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Elementos Constitutivos do Estado

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TEORIA GERAL DO ESTADO
Prof. Charles Daniel Duvoisin
Aula nº. 4
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO
O Estado para ganhar vida e ter representatividade necessita preencher três requisitos básicos; deter população, uma base física e governo soberano. São elementos essenciais para a concretização do Estado. Essa sociedade de pessoas, unida por interesses de cunho político, de vínculos jurídicos, prescinde de uma organização maior, que é o Estado. E o Estado para existir necessita de três elementos; população, território e governo (soberano). 
POPULAÇÃO, TERRITÓRIO E GOVERNO.
POPULAÇÃO: é o primeiro elemento formador do Estado. Representa, na sociedade política, o elemento humano, comum a todas as sociedades. Ha divergências doutrinárias sobre o núcleo básico formador do Estado. Uns entendem que é a unidade étnica, como Roma, Grécia, China, etc... – família / tribo / cidade e Estado. Outros, porém, entendem num sentido amplo. São porções de povos diferentes reunidas num território.[1: SALVATTI NETTO. Pedro. Curso de Ciência Política, vol. I. Hemeron Editora. 2ª edição. São Paulo. 1977. Pág. 49. ]
Raça é uma unidade bio-antropológica. (estuda costumes, características culturais, mas considera-se primordialmente o “sangue”); 
Para Groppali, a palavra população exprime um conceito aritmético, de caráter quantitativo, demográfico, e serve para designar a massa dos indivíduos vivendo, em uma certa época, dentro de um Estado, independentemente de qualquer relação ética, política e jurídica, que possa intervir entre eles.[2: GROPPALI. Alexandre. Doutrina do Estado. 2ª edição (traduzida da 8ª edição italiana por Paulo Edmur de Souza Queiroz). Editora Saraiva. São Paulo. 1968, pág. 111. ]
Diante destas considerações podemos conceituar “população” como um a expressão que envolve um conceito aritmético, quantitativo, demográfico, pois designa a massa total dos indivíduos que vivem dentro das fronteiras e sob o império das leis de um determinado país. A população é o primeiro elemento formador do Estado.
Não confundir com Nação, onde existe um identidade histórica e uma gama muito maior de tradições, inerentes aos cidadãos. Há um sentimento de união bem maior. Exemplo: Império Austro-Hungaro. 
Ao Estado cabe ainda aumentar a sua população pelo critério da naturalização, já exposto anteriormente. Também nestes casos pode ocorrer a dupla nacionalidade, quando o natural de acordo com o direito do seu país de origem não perde a sua nacionalidade e o Estado que o naturaliza aceita a dupla cidadania assim criada. Os Estados europeus estão cada vez mais dispostos a permitir a dupla cidadania, enquanto o fenômeno da apatrídia (sem pátria) deve continuar sendo evitado. O fenômeno da perda de nacionalidade, por sua vez, também pode ocorrer, mas constitui medida que vem perdendo popularidade. [3: KARL, Doehring. Teoria do Estado. Tradução; Gustavo Araújo. Editora Del Rey. Belo Horizonte. 2008. ]
POPULAÇÃO e POVO - Diferenças
População: como exposto, população é a expressão que envolve um conceito aritmético, quantitativo e demográfico, pois designa a massa total dos indivíduos que vivem dentro das fronteiras e sob o império das leis de um determinado país. 
 
Povo: é o conjunto de indivíduos sujeitos às mesmas leis. São os “súditos”, os cidadãos de um mesmo Estado. É a população do Estado sob o aspecto puramente jurídico. Nas palavras de Jorge Miranda; “O povo é a comunidade dos cidadãos ou súditos, a universitas civium. E porque o poder sobre todos recai e a lei a todos se dirige, bem pode aduzir-se que a regra fundamental que lhe preside vem a ser da unidade, a qual postula, logicamente, universalidade e igualdade de direitos e deveres.” [4: MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição. Editora Forense. Rio de Janeiro. Pg 186. 2002. ]
Não é tão somente o aglomerado dos indivíduos que, pelo fato de se acharem no território sobre a qual a atividade do Estado se exerce, estão sujeitos ao poder de governo. Desta comunhão de governados (povo) é que sai o corpo de eleitores, também chamado, por artifício teórico de generalização, a expressão ativa do povo nacional. [5: QUEIROZ LIMA. Eusébio de. Teoria do Estado. 6ª edição. Editora A casa do livro. Rio de Janeiro. 1951, pág. 126.]
O doutrinador Marcelo Caetano assim trata do assunto: “O termo população tem significado econômico que corresponde ao sentido vulgar, e que abrange o conjunto de pessoas residentes num território, quer se trate de nacionais quer de estrangeiros. Ora, o elemento humano do Estado é constituído unicamente pelos que a ele estão ligados pelo vínculo jurídico que hoje chamamos nacionalidade. (...) A palavra povo designa a coletividade humana que, afim de realizar um ideal próprio de justiça, segurança e bem-estar, reivindica a instituição de um poder político privativo que lhe garanta o direito adequado às suas necessidades e aspirações (...) O povo é constituído apenas pelos nacionais, resulta que só estes podem intervir no exercício do poder constituinte (originário) e que só estes em princípio gozam em geral dos direitos políticos (embora nem todos eles, pois os menores, os dementes...) isto é, podem ser cidadãos ativos. [6: CAETANO, Marcello. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Editora Forense. 1977, vol. I. ]
TERRITÓRIO: é a base física, elemento material, o local geográfico onde se localiza o Estado. Abrange não só a área material circunscrita pelas fronteiras como as aguas territoriais (faixa de mar ao longo da costa), o ar e o subsolo correspondentes. Na concepção de Salvatti Netto “é a porção limitada do globo onde o Estado exerce, com exclusividade, seu poder de império. Poder-se-ia dizer, que território é a limitação espacial da soberania. Daí se concluir que o conceito possui conteúdo de natureza política, não se reduzindo a mero significado geográfico. O que lhe dá, naturalmente, a especificação necessária para constituir-se elemento do Estado, é, por assim dizer, “esse sentido político da terra”, relacionado com o exercício da própria soberania”. [7: PAUPÉRIO. Machado A. Teoria Geral do Estado. 8ª edição. Editora Forense. Rio de Janeiro 1983. Pág. 183. ][8: SALVATTI NETTO. Pedro. Teoria do Estado. Vol. I. 2ª edição. Editora Tribuna da Justiça. São Paulo. 1977. Pag. 54.]
