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1 
 
Curso de Fisioterapia 
 
 
 
 
 
 
Raquel Santos de Freitas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES ERGONÔMICAS NO PERÍODO GRAVÍDICO 
E PUERPERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2008
 
 2 
RAQUEL SANTOS DE FREITAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES ERGONÔMICAS NO PERÍODO GRAVÍDICO 
E PUERPERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia de Conclusão de Curso 
apresentada ao Curso de Fisioterapia da 
Universidade Veiga de Almeida, como 
requisito para obtenção do título de 
Fisioterapeuta. 
Orientador: Profª Ivone Brauns. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de janeiro 
2008 
 
 3 
RAQUEL SANTOS DE FREITAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES ERGONÔMICAS NO PERÍODO GRAVÍDICO 
E PUERPERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia de Conclusão de Curso 
apresentada ao Curso de Fisioterapia da 
Universidade Veiga de Almeida, como 
requisito para obtenção do título de 
Fisioterapeuta. 
 
 
 
 
 
Aprovada em: ____/____/2008. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
Prof. 
Universidade Veiga de Almeida - Presidente da Banca Examinadora. 
 
Prof. 
Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. 
 
Prof. 
Universidade Veiga de Almeida - Membro da Banca Examinadora. 
 
 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico aos meus pais, que tiveram extrema importância na realização e conclusão deste 
trabalho, por não permitirem que eu desistisse do curso, por me apoiarem e terem me 
dado forças em todos os meus momentos de fragilidade. Dedico ainda às minhas irmãs, 
a todos os outros familiares e aos meus amigos pelo companheirismo durante nossa 
jornada. Dedico principalmente a Deus, pois dele recebi o dom da vida para com todas 
essas pessoas maravilhosas eu poder compartilhar esse momento de imensa alegria e 
realização! 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha querida orientadora, Professora Ivone 
Brauns, pelos conselhos sempre úteis e 
precisos com que, sabiamente, conduziu este 
trabalho. 
 
 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse 
campo é um império. Para o César cujo império ainda lhe é pouco, esse império é um 
campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não 
possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas 
vêem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida”. 
Fernando Pessoa 
 
 7 
RESUMO 
 
 
 Todas as modificações anatômicas e fisiológicas trazem desconforto à mulher 
gestante, contudo são consideradas normais na gravidez sadia. Quando estes 
desconfortos se somam a algumas atividades de trabalho ou não adaptação ao mesmo, 
pelo uso inadequado dos equipamentos, utensílios e mobiliários utilizados, pode 
acarretar riscos que comprometem a saúde da trabalhadora gestante. Este fato pode 
prorrogar-se além da gravidez, afastando a trabalhadora de suas atividades, não apenas 
no período gestacional, mas após o parto ou até mesmo invalidando-a para atividades 
produtivas. A Ergonomia e a Obstetrícia, embora, sejam disciplinas científicas 
diferenciadas, estão ajudando na construção desta fundamentação, pois ambas 
trabalham com o mecanismo fisiológico do corpo humano e a maneira que é utilizado 
para o desenvolvimento das atividades, ou seja, visando a promoção da saúde e 
prevenção de agravos que possam ser desencadeados na relação entre trabalho e 
gravidez. 
Palavras-chave: Ergonomia, gravidez, trabalho, atividades laborais. 
 
 
ABSTRACT 
 
 All anatomical and physiological changes bring discomfort to the pregnant 
woman, but are considered normal in healthy pregnancy. When these are added to some 
discomfort at work or activities not adapt to it, by misuse of equipment, utensils and 
furniture used, could pose risks that threaten the health of the pregnant woman. This 
fact can extend itself beyond the pregnancy, a woman away from their activities, not 
only during pregnancy but after childbirth or even disabling it to productive activities. 
The Ergonomics and Obstetrics, though, are different scientific disciplines, are helping 
in the construction of this reasoning, because both work with the physiological 
mechanism of the human body and how it is used for the development of activities that 
is aimed at health promotion and prevention of disorders that can be triggered in the 
relationship between work and pregnancy. 
Keywords: Ergonomics, pregnancy, work, work activities 
 
 
 
 8 
SUMÁRIO 
 
 
 
INTRODUÇÃO..................................................................................................................09 
 
 
CAPÍTULO 1 MUDANÇAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS NA GRAVIDEZ .............10 
1.1 Modificações Gerais .....................................................................................................11 
1.1.1 Sistema Endócrino.......................................................................................................12 
1.1.2 Progesterona, Relaxina, Prolactina, Ocitocina ............................................................12 
1.2 Sídromes Dolorosas da Gestação ................................................................................15 
1.2.1 Postura e Gravidez ......................................................................................................16 
 
 
CAPÍTULO 2 PUERPÉRIO .............................................................................................17 
2.1 Posicionamento Durante a Amamentação .................................................................21 
2.1.1 A Fisioterapia no Período Puerperal Atuando na Diástase dos Retos Abdominais ...23 
2.1.2 Exercícios Corretivos para Correção da Diástase dos Retos Abdominais ..................25 
2.2 Ergonomia.....................................................................................................................27 
2.2.1 Gravidez e sua Relação com Aspectos Ergonômicos e Laborais................................29 
2.2.2 Fatores de Riscos Ocupacionais e sua Relação com o Processo Gestacional.............31 
 
 
CAPÍTULO 3 ORIENTAÇÕES POSTURAIS BÁSICAS PARA GESTANTES........35 
3.1 Considerações Ergonômicas do Período Gravídico e Puerperal .............................36 
3.1.1 Ginástica Laboral ........................................................................................................37 
3.1.2 Cuidados ao Dirigir .....................................................................................................41 
3.2 Auto-cuidados...............................................................................................................43 
3.2.1 Idumentária (Com Ênfase na Qualidade do Conforto)................................................44 
3.2.2 Atividades Domésticas................................................................................................47 
 
 
 
 
CONCLUSÃO ....................................................................................................................50 
 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 9 
INTRODUÇÃO 
 
Acredita-se que o homem, adaptando-se à postura ereta vai buscar um equilíbrio 
funcional ideal, uma melhorpostura para executar suas atividades de vida diária, tanto 
domiciliar quanto profissional. Diversos fatores interferem na postura. Os fatores 
mecânicos, no que diz respeito à alteração da força e resistência muscular, quando há 
fraqueza muscular e o baixo nível de reserva de energia fazem com que o indivíduo 
adote uma postura de descanso a fim de conservar energia, assim alterando sua condição 
postural. Fatores traumáticos derivam de uma lesão direta ou indireta do aparelho 
locomotor. Os hábitos, ou seja, a repetição de determinados movimentos, podem 
resultar no encurtamento, alongamento ou diminuição da força dos músculos. O 
costume de utilizar determinados objetos pode desencadear uma alteração postural 
secundária. Podemos citar o uso de bolsas à tiracolo, mochilas, malas pesadas e sapatos 
com salto exageradamente altos (CHAFFIM, 2001). 
Conhecer o próprio corpo pode ser um fator que altera e colabora na regulação 
da postura e isto está ligado ao fator emocional. O quadro emocional se reflete no 
padrão postural do indivíduo. Em geral indivíduos confiantes, positivos, apresentam um 
padrão postural adequado, ocorrendo o contrário com indivíduos deprimidos e 
insatisfeitos. O trabalho emocional está diretamente relacionado com as funções 
musculares e fisiológicas (BRICOT, 2001). 
A gravidez é o início de uma modificação corporal onde o útero inicia um 
processo de expansão que ocasiona aumento das curvaturas ósseas, principalmente, a 
curvatura lombar e o complexo ósseo do quadril. A coluna e a sua função de eixo de 
sustentação vão sofrer o impacto do peso anterior desenvolvido pelo abdome em 
expansão e isto leva uma desarmonia das cadeias musculares. A cadeia muscular 
anterior vai sofrer um processo de estiramento enquanto que, a cadeia posterior ficará 
sob estresse de tensão muscular constante. Isto pode determinar lassidão dos ligamentos 
vertebrais bem como, rotação das vértebras e, por conseguinte, imobilizar os nervos 
(DE CONTI, 2003). A circulação sangüínea também é outro problema presente, 
principalmente, do ponto de vista venoso. O retorno sangüíneo vai sendo prejudicado 
progressivamente ao longo dos noves meses, o peso do abdome faz com que os vasos 
sejam comprimidos, dificultando o retorno e propiciando edemas distais e assim, 
formação de varizes devido a estase venosa formada (SOUZA, 2002). 
 
