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APLICAÇÕES DA TEORIA DE MERCADO

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Universidade Federal do Triângulo Mineiro 
 
Curso de Engenharia de Produção 
Disciplina: Introdução a Economia 
 
APLICAÇÕES DA TEORIA DE MERCADO 
Será que a teoria permite fazer predições sobre o comportamento dos agentes 
econômicos? Por exemplo, se a oferta aumentar, ceteris paribus, o preço de equilíbrio 
deve cair e a quantidade, aumentar. Dedução lógica da teoria. 
São quatro importantes aspectos que podem ser discutidos: 
- fixação de preços mínimos; controle de preços e racionamento; incidência de 
impostos sobre vendas; correção de externalidades e provisão de bens públicos. 
1) FIXAÇÃO OU GARANTIA DE PREÇOS MÍNIMOS 
A política de preços mínimos visa proteger os produtores, em geral agrícolas, 
das flutuações de mercado; dar uma garantia de renda aos agricultores. O governo 
anuncia, antes da época de plantio, um preço mínimo pelo qual ele garante que compra 
a safra após a colheita. Se o preço de mercado for maior do que o preço mínimo, o 
produtor vende ao mercado. Se o preço mínimo for maior que o preço de mercado, o 
agricultor vende ao governo. 
Neste caso, o governo, pode tomar duas medidas: 
a) Comprar o excedente (diferença entre a quantidade produzida e a quantidade 
que os consumidores desejam comprar ao preço mínimo) pelo preço mínimo. 
Também chamada de Política de Compras. 
b) Deixar os agricultores venderem toda a produção no mercado, que faz o 
preço cair. Então, o governo paga ao agricultor a diferença entre o preço mínimo 
prometido e o que o consumidor pagou no mercado. Chamada de Política de 
Subsídios. 
Governo escolherá, entre as duas políticas, aquela na qual gastará menos. 
No Brasil, a política de preços mínimos existe desde 1966, e influenciam a 
decisão do produtor na definição de sua produção, o que interfere no uso e na 
intensidade dos fatores produtivos. Os produtores rurais podem se utilizar do preço 
mínimo para decidir em quais culturas irão investir, mas também podem optar pela 
opção de já garantirem preço negociando na Bolsa de Mercados Futuros, e se precaver 
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de futuras quedas no preço. A participação do governo na produção agrícola aumenta 
a renda dos produtores e a competitividade junto ao mercado externo. 
2) CONTROLE DE PREÇOS E RACIONAMENTO 
A política de preços mínimos visa defender o produtor, em geral agrícola. Agora, o 
tabelamento ou controle de preços tem como objetivo defender o consumidor. Fixava o 
preço máximo pelo qual a mercadoria pode ser vendida. O controle de preços no Brasil 
foi uma prática muito utilizada no Brasil. Devido ao processo inflacionário, o governo 
interveio no mercado e fixou preços de várias mercadorias, via Sunab, Conselho 
Interministerial de Preços (CIP), a Secretaria Especial de Abastecimento (SEAP) 
Quais as consequências desse controle de preços? Estabelecido o tabelamento, os 
preços não poderão subir. Três situações ou possibilidades de ajustar e resolver 
excesso de demanda. 
Primeiro, o surgimento de filas: os primeiros compram; os demais ficam sem; 
Segundo, vendas por debaixo do pano: vendedor dá preferência aos fregueses 
antigos, aos amigos ou reservas feitas; para os demais a mercadoria “está em falta”; 
Terceiro, surge o mercado negro: cambistas compram certa quantidade de 
produtos os vendem a preços maiores que os fixados. Surge quando a autoridade não 
dispõe ou não consegue fiscalizar as vendas, e pode ocorrer no atacado e no varejo. 
Se forem poucas empresas produtoras, a fiscalização é fácil; mas se forem muitos 
vendedores, as dificuldades de fiscalização poderão causar o aparecimento do 
mercado negro. 
Estas três formas podem surgir espontaneamente no mercado. O governo pode 
entender que essas formas de distribuição não são adequadas e intervir no mercado, 
determinando o racionamento. Pode ser feito de várias formas e de diversos critérios. 
Pode ser por meio de cupons de consumo, em que cada família recebe certo número 
de cupons. Pode ser feito por meio da fixação de um consumo máximo, por mês por 
exemplo. 
3) INCIDÊNCIA DE UM IMPOSTO SOBRE VENDAS – TRIBUTAÇÃO 
A questão é sobre quem efetivamente recai o ônus do imposto, se sobre o 
consumidor ou os produtores/vendedores. E isso é importante para determinar os 
aspectos econômicos e sociais da tributação. 
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Incidência tributária é a carga ou proporção de imposto paga pelo produtor e pelo 
consumidor, ou que incide sobre a renda do consumidor. As formas de tributação são: 
a) sobre o consumo (ou vendas) e são denominados impostos indiretos (Imposto 
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS, Imposto sobre Produtos 
Industrializados - IPI, Imposto sobre Serviços - ISS, etc) e, b) sobre a renda e são 
impostos diretos (Imposto de Renda – IR; Imposto sobre Veículos Automotores – 
IPVA; Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana - IPTU). 
Impostos indiretos são regressivos em relação à renda, pois representam uma 
