em atrasados comerciais, em coberturas de 
Promessas de Venda de Câmbio (PVC) e em serviços da dívida foram pagos, 
em 1961, aproximadamente U$S 1,5 bilhão. Observava-se também um aumento 
contínuo do nível de preços na economia (REGO; LACERDA; MARQUES, 2013).
Portanto, Jânio Quadros assumiu com duas metas definidas: eliminar a 
inflação e pagar a dívida externa contraída no governo anterior. Nesse sentido, 
para resolver o problema do estrangulamento do setor externo, o governo Jânio 
atuou em duas frentes: i) a reforma no sistema de câmbio, com base na Instrução 
TÓPICO 2 | REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE ECONÔMICO
21
n° 204 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), que promovia uma 
unificação cambial; e ii) as tentativas de renegociação da dívida externa. Essas 
medidas foram tomadas para combater os déficits no Balanço de Pagamentos e o 
déficit fiscal do governo (REGO; LACERDA; MARQUES, 2013).
Para atingir seus objetivos, Jânio Quadros inaugura um pacote econômico 
ortodoxo, ou seja, conservador, que incluía algumas ações, sendo elas: i) a 
desvalorização cambial (100%), para incentivar as exportações e atrair dólares; 
ii) a redução do gasto público, para controlar as contas do governo; e iii) uma 
política monetária restritiva, para controlar o índice de preços na economia. 
IMPORTANT
E
Quando falamos em políticas ortodoxas, nos referimos às medidas tomadas pelo 
governo com conservadorismo, isto é, práticas mais tradicionais para atingir os objetivos 
do governo de combater a inflação e promover o desenvolvimento econômico. Dentro 
dessas medidas ortodoxas contracionistas, com vistas à garantia do combate à inflação, por 
exemplo, incluem-se a redução dos gastos públicos, a redução do crédito ao consumidor, o 
aumento dos juros e a expansão da carga tributária. Essas medidas promovem uma redução 
da liquidez na economia, ou seja, da oferta de moeda. Já as medidas ortodoxas expansionistas 
serviriam para aumentar a quantidade de moeda na economia, como a expansão do crédito 
ou o aumento dos gastos públicos. Por outro lado, a heterodoxia envolve práticas políticas 
menos usuais, como o congelamento de preços, realizado na economia no final da década 
de 1980 para combater a inflação.
Com relação aos resultados do governo de Jânio podemos adiantar que, 
a partir das medidas de combate ao câmbio múltiplo e dos programas de ajuste 
fiscal, expandiram a confiança dos credores internacionais e a visão externa. 
O governo cumpriu as metas de corte de gastos no começo do ano, porém os 
gastos públicos se expandiram em agosto. Devido aos resultados negativos 
de suas decisões, Jânio Quadros não conseguiu levar adiante sua estratégia 
econômica e promoveu uma mudança na orientação da política econômica 
(REGO; LACERDA; MARQUES, 2013).
Assim, ocorreram mudanças nos rumos da política econômica de 
Jânio Quadros, que passou de conservadora e reducionista à expansionista. 
Nesse momento, não existiam instituições necessárias para executar a política 
macroeconômica corretamente, como o Banco Central, que foi criado nos anos 
seguintes, e existiam poucos instrumentos de política macroeconômica para o 
governo atingir seus objetivos (REGO; LACERDA; MARQUES, 2013).
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
22
IMPORTANT
E
As políticas macroeconômicas são aquelas adotadas pelo governo para atingir 
seus objetivos econômicos, sendo que os principais são gerar crescimento econômico 
e controlar o aumento de preços na economia (inflação). As políticas macroeconômicas 
são: i) a fiscal, relacionada aos gastos públicos e às fontes de financiamento do governo 
(impostos); ii) a monetária, referente à oferta de moeda e crédito na economia e iii) a cambial, 
relativa à administração da taxa de câmbio e da quantidade de moeda estrangeira (divisas) na 
economia. A política macroeconômica pode ser expansionista, quando busca-se aumentar a 
liquidez para promover emprego e crescimento, ou contracionista, quando deseja-se reduzir 
a liquidez na economia (quantidade de moeda), com vistas a combater a inflação.
Na primeira fase de seu governo o presidente Jânio Quadros buscou 
aumentar a credibilidade externa e, na segunda etapa, visava alcançar crescimento 
econômico. Além disso, ele expandiu os gastos públicos porque sofreu pressão por 
parte do empresariado industrial. Essas medidas não surtiram o efeito esperado, 
havendo queda de crescimento, o que levou Jânio Quadros à renúncia (REGO; 
LACERDA; MARQUES, 2013).