 10 
CAPÍTULO I - MUDANÇAS FÍSICAS E FISIOLÓGICAS NA GRAVIDEZ 
 
São várias as modificações anatômicas que ocorrem durante o período 
gestacional, modificações estas que devemos levar em conta para efetuarmos qualquer 
atividade física na gestante. A parede abdominal é a primeira a sentir as modificações: o 
útero tem seu eixo vertical e exige dela uma sustentação total, deslocando o centro de 
gravidade da mulher, o que resulta em uma rotação pélvica e uma progressiva lordose 
lombar. A estabilidade acontece através de um trabalho maior da musculatura e 
ligamentos da coluna vertebral. À medida que o volume do abdome aumenta, mais a 
postura da gestante se modifica. Com o abdome aumentado, para não cair para frente, 
ela força o glúteo para trás, o que ocasiona dores e desconfortos nas costas e na região 
lombar. Em algumas gestantes, existe uma separação nos músculos do abdome, indo 
metade para cada lado, formando um "vergão" ou linha no meio do abdome. Esses 
"vergões" podem ter coloração que varia do vermelho ao azulado, dependendo de cada 
tipo de pele (REZENDE, 2002). 
A cintura pélvica tem sua mobilidade articular aumentada em aproximadamente 
60%, pois seus ossos, unidos por fibrocartilagens, sofrem diretamente a ação da relaxina 
(hormônio produzido para afrouxar os ligamentos pélvicos). O quadril aumenta seu 
tamanho para ampliar o espaço e abrigar o bebê e a gestante para andar tem que voltar 
os pés para fora – Marcha Anserina. O diafragma fica pressionado pelo aumento 
uterino, dificultando a respiração da gestante. O aumento da barriga dificulta a 
respiração e a própria natureza se encarrega de acertar isso, passando a gestante a 
respirar mais no peito do que no abdome, no final da gestação. A respiração abdominal 
deve ser treinada para se ter os músculos do abdome fortalecidos, oxigenando também o 
bebê e realizando o trabalho de relaxamento. O estômago tem seu eixo alterado de 
vertical para horizontal, tornando o processo digestivo alterado e mantendo por mais 
tempo a presença de enzimas digestivas. Durante a gravidez, o estômago desloca-se 
para cima e para trás, para poder dar espaço para o bebê; isso ocasiona bastante mal-
estar às gestantes, e para que sintam algum alívio devem comer pouco e várias vezes ao 
dia, além de evitar alimentos ácidos, fortes e condimentados, que possam dificultar ou 
tornar a digestão mais demorada (SOUZA, 2002). 
As glândulas mamárias têm seu volume aumentado, ocasionando uma maior 
solicitação dos músculos dorsais e peitorais, além de uma flexão anterior da coluna 
cervical aumentada. Com os seios aumentados pela presença do leite, além de mudanças 
 11 
na postura, existe um desconforto em manter posições por muito tempo. Por exemplo, 
ficar muito tempo em pé ou sentada causa grande desconforto algumas vezes. Para que 
isso seja aliviado, devem-se alternar posturas e sempre que possível alongar-se ou 
simplesmente espreguiçar-se (SPERANDIO, 2003). 
 
 
Modificações Gerais 
 
A gestação normal está associada a ajustes fisiológicos e anatômicos que 
acarretam acentuadas mudanças no organismo materno necessárias ao perfeito 
crescimento e desenvolvimento fetal. Desde o início da gravidez, estas mudanças 
afetam o funcionamento habitual dos sistemas circulatório, respiratório, digestivo, 
urinário, músculo-esquelético, entre outros, sendo este um processo de transformações e 
adaptações que em algumas mulheres trazem conseqüências que podem resultar em dor 
e limitações em suas atividades diárias (ALMEIDA e SOUZA, 2002). 
No período gestacional, o aumento de cada célula acontece em função do 
acúmulo de líquidos, sais minerais e muitas outras substâncias. O aumento líquido 
ocorre no tecido e os vasos sangüíneos e linfáticos também tem uma considerável 
alteração de volume (edemas constantes). Os tecido cutâneo e subcutâneo distendem-se 
alterando consideravelmente a silhueta feminina. A musculatura, impregnada de líquido, 
tem seus ligamentos e tendões afrouxados, os quais se tornam incapazes de funcionar 
como sustentadores. Todos os movimentos devem ser cuidadosos, pois existe um risco 
maior de lesões nas articulações (ROMEM, 1999). 
Os tecidos cartilaginosos e ósseos sofrem também modificações, mais 
acentuadas, na cartilagem da sínfise púbica, nas articulações sacro-ilíacas e nos discos 
intervertebrais, que recebem carga aumentada durante todo o processo gravídico. Os 
ossos estão bem mais frágeis e com seus ligamentos mais frouxos, por isso, não se deve 
trabalhar com carga exagerada nos exercícios, para não aumentar os riscos de lesões. O 
aparelho locomotor apresenta dificuldades devido à diminuição da rigidez do aparelho 
ligamentoso, o andar da gestante é modificado – marcha anserina – e ao ficar parada 
passa a empurrar o abdome para frente, alterando assim sua postura e fazendo com que 
sinta dores e desconfortos (SPERANDIO, 2003). 
 
 12 
Sistema Endócrino 
 
O sistema endócrino está envolvido em mudanças significativas na gravidez. 
Essas alterações são moduladas, em parte, pelos ovários e unidade fetoplacentária e 
pelas glândulas endócrinas da mãe. A placenta pode ser considerada como o principal 
órgão endócrino da gravidez, isoladamente ou em conjunto com o feto, modula a 
homeostase da mãe e do feto (ROMEM, 1999). 
 
 
Progesterona 
 
A progesterona é produzidaprimeiro pelo corpo lúteo, depois pela placenta, 
utilizando-se do colesterol materno como fonte primária. No corpo lúteo são produzidos 
cerca de 30 mg por dia até a 10ª semana de gestação, depois disto declina. A placenta 
começa um aumento da produção de progesterona em aproximadamente 10 semanas, o 
que de início suplementa aquela do corpo lúteo e depois assume completamente o papel. 
A quantidade produzida cresce abruptamente de aproximadamente 75 mg por dia em 20 
semanas para 250- 300 mg por dia em 40 semanas (POLDEN, 2000). 
Os efeitos mais profundos da progesterona incluem a conversão do endométrio 
proliferativo em endométrio secretor e em seguida para decídua, redução da tonicidade 
da musculatura lisa em órgãos maternos, levando a alterações no estômago, cólon, 
bexiga, ureteres, vasos sangüíneos, entre outros, aumento da temperatura corpórea, 
depósito de gordura, estímulo da natriurese, e por sua vez, produção aumentada de 
aldosterona, desenvolvimento das células alveolar e glandular produtoras de leite e 
estimula o centro respiratório, aumentando a freqüência e a amplitude respiratórias. A 
progesterona talvez participe do equilíbrio da secreção de HCG e contribua ao 
metabolismo ósseo em interação com receptores de glicocorticóides (REZENDE e 
LINHARES, 2002). 
 
 
 
 
 
 
 13 
Relaxina 
 
É um hormônio somente observado em mulheres grávidas. É produzido nos 
primeiros estágios da gravidez pelo corpo lúteo e a partir da 12ª semana em diante, pela 
placenta. A relaxina está presente no organismo materno desde a segunda semana de 
gestação, sendo produzida em grandes quantidades durante o primeiro trimestre, depois 
reduz em cerca de 20%, continuando a ser produzido até o nascimento. A finalidade da 
relaxina é proporcionar a substituição gradual do colágeno em tecidos alvo (articulações 
pélvicas, cápsulas articulares, cérvix) com uma forma remodelada e modificada que tem 
uma maior extensibilidade e flexibilidade, inibir a atividade miotrial durante a gravidez, 
e ainda pode ter um papel na marcante habilidade do útero em distender-se, na produção 
do tecido conjuntivo de suporte adicional necessário para o crescimento das fibras 
musculares, no amadurecimento cervical e no crescimento mamário. A produção da 
relaxina cessa depois do parto, visto que a placenta é o principal responsável pela sua 
produção. Entretanto, os efeitos da relaxina sobre o colágeno podem persistir por até 
cinco meses depois do parto, embora se reduzam bastante durante esse período 
(POLDEN, 2000). 
 
 
Prolactina 
 
Esse hormônio é secretado pela hipófise anterior da mãe, e sua concentração 
sangüínea aumenta uniformemente desde a quinta semana de gestação até o nascimento 
da criança, quando apresenta elevação de 10 a 20 vezes em relação ao nível normal não-
gravídico. A prolactina é responsável pelo crescimento da glândula mamária na 
gravidez e ocupa um papel importante no metabolismo hidrossalino, no metabolismo 
lipídico, na função renal e no metabolismo da glicose, influenciando na cinética de 
reações enzimáticas importantes. Além disso, é provável que a ação da prolactina na 
mediação da síntese de lactalbumina seja inibida durante o curso da gravidez pelo 
hormônio esteróide-progesterona que após o parto, com a remoção da influência 
inibitória da progesterona, pode prosseguir a lactação. Durante o início da lactação 
existem surtos pulsáteis de secreção de prolactina, em resposta à sucção. A hipófise 
fetal produz prolactina e no termo a concentração média na veia umbilical é superior à 
do sangue materno. Não é conhecido o papel fisiológico da prolactina fetal, tendo sido 
 14 
sugerida uma participação na maturação pulmonar. A prolactina também se encontra no 
líquido amniótico, sendo o nível muito maior do que no sangue materno ou fetal. Tudo 
indica que esta prolactina produzida localmente participa da regulação osmótica do 
volume de líquido amniótico (GUYTON e HALL, 2002). 
. 
 
Ocitocina 
 
A ocitocina é produzida pelos núcleos paraventricular e supra-ótico do 
hipotálamo e armazenada no lobo posterior. Os níveis de ocitocina são altos no sangue 
arterial do cordão umbilical e máximos no parto vaginal e menores antes do início do 
parto. Como atravessa facilmente a barreira placentária, uma de suas funções é atingir o 
miométrio para produzir contrações e determinar o parto. Também produz contrações 
nas células mioepiteliais da mama, que promovem a ejeção do leite dos alvéolos para os 
ductos mamários. Durante a gestação, a placenta produz uma enzima a ocitocinase que 
aumenta progressivamente e inativa a ocitocina no plasma. (GUYTON e HALL, 2002). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 15 
Síndromes Dolorosas na Gestação 
 
Para a grande maioria das gestantes, a gravidez é a primeira vez em suas vidas 
em que elas sentem tantas dores diferentes. Pode ser também a primeira que elas terão 
que lidar com médicos em um ambiente hospitalar e, eventualmente, novamente pela 
primeira vez, que se tornarão pacientes internas. Talvez seja devido a esses fatores, que 
os chamados males menores da gravidez podem assumir uma grande importância, em 
geral, fora de toda a proporção de seu significado. Freqüentemente, basta uma 
explicação clara e conseqüente compreensão dos motivos por detrás desses problemas 
para ajudar a futura mãe a enfrentá-los (POLDEN, 2000). 
O bem-estar físico relaciona-se à ausência ou a mínimos graus de doença, 
incapacidade ou desconfortos, relacionados principalmente, ao sistema músculo-
esquelético. O desconforto músculo-esquelético é, mais comumente, definido por um 
fenômeno de percepção física desagradável relacionado a fadiga aguda e sobrecarga 
física. Sua identificação pode ser feita através de relatos objetivos, como questionários 
específicos, a partir de avaliações da ocorrência (presença ou ausência) e das 
características dos sintomas, tais como: o local, o tipo, a intensidade, a freqüência e a 
duração do desconforto. Mais intensos e freqüentes no final da gestação, os 
desconfortos músculo-esqueléticos podem se manifestar por sensações de peso ou 
“repuxos” (DE CONTI, 2003). 
Claramente, portanto, as alterações que ocorrem durante a gestação podem afetar 
significativamente o sistema músculo-esquelético e limitar a capacidade da gestante em 
participar de suas atividades anteriores. Os distúrbios e doenças ocupacionais 
acometem, com maior freqüência, as categorias profissionais menos qualificadas. Além 
disso, o trabalho doméstico e cuidados com a criança, ainda lhe são atribuídos, 
contribuindo, assim, para maior desgaste físico e psíquico, devido ao acúmulo de 
funções (FERREIRA, 2001). 
 
