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Noções Gerais do Contrato de Mandato

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Resumo Direito Civil V – 5º sem. Direito/2015
10. Noções Gerais do Contrato de Mandato
10.1 – Definição
Mandato é representação, ou seja, uma pessoa (mandante) autoriza outra (mandatário) a praticar atos ou administrar interesses em seu nome.
Assim, os atos praticados pelo segundo devem ser entendidos como se praticados pelo primeiro.
Art. 653 Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
A representação em questão é aquela contratual, decorrente de um contrato de mandato.
Seu instrumento é a procuração, que é a prova de que o mandatário está investido de poderes de representação.
A idéia de representação é imprescindível no instituto do mandato vez que, sem ela, se configuraria apenas uma prestação de serviço na qual o contratado trabalha em nome próprio e não representando alguém.
Difere daquela representação legal (originária na Lei), que ocorre em relação aos pais, tutores e curadores.
10.2 – Partes 
- Mandante, outorgante, comitente: aquele que concede, outorga poderes. Ele é representado pelo contratado.
- Mandatário, outorgado, comissionário, procurador: quem recebe tais poderes. Ele representa o contratante.
10.3 – Requisitos Subjetivos
Todas as pessoas capazes são aptas a dar procuração, ou seja, aquelas que possuam suficiente discernimento para a prática dos atos civis e as maiores de 18 anos (ou emancipadas).
Art. 654 Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
Os maiores de 16 e menores de 18 anos poderão dar procuração se devidamente assistidos pelo representante legal ou até mesmo sem assistência, em alguns casos específicos como outorgar mandato para reclamação trabalhista ou requerer registro de nascimento.
Os menores de 16 anos nunca poderão ser mandantes ou mandatários, vez que são "representados" por seu responsável.
Art. 666 do Código Civil: O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às obrigações contraídas por menores.
Os cônjuges podem ser procuradores um do outro.
Os pródigos e falidos também podem exercer mandato.
10.4 – Requisitos Objetivos
Pode ser objeto do mandato quaisquer atos que possam ser praticados pela própria pessoa do mandante, exceto aqueles que se fazem personalíssimos, não praticáveis por outra pessoa (o mandatário).
São exemplos de atos personalíssimos:
- voto
- depoimento pessoal
- exercício do poder familiar
10.5 – Requisitos Formais
Não se exige forma especial para a execução de um mandato, podendo ser tácito ou expresso por mímica, escrita ou verbalmente.
Art. 656 O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
De acordo com o art. 657 do Código Civil, deve-se obedecer à forma exigida por lei para o ato a ser praticado, ou seja, para aquele ato que demanda forma escrita, deve também o mandato a ele referente ser realizado de forma escrita.
Art. 657 A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Porém, no que diz respeito à natureza pública ou particular do instrumento do mandato, há controvérsias: Alguns autores defendem a concepção de que o acessório segue o principal. Outros acreditam se tratar de atos distintos, não sendo necessário que a procuração seja dada pela mesma natureza exigida pelo ato a ser praticado.
Para maior segurança dos negócios, é aconselhável que a orientação do artigo citado seja seguida.
Ex: As escrituras de venda e compra devem ser públicas, portanto, a procuração para realizá-las também o devem ser.
10.6 – Procuração por Instrumento Público ou Particular
A procuração é o instrumento do mandato.
Apenas o mandato escrito se exibe em forma de procuração, que pode ser pública ou particular.
A primeira é feita em livro especial do cartório, no qual será escrito o mandato. A segunda é feita em papel, de modo manuscrito, datilografado ou impresso.
Exemplos de mandato em que se determinam forma pública são aqueles nos quais o mandante é cego ou analfabeto ou menor de 18 anos, os pactos antenupciais, adoções, reconhecimento voluntário de filho, etc.
A procuração, feita por instrumento público ou particular, deve conter o nome do outorgante, sua assinatura, a qualificação completa do outorgado (nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência) e a natureza e extensão dos poderes a ele conferidos e, ainda, a data, que é requisito essencial à validade da procuração.
E para que tenha legitimidade contra terceiros é necessário que tenha a firma reconhecida do outorgante.
Art. 654 ...
§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos.
§ 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida.