É sobre o território que o Estado exerce seu poder jurisdicional, onde se aplica o ordenamento jurídico vigente. Um país não pode se desenvolver, nem desenvolver atividade que lhe é pertinente, senão observados os limites territoriais. È onde se visualiza e se reconhece a autoridade do Estado. 
A partir do momento em que o homem se fixou na terra, abandonando a condição de nômade, o território ganhou relevância. Trata-se do local onde o homem não só vivia, mas cultivava produtos para sua sobrevivência e incremento econômico. Este fator foi decisivo para a confecção de um Estado, vinculando um povo a um espaço geofísico. Na medida em que houve a necessidade de se impor regras, é o espaço geográfico onde as leis tinham força e organizavam aquele determinado grupo de indivíduos. Estas características fizeram do território condição imprescindível para uma vida social harmônica. Até mesmo o indivíduo passa a se envolver emocionalmente com aquele espaço de terra, que com o passar dos anos e décadas torna-se a morada de seus ancestrais, com toda uma gama de histórias e contos. 
Par Hans Kelsen é a base física, o âmbito geográfico da nação, onde ocorre a validade da sua ordem jurídica. O território do Estado é o espaço dentro do qual é permitido que os atos do Estado e, em especial, os seus atos coercitivos, sejam efetuados, é o espaço dentro do qual o Estado e, isso significa, os seus órgãos estão autorizados pelo Direito internacional a executar a ordem jurídica nacional. O doutrinador deixa evidenciado o vínculo entre território e norma jurídica, a ponto de mencionar que “a identidade do território do Estado não é mais do que a identidade de ordem jurídica”. Desse modo, “toda doutrinaem torno do território tem caráter puramente jurídico, e não tem nada a ver com nenhuma espécie de conhecimento geográfico ou naturalista”. [9: KELSEN. Hans. Teoria Geral do Direito e Do Estado. Editora Martins Fontes. São Paulo. 2000. Pág. 301. ]
Na concepção de Georg Jelinek o território é necessário e importante ao Estado, porém só ganhou ênfase a partir da Idade Moderna: “La necessidade de um território determinado, para que pueda tener existencia un Estado, ha sido reconocida por vez primeira en los tempos modernos. La antigua doctrina del Estado concebia a éste como una comunidad de ciudadanos cuya identidad no iba unida necessariamente a la residencia de éstos. Ninguna da las definiciones del Estado que nos han sido transmitidas de la Antiguedad habla del território como nota essencial del Estado”. [10: GEORG, Jellinek. Teoria General del Estado. Trad. y prologo de Fernando de los Rios. México. 2000.]
A origem da palavra “território” não está ligando necessariamente à palavra “terra”, mas do verbo latino “térreo, territo”, que signifa “intimido, causo medo ou receio”. Depura-se o entendimento de que é onde o Estado exerce seu poder de mando ou coerção (soberania). O elemento território configura-se deveras importante para a organização política de um país. 
Para Karl Dohering o território é de extrema importância como característica de Estado, porque a soberania territorial delimita seu poder de império em face de outros Estados. Tal como a nacionalidade, essa delimitação não configura somente um direito do Estado, como compreende, também, uma obrigação, porque de outro modo não seria possível o respeito mútuo entre as autoridades estatais, elas estariam ao menos expostas a um risco, podendo assim desestabilizar a ordem de paz.[11: DOEHRING. Kal. Teoria do Estado. Editora Del Rey. Belo Horizonte. 2008. Pág. 52. ]
Há um consenso de que o território é elemento de suma importância para a configuração de um Estado, o qual não pode prescindir do mesmo por toda a identidade social e jurídica que o envolve. 
Já para Duguit e Marc Le Fur o território não é elemento necessário à existência de um Estado uma vez que em determinadas situações o Direito Internacional aceitou a existência de um “Estado” mas sem território, como o caso do Vaticano e dos palestinos. 
Existem ainda posicionamentos de que quando em período de guerra, os Estados invadidos deixavam de existir, ainda que por pouco tempo, como na Segunda Guerra Mundial (restava, no entanto, a nação francesa, holandesa, etc). Com o término da ocupação voltavam a ostentar a condição de “Estado”. Porém, não é este o entendimento de Del Vecchio o qual menciona que a perda temporária, mesmo total, dessa posse por causas militares durante uma guerra não acarreta, como consequência imediata, a extinção do Estado: do mesmo modo que a suspensão momentânea de certas funções vitais do organismo não provoca imediatamente a morte.[12: DEL VECCHIO. Giorgio. Teoria do Estado. Tradução português de Antonio Pinto de Carvalho. Editora Saraiva. São Paulo. 1957. Pag. 31.]
