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1 
 
 
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS NOVAS NORMAS BRASILEIRAS DE 
CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO E OS PRINCIPAIS 
IMPACTOS 
 
 
CAPIBERIBE, Zélia Inácio Mendonça1 
MARTINS, Mário de Souza2 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente artigo é um estudo sobre os principais impactos causados pelas Novas 
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público editadas pelo 
Conselho Federal de Contabilidade. Tem como objetivo compreender as mudanças 
que estão ocorrendo na legislação brasileira no que se refere à Contabilidade 
Pública na busca da convergência das normas contábeis aos padrões 
internacionais. Para isso, fazem-se necessárias usuais práticas contábeis exigidas 
pelos padrões internacionais de contabilidade, fato que, futuramente, demonstrará 
um grande diferencial entre os países. A pesquisa deixa claro, que as dez primeiras 
normas de contabilidade aplicadas ao setor público ensejará profundos impactos 
não só na escrituração dos fatos contábeis próprios do setor público mas, também, 
nos reflexos comportamentais do cotidiano de profissionais da área contábil. 
 
 
 
Palavras-chave: Legislação. Mudanças. Impactos. Contabilidade. Setor Público. 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este estudo demonstra as principais mudanças e seus reflexos ocorridos nas 
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBCASP, 
considerando os impactos causados na contabilidade pública na aplicação das 
novas normas brasileiras, opta-se em observar e compreender as mudanças que 
ocorrem na legislação brasileira, no tocante à Contabilidade Pública, no sentido de 
disponibilizar entendimento sobre as novas alterações contábeis. 
 
1
 Especialista em Auditoria Contábil e Gestão Financeira pela UNAES-MS; Graduada em 
Ciências Contábil pela UNAES-MS; Pós-Graduanda no Curso de Especialização- MBA em Gestão 
Pública com ênfase em Controle Externo Lato Sensu da Facinter- Faculdade Internacional de 
Curitiba; Graduanda em Direito pela Universidade Anhanguera –Uniderp (Campo Grande-MS). 
2
 Prof.-Orientador Dr. em Ciências Econômicas e Sociais pela Universidade Oldenburg- 
Alemanha. 
2 
 
Esta percepção caminha em dois vieses: O primeiro se contextualiza a 
Contabilidade Pública no Brasil, retomando um pouco da história da Contabilidade 
Brasileira, levando-se em consideração a Lei nº 4.320 de 27 de março de 1964, que 
vigora até os dias atuais, a Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, 
conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, que enfatiza a responsabilidade na 
gestão fiscal, e a correta aplicabilidade dos recursos públicos e a Lei nº 10.028 de 19 
de outubro de 2000, que tipifica crimes pelo descumprimento à responsabilidade 
fiscal. 
A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF (Lei Complementar nº 101, de 4 de 
maio de 2000, que regulamenta o art. 163 da Constituição Federal) é considerada 
um marco na administração pública, por se preocupar com a gestão fiscal e 
patrimonial, estabelecendo normas detalhadas e imperativas da administração das 
finanças públicas dos Poderes da União, dos Estados Federados, do Distrito Federal 
e dos Municípios, abrangendo órgãos e entidades da administração direta e indireta, 
inclusive empresas controladas e estatais dependentes (art. 2º da LRF). Suas 
disposições também obrigam, entre outras, as instituições seguintes: Tribunal de 
Contas da União e dos Estados; Ministério Público Federal e dos Estados; 
Advocacia da União; Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do 
Ministério Publico. 
A responsabilidade na gestão fiscal, consoante a dicção do § 1º do art.1º da 
LRF, acarreta várias interpretações, dentre elas: 
 
Pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e 
corrigem desvios de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o 
cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a 
obediência a limites e condições no que tange a renuncia de receita, 
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dividas 
consolidada e mobiliaria, operações de credito, inclusive por antecipação de 
receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar 
(FERNANDES; MOTTA, p.240). 
 