João Goulart assumiu em setembro de 1961 e, entre esse mês e janeiro 
de 1963, três gabinetes parlamentares foram formados, mas nenhum conseguiu 
implementar políticas consistentes. Em 1961 a inflação estava em 33,2% ao ano e, 
no ano seguinte (1962), ela chegou a 45,5% ao ano. 
O presidente João Goulart indicou o economista Celso Furtado para ser seu 
Ministro da Fazenda, mas este não conseguiu ter bons resultados em suas ações. O 
economista adotou políticas anti-inflacionárias, ortodoxas, com redução de gastos e 
da liquidez. A população reagiu negativamente à queda dos salários e ao aumento 
dos preços. A tentativa de estabilização fracassou e provocou crescimento negativo 
do PIB per capita: a economia cresceu 6,6% em 1962, mas apenas 0,6% em 1963, com 
inflação de 83,25% (REGO; LACERDA; MARQUES, 2013).
O chamado Plano Trienal, de Celso Furtado, consistia em uma política 
de desenvolvimento planejada para o triênio 1963/65 e tinha os seguintes 
objetivos: 1) Garantir uma taxa de crescimento em 7%; 2) reduzir a inflação; 3) 
criar condições para a distribuição de renda, 4) aprofundar a ação do governo 
no campo educacional, da pesquisa científica e tecnológica e da saúde pública; 
5) diminuir desigualdades regionais; 6) desenvolver mudanças institucionais; 7) 
solucionar a questão da dívida externa; e 8) orientar os investimentos públicos.
Os investimentos planejados para a economia para o triênio 1963-65 foram 
de 3,5 trilhões de cruzeiros, com elevação da renda per capita de US$ 323,00 
em 1962 para US$ 363,00 em 1965. Nesse sentido, esperava-se que a indústria 
produzisse mais de 70% dos bens de capital de que a economia necessitava para 
manter um crescimento sustentado de 7%. 
TÓPICO 2 | REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE ECONÔMICO
23
Ocorreram muitas lutas sindicais, promovendo a manutenção dos salários 
e diminuindo os lucros das empresas, que não cresceram. Assim, o Plano Trienal 
não obteve êxito nos seus propósitos, o que não significa que ele não tenha sido 
bem elaborado. Contudo, o que impediu seu sucesso foi a falta de sustentação 
política, o que promoveu também a redução do Investimento Externo Direto (IED 
– entrada de empresas estrangeiras) no Brasil ea desaceleração do PIB (REGO; 
LACERDA; MARQUES, 2013). 
Como consequência do fracasso de seu plano, em julho de 1963, Furtado 
deixou o governo. Ademais, o fim do governo João Goulart levou ao golpe militar. 
Verificando-se que um período de intenso crescimento do PIB entre 1956 e 1962 
foi interrompido. Nesse sentido, a desaceleração da economia persistiu até 1967. 
A inflação atingiu a casa de 90% em 1964, mostrando os problemas econômicos 
no momento prévio do golpe militar. 
Podemos apontar que a crise da década de 1960 demonstrou a contradição 
entre dois modelos: i) o modelo nacional-desenvolvimentista, baseado no controle 
nacional sobre a economia, na expansão do mercado interno e na atuação maior 
do Estado e na concessão de mais direitos à população; e ii) o modelo mais 
aberto ao capital, sustentado no consumo de elite, no desenvolvimento do setor 
de bens duráveis, na concentração de renda e na monopolização, promovendo 
agravamento das dificuldades externas. A crise indicava o esgotamento das 
Políticas de Substituição de Importações (PSI) (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011, p. 374).
De acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2011, p. 372): 
Muitas são as explicações para essa crise [...]. Podemos dividir tais 
explicações em quatro grandes grupos, dependendo de qual peso 
a explicação atribui a fatores políticos ou econômicos, conjunturais 
ou estruturais. Obviamente que, naquele momento, dependendo da 
explicação que era dada para a crise, soluções diferentes também 
eram propostas.
QUADRO 1 – A CRISE DOS ANOS 60 E SUAS EXPLICAÇÕES
FONTE: Gremaud, Vasconcellos e Toneto Júnior (2011, p. 372)
Crises Conjunturais Estruturais
Políticas Instabilidade política Crise do populismo
Econômicas Política econômica 
recessiva de combate 
à inflação
1- Estagnacionismo – crise do PSI
2- Crise cíclica endógena de uma economia 
industrial
3- Inadequação institucional
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
24
IMPORTANT
E
O populismo esteve presente na política brasileira em alguns momentos, como 
durante o governo Getúlio Vargas. Segundo Bobbio, Matteucci e Pasquino, em seu Dicionário 
de Política (1998, p. 980), “populistas são as fórmulas políticas cuja fonte de inspiração central 
é o povo, o qual é considerado um agregado social homogêneo”.
