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DAMASIO POS GRADUACAO D. BANCARIO Titulos de Credito I

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DAMÁSIO / DIREITO BANCÁRIO 
Títulos de Crédito – I 
 
 Professor: Dr. Rogério Martir
 
 Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela “Universidad Del Museo Social Argentino”, Advogado militante e especializado em Direito Empresarial e Direito do Trabalho, Professor Universitário, Pós Graduação e de Cursos Preparatórios Para Carreiras Jurídicas, Vice-Presidente da OAB – Guarulhos, Sócio da Martir Advogados Associados - Consultoria Jurídica Empresarial e para o Terceiro Setor e Consultor da Revista Filantropia.
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1. O CRÉDITO E SUA IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA MODERNA
O crédito é elemento essencial para o desenvolvimento econômico, permite a antecipação das relações comerciais, na medida em que possibilita a troca de um valor atual por uma contraprestação futura, o que acelera a circulação da riqueza.
O crédito fomenta o mercado como um todo, possibilitando o crescimento das médias empresas, a ampliação e desdobramentos das grandes empresas e dá condições para que a pequena e mesmo a pessoa física na qualidade de empreendedor ou consumidor possa conquistar objetivos profissionais e materiais.
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1. O CRÉDITO E SUA IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA MODERNA
O que seria hoje do mercado de consumo se não existisse o crédito? Como sobreviveria a industria automobilística? A construção Civil? Até mesmo o mercado educacional?
Como as empresas conseguiriam garantir o fornecimento dos produtos e a competitividade, uma vez que hoje o lucro é oriundo do volume de transações.
Voltando um pouco no tempo, historicamente falando, Ampliou-se a utilização desse instituto na Idade Média com o surgimento dos títulos de crédito, documento hábil a permitir a circulação do crédito nele representado. 
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1. O CRÉDITO E SUA IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA MODERNA
Desde então, os títulos de crédito são extremamente utilizados por facilitarem a circulação das riquezas, bem como por serem regidos por princípios constantes da legislação cambiária que amplamente protegem seus adquirentes.
Desse modo, é fundamental a existência dos títulos de crédito para a economia mundial, vez que eles permitem a circulação do crédito de maneira segura.
 No mesmo sentido, é incontroversa a importância do estudo dos princípios dos títulos de crédito para a caracterização desse instituto jurídico.
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1. O CRÉDITO E SUA IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA MODERNA
A título de curiosidade histórica:
Com o surgimento, na Idade Média, os títulos de crédito, resolveram o problema relativo à dificuldade da circulação dos direitos creditórios.
Como o crédito é resultante de uma obrigação, no primitivo direito romano, seu cumprimento era indissociável da pessoa obrigada, que respondia pessoalmente, e não por meio de seu patrimônio. 
Assim, o próprio corpo do sujeito era utilizado para o pagamento de sua dívida, podendo o credor, se não satisfeito seu crédito, matar o devedor ou vendê-lo como escravo, conforme previa a Lei das XII Tábuas.
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1. O CRÉDITO E SUA IMPORTÂNCIA NA ECONOMIA MODERNA
Com a evolução do direito, o patrimônio do devedor passou a responder pela dívida, ao substituir a garantia pessoal e corporal. 
Porém, apenas na Idade Média, devido à intensificação do tráfico mercantil, é que se aperfeiçoaram os títulos de crédito com o surgimento da letra de câmbio, viabilizando assim, a circulação dos direitos creditórios.
Segundo Rubens Requião, a história dos títulos de crédito foi dividida em três períodos: o período italiano, que durou até 1650; o período francês, de 1650 a 1848 e o período germânico, de 1848 até os dias atuais. Rosa Júnior considera que o período germânico durou até 1930, quando se iniciou o período do direito uniforme, que vigora desde então.
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2. CONCEITO GERAL E LEGISLAÇÃO
Conceito Geral e Legislação
Título de Crédito é um documento formal, com força executiva, representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada do negócio que o originou. O art 887 estampou a definição do italiano Cesare Vivante:
 “Art, 887, CC: título de crédito é um documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.”
 
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3. PRINCÍPIOS
Cartularidade: o título é sempre um documento, necessário para o exercício do direito que representa; 
Literalidade: consiste em considerar juridicamente válidas, relativamente ao título de crédito, somente as obrigações nele inseridas;
Autonomia: a desvinculação da causa do título em relação a todos o coobrigados;
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4. CARACTERÍSTICAS
Força Executiva - Executividade - tem força idêntica a uma sentença judicial transitada em julgado, dando direito diretamente ao processo de execução; 
Circulação – é sua característica básica, vez que têm eles por fim facilitar as operações de crédito e a transmissão dos direitos neles incorporados.
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5. CLÁSSIFICAÇÃO
 1- QUANTO AO MODELO
Livre - não há modelo legal a ser observado (nota promissória e letra de câmbio), são livres: Nota e a Letra.
Vinculado - quando a lei estabelece modelo a ser observado (cheque e duplicata mercantil), são vinculados: Duplicata – Cheque.
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5. CLÁSSIFICAÇÃO
2 - QUANTO À ESTRUTURA
Ordem de Pagamento - quando se estabelece um vínculo entre três pessoas:
a) quem dá a ordem; 
b) o destinatário da ordem; 
c) o beneficiário da ordem.
São ordens de pagamento: Cheque – Letra – Duplicata
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5. CLÁSSIFICAÇÃO
Promessa de Pagamento - O vínculo se estabelece entre duas pessoas:
 
