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60015ResumoAula2 P1DPenal

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Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
1 
www.cursoenfase.com.br 
Sumário 
1. Princípios (cont.) ..................................................................................................... 2 
1.1 Princípio da insignificância ................................................................................ 2 
1.2 Princípio da Humanidade .................................................................................. 2 
2. Conflito de Leis no Tempo ...................................................................................... 2 
2.1 Tempo do crime ................................................................................................ 2 
2.1.1 Tempo do crime no crime permanente ...................................................... 3 
2.1.2 Crime habitual ............................................................................................. 4 
2.1.3 Crime continuado ........................................................................................ 5 
2.1.4 Tempo do crime na participação e na autoria mediata .............................. 7 
2.1.5 Princípios ..................................................................................................... 7 
2.1.6 Lei intermédia ou intermediária .................................................................. 8 
2.1.7 Normas processuais com características de penais .................................... 9 
2.1.8 Autoridade competente ............................................................................ 10 
2.1.9 Combinação de leis (lex tertia) .................................................................. 11 
 
 
 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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1. Princípios (cont.) 
1.1 Princípio da insignificância 
O princípio da insignificância é melhor tratado dentro do tema tipicidade, será visto 
na aula sobre tipicidade. 
 
1.2 Princípio da Humanidade 
Fundamento constitucional: art. 5º, XLIX e XLVII da CRFB. 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
A ideia de que o direito penal deve estar relacionado a efetivação do princípio da 
dignidade humana, evitando respostas desnecessárias, cruéis, que violem este princípio é o 
núcleo do princípio da humanidade. 
 
2. Conflito de Leis no Tempo 
O presente tema trata do questionamento “Qual lei penal aplicar quando houver 
uma sucessão de leis penais no tempo?”. 
A primeira coisa a ser averiguada é o tempo do crime. Uma vez cometido 
determinado fato criminoso, qual a lei aplicável em princípio. Após, verifica-se o que fazer se 
houver uma sucessão penal. 
 
2.1 Tempo do crime 
Exemplo: “A” atira em “B” no mês de março/2015. Porém “B” só morre em 
maio/2015, neste período surge uma lei nova mais grave. 
 
 
 
 
 Lei X Lei Y 
(nova lei mais grave) 
Março/2015 
“A” atira em “B” 
Maio/2015 
“B” morre 
Momento do 
resultado 
Momento da 
ação 
Direito Penal – Parte Geral 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
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A primeira tarefa é identificar qual a lei aplicável a este fato, basicamente é 
identificar o tempo do crime, porque a lei aplicável é aquela do tempo do crime. O art. 4º, 
CP diz que o tempo do crime é o momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o 
momento do resultado, teoria da atividade. 
Todas as leis que regem este fato, não só o tipo penal aplicável, todas as leis são 
aquelas vigentes no momento da ação ou omissão. 
A prescrição começa a correr da data em que o crime se consuma, mas qual é a lei 
que trata de prescrição aplicável a este fato? A lei do momento da ação ou omissão. 
Hipótese1: imagine-se que no momento da ação (Lei X) existia uma causa de extinção 
de punibilidade e no momento do resultado (Lei Y) ela não existe mais. Esta causa de 
extinção de punibilidade é aplicável. 
Hipótese2: imagine-se que o prazo prescricional no momento da ação (Lei X) era bem 
maior que o prazo previsto para o momento do resultado (Lei Y). O prazo que irá regular o 
caso será o da Lei X, o prazo maior. 
Então, a princípio, a leis aplicáveis a um fato criminoso são aquelas previstas no 
momento da ação/omissão. “Em princípio” porque se depois advier lei mais favorável ao 
réu, ela poderá retroagir. O nosso CP adotou a teoria da atividade, mista ou da ubiquidade. 
 
