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SEFAZ PE XEST econofinancpub heberejetro Aula 08 Políticas e Critérios de Distribuição de Renda OK

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Aula 08
Economia e Finanças Públicas p/ SEFAZ/PE
Professores: Heber Carvalho, Jetro Coutinho
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AULA 08: O déficit público e seu financiamento; 
financiamento das atividades públicas. Tópico de 
Finanças Públicas: 3. Conceito de déficit público: 
a dívida pública no Brasil (causas, consequências 
e evolução recente). 
 
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA 
Déficit e dívida pública 01 
Critérios acima e abaixo da linha 05 
NFSP acima da linha 06 
NFSP abaixo da linha 10 
Regime de contabilização 13 
Conceitos Adicionais 16 
Inflação e arrecadação fiscal 20 
Evolução e sustentabilidade do endividamento público 22 
Resumão da Aula 30 
Exercícios comentados 31 
Lista de questões apresentadas na aula 59 
Gabarito 72 
 
Olá caros(as) amigos(as), 
 
 Hoje, veremos os conceitos atinentes à forma que é feita a 
conceituação do déficit público no Brasil. Também veremos as relações 
envolvendo a inflação e a carga/arrecadação fiscal, 
sustentabilidade da dívida e evolução da mesma a partir da década de 
1980. 
 
 E aí, todos prontos? Então, aos estudos! 
 
 
DÉFICIT E DÍVIDA PÚBLICA 
 
 A arrecadação total de impostos no país corresponde à chamada 
carga tributária bruta. A diferença entre a carga tributária bruta e as 
transferências governamentais1 é a carga tributária líquida do governo. 
É com base nesta carga tributária líquida que o governo pode financiar 
seus gastos correntes2 (o chamado consumo do governo). A diferença 
 
1 Dentro destas transferências governamentais, estão enquadrados os gastos com programas de 
transferência de renda, subsídios, assistência e previdência social e os juros da dívida interna. 
2 Existem dois tipos de gastos ou despesas: as correntes e as de capital. Os gastos correntes são 
aqueles gastos de custeio com as atividades corriqueiras do governo (compra de materiais de 
escritório, aluguéis, pagamento de servidores públicos, pagamento de juros da dívida pública, etc). 
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entre a carga tributária líquida e os gastos correntes determina a 
poupança do governo em conta corrente. 
 
Carga tributária bruta (CTB) = Total de impostos arrecadados 
 
Carga tributária líquida (CTL)=(CTB) ± Transferências do governo 
 
Poupança do governo = (CTL) ± Gastos correntes 
 
 A poupança do governo não é o resultado do orçamento público, 
nem se constitui em uma medida do déficit público, pois não considera as 
despesas de capital. O que ela mostra é a capacidade de investimento do 
governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. Deixe-nos 
explicar um pouco melhor: quando o governo apresenta poupança 
positiva (excesso de carga tributária líquida sobre os gastos correntes) é 
sinal que sobrou um dinheiro que poderá ser usado para as despesas de 
capital, que são os investimentos públicos3 (construção de escolas, 
estradas, portos, etc). 
 
 A diferença entre a poupança do governo (ou poupança 
pública) e o investimento público fornece o valor do déficit ou 
superávit público. Se a poupança do governo for maior que o 
investimento público, haverá superávit público. Se o investimento for 
maior que a poupança, haverá déficit público. Note que a diferença entre 
poupança do governo e investimento público significa a diferença entre a 
arrecadação total e o gasto total. Assim: 
 
Déficit/superávit público=Poupança do governo± gastos de capital 
 
ou 
 
Déficit público/superávit público = poupança do governo ± 
investimentos do governo 
 
Ou 
 
Os gastos de capital referem-se ao conceito de investimento do setor governamental, são despesas 
orçamentárias realizadas com a intenção de adquirir ou construir bens de capital que irão contribuir 
para a produção de novos bens ou serviços e que, ao contrário dos gastos correntes, geram aumento 
patrimonial. Temos como exemplo de gastos de capital: construção de estradas, pontes, edifícios, 
hospitais, escolas, amortização da dívida pública, etc. Vale destacar em relação à dívida pública que 
o pagamento de juros é considerado gasto corrente, enquanto a amortização da dívida é 
considerada gasto de capital. Quando falamos em dívida pública, falamos tanto da dívida interna (os 
credores fazem parte do mercado interno) como da dívida externa (os credores fazem parte do resto 
do mundo). 
3 Despesas de capital do governo = investimento público. 
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Déficit/superávit público = Total de impostos ± Transferências do 
governo ± Gastos correntes ± gastos de capital (investimentos) 
 
 Quando há superávit público, isto significa que o governo está 
arrecadando mais do que está gastando, logo, está fazendo política fiscal 
contracionista (restringindo a demanda agregada). Quando há déficit 
público, isto significa que o governo está gastando mais do que está 
arrecadando, logo, está fazendo política fiscal expansiva (aumentando a 
demanda agregada). 
 
 Devemos nos concentrar agora na situação em que há déficit 
público (os investimentos superam a poupança, ou os gastos totais 
superam a arrecadação total). Caso o governo incorra em déficit, o gasto 
que supera a receita deverá ser financiado de alguma maneira, ou seja, o 
JRYHUQR� GHYHUi�� RX� ³WLUDU´� GLQKHLUR� GH� DOJXP� OXJDU� SDUD� FREULU� HVWH�
GpILFLW��RX�DLQGD��SRGHUi�³IDEULFDU´�GLQKHLUo. 
 
2� DWR� GH� ³IDEULFDU´� GLQKHLUR� FRQVLVWH� QD� HPLVVmR� GH� PRHGD� SHOR�
%DQFR�&HQWUDO��2�DWR�GH�³WLUDU´�GLQKHLUR�GH�DOJXP�OXJDU�FRQVLVWH�QD�YHQGD�
de títulos públicos ao setor privado (interno e externo). Funciona dessa 
maneira: o governo, prometendo uma determinada remuneração (juros), 
vende títulos ao setor privado. Assim, ocorre uma troca: o setor privado 
entrega dinheiro ao governo, que, por sua vez, entrega o título (público) 
ao setor privado. Esta operação consiste em uma transferência de 
poupança do setor privado para o setor público4. 
 
 Resumimos assim as duas principais maneiras de se obter recursos 
para financiamento do déficit público: 
 
 
x Emitir moeda5: o Banco Central 
(instituição emissora de moeda) emite 
moeda e a entrega ao Tesouro Nacional 
(União); 
 
x Venda de títulos públicos ao setor 
privado (interno e externo). 
 
 
4 O setor privado utiliza o seu excedente (poupança) para comprar os títulos do governo. Assim, o 
setor privado entrega a sua poupança ao setor público. 
5 Esta operação também pode ser conceituada como uma venda de títulos públicos ao Banco 
Central. Assim, o BACEN recebe títulos (emitidos pelo Tesouro Nacional) e entrega moeda ao 
Tesouro Nacional, e esteutiliza esta moeda para financiar o seu déficit (pagar os credores) elevando 
a base monetária da economia. 
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A primeira forma de financiamento do déficit (emissão de moeda) 
tem a inconveniente consequência de provocar inflação, conforme 
apregoa a teoria quantitativa da moeda, sendo que, neste caso, a 
emissão de moeda representaria política monetária expansiva. 
Entretanto, ela tem a vantagem de não implicar endividamento do 
governo��SRLV�HOH�VLPSOHVPHQWH�³LPSULPH´�R�GLQKHLUR�GH�TXH�QHFHVVLWD� 
 
A segunda forma tem a inconveniente consequência de aumentar o 
endividamento público. Este, por sua vez, traz uma nova categoria de 
gastos que é a rolagem e o pagamento dos serviços (juros, custas, 
emolumentos, etc) dessa dívida. Entretanto, ela tem a vantagem de não 
provocar pressões inflacionárias adicionais, além daquelas que foram 
provocadas em momento anterior pelo excesso de gastos públicos, uma 
vez que, vendendo títulos, o governo não estará criando mais moeda para 
satisfazer o seu déficit. 
 
Ainda não comentamos sobre isso, mas achamos importante 
ressaltar que os conceitos de déficit e dívida pública não se confundem. 
Déficit é o excesso de gastos sobre a arrecadação, enquanto dívida é o 
acumulado de déficits, ou seja, é uma espécie de passivo do Estado. 
Dizemos que R� GpILFLW� p� XPD� YDULiYHO� ³IOX[R´� H� D� GtYLGD� p� XPD�
YDULiYHO�³HVWRTXH6´. 
 
Este método de apuração do déficit público explicado acima é o 
método tradicional, no entanto, ele apresenta algumas incorreções, 
porquanto considera o conceito de governo levando em conta apenas a 
administração direta (União, Estados, Municípios e DF). Todavia, sabemos 
que existem outras instituições públicas não enquadradas na 
administração direta que auferem receitas e realizam gastos. Temos, por 
exemplo, as empresas estatais (empresas públicas e sociedades de 
economia mista), as autarquias e as fundações públicas. 
 