10.7 – Substabelecimento
O mandatário pode transferir o exercício dos poderes a ele conferidos a um terceiro que venha executar, por ele, o mandato que lhe havia sido outorgado.
A esta substituição dá-se o nome de SUBSTABELECIMENTO, que é ato do mandatário que se faz substituir por outrem na execução do mandato.
Todos os mandatos podem ser substabelecidos, salvo declaração expressa em contrário.
Assim, o mandato pode permitir o substabelecimento, proibi-lo ou não se manifestar a este respeito.
Se o mandato é silente, ou seja, não permite nem proíbe o substabelecimento, e o mandatário o realiza, sobre ele recaem todas as responsabilidades pelas conseqüências do ato, desde que haja culpa do substituto.
Se o mandato proíbe o substabelecimento e, ainda assim o mandatário o realiza, responderá por todos os prejuízos causados pelo substituto, mesmo que sem culpa deste.
Se o mandato permite o substabelecimento, o mandatário não se responsabiliza pelos atos praticados pelo substabelecido, apenas se responsabiliza pelos danos causados por seu substituto se provar que escolheu pessoa incapaz.
Porém, é importante destacar que não há que se falar em indenização ao mandante quando tais prejuízos teriam ocorrido de qualquer forma, mesmo sem o substabelecimento, ou quando os atos praticados pelo substabelecido sejam ratificados pelo mandante.
Art. 667 O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.
§ 1o Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do mandato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, embora provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse havido substabelecimento.
§ 2o Havendo poderes de substabelecer, só serão imputáveis ao mandatário os danos causados pelo substabelecido, se tiver agido com culpa na escolha deste ou nas instruções dadas a ele.
§ 3o Se a proibição de substabelecer constar da procuração, os atos praticados pelo substabelecido não obrigam o mandante, salvo ratificação expressa, que retroagirá à data do ato.
§ 4o Sendo omissa a procuração quanto ao substabelecimento, o procurador será responsável se o substabelecido proceder culposamente.
O substabelecimento não precisa seguir a mesma forma do mandato.
Art. 655 Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular.
Tipos de Substabelecimento:
- com reserva de poderes: o mandatário se faz substituir pelo substabelecido, mas não renuncia ao mandato, conservando seus poderes para exercê-lo quando necessário.
- sem reserva de poderes: a substituição do mandatário pelosubstabelecido é total e definitiva, cessando por completo os poderes conferidos ao primeiro.
10.8 – Aceitação do Mandato
É necessário que haja a manifestação de vontade do outorgado no sentido de aceitar o contrato de mandato.
Esta aceitação pode ser:
- Expressa (mímica, verbal ou escrita)
- Tácita
- Presumida
A aceitação expressa se dá, mais comumente, de maneira verbal (através de palavras) ou mímica (por meio de gestos ou expressões corporais). A forma escrita é mais rara.
Já a aceitação tácita pressupõe o início da execução pelo mandatário, ou seja, ele pratica qualquer ato que indica o seu consentimento, como por exemplo, anunciar um carro que lhe foi dado poderes para vender.
Art. 659 A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.
Ainda, presume-se que o mandatário aceitou o mandato (aceitação presumida) quando não responde expressamente a proposta do mandante, mas o objeto do mandato também o é de sua profissão.
Ex: o mandante envia uma procuração a um corretor de imóveis para que venda um apartamento em seu nome.
10.9 – Mandato Geral e Especial
O mandato geral é relativo a todos os negócios do mandante, conferindo ao mandatário poderes de administração, restando excluídos os atos que importem em diminuição patrimonial (compra, venda, doação, etc), para os quais são necessários poderes expressos, através do mandato especial.
Art. 660 O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do mandante.
Art. 661 O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 1o Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
§ 2o O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.
10.10 – Ratificação 
Quando os atos exercidos pelo mandatário extrapolam os poderes que lhe foram conferidos, tais atos tornam-se anuláveis, cabendo ao mandante impugná-los ou ratificá-los.
Ratificar significa validar, confirmar, corroborar. A ratificação deve ser expressa ou confirmada pela execução de algum ato do mandante que a torne induvidosa.
Uma vez acatada a atividade do mandatário pela ratificação, seu efeito é retroativo, entendendo-se como se o mandato fora outorgado desde a prática do ato.