 
Em síntese, a LRF regula, com detalhes, a gestão fiscal e a patrimonial dos 
recursos públicos, cuidando da execução orçamentária, da transparência e, ainda, 
da fiscalização desses recursos, buscando equilíbrio e eficiência a respeito. 
Em simetria à LRF foi publicada, logo após, a Lei nº 10.028, que institui nos 
seus poucos artigos, crimes comuns e especiais, e ainda, infrações administrativas, 
3 
 
referentes ao descumprimento das regras ditadas pela Lei de Responsabilidade 
Fiscal. 
 Quanto ao segundo viés, esboçam-se breves considerações sobre as 
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicada ao Setor Público e seus principais 
impactos, com ênfase nas dez primeiras Normas já aprovadas e publicadas pelo 
Conselho Federal de Contabilidade em novembro de 2008 e suas alterações, 
considerando a última ocorrida em dezembro de 2009, como parte do processo 
evolutivo de harmonização das Normas Brasileiras de Contabilidade com os padrões 
internacionais. 
Vale destacar, que, no setor privado, já foi consolidada esta conquista em 
meados de 2007 e de 2008, por meio da Lei nº 11.941/20093. 
Nessa perspectiva, em face dessa tendência de assimetria internacional das 
normas contábeis ser uma necessidade imposta pela integração dos mercados e 
uma exigência de investidores e credores, o setor público avança com a edição das 
NBCASP, as quais podem trazer para o Brasil vantagens competitivas em relação a 
diversos aspectos, sobretudo por estar inserido no contexto democrático 
internacional. 
 
1 Contabilidade Pública no Brasil 
 
Busca-se por uma definição para “Contabilidade Pública”, em Glauber (2009) 
encontra-se a seguinte afirmação: “Contabilidade Pública: ramo da Ciência Contábil 
aplicado à administração pública.” 
Dessa forma, a Contabilidade Aplicada ao Setor Público utiliza-se dos 
princípios, critérios, métodos e técnicas da Ciência Contábil, a qual é responsável 
pela tarefa de avaliação do patrimônio público, acompanhando a sua execução, 
traduzida na arrecadação da receita e da realização da despesa. 
A contabilidade é uma ciência, cuja importância tem crescido na mesma 
proporção que aumenta a necessidade das empresas modernas obterem dados 
mais precisos e informações para fazer frente às exigências de um mercado 
progressivamente competitivo. 
 
3
 O Presidente da República sancionou a Lei n. 11.638/2007 e editou a MP 449/2008, 
transformada e Lei n. 11.941/2009, que alterou a Lei n. 6404, de 15 de dezembro de 1976 – Lei das 
S/A. 
4 
 
Na concepção de Sá apud Mendonça (2000), a contabilidade pode ser 
conceituada como: 
 
[...] o sistema de contas e lançamentos que fornece aferição patrimonial e 
do fluxo de transações, produção e renda de uma organização. O conjunto 
dessas informações oferece um quadro da situação econômico-financeira 
de uma empresa, que com isso passa a dispor dos dados necessários para 
tomar decisões referentes à produção. Assim, a contabilidade não apenas 
registra o que ocorreu, mas oferece subsídios para previsões e formulações 
de expectativas em bases seguras. Contabilidade é também a arte de 
planejar os sistemas de contas e lançamentos, bem como interpretar os 
registros (SÁ, 2000, p.13). 
 
 
Nessa perspectiva, o conceito de contabilidade é extremamente 
abrangente. Permite, a partir de seu enunciado, um entendimento mais efetivo sobre 
a natureza, atribuições e importância das ciências contábeis. 
Segundo Slomski (2002, p.26),a Contabilidade no Brasil surgiu no reinado de 
D.João VI quando da instalação de seu governo provisório, em 1808, ao publicar o 
alvará obrigando os contadores gerais da Real Fazenda a aplicar o método das 
partidas dobradas na escrituração mercantil. Em 1850 foi promulgado o Código 
Comercial, que instituiu a obrigatoriedade da escritura contábil e da elaboração 
anual da Demonstração e do Balanço Geral. Com a queda do Imperador D. Pedro II, 
em 1889 e a consequente proclamação da República, surge a necessidade de 
controlar a fazenda pública. Dessa forma, em 1922 é aprovado, no Brasil, o Código 
de Contabilidade da União, tendo sido substituído pelo Decreto- lei nº 2.416/1940. 
Esse Decreto instituiu normas para a elaboração da Contabilidade dos 
Estados e Municípios, determinando o modelo padrão para a elaboração da 
Contabilidade dos Estados e municípios, determinando o modelo padrão de balanço 
para as entidades públicas. Esse instrumento foi substituído, em 1964, pela Lei 
Federal nº 4.320. 
 
A Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964, estimula a boa orçamentação, o 
equilíbrio entre receitas e despesas, a apresentação nacionalmente 
padronizada de demonstrativos contábeis, bem como o planejamento na 
assinação de compromissos financeiros (TOLEDO JR, 2005, p.2). 
 
 
A referida Lei contém, ainda, elementos que refreiam o déficit orçamentário, e, 
portanto, o endividamento municipal, quer o de curto prazo (dívida flutuante) quer o 
de longo curso (dívida consolidada ou fundada). Porém, ressente-se em findar cenas 
5 
 
de mecanismos que embaracem com mais vigor e contemporaneidade práticas 
danosas a resultados fiscalmente salutares, necessitando de elementos positivos 
que punam os transgressores. 
Nesse âmbito, surge a Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, 
intitulada como a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei nº 10.028, de 19 de 
Outubro de 2000. Ambas sobressaem as penalidades administrativa e penal para o 
ente estatal e o gestor governamental, com o objetivo de punir os transgressores. 
Nesse sentido, Bugarim (2009), nos últimos anos (de 2000 até os dias atuais) 
ressalta que a contabilidade brasileira vem passando por grande transformação, 
demonstrando o dinamismo e a capacidade da profissão contábil, em se adaptar aos 
movimentos da economia mundial globalizada, também no âmbito nacional, 
acompanhando o fortalecimento do mercado de capitais do País. 
 
O desenvolvimento crescente de ações e de iniciativas com foco específico 
na Contabilidade Aplicada ao Setor Público é outra forte vertente dos rumos 
atuais. Vindo da sociedade brasileira o anseio por maior transparência na 
Administração Pública, a Contabilidade precisa cada vez mais responder a 
esse clamor, posicionando-se como um instrumento tecnicamente eficiente 
e capaz de servir à ética e ao controle social na gestão pública (BUGARIM, 
2010, p.3). 
 
 
A Lei Complementar nº 101/2000 traz, em seu artigo 48, o seguinte texto: 
 
Art.48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal aos quais será 
dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: 
os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de 
contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução 
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas 
desses documentos. 
Parágrafo único: A transparência será assegurada também mediante 
incentivo à participação popular e realização de audiências públicas durante 
os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes 
orçamentárias e orçamento. 
 
 
No entanto, o processo de prestação de contas dos órgãos públicos é 
importante não somente pelas exigências estabelecidas na legislação, mas pela 
necessidade da transparência dos atos do gestor perante a sociedade. 
 
[...] na contabilidade pública é, certamente onde mais deve estar presente a 
filosofia da accountability (dever de prestar contas) pois quando a sociedade 
elege seus representantes espera que os mesmos ajam em seu nome, de 
forma correta, e que prestem conta de seus atos (SLOMSKI, 2002, p. 367). 
 
6 
 
 
 
Conforme normatizado no artigo 71, na Constituição Federal de 19884, e, na 
Constituição Estadual de MS de 1989, especificamente nos artigos 77 a 79, a 
competência dos Tribunais de Contas que atuam como fiscalizadores de controle 
externo: 
 
 [...] art.71 O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será 
exercido com o auxilio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: 
(...) aplicar aos responsáveis em caso de ilegalidade de despesa ou 
irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, 
entre outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário; 
 
 
(...) 
 
 
Art.77 O controle externo, a cargo da Assembléia Legislativa será exercido 
com o auxilio do Tribunal de Contas do Estado, ao qual compete: (...) aplicar 
aos responsáveis em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de 
contas, as sanções previstas em lei. (...) as decisões do Tribunal de que 
resultar imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo. 
 
(...) 
 