 O governo de Getúlio Vargas era considerado populista por basear-se no clamor 
popular, ao conceder direitos trabalhistas e buscar apoio popular para as suas políticas 
nacionalistas de desenvolvimento econômico. Segundo Santos (2015, p. 47): “A ideologia 
desenvolvimentista populista institucionalizava o poder político das forças populares, 
incorporando a emergência das massas no jogo político nacional”.
No primeiro quadrante do quadro anterior, observam-se as explicações 
que levam em conta elementos políticos para desvendar as causas da crise 
da década de 1960. Nesse cenário, verificava-se uma “profunda instabilidade 
política, com a eleição de Jânio Quadros, que contava como vice um candidato de 
uma coligação rival (João Goulart, considerado comunista), revelando os desafios 
enfrentados naquele momento político” (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011, p. 372).
Outro aspecto político que promoveu a recessão dos anos 1960 foi a crise 
do populismo, devido à falta da capacidade dos governantes de “incorporar 
as novas massas urbanas como base de apoio político sem, no entanto, que as 
concessões utilizadas para tal incorporação fossem exageradas do ponto de vista 
patronal” (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011, p. 373). 
Assim, se o governo concedia muitos direitos trabalhistas para cativar o povo, os 
empresários ficavam insatisfeitos e questionavam o governo. 
Em termos econômicos conjunturais, podemos apontar que os resquícios 
deixados pelo governo de JK foram decisivos para a adoção de uma política econômica 
restritiva com vistas a combater a inflação. Outras visões de cunho econômico, mas 
estruturais, são visões estagnacionistas, que estavam associadas ao esgotamento do 
processo de substituição de importações, pois, para que o crescimento continuasse, 
era necessário desenvolver o setor de bens de capital, o que não ocorreu no Brasil 
(GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011). 
Outra corrente defendia que a crise de 1960 era “uma crise cíclica endógena 
típica da economia industrial ou capitalista” (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011, p. 372), que estava relacionada a uma “desaceleração 
dos investimentos em bens de capital” (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO 
JÚNIOR, 2011, p. 372) Ou seja, era vista como uma crise normal vivenciada por 
todas as economias capitalistas em algum momento.
TÓPICO 2 | REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE ECONÔMICO
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Outro elemento que foi interpretado como uma explicação para a crise era 
a necessidade de reformas institucionais para novos investimentos, pois faltavam 
mecanismos de desenvolvimento adequados no setor público e no privado. Esses 
problemas foram resolvidos no PAEG, que será estudado a seguir. 
3 A DITADURA MILITAR E O PAEG (1964-1967)
Como visto no item anterior, a crise dos anos 1960 resultou, entre vários 
motivos, “de uma polarização entre distintos interesses representados na 
sociedade brasileira” (PIRES, 2010, p. 161). Uma elite militar que representava o 
interesse dos latifundiários organizou-se para dar o golpe militar, rompendo com 
a ordem legal, em 1º de abril de 1964, com apoio dos EUA.
Além do setor militar, pode-se afirmar que alguns grupos de civis tinham 
interesse na instauração da ditadura, como pequenos e grandes empresários 
nacionais e representantes de empresas estrangeiras. A classe burguesa industrial 
no Brasil apoiou o golpe para conter a concessão de direitos trabalhistas no país. 
Durante todo o governo militar (1964-1985), a diferença entre os interesses dos 
grupos foi responsável por uma falta de coerência na política econômica do 
período. A primeira ação dos grupos militares foi o Programa de Ação Econômica 
Geral, que buscava “não assegurar o desenvolvimento econômico da nação 
como os planos econômicos adotados anteriormente, mas promover um ajuste 
estrutural, tão necessário à economia brasileira no período” (PIRES, 2010, p. 161).
O PAEG foi elaborado pelo Ministério do Planejamento e da Coordenação 
Econômica, na figura de Roberto Campos, no governo Castelo Branco. Um dos 
objetivos principais do Programa era reduzir a inflação, que passou de 90% em 
1964 para 30% em 1967. O PAEG representou um conjunto de transformações 
institucionais impostas ao país, reforma bancária e tributária. Baseava-se em uma 
política econômica que garantia investimentos produtivos públicos e privados, 
que eram essenciais ao crescimento econômico do Brasil. Os princípios centrais 
do PAEG eram a retomada do desenvolvimento experimentado no Plano de 
Metas, a estabilidade de preços, a qual era uma prioridade, a atenuação dos 
desequilíbrios regionais e a correção do Balanço de Pagamentos, garantindo o 
equilíbrio das nossas contas externas.