Art. 662 Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar.
Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato.
Enquanto não há ratificação por parte do mandante dos atos praticados em excesso pelo mandatário, este será considerado mero gestor de negócios, responsabilizando-se pelos atos extravagantes perante terceiro.
10.11 – Preço
O Mandato pode ser gratuito ou oneroso.
Art. 658 O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento.
Porém, o mandatário tem a prerrogativa de auferir do mandato o valor por ele gasto em conseqüência deste.
Art. 664 O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em conseqüência do mandato.
10.12 – Obrigações do Mandatário
O mandatário deve prestar contas de suas funções ao mandante, repassando-lhe os benefícios provenientes de seus atos. Se usar créditos pertencentes ao mandante em proveito próprio pagará juros por eles e, ainda, terá este direito de ação contra o primeiro para obrigá-lo a entregar a coisa apropriada indevidamente.
Art. 668 O mandatário é obrigado a dar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as vantagens provenientes do mandato, por qualquer título que seja.
Art. 669 O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que, por outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.
Art. 670 Pelas somas que devia entregar ao mandante ou recebeu para despesa, mas empregou em proveito seu, pagará o mandatário juros, desde o momento em que abusou.
Art. 671 Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em nome próprio, algo que devera comprar para o mandante, por ter sido expressamente designado no mandato, terá este ação para obrigá-lo à entrega da coisa comprada.
É também obrigação do mandatário exibir a procuração às pessoas com quem contratar, como forma de garantia para terceiro que passa a conhecer os poderes reportados no mandato.
Àqueles de boa fé que negociarem com o mandatário sem o conhecimento dos poderes constantes da procuração serão indenizados por seus prejuízos. O mandatário responde pessoalmente por eles.
Em contrapartida, o terceiro que, mesmo depois de ler a procuração, praticar atos exorbitantes ao mandato, perde o direito de acionar o mandatário, salvo se este se responsabilizou por estes atos ou prometeu a ratificação do mandante.
Art. 673 O terceiro que, depois de conhecer os poderes do mandatário, com ele celebrar negócio jurídico exorbitante do mandato, não tem ação contra o mandatário, salvo se este lhe prometeu ratificação do mandante ou se responsabilizou pessoalmente.
Outra obrigação concernente ao mandatário é pôr fim ao mandato já começado em caso de morte ou incapacidade do mandante, tendo em vista o perigo de prejuízo pela demora do negócio.
Art. 674 Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora.
Havendo dois ou mais mandatários nomeados na mesma procuração, têm eles obrigação solidária entre si, podendo praticar os atos necessários à execução do mandato sem a participação dos demais.
Porém, para que tenham obrigações conjuntas (exercidas por todos ao mesmo tempo) ou sucessivas (só exercidas na falta ou impedimento do primeiro nomeado) é necessário cláusula expressa neste sentido.
Art. 672 Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.
10.13 – Obrigações do Mandante
É obrigação do mandante para com terceiros responder pelas obrigações assumidas pelo mandatário dentro dos poderes a ele conferidos.
Os atos praticados que excedem os limites do mandato e, posteriormente, são ratificados pelo mandante também são de responsabilidade deste.
As ações do mandatário contrárias às instruções do mandante, mas que não excedem os limites do mandato, ainda são de responsabilidade deste que, por sua vez, tem direito a acionar seu procurador pelas perdas e danos sofridos.
Art. 679 Ainda que o mandatário contrarie as instruções do mandante, se não exceder os limites do mandato, ficará o mandante obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contratou; mas terá contra este ação pelas perdas e danos resultantes da inobservância das instruções.
É obrigação do mandante para com o mandatário:
Remunerar-lhe de acordo com o ajustado ou pelo que for arbitrado pelo juiz, em se tratando de mandato oneroso;
Art. 676 É obrigado o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas da execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo o mandatário culpa.
 Prover meios necessários ao cumprimento do mandato, como por exemplo, transmitir ao mandatário a importância gasta na sua execução, previamente ou posteriormente, por meio de reembolso.
Art. 675 O mandanteé obrigado a satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução dele, quando o mandatário lho pedir.
 Pagar as despesas tidas pelo mandatário em virtude do mandato, com juros, se houver sido pactuado que o mandante adiantaria a importância necessária e não o fez.
