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Semana 01

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FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CCJ0001
Turma 3001
Aluno: ANTONIO SÉRGIO BARATA DA SILVA
Professor: Antonio Serafim Azeredo 
Semana 1
Título: A Sociedade como objeto de estudo e os usos e abusos da cultura
Tópicos contemporâneos de Sociologia (I)
Descrição
Questão discursiva:
Historicamente, a sociedade brasileira foi sempre vista como fortemente miscigenada.
Diferentemente do que ocorreu em países como Estados Unidos e África do Sul, o racismo no Brasil não teria chegado a cingir a sociedade radicalmente. Contudo, casos recorrentes de preconceito racial colocam em xeque o mito da democracia racial brasileira.
Com base no estudado nesta aula:
I. Explique no que consiste o mito da democracia racial brasileira.
R.: A democracia racial é um termo usado por algumas pessoas para descrever relações raciais no Brasil. O termo denota a crença de alguns estudiosos que o Brasil escapou do racismo e da discriminação racial. Estudiosos afirmam que os brasileiros não vêem uns aos outros através da lente da raça e não abrigam o preconceito racial em relação um ao outro. Por isso, enquanto a mobilidade social dos brasileiros pode ser limitada por vários fatores, gênero e classe incluído, a discriminação racial é considerada irrelevante (dentro dos limites do conceito da democracia racial). O conceito foi apresentado inicialmente pelo sociólogo Gilberto Freyre, na sua obra Casa-Grande & Senzala, publicado em 1933. Embora Freyre jamais tenha usado este termo nesse seu trabalho, ele passou a adotá-lo em publicações posteriores, e suas teorias abriram o caminho para outros estudiosos popularizarem a ideia. Freyre argumentou que vários fatores, incluindo as relações estreitas entre senhores e escravos antes da emancipação legal dada pela Lei Áurea em 1888, e o caráter supostamente benigno do imperialismo Português impediu o surgimento de categorias raciais rígidas. Freyre também argumentou que a miscigenação continuada entre as três raças (ameríndios, os descendentes de escravos africanos e brancos) levaria a uma "meta-raça". A teoria se tornou uma fonte de orgulho nacional para o Brasil, que se contrastou favoravelmente com outros países, como os Estados Unidos, que enfrentava divisões raciais que levaram a significantes atos de violência. Com o tempo, a democracia racial se tornaria amplamente aceita entre os brasileiros de todas as faixas e entre muitos acadêmicos estrangeiros. Pesquisadores negros nos Estados Unidos costumavam fazer comparações desfavoráveis entre seu país e o Brasil durante a década de 1960. Nas últimas quatro décadas, principalmente a partir da publicação em 1976 de Preto no Branco, escrito por Thomas Skidmore, um estudo revisionista das relações raciais brasileiras, os estudiosos começaram a criticar a noção de que o Brasil seja de verdade uma democracia racial. Skidmore argumenta que a elite predominantemente branca na sociedade brasileira promoveu a democracia racial para obscurecer formas de opressão racial. Os críticos que se opõem à ideia da democracia racial, afirmando que ela seja um mito, frequentemente usam como base a alegação genérica de que não seria possível impossível definir com exatidão à qual raça uma pessoa pertença realmente, visto que os próprios indivíduos não são capazes de se definir. Muitos pesquisadores relatam estudos em que demonstram a discriminação generalizada nos campos do emprego, educação e política eleitoral. O uso aparentemente paradoxal da democracia racial para obscurecer a realidade do racismo tem sido referido pelo estudioso Florestan Fernandes como o "preconceito de não ter preconceitos". Ou seja, porque o Estado assume a ausência de preconceito racial, ele não consegue fazer cumprir o que existem poucas leis para combater a discriminação racial, pois acredita que tais esforços sejam desnecessários. Michael Hanchard, cientista político da Universidade John Hopkins, argumenta que a ideologia da democracia racial, muitas vezes promovida por aparatos estatais, impede uma ação efetiva de combate à discriminação racial, levando as pessoas a atribuírem a discriminação a outras formas de opressão e permitindo que funcionários do governo acusados neguem a sua existência, mesmo que apenas inicialmente.
II. Faça uma análise sobre o preconceito racial no Brasil, levando em conta possíveis diferenças de oportunidades entre brancos e não-brancos (afrodescendentes) no Brasil.