No conceito de território pode-se incluir o supra-solo, correspondente ao espaço aéreo (usque ad sidera) e o subsolo (usque ad inferos). O Brasil possui uma lei que regula a matéria, a 7.565/1986, que se refere ao Código Brasileiro de Aeronáutica. 
É sobre o território que o Estado exerce seu poder jurisdicional, podendo incluir aqui o supra-solo, correspondente ao espaço aéreo (usque ad sidera), o subsolo (usque ad inferos), as embaixadas, os navios e aviões de guerra, onde quer que se localizem e o mar territorial.
O espaço aéreo contempla algumas discussões sobre o tema. A Conferência de Chicago, em 1944, abordou questões ligadas à liberdade de voo, trânsito inofensivo e as exceções, quando determinada região é restrita ou interditada por motivos de segurança nacional. Porém, a Conferência não abordou a extensão do espaço vertical. O entendimento que prepondera na doutrina e perante às autoridades governamentais é de uma extensão de 100 quilômetros, contados do nível do mar. Já o espaço exterior, que se estende acima do espaço aéreo, só pode ser utilizado para fins pacíficos e de pesquisa. Em 19 de dezembro de 1966 foi aprovado pela Assembleia Geral da ONU um “Tratado sobre os Princípios Reguladores das Atividades dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Exterior, inclusive a Lua e demais Corpos Celestes”, legislando e determinando o que pode e o que é vedado, no espaço sideral.
As embaixadas, os navios e aviões de guerra, onde quer que se localizem e o mar territorial, com suas peculiaridades no mundo internacional, que no Brasil é regulado pela Lei 8.616 de 04 de janeiro de 1993. Mesmo encontrando-se em outro país, serão considerados parte integrante do Estado de cuja bandeira ostentem.
Os consulados não constituem unanimidade na doutrina, pois muitos pensadores entendem que estes órgãos não passam de meros escritórios de repartição, não sendo, portanto, considerados extensão de território estrangeiro e, por conseguinte, invioláveis. 
O território pode ser contínuo ou não, formado por ilhas ou situado em vários continentes como o exemplo do Alasca, para os Estados Unidos, assim como rios, lagos, mares, golfos e estreitos. 
Os rios que servem de divisa a dois Estados (rios contíguos) são repartidos entre os Estados ribeirinhos, por uma linha longitudinal, determinada, se o curso não é navegável, pela equidistância das margens, e, se navegável, pelo canal principal ou thaveg. Os lados contíguos pertencem aos Estados fronteiriços, desde a margem até a linha ou ponto central, na extensão da testada de cada um. Quanto à navegação, os rios e lagos contíguos estão sujeitos a um regime especial de condomínio, estabelecido em tratados, ou aceito segundo os princípios gerais do direito das gentes. [13: QUEIROZ LIMA. Eusébio de. Teoria do Estado. 6ª edição. Editora “A casa do livro ltda”. Rio de Janeiro. 1951. Pág. 133.]
O Estado moderno é rigorosamente territorial, segundo a corrente majoritária. Queiroz Lima e os demais doutrinadores sustentam no sentido de que o Estado não se pode desenvolver, nem exercer a atividade que lhe é própria, senão dentro dos limites de um determinado território. Ao passo que em geral as corporações se constituem sem dependência de sua situação territorial, o Estado tem necessidade, para existir, de uma certa extensão de território, pois a projeção de sua soberania no espaço, com o caráter de exclusividade que daí resulta, é condição imprescindível para que possa alcançar integralmente os seus fins. [14: QUEIROZ LIMA. Eusébio de. Teoria do Estado. 6ª edição. Editora “A casa do livro ltda”. Rio de Janeiro. 1951. Pág. 131][15: QUEIROZ LIMA. Eusebio de. Teoria do Estado. Editora: A casa do Livro Ltda. 6ª edição. Rio de Janeiro. 1951. Pag. 130.]
Questão palestina: O conceito moderno de Estado invoca a existência de uma porção de terra, por menor que o seja. Há um consenso de que o território é patrimônio sagrado e inalienável do povo e muitas vezes guerras ocorreram justamente por este fato. Os judeus até 1948 constituíam-se em uma nação, mas não Estado. Quando da divisão do território árabe – metade para os árabes (Palestina), metade para os Judeus (Israel), conduzido pela ONU, esses voltaram a se constituir em Estado. 
Questão romana: Em 1929 reconheceu-se a soberania (Tratado de Latrão) do Vaticano, considerado o menor Estado do mundo. Envolveu a Itália de Mussolini e a Igreja Pio XI. Seria um Estado dentro, incrustado, em outro. [16: O Território do Estado do Vaticano mede menos de meio kilômetro quadrado (0,44 Km2). É 140 vezes menor que a menor república do mundo, a de San Marino. A superficie da Basílica tem 15 mil m2, a do palácio Apostólico é de 55 mil m2. A largura máxima do território chega somente a 1.045 metros. Tem 20 pátios e cerca de mil habitantes de umas 15 nacionalidades diferentes. Há 1.400 moradias e cerca de 200 automóveis levam a chapa SCV (Stato della Città del Vaticano).O Vaticano,sede oficial da Igreja Católica, é o menor Estado independente do mundo, um Estado dentro de uma cidade, Roma. A primeira basílica - seu centro espiritual - foi construída no século IV, por ordem do imperador Constantino, que se dizia convertido ao cristianismo.Houve uma época em que o Vaticano ficou quase todo abandonado - os papas residiam em Avignon, na França. A sede do Papado voltou ao seu local de origem só em 1377, com Gregório XI. Inicia-se então a sua ampliação e se enriquecem suas dependências com obras de artistas famosos. ][17: Em 756, Pepino, o Breve, rei dos francos, deu ao Papa um grande território no centro da Itália. Deixaram de existir os Estados Pontifícios quando, em 1870, as tropas do rei Vítor Emanuel II entraram em Roma e incorporaram esta última parte do território que tinha o Papa no novo Reino da Itália, dando inicio assim à Questão Romana.]