 
 
 
 
 
 16 
Postura e Gravidez 
 
Muitas mulheres ao engravidarem desconhecem o funcionamento interno do seu 
corpo. É importante a consciência do efeito das mudanças e suas alterações sobre a 
postura. Nesta fase uma postura correta deve ser dinâmica e vital, variando sempre com 
suas necessidades. A gravidez envolve extensas modificações em todo o corpo, 
inclusive nos músculos, nas articulações e nos ossos. À medida que o útero aumenta de 
tamanho, o centro da gravidade da mulher tende a alterar-se, forçando-a a adaptar-se. 
Muitas adotam posturas incorretas, impondo à coluna vertebral e às articulações um 
esforço desnecessário. Nesta fase, além de tomar consciência do próprio corpo e 
reeducar sua postura, a gestante deverá fazer exercícios regularmente, integrando-os à 
sua vida diária. Assim estará desenvolvendo autoconfiança - tanto emocional quanto 
física - suportando as dores ou mal-estares, e assim estará preparada tanto para o partoquanto para o puerpério (MARTINS, 2002). 
O puerpério é um período de grandes modificações corporais e psíquicas, 
predominando um catabolismo intenso sem conseqüências patológicas, na maioria das 
vezes. Como tem sido demonstrado e salientado na literatura, é necessário que a 
puérpera seja assistida por uma equipe multidisciplinar, a fim de proporcionar-lhe 
segurança e conforto no puerpério imediato (ARTAL, 1999). 
 
Figura 1 - Representação da gestação em fase inicial e avançada. 
 
Fonte: Artal, R.; Wiswell, R.; Drinkwater, B.; 1999, p. 230. 
 17 
CAPITULO II – PUERPÉRIO 
 
 Segundo Machado (2000), o puerpério é o período que segue ao término da 
gestação, iniciando-se no parto e pode durar cerca de 6 semanas, em que ocorre a 
recuperação do organismo dos traumas do parto ou da cesariana, quando se processam 
fenômenos involutivos da gravidez. O puerpério apresenta duas funções: a involução e a 
recuperação da musculatura uterina e da mucosa vaginal e é dividido de acordo com seu 
tempo de duração normal que vai de 6 a 8 semanas sucedentes ao parto, com os 
seguintes estágios: 
 
 - Pós-parto imediato: do 1° ao 10° dia após a parturição; 
 - Pós-parto tardio: do 10° ao 45° dia; 
 - Pós-parto remoto: além do 45° dias. 
 
 O puerpério inicia-se 2 horas após a saída da placenta e tem seu término 
imprevisto, pois enquanto a mulher amamentar estará sofrendo transformações da 
gestação. O puerpério ocorre rapidamente à involução das mudanças que se 
processaram de forma lenta durante a gestação. É um período de grande transformação 
tanto orgânica quanto emocional. As alterações anatômicas e fisiológicas do puerpério 
consideram que no pós-parto imediato predomina a involução da musculatura uterina e 
vaginal, através de fenômenos catabólicos e involutivos das estruturas hipertróficas e 
hiperplasiadas da gestação, notoriamente das que abrigavam o concepto, juntamente 
com alterações gerais e, sobretudo endócrinas. (REZENDE, 2000). 
 As alterações biomecânicas observadas no puerpério são decorrentes das 
modificações físicas pertinentes à gravidez. Após o parto, inicia-se um processo lento de 
reversão, que dura em média seis semanas, podendo se arrastar até três meses após o 
parto. Assim, percebe-se a necessidade de exercícios físicos no pós-parto desde que 
sejam supervisionados e direcionados por profissionais especializados, objetivando 
acelerar o processo de retorno às condições pré-gravídicas (KISNER; COLBY 2005). 
 Durante a gestação, o estiramento da musculatura abdominal é indispensável 
para permitir o crescimento uterino, ocorrendo, portanto, uma separação dos feixes dos 
músculos retos abdominais. São considerados fatores predisponentes para diástase dos 
músculos retos abdominais, a obesidade, as gestações múltiplas, a multiparidade, a 
macrossomia fetal e a flacidez da musculatura abdominal pré-gravídica, por levar a uma 
 18 
maior distensão abdominal durante a gravidez. Uma separação maior que dois (02) cm 
deve ser considerada. Essa condição não é exclusiva para mulheres grávidas, mas é vista 
com freqüência nessa população. Os autores colocam, ainda que, a diástase dos retos 
pode ocorrer acima, abaixo ou no nível da cicatriz umbilical, sendo que a considerada 
menos comum é abaixo da cicatriz umbilical. Parece ser menos comum em mulheres 
com bom tônus abdominal antes da gravidez (POLDEN, 2005). 
 Segundo Kisner e Colby, a condição da diástase dos retos pode produzir queixas 
músculo-esqueléticas (dor lombar) possivelmente como resultado da diminuição na 
capacidade da musculatura abdominal em controlar a pelve e a coluna lombar. Segundo 
Polden e Mantle (2005), em separações graves, o segmento anterior da parede 
abdominal é composto somente por pele, fáscia, gordura subcutânea e peritônio. A falta 
de suporte abdominal dá uma menor proteção ao feto. Casos graves de diástase dos 
retos, conforme mostra a figura 3, figura 4 e figura 5, podem progredir para herniação 
das vísceras abdominais através da separação na parede abdominal. 
 
Figura 1 - Representação esquemática da diástase dos músculos retos abdominais.. 
 
Fonte: Kisner; Colby 2005) 
 
 
 
 
 
 19 
Figura 2 - Puérpera multípara submetida a parto normal, com herniação das vísceras 
abdominais (vista lateral direita). 
 
Fonte: Acervo da autora. 
 
 
 
Figura 3 - Puérpera multípara submetida a parto normal, com herniação das 
víscerasabdominais (Trendelemburg, 45°). 
 
Fonte: Acervo da autora. 
 
 
 
 
 
 20 
Figura 4 - Puérpera multípara submetida a parto normal, com herniação das vísceras 
abdominais(decúbito dorsal). 
 
Fonte: Acervo da autora. 
 
 À medida que a gestação prossegue, os abdominais não suportam exercícios 
cansativos. Estes precisarão ser adaptados, para ir ao encontro das necessidades de cada 
gestante. Deve ser feita sempre uma verificação de diástase dos retos antes de iniciar um 
programa de exercícios afim de não provocar maior ruptura (POLDEN, 2005). 
 Segundo Kisner e Colby (2005), nos testes de diástase dos retos, a posição do 
paciente é muito importante. Esta deve estar em decúbito dorsal, com joelhos fletidos e 
pés apoiados. A puérpera eleva lentamente sua cervical e os ombros acima do plano, 
tentando colocar os membros superiores nos joelhos, até que a espinha da escápula 
deixe o leito. O terapeuta coloca as falanges de uma mão horizontalmente através da 
linha média do abdome, na cicatriz umbilical, conforme apresentado na Figura 6. Se 
houver uma separação, as falanges irão afundar dentro da fenda. A diástase é medida 
pelo número de dedos que podem ser colocados entre os ventres musculares dos retos. 
 Um tipo de diástase que acontece em menor número, relatada por Nahas et al 
(2004), é a chamada diástase recorrente dos retos abdominais. Este tipo de diástase dos 
retos abdominais acontece com a inserção lateral dos músculos retos abdominais. 
 
 
 
 
 
 21 
Figura 5 - Teste de diástase dos retos abdominais. 
 
Fonte: Acervo da autora. 
 
 
Posicionamento durante a amamentação 
 
 Promover o relaxamento e o posicionamento confortável, usando almofadas e 
travesseiros para acomodar o bebê próximo aos seios, utilizar um banquinho para apoiar 
o pé e trazer o joelho para cima, conforme demonstrado nas figuras 6 e 7. 
Figura 6 – Posicionamento durante a amamentação. 
 
