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Karl Marx – Aula 2 Prof. Bruno Aidar História do Pensamento Econômico BI Ciência e Economia – 3º Período Onde estudar? • DOBB, Maurice. Teorias do valor e distribuição desde Adam Smith. Lisboa: Editorial Presença, 1977. Cap. 6: “Karl Marx”. p. 175-210. Também foi utilizado como bibliografia para a aula. • MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Ed. Nova Cultural, 1996. Livro 1º, Tomo 1, Cap. 1, seção 4 (“O caráter fetichista da mercadoria e seu segredo”, p. 197-208). Livro 1º, Tomo 1, Cap. 4, seção 1 (“A fórmula geral do capital”, p. 267-275) e seção 3 (“Compra e venda da força de trabalho”, p. 284-293). 1. A especificidade do MPK Ricardo na visão de Marx 1. Contribui para uma abordagem científica da análise econômica. 2. Consegue elaborar uma visão teórica uniforme e completa dos fundamentos gerais do sistema capitalista. 3. Descobre as contradições econômicas entre as classes, expondo as origens dos conflitos em sua análise. Crítica a Ricardo 1. No entanto, para Marx, Ricardo e os outros economistas clássicos consideram o modo de produção capitalista (MPK) como algo eterno e natural, não aprofunda a questão da especificidade do capitalismo. 2. Logo, tarefa da crítica da economia política é delimitar a especificidade histórico do MPK. 3. Como apropriação do excedente foi realizada ao longo da história humana? Apropriação do excedente • Antes do MPK (economia antiga, feudalismo, escravismo) • Apropriação do excedente é realizada de forma coercitiva e/ou via mecanismos que não são de mercado. • Uso de formas políticas, jurídicas, legais e/ou militares de extração do excedente. • MPK • Liberdade: apropriação do excedente é realizada de forma livre (sem coerção). • Igualdade: trocas entre equivalentes, ou seja, trocas são realizadas por seus valores naturais. Questões de Marx • Como ocorre a exploração no MPK se há liberdade no trabalho e igualdade nas trocas? • De onde surge a mais-valia no MPK? • Qual é a essência oculta do MPK sob as aparências exteriores da troca? (ver trecho seguinte) • O que diferencia a economia de troca (geral) da economia capitalista (específica)? O mistério da mercadoria • “O misterioso da forma mercadoria consiste, portanto, simplesmente no fato de que ela reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como características objetivas dos próprios produtos de trabalho, como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por isso, também reflete a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre objetos. Por meio desse qüiproqüó os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas físicas metafísicas ou sociais. (...) determinada relação social entre os próprios homens que para eles aqui assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas”. (MARX, O capital, v. 1, cap. 1, seção 4). 2. Pressupostos do MPK Pressupostos do MPK • Economia vulgar transforma toda economia de troca em economia capitalista, marxismo deve apontar a especificidade do MPK. • Quais são os pressupostos para a criação do MPK? • Difusão da economia mercantil • Difusão de uma economia monetária • Predomínio do trabalho assalariado: venda livre da força de trabalho. Era o aspecto principal para Marx. 1. Mercadoria como ponto de partida • MPK depende inicialmente de uma economia voltada exclusivamente para a produção de valor de troca, ou seja, de uma economia mercantil. • Por outro lado, qual é a determinação mais abstrata do MPK para Marx? • Mercadoria é a forma mais simples e elementar do valor (Kosik). • Mercadoria como forma concreta do produto do trabalho, concreto econômico mais simples, forma celular das relações fundamentais do MPK (Kosik). • É o ponto de partida abstrato para o conhecimento da totalidade desenvolvida do MPK (Kosik). • “A célula econômica da sociedade burguesa é a forma mercadoria, que reveste o produto do trabalho, ou a forma de valor assumida pela mercadoria” (MARX, O capital,v. 1, p. 4). • “A riqueza das sociedades onde rege a produção capitalista configura-se em ‘imensa acumulação de mercadorias’, e a mercadoria, isoladamente considerada, é a forma elementar dessa riqueza. Por isso, nossa investigação começa com a análise da mercadoria” (MARX, O capital, v. 1, p. 41). 2. Economia monetária • Moeda como facilitador das trocas, meio de pagamento, padrão de valor e forma equivalente geral. • Moeda permite completar o circuito de intercâmbio das mercadorias: M – D – M. • Assim como Ricardo, Marx vê a moeda metálica como uma mercadoria qualquer que pode ser relacionada ao valor gerado na produção dos metais preciosos. 