Para entendermos melhor a questão da prestação de contas, Andrade (2007), 
com base no ditame legal que diz: „na contabilidade pública só pode se fazer aquilo 
que está devidamente prescrito em lei‟, podendo entender o porquê da existência de 
diversas normas legais que exigem a transparência na gestão pública. 
Dessa forma, constata-se a importância do controle externo, cuja finalidade é 
avaliar a conformidade e o desempenho dos gestores responsáveis5 pela 
apresentação da prestação de contas, por meio de informações, documentos e 
demonstrativos de natureza contábil, financeira, operacionais ou patrimonial. 
Vale salientar que, junto à Corte de Contas, órgão auxiliar do Poder 
Legislativo, atua o Ministério Público de Contas, de acordo com o artigo 81 da 
Constituição Estadual de MS de 1989, devendo se manifestar em todos os assuntos 
sujeitos à deliberação do Tribunal, e, ainda, interpor recursos admitidos em lei ou 
 
4
 TCU – ver artigos 71 a 74 e 161, parágrafo único. 
5
 Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a fazenda pública a situação de todos quantos, 
de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela 
pertencentes ou confiados. (Lei n. 4320/64) 
 Art. 145. Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bem e regular 
emprego na conformidade das leis, regulamento e normas emanadas das autoridades administrativas 
competentes (Decreto Federal n. 93.872/86 – Dec. Lei n. 200/67, art. 93). 
 (...) 
7 
 
com previsão no Regimento Interno do TCE/MS, sendo seu munus público, dentre 
outros, emitir pareceres acerca das análises dos Corpos Técnico e Especial, 
Consultas e Denúncias, e, ainda, representar ao Poder competente sobre 
irregularidades ou abusos. 
Em razão do desempenho de suas missões institucionais, dentre outras, 
prioriza a orientação aos Jurisdicionados, bem como a educação continuada6 com 
cursos específicos de aperfeiçoamento profissional para áreas de interesse do órgão 
público. 
 Silva (2009) com relação à transparência indica: 
 
Em contraponto com a regra da transparência é preciso considerar que os 
atos produzidos pela execução orçamentária implicam na aquisição ou 
produção de ativos que, certamente, a partir da sua incorporação ao 
patrimônio serão capazes de gerar benefícios futuros para o cidadão. Por 
sua vez, os atos dos administradores também podem constituir obrigações 
de curto e longo prazo que devem ser registrados no passivo de entidade 
publica. (SILVA, 2009, p.7).Assim sendo, partindo dessa demanda por um maior controle nas diferentes 
instâncias da Administração, e considerando a dimensão e a diversidade da 
estrutura dos Poderes da União, o Conselho Federal de Contabilidade editou as 
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASPs). 
O Brasil7 tem acompanhado o movimento de contabilidade em outros países, 
sempre rumo à adoção dos padrões internacionais. As NBCASP publicadas em 
2008 passarão a partir de agora por um importante e desafiador processo de 
convergência aos padrões internacionais. 
Diante disso, o Conselho Federal de Contabilidade8 – CFC, com escopo de 
promover esta harmonização criou o Comitê Gestor de Convergência, objetivando 
até 2012, que as Normas Brasileiras de Contabilidade estejam conforme as 
 
6
 A Educação continuada acontece em muitos órgãos do governo, em geral se institui escolas 
superiores para atender as demandas internas, concernente às capacitações dos servidores. 
7
 O Brasil é um dos países que se comprometeram a adotar as IPSASB : „The Federal 
Governament of Brazil hás announced plan to fully implement IAPASs by 2012‟. – O governo federal 
do Brasil anunciou planos de implementar completamente as IPSAS até 2012. 
8
 2007–Resolução CFC 1.111/2007, criação dos grupos de padronização contábil no Brasil 
(portarias 135/236); 
 2008–Portaria STN 184/2008 do MF – dispõe sobre as diretrizes a serem observadas no 
setor público para a convergência às normas internacionais; 
 2009–Decreto Federal 6976, cria o Sistema de Contabilidade Federal, dando poderes para 
busca a convergência aos padrões internacionais de contabilidade aplicada ao setor público, e 
 2009–Portarias STN 749 e 751-aprovação das alterações dos anexos da Lei 4320/64 e 
inclusão de novos demonstrativos. 
8 
 
determinações do Conselho Internacional de Normas Contábeis (IASB – 
Internacional Accounting Standords Boards) e, ainda, com as Normas Internacionais 
de Auditoria e Asseguração emitida pela Federal Internacional de Contadores (IFAC 
– Internacional Federation of Accountants), que mantêm um Conselho de Normas 
Internacionais de Contabilidade para o Setor Público ( IPASASB – Internacional 
Public Sector Accounting Standards Board), tenham por objetivo a implementação 
das IPSAS9 (International Public Sector Accounying Satandart – Normas Brasileiras 
de Contabilidade aplicadas ao Setor Publico no mundo. 
 