Fonte: www.amigasdopeito.com.br 
 
 22 
Figura 7 – Posicionamento durante amamentação. 
 
Fonte: www.amigasdopeito.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
A Fisioterapia no Período Puerperal Atuando na Diástase dos Músculos Retos 
Abdominais 
 
Um dos objetivos da fisioterapia aplicada a esta etapa é promover uma 
estimulação da musculatura, em particular abdominal e pélvica, para melhorar a sua 
tonicidade. Um programa de exercícios individuais e adaptados para cada paciente no 
período pós-parto tardio é importante para a recuperação da puérpera . No entanto, 
percebe-se que esse atendimento não é comumente encontrado na rotina hospitalar da 
maioria das maternidades (MESQUITA, 1999). 
Durante a gestação, o estiramento da musculatura abdominal é indispensável 
para permitir o crescimento uterino, ocorrendo, portanto, uma separação dos feixes dos 
músculos retos abdominais. Esta DMRA não provoca desconforto nem dor, 
apresentando incidência menor em mulheres com bom tônus abdominal antes da 
gravidez. A incidência, duração e complicação a curto e longo prazo da DMRA na 
gravidez não têm sido bem investigadas. São considerados fatores predisponentes para a 
DMRA: obesidade, gestações múltiplas, multiparidade,poliidrâmnio, macrossomia fetal 
e flacidez da musculatura abdominal pré-gravídica, por levar a uma maior distensão 
abdominal durante a gravidez. A incidência da DMRA é maior no terceiro trimestre da 
gestação e no pós-parto imediato. É percebida inicialmente no segundo trimestre da 
gestação, apresentando diminuição no pós-parto tardio, porém não desaparecendo 
completamente até um ano após o parto. A DMRA supra-umbilical é a mais 
significativa e a mais freqüente (VALADARES, 2002). 
Durante a gestação, há uma anteversão pélvica acompanhada ou não de uma 
hiperlordose lombar. Na maioria das gestantes há uma tendência de horizontalização do 
osso sacro. Essas alterações determinarão uma mudança do ângulo de inserção dos 
músculos abdominais e pélvicos, resultando numa distensão excessiva dos mesmos, 
com conseqüente prejuízo do vetor de força destes músculos, com uma diminuição na 
força de contração. Essas alterações biomecânicas observadas no puerpério são 
decorrentes das modificações físicas pertinentes à gravidez. Após o parto, inicia-se um 
processo lento de reversão, que dura em média seis semanas, podendo se arrastar até 
três meses pós-parto. Assim, percebe-se a necessidade de exercícios físicos no pós-
parto, desde que sejam supervisionados e direcionados por profissionais especializados, 
objetivando acelerar o processo de retorno às condições pré-gravídicas (VALADARES, 
2002). 
 24 
Em estudos recentes observou-se a necessidade de um programa de exercícios 
para resolução mais breve da DMRA no pós-parto tardio e remoto, a partir da 
comparação entre um grupo que realizava atividades físicas controladas durante a 
gestação e pós-parto (grupo de tratamento) e outro grupo, controle. No grupo controle 
foi observada uma grande incidência de DMRA superior a 3 cm, havendo uma demora 
da resolução espontânea desta condição, com influência na biomecânica postural e 
déficit na função de sustentação dos órgãos pélvicos e abdominais (MESQUITA, 1999). 
A atuação da fisioterapia no pós-parto imediato visa melhorar a tonicidade dos 
músculos abdominais e pélvicos, conscientizar as puérperas sobre a importância da 
continuidade dos exercícios iniciados neste período e sobre o retorno para o 
atendimento no pós-parto tardio (GRABNER, 2000). 
 Para Souza et al (1999), todas as mulheres logo após o parto, deveriam ser 
acompanhadas pelo fisioterapeuta obstetra para ter uma melhor recuperação. 
Infelizmente, a prática fisioterapêutica pós-parto é mantida em um número mínimo de 
maternidades. O trabalho do fisioterapeuta no puerpério consiste na prevenção e no 
tratamento de alterações do sistema músculo esquelético, respiratório e circulatório, 
englobando também orientações gerais. A atuação da fisioterapia no pós-parto imediato 
visa melhorar a tonicidade dos músculos abdominais e pélvicos e conscientizar a 
puérpera sobre a importância da continuidade dos exercícios iniciados neste período. 
 Para Kisner e Colby (2005), o tratamento da diástase dos retos consiste em testar 
todas as mulheres grávidas quanto à presença de diástase dos retos antes de realizar 
exercícios abdominais e realizar exercícios corretivos para diástase dos retos sem outros 
exercícios abdominais até que a separação tenha diminuído para 02 cm ou menos. 
Quando isso ocorrer, os exercícios abdominais poderão ser retomados, mas a 
integridade da linha alba deverá ser monitorada para certificar-se que a separação 
continua a diminuir. 
 Qualquer atividade física direcionada ao músculo abdominal, para gestantes, não 
poderá ser desenvolvido a partir do 3° trimestre, uma vez que se torna difícil para a 
gestante iniciar um treinamento neste período. Por isso a importância de uma prévia 
avaliação da gestante, quanto ao mês gestacional e a paridade é imprescindível 
(POLDEN, 2005). 
 Numa gestante multípara, a proporção é maior de abertura dos retos, pois sua 
musculatura já foi testada, exigida com gestações anteriores. A atividade de 
propriocepção dos músculos abdominais deve ser iniciada no puerpério imediato. 
 25 
Portanto, é relevante ressaltar a atuação preventiva no pós-parto imediato e tardio, 
principalmente para aquelas que relatam flacidez, fraqueza da musculatura do reto 
abdominal durante a gestação (SOUZA, 1999). 
 Kisner e Colby (2005) citam alguns exemplos de exercícios corretivos para 
diástase dos retos abdominais vão do menos cansativo para o mais cansativo. Elevação 
da cabeça posicionando a mulher em decúbito dorsal com pés apoiados e joelhos 
fletidos, mãos cruzadas sobre a linha média da diástase para dar suporte à região é um 
dos exercícios que podem ser realizados pelos fisioterapeutas. 
 À medida que ela expira, levanta apenas a cabeça do plano até o ponto anterior 
ao aparecimento de uma saliência. Suas mãos podem empurrar delicadamente os 
músculos retos em direção à linha média, fazendo a gestante abaixar sua cabeça 
lentamente e relaxar. Esse exercício enfatiza o músculo reto abdominal e minimiza os 
oblíquos (POLDEN, 2005). 
 
 
Exercícios Corretivos Para Diástase dos Músculos Retos Abdominais 
 
 A elevação da cabeça com inclinação pélvica é um outro tipo de exercício que 
pode ser realizado durante a prática fisioterapêutica na correção da diástase de reto 
abdominal. A paciente fica em posição dorsal com joelhos fletidos e pés apoiados, os 
membros superiores são cruzados sobre a diástase e tracionados em direção à linha 
média, levantando lentamente sua cabeça do chão enquanto faz simultaneamente uma 
inclinação pélvica posterior, abaixando lentamente sua cabeça e relaxando (KISNER; 
COLBY, 2005). 
 Todas as contrações abdominais devem ser feitas com expiração de modo a 
minimizar a pressão intra-abdominal. Somente os exercícios de elevação de cabeça e 
deslizamento das pernas do paciente posicionado em decúbito dorsal com joelhos 
fletidos e pés apoiados e pelve em inclinação posterior. A mulher mantém a inclinação 
pélvica à medida que desliza primeiro um pé pelo chão até que a posição ereta deva ser 
usada até que a separação seja corrigida para dois ou dois dedos de largura. À medida 
que a gestação prossegue, os músculos abdominais não suportam exercícios cansativos. 
Estes pecisarão ser adaptados, para ir ao encontro das necessidades de cada gestante. 
Deve ser feita sempre uma verificação da diástase dos retos abdominais antes de iniciar 
um programa de exercícios afim de não provocar maior ruptura (POLDEN, 2005). 
 26 
 Segundo Kisner e Colby (2005), ela deve parar de deslizar o pé no ponto que 
não conseguir manter a inclinação pélvica. Lentamente ela levanta os membros 
inferiores, a respiração deve ser coordenada com o exercício de modo que ocorra 
contração abdominal com expiração. Este exercício pode ser feito com os membros 
inferiores ao mesmo tempo se os músculos abdominais puderem manter a inclinação 
pélvica durante todo o exercício. 
 Souza et al (1999), relatam o resultado da aplicação de um protocolo 
fisioterápico de 6 à 18 horas após o parto. Nessa experiência foram atendidas 50 
puérperas no período de abril a setembro de 1998. Um instrumento de medida de 
precisão (paquímetro) foi utilizado para medir o grau de diástase antes e após a 
aplicação do protocolo. A pesquisa apontou uma redução na diástase de 12,5% nas 
pacientes submetidas ao tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
Ergonomia 
 
Conceito 
 
 De acordo com a Ergonomics Research Society (1949), “Ergonomia é o estudo 
do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, 
particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na 
soluçãodos problemas surgidos desse relacionamento”. Já para Wisner (1987), 
“Ergonomia é o conjunto dos conhecimentos científicos relacionados ao homem e 
necessários à concepção de instrumentos, máquinas e dispositivos que possam ser 
utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficiência”. As condições de trabalho 
incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao 
mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria 
organização do trabalho. A análise ergonômica do trabalho é um processo construtivo e 
participativo para a resolução de um problema complexo que exige o conhecimento das 
tarefas, da atividade desenvolvida para realizá-las e das dificuldades enfrentadas para se 
atingirem o desempenho e a produtividade exigidos (Manual de aplicação da Norma 
Regulamentadora nº 17, 2002). 
 Nos locais de trabalho as condições de conforto devem estar de acordo com a 
Norma Regulamentadora n° 17 do Ministério do Trabalho, no que diz respeito ao ruído, 
temperatura, umidade e iluminação. O posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado 
para a posição, seja em pé ou sentada (Ministério do Trabalho e Emprego). Para sentar-
se, a cadeira deverá ter encosto e braço de apoio, apoiando bem as costas, sentando-se 
sobre os glúteos, permitindo aos joelhos relaxar em ângulo reto, e aos pés, descansar no 
chão. Permanecendo muito tempo nesta posição, estimular a circulação realizando 
flexão plantar e dorsal dos pés alternadamente (bombeamento tíbio társico). Para 
trabalho manual sentada, os móveis devem propiciar à gestante condições de boa 
postura, visualização e operação e devem ter, no mínimo, altura e características da 
superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida 
dos olhos ao campo de trabalho e com a altura da cadeira. O espaço deve permitir 
posicionamento e movimentação dos seguimentos corporais (Manual de aplicação da 
Norma Regulamentadora nº 17, 2002). 
As cadeiras utilizadas no posto de trabalho devem ter altura apropriada à estatura 
da grávida e à natureza da função exercida, com borda frontal arredondada, encosto com 
 28 
forma levemente adaptada ao corpo para proteção da coluna lombar e suporte para os 
pés que se adapte ao comprimento da perna da mesma. Para as atividades em pé, a 
grávida poderá utilizar uma cadeira para descanso entre as pausas e outro apoio para 
elevar as pernas (Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17, 2002). 
 Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes 
requisitos mínimos de conforto, segundo a NR 17: 
� altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; 
� características de pouca ou nenhuma conformação na basedo assento; 
� borda frontal arredondada; 
� encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteçãoda região 
lombar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
Gravidez e sua Relação com os Aspectos Ergonômicos e Laborais 
 