2.1.1 Tempo do crime no crime permanente 
Crime permanente: considera-se a lei vigente no momento do último ato (Zaffaroni). 
Crime permanente é aquele no qual uma única ação se prolonga no tempo, v.g., 
sequestro (art. 148, CP) e extorsão mediante sequestro (art. 149, CP). Alguns crimes que a 
princípio são instantâneos podem ser permanentes também, v.g., furto de energia elétrica, 
enquanto estiver “sugando a energia” o crime é concorrente, ação única que se prolonga no 
tempo. 
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: (Vide 
Lei nº 10.446, de 2002) 
Pena - reclusão, de um a três anos. 
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a 
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes 
de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida 
contraída com o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 
11.12.2003) 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à 
violência. (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) 
Direito Penal – Parte Geral 
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A importância do crime permanente está em suas peculiaridades. A primeira é 
processual, se o crime é permanente cabe flagrante a qualquer tempo. A segunda é 
relacionada a prescrição, a prescrição começa a correr da data que a permanência cessa (art. 
111, CP). A terceira, no crime permanente, se houver lei nova mais grave no curso da ação 
criminosa, ela será aplicável, pois aplicável será a última lei que entra em vigor antes de 
cessar a atividade criminosa, pois tudo é tempo do crime permanente. 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a 
correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, 
da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada pela Lei nº7.209, de 
11.7.1984) 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste 
Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, 
salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. (Redação dada pela Lei nº 
12.650, de 2012) 
Assim, dizer que um crime é permanente tem reflexos muito importantes, v.g., no 
estelionato previdenciário, em que o sujeito recebe o benefício previdenciário mês a mês e a 
jurisprudência o entende como permanente. 
 
2.1.2 Crime habitual 
Crime habitual: é uma espécie de crime. 
A doutrina antiga acreditava que a habitualidade era uma necessária repetição, ou 
seja, para ser um crime habitual é preciso que a conduta seja repetida, se a conduta for 
realizada uma única vez, não há crime (Fragoso). 
Este entendimento gerou um problema: quantas vezes é preciso repetir a conduta 
para gerar a habitualidade? Por exemplo, no crime de exercício irregular da medicina, 
quantas vezes o agente precisa atender ou receitar remédios para que haja o crime habitual 
do art. 282, CP? A doutrina dizia que se fizesse uma fez só não haveria crime. 
Não havia um critério seguro para dizer se eram três, quatro ou sete repetições. Por 
que três e não quatro? Por que quatro e não sete? Na verdade, este entendimento estava 
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errado, habitualidade não é a repetição. A repetição é apenas um sintoma do que é a 
habitualidade. 
A habitualidade é um elemento subjetivo especial presente em alguns crimes, 
habitualidade é a intenção de repetir a conduta. Então, alguns crimes possuem, além do 
dolo (v.g., vontade de receitar um remédio – art. 282, CP), a intenção de fazê-lo várias vezes, 
mesmo que o agente não repita. 
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou 
farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. 
Exemplo: falso médico que vai morar na cidade do interior, ele vai clinicar sem ser 
médico. Aluga uma sala, faz propaganda na rádio e distribui panfletos e no primeiro dia do 
atendimento tem uma fila na porta e ele atende o primeiro paciente (um ato só). 
Para a posição mais moderna o crime habitual está consumado na primeira consulta. 
Basta um único ato e já está clara a intenção de repetir. Se o falso médico repetir 
efetivamente o ato, a intenção fica ainda mais clara. 
A habitualidade não é a repetição, a repetição é apenas um sintoma daquilo que 
realmente é a habitualidade (a intenção de repetir). Pode existir um crime habitual com um 
único ato, se estiver clara a intenção de repetir. 
O mais normal é que se perceba a intenção de repetir com a repetição, por isso que a 
doutrina antiga confundia. 
No crime habitual têm-se vários atos, por isso aplica-se a mesma ideia do crime 
permanente. Lei nova mais grave no curso de várias condutas é aplicável. Entende-se que 
são vários atos de uma conduta só. 
 