A fim de solucionar este problema, o Brasil passou a utilizar a partir 
do início da década de 1980 um método mais abrangente utilizado pelo 
Fundo Monetário Internacional (FMI). Este método é o de Necessidade 
 
6 Variável fluxo é uma variável econômica medida por unidade de tempo (ano, semestre, mês, etc). 
Por exemplo, o déficit público no ano X foi equivalente a R$ Y reais. 
Variável estoque é uma variável medida em um determinado ponto do tempo (instante do tempo). 
Por exemplo, a dívida pública do Brasil hoje é equivalente a R$ X reais. 
São exemplos de variáveis à?fluxoà?: produto interno bruto de um país, os gastos públicos, as 
exportações e as importações, etc. 
São exemplos de variáveis à?estoqueà?: a taxa de câmbio, o nível de reservas internacionais, o estoque 
de moeda em circulação, etc. 
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de Financiamento do Setor Público Não Financeiro7 (NFSP). Não se 
assuste com o nome, pois ele próprio sugere o seu significado: 
necessidade de financiamento (ou seja, é igual a déficit, pois quando há 
déficit, há também a necessidade de financiá-OR��GDt�R�QRPH�³QHFHVVLGDGH�
GH� ILQDQFLDPHQWR���´��� 1R� HQWDQWR�� DQWHV� GH� GHILQLU� DV� 1)63�� GHYHPRV�
sabHU�R�TXH�D�GLIHUHQoD�HQWUH�RV�FULWpULRV�³DFLPD´�H�³DEDL[R´�GD�OLQKD� 
 
���0HGLomR�³DFLPD�GD�OLQKD´�YHUVXV�³DEDL[R�GD�OLQKD´ 
 
 9HULILTXH��DSHQDV�FRPR�H[HPSOR��D�HVWUXWXUD�GH�JDVWRV�GH�³-RVp´�QR�
mês de Janeiro de 2014: 
 
Despesas Receitas 
Aluguel 700 Salário 2300 
Luz, água, NET 300 
Alimentação 600 
Outros 1000 
Total 2600 Total 2300 
Acima da linha ј 
Abaixo da linha љ 
Necessidade de Financiamento do José : 2600 ± 2300 = 300 
 
 Fazendo um paralelo entre o orçamento de José, representado 
acima, e o orçamento do governo, temos o seguinte acerca dos métodos 
de mensuração do déficit público: 
 
x Acima da linha: ocorre quando se mede o déficit com base na 
execução orçamentária das entidades que o geram, isto é, 
diretamente das receitas e das despesas. No caso de José, pelo 
método acima da linha, mediríamos o déficit por meio da medição 
do que foi auferido como receita e do que foi gasto como despesa 
(pela verificação dos dados que estão acima da linha, como o 
próprio nome sugere). No caso do governo, verificamos quais foram 
os gastos com, por exemplo, educação, saúde, custeio, etc. (enfim, 
todos os gastos das entidades) e quais foram as receitas, para, 
então, verificarmos o déficit ou superávit público. 
 
x Abaixo da linha: por este método, mede-se o tamanho do déficit 
pelo lado do financiamento. Em vez de se preocupar com as 
receitas e gastos, simplesmente, faz-se a seguinte pergunta: 
quanto eu tenho que pagar (quanto eu tenho que financiar)? A 
 
7 K� ƚĞƌŵŽ� à?não financeiroà?� ŝŶĚŝĐĂ� ƋƵĞ� ƋƵĂŶĚŽ� ĨĂůĂŵŽƐ� Ğŵ� à?ƐĞƚŽƌ� ƉƷďůŝĐŽà?à?� ŶĞƐƚĞ� ĐĂƐŽà?� ĞƐƚĂŵŽƐ�
excluindo os bancos públicos, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, etc. 
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resposta será o próprio déficit público8. No caso de José, pelo 
método abaixo da linha, mediríamos o seu déficit pela quantia que 
ele precisa financiar para fechar as contas do mês (ele precisa 
financiar 300, logo, 300 é o seu déficit ou sua necessidade de 
financiamento). 
 
Os dados oficiais das necessidades de financiamento do Brasil são 
gerados pelo Banco Central e o método utilizado é o ³DEDL[R� GD�
OLQKD´, ou seja, a partir das alterações no valor da necessidade de 
financiamento (ou na variação do endividamento). A razão da escolha 
desse critério é que, se a conferência de receitas e despesas é diferente 
da variação do endividamento, o mais provável é que os dados acima da 
linha, muito mais trabalhosos e complicados de contabilizar, estejam 
errados (algum item talvez não tenha sido corretamente apurado, 
gerando, porém, na prática, uma variação na necessidade de 
financiamento). 
 
Conquanto os dados oficiais sejam mensurados por meio do método 
³DEDL[R� GD� OLQKD´, outras entidades governamentais (geralmente as 
unidades orçamentárias de menor escalão) fazem levantamentoV� ³acima 
da linha´��SRLV��DSHVDU�GH�PDLV�LPSUHFLVRV��HOHV�SHUPLWHP�VDEHU�GH�IRUPD�
mais apropriada o que exatamente se passa com a receita e a despesa 
das unidades orçamentárias (com o que está se gastando mais, por 
exemplo). 
 
Assim, perceba que nós podemos conceituar as NFSP utilizando 
qualquer um dos dois critérios, ainda que o cálculo oficial realizado pelo 
BACEN utilize somente o critério abaixo da linha. Assim, se você vir uma 
TXHVWmR� GH� SURYD� FRP� HVWH� IRUPDWR�� ³SHOR� FULWpULR� DFLPD� GD� OLQKD��
conceituam-VH� DV�1)63���´�� QmR� HVWUDQKH�� SRLV� R� FULWpULR� DFLPD�GD� OLQKD�
está sendo usado apenas como meio de conceituação e isto não significaque o BACEN utilize o critério acima da linha para apurar as NFSP. 
 
Agora, nós veremos os diversos conceitos das NFSP, pelos dois 
critérios: 
 
���$V�1)63�VHJXQGR�R�FULWpULR�³DFLPD´�GD�OLQKD 
 
Neste ponto, devemos distinguir três conceitos de necessidade de 
financiamento do setor público (NFSP): 
 
x Déficit nominal ou total (Necessidade de Financiamento do 
Setor Público ± Conceito nominal): engloba qualquer 
 
8 Ou ainda, caso as receitas superem as despesas, pelo método abaixo da linha, pergunta-se: quanto 
sobrou de dinheiro? Neste caso, não há déficit, mas sim superávit. 
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necessidade de novos financiamentos para fazer frente a qualquer 
despesa. Podemos então concluir que o déficit nominal significa: 
gastos totais menos receitas totais. 
 
x Déficit primário ou fiscal (Necessidade de Financiamento do 
Setor Público ± Conceito primário): é medido pelo déficit total, 
excluindo a correção monetária e cambial da dívida e os 
pagamentos de juros de dívidas contraídas anteriormente. De fato, 
é a diferença entre os gastos públicos (despesas correntes e de 
capital) e a arrecadação tributária no exercício, independente de 
juros e correções da dívida passada. Podemos então concluir que o 
déficit primário significa: gastos não financeiros menos receitas 
não financeiras. 
 
x Déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor 
Público ± Conceito operacional): é medido pelo déficit primário 
acrescido dos pagamentos de juros da dívida passada. Em outras 
palavras, é o déficit nominal, excluindo a correção monetária e 
cambial. Este é o conceito considerado mais adequado para refletir 
as necessidades reais de financiamento do setor público, uma vez 
que o conceito nominal apresenta-se inconveniente, já que é muito 
suscetível às variações nas taxas de inflação (elas causam correção 
monetária) e às variações na taxa de câmbio (causam correção 
cambial). Assim, as cláusulas de correção monetária (devido à 
inflação) fazem com que qualquer aumento da inflação eleve as 
NFSP, sem que isso signifique maiores gastos. Nos períodos de 
inflação elevada, era o conceito para se medir o déficit público. 
Podemos, então, concluir que o déficit operacional significa: déficit 
operacional = déficit primário + pagamentos de juros reais. 
Hoje, no entanto, com a inflação e câmbio estáveis, o déficit 
nominal é o mais adequado, pois é o mais amplo (receitas totais ± 
gastos totais). 
 
 
Juros nominais X Juros reais 
 
A taxa de juros nominal corresponde ao ganho monetário obtido por 
determinada aplicação, independente do comportamento do valor da 
moeda (independente da inflação). Por exemplo, se eu aplico hoje R$ 
100,00 e resgato daqui a 01 mês R$ 130,00, a taxa de juros nominal foi 
de 30% a.m., ou seja, os R$ 30,00 que eu ganhei em relação aos R$ 
100,00 que apliquei. Se eu tivesse resgatasse R$ 300,00, a taxa de juros 
nominal teria sido de 200% a.m. 
 
A taxa de juros real corresponde ao ganho que se obtém em termos de 
poder de compra. Ou seja, ela corresponde à taxa de juros nominal 
recebida, descontada a perda de valor da moeda, isto é, descontada a 
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inflação no período da aplicação. Ou seja, a taxa de juros real é igual à 
taxa de juros nominal menos a taxa de inflação. 
 
Suponha que eu tenha aplicado R$ 100,00 e resgatado R$ 130,00; mas a 
inflação no período tenha sido de 30%. Neste caso, percebemos 
claramente que os 30% que eu ganhei nominalmente foram totalmente 
corroídos pela inflação. Do ponto de vista real, descontada a inflação, o 
ganho da aplicação foi de 0%. 
 