3. Trabalho assalariado • Economia mercantil e monetária não é suficiente para caracterizar o MPK. Não há, por ex., MPK na antiguidade ou na Idade Média pois as relações de trabalho não são de trabalho livre. • Para existir trabalho assalariado, deve haver: • Força de trabalho despojada de terras e de outros meios de produção (processo do cercamentos na Inglaterra). • Subsistência do proletariado depende da venda da força de trabalho em troca de um salário. • Relações contratuais de trabalho são livres. • Força de trabalho deve ser uma mercadoria vendida em um mercado segundo as leis de concorrência. • “As condições históricas de sua existência [do capital] não consistem na simples circulação de moeda e dos bens. Ele só pode surgir quando o possuidor dos meios de produção e subsistência encontra no mercado o trabalhador livre que pretende vender a sua força de trabalho” (Marx apud Dobb, Teorias, p. 193). 3. O segredo da mais-valia no MPK Distinções feitas por Marx • 1ª Distinção • Atividade de produção: contribui para a produção do excedente • Atividade de apropriação (ou exploração): não contribui para a atividade produtiva e não participa do processo produtivo em si. • Obs.: lembra distinção de Ricardo entre produção e distribuição. • 2ª Distinção • Esfera de produção: onde o trabalho produz as mercadorias. • Esfera de circulação: onde as trocas são realizadas. • Assim como Ricardo separa produção e distribuição, Marx separa produção e circulação em sua análise. • 3ª Distinção • Trabalho: • Produz o produto total • Gera o tempo de trabalho total gasto na produção. • Força de trabalho • Definição de Marx: “agregado das capacidades físicas e mentais de um ser humano, que este põe em ação sempre que produz um valor de uso de qualquer espécie” (Marx apud Dobb, Teorias, p. 192). • Produz o produto total, mas é pago parcialmente. • Exige o tempo de trabalho necessário para pagar a força de trabalho. Dois circuitos no MPK • MPK depende da existência de dois circuitos • Na esfera de circulação: ...M-D-M-D... • Representa a economia monetária e mercantil de forma geral • Apenas gera a troca de mercadorias por dinheiro • No capitalismo puro (concorrencial), não há ganhos nessa esfera • Na esfera da produção: D-M-D’ • Representa a especificidade do MPK • Ganho da mais-valia é realizado na esfera da produção • O que ocorre na esfera de produção para gerar esse ganho? CIRCULAÇÃO PRODUÇÃO PAGAMENTO DA FORÇA DE TRABALHO MAIS-VALIA APROPRIAÇÃO ...M-D-M-D... D-M-D’ NÃO PRODUZ VALOR NÃO CRIA MAIS-VALIA PRODUZ VALOR CRIA MAIS-VALIA Crítica da igualdade e liberdade • O que é aparência e o que é a essência no capitalismo? Crítica para ser radical precisa ir na essência das coisas e das relações sociais. • Esfera de troca/circulação: • Igualdade entre capital e trabalho • Liberdade absoluta para vender força de trabalho. • Relação contratual justa. • Superfície/aparência dasrelações econômicas. • Esfera da produção: • Desigualdade entre capital e trabalho. • Exploração e obtenção da mais-valia. • Essência das relações econômicas. • Sociedade e economia burguesas oferecem apenas uma aparência de liberdade e igualdade, ocultando a desigualdade e o autoritarismo das relações sociais sob o modo de produção capitalista. Taxa de mais-valia • Evolução da taxa de mais-valia depende da relação entre o produto gerado pela força de trabalho total x força de trabalho necessária para a produção de subsistência da própria força de trabalho. • Taxa de mais-valia é resultado de determinadas condições históricas e institucionais, expressando a estrutura de repartição dos rendimentos. • Logo, salário de subsistência não é determinado em um sentido físico, mas histórico e social. Elevação da taxa de mais-valia • Aumento da mais-valia absoluta: elevação do tempo de trabalho excedente com relação ao tempo de trabalho necessário para o pagamento da força de trabalho. Importante no século XIX. • Situação inicial: • 10 h de trabalho total • 4 h para pagar força de trabalho. • Resultado 6 h são apropriadas como mais-valia. • Taxa de mais-valia = 60%. • Situação final: • Aumento para 12 h de trabalho total • Continua 4 h para pagar força de trabalho. • Resultado 8 h são apropriadas como mais-valia. • Taxa de mais-valia = 66,7% • Aumento da mais-valia relativa: redução do tempo de trabalho total pela elevação da produtividade no setor de produção dos bens de subsistência (= reduz tempo de trabalho necessário para o pagamento da força de trabalho). • Situação inicial: • 10 h de trabalho total • 4 h para pagar força de trabalho. • Resultado 6 h são apropriadas como mais-valia. • Taxa de mais-valia = 60%. • Situação final: • 10 h de trabalho total • Elevação da produtividade no setor de subsistência reduz para 2 h o tempo de trabalho necessário para pagar força de trabalho. • Resultado 8 h são apropriadas como mais-valia. • Taxa de mais-valia = 80%
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