IMPORTANT
E
O que é o Balanço de Pagamentos de uma economia?
 O Balanço de Pagamentos (BP) é o registro contábil das transações econômicas, 
durante um dado período, entre os seus residentes (que tem o país como centro de interesse) 
e os residentes do resto do mundo. 
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
26
 O BP é dividido em duas grandes contas: a conta corrente, formada pela Balança 
Comercial (exportações menos exportações), a Conta Serviços e Rendas (entram os 
pagamentos dos juros da dívida externa), a Conta Transferências Unilaterais (as doações que 
o país recebe ou envia) e a conta capital, que representa o passivo externo da economia, ou 
seja, os recursos que ela paga da dívida externa, capital de curto prazo que sai da economia 
e Investimento Externo Direto. Para que uma economia seja saudável, o BP deve estarem 
equilíbrio, caso contrário significa que ele está devendo para outra nação ou outro Estado 
deve a ele (BATISTA JR., 2002).
Existem diferentes diagnósticos para a inflação que determinam ações 
variadas. O PAEG diagnosticou a inflação de modo ortodoxo, indicando que o 
déficit público é a causa da inflação, ou seja, que o excesso de oferta de moeda 
aquece a demanda. Isso ocorreu, segundo seus formuladores, pela expansão 
do crédito às empresas e pelos aumentos salariais superiores ao aumento da 
produtividade, provocando a recessão e a subida de preços. Assim, a proposta 
foi a redução dos gastos públicos e a diminuição da inflação em 10%. As ações 
indicadas para a mudança foram: i) controlar contas públicas, ii) adotar uma 
política monetária restritiva, iii) controlar a emissão de moeda e crédito; e iv) uma 
política de contenção salarial, o chamado arrocho salarial.
Importante salientar que as ações do PAEG se deram em duas frentes: i) nas 
políticas conjunturais de combate à inflação; e ii) nas reformas estruturais, que 
poderiam solucionar os problemas da inflação e eliminar obstáculos ao crescimento.
Dentre as medidas de combate à inflação, podem se destacar: 
• A redução do déficit público, por meio do aumento das tarifas públicas e da 
reforma tributária. Isso provocou uma redução do déficit público de 4,2 % em 
1963 para 1,1 % em 1966. 
• A restrição do crédito e o aperto monetário por meio do aumento dos juros, 
com encarecimento do crédito e diminuição do consumo e investimento. 
• Uma política salarial, com reajustes que reduziram o salário real.
Dentro dessa lógica surge a noção de correção monetária, ou seja, 
indexação da economia, que, posteriormente, na década de 1980, representará 
um grave problema para a economia brasileira. Nesse sentido, considerava-se 
que a ausência da correção monetária gerava problemas. Ademais, a inflação 
promoveu os seguintes desafios:
• um desestímulo à poupança para o sistema financeiro; 
• a lei do inquilinato desestimulava a construção civil, pois os aluguéis não eram 
corrigidos e estavam desatualizados; 
• a desordem tributária promovia atraso nos pagamentos de impostos e reduzia 
a arrecadação do governo.
TÓPICO 2 | REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE ECONÔMICO
27
IMPORTANT
E
O que é a correção monetária?
 Pode-se mencionar que a correção monetária se tornou um elemento que marca 
a economia brasileira desde o PAEG. É uma atualização monetária, que representa a 
adequação da moeda à inflação passada, dentro de um período predefinido. O objetivo 
é compensar as perdas econômicas dos grupos econômicos, como os vendedores, os 
trabalhadores, os donos de imóveis e os investidores do mercado financeiro, com os reajustes 
dos preços na economia, dos salários, dos juros e dos aluguéis. O grande problema é que 
a correção monetária na década de 1980 passou a ser feita diariamente, o que enriqueceu 
os investidores do mercado financeiro com o overnight e promoveu uma hiperinflação na 
economia, prejudicando consumidores e empresários.
FONTE: <https://blog.rebel.com.br/o-que-significa-correcao-monetaria-qual-a-diferenca-
com-os-juros/>. Acesso em: 27 out. 2018.
O PAEG contempla a ideia de tratamento de choque para uma ação mais 
gradual e que teve bons resultados, como a queda da inflação, porém provocou 
também redução do crescimento econômico no período, devido ao crédito caro e 
ao consumo limitado (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011).