2.1.3 Crime continuado 
Como já visto crimes habituais e crimes permanentes são espécies de crimes, são 
características que alguns crimes apresentam. O crime continuado é completamente 
diferente, pois ele não é uma característica que alguns crimes apresentam e outros não, isto 
é, todos os crimes podem ser continuados. 
Crime continuado é uma espécie de concurso de crimes. Após praticar vários crimes, 
o agente pode incidir num concurso formal, ou num concurso material ou ainda num crime 
continuado, a depender das características praticadas nos crimes. 
Direito Penal – Parte Geral 
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No sistema brasileiro, qualquer crime pode ser praticado em continuação, até 
mesmo o homicídio, v.g., uma chacina é um homicídio em continuação, até o estupro pode 
ser continuado, desde que os vários crimes estejam unidos pelas relações do art. 71, CP. 
Crime continuado 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e 
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, 
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência 
ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, 
a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o 
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste 
Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Porém, a mesma dúvida que surgiu em relação ao crime permanente surgiu para o 
crime continuado. No crime continuado cada conduta é um crime autônomo, enquanto que 
no crime permanente e no habitual era apenas um crime. No crime continuado há uma 
sequência de crimes autônomos, v.g., sequência de furtos, porém na hora de aplicar a pena, 
por uma ficção, imagina-se um furto único e aplica-se um aumento de pena. 
E então surgiu a discussão: o que fazer quando houver lei nova mais grave no curso 
da cadeia criminosa, em outras palavras, qual é o tempo do crime no crime continuado? 
Poder-se-ia trabalhar com cada crime em separado ou aplicar a ideia do crime permanente 
ao crime continuado. O Supremo enveredou pela segunda e na súmula 711, entendeu que 
se deve aplicar ao crime continuado o mesmo raciocínio aplicável para o crime permanente. 
Se houver lei nova mais grave no curso da cadeia criminosa, será aplicável a toda a cadeia 
inclusive aos fatos cometidos antes da lei nova. 
Para a Justiça Federal este entendimento foi relevante porque tivemos uma sucessão 
de leis penais envolvendo a ordem tributária que são crimes (normalmente) praticados em 
continuação, v.g., se o tributo é mensal ele é praticado mensalmente. Tivemos uma profusão 
de casos envolvendo esta discussão. 
STF. Súmula 711. A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
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2.1.4 Tempo do crime na participação e na autoria mediata 
São sempre dois personagens; na participação temos o partícipe e o autor, e na 
autoria mediata temos o autor mediato e o instrumento. 
Exemplo: em março/2015 (Lei X) o participe “A” empresta a arma para “B”, advento 
de lei nova (Lei Y) e então “B” mata “C”, trata-se de homicídio. 
 
 
 
 
 
 
 
Tanto “A” quanto “B” são responsáveis por este crime. “A” é partícipe e “B” é o 
autor, para “B” aplicamos a Lei Y, é tempo da ação ou omissão dele. Mas e para o participe? 
Elerealizou a conduta na vigência da Lei X. 
Na doutrina estrangeira prevalece que o tempo do crime para o participe é o tempo 
da ação/omissão dele. Pois, é no momento da ação/omissão que o agente reflete (em tese) 
sobre as consequências de seus atos, não teria como o agente prever a mudança legal que 
ocorreria depois, é por isto que se adota a teoria da atividade. A ideia é a de que o agente 
não pode ser surpreendido com uma lei posterior mais grave e esta ideia deve valer para o 
partícipe também. 
No Brasil, os manuais quase não tratam do tema, mas então fica a reflexão da 
doutrina estrangeira, que vale também para a autoria mediata. Então, se o autor mediato 
age em um tempo e o autor em outro, o tempo do autor mediato é o tempo da ação ou 
omissão dele. 
 