 Todas as modificações anatômicas e fisiológicas trazem desconforto à mulher 
gestante, contudo são consideradas normais na gravidez sadia. Quando estes 
desconfortos se somam a algumas atividades de trabalho ou não adaptação ao mesmo, 
pelo uso inadequado dos equipamentos, utensílios e mobiliários utilizados, pode 
acarretar riscos que comprometem a saúde da trabalhadora gestante. Este fato pode 
prorrogar-se além da gravidez, afastando a trabalhadora de suas atividades, não apenas 
no período gestacional, mas após o parto ou até mesmo invalidando-a para atividades 
produtivas (PINHEIRO e ESTARQUE, 2000). 
 A gravidez exige adaptações que excedem ao controle da mulher, ela espera que 
mesmo grávida possa continuar a desenvolver todos os trabalhos que fazia 
anteriormente, porém as modificações corporais sejam de ordem mecânica ou hormonal, 
a impedem de exercer determinadas atividades, principalmente as que necessitam de 
rapidez, concentração, precisão, transporte de cargas, entre outras (BURROUGHS, 
1995). 
 A percepção da gestante dos transtornos desencadeados pela sua gravidez no 
ambiente de trabalho, na mudança de postura da empresa ou das colegas de trabalho em 
relação ao processo gestacional, cria outro núcleo de conflito, gerando estresse, seja 
pela eventual troca de atividade, substituição temporária ou permanente, redução da 
remuneração, ou mesmo pelo medo da possibilidade da perda do emprego. As reações 
do corpo em relação ao estresse são tanto psicológicas como fisiológicas, pois, o 
organismo reage de diferentes formas de acordo com o fator desencadeante. Por isso 
pode ocorrer um aumento da noradrenalina produzida nas glândulas supra-renais a qual 
acelera os batimentos cardíacos e provoca um aumento na pressão arterial, isso somado 
as alterações fisiológicas da gravidez pode desencadear agravos à saúde da gestante. 
Essa canalização de energia pode reduzir a resistência do organismo em relação às 
infecções, além de no período gestacional ser fator desencadeante de aborto espontâneo 
e no pós-parto dificultar a amamentação. Esses fatos fazem com que muitas trabalhadoras 
se afastem de suas atividades em decorrência destas patologias, as quais são decorrentes da 
própria gravidez, outras agravadas ou desencadeadas pela atividade desenvolvida durante o 
processo gestacional. (PINHEIRO e ESTARQUE, 2000). 
 A Ergonomia e a Obstetrícia, embora, sejam disciplinas científicas 
diferenciadas, estão ajudando na construção desta fundamentação, pois ambas 
 30 
trabalham com o mecanismo fisiológico do corpo humano e a maneira que é utilizado 
para o desenvolvimento das atividades, ou seja, visando a promoção da saúde e 
prevenção de agravos que possam ser desencadeados na relação entre trabalho e 
gravidez. A inter-relação dessas ciências pode se constituir em importante ferramenta 
para colaborar na busca de alternativas, à melhoria da atividade produtiva da mulher, 
em um momento cíclico e singular de sua vida, que voluntária ou involuntariamente, 
não envolvem apenas a trabalhadora e a empresa, mas também outro ser, que ainda não 
sobrevive, tão pouco decide sobre si mesmo, sem o auxílio do corpo materno 
(BURROUGHS, 1995). 
 As recomendações ergonômicas e obstétricas abordam vários aspectos similares 
entre si, relacionados: posturas, movimentos, fatores ambientais, de relacionamentos 
inter-pessoais, de organização, enfim, todas as exigências específicas que envolvam a 
gestante em seu trabalho, onde o seu foco se volta não apenas para adaptação do 
trabalho, mas para a condição de saúde da mulher que está gestando, e que certamente 
irá continuar a desempenhar suas atividades laborais antes e após a parturição 
(BURROUGHS, 1995). 
 A trabalhadora gestante está sujeita a algumas lesões ou riscos ergonômicos, 
quando adota postura forçada, levanta peso ou faz atividade com movimentos 
repetitivos. Se associarmos à idade gestacional (período em semanas de gestação 
contada à partir do primeiro dia da última menstruação), como um fator relevante, 
dependendo do trimestre gestacional (a gestação normal é dividida em três trimestres), 
poderá ter riscos gestacionais (próprios da gravidez) e riscos associado ao trabalho, que 
podem comprometer a saúde materna e fetal, os quais podem levar a abortos 
espontâneos ou partos prematuros segundo, a Ocupational Health Clinics For Ontário 
Workers Inc (1998). 
 As algias posturais são sintomas que afetam o bem-estar de um número 
considerável de gestantes, despertando por isso muito interesse no meio científico, 
principalmente quando se referem àquelas que são prejudicadas no seu cotidiano 
domésticoe profissional (FERREIRA & NAKANO, 2000). 
 O período de maior risco para desenvolver lesões, durante a gestação é o último 
trimestre (sétimo, oitavo e nono mês de gravidez), quando o volume de peso corpóreo é 
maior, seu abdome aumentado também dificulta a execução de determinadas tarefas, 
como erguer objetos, a gestante terá dificuldades de aproximação da carga. Este fato 
aumenta a tensão muscular, a abertura da musculatura abdominal (diástase), provocada 
 31 
pela separação dos músculos retro-abdominais, comuns na gestação, produz redução da 
força muscular, isso pode ser um risco de acidente no transporte de carga 
(BURROUGHS, 1995). 
 
 
Fatores de Riscos Ocupacionais e sua Relação com o Processo Gestacional 
 
 A questão dos riscos em geral é tratada pelas normas NR5 (CIPA), NR7 
(PCMSO) e NR9 (PPRA). Na NR5, fica estabelecido que cabe à CIPA identificar os 
riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior 
número de trabalhadores, com assessoria do SESMT (Manual de aplicação da Norma 
Regulamentadora nº 17, 2002). 
 A idade gestacional constitui um fator de risco na gestação, pois, dependendo da 
atividade desenvolvida pela mulher, como esforço físico penoso, levantamento de peso 
e longas horas de trabalho podem desencadear parto prematuro e baixo peso do bebê ao 
nascer, segundo a Occupational Health Clinics For Ontário Workers Inc (1998). 
 O Ministério da Saúde (2000) após extensivas investigações de óbito materno e 
infantil tem reforçado sua atenção aos cuidados do pré-natal, parto e puerpério, como 
forma de minimizar estes agravos. Os fatores de riscos na avaliação da gestante, 
segundo o Ministério de Saúde (BRASIL, 2000) estão vinculados à história pregressa de 
saúde da mesma e de seus familiares, às condições sociais, biológicas, genéticas, 
obstétricas e clínicas, ou seja, no atendimento às gestantes, devem ser investigados 
todos estes ítens. Os dados relacionados ao trabalho estão vinculados à condição social, 
contudo, a ênfase dada a este tópico tem sido pouca, isso pode ser observado nos 
trabalhos indexados nas bases de dados nacionais e internacionais. 
 Uma lesão muito comum entre as gestantes trabalhadoras é a síndrome do túnel 
do carpo que é agravado neste caso pelo aumento de peso da mulher, edema e pelo 
número e aumento dos vasos sanguíneos, seus sintomas freqüentes são o formigamento, 
dor e redução da força da mão segundo a Ocupational Health Clinics For Ontário 
Workers Inc (1998). Os trabalhos repetitivos por si só podem desenvolver essa 
síndrome, isto somado à gestação é um fator de risco elevado, contudo como essas 
lesões são diferentes de percepção visual (diferente de uma outra doença que possa ser 
vista), os fatos são muitas vezes ignorados, e a reversão por vezes é quase nula, somente 
 32 
sendo observado alguns resultados positivos após o ato cirúrgico (BURROUGHS, 
1995). 
 Muitos trabalhos são desenvolvidos na postura estática em pé ou sentada por 
longos períodos, sem que haja uma rotatividade, o que gera uma sobrecarga circulatória 
e dores nos membros inferiores. Na gestante há um agravante, pois há dificuldade de 
retorno venoso causado pelo aumento de peso, edema e pelo número de vasos e 
tamanho do calibre aumentado dos mesmos, além do volume de sangue que se altera de 
aproximadamente 1.5 ml a mais, o que pode acarretar além de desconforto, dores e 
varizes nos membros inferiores e congestão pélvica provocando também varizes na 
região vulvar a qual pode dificultar o parto normal (RESENDE, 1998). 
 Outro fator que é necessário considerar é que na maioria dos trabalhos se utiliza 
mais o membro superior, cabeça e tronco. Assim, a inclinação do corpo, para o 
desenvolvimento de determinadas tarefas poderá sobrecarregar os músculos, tendões e 
articulações para o desenvolvimento das tarefas, em se tratando da trabalhadora ser 
gestante deve-se considerar esse fator além do peso extra, adquirido em função da 
gravidez. A gestante para inclinar ou curvar seu tronco encontrará dificuldade pelo 
volume do abdome, provocando, ou melhor, dificultando sua respiração além da tensão 
muscular, ela terá uma sobrecarga muscular e respiratória o que poderá provocar dor ou 
início de uma lesão, principalmente se levar em conta que há um aumento, considerado 
normal, até o final da gestação de aproximadamente 9 à 12 kg no organismo materno. 
Esse aumento é devido à alteração dos vasos do volume sanguíneo, do aumento do 
útero, do líquido amniótico, o peso do feto, a placenta, o volume das mamas, além, das 
reservas nutricionais armazenadas para amamentação após o parto (BURROUGHS, 
1995). 
 Essa mudança na estrutura corporal da mulher, na gravidez, acarreta dores 
principalmente nas costas, devido à alteração da postura, dor no baixo ventre, devido ao 
aumento do útero e dores nos membros inferiores, ocasionados pelo edema, dificuldade 
de retorno venoso e aparecimento de varizes. Considerando que tanto o trabalho em pé 
ou sentado também desencadeia desconfortos semelhantes e quando associados à 
gravidez compromete a saúde da trabalhadora levando a afastamentos ou uso de 
medicamentos para alívio dos sintomas. A medicina por mais que tenha evoluído na 
obstetrícia em termos de desconfortos tem dificuldade em realizar uma investigação 
aprofundada, ou quando é feita, pouco pode intervir, a não ser recomendando troca de 
funções ou fornecendo atestados de repouso (PINHEIRO e ESTARQUE, 2000). 
 33 
 A trabalhadora muitas vezes não menciona seu local de trabalho ao seu obstetra, 
como também não relata as queixas de desconfortos, pois, tem medo das orientações 
médicas para troca de função, principalmente pela possível perda de seu emprego, caso 
apresente atestados ou recomendações médicas ao seu empregador. O fator social diante 
a gravidez é na maioria das vezes o motivo de muitos agravos de saúde das 
trabalhadoras, mesmo que lhe seja garantido por lei, alguns direitos por um determinado 
tempo, a mulher esconde muitos sinais e sintomas de sua saúde para proteger o seu 
vínculo empregatício que lhe garantirá o sustento familiar (BURROUGHS, 1995). 
 As trabalhadoras gestantes, muitas vezes, continuam a exercer suas atividades, 
após se descobrirem grávidas, da mesma maneira com que vinham desenvolvendo 
anteriormente, mesmo após a comunicação à chefia. Muitas atividades requerem um 
trabalho mais árduo, em uma posição estática, sem intervalos regulares, isso eleva os 
riscos obstétricos, os quais podem desencadear patologias como: a hipertensão arterial e 
a infecção urinária. Essas patologias podem ser associadas a pouca ingestão hídrica, por 
comprometimento no esvaziamento vesical, por trabalhar em uma posição que aumente 
o débito cardíaco ou atividade que exige esforço, entre outros fatos, são riscos 
desencadeantes de partos prematuros (PINHEIRO e ESTARQUE, 2000). 
 Todas estas alterações de ajuste do corpo feminino para a gravidez, somada a 
postura adotada para desenvolvimento das atividades no trabalho, podem sobrecarregar 
a estrutura corporal, aumentando os riscos de lesão, ou levando ao afastamento 
temporário da trabalhadora, ou ainda, desencadear algumas morbidades para a mesma, 
como problemas cardíacos - pela dificuldade de retorno venoso, o qual já se acentua 
com a gravidez pelo aumento do volume sanguíneo e pela posição adotada na atividade, 
que aumenta o débito cardíaco e diminui a oxigenação dos tecidos (RESENDE, 1998). 
 A gestante deve ser afastada de suas atividades laborativas no mínimo 04 
(quatro) semanas antes da data prevista para o parto, tendo direito a 120 (cento e vinte) 
dias de afastamento, de acordo com a Constituição do Brasil, promulgada em 
05.10.1988,no Capítulo II, dos Direitos Sociais, item XVIII, art. 7º, “a gestante, sem 
prejuízo do emprego e do salário, faz jus a uma licença de 120 dias” (Ministério do 
Trabalho e Emprego). 
 Os riscos da gravidez ligados ao trabalho, segundo a Occupational Health 
Clinics For Ontário Workers Inc (1998) são: 
 