O território do Estado é muito importante também para o chamado direito do estrangeiro, destacado algumas páginas antes. A estadia de um estrangeiro em território alheio gera por si uma submissão à respectiva autoritária estatal, mesmo quando o Estado onde ele se encontra estiver obrigado ao cumprimento de princípios do direito internacional.[18: DOEHRING, Karl. Teoria do Estado. Editora Del Rey, São Paulo, 2008. ]
Com relação à perda de território em eventual conflito, Groppali atesta que se esta for temporária não há que se falar em extinção o Estado. Se a ocupação for breve, os laços anteriormente constituídos se renovam. [19: GROPALLI. Alexandre. Doutrina do Estado. 2ª edição. Editora Saraiva. São Paulo. 1968. Pag. 119. ]
Denota-se um papel importante do território para a constituição do Estado, sendo elemento relevante para tanto, que ainda contempla especificações. 
MAR TERRITORIAL
 
O Mar Territorial corresponde a uma faixa de águas que banham as costas de um Estado, onde este exerce a sua soberania e explora recursos naturais vivos ou não vivos (minério, petróleo, etc). 
O que se está em jogo envolve não só questões de cunho financeiro mas a imposição de regras e leis nesta zona adjacente ou contínua ao território nacional.
Admitia-se, primeiramente, que a largura dessa faixa era denominado “águas territoriais”, era até onde a visão humana pudesse alcançasse (Ubi vis ibi jus). Mais tarde, esta marca foi ampliada para a do alcance de um tiro de canhão. (terrae potestas finitur ubi finitur armorum vis) e durante muitas décadas isso ficou limitado a aproximadamente 3 milhas. [20: "o poder da terra acaba onde acaba a força das armas".]
Mas com o desenvolvimento da tecnologia e a ampliação desta força de alcance, as nações procuraram legislar e melhor debater esta questão, sob à ótica do Direito Internacional. 
Quando surgem as primeiras leis ou tratados, estes procuram fixar em 3 milhas o mar territorial. Junto com o novo regramento surgem também as controvérsias em face dos interesses econômicos, políticos e militares que envolve a celeuma. A comunidade internacional discutiu por diversas vezes qual o critério a ser adotado, sem contudo chegar a uma definição que agradasse a todos os países. EUA e Rússia sustentavam a necessidade de se limitar em 3 ou no máximo 12 milhas, visando respeitar princípios como o da liberdade dos mares (aguas internacionais). Esta posição não agradava à maioria dos países da América Latina, que prega a ampliação para 200 milhas. 
A Conferência sobre o Direito do Mar celebrada em 29 de abril de 1958 e a Conferência de Genebra de 1964 abordaram temas como a zona contigua, alto mar, pesca e conservação dos recursos biológicos do alto mar, plataforma continental, etc. Todavia não firmaram um limite específico, o que ficou à cargo de cada nação estipular seu tamanho, mas desde que respeitando-se o limite de 12 milhas. Esta última Conferência realizada em Genebra praticamente sedimentou o entendimento, sendo acatado pela maioria dos países. 
Contudo, no Brasil e em boa parte da América do Sul o assunto ainda permanecia indefinido. Nestes países sempre se buscou defender o limite de 200 milhas alegando a necessidade de se reprimir o contrabando, controle da navegação, poluição das águas e a segurança nacional. Em tempos de regime militar publicou-se o Decreto-lei n.º 1.098, datado de 25 de março de 1970, (Revogado pela Lei nº 8.617, de 1993) que continha cinco artigos e afirmava que: o mar territorial do Brasil abrange uma faixa de 200 (duzentas) milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro. Sem a observância das orientações internacionais, firmou-se um mar territorial com 200 milhas.
Em Montego Bay, Jamaica, no dia 30 de abril de 1982, ocorreu novo e derradeiro encontro internacional sobre o tema, agora através de uma Convenção das Nações Unidas. Sobre o Direito do Mar (CNUDM III) dividiu-se o espaço marítimo em mar territorial, zona contígua, zona econômica exclusiva, plataforma continental e alto-mar, ampliando e definindo patamares maiores que as até então ventiladas 3 milhas, até o máximo de 12 milhas. O artigo 3º da afamada Convenção optou então por mencionar que: “Todo Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até um limite que não ultrapasse 12 milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base determinadas de conformidade com a presente Convenção.”
O Brasil acabou sendo signatário da referida Convenção, mas no campo prático nada mudou. Os militares insistiam nas 200 milhas. Somente em 22 de dezembro de 1988, pós queda da ditadura, a Convenção foi ratificada. Buscando adaptar sua legislação interna aos novos limites dos mares e oceanos foi então sancionada a Lei n.º 8.617, de 4 de janeiro de 1993. Esta lei revogou o Decreto 1.098/70, estendendo a jurisdição brasileira para apenas 12 milhas, senão vejamos a redação do artigo 1º.:
"Art. 1º compreende uma faixa de doze milhas marítima de largura, que equivale a 22.2 km, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil".