 
2 Mudanças ocorridas com a implantação das Novas Normas Brasileiras de 
Contabilidade Aplicadas ao setor Público- NBCASP 
 
O Conselho Federal de Contabilidade por meio da Resolução CFC nº 751/93 
editou as Normas Brasileiras de Contabilidade as quais determinam regras de 
conduta profissional e procedimentos técnicos a serem observados pelos 
Contadores quando da realização dos trabalhos previstos na Resolução CFC nº 560, 
de 28 de Outubro de 1983, os quais devem estar em consonância com os Princípios 
Fundamentais de Contabilidade, devendo-os tratar diligentemente pela sua 
aplicação, cuja extensão dependerá do tipo de entidade, definido pela NBCASP 
16.1. 
Vale destacar, a importância dos Conselhos Regionais de Contabilidade na 
fiscalização e aplicação das normas e dos Contadores, até porque são os principais 
atingidos pelas NBCASP, uma vez que deverão seguir novas regras, pois a 
inobservância constitui infração disciplinar conforme o Decreto- Lei nº 9.295/46. 
As NBCASP (Normas Brasileiras Aplicadas ao Setor Público) foram editadas 
pelo Conselho Federal de Contabilidade por meio da Resolução nº 1121, de 28 de 
março de 2008, e posteriormente, alterada pela Resolução nº1268, de 10 de 
dezembro de 2009, dispondo sobre a estrutura conceitual para elaboração das 
demonstrações contábeis, visando ao cumprimento das determinações na Lei de 
Responsabilidade Fiscal, e nas Normas Gerais de Direito Financeiro para a 
 
9
 Até o momento foram publicadas 27 IPSAS. 
9 
 
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos 
Municípios e do Distrito Federal, trazendo inovações para o setor público. 
Até o momento, as NBCASP são facultativas, mas será obrigatória para fatos 
ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2010. As dez primeiras normas já foram 
aprovadas e publicadas em novembro de 2008, e alteradas em dezembro de 2009. 
De acordo com Azevedo: 
 
 As 10(dez) primeiras normas de contabilidade aplicadas ao setor 
público vêm trazer profundos impactos não só na escrituração 
contábil dos fatos contábeis próprios do setor público, mas também 
trará reflexos comportamentais no cotidiano dos contabilistas 
(AZEVEDO, 2009, p.33). 
 
 
Abaixo sintetizamos como ficaram as dez primeiras normas10 de Contabilidade 
Aplicadas ao Setor Publico: 
16.1 – Conceituação e Objetivos: Apresenta a conceituação, o objeto e o 
campo de aplicação da contabilidade pública. (aprovado pelo Resolução CFC n° 
1128/2008); 
16.2 – Patrimônio e Sistemas Contábeis: Apresenta a definição de patrimônio 
público, a classificação dos elementos patrimoniais e conceito de sistema e de 
subsistemas de informações contábeis para as entidades públicas. (aprovado pelo 
Resolução CFC n° 1129/2008); 
16.3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o enfoque contábil:Estabelece 
bases para o controle contábil do planejamento desenvolvido pelas entidades do 
setor público: plano plurianual; lei de diretrizes orçamentárias; e lei orçamentária 
anual. (aprovado pelo Resolução CFC n° 1130/2008); 
16.4 – Transações Governamentais :Estabelece conceitos, natureza e 
tipicidades das transações no setor público sob o enfoque contábil, quanto à sua 
natureza: econômico financeira e administrativa; variações patrimoniais quantitativas 
e qualitativas e transações que envolvem valores de terceiros. (aprovado pelo 
Resolução CFC n° 1131/2008); 
16.5 – Registro Contábil Estabelece critérios para o registro contábil dos atos 
e fatos que afetam ou passam vir a afetar o patrimônio público; além das 
 