 
 34 
1. Ficar de pé por mais de 3 horas por dia 
2. Trabalhar em alguma máquina industrial, principalmente se ela vibra muito ou 
que seu funcionamento exija um grande esforço; 
3. Executar tarefas difíceis, como levantar pesos, empurrar ou puxar objetos 
grandes ou grandes trabalhos de limpeza; 
4. Executar tarefas repetitivas, como as que são realizadas em linhas de produção: 
5. Estar sujeita a fatores ambientais, como níveis de ruídos elevados ou altas 
temperaturas; 
6. Trabalhar em jornadas longas; 
7. Estar exposta a doenças transmissíveis ou infecciosas; 
8. Estar exposta a substâncias químicas ou tóxicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 35 
CAPÍTULO III - ORIENTAÇÕES POSTURAIS BÁSICAS PARA GESTANTES 
NAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA 
 
Os objetos que construímos e as coisas que fazemos, fornecem uma ponte entre 
a nossa realidade interna e o mundo externo. Nas nossas atividades no dia-a-dia, 
mostramos nosso cuidado sobre como sobreviver, estar confortável, ter prazer, 
solucionar problemas, expressar nossa relação com os outros e o mundo mais amplo da 
sociedade (HAYES, 2002). 
 O fisioterapeuta, através de orientações posturais e exercícios, tem como 
objetivo evitar e prevenir lesões musculares, pois conta com atividades que propiciam à 
gestante pensar e viver o corpo em modificação, propondo-se a modificar as regras que 
inibem a consciência corporal através da reeducação postural. Para conseguir uma 
postura correta durante a gestação, sugerem-se algumas orientações posturais básicas 
para que a gestante tenha um máximo de conforto, segurança e desempenho eficientes 
nas suas atividades de vida diária (FERREIRA & NAKANO, 2000). 
O período de gestação gera importantes repercussões na postura corporal, na 
marcha e no retorno venoso, além de desencadear dores lombares e desconforto 
respiratório. Em virtude dessas alterações, o fisioterapeuta deve atuar em grupos de 
gestantes, orientando quanto às posturas corporais, exercícios de alongamento, 
relaxamento e auxílio ao retorno venoso, orientações sobre exercícios respiratórios, 
além de incentivo ao aleitamento materno e orientações sobre cuidados com o bebê. 
Deve-se destacar a importância do desenvolvimento de atividades em grupo, que além 
da realização das atividades anteriormente descritas, possibilita um espaço de partilha 
de medos, inseguranças, expectativas e experiências (DE CONTI, 2002). 
O fisioterapeuta, após análise da atividade, pode atuar na facilitação do 
envolvimento da grávida, através de um ambiente terapêutico adequado, a reflexão das 
suas situações de vida diária e desenvolve habilidades no desempenho das tarefas 
essenciais aos papéis que exerce na vida. Acredita-se que, através destas orientações, a 
fisioterapia pode prevenir e tratar complicações relacionadas ao ambiente de trabalho, 
bem como nas atividades da vida diária durante a gestação. Estas orientações devem ser 
seguidas e entendidas pelas gestantes de forma adaptável e gradual, modulando tempo e 
força às condições individuais no decorrer do período gravídico e puerperal 
(LANCMAN, 2004). 
 36 
Considerações Ergonômicas no Período Gravídico e Puerperal 
 
Sabendo-se das modificações que a gestação causa, este estudo, através destas 
orientações, busca prevenir acidentes domésticos e laborais, manter as habilidades da 
gestante, para que possa fazer os movimentos necessários no dia-a-dia com segurança, 
facilitando o seu desempenho. 
O estudo da influência da atividade física e da permanência na postura ereta 
durante a gestação vem merecendo destaque na literatura, dada a sua importância em 
saúde pública, entre outros aspectos por serem fatores potencialmente modificáveis. 
Tais estudos focalizaram inicialmente a atividade física ocupacional e, posteriormente, 
atividades físicas cotidianas e exercícios físicos (BARROS, 2002). 
 Segundo a NR 17, para sentar-se, a cadeira deverá ter encosto e braço de apoio, 
apoiando bem as costas, sentando-se sobre os glúteos, permitindo aos joelhos relaxar 
em ângulo reto, e aos pés, descansar no chão. Permanecendo muito tempo nesta 
posição, estimular a circulação realizando flexão plantar e dorsal dos pés 
alternadamente (bombeamento tíbio társico). Para trabalho manual sentada, os móveis 
devem propiciar à gestante condições de boa postura, visualização e operação e devem 
ter, no mínimo, altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo 
de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura 
da cadeira. O espaço deve permitir posicionamento e movimentação dos seguimentos 
corporais. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes 
requisitos mínimos de conforto (Manual de aplicação da Norma Regulamentadora nº 17, 
2002): 
� altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida; 
� características de pouca ou nenhuma conformação na basedo assento; 
� borda frontal arredondada; 
� encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteçãoda região lombar. 
 
Trabalhar regularmente em pé pode causar pés doridos, edemas em membros 
inferiores, varizes, fadiga muscular geral, dores na região lombar, rigidez cervical e nos 
ombros, bem como outros problemas de saúde. Durante a gravidez, o volume total de 
sangue de uma mulher pode aumentar 30-40% e a atividade do coração aumenta 
também. O sangue tem tendência para se concentrar nas veias mais profundas das 
pernas, o que pode trazer um risco de tromboses e varizes bem como desmaios (se a 
 37 
funcionária passar longos períodos em pé, especialmente num ambiente quente). O risco 
de dar à luz uma criança pequena (peso natal 10 vezes inferior ao percentil para a idade 
e peso gestacionais) é maior entre as mulheres que trabalham pelo menos 6 horas por 
dia em pé (BARROS, 2002). 
 As funcionárias grávidas ficam mais afastadas das bancadas e mesas de trabalho 
em relação aos outros funcionários, as ancas estão posicionadas mais para trás, e de 
modo a realizar as suas tarefas, estas funcionárias aumentam a flexão do tronco, 
aumentam a anti-inflexão dos antebraços e estendem mais os braços. Sempre que for 
possível, a altura das superfícies de trabalho deverá ser ajustada (BURROUGHS, 1995). 
 