Assim, podemos definir que a taxa de juros nominal corresponde à soma 
entre a taxa de juros real e a taxa de inflação: 
 
juros reais = juros nominais - inflação 
ou 
juros nominais = juros reais + inflação 
 
Veja que o conceito de juros nominais é bem mais amplo, e inclui a 
inflação (correção dos preços). Esta correção dos preços pode ser 
resumida nas correções monetária e cambial, pois tais correções são 
decorrentes de variações no valor da moeda (correção monetária e 
cambial). 
 
Assim, quando somamos os juros nominais ao déficit primário, estamos 
somando não somente as taxas de juros sobre a dívida, mas também a 
correção monetária e cambial. Por isso: 
 
déficit nominal = déficit primário + juros nominais. 
 
Os juros reais não incluem a correção de preços (correção monetária e 
cambial). Por isso: 
 
déficit operacional = déficit primário + juros reais 
 
Desta forma, observe que o deficit operacional analisa o deficit do ponto 
de vista ³UHDO´��GHVFRQWDQGR�D�LQIODomR���)ique atento quando a questão 
fala em juros nominais ou reais. Neste caso, apenas se a questão fizer 
esta distinção entre "nominais" e "reais", os conceitos que você deve 
decorar são os que estão acima. 
 
Esta diferenciação é importante, pois muita gente não entende porque o 
déficit nominal é igual ao déficit primário (e não o déficit operacional) 
mais os juros nominais. A chave está no entendimento da diferença entre 
juros nominais e juros reais. 
 
6H� IRU� IDODGR� DSHQDV� ³MXURV´�� VHP� HVSHFLILFDU� VH� VmR� ³QRPLQDLV´� RX�
³UHDLV´��YRFr�SRGH�DGRWDU�R�VHJXLQWH� 
 
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Juros 
Resultado 
déficit nominal = déficit primário + juros + correção monetária e/ou 
cambial 
 
déficit operacional = déficit primário + juros 
 
Nota: quando se fala em NFSP, sem especificar se é o conceito 
nominal, operacional ou primário, a intenção é tratar do conceito nominal, 
que é o mais amplo dos três (receitas totais ± gastos totais). 
 
O quadro a seguir resume as principais diferenças entre os 
conceitos de déficit público: 
 
 
 
 
Os mesmos conceitos se aplicam quando falamos de superávits, 
assim, temos: 
 
x Superávit primário: excesso de arrecadação sobre os gastos 
totais, excluindo os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros 
sobre a dívida e correção monetária e cambial. 
 
x Superávit operacional: resultado primário levando-se em conta, 
adicionalmente, os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros 
reais. 
 
x Superávit nominal: resultado operacional levando-se em conta, 
adicionalmente, os gastos (ou receitas) com correção monetária e 
cambial da dívida passada. Pode ser também igual ao superávit 
primário mais os pagamentos de juros nominais. 
 
 Ressaltamos também que, quando temos superávits, em qualquer 
conceito, não temos Necessidades de Financiamento, ou podemos dizer 
também que as Necessidades de Financiamento, neste caso, são 
negativas. Quando as NFSP são positivas, há déficit (uma vez que há 
³QHFHVVLGDGH´�GH�ILQDQFLDPHQWR�� 
 
 O conceito que apresenta maior destaque na mídia é o conceito 
primário, poisé ele que mostra efetivamente como está a condução da 
política fiscal do governo (apesar do conceito primário ser o mais 
³EDGDODGR´��HOH�QmR�p�R�PDLV�UHOHYDQWH��R�PDLV�LPSRUWDQWH�H�UHOHYDQWH�p�R�
conceito nominal, que é o mais amplo), ao apurar somente a arrecadação 
de impostos e os gastos correntes e de investimento, independentes da 
dívida pública (que provoca gastos/receitas com pagamentos de juros e 
Resultado 
nominal 
Correção monetária 
e/ou cambial 
Juros reais 
Resultado primário 
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correção monetária). A relevância desse conceito está no fato de separar 
o esforço fiscal do impacto das variações nas taxas de juros, o que, 
dependendo do tamanho da dívida pública, tem grande influência sobre 
as necessidades de financiamento do governo. 
 
Receitas não financeiras e despesas não financeiras 
 
PS: item retirado do livro Gestão de Finanças Públicas (Feijó, Medeiros e 
Albuquerque), 2ª. Edição, página 73. 
 
As receitas não financeiras correspondem ao total que o governo 
arrecada, com exceção dos seguintes itens abaixo, que, obviamente, 
não entram no cálculo do resultado primário: 
 
x Ganhos obtidos em aplicações financeiras; 
x Receitas decorrentes de operações de crédito; 
x Recebimentos de empréstimos concedidos pelo governo; 
x Receitas decorrentes de alienações do patrimônio público (como as 
privatizações); 
x Recursos arrecadados em exercício anterior; 
x Anulação de restos a pagar, quando reconhecida como receitas; 
x Receitas provenientes de transferências entre os entes federados 
(de forma a evitar a dupla contagem). 
 
Já as despesas não financeiras correspondem ao total que o governo 
gasta, com exceção dos seguintes itens abaixo, que não entram no 
cálculo do resultado primário: 
 
x Amortização, juros e outros encargos da dívida interna e/ou 
externa; 
x Aquisição de títulos de capital; 
x Concessão de empréstimos; 
x Transferências entre os entes federados. 
 
Em relação às despesas não financeiras, não confundir a aquisição de 
títulos de capital com as despesas de capital (investimentos do 
governo). As despesas de capital são despesas não financeiras. 
Elas integram, portanto, o cálculo do resultado primário. Já a aquisição 
de títulos de capital são despesas financeiras, não integrando o resultado 
primário. 
 
 
���$V�1)63�VHJXQGR�R�FULWpULR�³DEDL[R´�GD� OLQKD��H�QR�0DQXDO�GH�
Finanças Públicas do BACEN) 
 
Em primeiro lugar, veja que, seguindo o método abaixo da linha, 
nós temos que a NFSP será igual à variação da dívida em um determinado 
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período. Por exemplo, suponha que José (aquele mesmo do quadro que 
montamos no início da aula), antes do mês de Janeiro de 2014, não tenha 
qualquer dívida com quem quer que seja (ou seja, dívida de José antes de 
Janeiro igual a 0). Em Fevereiro, entretanto, José teve NFSP de 300 
(déficit de 300). A variação de sua dívida, portanto, foi no valor de 300. 
Você observa que a dívida variou exatamente no valor da necessidade de 
financiamento (NFSP). Por este exemplo, é fácil constatar, de um modo 
geral, que a NFSP será sempre igual à variação da dívida. 
 
Com o governo, ocorre o mesmo: a NFSP corresponde à variação da 
dívida pública. Se o governo, em um período, apresentar necessidade de 
financiamento, digamos, no valor de 100, então, isso é sinal que a sua 
dívida aumentou em 100 (NFSP=variação da dívida). A partir desta 
ideia, podemos verificar mais a fundo como conceituamos as NFSP por 
meio do critério abaixo da linha. Ressaltamos que este é o critério 
utilizado pelo BACEN, e que consta no seu Manual de Finanças Públicas. 
 
Seguem os conceitos que foram retirados quase que literalmente do 
Manual do BACEN. Portanto, fique atento (inclusive aos conceitos das 
QRWDV� GH� URGDSp��� SRLV� R� H[DPLQDGRU� SRGH� ID]HU� XP� ³FRSLDU´�´FRODU´��
apenas mudando palavras para te confundir: 
 
¾ Resultado nominal sem desvalorização cambial: corresponde à 
variação nominal dos saldos da dívida líquida (DLSP9), deduzidos os 
³ajustes patrimoniais10´� HIHWXDGRV� QR� SHUtRGR� �UHFHLWDV� GH�
privatizações e os reconhecimentos de dívida). Exclui, ainda, o 
impacto da variação cambial sobre a dívida externa e sobre a dívida 
mobiliária11 interna indexada à moeda estrangeira (este ajuste 
levando-se em conta a indexação à moeda estrangeira é chamado 
GH�³ajuste metodológico´���$EUDQJH�R�FRPSRQHQWH�GH�DWXDOL]DomR�
monetária da dívida, os juros reais e o resultado fiscal primário. 
 
 
9 A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) é dada pela soma das dívidas interna e externa do setor 
público (governo central, Estados e municípios e empresas estatais) junto ao setor privado, 
incluindo a base monetária e excluindo-se ativos do setor público, tais como reservas 
internacionais, créditos com o setor privado e os valores das privatizações. Ou seja, estes últimos 
(os ativos), por serem excluídos, reduzem a dívida líquida do setor público. 
10 Ajuste patrimonial corresponde a variações nos saldos da dívida líquida não consideradas no 
cálculo do déficit público. Inclui as receitas de privatização e a incorporação de passivos 
contingentes (esqueletos), que correspondem a dívidas juridicamente reconhecidas pelo governo, 
de valor certo, e representativas de déficits passados não contabilizados (o efeito econômico já 
ocorreu no passado). 
11 A dívida mobiliária interna consiste na dívida pública representada por títulos emitidos pela 
União, inclusive os do Banco Central, Estados e Municípios. 
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¾ Resultado nominal com desvalorização cambial: corresponde à 
variação nominal dos saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes 
patrimoniais efetuados no período (privatizações e reconhecimento 
de dívidas). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a 
dívida externa (ajuste metodológico). Abrange o componente de 
atualização monetária da dívida, os juros reais, a apropriação da 
variação cambial sobre a dívida mobiliária interna e o resultado 
fiscal primário. 
 