10
 As dez primeiras NBCASP, brevemente, serão complementadas pelas as novas normas 
convergidas. 
10 
 
formalidades da escrituração contábil. (aprovado pelo Resolução CFC n° 
1132/2008); 
16.6 – Demonstrações Contábeis: Estabelece as demonstrações contábeis 
que devem ser elaboradas e divulgadas pelas entidades públicas: balanço 
orçamentário; balanço financeiro; demonstração das variações patrimoniais; balanço 
patrimônio líquido; demonstração do fluxo de caixa; demonstração do resultado 
econômico, complementadas pelas respectivas notas explicativas. (aprovado pelo 
Resolução CFC n° 1133/2008); 
16.7 – Consolidação das Demonstrações Contábeis: Estabelece conceitos, 
abrangência e procedimentos para consolidação das demonstrações contábeis no 
setor público. (aprovado pelo Resolução CFC n° 1134/2008); 
16.8 – Controle Interno Estabelece definições de controle interno, sua 
abrangência, classificação; ambiente de controle; e procedimentos de prevenção 
detecção e monitoramento. (aprovado pelo Resolução CFC n° 1135/2008); 
16.9 – Reavaliação e Depreciação de Bens Públicos: Estabelece critérios e 
procedimentos para o registro contábil da depreciação, amortização e exaustão. 
(aprovado pelo Resolução CFC n° 1136/2008); 
16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor 
Público:Objetiva estabelecer critérios de avaliação e mensuração dos ativos e 
passivos das entidades do setor público, inclusive considerando conceitos como 
redução ao valor recuperável e valor justo. (aprovado pelo Resolução CFC n° 
1137/2008); 
A atual contabilidade,até então utilizada, tanto no setor privado como no setor 
público, sobretudo nas esferas municipais, e também em diversos órgãos da esfera 
estadual e federal, sem o instrumento normativo (NBCASP), não é executada 
plenamente como ciência, até porque há uma busca excessiva pela execução 
orçamentária. 
No Brasil existe ainda, a cultura do enfoque fiscal. Podemos citar como 
exemplos de contabilização efetuada erroneamente, o caso dos seguros ou da 
assinatura de um periódico, onde a contabilidade pública se limitava a efetuar a 
emissão de um empenho pelo valor total e posteriormente procedia ao seu 
pagamento, sem respeitar assim o princípio da competência. 
A esse respeito Azevedo(2009), destaca: 
 
11 
 
Uma das principais características das NBCASP é alinhar a contabilidade 
pública à contabilidade como ciência, pois estará trazendo à luz mais do 
que „novas‟ normas contábeis: estará trazendo sim o resgate da verdadeira 
contabilidade (AZEVEDO, 2009, p.33). 
 
 
Entretanto, para aqueles profissionais mais antigos na profissão, não será 
fácil se adaptar às novas normas, pois após tantos anos de dedicação à 
contabilidade exclusivamente orçamentária, uma vez que vários conceitos da própria 
contabilidade já se apagaram com o tempo, e, além disso, terão que aprender os 
novos conceitos, que não são poucos. 
Por sua vez, os avanços na área de formação acadêmica estão cada vez 
mais acelerados, assim sendo, os cursos técnicos e de graduação em ciências 
contábeis terão que evoluir para acompanhar as mudanças: todos os livros que 
estão sendo utilizados já ha muito tempo, deverão ser substituídos, e todos os 
conceitos terão que ser reaprendidos. 
 De acordo com o professor Lino Martins da Silva “com a aprovação no dia 21 
de novembro das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Publico- 
NBCASP- O Conselho Federal de Contabilidade dá inicio a uma verdadeira 
revolução na Contabilidade Governamental brasileira” (AZEVEDO apud SILVA, 
2009, p.24). 
Nesse sentido, Feijó apud Azevedo (2009): 
 