R.: O Brasil está longe de ser o país da “democracia racial” e os afrodescendentes ainda são alvo de contínuos processos de preconceito e estereótipo raciais. No mundo do trabalho, por exemplo, a situação do negro é sempre pior do que a do branco. Eles são maioria no grupo dos desempregados, dos trabalhadores informais e, além disso, ganham menos. Num país que tem o passivo da escravidão, abolida há mais de 150 anos, a diferença de rendimento coloca os afrodescendentes na rabeira do espectro social: em 2003, 8,4% dos negros encontravam-se em condições de extrema pobreza, ante 3,2% dos brancos. Embora mulheres e homens negros representem 44,7% da população brasileira, sua participação chega a 68% entre os 10% mais pobres, segundo dados do Censo 2000, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). À medida que se avança em direção aos mais altos estratos de renda, sua presença diminui até atingir apenas 13% entre os 1% mais ricos, situação que permaneceu inalterada ao longo dos anos 90. Apesar de as iniciativas de promoção da igualdade racial terem conquistado cada vez mais destaque e espaço, as ações voltadas para a inserção dos negros no mercado de trabalho ainda são tímidas para enfrentar o tamanho do preconceito existente na sociedade brasileira. “Eu já senti muita discriminação. Ser negro no Brasil é ser lixo. Os negros não têm estudo e têm mais dificuldade para arranjar emprego”, conta a copeira Neuza Manhães, que está desempregada desde o começo deste ano e sustenta sozinha sete pessoas na cidade-satélite de Samambaia, no Distrito Federal. Sua opinião, infelizmente, é confirmada pelos números. A taxa de desemprego, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2003, elaborada pelo IBGE, mostra as variações em função da cor da pele: no grupo com mais de 16 anos de idade, a taxa de desemprego é de 8,7% para os brancos e de 10,7% para os negros. O grau de informalidade também é maior entre os negros. Enquanto 42% dos brancos têm carteira assinada ou são funcionários públicos, entre os negros esse percentual é de 31,4%. Isso significa que menos de um terço dos trabalhadores negros tem acesso a direitos trabalhistas, como décimo terceiro salário, adicional de férias, seguro desemprego e benefícios previdenciários. A situação é ainda pior para a mulher negra, já que somente uma em cada quatro possui algum vínculo formal de trabalho. “Na hora da contratação, o que conta é a aparência, e não a qualidade”, diz Maria da Cruz Alves dos Santos, trabalhadora doméstica desempregada há dois meses. O Brasil está longe da igualdade racial. O Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 - Racismo, Pobreza e Violência, lançado em novembro pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), derruba o mito da democracia racial brasileira. O relatório, que contou com a participação de 30 pesquisadores, faz um levantamento abrangente e esclarecedor de indicadores brasileiros nas áreas de desenvolvimento humano, renda, educação, saúde, emprego, habitação e violência e conclui que em todas essas esferas os negros estão em posição desfavorável. Dividida em seis capítulos, a obra é acompanhada de um CD do Atlas Racial Brasileiro, banco eletrônico que reúne uma ampla série histórica de dados sociais desagregados por cor/raça, com cerca de 100 indicadores sobre o país, as cinco regiões, os estados e o Distrito Federal. “O tema do relatório se insere na preocupação do Pnud em relação aos grupos vulneráveis. Esperamos que as políticas propostas comecem a ser discutidas pela sociedade”, afirma Guilherme Assis de Almeida, um dos principaiscolaboradores do relatório e coordenador da unidade de direitos humanos e cidadania do Pnud. De maneira geral, o relatório mostra que as diferenças entre brancos e negros apontam em alguns casos uma defasagem de mais de uma geração. A porcentagem de homens negros com curso superior completo em 2000, por exemplo, era menor do que a de homens brancos em 1960. A renda per capita dos brancos de 1980 era o dobro da dos negros em 2000. Da mesma forma, a taxa de analfabetismo dos negros em 2000 era maior que a dos brancos em 1980. Em 2000, os negros apresentavam esperança de vida semelhante à dos brancos em 1991. O estudo também revela que a taxa de homicídio entre os negros é o dobro da entre os brancos. No estado do Rio de Janeiro, os negros são 11,1% da população, mas representam 32,4% dos mortos pela polícia.
Questão de múltipla escolha:
Muitas pessoas continuam a pensar que os grupos humanos apresentam diferenças biológicas consideráveis. [...] A pesquisa genética está revelando exatamente o oposto.
Os grupos humanos são geneticamente próximos demais para diferir em algo mais do que detalhes irrelevantes. O estudo genético de nosso passado está mostrando que as diferenças culturais entre grupos não podem ter origem biológica. Estas diferenças se devem às experiências dos indivíduos? (OLSON, Steve. A História da Humanidade. Rio de Janeiro: Campus, 2003. p. 17.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre preconceito e discriminação adquiridos nas aulas dadas, analise as afirmativas a seguir.
I. Longe de ter fundamentos biológicos, o preconceito racial é uma atitude socialmente transmitida e estimulada no cotidiano.
II. A pesquisa genética revela que o conceito de raça possui fundamentação científica, tornando legítima a discriminação pautada em diferenças significativas.
III. Variações externas como cor da pele, feições e forma do corpo refletem diferenças profundas de raça e delineiam o temperamento e inteligência dos indivíduos.
IV. As diferenças culturais existentes entre os povos têm sido equivocadamente interpretadas como diferenças biológicas.
Estão corretas apenas as afirmativas:
 a) I e II.
 b) I e IV.
 c) II e III.
√d) I, III e IV.
 e) II, III e IV.

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