Art. 677 As somas adiantadas pelo mandatário, para a execução do mandato, vencem juros desde a data do desembolso.
Recompensar o mandatário pelos prejuízos advindos da execução do mandato, ainda que fortuitos, desde que este tenha agido sem culpa e sem excesso de poderes.
Art. 678 É igualmente obrigado o mandante a ressarcir ao mandatário as perdas que este sofrer com a execução do mandato, sempre que não resultem de culpa sua ou de excesso de poderes.
10.14 – Direito de Retenção
Art. 681 O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu.
O artigo 681 do Código Civil de 2002 é taxativo e não abre espaço para interpretações diversas, ou seja:
O mandatário só pode reter coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, não poderá reter outro objeto do mandante que esteja em seu poder.
O mandatário poderá reter o objeto do mandato até receber as despesas que efetuou em virtude deste e não lhe foram reembolsadas. Não poderá reter o objeto do mandato para receber valores desembolsados em favor do mandante,mas que não se referem aos atos necessários à execução do mesmo.
Também não tem o mandatário direito de retenção para recebimento de honorários ou indenização por prejuízos sofridos.
10.15 – Extinção Do Mandato
O mandato atinge seu fim por:
- conclusão do negócio
- terminação do prazo
- mudança de estado de uma das partes, que importa na suspensão da capacidade contratual, que a inabilita a conferir poderes ou exercê-los (ex: interdição).
A mudança de estado extingue o mandato, deixando ressalvados os direitos de terceiros de boa-fé.
- morte de uma das partes cessa o mandato, por ser intuitu personae, baseado na confiança consignada pelo mandante no mandatário.
Porém, se falecido o mandatário, devem seus herdeiros realizar os atos impreteríveis, dentro dos limites estabelecidos pelo mandato, sob pena de responderem por perdas e danos.
Art. 690 Se falecer o mandatário, pendente o negócio a ele cometido, os herdeiros, tendo ciência do mandato, avisarão o mandante, e providenciarão a bem dele, como as circunstâncias exigirem.
Art. 691 Os herdeiros, no caso do artigo antecedente, devem limitar-se às medidas conservatórias, ou continuar os negócios pendentes que se não possam demorar sem perigo, regulando-se os seus serviços dentro desse limite, pelas mesmas normas a que os do mandatário estão sujeitos.
Se falecido o mandante, os atos do mandatário serão válidos em relação a terceiros de boa-fé até que ele tome ciência da morte. No caso do mandatário agir de má-fé, contraindo obrigações após conhecimento do fato, responderá ele perante os herdeiros do mandante por estes atos.
Art. 689 São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato, por qualquer outra causa.
- Renúncia: quando extinto pela vontade do mandatário
A renúncia é a abdicação do mandato pelo mandatário. É necessário que seja expressa (de forma verbal ou escrita) e não cause prejuízos ao mandante, sob pena de perdas e danos.
O mandatário se exime desta responsabilidade se provar que o exercício do mandato também em muito lhe prejudicaria e que não era possível substabelecer.
Art. 688 A renúncia do mandato será comunicada ao mandante, que, se for prejudicado pela sua inoportunidade, ou pela falta de tempo, a fim de prover à substituição do procurador, será indenizado pelo mandatário, salvo se este provar que não podia continuar no mandato sem prejuízo considerável, e que não lhe era dado substabelecer.
- Revogação: quando extinto pela vontade do mandante
A revogação é ato do mandante e depende apenas de sua simples vontade para se dar a qualquer tempo.
Pode ser feita de forma expressa ou tácita. Dependendo do tipo de mandato, como exemplo, aquele que trata de grandes importâncias, é recomendável que se faça uma notificação expressa, podendo ser via cartório, judicial ou publicação em jornais.
Será tácita quando o outorgante pratica pessoalmente os atos para os quais conferiu poderes ao outorgado ou quando constitui novo outorgado para a prática destes mesmos atos.
Os atos praticados de boa-fé por mandatário e terceiros são considerados válidos no caso do mandante ter revogado o mandato sem avisá-los.
As partes podem convencionar que o mandato seja irrevogável através da Cláusula de Irrevogabilidade. E também há hipóteses de irrevogabilidade advindas de Lei.