[…] vários paradigmas estão sendo rompidos a partir da edição das 
NBCASP e do resgate da ciência contábil. 
Primeiro: o paradigma básico é a definição de que o objeto da contabilidade 
aplicada ao setor público é o patrimônio da entidade pública e não o 
orçamento público. Com isto, o setor público caminha rumo à 'contabilidade 
patrimonial' e à aplicação integral dos princípios fundamentais
11
 de 
contabilidade, dos quais é viga mestre a aplicação efetiva dos princípios da 
oportunidade e da competência. 
Segundo: o clássico paradigma da aplicação do 'regime misto' na 
contabilidade pública, em que as receitas são contabilizadas sob a ótica de 
caixa e as despesas sob a ótica de competência. É assunto ultrapassado, 
pois o artigo 35 da Lei 4320/1964, que ampararia tal interpretação, trata de 
receitas e despesas orçamentárias, portanto, do “regime orçamentário”. 
Receitas e despesa sob a ótica contábil seguem o princípio da competência 
e devem ser reconhecidas quando incorridas independentemente do 
recebimento ou pagamento. 
 
 
 
11
 A Resolução CFC n° 1.111/07 – aprova o Apêndice II da resolução CFC n° 750/03, sobre os 
Princípios Fundamentais, apresentando a interpretação dos princípios fundamentais de contabilidade 
sob a perspectiva do setor público: Princípios da: Continuidade, Oportunidade, Registro pelo valor 
original, Atualização Monetária, Competência e da Prudência. 
 
12 
 
A correta observância aos princípios contábeis contribui significativamente 
para atender ao conceito de essência sobre a forma, devendo se ater também para 
a sua essência na realidade econômica, e não mais, apenas para o cumprimento 
das formalidades legais, aplicando-se quando ao se avaliar o item este se adequará 
melhor, no Ativo, passivo ou patrimônio liquido. 
Para Azevedo(2009), quando no setor público, se fala da essência sobre a 
forma há um confronto com o princípio da legalidade12, pois o não cumprimento 
pode ser ainda, mais prejudicial, e ao atendê-lo, deixa-se de registrar os fenômenos 
patrimoniais, dados pela lei, uma vez que não refletem as suas essências, isto é 
suas características. A exemplo, podemos citar o reconhecimento da receita pelo 
regime de caixa, ou ainda, podendo ser mais inapropriado, quando não lhe é dado 
qualquer forma, no caso, do não reconhecimento do fenômeno patrimonial, por 
exemplo, o não registro da depreciação. 
 A mudança é grande e os profissionais de contabilidade do serviço público 
terão que ficar preparados para essa nova de postura. Todos os fatos 
administrativos serão examinados e registrados não porque tem origem no 
orçamentos, mas sim porque produzem alterações em algum elemento do ativo, 
passivo e patrimônio liquido. 
Destaca-se, também, além de outras mudanças, como a contabilização das 
receitas e despesas que deverão ser registradas no momento do seu fato gerador, 
a que está sendo processada com relação ao tratamento dado ao patrimônio público 
e seus reflexos na contabilidade, com o início da incorporação dos bens de uso 
comum do povo, sendo que atualmente a contabilidade pública não possui nem os 
bens móveis e imóveis atualizados no balanço público. 
 
3 CONSIDERAÇOES FINAIS 
 
A pesquisa mostra que as novas normas são um instrumento para elevar a 
eficácia e efetividade das Leis quanto aos seus objetivos de promover o 
planejamento, a transparência e responsabilidade da gestão fiscal. Especificamente, 
há inovações no reconhecimento de receitas e despesas sob a ótica do regime da 
competência. Além disso, dentre outros, foi dado destaque a instrumentos de 
 
12
 Ver artigo 37, caput da CF/88. 
13 
 
transparência e de registro de operações similares a contabilidade comercial, como 
o estabelecimento de atributos específicos da informação contábil do setor público, 
previsão de depreciação e da contabilização dos bens de uso comum, caminhando 
para a correção da visão da contabilidade aplicada ao setor público estritamente 
ligada à execução dos orçamentos públicos. 
Acredita-se que a implementação das normas provoque uma melhoria nos 
controles internos para a proteção do patrimônio público, além de apresentar maior 
transparência à aplicação de recursos do poder Público. O tema ainda necessita de 
discussão, sobretudo da validação empírica dos pressupostos contidos em cada 
uma das normas. A Secretaria do Tesouro Nacional, como órgão central de 
normatização no Brasil, deve buscar instrumentos de difusão das normas, em 
especial nos estados e municípios, visando à harmonização de entendimento e para 
sua aplicação das normas. 
 
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14 
 
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