2.1.5 Princípios 
a) Irretroatividade da lei mais severa 
Já aprendemos qual o tempo do crime, qual a primeira lei aplicável ao caso, pode 
existir outra, se surgir depois uma lei mais favorável. Se advier lei mais grave, continua-se a 
aplicar a lei do tempo do crime que é a mais favorável. 
Lei X 
Lei Y 
(nova lei mais grave) 
Março/2015 
“A” empresta arma para “B” 
Maio/2015 
“B” mata “C” 
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Uma vez que se tem a Lei X vigente ao tempo do crime, primeira lei aplicável, se 
houver lei posterior mais severa (Lei Y), será irretroativa. Ou seja, o juiz continuará a aplicar 
a lei do tempo do crime mesmo depois de revogada. 
b) Retroatividade da lei mais benéfica 
Porém se a lei posterior (Lei Y) for benigna, ela será aplicada. 
c) Tempus regit actum 
Em matéria processual vale a ideia do tempus regit actum. Ocorrendo modificação de 
natureza processual, ainda que mais gravosa, ela é aplicável imediatamente. Em direito 
penal isto é diferente. 
Para aplicar-se estes princípios, é preciso aferir qual é a lei melhor. É preciso 
comparar as duas para saber qual é a melhor e escolher aplicar a lei do tempo do crime ou 
aplicar a lei posterior. 
Via de regra, esta aferição é fácil e pode ser feita in abstrato, mas o que interessa é a 
solução concreta. Pode ser que na comparação entre duas leis in abstrato a lei posterior seja 
mais severa, mas na comparação dentro do caso concreto, a lei posterior se revele mais 
benéfica. Isto pode acontecer, é preciso aferir do caso concreto qual é a melhor lei. 
Exemplo: a lei de drogas aumentou a pena do tráfico em relação a lei anterior, na 
comparação abstrata era uma lei pior, porém para um grupo de casos envolvendo as 
“mulas” (pessoas que levam substâncias entorpecentes para fora) é aplicável a diminuição 
de pena do art. 33, § 4º da Lei n. 11.343/2006. Antigamente a pena mínima da “mula” era de 
quatro anos, com a lei nova a pena mínima é de um ano e onze meses. 
Em conclusão, a comparação entre a lei nova e a lei velha não pode ser feita em 
abstrato, é preciso fazer a comparação à luz do caso concreto. 
Assim, a lex mitior será ultra-ativa e retroativa. Ultra-ativa porque se a lei melhor é a 
do tempo do crime, ela será aplicável mesmo depois de revogada. Se a lei melhor é a 
posterior, esta lei nova será retroativa. 
 
2.1.6 Lei intermédia ou intermediária 
Pode acontecer que entre o fato e o julgamento tenhamos uma série de leis 
aplicadas, uma sucessão de leis, aconteceu muito nos crimes contra a ordem tributária. Na 
extinção do crime pelo pagamento do tributo isto aconteceu muito também. 
� No caso de termos 5 ou 6 leis sucessivas entre fato e o julgamento, qual dessas 
leis será aplicada? 
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R: Será aplicada aquela que trouxer a melhor hipótese para o réu. Isto porque a lei 
melhor é ultra-ativa e retroativa, pode ser aplicada depois de revogada e retroagir para fatos 
ocorridos antes da vigência. 
 