OBS.: No mandato convencionado com cláusula de irrevogabilidade em que o mandante, ainda assim, o revoga, responde ele por perdas e danos.
Art. 683 quando o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará perdas e danos.
OBS.: A revogação do mandato e da procuração deve ser notificada pelo mandante ao mandatário e procurador, e a todos os demais interessados, posto que continuarão válidos os atos ajustados entre o mandatário e terceiros de boa-fé que não forem devidamente informados da revogação.
10.16 – MANDATO x MANDADO
MANDATO: Autorização que alguém dá a outrem para executar certos atos em seu nome.
MANDADO: Ordem judicial para que se faça ou não alguma coisa.
Ex: Mandado de segurança, mandado de prisão, mandado de sustação de protesto, etc.
Exercícios de Fixação:
A procuração é o instrumento do mandado.
Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses.
Apenas os maiores de 21 anos são aptos a dar procuração para serem representados.
São proibidos de dar procuração os menores de 16 anos.
Os cônjuges, pródigos e falidos podem ser parte no contrato de mandato.
O mandatário pode praticar quaisquer atos em nome do mandante.
O Mandato pode ser gratuito ou oneroso.
Mandado: Autorização que alguém dá a outrem para executar certos atos em seu nome.
Mandato: Ordem judicial para que se faça ou não alguma coisa.
Gabarito dos Exercícios de Fixação:
Errada. A procuração é o instrumento do mandato.
Certa. Mandato é representação, ou seja, uma pessoa (mandante) autoriza outra (mandatário) a praticar atos ou administrar interesses em seu nome. 
Assim, os atos praticados pelo segundo devem ser entendidos como se praticados pelo primeiro.
Errada. Todas as pessoas capazes são aptas a dar procuração, ou seja, aquelas que possuam suficiente discernimento para a prática dos atos civis e as maiores de 18 anos (ou emancipadas).
Certa. Os menores de 16 anos nunca poderão ser mandantes ou mandatários, vez que são "representados" por seu responsável (pais, tutores ou curadores).
Certa. Os cônjuges podem ser procuradores um do outro.
Os pródigos e falidos também podem exercer mandato.
Errada. Pode ser objeto do mandato quaisquer atos que possam ser praticados pela própria pessoa do mandante, exceto aqueles que se fazem personalíssimos, não praticáveis por outra pessoa (o mandatário), como por exemplo, o voto.
Certa. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
Errada. Mandato: Autorização que alguém dá a outrem para executar certos atos em seu nome.
Mandado: Ordem judicial para que se faça ou não alguma coisa.
Mandato Judicial
Definição
O mandato judicial segue a regra prevista para mandato em geral, porém, com certas especialidades.
A primeira delas é que os poderes outorgados pelo mandante referem-se à prática de atos ou defesa de interesses perante a justiça.
Art. 692 O mandatojudicial fica subordinado às normas que lhe dizem respeito, constantes da legislação processual, e, supletivamente, às estabelecidas neste Código.
Portanto, o mandato judicial é conferido a advogado legalmente inscrito na O.A.B (Ordem dos Advogados do Brasil) para representar o outorgante em atos judiciais.
Via de regra, pode ser concedido à pessoa não habilitada a exercer os poderes de representação em juízo, que, por sua vez, deverá substabelecer na pessoa do advogado.
Subentende-se oneroso o mandato judicial, posto que o mandatário é, ao mesmo tempo, representante e locador de seus serviços profissionais.
Também deve ser sempre escrito o mandato judicial, em forma de procuração, salvo em alguns casos, como nos processos criminais e trabalhistas, nos quais somente é necessária a indicação do advogado em audiência.
Procuração ad judicia
É instrumento do mandato judicial, utilizada por advogados (outorgados) para representarem seus clientes (outorgantes) nas ações judiciais que propuserem.
A procuração ad judicia, quando geral, concede plenos poderes para que um advogado atue num processo, ou seja, contestar, replicar, comparecer a audiências, juntar documentos, arrolar testemunhas, etc.
Porém, será especial quando abranger os poderes elencados no artigo 38 do CPC, dentre outros dispersos na Lei.
Art. 38 do CPC: A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso.