Nota 1�� YHMD� TXH�� PHVPR� FRQVLGHUDQGR� ³FRP� GHVYDORUL]DomR� FDPELDO´��
não se considera (é excluído) o impacto da variação cambial sobre a 
dívida externa. Para a dívida interna, contudo, considera-se a variação 
cambial. 
Nota 2: Segundo Fernando Rezende, ainda podemos conceituar a NFSP 
nominal como: a variação da dívida fiscal líquida (DFL12) entre dois 
períodos de tempo. 
 
¾ Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida 
dependem do nível de taxa de juros nominal e do estoque de dívida, 
que, por sua vez, é determinado pelo acúmulo de déficits nominais 
passados. Assim, a inclusão dos juros no cálculo do déficit dificulta 
a mensuração do efeito da política fiscalexecutada pelo governo, 
motivo pelo qual se calcula o resultado primário do setor público, 
que corresponde ao déficit nominal (NFSP) menos os juros nominais 
apropriados por competência, incidentes sobre a dívida pública. A 
parcela dos juros externos e incidentes sobre a dívida mobiliária 
vinculada à moeda estrangeira é convertida pela taxa média de 
câmbio de compra. 
 
Nota 3�� R� 0DQXDO� GR� %$&(1� UHDOPHQWH� ³SXOD´� R� FRQFHLWR� GH� UHVXOWDGR�
operacional. Isto se deve à atual conjuntura econômica do Brasil, onde, 
em virtude dos baixos índices inflacionários, o déficit operacional perdeu 
sua relevância. A própria LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), em 
diversas passagens, faz referência somente aos resultados nominal e 
primário, ignorando o resultado operacional. No entanto, para provas de 
concursos, é claro, você deve saber os três conceitos. 
 
Dos conceitos acima, extraídos principalmente do Manual de 
Finanças Públicas do BACEN, pode-se depreender, de forma 
esquematizada, que: 
 
 
 
 
12 A Dívida Fiscal Líquida (DFL) é dada pela diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial. 
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Resultado nominal s/ desvalorização cambial = variação da DLSP ± 
Ajustes patrimoniais ± impacto da variação cambial sobre as dívidas 
interna e externa 
Resultado nominal c/ desvalorização cambial = variação da DLSP ± 
Ajustes patrimoniais ± impacto da variação cambial sobre a dívida 
externa 
Resultado nominal = variação da DFL entre dois períodos ( ver nota 2) 
Resultado operacional = variação da DFL ± correção monetária da 
dívida13 
Resultado primário = variação da DFL ± correção monetária da dívida 
± Juros reais 
 
 
4. Regime de contabilização 
 
 Existem dois tipos de regimes para contabilização do déficit público: 
 
x Regime de competência: os fatos contábeis são registrados de 
acordo com o período em que ocorreu o fato gerador (despesa ou 
receita). Por exemplo, imagine que o governo brasileiro faça a 
compra de 10 aviões caça Rafale da França, no valor de US$ 150 
bilhões. No regime de competência, a despesa será contabilizada no 
momento do fato gerador (momento da compra) e não no momento 
em que o governo brasileiro efetua o pagamento ao governo 
francês. 
 
x Regime de caixa: os fatos são registrados no momento em que se 
dá o pagamento ou o recebimento. No exemplo acima, segundo o 
regime de caixa, a compra dos aviões só seria contabilizada no 
momento em que houvesse o pagamento ao governo francês. De 
acordo com o regime utilizado, pode-se chegar a diferentes valores 
de déficit/superávit. 
 
No Brasil, os resultados primários são contabilizados pelo 
regime de caixa. Já as despesas financeiras líquidas (juros 
nominais pagos e recebidos) são apuradas pelo Banco Central pelo 
regime de competência, e com isso as NFSP no conceito nominal, 
formadas pela soma do resultado primário e dos juros nominais (despesas 
financeiras líquidas), são computadas de forma híbrida. Assim, temos o 
seguinte: 
 
 
13 Esta correção monetáƌŝĂ� ƚĂŵďĠŵ� Ġ� ĐŚĂŵĂĚĂ� ĚĞ� à?ŝŵƉŽƐƚŽ� ŝŶĨůĂĐŝŽŶĄƌŝŽà?à?� ƚĞŶĚŽ� Ğŵ� ǀŝƐƚĂ�
representar exatamente o impacto negativo que a inflação tem sobre a moeda. Assim, Resultado 
operacional = variação da DFL ʹ imposto inflacionário. 
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x Resultado primário: regime de caixa 
 
x Resultado nominal: regime híbrido (pois os juros são 
contabilizados pelo regime de competência, enquanto as 
receitas e despesas não financeiras são contabilizadas pelo 
regime de caixa). 
 
PS: o resultado operacional também será contabilizado em um 
regime híbrido, devido ao fato de os juros serem contabilizados pelo 
regime de competência. 
 
6HJXHP� GXDV� ³ERDV´� TXHVW}HV� SDUD� WUHLQDUPRV� �GDTXL� D� SRXFR��
comentaremos da FCC): 
 
EXERCÍCIOS COMENTADOS: 
 
(ECONOMISTA ± COFECON ± 2010) - Seja a restrição 
orçamentária do governo expressa por Bt - Bt-1 = rBt-1 + (Gt - Tt) , 
onde Bt é a dívida do JRYHUQR�QR�ILQDO�GR�DQR�³W¶��³U´�é a taxa real 
de juros, Gt VmR�RV�JDVWRV�GR�JRYHUQR�QR�DQR�³W´��H�Tt é a receita 
GR� JRYHUQR� PHQRV� DV� WUDQVIHUrQFLDV� QR� DQR� ³W´�� Todas as 
variáveis estão expressas em termos reais. A respeito do setor 
governo, defict orçamentário, dívida pública, assinale a 
alternativa correta. 
(A) O deficit é uma variável de estoque, enquanto a dívida é uma 
variável de fluxo. 
(B) A restrição orçamentária do governo acima indica que, caso o 
governo deseje estabilizar a dívida a partir GR�DQR�³W´��HQWmR�WHUi�GH�WHU�
um superavit primário igual ao pagamento de juros reais sobre a dívida 
existente. 
(C) O deficit operacional é a soma do deficit primário com os juros 
nominais do estoque da dívida pública. 
(D) Deficit nominal é igual ao deficit operacional menos a correção 
monetária e cambial do estoque da dívida pública. 
(E) O deficit primário é a diferença entre a despesa do governo, incluindo 
o pagamento de juros real sobre a dívida, menos a receita total. 
 
COMENTÁRIOS: 
À primeira vista, a expressão do enunciado pode assustar, mas isso não 
precisa acontecer. Basta ter calma e analisar. A expressão nos mostra 
que o déficit público é igual ao pagamento dos juros reais sobre a dívida 
do ano anterior, mais o excesso de gastos públicos sobre as receitas 
líquidas das transferências. Vamos ver por quê: 
 
Bt é a dívida pública em t. Bt±1 é a dívida no período t-1. A diferença 
entre as dívidas de dois períodos expressa exatamente o déficit público. 
Por exemplo, se a dívida de um país em um ano é igual a 100 e, no ano 
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seguinte, é igual a 110, nós temos a certeza absoluta que o déficit 
ocorrido foi igual a 10, donde concluímos que o déficit representa a 
variação da dívida. Daí, podemos concluir que (Bt - Bt-1) representa o 
déficit público no período t. 
 
Quanto o governo possui um estoque de dívida, ele deve pagar os juros 
sobre essa dívida. Esses juros entram somando, ou aumentando o déficit. 
Por isso, o termo rBt-1 (juros multiplicados pela dívida) está na fórmula 
do déficit, fazendo-o aumentar. Neste caso, no período t, o governo 
pagará os juros referentes à dívida acumulada em t-1. 
 
Complementando a expressão do déficit, nós temos os gastos do governo 
em t, Gt, fazendo o déficit aumentar. A receita do governo menos as 
transferências, Tt, faz o déficit diminuir, então, ela é colocada na fórmula 
com sinal negativo. Veja então que a fórmula não é nenhum bicho de 
sete cabeças. Ali, não há nada que não tenhamos apendido. Agora, 
vamos à análise das alternativas: 
 
a) Incorreta. É exatamente o contrário, o déficit é uma variável fluxo, 
enquanto a dívida é uma variável estoque. 
 
b) Correta. Para que a dívidafique estável (não aumente, nem diminua), 
o déficit tem que ser igual a zero. Para isso, o termo (Gt - Tt) tem que 
igualar, com sinal contrário, o termo rBt-1. Se multiplicarmos (Gt - Tt) 
por -1, teremos (Tt - Gt), que representa o superávit primário (receitas 
de tributos menos transferências e menos gastos do governo). Assim, se 
superávit primário, que é igual a -(Gt - Tt)=(Tt - Gt), igualar rBt-1, 
então, o déficit (Bt - Bt-1) será igual a zero, e a dívida será estabilizada. 
 
c) Incorreta. O deficit operacional NOMINAL é a soma do deficit primário 
com os juros nominais do estoque da dívida pública. 
 
d) Incorreta. Deficit nominal é igual ao deficit operacional menos MAIS a 
correção monetária e cambial do estoque da dívida pública. 
 
e) Incorreta. O deficit primário NOMINAL é a diferença entre a despesa 
do governo, incluindo o pagamento de juros real NOMINAIS sobre a 
dívida, menos a receita total. 
 
