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DOMINGUES, Heloísa M B A recepção do darwinismo no Brasil.

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Universidade Tuiuti do Paraná – UTP
Nathan de Liz Rocha – Licenciatura em História – 3° Período
	DOMINGUES, Heloísa M B.; SÁ, Magali Romero. Controvérsias evolucionistas no Brasil do século XIX. In: _____; _____ e GLICK, Thomas (orgs.). A recepção do darwinismo no Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003, p. 97-124.
Síntese para a disciplina de Brasil Independente
 A ideia da autora é explanar ao seu leitor as diferentes formas de pensamentos que os colonos que viviam no Brasil tinham referente à ideologia darwinista. A mesma apresenta fatos embasados na historiografia de intelectuais que defendiam a ideia, e de intelectuais (Dom Pedro II é um deles), que não concebiam a ideia evolucionista e nem darwiniana. O intuito do texto é mostrar as diferenças ideológicas que se enfrentaram ao longo da história. 
 Os intelectuais tentavam inserir o Brasil do século XIX em uma marcha temporal, na objetivação de realizar a construção da história do país. Isso levou o pensamento em que figura utilizar, nesse caso, o negro foi descartado por ser considerado estrangeiro. A figura publica foi o indígena, que pertencia a terra e era uma forma de mão de obra que poderia substituir a mão de obra escrava negra. 
 Logo após o lançamento do livro de Darwin “A Origem das Espécies” (1859), veio um grande desenvolvimento das ciências naturais, como a antropofagia e a geologia. O Brasil era um país centro de viagens de naturalistas de diversas etnias, essa euforia era causada pela fauna e flora não descoberta por completo. 
 Darwin chegou a vir para o Brasil no século XIX, e se encantou com as florestas e sua paz. O mesmo até chegou a descrever em seus relatos
“Brasil, 29 de fevereiro – O dia passou deliciosamente. Mas ’delicia’ é termo insuficiente para exprimir as emoções sentidas por um naturalista que, pela primeira vez, se viu a sós, com a natureza no seio de uma floresta brasileira.” (pág. 98).
 Darwin também relatou a sua passagem pelo Rio de Janeiro, aonde visitou o Jardim Botânico, onde observa e descreve:
“cresciam plantas muito conhecida pela grande utilidade de suas propriedades. As folhas da cânfora, da canela e do cravo desprendiam um aroma muito delicioso; e a fruta-pão, a jaca e manga disputavam a primazia da magnificência da folhagem. A paisagem dos arredores da Bahia quase que se caracteriza por estas duas últimas árvores. (Darwim, 1890:23)” (pág. 99).
 A escrita de Darwin enaltece e romantiza a natureza do país, não esperaria menos que um naturalista como ele. Mesmo com todo esse encantamento pelas descobertas de tal terra, Darwin não visitou o Museu Nacional, que nessa época já estava aberto e em pleno funcionamento, obviamente não obtinha uma coleção tão abrangente, mas o pouco que tinha já era aberto à visitação publica. 
 Um naturalista que chamou a atenção pelos seus diversos estudos foi Fritz Müller, que realizou diversas experiências com crustáceos, que fortaleciam a teoria evolucionista de Darwin. Müller só ficou conhecido no meio cientifico internacional em 1864, “pela publicação de um pequeno livro Für Darwin, no qual demonstrou, através de estudos embriológicos em crustáceos, a teoria de Darwin.” (pág.99). 
 Infelizmente nem todos os intelectuais tanto brasileiros quanto estrangeiros aceitavam a teoria evolucionista darwiniana, um grande empecilho para tal teoria ser aceita com mais facilidade no Brasil, foi Pedro II que era o Imperador, e exercia um papel preponderante nessas relações e também se correspondendo com vários cientistas renomados. 
 “Pedro II foi um dos únicos governantes a ser eleito para um dos oito lugares reservados a sócios estrangeiros na Academia de Ciência de Paris e o único brasileiro a ser admitido. Ele foi membro da Academia de Paris não por sua produção cientifica, mas pelas discussões que travou com os cientistas e também pela ‘generosidade’ com que financiou inúmeros trabalhos científicos”. (pág. 101). 
Vemos com essa citação do texto que o Imperador era um intelectual e estrategista nato, por mais que não tivesse nenhuma contribuição significativa para a ciência, o mesmo exercia de fórum privilegiado, pois era um grande investidor e critico. 
 Alguns intelectuais brasileiros como Lacerda e Peixoto, e até o mesmo Müller ganharam notoriedade com suas pesquisas e o reconhecimento de Quatrefages¹, essas pesquisas foram de grande valia para entendermos um pouco mais de nós mesmos nos dias de hoje. 
 Dentre tantas refutações sobre a teoria do evolucionismo surgiram alguns estudos e pensamentos interessantes, tal qual o de Ladislau Netto que chegava a conclusão que os próprios índios teriam acreditado na sua ascendência simiesca, ou seja, os próprios índios acreditavam que seus antepassados eram os macacos, e de alguma forma teriam evoluído. 
 A conclusão da autora nos mostra que infelizmente ou felizmente os intelectuais da época acabaram interpretando a teoria do evolucionismo de diversas formas, a qual esboça a palavra “cadeirão darwinista”, aonde várias ideias, algumas deturpadas e outras com embasamento historiográfico se enfrentaram ao longo do tempo. No Brasil a introdução e recepção do darwinismo não foram diferentes de outros lugares, os intelectuais conviveram com resistência e aceitação. O debate não se finaliza no século XIX na tentativa de definir vencedores e vencidos, é necessário ainda muito estudos nas áreas cientificas para findarmos como verdadeira ou falsa tal teoria. 
Notas
¹ Quatrefanges, presidente da Academia de Paris, ferrenho opositor de Darwin e dos que com ele se identificavam.

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