Segundo a referida lei, no seu art. 2º, o Brasil exerce soberania no mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. Entretanto, temos que considerar a chamada “zona econômica” que compreende a largura no mar de até 200 milhas marítimas (370,4 km). Esta estipulação consta no art. 6º caput da lei 8.617/93, na qual o Estado possui monopólio econômico. Nesta zona o Brasil pode explorar os chamados recursos naturais vivos e não vivos, como a pesca, petróleo, etc. 
Podemos citar ainda a “zona contígua”, faixa em que o Estado executa as medidas de fiscalização, policiamento e repressão para evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial (art. 4º e 5º da lei 8.617/93). 
Compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. O texto da lei é auto explicativo e deixa claro os limites territoriais de abrangência fiscalizadora do Brasil no mar, que é a partir das 12 as 24 milhas marinha (44.4 km), que o Brasil exerce poder de fiscalização.
Portanto, trata-se da área sob a fiscalização do Estado na qual o Estado exerce poder de policia, onde pode até mesmo coibir crimes ou ilícitos em geral, cometidos por terceiros. 
Tem-se ainda uma chamada “passagem inocente” de navios ou aeronaves perante espaço aéreo ou território marítimo de um determinado país. Ocorre quanto há trânsito de um navio ou aeronave estrangeira, desde que não haja prejuízo, nem atente contra a ordem, a paz e a segurança do Estado, em que o deslocamento se efetiva. Esse mesmo princípio se aplica as naves espaciais ou satélites que trafegam a milhares de quilômetros acima, em órbita variada. Considera-se aqui o fato de que não há ainda um limite de altura, apesar de palpitanteo tema. 
Zona Econômica Exclusiva - compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. 
Segundo o artigo 7º da Lei 8.617/93, neste território o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos.
Jurisdição do estado costeiro.
 
A regra que prevalece é de que o direito de jurisdição do estado costeiro em seu mar territorial deve respeitar os navios e aviões de guerra. Claro que estes não podem por em risco a soberania de um país, pois se isto ocorrer poderão ser abatidos. Portanto, se for navio de guerra, embora se situe o vaso fora do alcance da jurisdição do estado ribeirinho, deverá respeitar as leis que soberanamente este tiver estabelecido no interesse de sua ordem e/ou segurança interna. 
Já os navios de comércio, privados, aos quais é assegurada a passagem inocente, que deve ser rápida e contínua, se submetem à jurisdição civil e penal do referido Estado. O assunto ainda é palpitante, pois muitos Estados procuram avocar a responsabilidade civil ou criminal para sua justiça. O direito internacional, por sua vez, está procurando consolidar esta posição, e defende a jurisdição do local do fato, em especial quando:
 
a) ter a infração criminal conseqüências para o Estado costeiro;
b) perturbar a infração criminal a paz do país ou a ordem do mar territorial;
c) ter sido solicitada a assistência das autoridades locais pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou consular do Estado da bandeira do navio;
d) para a repressão de tráfico ilícito de estupefacientes ou de substâncias psicotrópicas;
e) se for necessário proceder ao apresamento e investigações a bordo de um navio que passe pelo mar territorial procedente de águas interiores.
A jurisdição de um estado em alto-mar, a princípio, só alcança as embarcações que arvorem a sua bandeira. Ficam preservadas, desta forma, quer a liberdade dos mares quer a mantença da autoridade daquele estado sobre os navios nacionais, as pessoas e as coisas a bordo. 
 
Daí porque os navios de guerra, bem como aqueles pertencentes a um Estado ou por ele operados e utilizados unicamente em serviço oficial, não comercial, no alto mar, gozam de completa imunidade de jurisdição relativamente a qualquer outro estado que não seja o da sua bandeira. Assim necessitam de autorização previa (licença especial) para navegarem em águas interiores ou sobrevoarem espaço aéreo de outro Estado.
 
Em caso de abalroamento ou de qualquer outro incidente de navegação ocorrido a um navio no alto mar que possa acarretar uma responsabilidade penal ou disciplinar para o capitão ou para qualquer outra pessoa ao serviço do navio, os procedimentos penais e disciplinares contra essas pessoas só podem ser iniciados perante as autoridades judiciais ou administrativas do Estado de bandeira ou perante as do Estado do qual essas pessoas sejam nacionais. 
 
Delitos criminais cometidos em embarcação de bandeira estrangeira[21: http://jus.com.br/revista/texto/20264/crimes-a-bordo-de-embarcacoes]
Com relação aos países latino-americanos, existem dois tratados internacionais que regulam, de maneira incongruente entre si, os crimes cometidos em navios, sendo um deles o Código de Bustamante e, o outro, o Tratado de Direito Penal Internacional firmado na cidade de Montevidéu em 1940.
O primeiro preconiza, em seu art. 301, que as leis penais do Estado costeiro somente se aplicam aos delitos cometidos a bordo de navios estrangeiros se tais delitos tiverem alguma relação com o país e seus habitantes ou perturbar-lhe a tranquilidade.
Por sua vez, o Tratado de Direito Penal Internacional dispõe, em seu art. 10, que os delitos cometidos a bordo de navios estrangeiros (excetuam-se os navios de guerra) serão julgados conforme a legislação do Estado em cujas águas territoriais a embarcação se encontrar quando da ocorrência do fato delituoso.