GABARITO: B 
 
(FUNIVERSA ± AFC ± SEPLAG/DF ± 2009) - O cálculo da 
Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP) tem como 
objetivo medir a pressão que os gastos públicos geram sobre os 
recursos financeiros da economia. A NFSP é definida como a 
diferença entre as receitas e despesas totais do governo. Pelo 
FULWpULR� ³DEDL[R� GD� OLQKD´�� R� UHsultado operacional pode ser 
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definido como 
(A) a variação total da dívida líquida no período. 
(B) o resultado nominal, excluída a parcela referente à atualização 
monetária da dívida líquida. 
(C) o resultado nominal, excluída a parcela referente aos juros nominais 
sobre a dívida líquida. 
(D) o resultado primário menos a amortização da dívida pública. 
(E) a variação monetária da dívida, corrigida pela variação cambial do 
período. 
 
COMENTÁRIOS: 
A única correta é a alternativa B. 
 
A alternativa A trata do resultado nominal (variação total) da dívida. 
 
A alternativa C trata do resultado primário (resultado primário = 
resultado nominal ± juros nominais). 
 
A alternativa D não trata de nenhum dos resultados, pois a amortização 
da dívida não serve para diferenciar nenhum dos conceitos (o que 
diferencia é o pagamento de juros, e não a amortização). 
 
A alternativa E trata do resultado nominal. 
 
GABARITO: B 
 
5. CONCEITOS ADICIONAIS 
 
Neste item, colocamos alguns conceitos adicionais retirados das 
publicações da Diretoria de Política Econômica do BACEN, especialmente 
as Normas Relacionadas à Política Econômica-Financeira, extraídas do 
Manual de Finanças Públicas daquela entidade. 
 
As bancas, às vezes, gostam de cobrar estes conceitos de forma 
literal, exatamente como eles constam nas publicações do BACEN. Assim, 
sugerimos a leitura (e memorização) do que está abaixo. Além da 
transcrição literal dos conceitos, também procuramos sistematizar o texto 
original, a fim de facilitar o entendimento. 
 
 
Conceito de setor público e governo geral 
 
O conceito de setor público utilizado para mensuração da dívida 
pública da dívida pública e do déficit público é o do setor público não-
financeiro mais Banco Central. Consideram setor público não-
financeiro as administrações diretas federal, estaduais e municipais, 
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as administrações indiretas, o sistema público de previdência social e as 
empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais. 
 
PS: nesta relação de empresas estatais não financeiras, devemos 
excluir a Petrobrás. Apesar de ela ser uma empresa estatal não 
financeira, seu resultado não é levado em conta na mensuração da dívida 
pública e do déficit público (em virtude do decreto 6.867/2009). 
 
Incluem-se também no conceito de setor público não-financeiro os 
fundos públicos que não possuem característica de intermediários 
financeiros, isto é, aqueles cuja fonte de recursos é constituída de 
contribuições fiscais e parafiscais. 
 
Assim, você deve guardar os integrantes do setor público não-
financeiro: 
 
x Administrações diretas federal, estaduais e municipais; 
x Administrações indiretas; 
x Sistema público de previdência social; 
x Empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais 
(excluindo a Petrobrás); 
x Fundos públicos cuja fonte de recursos é constituída de 
contribuições fiscais e parafiscais. 
 
Como a mensuração da dívida pública líquida e do déficit público 
HQJORED�R�³VHWRU�S~EOLFR�QmR�ILQDQFHLUR�PDLV�%DQFR�&HQWUDO´��HQWmR��HVWD�
mensuração vai englobar todo o pessoal aí de cima (setor público não-
financeiro) mais o Banco Central. 
 
Fique ligado! Veja que o BACEN não faz parte do setor público não-
financeiro. Apenas afirmamos que a mensuração da dívida líquida e do 
déficit leva em conta o setor público não-financeiro mais o BACEN. Ou 
seja, repetindo: não estamos dizendo que o BACEN faz parte do setor 
público não-financeiro, mas apenas que seu resultado faz parte da 
mensuração da dívida e do déficit. 
 
O BACEN é incluído na apuração da dívida líquida pois o seu 
resultado é transferido imediatamente para o Tesouro Nacional (para o 
³FDL[D´�GR�JRYHUQR14). Assim, qualquer operação do BACEN que implique 
lucro ou prejuízo impactará imediatamente as disponibilidades em caixa 
do Tesouro Nacional, o que impactará, por conseguinte, a dívida pública. 
 
 
14 K�à?ĐĂŝdžĂà?�ĚŽ�ŐŽǀĞƌŶŽ�Ġ�Ž�ƋƵĞ�ĞƐƚĄ�ĚĞƉŽƐŝƚĂĚŽ�ŶŽ�dĞƐŽƵƌŽ�EĂĐŝŽŶĂůà?�Ğ�ŶĆŽ�Ž�ƋƵĞ�ƚĞŵŽƐ�ŶŽ�����Eà?�
No Brasil, o caixa do BACEN é sempre igual a zero. Assim, todos os recursos disponíveis para o 
governo gastar estão no Tesouro Nacional, e não no BACEN, como muitos pensam. 
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Por exemplo, suponha que o BACEN tenha feito algumas operações 
de open market (compra e venda de títulos públicos) e tenha auferido 
alguma receita decorrente de tais operações. Esta receita irá 
imediatamente para o Tesouro Nacional. Neste caso, a dívida líquida do 
governo será diminuída. Então, veja que, realmente, as operações do 
BACEN devem fazer parte do cômputo da variação da dívida líquida do 
governo. 
 
Ademais, segundo o manual de Finanças Públicas do BACEN, outro 
motivo que leva este a ser incluído na mensuração da dívida líquida e do 
déficit é o fato de que o BACEN é o agente arrecadador do imposto 
inflacionário. Este se refere à perda de valor da moeda decorrente das 
emissões monetárias realizadas pela autoridade monetária. 
 
Quando o BACEN emite moeda15, surge a inflação e a perda de valor 
da moeda. Assim, os agentes possuidores de moeda têm sua riqueza 
diminuída, mas o BACEN tem sua riqueza aumentada, pois ele emitiu a 
moeda que fez os agentes perderem riqueza16. Essa moeda emitida segue 
para o Tesouro Nacional, devendo, portanto, impactar a dívida pública 
líquida. Assim, veja que o fato de o BACEN ser oarrecadador do imposto 
inflacionário também faz com que ele seja considerado no cômputo da 
variação da dívida pública líquida e do déficit público. 
 
Ainda em relação ao BACEN, deve-se notar que o conceito de dívida 
líquida leva em conta os ativos e passivos financeiros do BACEN, 
incluindo, dessa forma, a base monetária17. 
 
3RU�ILP��GHYHPRV�FRQFHLWXDU�³governo geral´ (ou governo central): 
abrange as administrações diretas federal, estaduais, municipais, bem 
como o sistema público de previdência social. Esta conceituação de 
governo geral tem o objetivo de aproximar os indicadores brasileiros dos 
padrões internacionais adotados. 
 
Vejamos agora a diferenciação entre dívida líquida e pública: 
 
 
Dívida líquida do setor público 
 
 
15 É plenamente aceito em teoria econômica que a emissão monetária causa inflação (perda de valor 
da moeda). 
16 �ŽŵŽ�ŚĄ�ƚƌĂŶƐĨĞƌġŶĐŝĂ�ĚĞ�ƌĞŶĚĂ�ĚŽƐ�ĂŐĞŶƚĞƐ�ƉĂƌĂ�Ž�ŐŽǀĞƌŶŽà?�ƚĞŵŽƐ�ĞƐƐĂ�ŶŽŵĞŶĐůĂƚƵƌĂ�à?ŝŵƉŽƐƚŽ�
ŝŶĨůĂĐŝŽŶĄƌŝŽà?à? 
17 Decore o seguinte: a base monetária faz parte do passivo financeiro do BACEN. 
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Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público 
não-financeiro e do BACEN frente ao sistema financeiro (público e 
privado), ao setor privado não-financeiro e ao resto do mundo. 
 
Ou seja, é o que setor público não-ILQDQFHLUR� ³GHYH´� �GpELWRV� RX�
dívidas) em contrapartida ao que ele tem de crédito (créditos). Enfim, a 
dívida líquida é o balanceamento entre dívidas e créditos. Estes créditos 
de que trata o conceito são créditos financeiros do setor público não 
financeiro e do BACEN. Assim, não entram como fatores de desconto para 
o cálculo da dívida líquida do setor público ativos reais como imóveis, 
ações de empresas, etc. 
 
De forma mais simplificada, pode-se entender que a dívida líquida 
corresponde à dívida pública descontados os ativos financeiros do 
governo. 
 