Nas procurações em que forem consignados alguns dos poderes acima mencionados é necessário o reconhecimento de firma.
A procuração ad judicia deve ser escrita, salvo em alguns casos, como nos processos criminais e trabalhistas, nos quais somente é necessária a indicação do advogado em audiência.
Pode se dar por instrumento público ou particular.
Tipos de Mandato Judicial
Além de geral (poderes normais contidos na cláusula ad judicia) e especial(poderes extras, como os citados no art.38 do CPC), o mandato também pode ser genérico (ampla atuação para qualquer processo)ou específico (válido apenas para determinado processo ou ato).
Substabelecimento no Mandato Judicial
O substabelecimento no mandato judicial não confere ao advogado substituto nenhuma prorrogação de prazo.
Poderá ser com reserva de poderes ou sem reserva de poderes, nos quais o advogado substituído continua investido dos mesmos poderes sem renunciar ao mandato ou se afasta do direito de exercê-lo por completo, respectivamente.
Extinção do Mandato Judicial
Dá-se pela:
- morte
- mudança de estado
- conclusão da causa
- renúncia
- revogação
A revogação ou a renúncia deve ocorrer com pelo menos 10 dias de antecedência do próximo ato processual.
Art. 45 do CPC: O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar prejuízo.
Seguindo a regra geral, o mandatário judicial não precisa declinar o motivo da renúncia, mas notificar o mandante para que este constitua novo procurador.
O estatuto da advocacia (Lei nº 8.906/94) apresenta um conjunto de normas que se referem ao mandato judicial.
Exercícios de Fixação:
Também deve ser sempre escrito o mandato judicial, em forma de procuração, salvo em alguns casos, como nos processos criminais e trabalhistas, nos quais somente é necessária a indicação do advogado em audiência.
O mandato Judicial pode ser escrito ou verbal.
A procuração ad judicia é instrumento do mandato judicial.
A procuração ad judicia, quando especial, concede plenos poderes para que um advogado atue num processo, ou seja, contestar, replicar, comparecer a audiências, juntar documentos, arrolar testemunhas, etc.
Uma vez notificado o substabelecimento, a contagem dos prazos judiciais tem novo início para o advogado substituto.
No mandato Judicial, a revogação ou a renúncia pode ocorrer a qualquer momento.
Gabarito dos Exercícios de Fixação:
Certa. O mandato judicial é conferido a advogado legalmente inscrito na O.A.B (Ordem dos Advogados do Brasil) para representar o outorgante em atos judiciais.
Via de regra, pode ser concedido à pessoa não habilitada a exercer os poderes de representação em juízo, que, por sua vez, deverá substabelecer na pessoa do advogado. 
Certa. A procuração, que é instrumento do mandato judicial, deve ser sempre escrita, porém, em alguns casos, como nos processos criminais e trabalhistas, não é necessário procuração, somente a indicação verbal do advogado em audiência, consignando-se o mandato.
Certa. A procuração ad judicia é utilizada por advogados(outorgados) para representarem seus clientes (outorgantes) nas ações judiciais que propuserem.
Errada. Estes são os poderes constantes da procuração ad judicia geral. 
A procuração ad judicia será especial quando abranger os poderes elencados no artigo 38 do CPC, dentre outros dispersos na Lei. 
Errada. O substabelecimento no mandato judicial não confere ao advogado substituto nenhuma prorrogação de prazo.
Errada. A revogação ou a renúncia deve ocorrer com pelo menos 10 dias de antecedência do próximo ato processual.
Tipos de Procurações – Conceitos
Procuração "ad judicia"
Instrumento do Mandato Judicial, segue os poderes conferidos pela cláusula ad judicia, quais sejam, aqueles normais para atuar nos processos judiciais ou para praticar todos os atos que fazem parte do processo.
Procuração "ad negotia"
É a procuração extrajudicial, distinta daquela dada para utilização em juízo, através da qual se outorgam poderes para administração de negócios.
Procuração "apud acta"
É procuração dada nos próprios autos da causa pelo respectivo escrivão, perante o juiz oficiante, ou lavrada em cartório, perante duas testemunhas. Tem caráter judicial, não sendo válida extrajudicialmente. Equipara-se à procuração por instrumento público.