Conforme ensina Octaviano Martins (2008, p. 109): "O Brasil adota a solução preconizada no Código de Bustamante e na CNUDM III". Entretanto, isso não impede o Poder Judiciário brasileiro de afastar a aplicação do art. 301 do Código de Bustamante e aplicar a lei penal do Brasil a um crime ocorrido em embarcação estrangeira dentro do território nacional, desde que o fato delituoso tenha causado perturbação da paz do país, e ainda mais quando os países de nacionalidade de autor e vítima e da bandeira do navio não sejam signatários da Convenção de Havana de 1928.[22: Art. 300. Aplica-se a mesma isenção aos delitos cometidos em aguas territoriais ou no espaço aéreo nacional, a bordo de navios ou aeronaves estrangeiros de guerra.Art. 301. O mesmo sucede com os delitos cometidos em aguas territoriais ou espaço aéreo nacional, em navios ou aeronaves mercantes estrangeiros, se não têm relação alguma com o país e seus habitantes, nem perturbam a sua tranquilidade.]
Conforme dita o art. 5º, § 2º do Código Penal, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos nas embarcações estrangeiras de propriedade privada que se encontrem em porto ou mar territorial do Brasil. [23: Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)§ 1º...§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)]
De acordo com esta regra, acaba-se aplicando a lei brasileira em detrimento da regra contida no art. 301 do Código Bustamante, por importar a prática de tal delito em perturbação da tranquilidade do Brasil, mas se entrar em conflito com a pretensão de outro país, a tendência é que se acabe cedendo ao pedido de outro Estado (visando respeitar as normas internacionais). 
Teoria do Espaço (Raum): Esta teoria prega que Estados com território extenso, devido à grandeza de seu habitat, tem espírito de expansão e de conquista, de otimismo e de juventude. Ao contrário, as unidades políticas que habitam territórios exíguos, são pessimistas, atingem cedo a maturidade de espírito, são estacionários e possuem pouca virilidade. Então, procede esta assertiva ou teoria?? Como se explica o caráter pessimista dos russos e chineses ou o caráter militarista dos países balcânicos ou do Iraque... E o Brasil, tem ânsia de conquistar novos territórios??
Fronteiras esboçadas, vivas e mortas. As primeiras (esboçadas) são as que existem em caráter precário, entre territórios pouco civilizados, geralmente nas colônias de grandes Estados, não sendo portanto definitivas. Fronteiras vivas constituem zonas onde o contrato entre povos diferentes é intenso, onde uma grande soma de interesses ocorre, levando a conflitos econômicos, políticos ou militares (guerra). Podem variar, mas apresentam uma linha definida, ainda que podendo esta ser desrespeitada a qualquer momento. A última categoria (morta) é formada por limites antigos, sobre os quais não pairam mais dúvida ou discussão. Não há choque de interesses, seja lá qual for. 
Princípio das Nacionalidades: estipula que “toda nação é destinada a formar um Estado, tem o direito de se organizar em Estado”. Esse princípio advém da Revolução Francesa, sendo acolhida pelos tratadistas do Direito Internacional, tornando-se um dogma. E na prática?? Vide Congresso de Viena – Tratado de Versalhes - Pós Segunda Guerra Mundial. 
Destaque para Le Fur que alertou no sentido de que, na prática, este princípio poderia gerar ou fomentarmovimentos separatistas (como efetivamente gerou – vide 2GM). Por fim, tal princípio não pode cair no esquecimento, contudo deve ser exercitado com prudência. 
GOVERNO: “conjunto das funções necessárias à manutenção da ordem jurídica e da administração pública”. É a própria soberania posta em ação. O conceito de governo é normalmente utilizado para designar a instância máxima de administração executiva, também reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação, visando organização política dentro e fora do país. 
Requisito: independência, interna e externa, pois caso contrário não configura Estado ou ainda poderá ser considerado Estado Imperfeito (segundo Sahid Maluf). 
Um dos Estados ditos imperfeitos é o Canadá, em face da sua vinculação com o Reino Unido (Commonwealth), onde existe um vínculo político entre ambos. Os habitantes canadenses de origem francesa não se acostumaram com a idéia de se manterem atrelados a um país monárquico, seguindo muitas das tradições daquele. O Canadá é uma nação poderosa economicamente, teve sua constituição baseada em duas grandes correntes imigratórias; uma de caráter nitidamente britânico como Ontário, British Columbia, Alberta, e outra, Quebec, de traços marcadamente franceses. A maioria da população, contudo, é de origem inglesa, girando em torno de 60% da população. [24: A Commonwealth of Nations (em português: Comunidade das Nações), normalmente referida como Commonwealth e anteriormente conhecida como a Commonwealth britânica, é uma organização intergovernamental composta por 54 países membros independentes. Todos as nações membros da organização, com exceção de Moçambique (antiga colônia do Império Português) e Ruanda, faziam parte do Império Britânico, do qual se desenvolveram.Os Estados-membros cooperam num quadro de valores e objetivos comuns, conforme descrito na Declaração de Cingapura. Estes incluem a promoção da democracia, direitos humanos, boa governança, Estado de Direito, liberdade individual, igualitarismo, livre comércio, multilateralismo e a paz mundial.[1] A Commonwealth não é uma união política, mas uma organização intergovernamental através da qual os países com diversas origens sociais, políticas e econômicas são considerados como iguais em status. (Fonte: www.wikipédia.com)]
Esse sentimento separatista das duas correntes gerou em 1995, na província de Quebec, um plebiscito na tentativa de aprovar uma secessão territorial. A província de Quebec, por intermédio da alguns líderes políticos, busca a independência do restante do país. A decisão foi apertada, porém no sentido contrário. Por 45 mil votos, num total de 4,6 milhões, a maioria dos eleitores daquela província, que é a maior do Canadá, respondeu “não” à seguinte pergunta: “Você concorda que Quebec deveria se tornar soberana?” A proposta envolvia uma oferta formal para o Canadá de nova parceria econômica e política, mas não surtiu efeito. O resultado foi: Sim: 49,46% e não 50,6%. 