 
Dívida pública do governo geral 
 
A dívida bruta do governo geral abrange o total dos débitos de 
responsabilidade do governo federal, estaduais e municipais, junto ao 
setor privado, ao setor público financeiro, ao BACEN e ao resto do mundo. 
 
Os débitos de responsabilidade das empresas estatais das três 
esferas de governo não são abrangidos pelo conceito. Os débitos são 
considerados pelos valores brutos, sendo as obrigações vinculadas à área 
externa convertidas para reais pela taxa de câmbio de final de período 
(compra). 
 
Os valores da dívida mobiliária do Governo Federal (que abrange 
dívidas securitizadas e carteira de títulos públicos federais no BACEN) são 
calculados com base na posição de carteira, que não leva em 
consideração as operações compromissadas18 pelo BACEN. São deduzidos 
da dívida bruta do governo federal os créditos representados por títulos 
públicos que se encontram em poder de seus órgãos da administração 
direta e indireta, de fundos públicos federais, dos estados e dos 
 
18 �Ɛ�ŽƉĞƌĂĕƁĞƐ�ĚĞŶŽŵŝŶĂĚĂƐ�à?ĐŽŵƉƌŽŵŝƐƐĂĚĂƐà?�ŶŽ�ƐŝƐƚĞŵĂ�ĨŝŶĂŶĐĞŝƌŽ�ƐĆŽ�ĂƐƐŝŵ�ĐŚamadas quando 
há, por uma das partes, o compromisso de realizar uma operação contrária àquela que realizou. Isto 
é, se o banco vendeu, ele se compromete a comprar de volta e, se comprou, ele se compromete a 
vender. Traduzindo: vamos supor que o banco tenha um título (um documento que represente uma 
dívida). Pode ser um título público, um certificado de depósito bancário ou uma debênture. 
Recapitulando, o banco tem este título. Aí, ele propõe vender para você com o compromisso de 
recomprá-lo em 30 dias, por exemplo. Nesse caso, o banco está agindo como se estivesse pedindo 
dinheiro emprestado a você e dando como garantia de que irá pagar, este título. Veja que ele não 
ƋƵĞƌ�ƐĞ�à?ĚĞƐĨĂnjĞƌà?�ĚŽ�ƚşƚƵůŽ�ŽƵà?�ƉŽƌ�ŽƵƚƌŽ�ůĂĚŽà?�ǀŽĐġ�ŶĆŽ�ƋƵĞƌ�à?ĂĚƋƵŝƌŝƌà?�ĞƐƐĞ�ƚşƚƵůŽà?��ĂƐŽ�ĐŽŶƚƌĄƌŝŽ, 
Ă�ŶĞŐŽĐŝĂĕĆŽ�ƐĞƌŝĂ�à?ĚĞĨŝŶŝƚŝǀĂà?�à?ĞůĞ�ǀĞŶĚĞ, você compra, e pronto). 
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municípios, a saber: aplicações da previdência social em títulos públicos, 
aplicações do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e outros fundos em 
títulos públicos e aplicações dos estados em títulos públicos federais. 
Analogamente, são deduzidas da dívida dos governos estaduais e dos 
municipais as parcelas correspondentes aos títulos em tesouraria. 
 
6. INFLAÇÃO e ARRECADAÇÃO FISCAL 
 
 Este tópico ficaria mais bem encaixado em uma aula de 
Macroeconomia. No entanto, temos a obrigação de abordar o tema neste 
curso, pois ajuda a entender muitas questões de prova. 
 
Um dos efeitos maléficos da inflação são os distúrbios sobre a 
distribuição de renda, uma vez que, com a inflação, a média dos preços 
está subindo. No entanto, os preços dos produtos sobem mais 
rapidamente que os salários. 
 
Assim, a inflação provoca uma redistribuição de renda em favor 
do setor produtivo, em detrimento da classe assalariada. Vale a 
penar citar uma frase do ex-presidente José Sarney, responsável por 
meia dúzia de planos de combate à inflação que não deram certo: "A 
inflação é o pior inimigo da sociedade. Ela castiga os mais pobres, os que 
não têm instrumento de defesa contra seus terríveis efeitos. Ela não 
confisca apenas o salário: confisca o pão." 
 
Então, este é o principal ponto que se deve ter em mente quando 
relacionamos inflação com distribuição de renda. Ela certamente prejudica 
ou piora a distribuição de renda na economia. 
 
 O governo também perde poder aquisitivo com a inflação, 
pois esta corrói o valor da arrecadação fiscal pela defasagem entre o fato 
gerador dos impostos, o recolhimento dos mesmos e a efetiva utilização 
da receita fiscal pelo governo. Este fenômeno é conhecido como efeito 
Oliveira-Tanzi. Ao mesmo tempo, o governo tem dificuldades para obter 
financiamento, já que os agentes do mercado, em ambientes 
inflacionários, fogem do mercado financeiro19, preferindo ativos reais. 
 
Ainda em relação à arrecadação do governo, destacamos o efeito 
inverso ao destacado por Oliveira e Tanzi. A contração de despesas em 
um momento e o seu pagamento em momento posterior provoca uma 
relevante redução real dos gastos públicos. Esse é o efeito Patinkin, 
ou efeito Tanzi de despesa, ou ainda Efeito Bacha. 
 
 
19 Os agentes, de uma forma geral, não comprarão títulos da dívida pública em virtude da 
possibilidade de os juros desses papéis serem inferiores à taxa de inflação do período. 
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A inflação funciona também como um imposto sobre as pessoas que 
detêm moeda, reduzindo o poder aquisitivo das pessoas e aumentando a 
arrecadação do governo. Deixe-nos explicar melhor: em regimes 
inflacionários, o governo deve a todoo momento emitir mais moeda 
(senhoriagem20) a fim de que os agentes possam realizar as suas 
transações. Imagine uma situação em que a inflação mensal de um país 
tenha sido, por exemplo, de 30% ao mês. Se a autoridade monetária 
deste país não emitir mais moeda, com certeza, faltará dinheiro na 
economia, devido ao fato de que os mesmos bens e serviços exigem, para 
o seu consumo, 30% a mais de moeda. Acontece que, quando o governo 
emite moeda, tal emissão, por si só, provoca inflação21. Por sua vez, 
TXDQGR� R� JRYHUQR� HPLWH� D� PRHGD�� R� GLQKHLUR� ³IDEULFDGR´�� REYLDPHQWH��
não é distribuído aos cidadãos, ele fica sob a posse do governo para ele 
gastar com o quiser (receita de senhoriagem). Desta forma, nós temos o 
seguinte: em virtude da inflação, o governo emite moeda, e tal emissão 
de moeda provoca duas coisas: perda de poder aquisitivo da população 
(via aumento da inflação) e aumento de recursos à disposição do governo 
(em virtude da emissão monetária). A esse mecanismo de transferência 
de renda da população para o governo, os economistas dão o nome de 
imposto inflacionário. Milton Friedman, o principal estudioso do 
³PRQHWDULVPR´�� SUrPLR� 1REHO� GH� (FRQRPLD� HP� ������ GLVVH� GH� IRUma 
bastante apropriada: "Inflação é a única forma de taxação que pode ser 
imposta sem legislação". 
 
 Veja que, sob o ponto de vista das contas públicas, a inflação, por 
um lado, corrói o poder aquisitivo do Estado via efeito Oliveira-Tanzi; por 
outro lado, aumento o poder aquisitivo via imposto inflacionário e, por 
fim, reduz os gastos públicos via efeito Patinkin. Alguns estudos empíricos 
DILUPDP� TXH� SHUtRGRV� LQIODFLRQiULRV� WRUQDP� PDLV� IiFHLV� R� ³IHFKDPHQWR´�
das contas públicas. Isto tem o lado negativo de incentivar o desajuste 
das contas públicas, pois o governo se acostuma a gastar um dinheiro 
que só é gerado graças às distorções provocadas pela inflação. Assim, 
percebemos que a inflação serve como um incentivo ao descontrole das 
contas públicas. 
 
Por fim, depois dessa análise, não é difícil perceber por que é tão 
difícil encerrar longos períodos de regimes inflacionários. Para que 
qualquer plano de controle da inflação dê certo, o governo deve se 
acostumar rapidamente a gastar muito menos recursos. Do ponto de vista 
institucional, isto é bastante complicado de ser operacionalizado em 
regimes democráticos. 
 
20 É a receita do governo auferida por meio da emissão de moeda. O termo tem origem na idade 
média, onde o senhor feudal tinha o direito exclusivo de cunhar moeda no âmbito de seu feudo. 
21 Doutrinariamente, é aceito que o crescimento da quantidade de moeda na economia causa 
inflação. 
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Adendo: as NFSP e a variação da base monetária 
 
Nós vimos que a inflação faz com que o governo tenha que emitir 
moeda a fim de recompor a quantidade de moeda suficiente para que os 
agentes econômicos consigam realizar suas transações econômicas. Esta 
emissão de moeda gera o imposto inflacionário e faz com que a base 
monetária da economia seja aumentada. 
 
Ou seja, o aumento da base monetária da economia gera o imposto 
inflacionário (receita de senhoriagem) e isto faz parte do cálculo das 
NFSP. Afinal, a emissão de moeda aumentará a receita do governo, 
alterando as necessidades de financiamento do setor público. Ao mesmo 
tempo, já sabemos que as NFSP correspondem à variação das dívida 
(interna e externa). 
 