 
Ginástica Laboral 
 
 A Ginástica Laboral para Gestantes se traduz em melhora significativa na 
diminuição de queixas, afastamento do trabalho, faltas e diminuição de sintomas como 
lombalgias, dorsalgias, ansiedade / depressão, dores de cabeça, aumentando o bem estar, 
a melhoria no relacionamento interpessoal e maior conhecimento sobre as mudanças 
físicas e psicológicas no período gestacional (PINHEIRO e ESTARQUE, 2000). 
 Entre todos os aspectos que envolvem as Lesões por Esforços Repetitivos/ 
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT), destaca-se a 
discussão das medidas de enfrentamento da problemática. Mais do que a atuação sobre 
os fatores de risco ou a ênfase sobre a manifestação somática, considera-se que as 
medidas e atitudes preventivas devem guiar as principais ações nesta área. Certamente, 
a análise aprofundada de todas as condicionantes psicossociais, organizacionais, 
ambientais e as características individuais de quem trabalha devem trilhar os caminhos 
da prevenção (CHAFFIN, 2001). 
 Para KRUISE (1992), aatenção pré-natal promove a interação entre gestante e 
equipe multiprofissional de saúde, onde há a possibilidade de se diagnosticar fatores de 
risco e realizar ações preventivas. Afirma ainda que a proteção à maternidade deveria 
iniciar pela melhor informação das gestantes objetivando uma visão clara da vida 
familiar, responsabilidades e cuidados no início, durante e após a gestação. Existe ainda 
a necessidade em levar estes conhecimentos às gestantes na própria empresa com o 
intuito de diminuir as complicações durante a gestação e promover uma gestação 
saudável e tranqüila para funcionária. Com isso a funcionária gestante passa a ter outra 
 38 
posição dentro do quadro funcional da empresa. A prática da ginástica laboral, lhes 
assegura um trabalho com segurança, conforto e confiança, fazendo com que a gestante 
tenha mais motivação e disposição para a sua performance no trabalho. 
 Segundo Hanlon (1999), os exercícios durante a gravidez já foram considerados 
um tabu. As mulheres eram aconselhadas a ficar em pé o mínimo possível; uma vida 
sedentária era incentivada. Este tabu foi superado através das palestras preliminares, 
com isso as funcionárias aprenderam a importância da atividade física em todos as fases 
da vida feminina e que durante a gravidez os benefícios dos exercícios são 
imprescindíveis, não só para a mulher, mas também para o desenvolvimento do feto. 
 A Ginástica Laboral é praticada com intervalos de cinco a dez minutos diários. 
O seu objetivo é proporcionar ao funcionário uma melhor utilização de sua capacidade 
funcional através de exercícios de alongamento, de prevenção de lesões ocupacionais e 
dinâmicas de recreação. Existem dois tipos de Ginástica Laboral: a Preparatória e a 
Compensatória, segundo Chaffin, 2001. 
 
⇒⇒⇒⇒ Ginástica Preparatória: É realizada antes ou logo nas primeiras horas do início 
do trabalho. Na maioria das vezes não é possível implantar em todos os setores 
antes de iniciar a jornada, mas logo no seu início e isso não descaracteriza como 
preparatória. Ela é constituída de aquecimentos e ou alongamentos específicos 
para determinadas estruturas exigidas. O objetivo é aumentar a circulação 
sanguínea, lubrificar e aumentar a viscosidade das articulações e tendões. 
Geralmente tem duração de 5 a 10 minutos. 
 
⇒⇒⇒⇒ Ginástica Compensatória: É realizada no meio da jornada de trabalho, como 
uma pausa ativa para executar exercícios específicos de compensação. Praticada 
junto às máquinas, mesas do escritório e eventualmente no refeitório ou em 
espaço livre, utilizando exercícios de descontração muscular e relaxamento, 
visando diminuir a fadiga e prevenir as enfermidades profissionais crônicas. 
 Nas figuras 8 e 9, são observadas alguns posicionamentos durante a ginástica 
laboral. 
 
 
 
 
 39 
Figura 8: Ginástica laboral 
 
Fonte: www.movimentoesaude.com.br 
 
 
Figura 9: Ginástica Laboral 
 
 
Fonte: www.movimentoesaude.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
 Sentada, com as mãos apoiadas no assento. Realizar movimentos com os pés em 
todas as direções: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sentada com a coluna ereta e os pés para baixo, estender e flexionar os joelhos, 
alternadamente, com os pés em dorsiflexão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sentada de pernas cruzadas, inclinar a cabeça para o lado, mantendo por 30 
segundos, sem elevar os ombros. Alternar a posição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 41 
� Dirigir 
 
 O Código Brasileiro de Trânsito não proíbe que as grávidas conduzam, mas é 
preciso atentar para alguns cuidados para preservar a saúde da gestante e do bebê. De 
acordo com a Abramet, 2001 (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), a 
situação de cada gestante deve ser analisada de maneira diferente, pois uma gravidez de 
risco, por exemplo, torna desaconselhável a direção. Alguns cuidados devem ser 
observados, como evitar estresse físico e mental, ficar longos períodos na direção e 
trafegar em vias mal conservadas. Após muitas horas em frente ao volante, os membros 
inferiores das gestantes tendem a apresentar edemas prejudicando também o aparelho 
circulatório do concepto, sendo aconselhável a realização de pequenos intervalos, a fim 
de alongar-se. Outro aspecto importante é o uso do cinto de segurança de três pontos. A 
parte pélvica do cinto (faixa subabdominal) deve ser colocada abaixo da protuberância 
abdominal, ao longo dos quadris e na parte superior das coxas, conforme mostra a 
figura 7. 
 A maioria dos estudos demonstra que os agentes de traumatismos abdominais, 
mais comuns, são os acidentes automobilísticos (ANDRADE, 2004). A gestante sempre 
deve usar o cinto de três pontos, seja na direção ou como passageira. Se o carro não 
possuir tal opção no banco traseiro, por exemplo, é preferível que ela se acomode no 
banco da frente (carona). Além disso, torna-se necessário ajustar a altura do banco e do 
volante para que seja respeitada a distância mínima de 15 centímetros entre a direção e 
o abdome. É indicado que o volante fique na posição mais elevada possível, deixando a 
direção afastada do abdome da gestante. Já o encosto do banco deve ficar perpendicular 
ao assento, formando um ângulo de 90 graus, o que lhe dará maior conforto e segurança 
(Denatran, 2001). 
 Os médicos peritos examinadores, especialistas em Medicina de Tráfego, ao 
avaliarem uma gestante candidata à condução ou já condutora de veículo automotor, e 
mesmo na condição de ocupante não condutora do veículo, deverão alertá-la sobre os 
riscos de lesões traumáticas inerentes ao deslocamento dos veículos e orientá-la sobre a 
maneira de proteger a si própria e ao concepto que abriga em seu útero (ABRAMET, 
2001). 
 
 
 42 
Figura 7: Correta utilização do cinto de segurança durante a gestação. 
 
Fonte: Rev. Assoc. Med. Bras. vol.50 no. 1 São Paulo 2004 
 
 Na tentativa de diminuir a incidência de complicações do trauma abdominal 
fechado, pesquisas foram desenvolvidas acerca da eficácia do cinto de segurança em 
automóveis (FRAGA, 2005). A utilização adequada do cinto de segurança de três 
pontos impede a ejeção da gestante para fora do veículo. Por outro lado, a não utilização 
do cinto de segurança ou de forma incorreta aumenta em sete vezes a mortalidade 
materna e em quatro, a fetal. Portanto, os cintos de fixação abdominal ensejam maior 
risco de compressão uterina com possível DPP, conforme Departamento Nacional de 
Trânsito (Denatran, 2001). 
 
 
 
 
 43 
Figura 8: Cinto de segurança de três pontos e seu correto posicionamento em relação ao 
abdome durante o período gravídico. 
 
Fonte: Acervo da autora. 
 
 
� Autocuidados 
 
 - Escovar os dentes: aproximar-se ao máximo da pia, flexionar os dois joelhos 
com abertura lateral das coxas, evitando flexionar o corpo. Utilizar um banquinho de 
aproximadamente 20 cm para colocar um dos pés alternando-os; isto proporcionará uma 
postura adequada para realizar a tarefa, evitando sobrecargas na coluna (AMARAL, 
2000). 
 - Banho: Colocar alças de apoios no toalete e no chuveiro. Os produtos a serem 
utilizados durante o banho (shampoo, sabonetes, etc.), devem estar dispostos à altura 
dos ombros ou acima da linha da cintura. Evitando uma inclinação do tronco e 
compressão abdominal ao abaixar-se. Durante o banho recomenda-se a utilização de um 
banco no boxe sobre um tapete anti-derrapante. Para lavar os pés, sentar-se e cruzar uma 
perna sobre a outra. No final da gestação com o crescimento abdominal, a melhor forma 
 44 
de fazê-lo será trazendo cadaperna de encontro ao corpo. Aproveitar o momento do 
banho para realizar massagens circulares nas mamas e mamilos. Para lavar as costas 
utilize uma toalha de rosto dobrada no sentido do comprimento e lavá-las na diagonal 
ou utilizar escova de cabo longo, trocando alternadamente de lado (AMARAL, 2000). 
 - Maquiagem: Esta atividade deve ser realizada em um ambiente bem 
iluminado. O espelho deve estar na altura do rosto, para que a gestante não necessite 
curvar-se evitando uma sobrecarga na coluna vertebral. Se for realizada no banheiro, 
utilizar como auxílio o banquinho (AMARAL, 2000). 
 
 
 
Idumentária (Com ênfase na qualidade ergonômica do conforto) 
 
 Vestuário - A indumentária de uma gestante também deve ser ergonomicamente 
correta, pois seu corpo passa por modificações todos os meses e suas roupas precisam 
acompanhar essas mudanças. A gravidez é dividida em três trimestres, do primeiro ao 
terceiro mês, do quarto ao sexto e do sétimo ao nono mês de gestação, o abdome da 
gestante cresce significativamente nestes três períodos, por isso existe a necessidade de 
uma roupa ergonomicamente correta para cada trimestre, que se ajuste ao corpo e seja 
confortável. Deve-se dar preferência para vestidos, pois são mais confortáveis e fáceis 
de vesti-los, não limitam os movimentos e mantêm a postura favorável à ação dos 
músculos perineais e permitem uma melhor ventilação (MARTINS, 2005). 
 Roupas íntimas – As calças íntimas confeccionadas com tecido de algodão, são 
as mais indicadas, pois no período gravídico há maior sensibilidade e predisposição para 
infecções. Os soutiens mais indicados são os produzidos especificamente para gestantes, 
pois estes possuem as dimensões e ergonomia próprias para esta fase, em virtude de 
possuírem alças mais largas e mais firmes para a perfeita sustentação do peso dos seios, 
que deverão ficar bem próximos ao tronco, porém de maneira (GRAVE, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 45 
Figura 9: Roupas íntimas ideais pra uso no período gravídico e puerperal 
 
. 
 
