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AULA 11- TEORIA DO DELITO - PARTE IV- CULPABILIDADE

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 Conceito:
 
 “É o juízo de censura ou reprovabilidade que incide sobre a formação e exteriorização da vontade do responsável por um fato típico e ilícito, com o propósito de aferir a necessidade de imposição de pena” .
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ELEMENTOS DA CULPABILIDADE
IMPUTABILIDADE 
POTECIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
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A culpabilidade é o caráter subjetivo da vontade do autor e o resultado por ele alcançado, é o pressuposto da imposição da pena. 
Imputar é atribuir ao agente a responsabilidade sobre o resultado do ato praticado, a imputabilidade penal é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de um fato punível e sua consequente sanção penal.
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Nosso código penal não define imputabilidade penal, a não ser por exclusão, ao estabelecer as causas que a afastam, definindo, em outros termos a inimputabilidade.
“ Quem , por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. (art. 26 do CP)
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Por doença mental deve compreender os estados de alienação mental por desintegração da personalidade, ou evolução deformada dos seus componentes, como ocorre na esquizofrenia, ou na psicose maníaco-depressiva e na paranoia.
Por desenvolvimento mental retardado compreende-se a oligofrenia, em suas formas tradicionais – idiotas, imbecilidade e debilidade mental. É aquele em que não se atingiu a maturidade psíquica, por deficiência de saúde mental.
Necessário para comprovação exame médico-pericial, através da instauração de incidente de insanidade mental do acusado (arts. 149 a 154 do CPP).
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Sistemas definidores dos critérios fixadores da inimputabilidade ou culpabilidade diminuída:
A) Sistema biológico: condiciona a responsabilidade à saúde mental à normalidade da mente.
B) Sistema psicológico: não indaga se há uma perturbação mental mórbida: declara a irresponsabilidade se, ao tempo do crime, estava abolida no agente, seja qual for a causa, a faculdade de apreciar a criminalidade do fato e de determinar-se de acordo com essa apreciação.
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C) Sistema biopsicológico: é a reunião dos dois primeiros: a responsabilidade só é excluída se o agente, em razão de enfermidade ou retardamento mental, era no momento da ação, incapaz de entendimento ético-jurídico e autodeterminação.
O Direito Penal brasileiro adota, como regra geral, o sistema biopsicológico e, como exceção, o sistema puramente biológico para a hipótese do menor de dezoito anos (arts. 228 da CF e 27 do CP)
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Responsabilidade do menor pela prática de ato infracional (ECRIAD).
Por presunção constitucional (art. 228 da CF e art. 27 do CP), que adota o critério biológico, o menor de 18 anos é incapaz de culpabilidade, ou seja, irresponsável penalmente no âmbito do direito penal de adultos.
Para isentá-lo de pena, é suficiente que se faça a comprovação de sua idade, isto é, do aspecto biológico.
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De acordo com a lei 8069/90 que dispõe sobre o ECRIAD, o adolescente (pessoa maior de 12 e menor de 18 anos, nos termos do art. 2º) poderá responder individualmente pelo seu ato infracional (conduta descrita como crime ou contravenção, nos termos do art. 103), sendo aplicável, como sanção, uma das medidas socioeducativas previstas no art. 112 do referido Estatuto.
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 Culpabilidade diminuída
Situam-se nessa faixa intermediária os chamados fronteiriços, que apresentam situações atenuadas ou residuais de psicoses, de oligofrenia e, particularmente , das chamadas personalidades psicopáticas ou mesmo transtornos mentais transitórios.
A culpabilidade fica diminuída em razão da menor censura que se lhe pode fazer, em razão da maior dificuldade de valorar adequadamente o fato e posicionar-se de acordo com esta capacidade – É caso de redução de pena, nos termos do art. 26 § único do CP.
 