2.1.7 Normas processuais com características de penais 
As leis processuais seguem o esquema do tempus regit actum, porém algumas leis 
processuais têm proximidade muito grande com o direito penal, elas têm relação direta com 
o direito de punir do Estado, com a punibilidade. Nestas hipóteses em que as regras 
processuais têm impacto muito contundente em relação ao direito de punir do Estado, são 
regras mistas e, portanto a elas aplicamos os princípios de direito penal no conflito de leis no 
tempo. 
Exemplo: representação nas ações penais públicas condicionadas. A representação é 
uma condição de procedibilidade, é uma condição especial para o exercício do direito de 
ação pelo Ministério Público. Além das condições genéricas, o MP precisa desta condição 
específica. 
Trata-se de um instituto que está relacionado ao processo, se o juiz reconhece a 
ausência desta condição, deve extinguir o processo sem julgamento de mérito. E se ainda 
houver tempo para oferecer a representação, essa falha é suprida pela vítima/ofendido e 
será proposta nova ação penal. É uma falha processual. Ocorre que esta regra tem uma 
relação muito próxima com o direito de punir do Estado (punibilidade), porque se a vítima 
não oferece a representação em seis meses ocorre a decadência (causa de extinção de 
punibilidade –art. 107, CP). 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
Diante deste impacto da representação na punibilidade, já que está umbilicalmente 
ligada à causa de extinção de punibilidade, a doutrina enxerga aí uma norma mista. A toda 
modificação que envolver a representação, aplica-se as regras do direito penal de conflito de 
leis no tempo. 
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Exemplo1: a lesão corporal leve era crime de ação penal pública incondicionada, o MP 
ofereceu denúncia e depois adveio a Lei n. 9099/95. Entendendo esta regra como 
estritamente processual, a ação penal continuaria em curso. Porém, a jurisprudência da 
época determinou que essas ações penais fossem regularizadas com a consulta à vítima a 
respeito de sua aquiescência (representação posterior). 
Exemplo2: se um crime hoje é de ação penal pública condicionada a representação, 
isto é melhor para o acusado, pois é mais um obstáculo a persecução. Se amanhã o crime se 
torna de ação penal pública incondicionada, esta lei é pior, não se aplica aos fatos cometidos 
anteriormente, que continuam a ser ação penal pública condicionada a representação. 
De forma geral, são normas mistas todas as regras processuais que tenham esta 
íntima conexão com punibilidade e com formas de cumprimento da pena. 
Exemplo3: tudo que diz respeitoà execução penal é norma mista e, portanto, 
aplicam-se as regras de direito penal no conflito de leis no tempo. Regime de pena está 
ligado ao tempo que o sujeito ficará preso, é um problema penal, é um problema de 
punibilidade. Apesar do instituto ser processual, tem um grande impacto na 
pena/punibilidade/forma de cumprimento da pena, então a regra é penal. 
Existe um grupo de casos em que ainda há controvérsia, medidas cautelares ligadas à 
prisão. Existe visão mais progressista sustentando que qualquer norma que atinja direitos e 
garantias processuais será norma mista, mas ainda não é predominante na jurisprudência. 
Alguns acórdãos seguem pela linha mais progressista e outros entendem a natureza 
estritamente processual destas normas. 
Prazo prescricional é sempre matéria penal, se aumentou prazo prescricional não se 
aplica a fatos ocorridos antes de sua vigência. 
Exemplo4: Acabou a prescrição retroativa entre a data do fato e o recebimento da 
denúncia, só para os fatos ocorridos após a lei nova de 2010. 
 
2.1.8 Autoridade competente 
A lei nova mais benéfica pode ser reconhecida a qualquer tempo, ou pelo juiz de 
primeiro grau, ou pelo tribunal, ou depois do trânsito em julgado pela vara de execuções 
penais. 
 
 
 
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2.1.9 Combinação de leis (lex tertia) 
Exemplo: 
Lei X Lei Y 
Pena de 1 a 4 anos Pena de 2 a 8 anos 
Com multa Sem multa 
� Imagine que o fato aconteceu na vigência da Lei X, quando o juiz for julgar (após a 
edição da Lei Y), ele poderá misturar aspectos positivos da primeira lei com aspectos 
positivos da segunda? 
R: Isto é combinação de leis. Comparando as duas leis a segunda lei é pior. 
� Será que um único aspecto da lei nova pode ser combinado com a lei antiga? Poderia 
o juiz aplicar pena de 1 a 4 anos sem multa? 
R: Esta discussão sempre teve a seguinte resposta: na doutrina, sempre foi 
amplamente predominante a ideia de que era possível a combinação de leis, pois assim 
estar-se-ia dando concreção àqueles princípios (ultra atividade da lei mais favorável e 
retroatividade da lei mais favorável posterior). Porém, na jurisprudência sempre se rechaçou 
a combinação de leis seguindo Nelson Hungria que defendia que se combinássemos leis o 
intérprete estaria criando uma lei que nenhum legislador quis.

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