Em termos de reformas estruturais, o PAEG atuou em três linhas, realizando: 
i) uma reforma tributária; ii) uma reforma monetária e financeira; e iii) uma reforma 
da política externa. No âmbito da reforma tributária as ações adotadas foram:
• A alteração do formato do sistema tributário, com a criação de uma série de 
importantes impostos de tipo valor adicionado, como o Imposto sobre Produtos 
Industrializados (IPI), Impostos sobre Circulação de Mercadorias (ICM) e o 
Imposto sobre Serviços (ISS).
• A redistribuição dos tributos entre as esferas do governo. Nesse sentido, a 
União ou o governo Federal ficou responsável por recolher o IPI, o Imposto 
de Renda (IR), os Impostos sobre comércio exterior, e o Imposto Territorial 
Rural (ITR), sendo o maior concentrador de fontes de renda. Por sua vez, os 
entes estatais federados ficaram a cargo de recolher o Imposto sobre Circulação 
de Mercadorias (ICM). Já os municípios ficaram responsáveis pelo Imposto 
Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Serviços (ISS). Além 
disso, foi criado o fundo de Participação de Estados e Municípios. Nota-se um 
processo de centralização das decisões sobre tributação nas mãos da União, 
com o objetivo de eliminar guerra fiscal entre os estados da Federação.
Na ótica da reforma tributária, surgem ainda os fundos parafiscais FGTS e 
o PIS, que são importantes fontes de poupança compulsória para o setor público. 
Passa-se a adotar a chamada “Inflação corretiva” nas empresas estatais, isto é, 
a correção dos preços públicos (energia, transporte, água etc.). As principais 
UNIDADE 1 | ECONOMIA BRASILEIRA PÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL À CRISE DO MODELO DE SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÃO
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consequências da reforma tributária do PAEG que podemos mencionar foram 
o aumento da arrecadação e a centralização da arrecadação e das decisões 
na União, com subordinação dos estados ao governo central (GREMAUD; 
VASCONCELLOS; TONETO JÚNIOR, 2011).
Na ótica da Reforma Monetária-Financeira proposta pelo PAEG as 
seguintes ações foram previstas: 
• A instituição da correção monetária, que estimula juros reais e a criação da 
Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN) e de outros títulos fixados 
de longo prazo. Nesse sentido, é a variação da ORTN que determina o índice 
de correção monetária. O mercado de títulos públicos se torna então instituído 
no Brasil, com as Letras do Tesouro Nacional (LTN). Lembrando que um 
Mercado de Títulos sofisticado é importante para a expansão das fontes de 
financiamento do governo.
• A criação das duas principais instituições de execução da política monetária: o 
Conselho Monetário Nacional (órgão normativo) e o Banco Central (Bacen, órgão 
executivo). Isso promoveu uma maior independência da política monetária. 
Ademais, o Banco do Brasil se tornou o agente bancário do governo. O Bacen 
passou a administrar a dívida pública, ao emitir títulos do tesouro nacional e 
moeda. O Bacen, que deveria ser um órgão de controle das contas públicas, 
se transformou em banco de fomento da economia. Pode-se afirmar que essas 
instituições e suas funções formaram um estranho arcabouço institucional que 
mistura política fiscal e monetária. 
• A criação do SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e BNH (Banco Nacional de 
Habitação), tendo como agentes a Caixa Econômica e as Sociedades de Crédito 
Imobiliário. As fontes de recursos para o SFH são as cadernetas de poupança, 
as letras imobiliárias e o FGTS.
• Foi realizada a reforma do mercado de capitais, com a aprovação da lei n. 4728, 
baseada no modelo financeiro norte-americano, com uma forte segmentação do 
mercado. Nesse sentido foram autorizados os seguintes agentes no Mercado: 
1) Bancos comerciais, encarregados do crédito de curto prazo; 2) Financeiros, 
que são agentes de crédito ao consumidor; 3) Bancos de investimento, que 
concedem crédito de médio e longo prazo e 4) Bancos de desenvolvimento, 
encarregados de financiar operações especiais de fomento.
O PAEG criou também a Bolsa de Valores, subordinada ao Bacen, e se 
operam a compra e venda de ações de empresas com capital aberto, assim como 
o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) (GREMAUD; VASCONCELLOS; 
TONETO JÚNIOR, 2011).
A última frente de reformas foi a da Política Externa, cujo intuito era 
aprimorar o comércio externo brasileiro e atrair capital estrangeiro, mediante: 
TÓPICO 2 | REFORMAS, ENDIVIDAMENTO EXTERNO E O MILAGRE ECONÔMICO
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• Estímulo e diversificação das exportações, por meio da utilização de incentivos 
fiscais e modernização

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