Seguindo estes entendimentos, podemos também conceituar as 
NFSP da seguinte maneira: 
 
1)63� �Ʃ%0���Ʃ�GtYLGD�LQWHUQD���H[WHUQD� 
 
Isto é, as necessidades de financiamento do setor público22 
equivalem à variação da base monetária com as variações das dívidas 
interna e externa. 
 
A única novidade para nós é a inclusão da variação da base 
monetária. Decidimos colocar esta conceituação apenas agora, pois seria 
necessário algum conhecimento sobre a questão do imposto inflacionário 
SDUD�TXH�YRFrV�FRQVHJXLVVHP�SHJDU�D�³LGHLD´�GD�H[SUHVVmR�DFLPD�� 
 
É uma expressão mais difícil de aparecer em prova quando a 
questão é sobre NFSP. No entanto, é bom estar ligado! 
 
7. Evolução e sustentabilidade do endividamento público 
 
 Neste tópico, vamos falar da evolução do endividamento público a 
partir dos anos 1980 e também da sustentabilidade do endividamento. 
Vamos começar falando um pouco de sustentabilidade do endividamento 
público. 
 
 De um modo geral, a noção que devemos ter se uma dívida é 
grande ou não vai depender muito do devedor de que estamos tratando. 
Por exemplo, suponha que uma empresa de pequeno porte (uma loja) 
deva uns R$ 300.000 a um banco. Se a empresa é pequena, e fatura 
 
22 Lembre-se de que, quando não se fala qual é o conceito de NFSP tratado, estamos falando do 
conceito nominal, que é o mais amplo e relevante. 
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pouco, isto representa uma grande dívida. A empresa pode até decretar 
falência por causa disso. 
 
 Agora, por outro lado, se um conglomerado financeiro ou industrial 
tem uma dívida de R$ 300.000, isto não representa NADA. É troco de 
pão! Isto porque o faturamento do conglomerado é altíssimo, de tal forma 
que essa dívida não impacta as atividades do conglomerado. 
 
 Quando vamos fazer um financiamento em um banco (vamos 
assumir uma dívida), o primeiro item levado em conta é a nossa renda. 
Dependendo da renda que comprovamos possuir, podemos assumir 
grandes dívidas. No entanto, se nossa renda é baixa, o banco não nos 
emprestará uma quantia razoável (não nos deixará assumir uma dívida 
grande). 
 
 Com um país (em vez de uma empresa ou pessoa), a situação é 
semelhante em alguns aspectos. A diferença está no fato de que um país 
QmR� SUHFLVD� GH� ³DXWRUL]DomR´� SDUD� VH� HQGLYLGDU�� %DVWD� HOH� HPLWLU� �H�
vender) títulos no mercado e, pronto, a dívida aumenta. Nesta situação, é 
diferente de uma pessoa normal, para a qual é necessária um agente 
credor (um banco, geralmente) interessado em emprestar algum 
dinheiro. 
 
 A semelhança acontece no que se refere à análise se uma dívida vai 
ser grande ou não. O item levado em conta para avaliarmos se uma 
GtYLGD�p�JUDQGH�RX�QmR�p�D�UHODomR�GD�GtYLGD�FRP�R�³IDWXUDPHQWR´ ou a 
³UHQGD´ do país. Só que um país não possui faturamento, mas sim um 
³3,%´�� $VVLP�� nós avaliamos a sustentabilidade do endividamento 
público a partir da relação dívida/PIB. 
 
 Se esta relação for baixa, o endividamento é sustentável. Na 
medida em que a relação aumenta, o endividamento perde 
sustentabilidade. Assim, uma dívida pública de R$ 1,5 trilhão para o Brasil 
não é tão grave, uma vez que o PIB é de mais de R$ 4,5 trilhões. Ou seja, 
a relação dívida/PIB do Brasil é de aproximadamente 35%, o que é 
considerado uma relação muito boa. Dívida sustentável. 
 
 Já a mesma dívida do Brasil (R$ 1,5 bilhão) para um país com PIB 
bem menor (por exemplo, a Argentina, que possui um PIB de R$ 1,5 
bilhão... aproximadamente) seria mais grave. Apenas a título de 
comparação, vários dos países em crise na Europa possuem relação 
dívida/PIB maior que 01 unidade.Ou seja, a dívida supera o PIB. Veja 
alguns números de alguns países (dados de 2012, referentes, portanto, 
ao consolidado de 2011): 
 
 
 
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País Relação dívida/PIB (aproximado) 
Brasil 35% 
EUA 107% 
Irlanda 109% 
Japão > 200% 
Itália 121% 
Grécia 165% 
Portugal 106% 
 
 
 Ainda em relação ao endividamento público, apresento abaixo 
alguns conceitos que podem cair em prova (retirado do trabalho 
³Sustentabilidade e limites de endividamento público: o caso brasileiro´��
publicado no site do Tesouro Nacional): 
 
x Solvência; 
x Liquidez; 
x Sustentabilidade; e 
x Vulnerabilidade 
 
 
Um primeiro conceito relacionado à discussão da dinâmica da dívida 
pública é o de solvência. Uma entidade qualquer é dita solvente se o 
valor presente descontado de seus gastos primários (isto é, exclusive 
encargos financeiros) correntes e futuros não é maior que o valor 
presente descontado de sua renda corrente e futura, líquida de qualquer 
endividamento inicial. Ou seja, na análise da dívida pública, de modo 
simplificado, podemos entender que a condição de solvência requer que a 
previsão de receitas (presentes e futuras) seja maior que a previsão de 
despesas (presentes e futuras). 
 
Outro conceito é o de liquidez. Uma entidade é dita líquida se seus 
ativos líquidos e o financiamento disponibilizado pelo mercado são 
suficientes para honrar o pagamento e/ou a rolagem do serviço e das 
amortizações de suas dívidas. 
 
O terceiro conceito é o de sustentabilidade. A posição de 
endividamento de uma entidade é dita sustentável se ela satisfaz a 
condição de solvência sem que sejam necessárias maiores correções em 
suas receitas e/ou gastos dados os custos de financiamento que ela 
encara no mercado. Portanto, o conceito de sustentabilidade engloba 
conjuntamente os conceitos de solvência e liquidez, sem fazer uma 
delimitação clara entre eles. 
 
 Dentro desta ideia de sustentabilidade, existem (existiram) vários 
estudos sobre o que seria uma dívida sustentável. Conforme dissemos, 
hoje, pelo menos para fins de prova, o que interessa é nós focarmos na 
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relação dívida/PIB. No entanto, ainda vale a pena expor aqui na aula o 
argumento de Bohn (o mais relevante, para concursos): 
 
Î Caso o resultado primário responda positivamente a 
acréscimos na dívida pública, então, esta pode ser vista 
como sustentável (mesmo em uma ambiente de incerteza 
econômica). 
 
Por fim, o conceito de vulnerabilidade é simplesmente o risco de 
que as condições de solvência e/ou liquidez sejam violadas e a entidade 
devedora entre em crise. 
.... 
 Agora que vimos a sustentabilidade do endividamento, vamos falar 
da evolução da dívida a partir dos anos 1980. No início dos anos 1980, as 
projeções sobre o endividamento brasileiro não eram nada boas. Quem, à 
época, fizesse qualquer projeção sobre o que aconteceria naquela década 
em relação à dívida/déficit diria que o déficit público brasileiro seria alto 
durante a década de 1980 e que a relação dívida/PIB iria aumentar. 
 
 No entanto, não foi o que aconteceu. A relação dívida/PIB de 
meados dos anos 1990 era muito similar à do início dos anos 1980. Isto 
aconteceu devido à receita da senhoriagem. Ou seja, uma inflação alta 
gera a necessidade de emissões monetárias (que tendem a realimentar a 
inflação). Ao mesmo tempo, a emissão monetária é dinheiro que fica com 
o governo. Ou seja, a emissão monetária significa propriamente o 
governo imprimindo dinheiro para si mesmo. Só que essa emissão 
realimenta a inflação. 
 
 O fato é que, nos regimes inflacionários da década de 1980, a 
receita de senhoriagem se constituiu em uma forma de financiamento do 
déficit público, impedindo que a relação dívida/PIB se elevasse. Durante 
os anos 1980, essa relação dívida/PIB manteve-se relativamente estável 
(especialmente, na segunda metade da década). 
 
Na fase seguinte à implantação do Real, com a inflação controlada, 
e sem a receita de senhoriagem, a relação dívida/PIB cresceu bastante 
entre 1994 e 2003 (chegou a 60% do PIB!). 
 
Para sistematizar nosso estudo, e ficar mais fácil para vocês 
estudarem, vamos dividir a trajetória da dívida pública em alguns 
períodos (Giambiagi e Além, Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil, 
3ª.edição, página 221): 
 
o 1981/1984; 
o 1985/1989; 
o 1990/1994; 
o 1995/1998; 
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o 1999/2002; 
o 2003/2006. 
 