 
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Consequências jurídico-penais
Comprovada a inimputabilidade do agente a absolvição se impõe (art. 26 do CP) aplicando medida de segurança nos termos dos arts. 96 a 99 do CP.
Na hipótese dos fronteiriços , isto é, da culpabilidade diminuída, é obrigatória, no caso de condenação, a imposição de pena reduzida e, se for o caso, substituição por medida de segurança
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A imputabilidade é a regra e a inimputabilidade, a exceção, pois, em regra, todas as pessoas são imputáveis, salvo quando ocorre uma das causas de exclusão da imputabilidade previstas nos artigos 26, 27 e 28 do Código Penal, que são as seguintes: doença mental; desenvolvimento mental incompleto; desenvolvimento mental retardado; menoridade e embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior.
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Assim, conclui-se que o indivíduo incapaz de compreender o caráter ilícito do fato em razão de alguma doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, de ser menor de 18 anos e de embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, será considerado inimputável, e, portanto, não será penalmente responsável.
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Inexigibilidade de conduta diversa
Nosso Código Penal prevê, expressamente, duas situações que excluem a culpabilidade em razão da inexigibilidade de conduta diversa: Coação irresistível e a obediência hierárquica (art. 22 do CP)
A) Coação irresistível: É a coação moral, a conhecida grave ameaça. É tudo o que pressiona a vontade impondo determinado comportamento , eliminando ou reduzindo o poder de escolha, consequentemente , trata-se de coação moral. Nesta hipótese será punido, exclusivamente o coator, uma vez que o executor é mero instrumento.
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B) Obediência hierárquica: está prevista na segunda parte do art. 22 do CP. Requer segundo a doutrina majoritária uma relação de direito público ou privada.
 Em virtude da subordinação hierárquica, o subordinado cumpre ordem do superior , desde que essa ordem não seja manifestadamente (flagrantemente) ilegal, podendo ser no entanto ilegal.
 Quando a ordem for ilegal, o subordinado que a cumpre não agirá com culpabilidade. Quando a ordem for escandalosamente ilegal, tanto o superior quanto o subordinado são puníveis, respondendo pelo crime em concurso de pessoas.
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 Exemplo: Se o diretor da penitenciária ordena o seu subordinado que mate um determinado preso por mau comportamento, não há aplicação da excludente, tendo em vista que está claro que se trata de ordem completamente/manifestamente ilegal. 
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 Para que se possa reprovar o comportamento de alguém, é necessário e indispensável que ele, quando atuou, tivesse, pelo menos, a possibilidade de saber que sua conduta era proibida. Importante mencionar que o desconhecimento da lei é inescusável, por isso que aqui trata-se do POTENCIAL conhecimento.
 Pode ocorrer o ERRO DE PROIBIÇÃO, o agente equivoca-se sobre a ilicitude do fato (Art. 21).
 
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A emoção e a paixão.
Emoção é uma viva excitação do sentimento; a paixão é a emoção estado crônico, perdurando como um sentimento profundo e monopolizante (amor, ódio, vingança, fanatismo, ambição, ciúme, etc.).
Não constituem qualquer excludente de antijuridicidade (art. 28, I); poderão apenas, atenuá-la com a correspondente redução da pena nos termos do art. 65, III, c do CP.
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Outras causas que podem excluir a responsabilidade penal:
A embriaguez e substâncias de efeitos análogos:
- Embriaguez pode ser definida como intoxicação aguda e transitória provocada pela ingestão do álcool ou substância de efeitos análogos.
Pode apresentar três estágios:
1) inicial – de incitação
2)intermediário – de depressão
3) final – embriaguez letárgica (sono profundo ou coma)
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Teoria da actio libera in causa
Para esta teoria o agente é inimputável no
momento da realização da conduta típica, havendo agido dolosa ou culposamente em um momento anterior, em que ainda era um sujeito imputável.
Modalidades de embriaguez:
Não acidental: intencional ou culposa
Acidental: caso fortuito ou força maior
Preordenada
Habitual e/ou patológica 
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Embriaguez não acidental: Será intencional quando o agente ingere bebida alcoólica de intenção de embriagar-se(dolosa); será culposa quando o agente ingere bebida alcoólica pelo simples prazer de beber. 
Embriaguez acidental: caso fortuito ou força maior: fortuito ocorre quando o agente ignora a natureza tóxica do que está ingerindo, ou não tem condições de prever que determinada substância poderá provocar embriaguez. Força maior é algo que independe do controle ou da vontade do agente. Ele sabe o que está acontecendo, mas não consegue evitar (ex. coação, onde o sujeito é forçado a ingerir substância tóxica).
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 Neste caso a embriaguez acidental pode ser completa ou incompleta. Se completa aplica-se o artigo 28 § 1º - reconhece a inimputabilidade; Se incompleta aplica-se o art. 28 § 2º , reconhece a imputabilidade diminuída.
Embriaguez preordenada: É aquela em que o agente deliberadamente se embriaga para praticar a conduta delituosa. Aqui aplica-se a teoria da actio libera in causa. O agente responde pelo crime praticado.
Embriaguez habitual ou patológica: é habitual quando representada pelo alcoolismo agudo e patológica pelo alcoolismo crônico. Aplica-se neste caso o art. 26 e seu parágrafo único.
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Consequências jurídicas da embriaguez:
a) acidental: isenção de pena, quando for completa e proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 28, I do CP); redução de pena, nas mesmas circunstâncias, quando for incompleta (art. 28, II do CP);
b) não acidental: punição quando for intencional ou culposa, independente se for completa ou incompleta;
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c) preordenada: punição com agravação da pena (art. 61, inciso II, alínea a, do Código Penal) d) patológica: inimputabilidade ( isento de pena – art. 26 “Caput”) ou simi-imputabilidade (culpabilidade diminuída) aplicação de pena reduzida – art. 26 parágrafo único).

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