Fonte: http://wwwzazoumodagestante.com.br 
 
 
 Calças compridas – Devem ser evitados os elásticos apertados e que vinquem a 
pele, pois a pele do abdome encontra-se mais sensível e torna-se desconfortável 
(MARTINS, 2005). 
 
Figura 10: Calças compridas adequadas ao período gravídico.. 
 
Fonte: http://wwwzazoumodasgestante.com.br 
 
 
 Blusas e vestidos - Devem ser mais largos na região abdominal e deverão ser 
mais compridos na parte anterior. Deverão ser evitados os que sejam muito justos na 
região dos seios, para não comprimi-los causando desconforto (MARTINS, 2005). 
 
 46 
Figuras 11 e 12: Modelo de blusa e vestido para gestantes. 
 
Fonte: http://wwwzazoumodagestante.com.br 
 
 
 Calçados - Os pés, que sofrem com a maior sobrecarga no período, merecem 
cuidado especial. O calçado deve ser confortável e com proteção no solado para evitar 
impacto nos pés com reflexo indireto para a coluna (MARTINS, 2005). 
 Deve-se evitar ao máximo o uso de sapatos com saltos altos, devido às 
alterações de equilíbrio, provocado pela mudança do centro de gravidade da gestante. 
Os calçados devem ser confortáveis, adequados à estação e devem ter um salto discreto 
de 2 a 4 cm, e base larga. Deve-se evitar calçados rasteiros e chinelos. O salto é 
aconselhável até 4 cm, para melhorar a circulação venosa dos membros inferiores e 
facilitar a deambulação. Por motivos óbvios deve-se evitar sapatos com saltos acima de 
5 cm ou muito finos. Além de causarem desconforto e dor eles podem representar um 
risco maior de quedas e entorses. A atenção deve ser redobrada já que na gestação as 
articulações se tornam mais frouxas devido à ação da relaxina. (MARTINS, 2005). 
 
 
 
 
 
 
 47 
Figuras 13 e 14: Calçados adequados para uso durante a gestação. 
 
 
Fonte: http://wwwzazoumodagestante.com.br 
 
 
� Atividades domésticas 
 
 A atividade doméstica engloba os mesmos grupos de exposição e risco que as 
atividades profissionais. Os acidentes domésticos são importantes causadores de 
morbimortalidade em todo o mundo, o que os torna um sério problema de Saúde 
Pública. Existe a exposição a agentes químicos (solventes, tintas, produtos de limpeza e 
tinturas); agentes físicos (calor, microondas); biológicos; atividades físicas; e questões 
ergonômicas. Sugere-se que a gestante altere seu ambiente físico, a fim de evitar quedas 
e escorregões acidentais: não utilizar tapetes soltos, usar guarnições nos carpetes para 
fixá-los; retirar móveis baixos e pequenos (banquetas, mesas de centro, etc) a fim de não 
machucar-se; retirar cordões, arames e fios de telefones quando estes encontrarem-se 
em locais de passagem. Nos assoalhos: Evitar escadas sem corrimão; evitar transitar em 
pisos encerados; não sentar-se em cadeiras e sofás baixos e camas muito altas, pois 
haverá um esforço físico inadequado para levantar-se. Colocar iluminação adequada 
para noite (principalmente no caminho para o banheiro).Executar trabalhos intensos de 
limpeza são atividades físicas que sobrecarregam o organismo gravídico, especialmente, 
entre o segundo e o terceiro trimestre conforme apontado por Amaral e Passini (2000). 
 - Varrer: Procurar vassouras e rodos de cabos mais longos para não curvar-se 
durante a limpeza. Evitar torcer o tronco, empurrando o lixo para a frente do corpo. 
Estofar e engrossar o cabo facilitando a preensão 
 48 
- Limpezas em geral: Manter a postura e fazer movimentos laterais e verticais 
amplos com os braços; associando a respiração, fortalecendo, desta maneira, a 
musculatura dos membros superiores e peitoral, que sustenta as mamas. Ao realizar 
tarefas domésticas em pé (lavar louça, cozinhar, lavar roupa, passar roupa, etc), a 
gestante deve colocar um dos pés sobre um banquinho de aproximadamente 20 cm de 
altura, alternando-os; aproximar-se do móvel onde estiver realizando a tarefa. Tarefas 
em quatro apoios (lavar o chão, passar cera, limpar carpete, etc.), contrair o abdome, 
retificando a coluna e observar o relaxamento da musculatura perineal. Ao ajoelhar-se, 
colocar um pedaço de espuma sob os joelhos para protegê-los. Para limpeza no solo, 
realizar movimentos amplos com os braços e tente trabalhar alternando-os (AMARAL 
& PASSINI, 2000). 
- Erguer objetos: A movimentação manual de cargas é a maior causa de lesões 
músculoesqueléticos no local de trabalho e no ambiente doméstico, nomeadamente 
problemas nos ombros e costas. As tarefas que envolvam levantar, baixar, empurrar, 
puxar ou segurar uma carga podem resultar em problemas graves para a saúde. Sempre 
que uma tarefa requeira flexão prolongada do tronco (principalmente quando a carga é 
baixa) existe um risco de lesão nas costas mesmo quando a carga é pequena ou pouco 
pesada, porque o tronco e a parte superior do corpo por si só já constituem também um 
peso. A gravidez aumenta a carga suportada pela gestante e por isso os riscos de 
movimentação manual de cargas são maiores, devendo ser evitadas estas situações. Para 
uma gestante erguer algum objeto, com maior segurança, é necessário fletir os joelhos, 
abrir as pernas, encaixar a barriga entre elas. A força deve incidir sobre os músculos das 
pernas e não sobrecarregando a musculatura da coluna lombar (FERREIRA & 
NAKANO, 2000). 
 - Dormir, despertar e mudanças de decúbito: Ao deitar-se, a gestante deverá 
sentar-se na beira da cama, apoiar o tronco sobre o cotovelo, girando de costas, 
colocando as pernas sobre a cama. Para levantar, utilizar o processo inverso.
 Utilizar travesseiro que preencha o espaço entre a cabeça e os ombrose outro 
entre as pernas. Preferencialmente assumindo o decúbito lateral esquerdo, pois esta 
posição permite um relaxamento dos músculos posteriores do tronco, diminuindo a 
compressão dos discos intervertebrais e facilita a circulação sangüínea, principalmente a 
útero-placentária. Ao despertar, antes de levantar-se da cama, mexer as mãos e pés com 
movimentos circulares para lubrificar estas articulações, preparando-as para o 
movimento. Assumir o decúbito lateral e apoiar o tronco sobre o cotovelo, levando as 
 49 
pernas para fora da cama. Evitar levantar-se flexionando o tronco para frente, pois esta 
posição promove um afastamento dos músculos reto abdominais, prejudicando assim a 
função de sustentação dos órgãos abdominais e sua ação durante o período expulsivo. 
Sempre que possível, é importante que a gestante tenha períodos de repouso, 
especialmente para as que apresentem gravidez de risco (AMARAL & PASSINI, 2000). 
 - Assumir a posição ortostática: Ao ficar em pé, a grávida deve deslocar o peso 
do corpo para a parte anterior dos pés, evitando sobrecarregar os calcanhares; para 
posicionar-se desta forma, basta fletir ligeiramente os joelhos, contraindo a região 
glútea (FERREIRA & NAKANO, 2000). 
 - Deambular: Para realizar esta atividade a grávida deverá usando sapatos 
adequados: confortáveis, de salto baixo e nivelados. Manter a cabeça erguida e balançar 
os braços, alternando-os (FERREIRA & NAKANO, 2000). 
 - Posições de Relaxamento: Em decúbito dorsal, com a cabeça apoiada em um 
travesseiro. Pôr almofadas sob as pernas até que se forme um ângulo de 
aproximadamente 90 graus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 50 
CONCLUSÃO 
 
 
 A Ergonomia e a Obstetrícia, embora sejam disciplinas científicas diferenciadas, 
estão ajudando na construção desta fundamentação, pois ambas trabalham com o 
mecanismo fisiológico do corpo humano e a maneira que é utilizado para o 
desenvolvimento das atividades, ou seja, visando a promoção da saúde e prevenção de 
agravos que possam ser desencadeados na relação entre trabalho e gravidez. A inter-
relação dessas ciências pode se constituir em importante ferramenta para colaborar na 
busca de alternativas, à melhoria da atividade produtiva da mulher, em um momento 
cíclico e singular de sua vida, que voluntária ou involuntariamente, não envolvem 
apenas a trabalhadora e a empresa, mas também outro ser, que ainda não sobrevive, tão 
pouco decide sobre si mesmo, sem o auxílio do corpo materno. 
 O estudo da influência da atividade física e da permanência na postura ereta 
durante a gestação vem merecendo destaque na literatura dada a sua importância em 
saúde pública, entre outros aspectos por serem fatores potencialmente modificáveis. 
Tais estudos focalizaram inicialmente a atividade física ocupacional e, posteriormente, 
atividades físicas cotidianas e exercícios físicos. As orientações sobre a atividade física 
devem ser enfatizadas durante a assistência pré-natal, principalmente nas mulheres que 
não têm ajuda no trabalho doméstico e/ou permaneçam na postura em pé parada por 
tempo prolongado. 
Sabendo-se das modificações que a gestação causa, este estudo, através destas 
orientações, busca prevenir acidentes domésticos e laborais, manter as habilidades da 
gestante, para que possa fazer os movimentos necessários no dia-a-dia com segurança, 
facilitando o seu desempenho e, conseqüentemente, promovendo seu bem estar físico e 
mental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 51 
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