Entre 1981 e 1984, houve elevação da dívida/PIB em um contexto 
de fortes recessão econômica e déficit fiscal. Este período foi o único da 
década de 1980 onde houve elevação da relação dívida/PIB. Isto 
aconteceu devido aos elevados déficits fiscais e à desvalorização cambial 
ocorrida em 1983 (elevando consideravelmente o componente externo da 
dívida). 
 
Entre 1985/1989, houve um déficit fiscal igualmente forte, porém 
com uma ligeira redução da relação dívida/PIB. Nestes anos, o 
crescimento do PIB (denominador da fração) ajudou a reduzir a relação. 
Houve também um aumento significativo da receita de senhoriagem 
(emissão de moeda). Finalmente, a aceleração inflacionária provocou uma 
subindexação da dívida passada (ou seja, parte da dívida herdada do 
passada perdia valor real frente ao aumento de preços... e isto fazia com 
que a dívida caísse). 
 
Entre 1990/1994, o PIB cresceu muito pouco, mas a relação 
dívida/PIB continuou caindo (devido ao imposto inflacionário ou receita de 
senhoriagem). Também, em 1994, o Brasil selou um acordo da dívida 
externa, que implicou cancelamento de parte do seu valor. Isto fez com 
que a dívida total (interna e externa) perdesse força. Neste momento, em 
1994, a relação dívida/PIB era de aproximadamente 30% do PIB. 
 
Entre 1995/1998, iniciou-se um processo de inflexão. A relação 
dívida/PIB começou a aumentar. Houve déficits fiscais elevados e redução 
da receita de senhoriagem (em virtude da inflação baixa). A combinação 
de redução de receitas de senhoriagem com os elevados déficits públicos 
fez com que a relação dívida/PIB aumentasse. As taxas de juros elevadas 
também contribuíram para elevar os gastos públicos, na medida em que o 
pagamento com juros aumentou. Neste momento, em 1998, a relação 
dívida/PIB chegou a quase 40%. 
 
A partir de 1999 (entre 1999/2003), o Brasil empreende um esforço 
no alcance de metas de superávits primários, mas a dívida ainda aumenta 
por alguns anos, por conta dos ajustes patrimoniais (como o 
reconhecimento de dívidas passadas ou esqueletos), provocados 
principalmente pelo impacto das desvalorizações cambiais (fazendo o 
componente externa da dívida aumentar). Vale ressaltar que estes 
ajustes patrimoniais mais que superaram as receitas com as 
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privatizações. No inicio de 2003, a relação dívida/PIB chegou a mais23 de 
60%! 
 
A partir de 2003 (entre 2003 e 2006), Governo Lula, finalmente, a 
relação dívida/PIB volta diminuir. Neste período, o superávit primário 
aumenta e o câmbio é apreciado (reduzindo o componente externo da 
dívida). No caso do governo Lula, os ajustes patrimoniais (neste caso, 
provocado pela apreciação cambial) foram favoráveis, reduzindo a dívida 
pública. 
 
 Depois de 2006, a relação dívida/PIB continuou caindo. Isto 
aconteceu devido aos superávits primários, à redução da taxa de juros 
(diminuindo o serviço da dívida) e o crescimento da economia brasileira 
(aumento do denominador da fração: o PIB). 
 
De 2006 para cá, tivemos apenas um período em que a relação 
dívida/PIB voltou a crescer. Aconteceu no ano de 2009, devido24 à 
apreciação cambial provocada logo após a fase inicial da crise financeira 
internacional. 
 
Abaixo segue um gráfico (fonte: Banco Central) com a evolução 
recente da dívida como proporção do PIB: 
 
23 Mesmo com uma relação dívida/PIB alta, no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, a relação dívida/PIB 
ďƌĂƐŝůĞŝƌĂ� ĞƌĂ� ŝŶĨĞƌŝŽƌ� ă� ĚĞ�ŵƵŝƚŽƐ� ƉĂşƐĞƐ� ĚĞƐĞŶǀŽůǀŝĚŽƐà?�K� ƉƌŽďůĞŵĂà?� ĞŶƚƌĞƚĂŶƚŽà?� ƌĞƐŝĚŝĂ� ŶĂ� à?ƋƵĂůŝĚĂĚĞà?� ĚĂ�
dívida brasileira. O prazo de vencimento dos títulos emitidos pelo governo brasileira eram mais curtos; e as 
taxas de juros eram mais elevadas. 
24 Durante o ano de 2008, houve forte depreciação do R$ (devido à fuga de capitais decorrente da crise 
financeira internacional). A taxa de câmbio ultrapassou US$ 1,00 = R$ 2,30. Neste período, o Brasil era (e ainda 
é) credor do resto do mundo. Assim, nesta situação, a depreciação cambial lhe favorece, aumentando o que 
ele tem a receber em R$ do resto do mundo e, portanto, diminuindo o componente externo da dívida. 
Observe, no gráfico, que, durante 2008, houve forte queda da relação dívida/PIB. No entanto, em 2009, o 
câmbio voltou a ser apreciado (a taxa de câmbio voltou para patamares inferiores a US$ 1,00 = R$ 2,00). Esta 
apreciação é ruim para o credor, uma vez que o Brasil tem menos R$ a receber dos devedores internacionais. 
Por isso, conforme podemos observar no gráfico, ocorre um aumento abrupto da relação dívida/PIB no ano de 
2009. 
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 Agora, para finalizar segue um quadro esquemático sobre os 
períodos de referência que utilizamos para avaliar a evolução da dívida 
pública: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Período Dívida/PIB Motivos 
1981/1984 Cresce 
x Elevados déficits fiscais (+); 
x Desvalorização cambial (+). 
1985/1989 
Ligeira redução 
(quase estável) 
x Elevados déficits fiscais (+); 
x Receita de senhoriagem (-); 
x Crescimento do PIB (-). 
1990/1994 
Ligeira redução 
(quase estável) 
x Redução da dívida externa (por acordo 
firmado) (-); 
x Continuam os altos déficits (+) e a 
receita de senhoriagem (-). 
1995/1998 Cresce 
x Déficits fiscais elevados (+); 
x Não há mais receita de senhoriagem 
relevante (+); 
x Taxas de juros elevadas (+). 
1999/2002 Cresce 
x Superávit primário (-); 
x Receitas com privatizações (-); 
x Ajustes patrimoniais (esqueletos e 
desvalorização cambial faz o 
componente externo da dívida 
aumentar) (+). 
2003/2006 Diminui 
x Superávits primários (-); 
x Crescimento do PIB (-); 
x Redução das taxas de juros (-). 
2006/hoje Diminui 
x Superávits primários (-); 
x Crescimento do PIB (-); 
x Redução das taxas de juros (-). 
 
PS: na coluna ³motivos´, o que está com sinal de (-) reduz a relação dívida/PIB. 
O que está com sinal de (+) aumenta a relação dívida/PIB. 
 
..... 
 
Bem pessoal, por hoje, é só! 
 
Aula curta, porém complicada! Agora, vamos a alguns exercícios 
comentados. Colocamos as questões da FCC por último, ok? É que não 
encontramos questões recentes da FCC sobre o tema. Mas a lista de 
exercícios está bem completa e com certeza você conseguirá fixar os 
conhecimentos. 
 
Abraços e bons estudos! 
 
Heber Carvalho e Jetro Coutinho 
 
 
 
 
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Juros nominais 
Resultado operacional 
RESUMÃO DA AULA 
Formas de financiamento do Déficit Público 
¾ Emitir moeda: o Banco Central (instituição emissora de moeda) emite moeda e a entrega ao 
Tesouro Nacional (União); 
 
¾ Venda de títulos públicos ao setor privado (interno e externo). 
Critérios de apuração do resultado fiscal 
¾ Acima da linha: Medido pela STN, é o resultado do confronto entre receitas e despesas. 
¾ Abaixo da linha: Medido pelo BACEN, é o resultado da variação da NFSP entre dois 
períodos. 
Conceitos do Resultado Fiscal 
Conceito Nominal: Gastos Totais ± Receitas Totais 
Conceito Primário: Déficit nominal ± pagamento de juros nominais (Representa o esforço fiscal) 
Conceito Operacional: Déficit nominal ± correção monetária e cambial (Relevante em países com 
alta inflação). De outra forma: Resultado operacional = Resultado Primário + juros REAIS. 
 
 
Regime de Contabilização 
¾ Resultado Primário: Contabilizado pelo Regime de caixa (Efetivo pagamento) 
¾ Resultado Nominal: Regime Híbrido (Juros por competência e demais receitas/despesas 
pelo regime de caixa). 
Dívida Líquida do Setor Público 
¾ Soma das dívidas interna e externa do setor público (governo central, Estados e municípios e 
empresas estatais) junto ao setor privado, incluindo a base monetária e excluindo-se ativos 
do setor público, tais como reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores 
das privatizações. 
 
Dívida Fiscal Líquida 
¾ Diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial. Sob a ótica da DFL, temos que o Resultado 
Nominal é a variação da DFL entre dois períodos. 
 
 
Resultado 
nominal 
Correção monetária 
e/ou cambial 
Juros reais 
Resultado primário 
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QUESTÕES COMENTADAS 
 
01. (FCC ± Analista Júnior ± METRO/SP ± 2014) Um estudo 
divulgado pela Receita Federal do Brasil informou que a Carga 
Tributária Bruta brasileira

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