parcela maior da renda das classes menos favorecidas, relativamente os mais ricos. 
Impostos diretos são progressivos, pois quem ganha mais paga proporcionalmente 
mais. 
São dois tipos de impostos sobre o consumo (vendas): 
- Imposto específico: recai sobre a unidade vendida; é valor fixo por unidade. Ex.: 
Imposto de $ 1000 sobre o preço do bem, não importando o valor deste bem. 
- Imposto ad-valorem: é um percentual (alíquota - %) sobre o valor da venda. Ex.: 
Alíquota de 20% sobre o preço do bem. Se o bem custar $ 5000, o imposto será de 
$1000; Se o bem custar $ 50.000, o imposto será de 10.000. No Brasil, quase todos 
os impostos são ad-valorem. 
 Quais os efeitos dos impostos sobre o equilíbrio de mercado, ou, quem 
arca com o ônus do imposto? 
Os preços finais dos produtos e serviços, ou os preços que os consumidores 
pagam, são resultado dos custos de produção e dos impostos incluídos nos preços. O 
que determina o quanto realmente o consumidor paga de impostos dependerá das 
elasticidades das curvas de oferta e demanda da mercadoria. 
Relembrando: Elasticidade reflete o grau de reação ou sensibilidade de uma 
variável quando ocorre alteração em outra variável. 
 Se o produto tem demanda elástica, o vendedor ou produtor pagará a maior 
parcela do imposto, pois os consumidores conseguem diminuir o consumo do bem, 
ao substituir por outro. Quanto mais substitutos, mais sensíveis serão os consumidores 
a aumentos nos preços do produto. Ex.: refrigerantes 
Se o produto tem demanda inelástica, quem arca com maior parcela do 
imposto é o consumidor, que não tem como “fugir” do aumento dos preços. Ex.: sal. 
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4) EXTERNALIDADES 
Em certas ocasiões, o consumo ou a produção de determinado bem ou serviço 
pode produzir efeitos colaterais, positivos ou negativos. Isto é chamado de 
externalidades ou economias externas. 
As consequências das externalidades são a perda do sistema de preços de 
orientar a sociedade na alocação dos recursos produtivos, pois os benefícios e os 
custos privados passam a diferir dos benefícios e custos sociais, que são os 
verdadeiros, do ponto de vista da coletividade. É justamente essa diferença que deixa 
de ser considerada ou internalizada pelos preços de mercado que é a externalidade. 
Nesse caso, o governo deve intervir, cobrando impostos ou concedendo 
subsídios que forcem o sistema de preços a igualar os custos e os benefícios 
privados e sociais associados ao consumo ou à produção de determinado bem ou 
serviço. 
Externalidades no consumo podem ser positivas ou negativas. Se o 
consumo de um produto por um consumidor prejudica outros, os custos sociais seriam 
maiores que os benefícios sociais, ocorrendo uma externalidade negativa. O governo 
pode intervir impondo um imposto ao consumidor deste produto,de forma a 
tentar reduzir a quantidade negociada deste produto. Ex.: cigarro. 
De mesma forma, o inverso também pode ocorrer. Uma externalidade positiva 
no consumo pode aumentar a quantidade consumida de um bem ou serviço. O 
governo pode incentivar o consumo ao conceder um subsídio deste bem ou 
serviço. Ex.: educação. 
Externalidades na produção também podem ser positivas ou negativas. Se 
uma empresa polui um riacho, por exemplo, os custos sociais serão a somatória dos 
custos de produção mais a externalidade. Como o sistema de preços não considera 
esse aumento devido à externalidade, o governo pode aplicar um imposto, ao consumo 
ou à produção, de forma a que os produtores “internalizem” o verdadeiro custo de 
produzir o bem em questão. Ex.: Fábrica de cerveja. 
Também pode ocorrer uma externalidade positiva na produção. A análise é o 
inverso do caso anterior, podendo ocorrer aplicação de um subsídio à produção ou ao 
consumo. Ex.: uma criação de abelhas próxima a uma plantação de laranjas. 
5) PROVISÃO DE BENS PÚBLICOS 
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Outra justificativa para a intervenção do governo na economia é a existência dos 
chamados bens públicos. Duas características definem um bem público: são não 
disputáveis e não exclusivos. Bem ou serviço público é não disputável se o custo 
adicional de produzir uma nova unidade para um consumidor adicional é zero 
(ex. estrada). É considerado um bem não exclusivo quando não existe nenhum 
mecanismo eficiente para discriminar aqueles que podem ter acesso ao bem (ex. 
Segurança nacional). 
A demanda de um bem público é a soma das diferentes disposições a pagar por 
parte dos consumidores para obter a mesma unidade do bem público. Como os bens 
públicos são não exclusivos, quem estaria disposto a declarar sua real disposição a 
pagar se qualquer outro indivíduo também se beneficiaria do consumo do mesmo bem, 
ainda que não pague nada por isso? Por isso, em muitos casos, o bem público termina 
sendo ofertado pelo governo, que financia sua produção a partir da cobrança de 
impostos. 
Fontes: 
PINHO, D. B.; VASCONCELOS, M. A. S.; et al. Manual de Economia (Equipe de 
Professores da USP). 6.ed. Saraiva, 2011. 
VASCONCELLOS, M.A.S. Economia: micro e macro. 4, ed. São Paulo: Atlas, 2006

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