Ex: procuração em que o réu em processo criminal indica seu defensor mediante simples manifestação verbal feita ao juiz do processo.
Procuração a Rogo
É a procuração que é assinada por outra pessoa a pedido do outorgante (a seu rogo) por estar impossibilitado de assiná-la ou por ser analfabeto. Somente pode ser dada por escritura pública.
Procuração em Causa Própria
Em virtude dela, o procurador passa a agir como dono do negócio. Tem caráter irrevogável. É objeto de muita controvérsia, pelo que deve o seu conteúdo ser claro e preciso.
Para Carvalho Santos: "Aquela em que são outorgados poderes ao procurador para administrar certo negócio, como coisa sua, no seu próprio interesse, fazendo suas as vantagens do mesmo negócio."
Procuração em Termos Gerais
É o instrumento do mandato outorgado com poderes gerais.
Procuração em Termos Especiais
É o instrumento do mandato outorgado com poderes especiais (elencados no art. 38 do CPC).
Procuração Bastante
Assim se diz da procuração cujos poderes nela conferidos são suficientes para o seu fim, ou seja, para a prática de um ato ou realização de um negócio.
Procuração Insuficiente
Procuração na qual os poderes consignados não bastam para que o seu fim seja alcançado conforme pretendido pelo mandante.
Procuração Irrevogável
Os poderes conferidos pela procuração ao mandatário não podem ser dele retirados ou suprimidos.
Procuração Judicial
É aquela que, por sua essência, só será utilizada perante a justiça.
Ex: procuração ad judicia.
Procuração Extrajudicial
Os poderes por ela outorgados servem para prática de atos fora da via judicial ou das praxes regulares do direito.
Ex: procuração ad negotia.
Procuração por Instrumento Particular
É a procuração dada em escrito particular, redigida de próprio punho ou digitada pela pessoado mandante ou por ordem deste.
Procuração por instrumento Público
É aquela lavrada por tabelião público em seu livro de notas, por escritura pública, da qual se fornece certidão.
Exercícios de Fixação:
Procuração ad judicia é a procuração extrajudicial, distinta daquela dada para utilização em juízo, através da qual se outorgam poderes para administração de negócios.
Na procuração apud acta o réu indica seu defensor mediante simples menção verbal ao juiz do processo ou na presença de duas testemunhas.
A procuração a rogo é passada para outra pessoa a pedido do outorgado (a seu rogo) em virtude deste estar impossibilitado de representar o outorgante na defesa de seus interesses. Pode ser dada por instrumento particular ou público.
Na procuração em causa própria o procurador passa a agir como dono do negócio. Tem caráter irrevogável. 
A procuração em termos gerais confere poderes gerais ao outorgado.
A procuração em termos especiais confere poderes especiais ao advogado.
Gabarito dos Exercícios de Fixação:
Errada. Procuração ad judicia é o instrumento do Mandato Judicial, e segue os poderes conferidos pela cláusula ad judicia, quais sejam, aqueles normais para atuar nos processos judiciais ou para praticar todos os atos que fazem parte do processo. O conceito acima refere-se à procuração ad negotia.
Certa. Procuração apud acta é aquela dada nos próprios autos da causa pelo respectivo escrivão, perante o juiz oficiante, ou lavrada em cartório, perante duas testemunhas. Tem caráter judicial, não sendo válida extrajudicialmente. Equipara-se à procuração por instrumento público.
Errada. A procuração a rogo é aquela que é assinada por outra pessoa a pedido do outorgante (a seu rogo) em virtude deste estar impossibilitado de assiná-la ou por ser analfabeto. Somente pode ser dada por escritura pública.
Certa. Para Carvalho Santos: "Aquela em que são outorgados poderes ao procurador para administrar certo negócio, como coisa sua, no seu próprio interesse, fazendo suas as vantagens do mesmo negócio."
Certa. A procuração em termos gerais concede plenos poderes para que um advogado atue num processo, ou seja, contestar, replicar, comparecer a audiências, juntar documentos, arrolar testemunhas, etc.
Certa. A procuração será em termos especiais quando abranger, dentre outros dispersos na Lei, os poderes elencados no artigo 38 do CPC:
"A procuração geral para o foro, conferida por instrumento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advogado a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso."

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