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Para ilustrar os estudos faz-se menção a pendenga internacional entre Brasil e França, onde discutiu-se sobre a captura de lagostas no litoral brasileiro, por barcos franceses. 
A REVOLTA DAS LAGOSTAS[25: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos/as-lagostas-da-discordia]
Um inocente crustáceo foi a causa de uma das maiores crises diplomáticas da história entre Brasil e França, que quase chegou às vias militares mas também teve contornos cômicos. 
O imbróglio, que ficou conhecido como Guerra da Lagosta, teve início no começo da década de 1960, quando barcos franceses passaram a pescar no litoral de Pernambuco. Depois de esgotar a captura da lagosta em seu próprio litoral e nos países da costa ocidental africana, a França se interessou pelo Nordeste brasileiro, onde a produção crescia a olhos vistos. A exportação anual de lagosta pulou de 40 toneladas, em 1955, para 1.741 toneladas em 1961. O Brasil lucrava quase 3 milhões de dólares por ano com esse comércio, que se concentrava nos portos de Fortaleza e Recife.
Os primeiros barcos franceses chegaram em março de 1961, depois de obterem autorização para realizar “pesquisas” em nosso litoral. Ao constatar que as embarcações estavam pescando lagostas em grande escala, a Marinha cancelou a licença. Em novembro a França voltou à carga, desta vez pedindo para atuar fora das águas territoriais brasileiras, na região da plataforma continental – faixa submersa até 200 metros de profundidade que pertence ao país, mas cujas águas são livres para exploração internacional. Autorização concedida, começaram os problemas.
Em janeiro de 1962, um pesqueiro francês chamado Cassiopée foi flagrado capturando lagostas e apresado pela corveta brasileira Ipiranga. O incidente abriu uma curiosa discussão diplomática a respeito da natureza do animal em questão. A Convenção de Genebra, assinada em 1958, assegurava que os recursos minerais, biológicos, animais ou vegetais da plataforma continental pertencem ao país costeiro. Com base nesse tratado, o Brasil alegava que a lagosta era um recurso pertencente à plataforma, devido à sua natureza sedentária: para se deslocar caminhava, ou no máximo executava saltos. Em resumo, não nadava.
Em resposta, o governo francês saiu-se com o argumento oposto: a lagosta pode ser considerada um peixe. Ao se mover pelas águas de um lado para o outro, ela certamente não estava andando, e portanto não era um recurso da plataforma. O objetivo era deslocar o assunto para o campo da pesca em alto-mar, permitida pela Convenção. 
Para derrubar a lógica francesa, o comandante Paulo de Castro Moreira da Silva (1919-1983), renomado oceanógrafo, defendeu o Brasil com uma pérola de ironia: “Ora, estamos diante de uma argumentação interessante: por analogia, se a lagosta é um peixe porque se desloca dando saltos, então o canguru é uma ave”.
Um prato cheio para a pilhéria, a Guerra da Lagosta virou até marchinha de Carnaval. Os versos consagrados de “Você pensa que cachaça é água?”, sucesso em 1953, foram adaptados nos salões para “Você pensa que lagosta é peixe?”. Mas a repercussão do caso era levada a sério pelos jornais. Afinal, nenhum dos países dava o braço a torcer: os franceses continuavam pescando lagostas, e a Marinha brasileira apresava os barcos que conseguia pegar em flagrante. A carga era apreendida e os capitães tinham que assinar um termo se comprometendo a não mais voltar à costa brasileira. Mas muitos voltavam.
Os pescadores nordestinos iniciaram protestos gerando forte pressão sobre o governo. Ameaçavam agir diretamente contra os pesqueiros franceses e seus representantes em terra para a defesa de seus interesses. Queixavam-se de concorrência desleal: além de maiores e mais bem equipadas do que as nossas, as embarcações francesas eram acusadas de praticar a pesca de arrasto, modalidade proibida no Brasil por seu caráter predatório – uma rede pesada é lançada ao fundo e recolhe tudo o que encontra pela frente. Os brasileiros capturavam lagostas com o tradicional covo, uma espécie de armadilha em que o animal entra e fica preso.
A situação ficou ainda mais tensa no início de 1963. No dia 30 de janeiro, um navio de patrulha detectou a presença de pesqueiros franceses na região, e como estes ignoraram a ordem para se retirar, recebeu ordens da Marinha para “usar a força na medida do necessário”. Diante da ameaça de um ataque, os franceses mudaram de idéia. O problema é que, dias depois, os barcos e suas cargas não apenas foram liberados como o presidente João Goulart, quebrando o protocolo das negociações, concedeu pessoalmente ao embaixador da França no Brasil, Jacques Baeyens, autorização para que seis pesqueiros voltassem a capturar lagostas na região. 