a) quem promete; 
b) o beneficiário da promessa;
É promessa de pagamento: Nota Promissória.
3 - QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO
Causais - quando a lei que o criou determina que seja, sua emissão, decorrente de causas que a autorizem.
São causais: Duplicata
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5. CLÁSSIFICAÇÃO
Não causais - quando não importa a causa que o originou.
Não têm causa específica: Cheque – Letra - Nota
5 - QUANTO A CIRCULAÇÃO 
Ao portador - não identificam o favorecido, transmitem-se pela tradição.	
Nominativos - o favorecido deve ser identificado. Só podem ser transferidos através de endosso, se houver cláusula "à ordem", ou através de cessão civil se houver
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6. FUNÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS
Podemos sustentar que a função precípua dos títulos de crédito é a circulação de riquezas: o título não fica inerte entre as partes originárias. O crédito consubstanciado no título deve circular cumprindo, assim, sua função econômica. 
É justamente essa função que arranca os títulos de crédito do âmbito puro e simples do Direito Civil e coloca-os na égide do Direito Empresarial. 
O título de crédito materializa a avença e faz com que a mesma se revista de exigibilidade, ou seja instrui a ação executiva, sem precisar passar pela ação de conhecimento. 
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7. NATUREZA JURÍDICA DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS NOS TÍTULOS DE CRÉDITO
A natureza jurídica dos títulos de crédito encontra-se calcado na concepção de título executivo extrajudicial, art. 585 do CPC.
Ou seja, o direito literal exposto na cártula do título de crédito não precisa ser submetido a um processo de conhecimento, instruirá diretamente a ação de execução.
Em todo e qualquer título creditório os requisitos de validade dos títulos executivos extrajudiciais devem ser observados: liquidez; certeza e exigibilidade 
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7. NATUREZA JURÍDICA DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS NOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Art. 585 - São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; (Alterado pela L-008.953-1994)
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos transatores; (Alterado pela L-008.953-1994)
III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem
como os de seguro de vida;
 IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
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7. NATUREZA JURÍDICA DAS OBRIGAÇÕES ASSUMIDAS NOS TÍTULOS DE CRÉDITO
V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; 
VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial; 
VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. 
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8. TÍTULOS DE CRÉDITOS TÍPICOS E ATÍPICOS
Títulos Típicos: necessitam de previsão legal, lei específica regulando a emissão e validade do título. Exemplo: o Cheque, a Letra de Câmbio, Nota Promissória e a Duplicata entre outros...).
Títulos Atípicos: possuem liberdade em sua criação e auxiliam nas necessidades específicas de financiamento das atividades empresariais e são protegidos legalmente pelo Código Civil, arts 887 à 903. Exemplo os contratos e o boleto bancário.
A vantagem dos títulos atípicos em face dos típicos encontra-se quanto aos requisitos e pressupostos de validade.
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8. TÍTULOS DE CRÉDITOS TÍPICOS E ATÍPICOS
Nos títulos típicos em “tese” se ausentes os requisitos e pressupostos de validade estes são declarados nulos, podendo estar inviabilizada a cobrança do crédito.
Já nos títulos atípicos o art. 888 do CC protege a relação comercial que originou o mesmo:
 Art. 888. A omissão de qualquer requisito legal, que tire ao escrito a sua validade como título de crédito, não implica a invalidade do negócio jurídico que lhe deu origem. 
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9. FONTE DA OBRIGAÇÃO CAMBIÁRIA DOS DEVEDORES
Fonte é sinônimo de origem, nascedouro do direito / obrigação.
Podemos declinar como fontes da obrigação cambiária as seguintes teorias:
Teoria contratualista;
Teoria da declaração unilateral de vontade
Teoria do duplo sentido da vontade
Teoria da aparência
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10. TEORIA CONTRATUALISTICA
Para esta teoria a natureza da obrigação assumida no título de crédito seria derivada de um contrato, ou seja, o devedor se obriga em razão de um contrato. 
O emitente de um cheque, por exemplo estaria obrigado em razão de uma relação contratual subjacente. 
Esta teoria sofreu inúmeras críticas, pois, não consegue explicar o princípio da autonomia das obrigações, uma vez que, se a obrigação cambiária surge consubstanciada em um contrato, então, o terceiro que receber o título estará adquirindo direito derivado e não autônomo e original como realmente ocorre. 
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11. TEORIA DA DECLARAÇÃO UNILATERAL DE VONTADE
Para esta teoria a fonte da obrigação cartular não seria um contrato, mas sim, uma declaração unilateral de vontade. 
Trata-se da vontade do devedor, livre, incondicional que determina a sua obrigação. 
Esta teoria também recebeu críticas, pois, o emitente estaria sempre obrigado, ainda que houvesse exceções pessoais, desde que o título tenha sido emitido regularmente.
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12. TEORIA DO DUPLO SENTIDO DA VONTADE
Para esta teoria, deve-se analisar a posição do devedor sob duas vertentes, quais sejam:
 i) perante seu credor:o fundamento será o contrato;
 ii) perante terceiro de boa-fé: o fundamento será uma declaração unilateral de vontade. 
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13. TEORIA DA APARÊNCIA
Temos ainda uma outra teoria a da aparência que visa aproveitar os efeitos possíveis do ato praticado, de boa-fé, com base em erro justificado pelas circunstâncias. 
Teoria segundo a qual, nos títulos de crédito, acima da vontade real do declarante, deve-se valorizar a aparência da declaração.

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