O clamor público foi tamanho que a autorização foi suspensa. Era a vez dos franceses protestarem. O chanceler francês afirmou não aceitar a decisão brasileira. A ira se alastrou pelo governo da França, o que resultou na popularização da frase “O Brasilnão é um país sério”, erroneamente atribuída ao presidente Charles De Gaulle. Mas ele se envolveu diretamente na crise: por ordem sua, a França enviou um navio de guerra para a região com a tarefa de proteger os pesqueiros franceses. João Goulart imediatamente determinou uma resposta militar. O Conselho de Segurança Nacional foi convocado para discutir sobre a salvaguarda de nossa soberania sob ameaça militar estrangeira. 
Diversos navios foram enviados para o litoral de Pernambuco, enquanto os de Salvador entraram em prontidão rigorosa. Esquadrões de aeronaves foram deslocados para Natal e Recife. A mobilização foi rápida mas intempestiva, revelando as grandes restrições materiais dos nossos navios, principalmente no aspecto logístico, na manutenção precária e na necessidade de muitos reparos. As restrições de munição e torpedos eram tão críticas que não permitiam aos navios manter um engajamento por mais de trinta minutos.
Na opinião pública, a guerra estava declarada. “Navios franceses atacam no Nordeste jangadeiros que pescam lagosta”, estampou o Correio da Manhã. “Frota naval da França ronda costa do Brasil”, anunciou o Última Hora. Enquanto isso, nos jornais franceses, por mais de uma vez as autoridades vieram a público lembrar que seu país detinha tecnologia nuclear, ao contrário do Brasil. 
Nos bastidores diplomáticos, havia outras questões em jogo. A França imaginava que a postura firme do governo brasileiro estaria sendo respaldada pelos Estados Unidos, num apoio não declarado. Era uma suposição equivocada. Na época, o Departamento de Estado americano enviou mensagem ao Brasil lembrando que nossos navios de guerra – na época arrendados aos Estados Unidos – por contrato não poderiam se envolver em conflito com países amigos dos norte-americanos. Ordenava por isso que eles voltassem imediatamente às suas bases. O Brasil recusou-se a atender ao pedido americano, mencionando o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) e usando um argumento caro aos brios militares daquele país: por ocasião do ataque à base de Pearl Harbor, em 1941, o Brasil declarara guerra ao Japão, em solidariedade aos Estados Unidos.
Por sorte, a Guerra da Lagosta não passou de uma indigesta hostilidade entre as nações. Em 10 de março de 1963, a França retirou seu navio de guerra e os pesqueiros por ele protegidos. O Brasil conseguia, assim, impedir a captura de lagostas em sua plataforma continental, apesar da intimidação militar de um país com poderio bélico muito maior. 
A crise foi uma demonstração de que, mesmo entre países tradicionalmente amigos, os Estados não estão isentos de serem ameaçados, até pelo uso da força, quando estão em jogo interesses econômicos.
Cláudio da Costa Braga é oficial da Marinha do Brasil e autor de A Guerra da Lagosta (Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 2004).  
1) (Defensor Público-CESP/2007)
A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar (1982) disciplina os espaços marítimos em que os Estados podem exercer competências referentes à exploração de recursos. Um desses espaços é a plataforma continental em que o Estado costeiro “exerce direitos de soberania (...) para efeitos de exploração e aproveitamento dos seus recursos naturais” (art. 77). Além da extensão normal da plataforma, a mesma convenção admite a existência da plataforma continental ampliada, em que o Estado, no caso de exploração dos recursos não vivos, efetua pagamentos à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos. O limite máximo da plataforma continental ampliada, em milhas marítimas, é de:
A) 188. 
B) 200. 
C) 250. 
D) 350. 
2. (OAB-CESPE/2008.3)
Considerando o sentido jurídico de território, tanto em direito internacional público quanto em direito constitucional, assinale a opção incorreta. 
(A) Em sentido jurídico, o território nacional é mais amplo que o território considerado pela geografia política, pois abrange áreas físicas que vão além dos limites e das fronteiras ditadas por esta. 
(B) O território nacional, em sentido jurídico, pode incluir navios e aeronaves militares, independentemente dos locais em que estejam, desde que em espaço internacional e sob a condição de que não se trate de espaço jurisdicional de outro país. 
(C) O território nacional, em sentido jurídico, pode possuir contornos inexatos, conforme ocorre na delimitação da projeção vertical do espaço aéreo. 
(D) O território, em sentido jurídico, pode ser mais ou menos abrangente, a depender de manifestações unilaterais dos Estados soberanos. 
3. (OAB-CESPE/2007.3) 
A respeito do direito internacional do mar e sua recepção no direito 
brasileiro, assinale a opção incorreta. 
 (A) A zona contígua brasileira compreende uma faixa que se estende de 12 a 24 milhas marítimas, 
contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial. 
 (B) Em sua zona econômica exclusiva, o Brasil tem o direito exclusivo de regular a investigação científica marinha. 
 (C) É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro. 
 (D) O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de duzentas milhas marítimas de largura, 
medidas a partir da linha de base. 
Prova OAB / 2013 
O conceito de Zona econômica exclusiva relaciona-se a:
a) faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir do litoral e das ilhas brasileiras
b) uma faixa de 12 milhas marítimas a mais do que o limite do mar territorial.
c) subsolo das áreas submarinas que se estendem até o mar territorial.
d) uma área que se estende até 200 milhas marítimas além do mar territorial
e) somatório do mar territorial e da zona contígua, até o limite de 200 milhas.

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